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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
EM PEDIATRIA
COORDENADORA
PROFª MD. FERNANDA FERREIRA FAGUNDES
PEDIATRA
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APRESENTAÇÃO
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SUMÁRIO
3. Celulite --------------------------------------------------------------------------- 11
4. Erisipela---------------------------------------------------------------------------14
5. Urticária aguda e angioedema na criança------------------------------16
6. Anafilaxia na criança---------------------------------------------------------- 21
7. Asma--------------------------------------------------------------------------------27
8.Bronquiolite --------------------------------------------------------------------- 36
9. Pneumonia --------------------------------------------------------------------- 42
10. Influenza–H1N1----------------------------------------------------------------- 52
11. Cetoacidose diabética------------------------------------------------------- 59
12. Choque séptico----------------------------------------------------------------67
13. Meningoencefalites-----------------------------------------------------------75
14. Crise convulsiva e estado de mal epiléptico---------------------------82
15. Parada cardiorrespiratória-------------------------------------------------86
16.Traumatismo crânio-encefálico e indicação de TC--------------------90
17. Politraumatismo na criança------------------------------------------------100
18. Dor abdominal aguda-------------------------------------------------------108
19. Crise álgica na anemia falciforme----------------------------------------113
20. Desidratação------------------------------------------------------------------117
21. Doença diarreica na infância---------------------------------------------123
22. Infecção do trato urinário-------------------------------------------------127
23. Glomerulonefrite difusa aguda------------------------------------------134
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1. CELULITE ORBITÁRIA (OU PÓS-SEPTAL)
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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não tipável, Moraxella catarrhalis, S. aureus, S. pyogenes e anaeróbios. A
celulite orbitária também pode ser de origem polimicrobiana.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
TRATAMENTO
Todo paciente com celulite orbitária deve ser internado, colher a
hemocultura e iniciar antibiótico parenteral. Dependendo da evolução, a
terapia parenteral pode ser feita por uma semana com ceftriaxona 100
mg/kg/dia a cada 12 horas, seguida de terapia via oral com cefuroxima 30
mg/kg/ dia a cada 12 horas para completar um total de 3 semanas.
Não esquecer analgésico para dor
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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2. CELULITE PERIORBITÁRIA (OU PRÉ-SEPTAL)
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
TRATAMENTO
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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3. CELULITE
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
No quadro clínico pode ocorrer febre, toxemia, mal estar, além das
manifestações locais, podendo ocorrer linfadenopatia satélite. Em alguns
casos, sobre a pele acometida podem aparecer vesículas, bolhas ou
pústulas. Acomete principalmente extremidades e face. Os fatores
predisponentes são as lesões de pele, como picadas de inseto,
piodermites, traumas, feridas cirúrgicas e micoses superficiais, mas,
ocasionalmente, podem ocorrer na pele íntegra.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
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TRATAMENTO
Tratamento ambulatorial
a) 1ª escolha:
→ Cefalexina 50 a 100 mg/kg/dia a cada 6 horas.
b) 2ª escolha ou em alérgicos às penicilinas e cefalosporinas:
→ Claritromicina 15 mg/kg/dia a cada 12 horas.
c) 3ª escolha:
→ Amoxicilina com Clavulanato, 50-80 mg/kg/dia a cada 8 a
12 horas, conforme apresentação.
Tratamento hospitalar
→ Oxacilina 200 mg/kg/dia a cada 6 horas; E
→ Ceftriaxona 100 mg/kg/dia a cada 12 horas; E
→ Amoxicilina com Clavulanato, 80 mg/kg/dia a cada 1 2 horas.
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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4. ERISIPELA
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
TRATAMENTO
Tratamento ambulatorial:
→ Cefalexina 100 mg/kg/dia a cada 6 horas por 7 dias; E
→ Amoxicilina 80 mg/kg/dia a cada 12 horas.
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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5. URTICÁRIA AGUDA E ANGIOEDEMA NA CRIANÇA
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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Geralmente, há prurido de intensidade variável. Em 50% dos casos, a
urticária pode estar associada ao angioedema. Em situações de maior
gravidade, a urticária e/ou o angioedema podem evoluir para anafilaxia.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
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→ Presença de angioedema;
→ Sintomas associados (prurido e dor);
→ História familiar;
→ Presença de outras alergias e infecções;
→ Ingestão de alimentos;
→ Relação com agentes físicos ou exercícios;
→ Uso de medicamentos;
→ Picadas de insetos;
→ Estresse;
→ Ciclo menstrual.
→ Hemograma completo;
→ Velocidade de hemossedimentação (VHS) – atividade inflamatória;
→ Urina – Elementos Anormais e Sedimentos (EAS);
→ Radiografia de tórax.
TRATAMENTO
Orientações Gerais
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d) Evitar o uso de anti-inflamatórios não esteroidais;
e) Fazer dieta de exclusão: retirada completa do alimento
causador;
f) Usar repelentes para insetos;
g) Combater agentes infecciosos, parasitários e doenças
associadas.
Tratamento Farmacológico
→ Se houver angioedema:
→ Adrenalina IM vasto-lateral da coxa (0,001 mg/kg = 0,01
ml/kg (1:1000) max 0,5mg (0,5ml) E
→ Antihistamínicos de segunda geração (manter por 5 a 7
dias) + metilprednisolona ( manter por 5 a 7 dias ).
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Obs: Caso o paciente utilize beta-bloqueador (propranolol),
substitui Adrenalina por Glucagon.
Não havendo melhora dentro de 2 a 4 semanas ou antes, se
sintomas intoleráveis, AUMENTAR a dose até 4 vezes do
Anti-histamínicos de segunda geração.
Corticosteroides podem ser utilizados em casos de difícil
solução, sendo o de escolha:
→ Metilprednisolona, na dose de 1 a 2 mg/kg/dia, intravenoso,
6/6 ou 12/12 horas por 5 a 10 dias. OU
→ Hidrocortisona (1-5mg/kg/dia, IV, 6/6 ou 12/12 hrs); OU
→ Prednisolona (1-2 mg/kg/dia); OU
→ Prednisona (1-2 mg/kg/dia).
FLUXOGRAMA
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REFERÊNCIAS
Tratado de Pediatria/organização Sociedade Brasileira de Pediatria- 5. ed. - Barueri
[SP] : Manole, 2022
6. ANAFILAXIA NA CRIANÇA
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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língua e do palato; prurido palmo-plantar e no couro cabeludo; edema dos
lábios, da língua e da úvula; prurido periorbital; eritema e edema; eritema
conjuntival; lacrimejamento; palidez; sudorese; cianose labial e de
extremidades.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
O diagnóstico de anafilaxia é eminentemente clínico. A anamnese deve
ser detalhada e os seguintes aspectos devem constar da mesma:
→ Agente suspeito;
→ Via de administração;
→ Dose;
→ Sequência de sintomas;
→ Tempo para início dos sintomas;
→ Tratamento anteriormente aplicado na mesma situação
clínica;
→ Outros fatores associados como exercício e/ou uso de
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medicamentos.
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2) Início agudo de hipotensão ou broncoespasmo ou envolvimento
laríngeo após exposição a um alérgeno conhecido ou altamente
provável para aquele paciente (minutos a algumas horas),
mesmo na ausência de envolvimento cutâneo típico. Na criança,
pressão sistólica baixa é definida como inferior a 70 mmHg
para a idade de 1 mês a 1 ano, menor do que 70 mmHg + {2 x
idade} para os de 1 a 10 anos, e abaixo de 90 mmHg para os de
11 a 17 anos.
TRATAMENTO
Oxigênio (O2) Sob Cânula nasal ou máscara → Manter saturação de O2. Se Sat O2<
95%, há necessidade de mais de uma
dose de adrenalina
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β2-Agonistas Via inalatória (aerossol → Para reversão do broncoespasmo
Sulfato de dosimetrado com espaçador, 100
mcg/jato) → Existem diferentes concentrações e
salbutamol
doses
→ Adultos/Adolescentes 4-8 → Outros broncodilatadores
jatos, a cada 20 minutos,dose β2-agonistas ( ex: Fenoterol)
máxima 20 jatos;
→ Crianças: 50 mcg/Kg/dose = 1
jato/2kg; Dose máxima: 10 jatos
→ Adultos/Adolescentes 2,5 -
5,0mg, a cada 20 minutos, por 3
doses;
Antihistamíminicos
Glicocorticóides
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE SANTA MARIA. Protocolo Clínico. Atendimento da Anafilaxia
na Infância (mar. 2015). Disponível em: <http://docplayer.com.br/17085682-Atendimento-da
anafilaxia-na-infancia-1-
-introducao-protocolo-clinico-do-hospital-universitario-de-santa-maria
protocolo-clinico.html>. Acesso em: mar. 2021.
