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1 INTRODUÇÃO

O ser humano é composto por células organizadas em tecidos e órgãos.


As células normais se divide, amadurece e morre. Quando as células anormais
deixa de seguir o processo, ocorre uma mutação que pode provocar danos nos
genes da célula, quando modificada, a célula pode-se dividir
descontroladamente e formar novas células anormais. Por isso, o sistema
imunológico se falham, pois as novas células se torna cada vez mais anormais,
por sua vez, produz as células cancerosas (INCA,2006)

O câncer de cabeça e pescoço é uma doença que surge com


características histológicas no epitélio escamoso nas áreas da cavidade bucal,
orofaringe, laringe e hipofaringe. Além disso, pode-se encontrar na parte da
mucosa do trato digestivo superior, também pode desenvolver tumores nas
glândulas salivares, cavidade nasal e os seios paranasais (MIRANDA,2018
p.27)

O portador de câncer oral é um paciente que geralmente apresenta


várias vulnerabilidades e necessidades agregadas a sua condição (neoplasia).
As complicações bucais manifestam-se em reações inflamatórias que
geralmente podem interferir no tratamento oncológico futuros, motivado pelo
tratamento ocorre reações adversas no paciente, que acomete a qualidade de
vida do mesmo (TEIXEIRA,et al,.2010). Diante disso, o cirurgião-dentista deve
realizar planejamentos criterioso, pois a radioterapia e a quimioterapia podem
alterar o processo de resposta inflamatória. Além de orientar o paciente quanto
a uma boa higienização, uso do fio dental, hábitos alimentares saudáveis; a
promoção de saúde bucal é extremamente importante para possibilitar um
tratamento neoplásico adequado (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2018.p.136)
O Cirurgião-Dentista desempenha o papel fundamental antes, durante e
após o tratamento oncoterápico, que basicamente é dividido em cirurgia,
quimioterapia e radioterapia. Esses procedimentos de tratamento pode causar
efeitos adversos e deixar sequelas nos pacientes, dificultando á adequação do
meio bucal (FIGUEIREDO, et al., 2012) De acordo com os estudos, nenhum
dos tratamentos sistêmicos anticâncer promove somente a destruição das
células tumorais, sempre haverá destruição de células normais (ALMEIDA, et
al,.2005)

A adequação da cavidade oral diminui a proliferação dos


microrganismos, melhora a qualidade de vida dos pacientes submetidos ao
tratamento de câncer de cabeça e pescoço. A condição bucal inicial ruim,
certamente implica em aumento de gravames periodontais: hiperplasia
gengival, gengiva sangrante, perda óssea, bolsa periodontal, entre outros.
Portanto a adequada explicação para o paciente da sua neoplasia, aliada aos
cuidados quanto á higienização da cavidade oral e a instituição do tratamento
clínico profissional são pilares fundamentais para uma boa resposta tecidual
(STUANI, 2016).

O Meio Bucal é um sítio mais visível das complicações dos tratamentos


de radioterapia, quimioterapia sistêmica. Podendo causar diversas
complicações orais não-infecciosas (ARAÚJO; PADILHA; BALDISSEROTTO.
2007.p. 73). Dependendo do campo da radiação, dose da radiação e da idade
do paciente, pode ocorrer consequências a exemplo de Xerostomia, Cárie de
Radiação, Mucosite, Hemorragia, Perda do Paladar (hipogeusia), Osteorradio-
necrose,Trismo, Neurotoxicidade, Anormalidades do desenvolvimento dentário
infantil (MINISTÉRIO DA SÁUDE, 2018.p.137)
A conduta odontológica aborda inicialmente de forma minuciosa em
todos os dentes antes do paciente começar o tratamento oncológico,
eliminando as condições infecciosas pré-existentes. A Má Higienização que
poderá vim ocasionar aparecimentos de infecções, diante de quadro com
presença de raízes residuais, doença periodontal e lesões periapicais. A
radiografia é importante para diagnosticar e determinar a forma de tratamento
(FIGUEIREDO, et al., 2012. p.38)

