Você está na página 1de 115

Cirurgia Plástica

Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da


Santa Casa de Misericórdia de
São José do Rio Preto
Regente : Valdemar Mano Sanches
Infecção de Partes Moles

Dr . Brunno Rosique Lara


Infecções das Partes Moles - Superficiais
Abcesso
Superficiais Circunscritas/focais Foliculite
Furúnculo
Carbúnculo
Impétigo
Ectima gangrenosa
Linfangite
Linfadenite
Hidradenite supurativa

Difusas Celulite
Erisipela

Profundas (necrozantes) Fasceíte necrosante


Miosite necrosante

Outras: Úlcera de pressão


Úlcera de estase venosa
Pé diabético
Doença Pilonidal
Infecção do Local Cirúrgico (ILC)
Infecções de partes moles
• As infecções graves de pele e partes moles são
fonte de morbidade e mortalidade significativas.
• É necessária a obtenção do diagnóstico com base
na localização e na gravidade da infecção, como
também na aparência física do paciente.
• A exploração cirúrgica precoce e agressiva é
essencial nos pacientes em que há suspeita de
fasciite necrotizante, miosite ou gangrena
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ABCESSO:
❖ Etiologia:
Anaeróbios (+aeróbios);
Staphylococcus aureus.

* Sinais e sintomas:
Centro necrótico e edema periférico;
Tumefacção;
Flutuação, com pús;
Eritema;
Dor;
Febre;
Mal-estar;
Arrepios;
Linfadenopatia regional;
Fistulização e descarga purulenta...
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ABCESSO
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ABCESSO

❖ Factores Predisponentes:
- Foliculite, furúnculo, carbúnculo, celulite;
- Trauma/queimaduras;
- Cateteres intravenosos...

❖ Diagnóstico:
- Clínico;
- Cultura da drenagem.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ABCESSO

❖ Tratamento:
- Incisão e Drenagem;
- Antimicrobianos.

❖ Complicações:
- Extensão local da infecção;
- Gangrena;
- Extensão da infecção à corrente sanguínea.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
FOLICULITE
Infecção e inflamação dos folículos pilosos.

❖ Etiologia:
- Staphylococcus aureus (+++);
- Str. pyogenes, Ps. aeruginosa, Gram (-),
fungos...

❖ Sinais e sintomas:
- Pequena pápula eritematosa/ vesícula/
pústula;
- Queda do pêlo;
- Prurido ou dor.
Foliculite por St. aureus
Infecções das Partes Moles - Superficiais
FOLICULITE
❖ Diagnóstico:

- Clínico – morfologia lesões.

❖ Tratamento:
- Compressas quentes;
- Boa higiene;
- Antissépticos tópicos;
- Antimicrobianos.

* Complicações:
- Furúnculo.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
FURÚNCULO
Infecção necrótica profunda do folículo piloso de uma área
restrita.
Frequente drenagem espontânea à superfície da pele.
• Etiologia:
Staphylococcus aureus (foliculite++).
*Sinais e sintomas:
- Frequente evolução: foliculite → furúncul →
abcesso;
- Nódulo profundo e adjacente ao folículo piloso;
- Dor;
- Base eritematosa;
- Centro purulento e flutuante;
- Adenopatia regional.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
FURÚNCULO

❖ Tratamento:
- Incisão e drenagem caso haja flutuação;
- Antimicrobianos.

❖ Complicações:
- Furúnculo recorrente;
- Carbúnculo;
- Celulite;
- Gangrena;
- Fasceíte necrosante;
- Hidradenite supurativa;
- Flebite purulenta...
Infecções das Partes Moles - Superficiais
CARBÚNCULO
Infecção profunda de um grupo de folículos contíguos que,
separados por septos, drenam por orifícios independentes.

❖ Etiologia:
- Staphylococcus aureus;
- Bacillus anthracis.

❖ Sinais e sintomas:
• - Massa de trajectos fistulosos (entre folículos infectados);
- Dor, eritema, flutuação;
- Aberturas pustulares;

- Febre;
- Mal-estar;
- Mialgias e linfadenopatias.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
CARBÚNCULO

Infecção por Bacillus anthracis - Antraz


Infecções das Partes Moles - Superficiais
CARBÚNCULO
Infecções das Partes Moles - Superficiais
CARBÚNCULO

❖ Tratamento:

- Incisão e drenagem caso haja flutuação;


- Antimicrobianos.

❖ Complicações:
- Flebite purulenta;
- Septicemia.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
IMPÉTIGO

❖ Etiologia:
- Staphylococcus aureus;
- Streptococcus pyogenes.

❖ Sinais e sintomas:
- Eritema;
- Evolução pápulas → vesículas → pústulas;
- Ruptura espontânea → crosta seca amarela dourada;
- Prurido.