SOLÉ, D.; BERND, L. A. G.; ROSÁRIO FILHO, N. A. Tratado de Alergia e Imunologia Clínica.
Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI). São Paulo: Atheneu, 2011.
7. ASMA
Acadêmica: Acadêmica Carolina Menezes Nunes
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
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inflamatórias que secretam mediadores que atuam na descamação
epitelial, aumentando a permeabilidade vascular, com consequente
edema da mucosa e hipersecreção de muco. O remodelamento
epitelial, embora menos estudado em crianças, também pode atuar
como mecanismo obstrutivo das vias aéreas.
Hiper-responsividade brônquica
Inflamação
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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→ sibilância, aperto no peito ou desconforto torácico,
particularmente à noite ou nas primeiras horas da manhã;
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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Espirometria
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VEF1 de 12% em relação ao valor previsto é de 200 ml em valor
absoluto após inalação de agente beta2-agonista de curta
duração), ressaltando-se que a limitação ao fluxo aéreo em
resposta ao broncodilatador em teste isolado não deve ser
interpretada como obstrução irreversível das vias aéreas;
c) aumentos no VEF1 superiores a 20% e excedendo a 250 ml de
modo espontâneo no decorrer do tempo ou após intervenção
com medicação controladora (ex.: prednisona 30 a 40 mg/dia
VO por duas semanas).
Diagnóstico da alergia
A anamnese cuidadosa é importante para a identificação da
exposição a alérgenos relacionados com a asma. A sensibilização
alérgica pode ser confirmada por provas in vivo (testes cutâneos) ou
in vitro (determinação de concentração sérica de IgE específica).
Testes cutâneos devem ser realizados utilizando-se extratos
biologicamente padronizados (a técnica mais empregada é a de
puntura). Em nosso meio, predomina a sensibilização a antígenos
inaláveis, sendo os mais frequentes os ácaros Dermatophagoides
pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomia tropicalis. Outros
alérgenos inaláveis (pólen, baratas, epitélio de gatos e cães) são
importantes, mas sensibilizam menor número de pacientes.
Alimentos raramente induzem asma.
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TRATAMENTO
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1 gota = 0,25 mg. Assim, dose média: 1 gota/3 kg de peso;
○ Descompensação aguda:
○ Abaixo de 6 anos: 8-20 gotas;
○ entre 6-12 anos: 20 gotas;
○ > 12 anos: 40 gotas;
○ Manutenção após melhora:
○ Abaixo de 6 anos: 8-20 gotas de 8/8 ou 6/6
horas;
○ entre 6-12 anos: 20 gotas de 8/8 ou 6/6 horas;
○ > 12 anos: 40 gotas de 8/8 ou 6/6 horas;
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EV a cada 4-6 horas, por 3-5 dias. Dose máxima: 60 mg. Preferir
venoso nos quadros graves.
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
ASBAI - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. IV Diretrizes Brasileiras para o
Manejo da Asma. In: Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Vol. 29, n. 5, 2006.
Disponível em: <http://www.asbai.org.
br/revistas/vol295/IV_diretrizes_brasileiras_para_o_manejo_da_asma.pdf>. Acesso em: mar.
2021.
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8. BRONQUIOLITE
Elaboração: Acadêmicos Carolina Menezes Nunes e Paulo Josué da Silva Jaques
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
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CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
As características iniciais da doença são: rinorreia abundante e tosse
“apertada” associada à aceitação inadequada de alimentos (quatro a seis
dias após o início dos sintomas). A presença de febre varia de acordo com
o patógeno, e lactentes infectados pelo VSR estão frequentemente febris
no momento da consulta; naqueles com influenza ou parainfluenza, a
febre normalmente é maior do que 390 C. Estão presentes taquipneia,
hipóxia leve a moderada e sinais de desconforto ventilatório (batimento de
asa do nariz e retrações da musculatura ventilatória acessória). No exame,
podem ser encontrados chiados, crepitações ou roncos, expansão
torácica diminuída (padrão ventilatório apical) e fase expiratória
prolongada. Outros achados observados são conjuntivite, otite média e
rinite. Muitos apresentam o abdome distendido devido à hiperinsuflação
dos pulmões. Na ausência de sintomas prévios de vias aéreas superiores,
sugere-se que crianças com chiado de início agudo possam ter BA. Este
diagnóstico deve ser considerado para crianças recém-nascidas com
anormalidades (exemplo: doença cardíaca congênita). O refluxo
gastresofágico (RGE), a pneumonia aspirativa ou a aspiração de corpo
estranho podem mimetizar os sintomas de BA.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
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Os achados radiológicos encontrados são: hiperinsuflação,
infiltrados grosseiros tipicamente migratórios e atribuíveis a atelectasias
pós-obstrutivas, e preenchimento peribrônquico. A BA não é uma doença
dos espaços alveolares e, caso haja um infiltrado verdadeiro, deve- -se
suspeitar de uma pneumonia de origem bacteriana secundária.
TRATAMENTO
A análise clínica permanece sendo o critério padrão-ouro para a
admissão hospitalar de crianças com BA e não pode ser substituído por
critério objetivo.
Determinantes de gravidade:
→ SaO2 < 92% (preditor mais objetivo)
→ Prematuridade (principalmente os nascidos com IG < 34s)
→ FR > 70 incursões respiratórias por minuto (irpm);
→ Atelectasia pulmonar
→ Idade inferior a três meses
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Hidratação e Oxigenação (Fundamental)
Beta-2 agonistas
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Corticoide inalatório e sistêmico
Profilaxia
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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9. PNEUMONIA
Elaboração: Acadêmica Zilmara dos Santos Luis
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
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Os agentes bacterianos são os principais responsáveis pela maior
gravidade e mortalidade por PAC na infância. O Streptococcus pneumoniae
ou pneumococo é o principal agente bacteriano de PAC. Os agentes
etiológicos bacterianos mais comumente isolados em crianças com PAC nos
países em desenvolvimento são pneumococo, Haemophilus influenzae e
Staphylococcus aureus. A frequência de coinfecção vírus-bactéria em
pacientes com PAC tem variado entre 23-32%.
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Quadro clínico
DIAGNÓSTICO
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Os sinais de perigo que indicam internação hospitalar imediata:
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→ Os menores de 5 anos de idade, habitualmente, apresentam
um pródromo com febre baixa e rinorreia, devido a uma infecção viral
prévia das vias aéreas superiores, antes de apresentar sintomas do
trato respiratório inferior.
TRATAMENTO
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entre outros achados clínicos, são classificados como infecção bacteriana
grave e devem ser internados para tratamento hospitalar.
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A maioria das crianças com PAC poder ser tratada ambulatorialmente,
a falha na terapêutica ambulatorial, além das seguintes situações, indica
tratamento hospitalar: menores de 2 meses, presença de tiragem subcostal,
convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave,
ausência de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, presença de
comorbidades (anemia, cardiopatias, doenças pulmonares crônicas),
problemas sociais, achados radiológicos (derrame pleural, pneumatocele,
abscesso pulmonar).
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Os abscessos pulmonares correspondem a uma área de cavitação do
parênquima pulmonar resultante de necrose e supuração. Geralmente,
radiografias de tórax em póstero-anterior (paciente sentado ou em pé) e
perfil são suficientes para o diagnóstico. Apresenta-se, frequentemente,
como cavidade > 2 cm, com paredes espessas e nível hidroaéreo. Os
antibióticos isoladamente resolvem de 80% a 90% dos abscessos
pulmonares em crianças. A duração do tratamento depende da evolução
clínico-radiológica. O tratamento clínico resolve a maioria dos casos de
abscesso pulmonar.
Menores de 2 meses:
→ Internação
→ Coleta de exames laboratoriais
→ Hemograma,
→ VHS
→ PCR
→ Hemocultura.
→ Antibioticoterapia (escolher)
→ Ampicilina ou Penicilina + Aminoglicosídeo
→ Penicilina com cefalosporina de 3° geração (oxacilina
caso haja evidência de infecção estafilocócica) ou
eritromicina caso haja suspeita de clamídia.
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Intervalo
Antibiótico Dose diária Via entre as
doses
Amoxacilina 50mg/kg VO 12h
Amoxacilina-clavulanato 45 mg/kg VO 12h
Ampicilina 150 mg/kg EV 6h
Cefuroxima-axetil 30 mg/kg VO 12h
Ceftriaxona 75 mg/kg IM ou EV 24h
Eritromicina 40-50 mg/kg VO 6h
Penicilina cristalina 200.000 Ui/kg EV 6h
Penicilina Procaína* 50.000 Ui/kg IM 12h
Oxacilina 200 mg/kg EV 6h
*O Ministério da Saúde recomenda o uso de 400.000 UI a cada 24 horas para
crianças com peso inferior a 20 kg e 400.000 UI a cada 12 horas para
crianças com peso superior a 20 kg.
