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Universidade Iguaçu – UNIG

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde – FaCBS


Graduação em Enfermagem

BIANCA CONCEIÇÃO PEIXOTO CRUZ


CRISTIANE DA SILVA FERNANDES
FERNANDA SACRAMENTO DAS NEVES
MARIANA TIMOTEO
MAYARA NAGILA DE OLIVEIRA MARÇAL
VIVIAN OLANDIM DO NASCIMENTO

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE PACIENTES ACOMETIDOS POR DIFTERIA,


TÉTANO, BOTULISMO E COQUELUCHE

NOVA IGUAÇU
2022
BIANCA CONCEIÇÃO PEIXOTO CRUZ
CRISTIANE DA SILVA FERNANDES
FERNANDA SACRAMENTO DAS NEVES
MARIANA TIMOTEO
MAYARA NAGILA DE OLIVEIRA MARÇAL
VIVIAN OLANDIM DO NASCIMENTO

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE PACIENTESACOMETIDOS POR DIFTERIA,


TÉTANO, BOTULISMO E COQUELUCHE

Seminário apresentado como requisito parcial para


a obtenção de nota, na disciplina Assistência de
Enfermagem nas Doenças Infecto-Parasitárias,
sob a orientação do Prof. Michel Paiva Valim

NOVA IGUAÇU
2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2 DIFTERIA ......................................................................... .................................................5
2.1 Prevenção......................................................................................................................6
2.1.1 Vacina dT (dupla adulto)...........................................................................................6
2.1.2 DTPw (vacina tríplice bacteriana de células inteiras)...............................................7
2.1.3 DTPw-HB/Hib (vacina penta de células inteiras)......................................................8
2.2 Tratamento.....................................................................................................................9
2.3 Diagnóstico de enfermagem..........................................................................................9
3 TÉTANO...........................................................................................................................11
3.1 Tétano acidental...........................................................................................................11
3.2 Tétano neonatal...........................................................................................................11
3.3 Prevenção....................................................................................................................12
3.4 Tratamento...................................................................................................................13
3.5 Diagnóstico de enfermagem........................................................................................13
4 BOTULISMO....................................................................................................................15
4.1 Formas de transmissão e sintomas específicos..........................................................15
4.2 Prevenção....................................................................................................................17
4.3 Tratamento...................................................................................................................18
4.4 Diagnóstico de enfermagem........................................................................................19
5 COQUELUCHE .............................................................................................................. 21
5.1 Quadro clínico..............................................................................................................21
5.2 Prevenção....................................................................................................................22
5.3 Tratamento...................................................................................................................23
5.4 Diagnóstico de enfermagem........................................................................................23
6 CONCLUSÃO......................................................................................................24
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 25
3

1 INTRODUÇÃO
As doenças causadas por bactérias, também chamadas de bacteriose, podem
ser facilmente tratadas por antibióticos, mas também podem ocorrer complicações e
seu agravamento, levar ao óbito.
Em sua grande maioria, as bactérias são passadas ao organismo, através da
ingesta de alimentos contaminados ou pelo contato com pessoas contaminadas,
contudo, em alguns casos, essas bactérias podem estar presentes no ambiente e
penetrar no organismo humano, através de lesões na pele.
A sintomatologia é variada, conforme o tipo da patologia. A prevenção, na
maioria das vezes, é baseada em medidas de higiene e vacinação.
O presente trabalho, relacionou quatro patologias, buscando expor sua
prevenção, tratamento e relevância para a saúde pública. São elas:

Difteria: causada pela bactéria Corynebacterium diphteriae. Transmitida


através de contato físico com um doente ou por inalar secreções dessa pessoa. Sua
sintomatologia se dá por dor de garganta, aparecimento de placas nas tonsilas,
febre, mal-estar. Seu agravamento pode levar ao óbito. O tratamento é feito com
anti-toxina e antibióticos. A prevenção é feita com uso de vacinas.

Tétano: doença infecciosa provocada pela exotoxina liberada pela bactéria


Clostridium tetani. É encontrada na forma de esporos em fezes, terra e plantas e
passam para o organismo através de lesões na pele. A toxina age principalmente
nas células motoras do sistema nervoso central, bloqueando a transmissão dos
impulsos inibidores dos neurônios, resultando em espasmos musculares. O
tratamento consiste na administração de antibióticos, relaxantes muscular e soro
antitetânico. A prevenção é feita através de vacina e reforço periódico.

Botulismo: causada pela bactéria Clostridium botulinum. A transmissão


ocorre através da ingestão dos esporos da bactéria ou pela sua entrada no
organismo através da pele, tendo como porta de entrada, lesões. Os sintomas
surgem dentro de algumas horas a até poucos dias, e o período de duração e
intensidade está diretamente relacionado a quantidade de esporos presentes no
organismo. A toxina produzida pelos esporos provoca alterações no sistema nervoso
e pode evoluir para óbito. Seu tratamento se faz com internação do paciente em UTI,
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para que seja administrado soro antibotulínico e adotadas medidas adequadas. A


prevenção se dá através da fervura de alimentos acondicionados em vidros ou
enlatados, antes do consumo. Não utilizar alimentos cuja embalagem esteja
estufada ou com água turva, consumir alimentos somente de procedência confiável.
Não existe vacina para humanos.

