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Percebam que aqui existe uma ilusão de óptica, coisa que a imagem
causa bastante.
Quando existem duas estruturas com densidades diferentes, começam-
se a perceber as diferenças gritantes entre essas estruturas, a ponto delas
começarem a simular determinadas condições. Por exemplo: aqui, parece que
o paciente recebeu contraste, pois os vasos hepáticos estão hiperdensos.
Contudo, não é que os vasos hepáticos estejam hiperdensos, eles estão
normodensos. Eles poderiam estar até hiperdensos, caso o paciente estivesse
com uma concentração celular sanguínea muito grande. Mas não é esse o
caso. Aqui, o paciente tem o fígado muito hipodenso e, com isso, os vasos
acendem, simulando uma condição de contrastação, que não é verdadeira.
Tanto é que se pode fazer uma avaliação entre músculos e vasos e se ver que
eles são isodensos.
OBS! O fígado normal costuma ser mais denso que o baço. Na
esteatose, o fígado fica com uma menor densidade.
Ressonância magnética (RM)
Usa-se a sequência T1 no gradiente ECO, que dará dois resultados
nessa mesma sequência: T1 dentro de fase (in fase) e T1 fora de fase (out of
fase).
O que essa sequência tem de especial? Ela vai poder, por meio de um
recurso de formação e de resultado de imagens chamado *** (não deu para
entender), mostrar a diferença entre um parênquima normal e um esteatótico.
Quando se tiver dúvida acerca de se o paciente tem esteatose e se pedir
uma RM, precisa-se pedir, em todos os pedidos, essas sequências in fase e
out fase? Não, pois elas já fazem parte do protocolo básico de RM do abdome
e, desse modo, não necessitam ser solicitadas separadamente. Existem coisas
que não se escutam falar em Neuro, e uma dessas é sobre essa necessidade
de in fase e de out fase para se estudarem as estruturas do Sistema Nervoso
Central (SNC), mas, no abdome, é preciso.
E não dá para ter outra doença? Pode até ser que ele tenha nódulos aí
no meio, porém isso será visto através de outras sequências. Essa sequência
serve, especificamente, para se descobrirmos a presença de Esteatose
Hepática. Isso aqui, assim como a TC, é tão indicativo, que acaba dispensando
o uso de biópsia hepática para comprovação. No entanto, o padrão-ouro para
qualquer doença infiltrativa e nodular é a biópsia, pois é microscópico e, desse
modo, você verá os hepatócitos preenchidos por gordura.
Usualmente, a Esteatose é uma doença difusa, e não multinodular ou
nodular. Ela pode aparecer dessa maneira? Pode. Confunde? Confunde.
OBS! No fígado normal, a T1 in phase e a T1 out of phase ficam
praticamente iguais. Assim, se tiver uma imagem com essas sequências iguais,
pode-se considerar que o paciente não tem Esteatose.
Imagem: aqui na região periportal, na região em volta da vesícula e na
região do hilo hepático, esse paciente tem áreas que se mantêm acesas, que
são as áreas de preservação. Porém, elas só aparecem no T1 fora de fase e,
sendo assim, a doença só aparecerá no T1 fora de fase. Então, um fígado
saudável e um doente, no T1 dentro de fase, são iguais.
3. Abscessos Hepáticos
Mas tumor não pode também necrosar? Até pode necrosar e também
sangrar eventualmente e, a depender da fase do sangramento, pode ser que
se veja um líquido hipodenso também na TC. Mas, se o paciente tiver uma
clínica típica (pródromos infecciosos: ascite com dor, paciente astênico, com
dor, etc.), desconfia-se bastante de abscesso. Todavia, não existe uma
imagem patognomônica de um abscesso.
Imagem: percebam que eles são formações expansivas, que, por esse
efeito, tratam de empurrar estruturas vasculares em volta dele. Isso dá a noção
de que se trata de um abscesso. Aqui, tem-se um abscesso hepático muito
inicial com pequenas lesões hipodensas agrupadas num determinado local do
fígado. O exame é pós-contraste. Ela começa pequena, com múltiplas lesões
pequenas e a evolução tardia é para uma cavidade de fato.
O Adenoma na Imagem
Ele vai apresentar um realce na fase arterial e vai ficar quase
imperceptível na fase tardia. Pode até ser que se perceba alguma coisa, que
ele fique mais hiperintenso, mas a tendência é ele se equalizar com o fígado.
O adenoma hepático tem cicatriz central? Não tem. Se ele não tem, não
se pode chamá-lo de HNF, apesar de ele se comportar da mesma maneira.
Assim, muitas vezes não se consegue diferenciar o Adenoma da HNF,
pois eles têm o mesmo padrão de realce e a única coisa que o pode diferenciar
da HNF, que é a cicatriz central, nem sempre aparecerá na HNF, pois alguns
nódulos pequenos de HNF não têm cicatriz central.