Conduta no domicílio
Os familiares de crianças com pneumonia que têm condições
clínicas de serem tratadas em casa sempre devem ser orientados:
quanto ao modo de administrar os antibióticos, tratar a febre, ter
cuidados com a alimentação e a hidratação; e a observar sinais de
piora do paciente que demandariam a busca de serviço de saúde a
qualquer momento.
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
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10. INFLUENZA-H1N1
Elaboração: Acadêmicas Gabriela Barcelos Leiria e Zilmara dos Santos Luis
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
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usualmente, é um quadro autolimitado e a maioria das pessoas afetadas
recupera-se em 3 a 5 dias, embora a tosse e mal estar possam persistir por
até duas semanas.
Alterações laboratoriais
→ Hemograma (leucocitose, leucopenia ou neutrofilia);
→ Bioquímica do sangue (alterações enzimáticas musculares (CPK)
→ Bioquímica hepática (TGO, TGP, bilirrubinas);
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Alterações radiológicas (RX tórax)
→ Infiltrado intersticial localizado ou difuso ou presença de área de
condensação.
As complicações mais frequentes
→ Pneumonias bacterianas ou por vírus;
→ Sinusite;
→ Otite;
→ Desidratação;
→ Laringotraqueítes e as faringotonsilites (mais em adolescentes).
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ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
TRATAMENTO
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Estes pacientes devem receber orientações sobre retorno ao serviço
de saúde se surgirem sinais de agravamento do quadro.
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Droga Faixa Etária Posologia
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Dose de oseltamivir para prematuros
REFERÊNCIAS
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11. CETOACIDOSE DIABÉTICA
Elaboração: Acadêmica Laís Valiati Boff
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Do início dos sintomas ao quadro completo de CAD, podem
transcorrer dias ou semanas. Ocorrem poliúria, polidipsia, emagrecimento,
fraqueza muscular, náuseas, vômitos, dor abdominal (podendo simular
abdome agudo), polifagia no início do quadro e anorexia nos estágios mais
avançados.
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desidratação, respiração acidótica, hálito cetônico e taquipneia, podendo
ter alterações do nível de consciência. Pode haver febre associada ao
processo infeccioso. A presença de vômitos impede a ingestão hídrica
adequada, levando à desidratação.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Exames laboratoriais
→ Glicosúria e cetonúria;
→ Glicemia elevada;
→ Gasometria: acidose metabólica com ânion gap elevado;
→ Sódio: geralmente baixo, mas sua dosagem sérica pode estar
ainda mais baixa em razão da passagem de água livre do intra
para o extracelular. Calcular o sódio real pela seguinte fórmula:
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TRATAMENTO
Hidratação
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Reposição de eletrólitos
Potássio
→ Quando K na entrada < 4,5 mEq/L, iniciar reposição na
primeira fase da reparação residual com 0,3 a 0,5 mEq/kg/h;
→ Quando K entre 4,5 e 6 mEq/L, iniciar reposição na 2a
fase da reparação residual, oferecendo em média 0,2 a 0,3
mEq/kg/h;
→ Concentrações maiores de potássio serão oferecidas
somente nos casos de hipocalemia persistente com alterações
no ECG;
→ A reposição está contraindicada temporariamente nos
casos de oligoanúria e K > 6 mEq/L.
Fosfato
→ A reposição de fosfato pode beneficiar pacientes em
tratamento de CAD que apresentem anemia, ICC, pneumonia e
outras causas de hipóxia, bem como com níveis plasmáticos de
fosfato inferiores a 1 mg/dL.
→ Nesses casos o fosfato será administrado na forma de
KH2PO4 25% (1 mL = 1,8 mEq de fosfato/1,8 mEq de potássio) →
então, o volume de KH2PO4 25% será o necessário para fornecer
⅓ do potássio a ser reposto.
Bicarbonato de sódio
→ Os estudos realizados não mostraram melhora no
prognóstico dos pacientes com o uso do bicarbonato. Usado
apenas nos casos graves, com depressão respiratória, choque,
hipotensão, falência cardíaca, ou nos casos em que, no final da
3ª hora de tratamento, o pH se mantiver menor que 7 ou o
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bicarbonato estiver menor que 5 mEq/L;
→ Bicarbonato ideal (15 mEq/L) – bicarbonato encontrado
x 0,3 x peso (kg). Administrar metade da quantidade calculada
em 2 h e colher nova gasometria. A outra metade só será
infundida se o pH permanecer < 7,1.
Insulinoterapia
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A insulina NPH, ou análogos de ação prolongada, deverá ser
iniciada na primeira manhã após compensação parcial ou total da
cetoacidose.
→ Nos casos de abertura de DM, a dose é de 0,5 U/kg SC/
→ Nos casos com diagnóstico prévio
→ Aumentar 10% quando houver processo infeccioso
ou fatores de estresse que aumentem a resistência
periférica à insulina;
→ Manter a dose habitual quando a
descompensação foi causada por falha de aplicação.
Monitorização laboratorial
→ Glicemia
→ Hemograma completo;
→ Eletrólitos (sódio, potássio, ureia, creatinina, cálcio, fósforo);
→ Gasometria
→ Entrada;
→ 1/1 h até o fim da 1ª fase de reparação residual (3ªh);
→ 2/2 horas até o fim da 3a fase (fim da 7a h);
→ 12a hora;
→ 24a hora.
→ Quando o paciente estiver hidratado, colher hemograma,
PCR e pesquisar a possibilidade de infecção.
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Edema cerebral
Complicação grave que ocorre em 1% de todas as CAD,
geralmente 4 a 12 horas após o início do tratamento e no momento
em que a acidose, a desidratação e a hiperglicemia, bem como o
estado geral do paciente, estão melhorando. Mais prevalente nas
crianças abaixo de 5 anos.
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FLUXOGRAMA
REFERÊNCIAS
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 5. ed. ed. São Paulo: Copyright ©
Editora Manole Ltda, 2022. 4528 p. v. 1. ISBN 97865557
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12. CHOQUE SÉPTICO
Elaboração: Acadêmica Bruna Caroline Woellner de Arruda
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
Apesar dos avanços na terapia antimicrobiana, manejo de drogas
vasoativas e novos métodos de suporte avançado de vida, o choque séptico
permanece como importante causa de morbimortalidade em unidades de
terapia intensiva. Ele pode ser definido como uma sepse que evoluiu com
hipotensão não corrigida com reposição volêmica (PAM ≤65 mmHg), de
forma independente de alterações de lactato.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS): presença de pelo
menos 2 dos 4 critérios abaixo, sendo ao menos um deles anormalidade de
temperatura ou contagem de leucócitos:
a) Temperatura axilar > 38,5 °C ou < 36 °C;
b) Taquicardia definida como média acima de 2 desvios padrões
para a idade na ausência de estímulos externos, drogas crônicas ou
estímulo doloroso. Bradicardia, válida para crianças menores de 1 ano,
definida como frequência cardíaca média menor que o percentil 10
para a idade na ausência de estímulo vagal, drogas betabloqueadoras
ou cardiopatia congênita (Tabela 1);
c) FR média > 2 DP acima do normal para a idade, ou ventilação
mecânica (VM) em processo agudo não relacionado à doença
neuromuscular, ou anestesia geral.
d) Contagem de leucócitos elevada (> 12.000/mm³) ou diminuída (<
4.000/mm³) para idade ou presença de bastonetes > 10% de neutrófilos
imaturos.
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→ Infecção: suspeita ou comprovada (cultura, PCR) por qualquer
patógeno ou síndrome clínica associada com alta probabilidade de
infecção.
→ Sepse: SIRS na presença de ou como resultado de uma infecção
suspeita ou comprovada.
→ Sepse grave: sepse associada a um dos seguintes: disfunção
cardiovascular, ou SDRA, ou duas ou mais disfunções orgânicas outras
(neurológica, hepática, renal, hematológica).
→ Choque séptico: Sepse associada à disfunção cardiovascular
(enchimento capilar lentificado; oligúria; acidose metabólica inexplicada;
lactato arterial aumentado; hipotensão mantida abaixo percentil 5% ou 2 DP
para idade, PAM ≤65 mmHg; necessidade de drogas vasoativas).