Coqueluche: doença respiratória infectocontagiosa, causada pela bactéria


Bordetella pertussis e, em alguns casos raros, pela Bordetella parapertussis. É
transmitida através de espirro, saliva e tosse de pessoas infectadas. A doença se
manifesta em três fases: catarral, que dura aproximadamente duas semanas;
paroxística, permanece em torno de seis semanas; e convalescença, que dura
aproximadamente 3 semanas. Sua sintomatologia apresenta febre baixa, tosse
seca, vômito e posteriormente agravação da doença, podendo chegar ao óbito. O
tratamento se faz com o uso de antibióticos, em geral, eritromicina, por ser eficaz e
pouco tóxica. Pessoas expostas a um doente, devem fazer a quimioprofilaxia com o
mesmo antibiótico usado para tratar a infecção. A prevenção é feita com a utilização
de vacina e reforços subsequentes.
Todas essas doenças, são de notificação compulsória às autoridades
sanitárias, para que sejam adotadas as medidas de intervenção pertinentes.
5

2 DIFTERIA
A difteria é uma doença bacteriana, ocasionada por cepas do gênero
Corynebacterium, predominantemente das espécies Corynebacterium diphteriae e
ocasionalmente pela espécie Corynebacterium ulcerans, este é responsável por
ocasionar uma doença semelhante a difteria e produzir a toxina diftérica (SÃO
PAULO, 2019). As duas espécies podem abrigar o gene codificador da produção da
toxina diftérica (SÃO PAULO, 2019).
O ser humano, é seu reservatório mais significativo, com uma
transmissibilidade que dura cerca de 2 semanas após a contaminação, em locais
onde não ocorre o tratamento correto, a transmissão e o período de
transmissibilidade pode chegar a 6 meses ou mais.
Sua sintomatologia é a difteria respiratória clássica, com manifestações locais
e sistêmicas, atacando primeiro o parelho respiratório superior, com o surgimento
característico de uma ou mais pseudomembrana de cor acinzentada principalmente
nas tonsilas, nasofaringe e orofaringe (BRASIL, 2018). Pode ocorrer também, com
menos frequência, o surgimento de úlceras nas mucosas, como genitália e
conjuntiva, e infecções inespecíficas de pele. (DIAS et al. 2011). As complicações
mais comuns são obstrução das vias aéreas em casos avançados. Casos raros
como endocardite e artrite séptica, também foram observados. A polineuropatia e
miocardite são complicações tardias da doença. Os principais sinais e sintomas da
difteria correspondem a produção da Toxina Diftérica pelo microrganismo, que se
dissemina sistematicamente, atuando em diversos tecidos (GUARALDI; HIRATA
JUNIOR E DAMASCENO, 2011).
Existem ainda fatores de risco associados a doenças, entre eles o baixo nível
socioeconômico, aglomeração de casas residenciais, etilismo e origem étnica dos
índios norte-americanos e desnutrição (KASPER E FAUCI, 2015).
Os fatores que levam o paciente a morte, são o edema intenso no pescoço,
chamado de difteria “em pescoço de touro”, miocardite com taquicardia ventricular,
fibrilação atrial, bloqueio atrioventricular completo, idade (maior de 60 anos e menor
de 6 meses), etilismo, aumento excessivo da pseudomembrana com
comprometimento respiratório (HIDAYATI et al. 2017).
O método de transmissão se dá pelo contato direto com secreções de
pessoas doentes ou portadoras assintomáticas, contato com objetos contaminados
por estas secreções ou ainda pelo contato direto com lesões, como nos casos de
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difteria cutânea (BRASIL, 2019). Sua maior incidência se dá no inverno por ser um
período que favorece a aglomeração e lugares fechados. Seu período de incubação
é em torno de 2 a 5 dias, podendo aumentar (CVE, 2018).
A Portaria da Consolidação nº 4 de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017),
informa que a notificação compulsória é obrigatória e imediata para todos os casos
confirmados e suspeitos e exigem medidas de controle imediata junto aos
comunicantes. Essa medida é vital para se minimizar e controlar a disseminação da
doença. Os objetivos da vigilância são monitorar o ônus da doença e definir seus
padrões de transmissão, identificar os surtos para investigação e prevenção de
novos casos e determinar a política da vacina apropriada no país (WHO, 2018).

2.1 Prevenção
A única maneira eficaz de prevenir a difteria é com a vacina, pois a doença,
geralmente não confere imunidade permanente, devendo, portanto, o paciente dar
continuidade a seu esquema vacinal. A doença pode acometer pessoas suscetíveis,
em qualquer faixa etária, no entanto as crianças em idade pré-escolar são mais
suscetíveis, quando não imunizadas adequadamente.
A vacina faz parte do Programa Nacional de Imunização desde 1977 e é
obrigatória para menores de 1 ano de idade, em 1999 passou a ser ofertada para
idosos a partir de 65 anos (BRASIL, 2003).

2.1.1 Vacina dT (dupla adulto)


- Sempre que possível a dT deve ser substituída pela tríplice bacteriana acelular
adulto (dTpa), que também previne a coqueluche.
- Protege contra difteria e tétano;
- É uma vacina inativada, logo não causa doença. Contém toxóides diftéricos e
tetânico, derivados de toxinas produzidas pelas bactérias causadoras das doenças;
- É utilizada na rede pública para proteção de pessoas que não iniciaram ou
terminaram o esquema contra difteria e tétano até os 7 anos de idades e para as
doses de reforço a cada 10 anos;
- A via de administração é a intramuscular.