Os tratamentos para adequação do meio bucal é estabelecida de acordo


com tipo de câncer que o paciente foi identificado e o método oncoterápico. Em
casos de paciente com Cateter Venoso Central deve-se seguir o protocolo de
Profilaxia Antibiótica proposto por American Heart Association (AHA), o
Cirurgião - Dentista deve-se solicitar ao médico responsável uma avaliação
para executar o procedimento.(ANDRADE,et al,.2009) Quanto aos pacientes
com A Xerostomia orienta-se o uso de gomas de mascar para estimular o fluxo
de salivar, uso de fluoreto e reposições de líquidos (BROCHADO,2014.p.25),
pois à consequências como à redução do fluxo da saliva e alteração da
composição salivar, pode-se acontecer infecções secundárias, que facilita o
aparecimento de microrganismo Candide albicans, deve-se realizar o
tratamento com aplicação de antifúngicos tópicos orais. Em caso de
Osteorradionecrose, promove o uso de tratamento conservador, consistem em
irrigações, descortificações e sequestrectomia.(VACCAREZZA, et al,.2012)

O tratamento para lesões de cáries deve seguir o protocolo estabelecido


de Atraumatic Restorative Treatment (ART).(NAVARRO,et al,.2015).O
cirurgião-dentista deve seguir um protocolo pré-radioterapico minucioso, pois
os cuidados prévios, mantém o periodonto apto para procedimentos de
radioterapia e quimioterapia. Os cuidados preventivos como a remoção do
biofilme e da placa bacteriana, conseguem viabilizar sucesso diante do controle
da doença periodontal. (GALBIATTI et al., 2013). o tratamento é de raspagem
e alisamento radicular, contanto que não possua bolsa periodontal de mais de
6 mm e mobilidade excessiva deve-se fazer a extração dentária para evitar
infecções e complicações futuras. (STEFFENS; MARCANTONIO,2018). A
Mucosite Oral aparece nas primeiras semanas a depender do tratamento
oncoterápico, Cirurgião-Dentista elimina infecção, utilizar clorexidina 0,12%.
O objetivo é promoção de uma correta adequação da cavidade bucal
para prevenir do risco de infecções proveniente das ações de radioterapia e
quimioterapia do câncer de cabeça e pescoço. Identificar as condutas de um
Cirurgião-Dentista em casos de pacientes com câncer de cabeça e pescoço,
abordando os processos prévio, durante e pós-tratamento. Controlar os efeitos
colaterais bucais agudos da quimoterapia e da radioterapia. Prevenir fatores
que possa levar uma Osteorradionecrose pós o tratamento oncológico.
O estudo justifica-se em função da existência de muitos pacientes em
tratamento oncológico na atualidade e suas repercussões na cavidade oral.
Segundo dos dados do INCA, o diagnóstico de neoplasias orais aumenta sua
incidência na sociedade brasileira nos dias atuais e se mantém entre as (dez)
de maior ocorrência nos segmentos masculino e feminino (SILVA, 2017).
Venho a observar a conduta do Cirugião-Dentista partilhadas às experiências.
Constata-se a importância do cirurgião-dentista para o tratamento das
neoplasias bucais, e por isso a relevância da atuação do cirurgião-dentista em
Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço.
2 CONSEQUÊNCIAS DO TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E
PESCOÇO

Os pacientes portadores do câncer de cabeça e pescoço que passam


pelo processo de Quimioterapia e Radioterapia sofrem alterações na cavidade
oral. Alguns efeitos colaterais se apresentam em quadros clínicos como dor
pesistente, dispneia, disfagias e odinofagia, entre outros que afeta a qualidade
de vida. (RIBEIRO,et al,.2012)

Os tratamentos das neoplasias podem causar alterações de caráter


agudo, conforme a malignidade das mesmas, conforme se apresentam na
cavidade oral, a mucosite oral, mudanças na viscosidade e volume da saliva,
disgeusia, candidíase e limitação de movimentos. Entre, os efeitos crônicos,
encontram-se neuropatia, atrofia dos músculos da face e glândulas salivares,
halitose, disfonia, osteorradionecrose, xerostomia, hipossalivação, cáries e
doença periodontal (GONÇALVES, et al,.2018)

2.1 Mucosite

A mucosite oral é uma reação provocada pela radioterapia e


quimioterapia antineoplásicas na mucosa oral. (MARTINS,2018). O grau de
severidade pode causar ulcerações, hemorragia, edema, eritma, disfalgia e
dor. Comprometendo a nutrição, higiene oral e a qualidade de vida.