O adenoma pode fazer com que o paciente precise de cirurgia, por isso
que se precisa diferenciá-lo da HNF. Por serem duas lesões benignas, é
necessário se diferenciar uma da outra? Sim, pois o adenoma é um nódulo que
vem a sangrar com muita frequência, então, espera-se que o adenoma seja um
nódulo que tenha a necessidade de cirurgia. Hoje, já está se tentando
diferenciar os adenomas que são mais ou menos propensos ao sangramento
ou à degeneração maligna.
Os adenomas muitas vezes são nódulos que surgem e que podem ser
alimentados pelo uso de contraceptivos orais e de anabolizantes. Ele costuma
ser um nódulo de gente jovem. Ele, além de sofrer degeneração maligna (raro),
pode fazer o paciente sangrar espontaneamente.
E se não conseguir diferenciá-los? Desiste e para por aí? Hoje já
existem dois contrastes usados para isso, mas o “primovish” talvez seja o mais
usado no nosso meio. Trata-se de um contraste usado na RM, não na TC, que
é chamado de contraste hepatoespecífico (nome comercial). Ele tem uma
peculiaridade na eliminação dele através do próprio sistema biliar. Esse
contraste vai conseguir diferenciar o que é fígado normal, em uma fase tardia,
do que é fígado doente. Então, o fígado normal vai se apresentar de uma
maneira no realce, e o fígado doente não vai apresentar contrastação, não vai
apresentar impregnação do contraste na fase tardia. Assim, tudo que for fígado
doente não vai aparecer nessa última fase (doente principalmente do ponto de
vista tumoral). De uma forma geral, o que se precisa saber é que esse
contraste consegue diferenciar adenoma de HNF. De que forma? A HNF vai se
realçar que nem o fígado normal, pois é hepatócito normal que está apenas
desorganizado. Já o adenoma vai ter uma menor impregnação do contraste
nas fases tardias.
O adenoma não é um nódulo maligno, mas é um nódulo, então ele já é
algo diferente de um hepatócito normal, e aí o contraste, de fato, vai deixá-lo
em evidência só pelo fato de ele não ser um hepatócito normal. Já a HNF é
hepatócito normal, que está apenas desorganizado e, assim, a impregnação
ocorrerá de modo tardio. Com isso, conseguiremos diferenciar uma forma da
outra. Ao fazer isso, indicaremos se será necessário ou não fazer cirurgia, pois
o adenoma, além de poder sofrer degeneração maligna, ele, de forma muito
frequente, pode fazer com que o paciente sangre. E é um sangramento
espontâneo, sem que o paciente tenha tido trauma ou algo do tipo.
PONTOS IMPORTANTES!
Nódulos hepáticos hipervasculares são aqueles que se impregnam em
mais de 50% da área já na fase arterial e são basicamente 05: hemangiomas
muito pequenos, HNF, adenoma, carcinoma hepatocelular/hepatocarcinoma
(geralmente acomete mais pacientes cirróticos, vítimas de vírus ou alcoólicos)
e algumas metástases (não se espera para todo mundo).
5. Nódulos malignos
A avaliação pelo LI RADS começa assim: o paciente vai passar por uma
USG anual para procurar um nódulo hepático. Que paciente? Aqueles que já
foram falados: pacientes cirróticos, portadores de Vírus B crônicos, que nem
sempre têm Cirrose, ou portadores de CHC passado ou atual. Na USG, o LI-
RADS pode ter, basicamente, três notas:
- LI-RADS 1 ou NEGATIVO (US-1): não foi observado nada ou
somente lesões comprovadamente benignas. Aqui entrariam os cistos. Deve-se
evitar incluir um hemangioma como comprovadamente benigno, pois, às vezes,
as situações nos enganam, isto é, o CHC pode imitar o hemangioma na USG.
- LI-RADS 2 (US-2): existe um nódulo que não se enquadra no
diagnóstico de benignidade na USG, mas ele é um nódulo que tem menos de 1
cm. O que você vai fazer com esse paciente? Você vai apenas trazer ele com
mais frequência para ser avaliado pela USG.
- LI-RADS 3 (US-3): qualquer outro nódulo que não se enquadre na
benignidade na USG e que tenha mais de 1 cm. Então, quer dizer que o
paciente só vai chegar para ser investigado com outro exame que não seja a
USG se ele tiver nódulo com mais de 1 cm? Sim, pois é o LI-RADS 3 na USG
que vai jogar ele para outro método (RM ou TC). Isso se refere exclusivamente
a esse grupo de pacientes supracitados. Não se aplica à população em geral.
Aí, entre TC e RM, escolhe-se aquele que tiver acesso, e tal escolha fica à
dependência do senso crítico de cada um.