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Disfunções orgânicas
→ Cardiovascular
→ Hipotensão arterial ou necessidade de medicação vasoativa
ou dois dos seguintes: acidose metabólica, lactato arterial elevado,
oligúria ou tempo de enchimento capilar (TEC) prolongado;
→ Respiratória
→ PaO2/FiO2 < 300, PaCO2 > 65 mmHg ou 20 mmHg acima do valor
basal, necessidade de FiO2 > 50% para manter SatO2 > 92% ou
necessidade de VM não eletiva;
→ Neurológica:
→ Glasgow < 11 ou mudança aguda do estado neurológico;
→ Hematológica
→ Plaquetas < 80.000/mm³ ou queda de 50% da contagem de
plaquetas a partir do maior valor registrado nos últimos 3 dias ou
presença de coagulação intravascular disseminada;
→ Renal
→ Creatinina sérica > 2 vezes o limite superior para idade ou
aumento de 2 vezes a partir dos valores basais;
→ Hepática
→ Bilirrubina total > 4 mg/dL ou ALT > 2 vezes o limite superior
para idade.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
O diagnóstico de sepse grave e choque séptico deve ser feito com
base na presença de história sugestiva de infecção e exame físico com
alteração de temperatura e sinais clínicos de perfusão inadequada, como:
→ Alteração do nível de consciência (sonolência ou irritabilidade,
agitação, choro inconsolável, pouca interação, letargia ou coma);
69
→ Diminuição do débito urinário (< 1 mL/kg/h);
→ Sinais de vasodilatação com TEC rápido e pulsos amplos
(choque quente) ou vasoconstrição com prolongamento do TEC;
→ Pele marmórea e pálida, extremidades frias;
→ Pulsos periféricos finos em comparação com pulsos centrais
(choque frio);
Exames complementares
Os exames visam detectar distúrbios metabólicos e disfunções
associadas, que devem ser prontamente monitorados e corrigidos.
Esse protocolo recomenda a realização de exames pré-determinados
na primeira e na sexta hora a partir do diagnóstico. Exames
inicialmente alterados, como glicemia e cálcio iônico, devem ser
monitorados conforme necessidade, após as devidas correções.
→ 1° HORA
a) Gasometria e lactato (arterial ou venoso);
b) Glicemia;
c) Cálcio iônico, Na/K, creatinina e ureia;
d) Hemograma completo;
e) PCR;
f) Hemoculturas em crianças com sepse;
g) Coagulograma;
h) TGO/TGP, Bilirrubina total e frações
i) Em recém-nascidos (RNs): LCR e urinocultura
→ 6° HORA
a) Gasometria e lactato;
b) Glicemia;
c) Cálcio iônico, Na/K, creatinina e ureia;
d) TGO/TGP;
e) Coagulograma.
70
TRATAMENTO e CONDUTA
A adesão aos protocolos de tratamento melhora cuidados e os
resultados. Esse paciente deverá ser levado à unidade de terapia intensiva
tão logo possível.
Monitorização básica na 1° hora do choque:
a) Oximetria de pulso contínua;
→ Oferta de oxigênio: visando manter saturação de O2
entre 94 a 97%
→ Suporte ventilatório: inicialmente manter VA pérvias e
monitorar rigorosamente o padrão respiratório; fornecer
oxigênio a 100% por meio de máscara não reinalante; intubação
vai ocorrer quando houver: aumento do trabalho respiratório,
hipoventilação, alteração do nível de consciência, estado
moribundo.
d) Curva térmica;
71
solução cristaloide, podendo chegar a um total maior ou
igual a 60 ml/kg na primeira hora, em bolus, de forma
rápida (5 a 10 minutos) até a normalização dos parâmetros
hemodinâmicos (perfusão, PA); reavaliações a cada etapa
são obrigatórias para que se evite descompensação da
parte cardíaca; em recém-nascidos (RNs), recomenda-se
alíquotas de 10 ml/kg em cada etapa.
➢ Terapia de Substituição Renal (TRS): contínua deve ser
instituída para evitar ou tratar a sobrecarga de fluidos em
crianças com choque séptico ou sepse que não respondem
a restrição e terapia diurética.
h) Monitorar os níveis de
➢ Cálcio: mantidos dentro dos valores normais;
★ Correção: 5 a 9 mg/kg de cálcio elementar (equivale a
0,6 a 1 ml/kg de gluconato de cálcio 10%) em infusão
lenta em 20 a 30 min, com monitorização da FC.
➢ Glicose: manter níveis séricos abaixo de 180mg/dia;
★ Correção: 0,5 a 1 mg/kg de glicose em bolus
72
Antimicrobianos
Antibióticos devem ser administrados na primeira hora da
identificação da sepse grave, após a coleta de culturas, de acordo com
os critérios de idade e apresentação do quadro infeccioso, e padrão
de resistência antimicrobiana da comunidade e do serviço hospitalar.
→ Ceftriaxona para sepse de foco domiciliar em criança hígida;
→ Ceftriaxona + Clindamicina no choque tóxico;
→ Cefotaxima e Ampicilina para RNs.
Outras condutas
Transfusão de hemáceas
→ Contraindicada se a hemoglobina no sangue for maior
ou igual a 7g/dL, em crianças hemodinamicamente estabilizadas
com choque séptico. Abaixo desse nível deve ser feita.
FLUXOGRAMAS
73
74
REFERÊNCIAS
Protocolo de Sepse Abordagem da Sepse e Choque Séptico. Fernandes, C. C. et al.
Disponívelem: <https://hmsm.com.br/wp-content/uploads/2019/05/protocolo-sepse-2019.pdf>.
Acesso em: 28 ago. 2022.
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 5. ed. ed. São Paulo: Copyright ©
Editora Manole Ltda, 2022. 4528 p. v. 1. ISBN 9786555767476.
13. MENINGOENCEFALITES
Elaboração: Acadêmica Bruna Caroline Woellner de Arruda
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
As meningoencefalites são processos inflamatórios ou infecciosos
agudos das meninges (membranas leptomeníngeas) e espaço
subaracnóideo, envolvendo encéfalo e medula espinhal.
Podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos, ou podem ter causas
não infecciosas, como colagenoses, neoplasias ou hemorragias
subaracnoides.
São doenças graves, com alta mortalidade e morbidade, além de
sequelas frequentes nos sobreviventes. De notificação obrigatória em 24h a
partir do diagnóstico para início imediato das medidas de controle. A
etiologia mais provável depende da idade:
→ 0 a 1 mês: Streptococcus agalactiae do grupo B, Listeria
monocytogenes, Gram-negativos (E. coli e Klebsiella SP);
→ 1 a 3 meses: Streptococcus grupo B, Listeria monocytogenes,
Escherichia coli;
→ 3 meses a 5 anos: Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
influenzae B, Neisseria meningitidis;
→ > 5 anos: Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae.
75
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Há suspeita clínica de meningoencefalites em qualquer quadro agudo
infeccioso, mesmo com outro foco já identificado, quando acompanhado de
prostração, letargia, hipoatividade, alteração do nível de consciência,
cefaléia, náuseas, vômitos associados ou não a sinais de irritação meníngea,
convulsão, coma, abaulamento de fontanela, rash purpúrico ou petequial,
hipotensão ou hipertensão, irritabilidade, choque, sepse, sinais
neurológicos focais.
Verificar história prévia de:
→ Trauma ou procedimento cirúrgico;
→ Imunodeficiência;
→ Meningoencefalite;
→ Anemia falciforme;
→ Síndrome nefrótica
→ Contato com doenças infecciosas ou com água de chuva.
76
→ Sinais cutâneos
→ Presença de fístula;
→ Sinais sistêmicos;
→ Fontanela
→ Sinais neurológicos focais e/ou sistêmicos.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
A confirmação é feita pelo exame quimiocitológico do líquor, que deve
ser realizado imediatamente em todos os casos suspeitos, só sendo contra
indicado em casos com suspeita de hipertensão intracraniana, instabilidade
hemodinâmica grave, infecção no local da punção e trombocitopenia
relativa. Nesses casos, é recomendada a terapia antimicrobiana empírica.
Exames laboratoriais
→ LCR
→ Hemograma completo
→ Coagulograma
→ Hemocultura
→ Glicemia
→ Ureia, creatinina e eletrólitos;
Exames de imagem
→ Conforme necessidade
77
TRATAMENTO
Meningite bacteriana
→ Recém-nascidos
→ Ampicilina (200 a 400 mg/kg/dia EV de 6/6 h) + Ceftriaxona (100
mg/kg/dia EV de 12/12h), OU;
→ Ampicilina (200 a 400 mg/kg/dia EV de 6/6 h) + Gentamicina (7,5
mg/kg/dia EV de 24/24h).
→ 1 mês a 6 anos
→ Ceftriaxone (100 mg/kg/dia EV de 12/12h);
→ Acima de 6 anos
→ Penicilina cristalina (200.000 a 400.000 UI/kg/dia EV de 6/6h) OU;
→ Ceftriaxone (100 mg/kg/dia EV de 12/12h);
78
DURAÇÃO DO TRATAMENTO
→ Neisseria meningitidis 5-7 dias;
→ Streptococcus pneumoniae 10-14 dias;
→ Haemophilus influenzae 7-10 dias;
→ Streptococcus agalactiae 14-21 dias;
→ Bacilos Gram-negativos 21 dias;
→ Listeria monocytogenes 21 dias ou mais.
