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Faculdade de veterinária

Medicina de Veterinária
Nível: III
Departamento de Sanidade e saúde pública

Disciplina: Patologia II

Tema: Osteossarcoma canino

Discente: Ivete Domingos Nhavoto

Docente:

Dr. Claudio Laisse

Dr. Custodio Bila

Dra. Gaby Monteiro

Dra. Paula Taunde

Maputo, Outubro de 2022


Introdução

O tecido ósseo é um tipo de tecido conjuntivo formado por células e material extracelular
calcificado, a matriz óssea. As células presentes incluem os osteoblastos, osteócitos e
osteoclastos. Esse tecido pode ser acometido por varias doenças, uma delas é o
Osteossarcoma.

Osteossarcoma canino (OSA) é um tumor ósseo maligno caracterizado pela formação de


tecido ósseo neoplásico com crescimento rápido e invasivo, Dentre os tumores ósseos
primários o OSA é o mais comum devido à proliferação de células mesenquimatosas
primitivas e malignas com a produção de matriz osteóide. É um tumor ósseo que ocorre
frequentemente em cães, afectando principalmente animais de grande porte (Exemplo:
Rottweiler, Doberman) e de meia-idade. Desenvolve-se principalmente em ossos longos,
sendo denominado como osteossarcoma apendicular.

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Osteossarcoma

É uma neoplasia primária maligna de células mesenquimatosas, caracterizando-se por dar


origem a uma diversidade de padrões, mas que inclui sempre a produção de matriz óssea
extracelular por osteoblastos malignos. O osteossarcoma é caracterizado por ser uma
neoplasia muito heterogénea, cujo aspecto é determinado pelo comportamento biológico das
células neoplásicas e material extracelular produzido. Originam-se mais comumente nas
metáfises-rádio distal, tíbia distal e úmero proximal são os locais mais comuns. Porem pode
ocorrer nas costelas, vértebras, ossos da cabeça e várias outras partes do esqueleto.
Raramente se originam em tecidos moles, o crescimento da neoplasia é frequentemente
rápido e doloroso.

Macroscopicamente: osteossarcomas intra-ósseos centrais têm um aspecto branco-


acinzentado e contêm quantidades variáveis de osso mineralizado. O tecido neoplásico tende
a preencher a cavidade medular e pode estender-se proximal e distalmente, mas, tipicamente,
não penetra as placas de crescimento metafisárias. Osteossarcomas não invadem as cavidades
articulares, embora possam cercar a articulação. O osso cortical é usualmente destruído, e as
células neoplásicas penetram e solapam o periósteo, podendo estender-se externamente como
uma massa irregular e lobulada (Thompson & Pool, 2002).

Microscopicamente: Evidências de destruição e/ou difusão do tecido ósseo préexistentes na


medula óssea ou a invasão do córtex. Invasões vasculares ou infiltrações de tecidos
adjacentes podem ser aparentes. É observado focos de células de cartilagem malignas, nas
áreas de lise ósseas, encontrando-se osteoclastos não neoplásicos na frente de avanço do
tumor.

Osteoblastos malignos podem variar de células em formato de haste, com um grau de


pleomorfismo lembrando fibroblastos ou células arredondadas e ovais. Os núcleos celulares
mostram-se hipercromáticos e com frequência são observadas figuras mitóticas. A forma e a
quantidade de matriz osteóide é também altamente variável, células gigantes multinucleadas
do tipo osteoclastos são frequentemente espalhadas pelo tumor, algumas vezes em números
suficientes para sugerir um diagnóstico de tumor de células gigantes, mas a produção de
osteóide pelas células tumorais pode permitir a exclusão desta opção (MEUTEN, 2002;
SOARES et al., 2005).

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Classificação do Osteossarcoma Canino – Comportamento biológico

São classificados como:

 Simples - tecido ósseo formado numa matriz cartilaginosa;


 Compostos - osso e cartilagem estão presentes;
 Pleomórficos - anaplásicos, com apenas algumas ilhas de osteóide presente.

Classificação quanto ao tipo celular e actividade:

 Osteoblásticos
 Condroblásticos
 Fibroblásticos

Classificação quanto ao aspecto radiológico

 Líticos
 Escleróticos ou mistos

Classificação quanto a na origem

 Osteossarcomas centrais - O osteossarcoma intramedular é o mais frequente, O


tecido neoplásico preenche a cavidade medular localmente e tende estender-se em
direcção distal e proximal. É comum o aparecimento de zonas rodeadas por áreas
hemorrágicas irregulares (áreas de enfarte) devido à rapidez de crescimento
neoplásico. Geralmente o osteossarcoma primário não invade a cartilagem articular e
por isso não progride para a articulação ou invade ossos contíguos. O crescimento
rápido neoplásico, pode atingir os tecidos do espaço peri-articular, colocando ossos
adjacentes em risco, a destruição do osso compacto permite a saída de células
neoplásicas, formando uma massa lobulada irregular que se estende para o exterior,
alterando o periósteo e sendo acompanhada de tecido ósseo reactivo (não neoplásico).

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A invasão provoca lise, e/ou proliferação de tecido ósseo, com consequente
tumefacção da região atingida. As lesões e alterações estruturais induzidas contribuem
para a presença de dor e eventualmente ocorrência de fractura patológica.