Existem LI-RADS que não se conseguem classificar por conta da
degradação da imagem. O que importa realmente são os LI-RADS 3, 4 e 5.
Para esses daí, tem que se fazer alguma coisa. O que é que define o LI-RADS
3, 4 e 5? Eles vão estratificar o nódulo em nódulos que não têm hiperrealce na
fase arterial e nódulos que têm, isto é, em nódulos não hipervasculares e em
nódulos hipervasculares (o CHC é tipicamente hipervascular).
A partir do tamanho desses nódulos, também se irá estratificá-los na
tabela. Sabe-se que já são nódulos maiores do que 1 cm, para estarem aqui
sendo avaliados pela TC ou pela RM. Aí, dever-se-á estratificá-los em menores
do que 2 cm ou em maiores do que 2 cm.
Por fim, se ele tem ou não alguma das três características (lavagem,
cápsula com realce e/ou valor limiar de crescimento, que é um determinado
crescimento em um determinado tempo).
A partir da presença dessas características, do tamanho do nódulo e se
tem ou não hiperrealce na fase arterial, esse nódulo vai cair em uma célula
dessa tabela e, com isso, vê-se o que se deve fazer com esse nódulo.
Pode-se fazer um acompanhamento com esse nódulo, a depender do LI-
RADS; exames menos espaçados, ou seja, mais frequentes; como
simplesmente se pode considerar, com o LI-RADS, o diagnóstico não invasivo
de CHC. Para isso, vai ser preciso fazer biópsia? Não. Com o LI-RADS 5, é
CHC sem questionamento. Isto é, se o paciente é portador de Cirrose, pelo uso
de álcool, por exemplo, e tem um nódulo que foi para a TC, que é maior do que
2 cm e que tem a lavagem com hiperrealce, trata-se de um CHC sem
questionamento.
PERGUNTAS
- O “wash out” é um dos preditores de diagnóstico de CHC, ou seja, ele
pode ser utilizado como um preditor de maior risco para o diagnóstico de CHC?
R: Sim.
- Um nódulo que não tem hiperrealce na fase arterial tem menos chance
de ser CHC do que um que tem hiperrealce?
R: Sim.
OBS! Se não realçar na fase arterial, isto é, se for uma lesão
hipervascular, tem mais chance de ser CHC. Se não for, tem menos chances.
Como um nódulo de regeneração vai evoluir para um CHC? Em
determinado momento, nota-se que, nessa evolução, o predomínio de
circulação portal é substituído pelo predomínio de circulação arterial. Então,
quanto mais arterial for a circulação (que é o que podemos medir no exame de
TC ou de RM), mais provável é de se estar diante de uma maior atipia e, assim,
de um diagnóstico de CHC.
Em síntese, há basicamente duas barreiras no diagnóstico por imagem:
uma é se conseguir diferenciar Esteatose de “NASH”, e outra é se descobrir
quem foi que deu essa virada de nódulos disfásicos para CHC.
CASOS E IMAGENS
1. Paciente portador de vírus B tem na USG um nódulo hipoecoico
de 1,5cm, que corretamente foi encaminhado para a USG. US-3 foi seu LI-
RADS. Foi encaminhado para a TC, para fazer a avaliação. Este nódulo, ali no
segmento hepático 2, é um nódulo hipervascular, pois, na fase arterial, mais de
50% da área dele tem um realce maior que no fígado. Aí se passa para a fase
subsequente e como o nódulo está? Está menos realçado que o fígado,
demonstrando, então, que sofreu um “wash out”. Então, ele tem 1,5 cm e tem
pelo menos um dos três critérios. LI-RADS 4 ou 5. Vai depender do LI-RADS
ecográfico para que se tenha a confirmação do CHC. Nesse caso comentado,
é um CHC. Esse paciente tem um fígado bem irregular.
2. Paciente de 73 anos, com quadro de Cirrose por Vírus C e com
achado em USG de nódulo hiperecoico. Admitamos que seja um nódulo maior
que 1 cm. É aquele caso já falado: o LI-RADS 1 na USG admite nódulos
comprovadamente benignos ou sem nódulos. Então, aqui ela já está pulando
para o LI-RADS 3. Na RM, o nódulo brilha na fase arterial. E aí, com a fase
arterial, já se pode fechar o diagnóstico de CHC? Não, o ideal é vermos o
“wash out”, que pode ou não acontecer e, ainda assim, pode ser CHC. Quando
se ver mais afundo, observa-se que tem o “wash out”. O hemangioma tem
“wash out”? Não, ele tende a ficar mais contrastado. Então, isso aqui é, de fato,
CHC.
A Metástase é tudo que não faz parte desses grupos supracitados. Ela
pode se apresentar de qualquer maneira.
OBS! Seminoma é um tumor que acontece no intestino.