Meningite tuberculosa
→ Rifampicina 20 mg/kg/dia (máximo 600 mg) VO 24/24 h + Hidralazina
20 mg/kg/dia VO 24/24 h (máximo 400 mg) + Pirazinamida 35 mg/kg/dia
VO 24/24h (máximo 2000 mg)
→ Manter por três meses e 72 depois por mais nove meses sem
pirazinamida.
79
Quimioprofilaxia
Doença meningocócica
→ Indicada para contactantes intradomiciliares e íntimos; para
profissionais de saúde que fizeram respiração boca a boca, intubação
orotraqueal, aspiração de secreções respiratórias e exame de fundo
de olho sem uso de máscara, para passageiros de viagens aéreas ou
não com duração igual ou superior a 8 horas que tenham
compartilhado o assento ao lado do caso índice;
→ Deve ser iniciada até 24 horas depois do contágio.
→ Rifampicina
→ Crianças < 1 mês: 10 mg/kg/dia, VO, 12/12h, por 2 dias;
→ Crianças: 20 mg/kg/dose, VO, 12/12h, por 2 dias;
→ Adultos: 600 mg, VO, 12/12h, por 2 dias;
→ Ceftriaxona
→ Reservar para gestantes, usar 250 mg IM dose única.
80
Drogas alternativas para H. influenzae B e Meningococo
→ Ceftriaxone
→ Adultos: 250 mg dose única
→ Crianças < 12 anos: 125 mg dose única
→ Ciprofloxacino 500 mg dose única
FLUXOGRAMAS
81
REFERÊNCIAS
Guia de Vigilância em Saúde Volume 1, Ministério da Saúde. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_saude_volume_1.pdf>. Acesso
em: 29 agos. 2022.
Hospital Municipal Infantil Menino Jesus - PMSP Protocolo de Assistência Médico -
Hospitalar Meningites. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/HIMJ_protocolo_meningites_125
4773684.pdf>. Acesso em: 29 agos. 2022.
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 5. ed. ed. São Paulo: Copyright ©
Editora Manole Ltda, 2022. 4528 p. v. 1. ISBN 9786555767476.
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
82
3. Considerar fortemente a punção lombar
→ Em crianças abaixo de 12 meses
→ Após a primeira crise convulsiva, nas quais as manifestações
clínicas de infecção do SNC podem não estar presentes;
→ Em crianças entre 12 e 18 meses
→ Sempre, nas quais essas manifestações podem ser incertas.
→ Em pacientes acima de 18 meses
→ Mediante a observação clínica de sinais e sintomas
sugestivos de infecção centralz Com primeiro episódio de CE a
punção lombar não deve ser realizada rotineiramente, mas sim.
TRATAMENTO
ABCDE
→ Avaliação de vias aéreas, ventilação e circulação, acesso venoso;
→ Tratamento de suporte se durarem menos do que 15 minutos; se
não, iniciar medicação.
Medicações iniciais
→ Dose de escolha para o tratamento inicial.
→ Diazepam (ampola 10mg/2ml) 0,2 a 0,5 mg/kg/dose IV ou retal
(dose máxima inicial 10 mg), à velocidade máxima de infusão de 1
mg/kg/min, pelo risco de depressão respiratória; pode repetir após 10
min.
83
→ Seguimento
→ Midazolam (ampola de 5mg/5ml, 15mg/3ml) 0,05 a 0,2
mg/kg/dose, em velocidade máxima de infusão de 4 mg/min, intravenosa,
intramuscular, nasal ou retal.
→ Dose máxima para < 1 ano = 2,5mg;
→ Dose máxima para 1-5 anos = 5mg
→ Dose máxima para 5-10 anos = 10mg;
→ Dose máxima para adolescente até 40kg = 5mg;
→ Dose máxima para adolescente > 40kg = 10mg.
→ Se convulsão persistir
→ Fenitoína
→ Dose de ataque 15-20 mg/kg/dose IV (diluído 1: 20 SF 0,9%
máx. 1 mg/ kg/min), concomitante aos benzodiazepínicos (uma
vez que a ação dos primeiros é fugaz)
→ Pode ser repetida se necessário 10 mg/kg após 60
minutos, com manutenção de 5 a 10 mg/kg/dia.
84
Exames complementares
→ Gasometria arterial;
→ Eletrólitos, potássio, cálcio e magnésio;
→ Glicemia;
→ Hemograma;
→ Ureia e creatinina;
→ TGO e TGP;
→CPK.
FLUXOGRAMA
85
REFERÊNCIAS
MAIA FILHO, H. S. Abordagem das crises epilépticas na emergência pediátrica. In: Revista de
Pediatria da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ). Rio de Janeiro,
2012. Disponível em: . Acesso em: agosto. 2022.
INTRODUÇÃO
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
→ Não responde a estímulos táteis e verbais;
→ Inconsciência;
→ Ausência de movimentos respiratórios;
→ Ausência de pulso.
86
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
→ Verificar pulsos
→ Braquial em <1 ano;
→ Carotídeo ou femoral em crianças maiores.
→ Cianose e palidez cutânea;
→ Sem movimentos respiratórios ou gasping.
TRATAMENTO
→ A proporção de compressões:ventilações é de
★ 30:2 se houver apenas um socorrista
★ 15:2 se houver dois ou mais socorristas
87
→ O desfibrilador automático reconhece o ritmo, a necessidade
(ritmo chocável ou não chocável), a carga e o momento do choque. Pás
pediátricas devem ser posicionadas adequadamente. Havendo apenas
pás adultas, posicionar uma posterior e outra anterior no tórax da
criança. Se chocável:
★ Primeiro choque: 2 J/Kg;
★ Segundo choque: 4 J/Kg;
★ Choques subsequentes: ≥ 4 J/Kg;
★ Carga máxima: 10 J/Kg ou carga adulta.
→ Cuidados pós-ressuscitação
→ Otimizar ventilação e circulação, preservar função de
órgãos e tecidos e manter níveis séricos de glicose.
→ Após retorno à circulação espontânea, devem ser usados
vasopressores em infusão contínua para manter a pressão arterial
da criança acima do 50 percentil para a idade.
→ O objetivo de saturação de oxigênio é de 94 a 99%,
evitando-se fortemente que ocorra hipoxemia e limitando a
ocorrência de hipercapnia.
88
FLUXOGRAMA
89
REFERÊNCIAS
INSTITUTO BRASILEIRO PARA SEGURANÇA DO PACIENTE (IBSP). Suporte de Vida em
Pediatria (PALS): Novas Diretrizes 2015. Disponível em:
<http://www.segurancadopaciente.com.br/central_conteudo/artigos-
-comentados/suporte-de vida-em-pediatria-pals-novas-diretrizes-2015/>. Acesso em: mar.
2017.
INTRODUÇÃO
90
Considerando tais fatos, há uma preocupação crescente com a
exposição à radiação, particularmente na população pediátrica, sendo de
grande importância identificar quais pacientes se beneficiariam de
conduta com observação clínica mais conservadora, evitando a exposição
desnecessária à radiação.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
O diagnóstico é obtido por meio de história clínica e exame físico, no
qual se deve avaliar e registrar
Mecanismo de trauma
→ Queda: altura, local, possibilidade de amortecimento da
queda, posição na queda, etc.;
→ Tipo de veículo envolvido e velocidade (carro, bicicleta, patins)
→ Uso de dispositivos de segurança (cinto, capacete, airbag);
→ Impacto contra objeto estacionado e natureza desse objeto
(características de objeto lançado contra cabeça: bola, objeto
metálico, objeto pesado, etc.);
→ Atropelamento;
91
tempo);
→ Antecedentes de epilepsia ou discrasia sanguínea;
Sintomas pós-trauma
→ Perda da consciência;
→ Amnésia — duração;
→ Vômitos — número de episódios, momentos após o trauma;
→ Náuseas e/ou vertigem — duração, persistência, intensidade;
→ Convulsão — tipo, tempo de início após o trauma, duração;
→ Cefaléia — intensidade, início, duração, localização;
→ Comportamento alterado comparado ao habitual;
Exame físico
→ Escala de Coma de Glasgow conforme tabela abaixo;
92
→ Sinal de alteração do estado mental – agitação, sonolência,
questionamento repetitivo, respostas lentificadas;
→ Abaulamento da fontanela;
→ Sinais de fratura de base de crânio (hematoma de mastoide
ou Sinal de Battle);
→ Hematoma periorbitário ou Sinal de Guaxinim, hemotímpano,
perda de líquor, otorreia/rinorreia);
→ Fratura craniana palpável;
→ Hematoma subgaleal — local, tamanho;
→ Deficiência neurológica — força e sensibilidade;
→ Sinais de intoxicação — álcool, medicações, drogas ilícitas;
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
93
Na ausência desses critérios, deve-se ponderar entre manter a
criança em observação clı́nica ou realizar tomografia computadorizada
nas seguintes condições:
→ Em MENORES de 2 anos:
→ Hematoma occipital, parietal ou temporal;
→ Mecanismo de trauma grave (★);
→ Se a criança não estiver reagindo normalmente,
segundo os pais.