❖ Fatores predisponentes:
- Queimaduras, picadas de inseto, umidade;
- Crianças em más condições de higiene e clima tropical.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
IMPÉTIGO

❖ Tratamento:

- Cuidados higiénicos;
- Antibioterapia.

❖ Complicações:
- Linfadenite/linfagite;
- Celulite;
- Bacteriemia;
- Glomerulonefrite.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ECTIMA GANGRENOSA

❖ Etiologia:
- Idiopática (50%);
- Mecanismos imunológicos.

❖ Sinais e sintomas:
- Lesão pustular com centro necrótico característico;
- Contorno violáceo;
- Eritema;
- Dor;
- Libertação de exsudado purulento e hemorrágico;
- Febre, mal-estar, mialgias e artralgias.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ECTIMA GANGRENOSA
Infecções das Partes Moles - Superficiais
ECTIMA GANGRENOSA

❖ Diagnóstico:
- Clínico – Doenças associadas (DII, AR, Hepatite crónica…);
- Morfologia lesões;
- Exame histológico – exclusão de outras etiologias.

❖ Tratamento:
- Glicocorticóides;
- Antimicrobianos;
- Imunossupressores;
- Imunoglobulinas i.v.;
- Desbridamento.
Infecções das Partes Moles - Superficiais
Celulite
Qualquer idade
Membros
❖ Agentes:
- Streptococcus pyogenes (2/3)
- Staphylococcus aureus (1/3)
- Pseudomonas aeruginosa (mãos e pés)
- Haemophilus influenzae (face de crianças)

❖ Factores predisponentes:
- Lesões cutâneas
- Micoses
- Diabetes
- Alcoolismo
- Obesidade
- Gravidez
- Alterações da drenagem venosa ou linfática
Celulite

❖ Sinais e sintomas:
- Eritema
- Edema
- Aumento de temperatura local
- Dor
- Bolhas
- Adenomegalia
- Abcedação

❖ Terapêutica:
- Antibioterapia
- Elevação da área atingida
- Evitar outros traumatismos
- Factores predisponentes

❖ Complicações:
- Linfangite e linfadenite
- Septicemia
Infecções das Partes Moles - Profundas
Conjunto de várias doenças infecciosas distintas mas com
fisiologiapatologia, apresentação clínica e abordagens terapêuticas
semelhantes

❖ Fatores predisponentes: ❖ Sinais e sintomas


precoces:
- Doenças crónicas e/ou
imunossupressoras (diabetes mellitus, - Dor severa
obesidade grau III, cirrose hepática…); - Febre sem outra causa
- Alcoolismo e abuso de outras drogas; identificável
- Neoplasias malignas; - Vesículas da pele
- Úlceras isquémicas e de decúbito; - Edema tenso
- Traumatismos cutâneos, cirurgias e - Eritema
outras portas de entrada. - Equimoses focais e/ou isquemia
- Crepitações
- Parestesias
Infecções das Partes Moles - Profundas
Celulite necrotizante

- Clinicamente semelhante à fasceíte


necrotizante mas a infecção é mais
superficial
- Envolve pele e gordura subcutânea
- Geralmente aparece nas 24h após uma
cirurgia
- A toxicidade não é tão grave como na
miosite necrotizante
- - Não necessita de terapêutica cirurgica
extensa, apenas de desbridamento
Infecções das Partes Moles - Profundas
Miosite necrotizante (gangrena gasosa)
Mortalidade : 25-100%
♂:♀ 1:1
Incidência não varia com a idade
Clostridium perfringens
Clostridium septicum
Clostridium bifermentans

❖ Etiopatogenia
- Tecido muscular com massa desvitalizada mínima
(cirurgia, trauma)
- Colonização por Clostridium ambiental
- Produção de toxinas
- Necrose tecidular
- Toxicidade cardíaca
- Tecido muscular aparentemente normal
- Colonização por Clostridium da PMN intestinal
- Forte associação com neoplasias GI
- C. septicum mais frequente e com associação mais
forte a neoplasias
Miosite necrotizante (gangrena gasosa)
❖ Sinais e sintomas
- Dor
- Febre ligeira
- Apatia

- Edema e exsudação serohemática


- Pele adquire tonalidade azul/negra
- Vesículas e bolhas hemorrágicas
- Crepitações
- Odor adocicado

- Taquicardia pouco coerente com


temperatura corporal
- Hipotensão
- Falência renal
- Melhoria paradoxal do estado de consciência
- Choque cardiogénico
- Hemólise
Miosite necrotizante (gangrena gasosa)

❖ Sinais e sintomas mais


importantes
- Dor intensa
- Edema
- Vesículas e bolhas hemorrágicas
- Crepitações
- Taquicardia relativa
- Alterações do estado mental
- Odor adocicado