O esquema vacinal:
Para crianças a partir de 7 anos de idade, adolescentes e adultos com:
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- Esquema vacinal básico contra o tétano completo: uma dose a cada dez anos ;
.- Esquema vacinal básico contra o tétano incompleto: uma dose de dTpa – tríplice
bacteriana acelular, (coqueluche, difteria e tétano) a qualquer momento, seguida de
uma ou duas outras doses da dT (dependendo de quantas faltam para completar o
esquema de três doses contra o tétano). Posteriormente, reforços a cada dez anos.
A vacina dTpa pode substituir a vacina dT.
- Histórico vacinal desconhecido ou não vacinados: uma dose de dTpa a qualquer
momento, seguida de duas outras doses da dT, no esquema 2 e 4 meses,
posteriormente, reforços a cada dez anos. A vacina dTpa pode substituir a vacina dT

Contraindicação:
- Em caso de doença aguda, com febre alta, a vacinação de ver ser suspensa até
que ocorra a melhora;
- Pessoas propensas a sangramento, deve-se fazer a aplicação subcutânea;
- Compressas fria aliviam a reação local. Em casos mais intensos pode se utilizar
analgésico;
- Qualquer sintoma mais grave, após a vacinação deverá notificada ao serviço que a
realizou;
- Sintomas de eventos adverso persistentes, que se prolongue por mais de 24-72h,
devem ser investigados para verificação de outras causas.

2.1.2 DTPw (vacina tríplice bacteriana de células inteiras)


- Previne difteria, tétano e coqueluche;
- É uma vacina inativada. Contém toxóides diftéricos e tetânicos; bactéria morta da
coqueluche (Bordetella pertussis);
- É indicada para todas as crianças até 7 anos de idade mesmo as que já tiveram
tétano, difteria e coqueluche;
- A via de administração é intramuscular;
- É usada na rede pública como dose de reforço para crianças com idade entre 4 e 5
anos.

Contraindicações:
- Pessoas com mais de 7 anos de idade;
- Crianças que apresentaram, após a aplicação de vacina DTPw ou combinas a ela:
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- Episodio hipotônico-hiporresponsivo=EHH (palidez, perda de tônus muscular e


consciência) nas primeiras 48 horas;
- Convulsões nas primeiras 72 horas;
- Reação anafilática nas primeiras 2 horas;
- Encefalopatia aguda nos 7 dias após a vacinação;

Esquema vacinal:
- A vacina DTPw isolada é usada na rede pública para os reforços do segundo ano
de vida e dos 4 anos de idade (SBIM, 2022).

2.1.3 DTPw-HB/Hib (vacina penta de células inteiras)


- Previne difteria, tétano, coqueluche, meningite B e Haemophilus influenzae tipo b;
- É composta por toxóides diftéricos e tetânico, combinados com células inteira
purificada da bactéria da coqueluche (Bordotela pertussis); partícula da superfície do
vírus da hepatite B e componente da cápsula do Haemophilus influenzae do tipo b,
conjugado com uma proteína;
- A via de administração é intramuscular.

Esquema vacinal
- É indicado a crianças até 7 anos de idade;
- Presente nas Unidades Básicas de Saúde para vacinação no primeiro ano de vida,
aos 2, 4 e 6 meses. Mesmo as crianças que já tiveram tétano, difteria, doença
causada pelo Hib e/ou coqueluche, devem ser imunizadas.

Contraindicações
- Pessoas com mais de 7 anos de idade;
- Crianças que apresentaram, após a aplicação de vacina DTPw ou combinadas a
ela:
- Episodio hipotônico-hiporresponsivo=EHH (palidez, perda de tônus muscular e
consciência) nas primeiras 48 horas;
- Convulsões nas primeiras 72 horas;
- Reação anafilática nas primeiras 2 horas;
- Encefalopatia aguda nos 7 dias após a vacinação;
Mesmo após a introdução da vacina contra a difteria em âmbito mundial, esta
doença continua sendo uma causa potencialmente letal e ainda presente em muitos
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países, o que pode estar relacionado com a baixa adesão a cobertura vacinal, o que
em alguns países pode estar relacionado a problemas na disponibilidade da mesma
e dos serviços de vacinação, a pouca conscientização da população o que leva ao
desconhecimento de todas as doses necessárias, perda da carteira de vacinação,
entre outros (BHAGAT et al. 2015).
O Ministério da Saúde recomenda a dose de reforço contra difteria e tétano a
cada 10 anos, mas não é regularmente aplicada. A manutenção da imunização do
indivíduo inclui seu status socioeconômico, a exposição ao micro-organismo e a
adesão às campanhas de reforço vacinal (SPERANZA et al. 2010).

2.2 Tratamento
O tratamento da difteria é feito com soro antidiftérico (SAD) e antibióticos,
ainda quando a doença é uma suspeita clínica. Os contatos também devem ser
tratados com reforço de toxóide diftérico e antibióticos, mas somente em casos de
doença por cepas toxigênicas. O portador assintomático pode transmitir a doença,
por isso também deve ser submetido ao tratamento. O uso de antibióticos elimina a
infecção, mas não reverte o efeito da toxina, por isso é fundamental a
disponibilidade de Soro antidiftérico nos hospitais e centros de saúde (PARANDE et
al. 2017).
O SAD age nas cepas toxogênicas, neutralizando a toxina circulante. A
administração do SAD é realizada de acordo com a gravidade da doença. A
proteção fornecida pelo soro é de curto prazo, em torno de 2 semanas, e o paciente
deve continuar com o esquema de imunização (BRASIL, 2018).