Diante disso, a mucosite oral é considerado problema de difícil controle


pode-se comprometer a deglutição, ingestão de alimentos, higiene oral e a
capacidade de comunicação, pode-se ocorre a interrupção ou intervalos da
radioterapia com evidente prejuízo ao tratamento. (LOPES, et al,.2006. p.131)
Segundo Gondim et al, (2010), A etiopatogênese da mucosite oral é
pouco conhecida. Entretanto, diante das interação existe vários fatores que
pressupõe para o seu estabelecimento. Esses fatores estão relacionados à
radioterapia que estabelece o nível de radiação, técnicas de planejamento,
volume de tecido irradiado, doses diária e total, esquemas de fracionamento –
que estão descritos conforme a relação dos efeitos aos tecidos normais.

Durante o tratamento da radioterapia e quimioterapia, a mucosite


caracteriza-se inicialmente com áreas de vermelhidão generalizada e progredir
para ulcerações recobertas por uma camada de pseudomembrana, essa
formação se dá por meio da colonização de bactérias que podem ser
classificadas como localizada ou generalizada (MENEZES, et al,.2014)

Fonte: Rev. Bras. Odontol. vol.71 no.1 Rio de Janeiro Jan./Jun. 2014
A incidência e a gravidade da mucosite, dependem da sua localização,
pode variar em função do tipo de quimioterapia, se mono ou poliquimioterapia,
do protocolo empregado e, conseqüentemente, da localização do tumor.
(RIBEIRO, et al,.2008)

O cirurgião-dentista deve seguir o esquema terapêutico para prevenção


e tratamento da mucosite oral. Diante das pesquisas foi comprovado que o uso
de gluconato de clorexidina 0,12% contém propriedades antifúngicas e
antimicrobianas. Essas propriedades podem ser alcançadas (efeitos
fitoterápicos) com o chá de malva (MOZZINI, et al,.2018)

Diante dos tratamentos terapêuticos o uso da clorexidina não deve ser


usado de modo prolongado, pois promove efeitos colaterais e podem ser
citados alteração da coloração das unidades dentárias, descamação reversível
da mucosa, alteração do paladar e aumento dos depósitos calcificados
supragengivais (ALBURQUERQUE, et al,.2010)

Segundo Alburquerque, et al, (2010), existem outros métodos de


prevenção e tratamento da mucosite. Utilização de outros antimicrobianos
como antibióticos, antimicóticos e fitoterápicos, e a laserterapia. O uso de
solução salina à 0,9%, PTA (polimoxina, tobramocina e anfotericina),
antibióticos com antifúngicos e laser de baixa frequência.

2.2 Xerostomia

A xerostomia é o aspecto da boca seca, decorrente do tratamento da


neoplasia. A saliva sofre modificação por causa da radioterapia, pois ocorre a
redução da amilases, capacidade de tampão e pH, o que contribui para
acidificação da boca. Desta forma, os paciente em tratamento de radioterapia
tem a susceptibilidade das doenças periodontais, cáries rampantes e infecções
bucais fúngicas e bacterianas (JHAM ; FREIRE,2006)

A xerostomia ocorre logo nos primeiros dias de radioterapia, devido a


doses de 20 Gy. A saliva passa por alteração tornando mais espessa e
ocorrendo uma diminuição no fluxo salivar. Essas alterações podem persistir
por anos e a recuperação da normalidade depende de cada paciente pois o
percentual da irradiação na glândulas salivares pode variar. Entretanto, pode
ser irreversível, com tendência de recuperação de até cinquenta porcento da
quantidade inicial de saliva, contanto que o volume da parótida irradiada e a
dose final de irradiação fique em valores os mais baixos possíveis (LOPES, et
al,.2006. p.131)

As glândulas salivares quando irradiadas acarretam em disfunção na


saliva chamada de hipossalivação. Diante disso as glândulas salivares passam
por manifestação em diferentes graus de disfunção que pode ter sequelas
persistentes.(PAIM, et al,.2019) Entretanto, existe tratamento que são feitos
para estimular a formação de saliva, por meios mecânicos ou agentes
sistêmicos sendo a pilocarpina , betanecol que são usados durante a
radioterapia para aumentar a capacidades de fluxo salivar (JHAM ;
FREIRE,2006)