❖ Estudo analítico
❖ Imagiologia (Rx eTAC)
❖ Exploração cirúrgica
Miosite necrotizante (gangrena gasosa)
❖ Terapêutica
- Manutenção dos sinais vitais
- Antibioterapia (benzilpenincilina,
clindamicina, cefalosporinas,
cloranfenicol…)
- Desbridamento cirúrgico
- Oxigénio hiperbárico

❖ Complicações
- Hemólise generalizada
- Coagulação vascular disseminada
- Falência renal
- Síndrome de insuficiência respiratória
aguda
- Choque
Infecções das Partes Moles - Profundas
Fasceíte necrotizante
Mortalidade em média 80%
♂:♀ 3:1
38-44 anos
Raramente atinge crianças

❖ Etiopatogenia
- Fáscias profundas com algum grau de
hipóxia (traumatismos, cirurgia recente,
comprometimento circulatório…)
- Proliferação de bactérias aeróbias gram -
e anaeróbias
- Comprometimento da função leucócitária
pela hipóxia, FNT
- Produção de gases (hidrogénio, metano,
azoto…)
- Necrose dos tecidos envolventes

Bacteroides fragilis
Staphylococcus aureus Escherichia coli
Bacteroides, Clostridium, Peptostreptococcus Streptococcus pyogenes grupo A
Enterobacteriaceae
Fasceíte Necrotizante
❖ Sinais e sintomas:
- Dor e edema sobre lesão
inicial
- Pode não apresentar
qualquer outro sintoma

- Dor evolui para anestesia


- Área eritematosa
expansiva
- Bordos mal definidos
- Mal estar geral

- Pele azulada, acastanhada ou


enegrecida
- Necrose
- Incisões revelam fáscia com
aspecto verde amarelado
- Extensão muito rápida
- Produção de gás e
crepitações
- Choque
- Falência orgânica múltipla
Fasceíte Necrotizante

❖ Sinais e sintomas mais


importantes
- Necrose tecidular
- Descargas purulentas
- Dor intensa
- Produção de gás
- Progressão rápida através de
fáscias
- Ausência dos sinais inflamatórios
clássicos

❖ Estudo analítico
❖ Imagiologia (TAC e RM)
❖ Biópsia tecidular

O termo fasciite necrotizante foi primeiramente descrito por Joseph Jones, em 1871
Fasceíte Necrotizante
❖ Terapêutica:
- Manutenção dos sinais
vitais
- Antibioterapia empírica
(cloranfenicol,
cefatriaxona,
metronidazol,
gentamicina…)
- Desbridamento cirúrgico
agressivo
- Oxigénio hiperbárico

❖ Complicações:
- Choque séptico
- Colapso cardiovascular
- Falência renal
- Cicatrizes inestéticas
Infecções das Partes Moles - Profundas
Gangrena de Fournier
Forma de fasceíte necrotizante
Períneo, porções proximais dos MI e parede abdominal
♂ 50-70 anos com comorbilidades

❖ Sinais e sintomas:
- Prodomo de 2-7 dias com febre e letargia
- Aumento da dor, edema e eritema
- Crepitação subcutânea
- Gangrena e drenagem espontânea do
conteúdo purulento

❖ Terapêutica:
- Especial atenção à anatomia do
períneo

❖ Complicações:
- Dor associada a ereções
Outras Infecções dos Tecidos

❖ Doença Pilonidal
❖ Úlceras de Pressão
❖ Úlceras de Estase
❖ Pé Diabético
❖ Infecção do Local Cirúrgico
Doença Pilonidal

❖ Infecção adquirida

❖ Abcesso/seio na região
sacrococcígea, que resulta do
crescimento de pêlos para
dentro da pele

❖ Homens, brancos, 15-40 anos


Doença Pilonidal

❖Complicações:
❖Recorrência;
❖Infecção necrotizante;
❖Degeneração maligna.
Doença Pilonidal

❖ Tratamento
❖ Não cirurgico;
❖ Cirurgico:
❖ Drenagem
❖ Excisão

❖ Prognóstico
❖ Excelente
Úlceras de Pressão

❖ Resultam de pressão
prolongada nos tecidos moles
sobre os ossos e consequente
necrose isquêmica.

❖ A maioria pode ser prevenida.


Úlceras de Pressão

❖ Prevenção:
❖ Os pontos de pressão devem ser aliviados;
❖Mudar de posição a cada 2 horas;
❖Camas com sistemas de flutuação.