2.3 Diagnóstico de enfermagem


Corrêa (2010) relaciona alguns prováveis diagnóstico de enfermagem para
difteria:
1- Dor Aguda, relacionada aos agentes biológicos nocivos ao organismo,
caracterizada por alterações na pressão sanguínea, relato verbal de dor,
expressão facial e mudanças no apetite.
2- Náuseas e vômitos, relacionado à doença, as toxinas e distúrbios
bioquímicos, caracterizada por relato de náusea, sensação de vomito, e
aversão a comida.
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3- Hipertermia relacionada à doença evidenciada por aumento na temperatura


corporal acima dos parâmetros normais.
4- Fadiga, relacionada ao estado da doença, condição física debilitada,
caracterizada pelos relatos de cansaço, incapacidade de manter as rotinas
habituais e letargia.
5- Dificuldade de engolir, relacionada à obstrução mecânica anormalidade
laríngea e faríngea, caracterizada pelo relato verbal, odinofagia, deglutição
retardada e recusa de alimentos.
6- Padrão respiratório ineficaz, relacionado ao processo de doença
caracterizado por dispnéia, taquipnéia e capacidade vital diminuída;
7- Risco de Sufocação, relacionado ao processo de doença, processo lesivo e
obstrução das vias aéreas.
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3 TÉTANO
Tétano é uma doença infecciosa, não contagiosa, que tem como agente
etiológico a bactéria Clostridium tetani. Essa bactéria produz uma toxina que
provoca hiperexcitabilidade do sistema nervoso, provocando espasmos musculares
(TORTORA, CASE, E FUNKE, 2017). A doença não tem uma faixa etária específica
e de acordo com o modo de contágio, pode ser classificada como acidental ou
materno neonatal (OMS, 2017).

3.1 Tétano acidental

O bacilo está presente no intestino de humanos e animais, sem causar a


doença. A bactéria, na forma de esporo pode estar presente em solos contaminados
por fezes humanas ou esterco, pele, terra, galho, arbustos, águas putrefatas, poeira
das ruas, e entram em contato com ferimentos causando a transmissão. A
contaminação também pode se dá durante a realização de cirurgias e outros
procedimentos em espaços não estéril. Queimaduras e tecidos necrosados também
são uma porta de entrada para o desenvolvimento da doença (BRASIL, 2019).
O período de incubação para o tétano acidental é de 5 a 15 dias.
Brasil (2019), informa que a toxina produzida pela bactéria ataca, em especial
o sistema nervoso central, provocando:
- Rigidez muscular em todo o corpo, mas principalmente no pescoço, causando
dificuldade para abrir a boca e de deglutição;
- A contratura generalizada e rigidez muscular progressiva, atinge os músculos reto-
abdominais e diafragma, o que causa insuficiência respiratória. As crises de
contratura, geralmente são desencadeadas por estímulos luminosos, sonoros ou
manipulação da pessoa, podendo levar a morte;
- Riso convulsivo, involuntário, produzido pelos espasmos dos músculos da face;
- Rigidez paravertebral (opistótono).

3.2 Tétano neonatal


Também chamado de “mal dos sete dias”, ocorre em neonatos, até 28 dias de
vida, que entram em contato com os esporos através de materiais mal higienizados,
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utilizados principalmente na manipulação do cordão umbilical (OMS, 2017). Seus


sintomas iniciais são:
- Dificuldade de abertura da boca, causando dificuldade de sucção;
- Irritabilidade;
- Choro constante;
- Rigidez muscular;
Os fatores de risco para tétano neonatal são:
- Baixas coberturas da vacina antitetânica nas mulheres em idade fértil;
- Partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ou outros sem capacitação
e sem instrumentos adequados;
- Ausência ou baixa qualidade do acompanhamento pré-natal;
- Alta hospitalar precoce e acompanhamento deficiente do recém-nascido e da
puérpera;
- Hábitos culturais associados a cuidados inadequados de higiene com o coto
umbilical e com o recém-nascido;
- Baixos níveis de escolaridade, socioeconômicos ou de educação em saúde das
mães;

