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Laboratório de Patologia A necrose decorre de vários fatores:

a) lesão vascular extrínseca: compressão extrínseca de vasos por abscessos subperiosteais


ou pressão do exsudato sobre os vasos na própria medula óssea, reduzindo o lumen (efeito de
Lab 1: Aula introdutória garroteamento);
b) lesão vascular intrínseca: endarterite produtiva pelo processo inflamatório e obstrução por
êmbolos bacterianos;
Lab 2: Osteomielite
c) digestão da matriz óssea por enzimas proteolíticas dos neutrófilos e das bactérias, e d)
ação de osteoclastos, que vão erodindo as trabéculas.
Estação 1: Osso normal e osteomielite
O seqüestro fica solto em meio ao exsudato, não apresenta osteócitos viáveis (não se
Osso esponjoso e medula óssea amarela normais observam os núcleos nas cavidades onde deveriam estar) e a borda do seqüestro é indentada
ou irregular, devido à fagocitose pelos osteoclastos.
O osso esponjoso normal consiste de trabéculas alongadas, arranjadas segundo linhas
de tensão, e aqui seccionadas em vários planos. A medula óssea neste exemplo não
contém tecido hemopoético, apenas adipócitos (medula óssea amarela).

Endósteo: tecido fibroso que envolve a parte interna da trabécula


Lamelas: linha de tensão causada por esforço muscular (ossos mais velhos).
Trabéculas ósseas: As trabéculas ósseas do osso esponjoso normal são constituídas por
fibras colágenas (colágeno tipo I) e substância fundamental (proteoglicanas) depositadas
por osteoblastos presentes no endósteo e posteriormente mineralizadas (deposição de
hidroxiapatita).

Osteomielite purulenta

Osteomielite é inflamação que acomete a medula óssea e o tecido ósseo esponjoso e


compacto, podendo ou não se estender aos tecidos vizinhos. Na grande maioria dos
casos, osteomielite resulta de infecção por bactérias piogênicas (osteomielite purulenta);
outras formas são tuberculose, sífilis e osteomielite por fungos.

OSTEOCLASTOS VS OSTEOBLASTOS
Na osteomielite há contínua reabsorção de trabéculas e deposição de matriz óssea
neoformada. O primeiro processo deve-se à ação de osteoclastos, e o segundo a
osteoblastos. Os osteoclastos são macrófagos, freqüentemente multinucleados.

SEQUESTROS: A formação de seqüestros é uma importante feição das osteomielites


crônicas. Seqüestros são fragmentos de osso necrótico originados de trabéculas
ósseas.
Estação 2: Osteomielite tuberculosa

O Mycobacterium tuberculosis atinge os ossos quase sempre pela via sanguínea, a


partir de foco pulmonar.
A infecção óssea pelo bacilo de Koch provoca necrose caseosa e reação
granulomatosa.
O processo inicia-se na medular óssea, surgindo necrose de trabéculas, que são em
parte absorvidas, em parte misturadas à caseose, formando a “areia óssea”. Da
medular, o processo propaga-se para cortical, periósteo e tecidos moles. Diferentemente
da osteomielite piogênica, a tuberculose óssea tende a ter evolução crônica, insidiosa,
de caráter destrutivo e de difícil controle. As sedes principais são corpos vertebrais,
extremidade proximal do fêmur, proximal da tíbia e, raramente, pequenos ossos das
mãos e qualquer outro osso.

Mal de Pott
A tuberculose da coluna vertebral (mal de Pott) é a forma mais comum e mais
importante de tuberculose óssea, por causa das graves consequências (compressão
medular, deformidades da coluna, paraplegia) que provoca. Em geral, compromete
vértebras torácicas ou lombares. A lesão necrótico-granulomatosa inicia-se com
destruição da esponjosa dos corpos vertebrais seguida de cifose angular (giba).

Célula gigante multinucleada


Infiltrado inflamatório com plasmócito, macrófago e linfócitos.

Macroscopia: compressão medular, deformidade da coluna.

Questòes

O que é osteomielite tuberculosa?


