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Avaliação por Métodos de Imagem:

Como Descrever as Lesões Radiológicas


RADIOLOGIA – ONLINE – AULA 4
I – INTRODUÇÃO: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
o Como solicitar os exames
o Reconhecer o método de imagem
o Usar o vocabulário específico para cada método
o Aspectos analisados nas lesões/imagens:
- Forma
- Contornos
- Limites
- Topografia
- Padrão
- Dimensões
I I – MÉTODOS DE IMAGEM: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
o Radiografia convencional (Rx)
o Ultrassonografia (US ou USG)
o Ressonância Nuclear Magnética (RM ou RNM)
I I I – COMO SOLICITAR: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
A. RADIOGRAFIA:
Padrão: Radiografia + região a ser estudada + incidência

Se faz essa forma padrão de solicitação. Pedindo fora do padrão, há risco de o


exame retornar pelo convênio, por exemplo.
É rotina pedir pelo menos 2 incidências. Vendo um segmento de frente e de lado
permite uma visão melhor das estruturas ou órgãos. Solicitando um RX de tórax só PA, por
exemplo, há o risco de perder alguns diagnósticos. A primeira imagem, é praxe solicitar em
2 incidências, até para conseguir ver o corpo em uma visão mais tridimencionada. Para
acompanhamento, pode até ser feita em uma só em alguns casos.
Exemplos:
- Raio-x de tórax em PA e perfil;
- RX de abdome total em AP em ortostase e em decúbito. Geralmente o perfil do abdome
não acrescenta muito, por isso, se faz o AP em pé e deitado, posições que se muda a
posição das alças/líquido/gases.
1. Incidências:
- Perfil ou Lateral
- PA: raio entra por trás e sai pela frente. Geralmente solicitado apenas para tórax
e seios da face.
- AP: raio entra pela frente e sai por trás do paciente, formando o filme por trás.
- Radiografia de seios da face em mento-naso, fronto-naso e perfil: muito
solicitada em PS. Essas incidências mudam a posição da cabeça na tentativa de
visualizar melhor alguns seios.
- Incidências específicas: joelho (mais de 30 incidências), Laurell, Coluna (AP e
perfil).
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PA ou AP faz referência a forma em que é feito o RX, seja com os raios entrando
pela frente (ventre) ou por trás (dorso). A maioria das radiografias de tórax são feitas
com o paciente em AP, com exceção do raio-x de tórax, que se prefere fazer PA.
Dessa forma, a face anterior do paciente fica encostada no detector do filme e assim,
pela proximidade do mediastino com o filme, o coração fica praticamente do mesmo
tamanho na imagem.
Caso contrário, fazendo de trás para a frente, como os raios são um pouco
divergentes, formaria a imagem do coração e, por cima, o restante da imagem do
tórax, ampliando o contorno do coração além do normal.

B. ULTRASSONOGRAFIA:
Padrão: Ultrassonografia + região a ser estudada

O USG vê melhor partes moles. Lembrar que, se articulações, sempre colocar o


lado, para evitar confusões na hora do exame.
Exemplos:
- USG de pescoço
- Ultrassom de joelho direito
- US de abdome total: quando se quer ver o abdome como um todo, é dito Abdome Total,
mas também pode ser feito de Abdome Superior ou Abdome Inferior/Pelve. Por isso, ao
solicitar, sempre colocar qual segmento do abdome se deseja examinar. Em casos iniciais,
em que ainda não foi estudado por imagem, sugere-se sempre solicitar de abdome total,
até porque muitas dores abdominais são referidas. Para acompanhamento (acompanhar
um cisto de ovário, por exemplo), pode-se pedir o segmento.
- Ultrassonografia de tireoide com Doppler ou Ecodoppler de Tireoide: quando se quer
estudar estruturas vasculares, sempre solicitar um Doppler. Para tireoide, estudar o fluxo
vascular é especialmente importante em patologias da tireoide, como nódulos suspeitos. O
Doppler aumenta a sensibilidade do diagnóstico.
- USG com Doppler de carótidas
- USG com Doppler do Membro Inferior Direito: suspeita de trombose.

C. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA:
Padrão: Tomografia Computadorizada + região a ser estudada
Exemplos:
- Tomografia Computadorizada de crânio
- TC de pescoço: querendo estudar partes moles de pescoço, como massas e lesão de
tireoide. O laudo vem com descrição de pele, subcutâneo, vias aéreas, faringe
Querendo estudar a coluna cervical, a forma de solicitar é: TC de coluna cervical. Querendo
ver ambas, fazer 2 solicitações.
- TC de abdome total: da mesma forma que o USG, quando solicitar o de abdome, sempre
colocar o compartimento (Superior, Inferior ou Pelve, Total)
Superior: visualiza fígado, baço, estomago.
- TC de coluna: sempre solicitar por segmento, como: TC de coluna cervical; TC de coluna
torácica; TC de coluna lombar ou TC de sacro-cóccix. Se politrauma, por exemplo, em que
se deseja estudar toda a coluna, deve se fazer 3 ou 4 pedidos.