3.3 Prevenção
O tétano não é contagioso, mas mesmo as pessoas que já contraíram a
doença, não adquirem anticorpos para evitá-los. O método mais eficaz de prevenir o
tétano é através da vacina contendo o Toxóide tetânico (VCCT) (BRASIL, 2019).
O Programa Nacional de Imunização, recomenda o esquema básico de
vacinação para crianças a partir dos 2 meses de idade, feito com três doses da
vacina pentavalente (vacina combinada contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite
B e Haemophilus influenza tipo B), aos dois, quatro e seis meses. O primeiro reforço
é feito com a DTP (vacina tríplice), aos 15 meses e outro entre quatro e seis anos
(BRASIL, 2019).
Para a prevenção do tétano neonatal, recomenda-se a vacinação das
mulheres em idade fértil (12 e 49 anos), com três doses de vacina dTpa (contra
difteria, tétano e coqueluche). Antes do parto, a mulher deverá ter ao menos duas
doses, e em caso de a última dose ter sido há mais de cinco anos, ela deverá tomar
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um reforço. Caso não tenha histórico vacinal deverá receber as 3 doses da vacina
dTpa (BRASIL, 2021).
A partir da adolescência indica-se receber uma aplicação a cada 10 anos, até
a velhice, da vacina DTP, DT e dT.
Em casos de ferimentos é preciso ter tomado três doses do toxóide,
presentes nas vacinas DTP, DT e dT, tendo a última dose há menos de dez anos. A
partir, a manutenção é feita com a vacina dT a cada 10 anos. (BRASIL, 2021).
Além da vacinação, alguns cuidados podem ser implementados:
- Manter esquema vacinal em dia;
- Limpar cuidadosamente com água e sabão todos os ferimentos para evitar a
penetração da bactéria;
Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina
apresentam imunidade até os dois meses de idade.
Após a confirmação de casos de Tétano acidental, é necessário a notificação ao
Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN) (BRASIL, 2007).

3.4 Tratamento
O tratamento é baseado na redução dos sintomas, neutralização das toxinas,
eliminação das bactérias e cuidados com a ferida. Os cuidados incluem a utilização
de antibióticos, relaxantes musculares, sedativos, imunoglobulina antitetânica e, na
falta, soro antitetânico. Tais cuidados promovem o relaxamento da musculatura,
diminuição da dor causada pelos espasmos e permitindo melhora no padrão
respiratório. A neutralização da toxina se faz com soro antitetânico (SAT) ou com
imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT), promovendo a imunização passiva.
Para a eliminação do agente patogênico são administrados antibióticos (BRASIL,
2019).

3.5 Diagnóstico de enfermagem


1- Risco de constipação, evidenciada por uso de agentes farmacológicos,
mudança nos padrões alimentares e atividade física reduzida;
2- Risco de infecção, evidenciado pelo aumento da exposição ambiental a
patógenos e realização de procedimentos invasivos;
3- Risco de lesão evidenciado por pele previamente lesionada, mobilidade
alterada, nível de consciência rebaixado;
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4- Risco de queda evidenciado por estado mental diminuído, mobilidade física


prejudicada e presença de doença aguda;
5- Autocontrole ineficaz da saúde relacionado à suscetibilidade percebida,
caracterizado por falha em agir para reduzir fatores de risco;
6- Nutrição desequilibrada, menos do que as necessidades corporais,
relacionada à capacidade prejudicada de ingerir os alimentos, caracterizada
por incapacidade percebida de ingerir comida;
7- Eliminação urinária prejudicada relacionada a dano sensóriomotor,
caracterizada por incapacidade de micção espontânea;
8- Mobilidade no leito prejudicada relacionada a uso de medicamentos sedativos
e prejuízo neuromuscular, caracterizada por capacidade prejudicada de
reposicionar-se na cama;
9- Integridade da pele prejudicada relacionada à exposição traumática a agente
explosivo, caracterizada por destruição de camadas da pele;
10- Conforto prejudicado relacionado a estímulos ambientais nocivos,
caracterizado por espasmos musculares;
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4 BOTULISMO
Doença neuroparalítica, rara, grave, não contagiosa, de progressão rápida,
potencialmente letal, causada pela toxina botulínica produzida pela bactéria
Clostridium botulinum (CARRILO-MARQUEZ, 2016). Segundo Williamson et al.
(2017), é considerada uma das mais potentes neurotoxinas produzidas por
bactérias.
A toxina botulínica, mesmo que ingerida em pequenas quantidades, pode
causar envenenamento grave em questão de horas.
Sua notificação é compulsória e imediata para que as ações de vigilância
sejam realizadas em tempo de prevenir outros casos. No Brasil, a maioria dos casos
notificados está diretamente relacionado à contaminação alimentar (BRASIL, 2020).

4.1 Formas de transmissão e sintomas específicos


As principais formas de transmissão do botulismo e os sintomas específicos
de cada um:
Botulismo alimentar – se dá pela ingestão da toxina presente em alimentos
contaminados e que foram produzidos ou conservados de forma inadequada. Os
alimentos de maior incidência são conservas vegetais, produtos à base de carne
cozida, curada e defumada, pescados defumados, salgados e fermentados, queijos
e pastas de queijos. O período de incubação pode variar de 2 horas a 10 dias, com
média de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina ingerida, menor o
período de incubação (BRASIL, 2020).
Os sinais e sintomas podem ser gastrointestinal e/ou neurológico, com início rápido
e progressivo. Os sinais gastrointestinais podem anteceder ou coincidir com
sintomas neurológicos.
Sinais gastrointestinais Sinais neurológicos
Náuseas Visão turva
Vômitos Queda de pálpebra (ptose)
Diarreia Visão dupla (diplopia)
Dor abdominal Dificuldade de engolir (disfagia)
Constipação, ligada a paralisia Boca seca
Fraqueza dos músculos faciais e da
fala (disatria)
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Com a evolução da doença, a fraqueza muscular pode se espalhar e atingir


os músculos do tronco e membros. A doença pode apresentar progressão por 1 a 2
semanas e estabilizar por 2 a 3 semanas, antes de iniciar a fase de recuperação,
com duração variável. Nas formas graves, o período de recuperação pode variar de
6 meses a 1 ano. No entanto os maiores progressos ocorram nos primeiros 3 meses
após o início dos sintomas (BRASIL, 2020).