Por que é importante a sorologia para HIV nesse caso?
Qual achado da biópsia foi crucial para se insistir na pesquisa de Mycobacterium
tuberculosis por PCR? Por que?
Lab 3: AR e LES

Lúpus eritematoso sistêmico Artrite reumatoide


Atividade 1
Segundo o Colégio Americano de Reumatologia, o diagnóstico de artrite
Considerando que o LES, é uma hipótese diagnóstica nesse caso, quais exames
reumatóide é feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão presentes
laboratoriais devem ser solicitados para confirmação?
por pelo menos 6 semanas:
→ FAN, anti-DNA, anti-fosfolipides
• Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora
• Artrite em pelo menos três áreas articulares
Atividade 2
• Artrite de articulações das mãos: punhos,
Discutir acerca dos novos critérios (2019) de classificação para doença
interfalangeanas proximais (articulação do meio dos dedos) e
propostos pelo American College of Rheumatoloav (ACR)/European League
metacarpofalangeanas (entre os dedos e mão)
Against Rheumatism
• Artritesimétrica(porexemplonopunhoesquerdoeno direito)
(EULAR),2019.
• Presença de nódulos reumatóides
→ Critério de entrada t fatores clínicos > 10 pontos
• Presença de Fator Reumatóide no sangue
• Alterações radiográficas: erosões articulares ou
Atividade 3
descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos.
Abordar sensibilidade e especificidade dos anticorpos: FAN, anti-Sm e anti-
DNA,
Na avaliação laboratorial o fator reumatóide pode ser encontrado em cerca de
anti-fosfolipides.
75% dos casos já no início da doença. Anticorpos contra filagrina/profilagrina e
→ O FAN é mais sensível, enquanto o an-DNA e o anti-fosfolipides são mais
anticorpos contra peptídio citrulinado cíclico (PCC) são encontrados nas fases
específicos
mais precoces da doença mas apresentam um custo maior. As provas de
atividade inflamatória como o VHS e a proteína C reativa correlacionam-se com
a atividade da doença.

A maioria dos pacientes (> 98%) tem o teste de FAN (fator antinuclear) positivo em
títulos altos, em particular durante os períodos de atividade de doença. Ressalta- se que
a positividade desse exame não é específica do LES e pode ocorrer em outras doenças
autoimunes, além de doenças infecciosas e neoplásicas e até mesmo em indivíduos
saudáveis. Desta forma, o teste é relevante pelo seu alto valor preditivo negativo. A
investigação de autoanticorpos auxilia no diagnóstico da doença [anti- dsDNA (40%),
anti-Sm (35%) e anti-P (15%)], no acompanhamento da atividade de doença [anti-
dsDNA (renal), anti-P (psicose)] e na caracterização do quadro clínico [anti-dsDNA
(renal), anti-P (SNC), anti-Ro/SSA e anti-La/SSB (síndrome de Sjögren secundária,
síndrome do lúpus neonatal e lúpus cutâneo subagudo) e anticorpos antifosfolipídeos
(SAF associada ao LES)]. O consumo de complemento (C3, C4 e complemento
hemolítico total) é uma característica da doença que auxilia no diagnóstico e
acompanhamento do paciente.
Lab 4: gota
A gota é uma doença causada por hiperuricemia (urato sérico > 0,4 mol/L) que resulta
na precipitação de cristais de urato monossódico no interior e as redor das articulações,
causando mais frequentemente artrite aguda recidivante ou crônica.
É a artrite inflamatória mais comum.
Os cristais de urato monossódico induzem uma neutrofilia aguda mediada por uma
reação inflamatória no fluido articular com uma reação com macrófagos e células
gigantes.
O risco de gota aumenta com a idade, obesidade, hipertensão, uso de diurético.

Estação 1: artrocentese

→ análise do liquido sinovial Estação 3: histopatologia

Os pacientes com suspeita de artrite gotosa aguda devem ser submetidos a análise
da artrocentese e do líquido sinovial na apresentação inicial.
Recidiva típica em um paciente com gota previamente documentada não exige
artrocentese, mas deve ser realizada se há alguma dúvida sobre o diagnóstico ou se
os fatores de risco do paciente ou quaisquer características clínicas sugerem artrite
infecciosa.

Indicação: suspeita de gota, diagnostico diferencial com artrite séptica.


A análise do líquido sinovial pode confirmar o diagnóstico pela identificação de
cristais de urato negativamente birrefringentes e em forma de agulha que estejam
livres no líquido ou envolvidos pelos fagócitos. Durante as crises, o líquido sinovial
tem características inflamatórias, geralmente 2.000 a 100.000 leucócitos/mcL,
com > 80% polimorfonucleares.
Infiltrado inflamatório mononuclear com células gigantes;
Tais achados se sobrepõem consideravelmente à artrite infecciosa, a qual pode ser
Tofos (urato)
excluída pela coloração de Gram (que não é sensível) e cultura.

Complicações: infecção, hemartrose, sincope vasovagal, dor local.