→ Em MAIORES de 2 anos
→ História de vômitos;
→ Vertigem;
→ Mecanismo de trauma grave (★);
→ Hematoma occipital (assim como hematomas
volumosos em outras localizações);
→ Cefaleia intensa.
TRATAMENTO
94
Para crianças com critérios para observação intra-hospitalar e sem
indicação de TC, aconselha-se a permanência no hospital por período de,
pelo menos, 6 a 12 horas do trauma, à critério do médico emergencista.
95
avaliação do especialista, poderão ser solicitadas radiografias de
crânio (incidências AP / Perfil / Towne).
→ Demanda do paciente ou do seu médico para avaliação de
especialista. Se houver persistência de sinais de alerta (cefaleia
intensa e refratária, vômitos, etc.):
→ Alterações da coagulação;
→ Internação em UTI;
→ Outras condições clínicas (descompensação de outras
patologias, intoxicação, suspeita de maus tratos, outras lesões, etc.).
96
→ Medicamentos para dor
→ Utilizar somente os remédios prescritos ou
recomendados pelo médico.
97
traumatismo.
→ As primeiras 48 horas são consideradas as mais críticas;
portanto, recomenda-se que nesse período a criança
permaneça sob a supervisão de um adulto.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, R. R. JAWA, R. WATTERS, J. M. KNIGHT, J. C. KERWIN, A. J. WINSTON, E. S. Evaluation
and mana- gement of mild traumatic brain injury: an Eastern Association for the Surgery of
Trauma practice management guideline. J. Trauma Acute Care Surg. 2012 Nov;73(5 Suppl
4):S307–14.
98
BRENNER, D. ELLISTON, C. HALL, E. BERDON, W. Estimated risks of radiation-induced fatal
cancer from pediatric CT. AJR Am J. Roentgenol. 2001 Feb;176(2):289–96.
99
17. POLITRAUMATISMO NA CRIANÇA
Elaboração: Acadêmica Dyulia Nardes Dalla Corte
Revisao: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
INTRODUÇÃO
O trauma é uma das causas mais importantes de morte entre a
população pediátrica, principalmente entre 1-18 anos. As agressões
respondem por cerca de 33%, seguidas pelos acidentes de trânsito, 25,6%.
100
→ Terceiro pico de morte acontece dias ou semanas após o trauma
e está relacionado à infecção ou à falência de múltiplos órgãos.
101
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
As manifestações clínicas dependem da gravidade do trauma e dos
locais atingidos, de acordo com a Escala de Traumatismo Pediátrico (PTS
- Pediatric Trauma Score)
102
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
O diagnóstico deverá ser precoce e rápido, para visualizar:
→ Parada cardiorrespiratória (PCR);
→ Obstrução de vias aéreas;
→ Falência respiratória;
→ Choque hemorrágico;
→ Coma;
→ Traumatismo cranioencefálico (TCE);
→ Trauma facial grave;
→ Lesão em coluna cervical.
TRATAMENTO
103
→ Se necessário, fazer suporte ventilatório mecânico;
→ Em caso de pneumotórax e hemotórax, fazer punção ou
drenagem torácica imediatamente;
→ Após controle ventilatório, passar sonda nasogástrica para
alívio da distensão gástrica e redução do risco de aspirações em caso
de vômitos;
→ Ofertar oxigênio suplementar de 10-12 L/min;
→ Fazer monitoramento do paciente por meio da oximetria de
pulso e, se possível, pela capnometria.
→ Estabilização hemodinâmica;
→ Falência circulatória: taquicardia, diminuição dos
pulsos periféricos, aumento do tempo de enchimento
capilar e extremidades frias – quando a perda de sangue
excede 15%;
→ Hipotensão: não ocorre antes da perda de
25-30% do volume de sangue;
→ Em caso de hipotensão, também é necessário
transfundir; se não houver resposta a 50 ml/kg de
solução cristaloide isotônica, pode ser indicada
intervenção cirúrgica;
104
→ Obter 2 acessos venosos por punção com agulha
calibrosa de veias de membros superiores; se houve
insucesso (3 tentativas ou 90 segundos), adquirir
intraóssea, cateter venoso central;
→ Via intraóssea -– crianças < de 6 anos;
→ Em caso de insucesso: passagem percutânea de
cateter em subclávia ou jugular ou dissecção;
→ Se a perfusão sistêmica estiver inadequada, mas a
pressão sanguínea estiver normal (choque compensado),
está ocorrendo hipovolemia leve a moderada; repor com
ringer lactato/SF 0,9%, aquecido, 20 ml/kg, em bolus.
Repetir se não houver melhora;
105
→ Retirar roupas para exame completo (avaliação neurológica,
crânio, couro cabeludo, olhos, pupilas, fundo de olho, ouvidos,
otoscopia, pescoço, tórax, tecido subcutâneo, abdome,
períneo, pelve, coluna, extremidades e pele.
Monitoração contínua
→ Sinais vitais e saturação de O2;
→ Escala de Coma de Glasgow;
→ Sangramentos;
→ Diurese (sonda vesical, exceto se hematúria – suspeita de
transecção de uretra ou fratura pélvica).
Exames complementares
→ Tipagem sanguínea (se não foram colhidos antes);
→ Urina;
→ Exames de imagem conforme achados clínicos e/ou
mecanismo do trauma.
106
Outras medidas
→ monitoração eletrocardiográfica;
→ radiografias;
→ gasometria arterial;
→ avaliações pelas especialidades médico-cirúrgicas
conforme sintomatologia clínica e mecanismo do trauma.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICI, S.; SOUZA, R. L. Abordagem em criança politraumatizada. Jornal de
Pediatria,v. 75,supl.2,1999,p.268-278. Disponível em:
<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/famed/curr3304/5tepedtextopolitraumatizada.
pdf>. Acesso em: agosto. 2022.
PEREIRA JR, Gerson Alves et al. Trauma no paciente pediátrico. Medicina (Ribeirão Preto),
v. 32, n. 3, p. 262-281, 1999.
107
18. DOR ABDOMINAL AGUDA
Elaboração: Acadêmica Dyulia Nardes Dalla Corte
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
A dor abdominal aguda possui sintomas com a duração e
aparecimento inferiores a sete dias. É uma importante causa de consulta
pediátrica em unidades de emergência. Pode ser decorrente de situações
clínicas auto limitadas e sem gravidade; entretanto, existem casos em que o
processo de dor pode ser extremamente grave, exigindo abordagem
emergencial ou cirúrgica, com alto risco de morbidade.
Aspectos a serem enfatizados na anamnese:
→ Idade;
→ Comorbidades
→ Cirurgias prévias
→ Uso de medicações
→ Quadro clínico de dor:
→ fatores de melhora e piora da dor;
→ tipo ou qualidade da dor (contínua, em cólica, aperto,
facada etc.);
→ local de início e irradiação;
→ gradação da dor (escala de 0 a 10);
→ duração e repetição do quadro.
→ Febre e disúria
→ Última refeição
→ Hábito intestinal
→ Diarreia
→ Constipação
108
→ Náuseas e vômitos
ETIOLOGIA
→ Causas de dor abdominal de origem extra-abdominal
→ Pneumonia;
→ Intoxicações e efeitos colaterais de medicamentos;
→ Anemia falciforme;
→ Infecção do sistema nervoso central;
→ Pericardite aguda;
→ Acidose diabética;
→ Linfocitose infecciosa aguda;
→ Doenças reumáticas;
→ Leucemia aguda;
109
Quadro 1. Diagnóstico diferencial de dor abdominal aguda por idade.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
Entre as particularidades, no exame clínico, se houver hematomas ou
sinais de fratura óssea, afastar trauma acidental ou mesmo maus tratos.
A presença de febre aponta para a suspeita de ITU, GEA, faringite,
pneumonia e outras condições infecciosas.
Palidez significativa e dor abdominal podem ocorrer nas crises de
falcização, assim como lesões de pele auxiliam no diagnóstico da púrpura
de Henoch-Schonlein.
110
A localização epigástrica pode indicar doença péptica em fase aguda;
a dor periumbilical que se intensifica e passa a ser localizada na fossa ilíaca
direita (FID) aponta para a necessidade de descartar apendicite.
Dor no flanco e na fossa ilíaca esquerda (FIE), acompanhada de
constipação, orienta para a impactação de fezes na ampola retal.
A presença de sangue nas fezes acompanhada de dor abdominal
pode sugerir colite infecciosa, intussuscepção intestinal, doença
inflamatória intestinal e púrpura de Henoch-Schonlein.