Botulismo por ferimentos – uma das formas mais raras de contaminação,


os esporos penetram no organismo através de úlceras crônicas com tecido
necrótico, fissuras, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas
vascularizadas ou ferimento produzidos por agulhas de usuários de drogas e lesões
nasais, provocadas por drogas inalatórias. O período de incubação pode variar de 4
a 21 dias, com média de 7 dias (BRASIL, 2020).
O quadro clínico se assemelha ao botulismo alimentar, mas a febre está presente
por conta da inflamação do ferimento e sem sintomas gastrointestinais (BRASIL,
2020).

Botulismo intestinal – Os esporos contidos em alimentos contaminados,


tornam-se viáveis, fixam-se e multiplicam-se no intestino, onde a toxina é produzida
e absorvida. Não é possível estabelecer o período de incubação, pois é impossível
saber o momento da ingestão dos esporos (BRASIL, 2020).
Suspeita-se de botulismos quando não há indicação de contaminação alimentar ou
por ferimentos. Tem duração de 2 a 6 semanas, com instalação progressiva dos
sintomas por 1 a 2 semanas, seguida por recuperação em 3 a 4 semanas (BRASIL,
2020)

Botulismo infantil – ocorre predominantemente em crianças de 3 a 26


semanas, como principal causador o consumo de mel de abelha. Esta doença pode
ser responsável por 5% das mortes súbitas em lactentes (BRASIL, 2020);
Em crianças o quadro clínico varia de episódios de constipação leve a moderada e
súbita. Casos leves são caracterizados por dificuldade de alimentação e fraqueza
muscular discreta. Casos graves, os sintomas começam com constipação e
irritabilidade, seguidos por dificuldade de controle dos movimentos da cabeça,
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sucção fraca, choro fraco e paralisia bilaterais descendentes, que podem progredir
para comprometimento respiratório (BRASIL, 2020).

4.2 Prevenção
De acordo com Carrillo-Marquez (2016), é essencial lavar meticulosamente as
mãos. A melhor prevenção está nos cuidados com o preparo, consumo, distribuição
e comercialização de alimentos. Algumas medidas são eficazes na prevenção da
doença:
- Não consumir alimentos em conserva cujas latas estiverem estufadas, vidros
embaçados, embalagens danificadas, vencidas ou com alterações no cheiro e no
aspecto;
- Produtos industrializados e em conservas caseiras que não ofereçam segurança
devem ser fervidos ou cozidos por pelo menos 15 minutos antes de serem
consumidos. Aquecer os alimentos pode eliminar as toxinas botulínicas;
- O preparo de conservas caseiras deve obedecer a medidas rígidas de higiene e
armazenamento;
Um dos alimentos mais perigosos, em especial para os menores de 2 anos de
idade, é o mel, pois há o risco de conter esporos da bactéria do botulismo,
conforme o Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, uma vez
que esse público ainda está com sua microbiota intestinal se adaptando a novos
alimentos (BRASIL, 2019).
Medidas de isolamento não são necessárias em casos de botulismo
alimentar, pois a toxina ingerida é pré-formada e não ocorre transmissão de pessoa
para pessoa. Entretanto, em casos de botulismo infantil as fradas sujas devem ser
incineradas uma vez que podem conter esporos e neurotoxinas botulínica e podem
contaminar outras pessoas através de feridas na pele, causando botulismo por
ferimento (CARRILO-MARQUEZ, 2016).
As vacinas existentes são para animais. Em casos de infecção humana o
tratamento é realizado com a utilização da antitoxina.

4.3 Tratamento
Carrillo-Marquez (2016), garante que o sucesso do tratamento do botulismo
está diretamente relacionado com a precocidade com que é iniciado e as condições
18

do local onde será realizado devendo ser conduzido a um local com terapia
intensiva. A antitoxina não reverte a paralisia e a recuperação neurológica não
ocorre até a regeneração dos nervos motores, o que pode levar de semanas a
meses (CARRILLO-MARQUEZ, 2016)
O tratamento está embasado em duas condutas: tratamento de suporte e
tratamento específico.
Tratamento de Suporte – Monitorização cardiorrespiratória e medidas gerais
de suporte são as condutas mais importantes (BRASIL, 2020). O tratamento de
suporte baseia-se basicamente, nos seguintes procedimentos:
1- Assistência ventilatória:
a) permitir a permeabilidade das vias aéreas superiores;
b) evitar asfixias e obstrução respiratórias altas;
c) capacidade vital menor que 12 ml/kg (é a maior quantidade de ar que uma
pessoa pode expelir dos pulmões após tê-los enchido ao máximo e, em seguida,
expirá-lo completamente) (PEREIRA, 2002).
2- Traqueostomia: deve ser avaliada caso a caso;
3- Lavagens gástricas, enemas, laxantes: em botulismo alimentar podem ser uteis
com objetivo de eliminar a toxina do aparelho digestório;
4- Hidratação parenteral e reposição de eletrólitos: devem ser mantidos até a
recuperação da capacidade de deglutição;
5- Procedimentos rotineiro em UTI devem ser adotados;