❖Pesquisa diária de possíveis áreas


eritematosas.
Úlceras de Pressão

❖Tratamento:
❖Difícil e prolongado
❖Desbridamento de todo o tecido desvitalizado
❖Recobrir
❖Locais cirurgicos devem ficar livres de pressão
2 a 3 semanas

❖Cura espontânea (úlceras pequenas)


Pé Diabético

❖ Aumento da
susceptibilidade a
infecções por:
❖ Neuropatia diabética
❖ Diminuição da sensibilidade
dolorosa
❖ Deformidades ósseas (pé
de Charcot)
❖ Doença arterial periférica
❖ Isquemia crónica
❖ Imunodeficiência
Pé Diabético

❖ Profilaxia e tratamento

❖ Controlo da diabetes
❖ Uso de calçado adequado
❖ Antibioterapia
❖ Cirurgia
Infecção do Local Cirúrgico

❖ Resulta da contaminação bacteriana durante


ou após um procedimento cirúrgico.
Infecção do Local Cirúrgico

❖A maioria das feridas cirúrgicas é


contaminada.

❖A infecção raramente se desenvolve se:


❖ a contaminação for mínima,
❖ a lesão for pequena,
❖ houver boa perfusão e oxigenação do tecido
subcutâneo,
❖ não houver espaço morto.
Infecção do Local Cirúrgico

❖ Risco de infecção:
❖ Factores de risco do
doente
❖ Contaminação da
ferida
❖ Limpa (<2%)
❖ Limpa-contaminada
(2%-5%)
❖ Contaminada
(5%-30%)
❖ Infectada
Infecção do Local Cirúrgico

❖Clínica:

❖5º e 10º dias


❖Febre
❖Dor
❖Edema
Infecção do Local Cirúrgico

❖ Prevenção:

❖ Cirurgia cuidadosa e limpa;


❖ Redução da contaminação;
❖ Promover as defesas do doente.

❖ Suturas.
Infecção do Local Cirúrgico

❖Tratamento:

❖Abrir a ferida e deixá-la drenar


❖Antibioterapia nas infecções invasivas

❖Prognóstico
Abordagem do doente

com infecção das partes moles
História Clínica – Doença Actual

❖ Modo de aparecimento;
❖ Evolução cronológica;
❖ Dor, prurido, alterações da sensibilidade;
❖ Escorrências (supurativas, sanguinolentas, serosas);
❖ Causa aparente…
História Clínica – Exposições

❖ Idade
❖ Viagens;
❖ Ocupação profissional;
❖ Passatempos;
❖ Cirurgia recente;
❖ Produtos tópicos;
❖ Medicação;
❖ Plantas irritantes;
❖ Higiene pessoal;
❖ Alcool e drogas;
História Clínica – Exposições

❖ Residência;
❖ Stress fisio/psicológico
❖ Marisco ou água de mar;
❖ Parto recente;
❖ Traumatismo;
❖ Mordeduras animais ou
humanas;
❖ Estado imunológico;
❖ Contacto com animais;
❖…
História Clínica – Comorbilidades

❖ História traumática acidental ou iatrogénica;


❖ Patologia adjuvante:
❖ Cardiovascular;
❖ Respiratória;
❖ Hepática;
❖ Endócrina;
❖ Imunológica;
❖ Neurológica…
História Clínica – Comorbilidades

❖ Diabetes mellitus;
❖ Eczema;
❖ Psoríase;
❖ Dermatomicose;
❖ Bypass com veia safena;
❖ Linfedema crónico;
❖ Estáse venosa;
❖ Antecedentes locais;
❖ …
Comorbilidades
❖ Atenuam a clínica, encobrindo a severidade da infecção:

❖ A DM – estreptococcias e infecção do pé diabético;

❖ A obesidade - infecção profunda com poucas manifestações cutâneas;

❖ A cirrose hepática - infecção por V. vulnificus.


Comorbilidades
❖ A imunossupressão aumenta a vulnerabilidade à infecção, particularmente
na neutropenia e hospitalização recente:

❖ Colonização por organismos multi-resistentes;

❖ Pseudomonas - ectima gangrenosa (neutropenia).


Diabetes Mellitus

❖ Possíveis alterações do quadro clínico:

❖ Ausência de febre e leucocitose;

❖ Hiperglicemia marcada e toxicidade


sistémica sugerem infecção agressiva/
profunda;

❖ Ausência de taquicardia;

❖ História natural: aeróbios/anaeróbios →


estreptococcos do grupo B → grupo A;

❖ Gás nos tecidos - infecção mista ou


Clostridia (as estreptococcias não
produzem gás).
Diabetes Mellitus

DM

Hiperglicemia

Imunidade
Neutrófilos
Vasculopatia

Neuropatia

Regeneração
Inflamação:
❖Eritema;
❖Edema;
❖Calor;
❖Dor, Antibióticos
Comorbilidades

❖ Exame físico cuidado e consulta precoce de cirurgia;


❖ A variação da resistência aos antibióticos torna a terapia empírica ineficaz e exige
cultura e antibiograma seriados como guia;
❖ A doença por Gram (-) em pessoas saudáveis é rara, mas bastante frequente nos
imunocomprometidos.
Exame Físico - Pele

❖ A relação anatómica dos diferentes tipos de lesões;


❖ Sinais inflamatórios:
❖ Eritema, calor, dor e edema.