Litíase renal ou trauma renal são acompanhados, geralmente, de
hematúria, além da dor abdominal.
Os processos agudos obstrutivos do trato intestinal se apresentam
com vômitos de intensidade variável e parada de eliminação das fezes.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Exame físico
→ Avaliar a aparência geral do paciente e os sinais vitais.
→ Alterações exigem descartar choque, desidratação,
distúrbios hidroeletrolíticos e cetoacidose diabética.
111
Exames subsidiários
→ Hemograma completo (anemia, plaquetopenia, leucocitose
com desvio à esquerda);
→ Exame de urina: hematúria (nos casos de litíase renal) ou
leucocitúria (ITU);
→ Amilase e transaminases: dor abdominal epigástrica ou
localizada no hipocôndrio direito;
→ Em situações de maior gravidade: eletrólitos, gasometria
venosa ou arterial;
→ RX simples de abdome em pé e deitado: pode dar importantes
informações a respeito da distribuição de gases e da presença de
níveis líquidos em casos de obstrução, ou de ar na cavidade em casos
de perfuração de alça;
→ USG abdome: informações a respeito das vias biliares,
ecotextura do fígado, pâncreas, baço e rins;
→ Pode ser útil, ainda, nos casos de apendicite, torção de
cisto de ovário, ou outros processos inflamatórios e coleções
intra-abdominais;
TRATAMENTO
Deve ser realizado conforme a etiologia do quadro.
Sinais indicativos para avaliação cirúrgica em dor abdominal aguda
→ Dor abdominal de forte intensidade, com sinais clínicos de
deterioração do estado geral.
→ Vômitos biliosos ou fecaloides.
→ Rigidez abdominal involuntária.
112
→ Sinal de descompressão brusca positiva.
→ Distensão abdominal com timpanismo difuso.
→ Líquido livre ou sangue na cavidade abdominal.
→ História de trauma abdominal com distensão difusa e dor de
forte intensidade
REFERÊNCIAS
LA TORRE, F. P. F.; CESAR, R. G.; PASSARELLI, M. L. B. Emergências em Pediatria - Protocolos da
Santa Casa. 2. ed. São Paulo: Manole, 2013.
INTRODUÇÃO
113
DIAGNÓSTICO
→ Laboratório e imagem
→ Hemograma com contagem de reticulócito;
→ Cultura (se febre);
→ Radiografía de tórax;
→ Oximetria de pulso ou gases sanguíneos independentemente
de quadro respiratório.
→ Se a dor for abdominal, realizar ultrassonografia abdominal e
testes de função hepática.
TRATAMENTO
114
Se o paciente apresentar vômitos, administrar antiemético e
hidratação intravenosa de manutenção. Evitar hiperidratação (risco de
edema agudo de pulmão).
Manejo da dor de acordo com a escala da dor para crianças < 12 anos
OU
OU
115
Manejo da dor de acordo com a escala da dor para crianças ≥ 12 anos
Dipirona 10 a 20 mL
Codeína 0,75-1
em administração
mg/kg/dose, IV ou VO,
única ou até o
a cada 4 horas
máximo de 20 mL, VO,
a cada 6 horas (1 mL = OU
50 mg de dipirona) Codeína 0,5- 0,75
Morfina 0,1-0,2 mg/kg,
mg/kg/dose, VO, a
OU IV ou SC, a cada 3-4
cada 4 horas
horas
Paracetamol 10-15
mg/kg/dose, VO, a OU
cada 4-6 horas,
Tramadol 0,1-0,25
máximo 635
mg/kg/h, IV
mg/kg/dia
116
Após a melhora da dor, reduzir as doses do analgésico, respeitando a
meia-vida do fármaco até o controle adequado e a sua suspensão.
→ Náuseas e vômitos
→ Convulsões
REFERÊNCIAS
LA TORRE, F. P. F.; CESAR, R. G.; PASSARELLI, M. L. B. Emergências em Pediatria - Protocolos da
Santa Casa. 2. ed. São Paulo: Manole, 2013.
20. DESIDRATAÇÃO
Elaboração: Acadêmica Evelyn de Cássia Pereira Costa
Revisão: Professora MD. Fernanda F. Fagundes
Próxima revisão: abril/2025
INTRODUÇÃO
117
a) Quanto ao grau de desidratação a partir da perda aguda de peso
corpóreo
Características 0 1 2
Com sede,
Sonolenta,
inquieta ou
hipotônica, fria ou
Aparência geral Normal letárgica, mas
sudorética ±
irritada quando
comatosa
nauseada
Levemente
Olhos Normal Muito encovado
encovado
118
→ Escore 0: sem desidratação;
Se presença de 2 ou
mais dos sinais Se presença de 2 ou
descritos a seguir mais dos sinais
incluindo um dos descritos a seguir:
achados: letargia ou irritado ou agitado,
inconsciência, bebe sedento ou ávido por
Se presença de 2 ou
mal ou incapaz de líquido, pulso rápido
mais dos sinais de
beber, pulso débil ou débil, olhos
desidratação grave e
ausente, olhos muito encovados, sem
alguma desidratação
encovados, sem lágrimas, mucosas
NÃO está presente.
lágrimas, mucosas secas,
muito secas, desaparecimento
desaparecimento lento do sinal da
sinal da prega > 2 prega, TEC 3 a 5
segundos, TEC > 5 segundos.
segundos.
Fonte: SBP, 2017; WHO, 2008; Colletti et al, 2010 APUD SBP, 2021.
119
TRATAMENTO
120
DISTÚRBIOS DO SÓDIO
a) Desidratação hiponatrêmica
→ Caracterizada por Na+ sérico < 135 mEq/L, havendo uma perda
de Na+ em desproporcional à perda de líquidos.
Hiponatremia sintomática
OBS: Não elevar Na+ > 12 a 15 mEq/L (mmol/L) em 24 horas para evitar mielinólise
central pontina.
121
b) Desidratação isonatrêmica
→ Ocorre perda de Na+ e água, mas com perda proporcional à
concentração do fluido extracelular (Na+ sérico: 135 a 150 mEq/L).
→ Sintomas
→ Sede;
→ Taquicardia;
→ Mucosas secas;
→ Turgor reduzido;
→ Olhos encovados;
→ Choro sem lágrimas.
→ Tratamento
→ TRP em casos leves e moderados. Em casos graves,
conforme quadro acima, na seção anterior.
c) Desidratação hipernatrêmica
122
Cálculo de déficit de água livre
Déficit de água (L) = peso x 0,6 x [(Na+ dosado - Na+ desejado)/Na+ desejado]
REFERÊNCIAS
LA TORRE, F. P. F.; CESAR, R. G.; PASSARELLI, M. L. B. Emergências em Pediatria - Protocolos da
Santa Casa. 2. ed. São Paulo: Manole, 2013.
INTRODUÇÃO
Diarreia aguda
→ Eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com
ocorrência de 3 ou mais evacuações (ou mais frequente para a
pessoa) nas últimas 24hrs, com duração média de 7 dias.
Disenteria
→ Diarreia com sangue e/ou leucócitos nas fezes.
Diarreia persistente
→ Quadro diarreico que se estende além de 14 dias.
123
Infecciosa Não infecciosa
DIAGNÓSTICO
Anamnese
→ Duração da diarreia;
→ Características das fezes (sangue, muco, número de evacuações por
dia e sintomas associados (vômitos, febre, apetite, sede), história
epidemiológica e patológica pregressa, histórico vacinal (rotavírus e
sarampo, principalmente).
Exame físico
→ Hidratação;
→ Estado nutricional;
→ Estado de alerta (ativo, irritável, letárgico);
→ Capacidade de beber;
→ Diurese
→ Avaliação nutricional.
124
Exames laboratoriais: Para casos de evolução atípica, grave ou
arrastada, presença de sangue nas fezes, lactentes < 4 meses e
imunodeprimidos.
TRATAMENTO E PREVENÇÃO
125
Plano C - Desidratação grave (Internação)
Soro fisiológico a
Peso até 10 kg – 100
0,9% – 20 mL/kg em
mL/kg;
30 min. Soro glicosado a 5% +
Peso de 10 a 20 kg –
+ Soro fisiológico a soro fisiológico a 0,9%
1.000 mL + 50mL/Kg
Em recém nascidos e 0,9% – 30 mL/kg na proporção de 4:1
por excesso
cardiopatas graves, Infundir a cada 30 (manut.).
Peso > 20 kg – 1.500 mL
iniciar com 10 mL/kg min até completa +
+ 20 mL/kg por
Infundir em 30 min. hidratação. Soro glicosado a 5% +
excesso.