Tratamento Específico – visa a eliminação da toxina circulante e a sua fonte


de produção, pelo uso do soro antibotulínico (SAB) e de antibióticos.
O soro antibotulínico age contra a toxina circulante que ainda não se fixou no
sistema nervoso, por isso a recomendação de se iniciar o tratamento o mais
precocemente possível. Apresenta-se nas formas heptavalente (antitoxina tipo A a
G) e a trivalente (antitoxinas A, B e E de origem equina) (CIRRILLO-MARQUEZ,
2016). Apenas os tipos A, B, E e F atacam o ser humano.
A solicitação do SAB deve ser feita pelo médico que diagnosticou o caso ou pela
Vigilância Epidemiológica, sempre que acionada inicialmente. Sua liberação está
condicionada ao preenchimento da ficha de notificação. As seguintes condutas
serão adotadas nos casos de:
19

1. botulismo por ferimento:


a) recomendado o uso de penicilina cristalina; metronidazol também pode ser
administrado.
b) Desbridamento cirúrgico, após o uso de SAB, mesmo que a ferida esteja com
bom aspecto.

2. Botulismo intestinal:
a) Não é recomendado o uso de antibióticos, pois acredita-se que a lise de
bactérias na luz intestinal, pode piorar a evolução da doença por aumentar os
níveis de toxina circulante. Em adultos, esse efeito também deve ser
considerado em casos em que a doença afetar o trato digestório.

3. Botulismo alimentar:
a) O uso de antibióticos ainda não está bem definido.

4.4 Diagnóstico de enfermagem


1. Risco de constipação relacionada a diminuição dos movimentos peristálticos;
2. Risco de distúrbios hidroeletrolíticos relacionado e múltiplos episódios de
vomito;
3. Nutrição desequilibrada menor que as necessidades corporais do doente
relacionada à própria doença e aos fatores biológicos;
4. Deglutição prejudicada relacionada ao funcionamento anormal do
mecanismo da deglutição associado a déficits na estrutura ou função oral,
faríngea ou esofágica;
5. Risco de infecção relacionado as defesas do indivíduo, desnutrição,
exposição ambiental e conhecimento insuficiente para evitar exposição a
outros patógenos;
6. Padrão respiratório comprometido relacionado à dispneia, dor torácica,
dentre outros;
7. Fadiga relacionada a estados de doença, condição física debilitada e anemia,
caracterizada por falta de energia e letargia;
8. Eliminação urinária prejudicada relacionada à múltiplas causas, anuria;
20

9. Déficit de autocuidado devido à complexidade do regime terapêutico, déficit


de apoio social, dificuldades econômicas, déficit de conhecimento ou conflitos
familiares;
10. Intolerância à atividade a ser executada pelo doente relacionada com a
fadiga, estado nutricional e desequilíbrio entre a oferta e as demandas de
oxigênio;
21

5 COQUELUCHE
Doença infecciosa, aguda, altamente contagiosa, com distribuição universal
que acomete o trato respiratório humano, principalmente os brônquios e a traqueia,
causada pela bactéria Bordetella pertussis (MATTOO E CHERRY, 2005) e em casos
raros pela Bordetella parapertussis (FEIGIN E CHERRY, 2009). Tem por
característica paroxismo de tosse seca. Em lactentes pode causar um elevado
número de complicações e até mesmo levar a óbito. Possui o ser humano como seu
único reservatório natural (BRASIL, 2017).

5.1 Quadro clínico


A coqueluche, também chamada de “tosse comprida”, dura aproximadamente
de 6 a 12 semanas, e possui três estágios clínicos:

1- Fase catarral: dura de 7 a 14 dias, apresenta sintomas como rinorreia,


lacrimejamento, febre baixa, e no final da fase, tosse seca (BRASIL, 2017).

2- Fase paroxística: dura de 1 a 4 semanas, geralmente é uma fase afebril ou com


febre baixa, mas podem ocorrer vários picos de febre durante o dia. Apresenta
paroxismos de tosse seca, manifestados em crises súbitas, incontrolável, rápida
e curta, com cerca de 5 a 10 tosses em uma única expiração. Durante a crise, o
paciente não consegue respirar, apresenta protusão da língua, congestão facial,
cianose, que pode ser seguida de apneia e vômitos. Após ocorre uma inspiração
profunda, através de glote estreitada, originando o som de guincho. Os
episódios de tosse paroxísticas pode chegar a 30 em 24h, sendo mais frequente
a noite (BRASIL, 2017).

3- Fase de convalescença: os paroxismos de tosse desaparecem e surgem


episódios de tosse comum. Essa fase dura por 2 a 6 semanas e, podem se
prolongar por até 3 meses. Infecções respiratórias secundarias podem provocar
o reaparecimento dos paroxismos (BRASIL, 2017).

A transmissão se dá principalmente através do contato direto de pessoas


doente com pessoa suscetível, através de gotículas de secreção da orofaringe
(MINAS GERAIS, 2013).
22

O período de incubação é em torno de 5 a 10 dias. O período de transmissão


se estende do quinto dias após a exposição do doente até a terceira semana do
início das crises paroxísticas (BRASIL, 2017).
A coqueluche pode apresentar algumas complicações (BRASIL, 2017):
1- Respiratoria: pneumonia por B. pertussis, pneumonias por outras etiologias,
ativação de tuberculose latente, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax, ruptura
de diafragma;
2- Neurológicas: encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias
intercerebrais, hemorragia subdural, estrabismo e surdez.
3- Outras: hemorragias subconjuntivais, otite media por B.pertussis, epistaxe,
edema de face, ulcera de frênulo lingual. Hernias (umbilicais, inguinais e
diafragmáticas), conjuntivite, desidratação e/ou desnutrição.