 Osteossarcoma justacorticais ou para cortical - Tem origem nas camadas celulares


mais interiores do osso compacto cortical, sendo constituído por tecido fibroso, tecido
ósseo ou cartilagíneo bem diferenciado. Esta forma é caracterizada pela formação de
uma massa que se expande no interior da camada cortical sem destruição do endósteo.
A metastização poderá ocorrer, mas geralmente é tardia, favorecendo o prognóstico.
As alterações relatadas são reduzidas a lise óssea moderada da região cortical, sendo a
matriz produzida caracterizada por exibir uma radiopacidade variável e a formação de
osso periférico é um achado radiográfico comum.

 Osteossarcoma periosteais – é um osteossarcoma no periósteo tem origem na


camada celular exterior do periósteo e surge mais frequentemente na superfície da
diáfise, invadindo geralmente a região de osso compacto adjacente. À semelhança do
osteossarcoma central, as lesões observadas incluem lise óssea e formação de tecido
ósseo reactivo, para além de tecido ósseo neoplásico. Esta forma exibe um
comportamento mais agressivo, relativamente ao osteossarcoma paracortical, com
invasão neoplásica da periferia para a cavidade medular. Alguns autores consideram
que esta forma é, na realidade, um osteossarcoma medular de crescimento excêntrico,
com desenvolvimento numa região esponjosa mais externa da metáfise (Moores et al.,
2003).

Causas de Osteossarcoma canino

As causas da ocorrência natural da doença permanece desconhecidas, porem há hipóteses


científicas de que: Lesões ósseas preexistentes estão associadas ao risco aumentado de OSA,
incluindo a displasia fibrosa, infecções ósseas, enfarto da medula óssea e uso de dispositivos

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metálicos (implantes) de fixação. Osteossarcomas de origem viral são relatados em
camundongos.

Sinais Clínicos

Pacientes com OSA são comumente apresentados com claudicação aguda ou crónica e
inchaço no membro afectado. O OSA causa após um certo período uma obstrução tecidual
significativa, impedindo a drenagem linfática normal, levando a formação de um edema por
obstrução linfática, facilmente visível devido ao inchaço do membro e pelo sinal de “Godet”
positivo. A massa é, geralmente, firme e dolorosa à palpação, fazendo com que o animal
muitas vezes não apoie o membro. Pode haver relato de alguma incidência de trauma
associado com o início da claudicação. Sinais respiratórios raramente são observados como a
primeira evidência clínica de metástase pulmonar. Cães com diagnóstico radiográfico de
metástases podem permanecer assintomáticos por muitos meses, entretanto, alguns se tornam
apáticos e anoréxicos dentro de um mês, podendo apresentar tosse, dispneia, perda de peso e
fraqueza.

Métodos de diagnóstico

 História pregressa e sinais clínicos


 Exame Físico
 Exame Radiológico
 Biopsia Óssea
 Exame Histopatológico, etc.

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Conclusão

Os osteossarcomas podem ser considerados como possível causa de edema e dor,


especialmente, em pacientes de meia-idade, idosos e acima do peso. Este tumor deve ser
diagnosticado e tratado o mais precocemente possível. No caso de diagnóstico é recomendada
a amputação do membro afectado, associado à quimioterapia ou radioterapia, com o intuito
de controlar o tumor local (através de sua excisão), e evitar focos de micrometástases para
outros órgãos. Esse protocolo tem como objectivo, proporcionar ao animal uma melhor
expectativa de vida, livre de dor e sofrimento.

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Referências bibliográficas

 BEZERRA DOS SANTOS A. F. OSTEOSSARCOMA CANINO. Universidade


Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA: RECIFE 2008
 Moores, A.P., Beck, A.L., Baker, J.F. (2003). High-grade surface osteosarcoma in a
dog. Journal of Small Animal Practice, 44 (5), 218–220.
 Fabio de Oliveira, Patricia Rodrigues da Silveira. OSTEOSSARCOMA EM CÃEs.
FAMED/FAEF [ Revista na internet]. 2018 [Consultado em 24 de Setembro de 2022].
Numero 10: p21. Disponivel em: www.revista.inf.br – www.editorafaef.com.br –
www.faef.br.
 GREENE, C. E; FORD, R. B. Doenças Infecciosas do Cão e do Gato, 4.ed. São
Paulo: Gen Roca, 2012.
 THOMSON, R. G. Neoplasia: Patologia Geral Veterinária. Rio de Janeiro:
GuanabaraKoogan, 1983.
 MEUTEN, D. J. Tumors in Domestic Animals. 4. ed. Iowa: Iowa State Press, 2002.
 SOARES, R. C.; SOARES, A. F.; SOUZA, L. B.; SANTOS, A. L. V.; PINTO, L. P.
Osteossarcoma de mandíbula inicialmente mimetizando lesão do periápice dental:
relato de caso. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 71, n. 2, p. 242-245,
2005.
 TEIXEIRA, L. V.; MARTINS, D. B.; FIGHERA, R.; LOPES, S. T. A. Estudo clínico
de osteossarcoma canino. Acta Scientiae Veterinariae, v. 38, n. 2, p. 185-190, 2010.

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