❖ Sinais de infecção:
❖ Flutuação;

❖ Drenagem;

❖ Odor…
Exame Físico - Pele

❖ Simetria;
❖ Crepitações;
❖ Vesículas/Bolhas;
❖ Pápulas/Pústulas;
❖ Nódulos/Densificações;
❖ Manchas/Cor;
❖ Úlceras;
❖ Lacerações…
Exame Físico – Sinais de Alerta
❖ Sinais de infecção severa:
❖ Epidermólise;

❖ Bolhas violáceas;

❖ Necrose;

❖ Ulceração cutânea;

❖ Angeoedema;

❖ Alterações sensitivas e dor profunda:


❖ Síndrome do compartimento…
Toxicidade Sistémica

❖ Dor local severa e progressiva;


❖ Febre;
❖ Taquicardia/Palpitações;
❖ Fadiga/Astenia;
❖ Hipotensão/Afundamento mental;
❖ Taquipneia/Dispneia;
❖ …
Exames Laboratoriais

❖ Obter amostras para coloração imediata por Gram (morfologia);

❖ Na suspeita de toxicidade sistémica, realizar:


❖ Exames culturais específicos e antibiograma;
❖ Hemocultura (dois ensaios);

❖ Hemograma;

❖ Gasimetria;
❖ Ionograma:
❖ Bicarbonato;
❖ Cálcio.

❖ Creatinina;

❖ CPK (creatine phosphokinase);


❖ Glicose;

❖ Albumina…
Biópsia

❖ Biopsia na celulite:
❖ Só 20% das culturas é positivo;

❖ A IF é muito sensível nas estreptococcias, mas cara e complicada.


Biópsia

❖ Infecção não associada a lesão de entrada:


❖ 50% das fasceítes necrosantes e mionecroses estreptocóccica;

❖ 100% das gangrenas gasosas por C. Septicum;

❖ Disseminação hematogénia com exteriorização cutânea tardia;


❖ O dx e tx definitivo precoces reduzem a mortalidade e morbilidade;
❖ A preparação extemporânea de biopsia cirúrgica reduz:
❖ O tempo de dx de 6 dias → 21 horas;

❖ Mortalidade de 72,7% → 12.5%.


Imagiologia

❖ Radiografia simples;
❖ Ecografia;
❖ TC;
❖ RMN;
❖ …
Radiografia Simples

❖ Gás:
❖ Músculo;
❖ Tecido subcutâneo.
❖ Alterações ósseas:
❖ Osteolíticas;
❖ Desformações.

❖ Osteomielite.
Ecografia

❖ Abcesso
Tomografia Computorizada

Fasceíte necrosante complicada com mediastinite.


Ressonância Magnética Nuclear

Infecção do
compartimento dos adutores,
complicado por Síndrome de
Compartimento.
Diagnóstico Cirúrgico

O apoio de Cirurgia pode ser crucial na presença de:


❖ Sinais de toxicidade sistémica;
❖ Bolhas arroxeadas, equimose ou epidermólise;
❖ Sinais de necrose na TC ou RMN;
❖ Trauma, cirurgia ou parto recentes;
❖ Evidência de síndrome do compartimento;
❖ Dor severa progressiva, mesmo se apirética;
❖ Evidência clínica ou imagiológica de gás nos tecidos…
Diagnóstico Cirúrgico

❖ Inspecção directa de fáscias e músculos;


❖ Colheita de material de qualidade superior para:
❖ Preparação extemporânea e coloração Gram;

❖ Histopatologia;

❖ Cultura;

❖ Antiobiograma…

❖ Desbridamento cirúrgico imediato do tecido necrótico;


❖ Melhorar o prognóstico da lesão profunda grave, pouco sintomáticas
e tardiamente diagnosticada.
Dx Diferencial

A inflamação acompanha a infecção, mas é inespecífica e associa-se a


patologia não infecciosa (ex., alergias), podendo mimetizar ou ser causa
adjuvante da infecção;