5.2 Prevenção
A prevenção da coqueluche se dá pelas vacinas Pentavalente (vacina
adsorvida difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B),
Tríplice bacterina (DTP) ou DTPa com componentes pertussis acelular, seguindo o
calendário vacinal, devendo ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses, com primeiro reforço
aos 15 meses e segundo dos 4 aos 6 anos. Recomenda-se o reforço entre 10 e 14
anos com a tríplice bacteriana acelular tipo adulto (dTpa).
A vacinação dos profissionais de saúde, gestantes (após 20 semanas) e a
vacinação dos adultos que têm contato com crianças menores de 1 ano também são
estratégias de prevenção da doença (GALL, 2012).
Pacientes contaminados devem ser afastados de seus afazeres por pelo
menos cinco dias após o início dos antibióticos.
Nem a infecção, nem a imunização conferem imunidade duradoura, sendo
assim é preciso tomar as doses de reforço.
A quimioprofilaxia deve ser feita para todos os contactantes domiciliares e
contactantes próximos, independente de vacinação e até 21 dias do início da tosse.
Após 21 dias somente para lactentes, gestantes e contactantes de lactentes.
A coqueluche é uma doença de notificação compulsória, e deve ser informada
a Vigilância sempre que houver suspeita.
23

5.3 Tratamento
A utilização da Azitromicina e Claritromicina confere a mesma eficácia para o
tratamento e quimioprofilaxia da coqueluche.

5.4 Diagnóstico de enfermagem


1. Nutrição desequilibrada: menor que as necessidades corporais do doente –
relacionada à própria doença e aos fatores biológicos, culturais, nutricionais e
econômicos;
2. Conhecimento deficiente sobre o regime de tratamento, medidas de
prevenção e controle da doença relacionadas à falta de informação, falta de
interesse em aprender, limitação cognitiva ou interpretação errônea da
informação;
3. Intolerância à atividade a ser executada pelo doente relacionada com a
fadiga, estado nutricional e desequilíbrio entre a oferta e as demandas de
oxigênio;
4. Padrão respiratório comprometido relacionado à dispneia, dor torácica, dentre
outros;
5. Autocontrole inadequado da saúde – devido à complexidade do regime
terapêutico, déficit de apoio social, dificuldades econômicas, déficit de
conhecimento ou conflitos familiares;
6. Risco de infecção – cujos fatores podem incluir alterações nas defesas do
indivíduo (ação ciliar diminuída, estase de secreções e resistência diminuída),
desnutrição, exposição ambiental e conhecimento insuficiente para evitar
exposição a outros patógenos;
7. Mobilidade física prejudicada relacionada à dor, perda de integridade,
caracterizada por amplitude limitada de movimento e instabilidade postural.
8. Fadiga relacionada a estados de doença, condição física debilitada e anemia,
caracterizada por falta de energia e letargia;
9. Risco de confusão aguda relaciona à dor, infecção, mobilidade reduzida e
medicamentos;
10. Dor relacionada à agentes lesivos (biológicos) e caracterizada por mudanças
a frequência respiratória.
24

6 CONCLUSÃO
Bactérias são seres microscópicos que estão presentes em todos os
ambientes, podem estar em oceanos, esgoto, floresta, centros urbanos, em animais
e seres humanos.
As doenças bacterianas, apesar de serem causadas por seres semelhantes,
são diversas e possuem características únicas. Algumas dessas bactérias causam
doenças simples, que permanecem assintomáticas, e, por vezes, são curadas
espontaneamente, outras são causadoras de doenças responsáveis por grande
número de óbitos, além de comprometer a qualidade de vida de milhões de pessoas.
Geralmente as bacterioses, como são chamadas as doenças causadas por
bactérias, podem ser transmitidas por gotículas de saliva (como na coqueluche e
difteria), contato com alimentos contaminados (como no botulismo) ou ainda tendo
uma lesão como porta de entrada ou contato com objetos contaminados (como no
tétano).
Mesmo cada umas das bacterioses possuindo características distintas, todas
são tratadas com antibióticos, mas de acordo com o nível de gravidade e
sintomatologias, pode ser necessário a utilização de tratamentos específicos para se
obter a cura, como no caso do tétano e botulismo que são utilizados o soro
antitetânico e o soro antibotulínico, respectivamente.
A melhor forma de prevenção contra as doenças bacterianas é a vacinação.
O Brasil é referência mundial em vacinação e o Sistema Único de Saúde
garante acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela Organização
Mundial de Saúde.
As vacinas contra Tétano, difteria e coqueluche é disponibilizada pela rede
pública de saúde de todo o país. Essas vacinas são disponibilizadas para todas as
faixas etárias e seu reforço é fundamental para o controle das doenças. O botulismo
não possui vacina para humanos.
Tétano, coqueluche, difteria e botulismo, são doenças de notificação
compulsória, isso significa que casos conhecidos dessas doenças, precisam ser
levados ao conhecimento das autoridades sanitárias, para que sejam empregadas
medidas para conter a disseminação da doença para a população.
25

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