Armazenamento: As amostras devem ser enviadas refrigeradas e entregues até


48 horas após a coleta, com um mínimo de 1 mL de liquido sinovial ao laboratório
de patologia.
Enviar material em tubo seco e em tubo com EDTA.
Anotar local de punção e volume total coletado e o horário da coleta.

Estação 2: liquido sinovial

Composição: A composição do líquido sinovial é a mesma do plasma sanguíneo, Cristais de urato


acrescida de algumas proteínas de alto peso molecular ( fibrinogênio e globulinas) e
mucopolissacarídeos, que são produzidos pelos sinoviócitos. O principal
mucopolissacarídeo é o ácido hialurônico, responsável pela viscosidade natural do
líquido sinovial. Outro mucopolissacarídeo é a mucina, responsável pela não-
coagulação do líquido sinovial. O nível de glicose no líquido sinovial é um pouco
inferior ao nível de glicose encontrado no sangue.

Valor de referência:
Em Indivíduos normais não se consegue obter líquido das cavidades sinoviais.
Contagem global de celulas até 200/mm3.
Neutrófilos menor que 25%.
Ausência de cristais.

Análises com liquido sinovial: Contagem celular, viscosidade, identificação de


cristais, e dosagens bioquímicas: glicose, proteínas, lactato.
Lab 5: osteoporose → ósteomalacia

Osteomalácia resulta de hipovitaminose D no adulto, ou seja, de deficiência da


1. Descreva em suas palavras o que é metabolismo ósseo.
vitamina que ocorre após a ossificação dos centros epifisários. A lesão consiste em
falta de deposição de cálcio e fósforo no tecido osteoide que se forma em substituição
à destruição normal do tecido ósseo

O cálcio o mineral mais abundante no corpo, sendo cerca de 95% armazenado nos
ossos. Sua concentração é mantida relativamente constante no sangue
(tamponamento), pois o cálcio é importante para:
• Contração muscular
• Liberação de vesículas
• Formação dos sais nos osso e dentes a partir da hidroxiapatita (Ca(OH)(P04)3)
• Coagulação sanguínea
• Ação de segundo mensageiro
• Transporte de substâncias através de membranas

2. A.S.C, feminino, 73 anos, procura atendimento médico na Santa Casa de


Misericórdia de Sobral com queixa de “dor nas costas” há cerca de um mês.A
paciente relata que há cerca de um mês,
após esforço para levantar uma caixa pesada, apresentou dor aguda, intensa, sem
irradiação,
com piora aos movimentos, na região de vértebras torácicas inferiores. Não
procurou atendimento médico, automedicando-se com dipirona e repouso por uma
semana, obtendo melhora parcial do sintoma. Relata que continuou a sentir dor de
intensidade moderada, astenia, mialgia e dificuldade para deambular por
exacerbação da dor ao se movimentar, decidindo buscar ajuda médica.
Antecedentes: Hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus compensados há
6 anos. Nega histórico de cirurgias prévias e alergias. Fratura de rádio distal há
10 anos. Menarca aos 14 anos; menopausa aos 53 anos (na época não fez
terapia de reposição hormonal). Pai falecido aos 70 anos por IAM há 30 anos e
mãe falecida aos 65 por complicações de CA de mama, tinha diagnóstico de
osteoporose.
Exames complementares:
Hemograma, Albumina, Creatinina, Ureia, Enzimas hepáticas normais
TSH: 2,55 mU/L (0,3 – 4,0 um/L)
Cálcio sérico: 7,7 mg/dL (8,5-10,2 mg/dL)
Fósforo sérico: 1,9 mg/dL (2,5 e 4,5 mg/dL) Calciúria de 24 h: 85 mg/24h
(100,0 a 300,0 mg/24h)
Fosfatase alcalina: 37 U/L (46 a 120 U/L)
25(OH) vitamina D: 12 ng/mlL (<20 ng/mL deficiência; 20 – 29 ng/mL
insuficiência; 30 – 100 ng/mL suficiência)
Após a avaliação do quadro e densitometria óssea, a paciente foi diagnosticada
com osteoporose primária.
Interprete as dosagens de cálcio, fósforo e vitamina D desse paciente.
- Qual a importância das dosagens laboratoriais para estabelecer a perda de
massa óssea. Existe algum fator ou fatores secundários determinantes da perda
da mesma?
- Reflita sobre patologias que alteram metabolismo cálcio e vitamina D, o que são
diagnósticos diferenciais, por exemplo, osteomalácia e doença celíaca.

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