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- Angiotomografia computadorizada de tórax: quando se deseja estudar vasos de forma
mais completa ou complementar a TC com estudo de vasos, solicita-se a angioTC. O ideal é
especificiar no exame se a dúvida diagnóstica é arterial ou venosa.

D. RESSONÂNCIA MANGÉTICA:
Padrão: Ressonância Nuclear Magnética + região a ser estudada

A ressonância é o melhor exame para se avaliar estruturas músculo-esqueléticas.


Exemplos:
- Ressonância magnética de joelho direito: padrão ouro para avaliar distúrbio da
articulação do joelho.
- RNM de sela túrcica: solicitada na suspeita de lesão de hipófise. Para avaliar essa
glândula, não solicitar de crânio. RNM de crânio não vê hipófise
- RNM de órbitas: solicitado quando se deseja estudar por dentro da orbita, como em
casos de exoftalmia.
- RM de abdome total: visualiza desde a base do tórax até abaixo da sínfise púbica.
- Angioressonância magnética de tórax: os exames de estudos de vasos são contrastados.
Se possível, sempre colocar se a dúvida diagnostica é arterial ou venosa, para priorizar o
realce de algumas estruturas. Particularmente na ressonância, tem
- Colangioressonância magnética: é injetado um contraste venoso e é feita uma
reconstrução 3D das vias biliares (lesão, obstrução intra/extra-hepáticas), sendo esse o
exame padrão ouro para visualizar essas estruturas. Antes da colangioRN, o único exame
que se tinha para visualizar essas estruturas era a Colangiopancreatografia Retrógrada
Endoscópica (CPRE), exame bem mais invasivo. Esse não é um exame de entrada,
geralmente é solicitado após USG ou após TC para complementar a investigação.

Observações:
- No USG de abdome, sempre definir qual compartimento de estudo.
Abdome superior: fígado, baço, pâncreas, parte do retroperitoneo superior, vesícula e
vias biliares.
Abdome inferior/pelve: rins, bexiga, pelve, apêndice, próstata, útero e ovários.
- No USG, ainda se tem a particularidade de selecionar o USG de vias urinárias (rins, vias
urinárias e bexiga) e USG de vias biliares (fígado, vias biliares e vesícula).
Isso é exclusivo do USG. TC de vias biliares, por exemplo, não existe.
- No caso de exames vasculares, definir no pedido: arterial, venoso e a suspeita (TEP,
aneurisma, trombose, dissecção).
- Para diferenciar TC de RNM, o macete é procurar OS OSSOS. Se os ossos estiverem
predominantemente brancas ou hiperdensas e bem definido é TOMOGRAFIA

I V – VOCABULÁRIO ESPECÍFICO: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Depende do tipo de exame de imagem.
A. VOCABULÁRIO GENÉRICO:
Descrição fixa para todos os exames:

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- Imagem Homogênea ou heterogênea. Quando todas as partes da lesão têm o mesmo
aspecto, é dita homogênea. Quando na mesma lesão ou na mesma imagem, se tem várias
texturas ou várias densidades, é dita heterogênea.

TC de abdome superior
Presença de lesão escura, preta em todas as partes.
Portanto, lesão homogênea.
Descrição correta: TC de abdome superior com
presença de lesão homogênea.

RNM de abdome superior ou total


Presenla de lesão heterogênea (áreas mais escuras,
areas mais claras)
Descrição correta: RNM de abdome superior com
presença de lesão heterogênea.

B. RADIOGRAFIA:
- Radiopaco (mais branco no exame): metais (opacidade muito forte – muito branco),
ossos, calcificações e contraste.
- Radiotransparente ou radioluscente ou hipertransparente (preto no exame): ar
(geralmente é parte mais escura do exame), gordura.
- Densidade de partes moles: densidade intermediária
Comparar com tecidos adjacentes.

Duas luvas cirúrgicas cheias de contraste, uma com muito contraste e outra com pouco
contraste, além de 2 moedas.
- Moedas: radiação bateu, voltou e nada chegou ao filme. Ao revelar, as imagens ficam
muito brancas. Densidade de metal: muito
radiopaco
- Mão muito radiopaca: quando a radiação entrou
do no contraste, uma parte foi absorvida e um
pouco chegou no filme. Nessa luva, existe várias
opacidades diferentes.
Densidade intermediária ou densidade de partes
moles.
- Mão com pouco contraste.
- Fundo: muito transparente. Densidade de ar:
muito radiotransparente.
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Exemplo 1:
RX de abdome superior
Presença de imagens radiopacas bilaterais em região de
abdome.
Como imagens são mais brancas que o osso: calcificações.
HD: cálculos renais coraliformes.

Exemplo 2:
Rx de tórax em PA
Presença de áreas radiotransparentes abaixo das
cúpulas diafragmáticas.
HD: pneumoperitoneo

Pneumoperitoneo
Bolha Gástrica: area radiotransparente bem
definida abaixo da cúpula diafragmática esquerda.
serve para diferenciar se o rx é PA ou AP.
Com paciente em ortostase, o nível hidroaéreo do ar no fundo do estomago aparece
apenas em PA.