A histopatologia (imunofluorescência) é útil no dx de processo não


infeccioso, mas a simetria no exame físico é um sinal forte.
Diagnóstico
OBJECTIVOS E ALERTAS:
❖ Obter (história clínica e exame físico) os elementos chave para
determinar a potencial causa da infecção;
❖ Avaliar (exame físico) a profundidade e a severidade da infecção;
❖ Atentar no potencial de certas terapias e comorbilidades alterarem o
quadro clínico clássico;
❖ Realizar testes laboratoriais para caracterizar e determinar a
etiologia da infecção, e guiar a antibioterapia empírica/definitiva;
❖ Reconhecer os dados clínicos/laboratoriais de toxicidade sistémica;
❖ Reconhecer que as infecções das partes moles possuem etiologia
variada e podem ser confundidas com doenças não infecciosas.
Hospitalização

❖ Angeoedema;

❖ Febre ou síndrome gripal;

❖ Taquicardia (exagerada para a temperatura);

❖ Hipotensão (basal ou ortostática);

❖ Taquipneia;

❖ Afundamento mental;

❖ Progressão rápida da infecção;

❖ Sinais de necrose: equimose, bolhas


violáceas, epidermólise, crepitações,
ulcerações;
Hospitalização

❖ Linfangite;

❖ Dor contínua, severa, evolutiva, fixa, de


difícil controlo;

❖ Evidência de síndrome de compartimento;

❖ Sinais de I.R.: creatinina e CPK elevadas,


hipoalbuminemia, acidose metabólica;
❖ Hipocalcemia;

❖ Hiperglicemia (marcada nos diabéticos);

❖ Falência multi-orgânica…
Ambulatório

❖ Obter o consentimento informado do paciente (ou responsável legal);

❖ Assegurar a existência do ambiente domiciliário apropriado;

❖ Acesso fácil e capacidade de recorrer a cuidados de saúde;

❖ Disponibilidade de pessoal de enfermagem creditado na administração e.v.


e cuidados médicos 24h por dia…
Ambulatório
Contra-indicações:
❖ Infecção grave (necrose, disseminação);

❖ Toxicidade sistémica;

❖ Diabetes Mellitus;

❖ Doença arterial oclusiva periférica (DAOP);

❖ Terapia imunosupressora/corticoterapia;

❖ Obesidade;

❖ Doença varicosa grave ou linfedema;

❖ Prótese;

❖ Alcoolismo;

❖ Idade avançada;

❖ …
Tratamento Empírico

Sem sinais sistémicos ou comorbilidades, usar antibioterapia anti


estafilococcica e estreptococcica:
❖ Mediante baixo risco de MRSA:
❖ Nafcilina/dicloxacilina e.v.;
❖ Cefalosporina oral (cefuroxima, cefpodoxima, cefadroxil…);
❖ Azitromicina/claritromicina e.v.;
❖ Ampicilina/sulbactam e.v. e depois amoxicilina/clavulanato oral;
❖ Nova fluroquinolona (levofloxacina, moxifloxacina…);
❖ Clindamicina…
Tratamento Empírico

❖ Mediante alto risco de MRSA:


❖ Vancomicina e.v.;
❖ Oxazolidinona (linezolido) e.v. ou oral;
Regime ambulatório:
❖ Cefalosporina: ceftriaxona (1x dia) ou cefazolina (2x dia ou
1x dia + probenecide oral);
❖ Infusão de 24h com outros antibióticos, com acesso i.v.
adequado (ex. catéter venoso central);
❖ Dar prioridade ao tx ambulatório sempre que possível.
Tratamento Cirúrgico

❖ Remoção cirúrgica da fáscia friável e músculo escurecido não


sangrante e sem abalos;
❖ Alargar o desbridamento cirúrgico até atingir tecido viável;

❖ Reparar possíveis danos vasculares.


Tratamento Cirúrgico

❖ Amputação:
❖ Infecção invasiva e virulenta de comportamento maligno;

❖ Inviabilidade tecidular por lesão vasculonervosa…


Tratamento Cirúrgico

❖ Cirurgia plástica…
Desbridamento

❖ Cirúrgico;

❖ Mecânico;

❖ Autolítico;

❖ Enzimático.
Desbridamento

❖ Fasciotomia
Terapia adjuvante

Na infecção grave com toxicidade sistémica:


❖ Fluidoterapia na hipotensão, azotemia e acidose metabólica;

❖ Hipertensores quando sem resposta aos fluidos;


❖ Monitorização intensiva (UCI);

❖ Oxigenoterapia;
❖ Ventilação mecânica;

❖ Hemodiálise (IRA);

❖ Oxigénio hiperbárico;

❖ Plasmaferese;
❖ Imunoglobulinas IV;

❖ PCR.
Prevenção

❖ Prevenir a infecção secundária a lesão traumática;

❖ Traumatismo ligeiro:

❖ Queimaduras, escoriações, abrasões ou lesões de impacto;

❖ Flora cutânea (S. aureus e estreptococcos do grupo A);