+ OU soro fisiológico a 0,9%
+
Repetir a infusão até Ringer lactato – 70 na proporção de 1:1
Iniciar com 50
a criança estar mL/kg Infundir em 2 (reposição).
mL/kg/dia.
hidratada, h e 30 min. +
Reavaliar esse volume
reavaliando após KCl a 10%
de acordo com as
cada fase de
perdas do paciente
expansão.
126
REFERÊNCIAS
LA TORRE, F. P. F.; CESAR, R. G.; PASSARELLI, M. L. B. Emergências em Pediatria - Protocolos da
Santa Casa. 2. ed. São Paulo: Manole, 2013.
INTRODUÇÃO
A infecção do trato urinário (ITU) é definida pela presença de germe
patogênico único no sistema urinário associada a processo inflamatório
sintomático. A importância da patologia reside na possibilidade de
evolução para cicatriz renal, em caso de pielonefrite e urosepsis nos
lactentes.
127
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
→ Recém nascidos
→ Apresenta-se geralmente como um quadro séptico, com
manifestações inespecíficas como insuficiente ganho de peso,
anorexia e irritabilidade;
→ Lactentes
→ Sintoma mais frequente e, recorrentemente, único, é a
febre, a qual muitas vezes se apresenta sem sinais localizatórios
(FSSL);
→ Pré-escolares e escolares
→ Febre associada a sintomas urinários.
→ Maior acometimento do estado geral, calafrios, dor
128
abdominal e nos flancos, sugere pielonefrite aguda.
Adolescentes
→ A sintomatologia mais comum compreende disúria/queimação
ao urinar, polaciúria e dor à micção, podendo ocorrer também
urgência miccional, hematúria e febre. O início da atividade sexual
pode ser acompanhada de surtos de ITU.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
O diagnóstico precoce acompanhado do tratamento adequado é
fundamental para a prevenção de futuras complicações, como hipertensão
arterial sistêmica (HAS) e insuficiência renal crônica.
129
→ EQU
TRATAMENTO
Recém-nascidos
→ São considerados portadores de ITU complicada ou
potencialmente grave, devendo iniciar o tratamento em nível
hospitalar;
130
→ O tratamento da ITU é baseado em quatro pilares:
OU
→ Ibuprofeno (50mg/ml): 0,1-0,2 ml/Kg ou 2-4 gotas/Kg de 6/6
ou 8/8 horas (5-10mg/Kg/dose)
→ Disúria intensa
→ Avaliar o risco x benefício de um anti-espasmódico.
→ Recém nascidos
→ Deve-se iniciar o tratamento como para sepse precoce:
(Penicilina ou Ampicilina) + Aminoglicosídeo.
131
→ Demais crianças
→ Via oral
OU
→ Cefalexina Susp. 250mg/5ml ou comprimido 500mg
→ Abaixo de 12 anos → 1-2ml/Kg, 6/6h (50-100mg/kg/dia)
→ Acima de 12 anos → 10ml, 6/6h (2000mg/dia) ou 1 comprimido
(500mg) a cada 6h.
132
c) Profilaxia
→ Consiste na administração de doses subterapêuticas de
antibióticos ou quimioterápicos com a finalidade de manter a urina
estéril e tentar prevenir recidivas de ITU, para diminuir o risco de
possíveis lesões adquiridas do parênquima renal.
133
d) Anormalidade do trato urinário
→ A investigação por imagens do trato urinário está indicada
após o primeiro episódio bem documentado de infecção urinária, em
qualquer idade e para ambos os sexos e se justifica pela frequente
associação de ITU a anomalias do trato urinário, principalmente o
refluxo vesicoureteral (RVU) e os processos obstrutivos.
REFERÊNCIAS
Tratado de Pediatria/organização Sociedade Brasileira de Pediatria- 5. ed. - Barueri [SP] :
Manole, 2022.
Balighian E, Michael B. Urinary tract infections in children. Pediatr Rev. 2018: 39(1): 3-12.
INTRODUÇÃO
A síndrome nefrítica (SNi) é uma condição clínica caracterizada pela
associação de edema, hipertensão arterial (HA) e hematúria.
Frequentemente, observa-se associação de proteinúria e, em algumas
situações, ocorre perda da função renal.
134
A glomerulonefrite difusa aguda pós-infecciosa (GNDA-PI) é a causa
mais comum de síndrome nefrítica em crianças, e está associada
principalmente com a infecção estreptocócica (GNDA-PE. Apesar de sua
prevalência entre as glomerulonefrites agudas na infância, não se conhece
sua real prevalência. Pode estar relacionada a surtos epidêmicos de
infecção estreptocócica na comunidade ou pode se apresentar de forma
endêmica.
A glomerulonefrite difusa aguda pós-estreptocócica (GNDA-PE) ocorre
mais em pré-escolares, escolares e adultos jovens, principalmente entre 5-15
anos de idade, sendo rara antes dos 2 anos. Em relação às infecções
estreptocócicas de vias aéreas, observa-se predominância no sexo
masculino (2:1), com equivalência entre os gêneros quando a infecção é de
pele.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
A maioria dos pacientes encontra-se em regular estado geral, com
queixas insidiosas e subjetivas de cefaléia, indisposição, lombalgia,
inapetência, sendo o edema periorbital a principal manifestação.
Detectam-se, portanto, as alterações típicas de síndrome nefrítica: edema,
hipertensão arterial e hematúria, associadas com oligúria.
135
cardiocirculatória (até 50% dos casos), insuficiência cardíaca e crise
hipertensiva.
Os sinais de congestão cardiocirculatória cursando com ICC e/ou EAP
demonstram, na radiografia de tórax e em outros exames de imagem,
cardiomegalia e infiltrado interstício-alveolar.
ABORDAGEM DIAGNÓSTICA
Após um período de incubação médio de 2-3 semanas (máximo de 6
semanas) após uma infecção estreptocócica de vias aéreas ou de pele,
respectivamente, estabelece-se o diagnóstico sobre bases clínicas e
sorológicas.
136
A investigação laboratorial é necessária em todos os casos, podendo
ser extensa, dependendo do grau de suspeição etiológica da
glomerulopatia, das manifestações clínicas e/ou da causa secundária
associada. O processo inflamatório nos capilares glomerulares, com perda
da integridade, condiciona passagem anormal de elementos através da
barreira de ultrafiltração glomerular (BUFG), determinando hematúria,
leucocitúria e proteinúria.
Teste de Urina I
→ Observa-se hematúria, além de leucocitúria e proteinúria. Em
geral a densidade e a osmolalidade urinária encontram-se
preservadas.
137
→ Entre outros anticorpos que evidenciam infecção
estreptocócica pregressa, como a antiestreptoquinase e a
anti-hialuronidase, a antiDNAse B se apresenta com maior acurácia.
Sistema Complemento
→ Redução do C3 se estabelece como um marcador importante
de atividade, entretanto pode estar normal em torno de 5-15% dos
casos. Os níveis de C3 se normalizam em torno de 6-8 semanas da
instalação da doença.
Diagnóstico diferencial
→ Deve-se valorizar a presença de sinais e sintomas extrarrenais
e a temporalidade e persistência das manifestações clínico
laboratoriais, ressaltando, em pediatria, os cenários diferenciais de
nefrite lúpica, nefropatia por IgA e a glomerulopatia do C3.
138
TRATAMENTO
A base do tratamento consiste na terapia de suporte e deve ser
dirigido conforme a apresentação clínica e a presença ou não de
complicações.
139
→ Furosemida (Comprimido, 40mg) / (Solução injetável, 10mg/ml)
Uso de Antibióticos
Em epidemias de infecção por estreptococo nefritogênico, a profilaxia
antibiótica administrada a membros da família pode reduzir o risco de
disseminação. Também deve-se analisar a possibilidade de profilaxia
universal para as crianças.
140
→ Amoxicilina (Susp. oral 50mg/ml) / (Cápsula ou comprimido 500mg)
Terapia Dialítica
Em todos os casos de hipercalemia grave, LRA com uremia e sinais de
sobrecarga hídrica, emergência hipertensiva grave, especialmente se houver
oligoanúria ou oligúria não responsiva aos diuréticos, deve-se considerar a
necessidade de terapia dialítica, desde a diálise peritoneal, hemodiálise
clássica ou a hemodiafiltração venovenosa contínua.
Biópsia Renal
Como na infância, a GNDA-PE é uma glomerulopatia de evolução
favorável, não é indicada a execução de biópsia renal (BR), a qual deve ser
realizada apenas quando houver suspeita clínica de que o padrão
anatomopatológico não seja de proliferação endotelial e mesangial ou de
patologia sistêmica secundária.
141
REFERÊNCIAS
Tratado de Pediatria/organização Sociedade Brasileira de Pediatria- 5. ed. - Barueri [SP] :
Manole, 2022
Balighian E, Michael B. Urinary tract infections in children. Pediatr Rev. 2018: 39(1): 3-12.
142