Em dúvida de pneumoperitoneo, pode-se fazer o Rx em


incidência de transição toraco-abdominal ou decúbito
lateral: deita o paciente de lado. Como o ar é mais leve,
no decúbito lateral, o ar sobe e aparece entre a parede
abdominal e a borda do fígado.

C. ULTRASSONOGRAFIA:
- Anecogênica ou Anecóica: totalmente preto
- Hipoecogênica ou Hipoecóica: imagem mais escura
- Isoecogênica ou Isoecóica: entre preto e branco, imagem de cor intermediária
- Hiperecogênica ou Hiperecóica: imagem mais clara

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Obs.:
As imagens do USG são sempre feitas em faixo/feixe, assim, ao
descrever as lesões do USG, sempre falar:
- Proximal: mais superior na tela, mais próximo do transdutor do
USG PROXIMAL
- Distal: Mais longe do transdutor.
Por ser formada imagem em feixe, as imagens têm resolução
melhor na região central e perde definição nas laterais.
DISTAL
D. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA:
- Hipodensa ou Hipoatenuante: imagem mais escura
- Hiperdensa ou Hiperatenuante: imagem mais branca
- Isodensa ou Isoatenuante: intermediária, entre escura e branca

Imagens hipodensas no interior do fígado

Imagem com densidade parecida com o parênquima


hepático: isodensa.
Mais difíceis de delimitar.

Imagens mais brancas que o parênquima hepático no interior


do fígado: hiperdensas

E. RESSONÂNOCIA MAGNÉTICA:
- Hipossinal ou Hipointenso: imagem mais escura
- Hipersinal ou Hiperintenso: imagem mais branca
- Isossinal ou Isointenso: intermediária, entre escura e branca
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F. VOCABULÁRIO DE CONTRASTE:
No caso de exames contrastados, na fase após o contraste, descrever:
- Lesão hipercaptante de contraste: se realçada pelo contraste. Imagens mais brancas
quando injetado contrate, em comparação com exame sem contraste.
- Lesão hipocaptante: realçou pouco
- Não realçada pelo meio de contraste

Exemplo 3:
TC de abdome com imagem que
Antes do contraste: imagem escura
Após contraste: imagem branca
Descrição: presença de imagem hipodensa, com hipercaptação pelo contraste.

V – DESCRIÇÃO DAS LESÕES: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


O que se deve observar nas lesões para se interpretar uma imagem.
1. FORMA:
- Arredondada ou circular ou esférica,
- Ovalada,
- Linear,
- Alongada,
- Triangular,
- Serpiginosa (aspecto tortuoso, muito comum ao
visualizar vasos).
2. CONTORNOS:
- Regulares
- Irregulares
- Lubulados ou Bocelados:
contorno arredondado,
formando lóbulos.
- Serrilhados: típico de
contorno de fígado cirrotico
3. LIMITES
- Definidos ou Precisos:
facilmente se delimita suas
margens.
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- Indefinidos ou imprecisos
- Parcialmente definidos

4. TOPOGRAFIA:
- Orgão
- Lobo ou Segmento
- Situação: central, periférica; medial ou lateral; anterior ou posterior; proximal ou
distal; cortical ou medular;
Obs.:
Segmentos hepáticos

Lobos pulmonares:

5. PADRÃO:
- Sólido: imagens sólidas no USG, são tipicamente
isoecoicas ou hipoecoicas.
- Cístico: densidade de líquido. As lesões císticas são
anecoicas no USG e tipicamente formam reforço acústico
posterior (como não tem eco, o som passa tão bem que
posterior à lesão surge uma imagem branca).
- Misto: área sólida e área cística, heterogênea no USG
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- Complexos: só é utilizada em teratoma.
Obs.: lesões hiperecoicas calcificadas formam sombra acústica posterior, imagem
escura atrás da
imagem calcificada.

Na TC, é possível definir vários tecidos pela medida da densidade. As unidades


Hounsfield surgem para definir o padrão das
lesões na TC, sendo o metal o padrão mais alto
(mais hiperdensa/mais branca) e o ar o padrão
mais baixo (hipodenso).
Padrões na TC:
- Metal: 1000. Geram artefato.*****
- Metal
- Partes moles
- Liquidos
- Agua destilada: 0. Quanto mais próxima de
0, maior a probabilidade de ser um
transudato. Quanto mais próximo de 20,
maior a probabilidade de ser um exsudato.
- Gordura
- Ar: - 1000
Padrões no RX:
- Metal
- Cálcio/osso
- Ar
Padrões no USG:
- Cálcio/osso
- Liquido
- Sólido

6. DIMENSÕES:
Só se faz em lesões bem definidas. Obs.:
Dica para aproximar o tamanho da lesão: Nódulo: imagem arredondada, de
- Em TC, os corpos vertebrais de vertebras toraco- contornos regulares e limites bem
lombares são de aproximadamente 3,5 cm definidos, SÓLIDA, medindo < 3 cm
Diâmetros descritos: Massa: imagem arredondada, de
- Transversal- Longitudinal contornos regulares e limites bem
- Ântero-posterior definidos, também sólida, medindo
> 3 cm

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