❖ Limpeza simples com sabão bactericida é suficiente em


pessoas saudáveis.
❖ Pé diabético:

❖ Limpeza agressiva e antibioterapia;

❖ Educar para lesões de causa neuropática, higiene, calçado


protector, inspecção e tx precoce.
Prevenção

Lesão profundas (esmagamento ou fracturas expostas), com


lesão vascular ou contaminação evidente pelo solo com:
❖ Limpeza cirúrgica profunda da ferida;

❖ Remoção de todo o material estranho;

❖ Re-anastomose vascular;

❖ Irrigação abundante com soro fisiológico;

❖ Antibioterapia;

❖ Deixar a ferida aberta;

❖ Assegurar-se da imunização activa contra o tetano…


Prevenção

Educar os pacientes com comorbilidades adjuvantes nas medidas de


higiene preventivas:
❖ O pé diabético na DM;

❖ Bypass da veia safena;

❖ Linfedema crónico mastectomia, prostatectomia radical e


radioterapia;
❖ Insuficiência venosa crónica;

❖ Infecção fúngica crónica dos pés.


Seguimento
❖ Avaliação cautelosa antes, durante e após o tx, procurando sinais de
recidiva:

❖ Sinais de drenagem persistente;

❖ Cultivar a drenagem para identificação do agente e antibiograma;

❖ Rx ou TC para excluir infecção profunda, corpo estranho ou osteomielite;

❖ A fisioterapia é vital na recuperação dos sobreviventes sujeitos a


limpeza radical ou amputação;

❖ A consulta de medicina física e de reabilitação avalia a necessidade de


prótese, reabilitação, reaprendizagem…
CASO CLÍNICO

8 de Agosto de 2007
8 de Agosto de 2007

IDENTIFICAÇÃO

MJCM
♂ 60 anos
Caucasiano
Profissão: Reformado (comerciante de produtos alimentar)
Residência: Gondomar

ANTECEDENTES PESSOAIS

❖ Ex-fumador há 20 anos;
❖ DM II diagnosticada há 10 anos;
❖ Dieta, exercício e ADO, o qual suspendeu 1 ano.
8 de Agosto de 2007

HISTÓRIA DA DOENÇA ACTUAL

2006/03/30 – 1ª vez

MOTIVO DA URGÊNCIA
Grave dispneia de esforço e astenia de agravamento contínuo com 1
mês de evolução. Edema dos M.I., inicialmente à direita e depois
também à esquerda de evolução mais recente.
8 de Agosto de 2007

EXAME FÍSICO
❖ Pálido, hidratado, sem sinais de cianose ou icterícia;
❖ Sem tiragem. AP: sons simétricos, com crepitações inspiratórias e
expiratórias, mais abundantes nos QS e reduzidas no 1/3 inferior
direito. Sibilos bilaterais. Tempo de expiração ligeiramente prolongado;
❖ AC: S1 e S2 normais, sopro aórtico e taquicardia;

❖ FC: 100/110 bpm; TVJ a 45º positiva;


❖ PAS: 90/100 mmHg; PAD: 60/80 mmHg;
8 de Agosto de 2007

EXAME FÍSICO
❖ Abdómen: globoso e distendido, sem outras alterações;
❖ MI: edema bilateral até à extremidade proximal da coxa mais
acentuado do lado direito;
❖ MS: Contractura de Dupuytren em ambas as mãos;

Dx: Infecção respiratória inferior;


Tx: Penicilina G;
8 de Agosto de 2007

2006/04/04 - 2ª vez que


Manutenção do estado geral e manutenção do esquema terapêutico.

2006-04-10 - 3ª vez que


MOTIVO DA URGÊNCIA
Manutenção da sintomatologia respiratória e agravamento do edema
dos M.I., particularmente à direita, com sinais inflamatórios na face
anterior do 1/3 médio da coxa. Refere dor à palpação e à mobilização
activa e passiva do membro. Aparente presença de flutuação local.
Tentativa de aspiração local.
Dx: Abcesso;
Tx: Sem alteração;
8 de Agosto de 2007

2006/04/13 - 4ª vez

MOTIVO DA URGÊNCIA
Manutenção da sintomatologia respiratória e agravamento do edema
dos M.I., em particular à direita, com acentuada inflamação da face
anterior-interna do 1/3 médio da coxa. Drenagem espontânea de
coleção purulenta, sugestiva de abcesso fistulado. Mancha de
tonalidade azulada sugere possível hematoma infectado;
Realização de ecografia à coxa direita e recolha de sangue para
análises clínicas;
O doente regressa a casa com o acordo de voltar no dia seguinte para
ser internado
8 de Agosto de 2007

ECOGRAFIA – S.U.
Densificação dos tecidos moles da coxa direita, em particular da face
antero-interna com colecção complexa medindo 10X3,6cm de maior
diametro sugestiva de volumosa formação abcedada ou hematoma
infectado.
8 de Agosto de 2007

2006/04/14 – internado
MOTIVO DE INTERNAMENTO
Abcesso em drenagem espontânea no 1/3 médio da face antero-interna
da coxa direita com 2 semanas de evolução.
ANÁLISES CLÍNICAS
❖Leucócitos – 23000;
❖PCR – 278;
❖Glicose – 356;

Tx: Drenagem cirúrgica do abcesso, ferida aberta; Suspensão da


penicilina G e início de ciprofloxacina, metronidazol e insulina.
8 de Agosto de 2007

2006/04/17 – internado
Manutenção da sintomatologia respiratória, redução do edema da coxa;
ANÁLISES CLÍNICAS
❖Leucócitos – 14000;
❖PCR – 232;
❖Glicose – 236;

Tx: Sem alteração.

2006/04/19 – internado no
Manutenção da sintomatologia respiratória, redução significativa do
edema e processo inflamatório da coxa;
Tx: Suspende metronidazol, mantém de ciprofloxacina. Realiza Rx
torácico.
8 de Agosto de 2007

Rx TORÁCICO
Broncopneumonia e
consolidação de
grandes dimensões no
1/3 médio do pulmão
esquerdo, (pneumonia
lobar), dx diferencial
carcinoma
broncogénico. Sinais
de derrame pleural nos
ângulos costofrénicos.
Pedido de TC torácico
para esclarecimento.
8 de Agosto de 2007

2006/04/21 – internado no
Melhoria da sintomatologia; Anemia NC/NC;
ANÁLISES CLÍNICAS
❖Hemoglobina – 9;
❖Leucócitos – 5000;
❖PCR – 46;
❖Glicose – 140;

Tx: Sem alteração. Realização de TC torácico.


8 de Agosto de 2007

TC TORÁCICO
Consolidação
pulmonar lobar dos
lobos superiores,
com broncograma
aéreo. Derrame
pleural bilateral de
médio volume.
8 de Agosto de 2007

TC TORÁCICO
Achados
sugestivos de
hemorragia e
infecção pulmonar
em fase de
resolução, ainda de
considerar
carcinoma
broncoalveolar.
Pedido de
broncoscopia para
despiste de
neoplasia.
8 de Agosto de 2007

2006/04/27 – internado
Sem queixas. Melhoria franca do estado geral, com exame físico e
análises clínicas dentro do normal. Diabetes controlada. Bom processo
de cicatrização da ferida cirúrgica aberta, sem sinais de infecção.
Tx: Sem alteração. Realização de TC torácico de controlo.
8 de Agosto de 2007

Rx TORÁCICO
Sem imagens
significativas de
consolidação lobar e
sem sinais de
derrame pleural.
Alguns sinais de
fibrose do 1/3 médio
do campo pulmonar
esquerdo.
Desaparecimento da
imagem sugestiva de
massa neoplásica.
8 de Agosto de 2007

2006/05/04 – internado no S. de Cirurgia do HSJ - PORTO


Bem estar geral. Sem queixas. Tx: Sem alteração.
8 de Agosto de 2007

2006/05/04 – internado
1)A região crural pode ser mobilizada para tratamento de
escara isquiática ou síndrome de Fournier,

• A) Através da fascia profunda e artéria glútea maior


• B) Através do septo intermuscular com ramos da artéria
circunflexa
• C) Através do gracilis em sua base utilizando o pedículo
proximal
• D) Através do músculo grande glúteo
• E) Através do músculo isquio-cavernoso superficial
1)A região crural pode ser mobilizada para tratamento de
escara isquiática ou síndrome de Fournier,

• A) Através da fascia profunda e artéria glútea maior


• B) Através do septo intermuscular com ramos da
artéria circunflexa
• C) Através do gracilis em sua base utilizando o pedículo
proximal
• D) Através do músculo grande glúteo
• E) Através do músculo isquio-cavernoso superficial
2) Em relação a erisipela assinale a afirmativa falsa:

• A) Acomete principalmente membros inferiores


• B) Na maioria da vezes é provocada por bactérias
gram negativas
• C) Acomente mais mulheres do que homens
• D) Na maioria das vezes se inicia por um
traumatismo
• E) Deve ser tratada com antibióticoterapia
sistêmica
2) Em relação a erisipela assinale a afirmativa falsa:

• A) Acomete principalmente membros inferiores


• B) Na maioria da vezes é provocada por bactérias
gram negativas
• C) Acomente mais mulheres do que homens
• D) Na maioria das vezes se inicia por um
traumatismo
• E) Deve ser tratada com antibióticoterapia
sistêmica

Você também pode gostar