Diversas técnicas modernas, caseiras e de consultório,são utilizadas


para recuperação da salivação têm mostrado resultados promissores. Ao
avaliar o potencial mecânico e de frutas cítricas, o fluxo salivar aumenta
significativamente pela associação da mastigação de um pedaço de látex a
uma porção do cítrico acerola ou kiwi (mais sialogogo). Em pacientes jovens e
sem comprometimento sistêmico, chás de camomila e erva mate aumentam o
fluxo salivar, mantendo o pH neutro constante e a capacidade tampão30

As alterações nas glândulas salivares pela radioterapia causa a


destruição do ácinos, provoca atrofia e fibrose granular que modifica a saliva a
qual produz maior viscosidade e espessa prejudicando a sua atuação de
defesa das bactérias. (AQUINO,et al,.(2013)

A adequação da cavidade oral promove a redução de focos de infecção,


pois a saliva é o principal fator que neutraliza a ação metabólica das bactérias,
através de um pH de neutro a básico e a capacidade de neutralizar a produção
de ácidos pelos microorganismos (capacidade tampão).

A saliva é um fluido secretado pela glândula salivares, que tem função


de umidificar a cavidade bucal, proteger a mucosa bucal e dentes, auxiliar na
deglutição, favorecendo a passagem do bolo alimentar pelo trato
digestório, regula ainda o pH do meio bucal, os principais tampões salivares
são mucina, bicarbonato e monofosfato, evitando as lesões produzidas pelo
excesso de ácidos e bases; . (BRETAS, 2008).

O controle da secreção salivar é regulado pelo sistema nervoso


autónomo parassimpático (colinérgico) e simpático (adrenérgico).
(COIMBRA,2009. p. 160) Contribui na saúde e conforto da mucosa e dos
dentes diante da quantidade e qualidade de saliva adequadas.

A saliva é constituída por água (99%) e por uma mistura complexa de


eletrólitos e macromoléculas. Contém a mistura de secreções de todas as
glândulas salivares (maiores e menores), produtos do metabolismo da flora
oral, células microbianas, células epiteliais que sofreram descamação, restos
alimentares, células sanguíneas, secreções creviculares gengivais e secreções
de origem respiratória (GONÇALVES,2015.p15).(Fig. )
Figura:

Fonte:

Adequando o meio bucal, para evitar o risco de complicações diante dos


pacientes com problema sistêmicos (BRETAS,2008). Segundo SOUZA
et al,. (2007), a secreção salivar é induzida por estímulos psíquicos,
mecânicos, físicos, químicos e biológicos, e o fluxo salivar estimulado varia de
1,0 a 1,5 mL/min.

Segundo Freitas et al,.(2011), a saliva é um dos mais complexo e


importantes fluídos do corpo, que supre diante das suas propriedades as
necessidades fisiológicas, sendo produzida noventa porcento pela glândula
salivar maior. Desempenha-se a função de limpeza, proteção da cavidade oral,
além de facilitar a mastigação, neutralização dos ácidos, contribuir na
participação da formação do esmalte, entre outros aspectos que contribui para
o meio bucal.
Existe uma correlação entre a concentração de cálcio salivar e doenças
periodontais, indivíduos com elevada concentração de cálcio salivar são mais
afetados por periodontite; contudo indivíduos podem apresentar periodontite,
alta taxa de cálcio salivar e dentes intactos (livres de cárie) (SOUZA et al.,
2007).

A redução do fluxo salivar propicia o desenvolvimento no ambiente


anaeróbio e que está somada a alta viscosidade da saliva pode-se um fator de
risco para a doença periodontal

Durante o exame físico e clínico, pode ser observado características da


mucosa com a aparência seca, ausência de saliva no assoalho da boca e a
presença de problemas secundários como: infecções das mucosas; cárie
dentária (cervical, superfícies incisais, pontas de cúspide); apresentar
dificuldades na degustação, mastigação, deglutição e fonação; úlcera
traumática na mucosa (QUEIROZ, et al.,2016)

Figura ( ) Aspecto da Xerostomia na cavidade oral

2.3 Osteorradionecrose

A Osteorradionecrose é conhecida por destruição de osteócitos e


ausência de osteoblasto de osso marginal. Foi considerada por Ewing em 1926
como osteíte que é o resultado de altas doses da radioterapia provoca
alterações +sendo hipóxia, hipovascularização tecidual. O índice de incidência
em mandíbula é mais frequente por esta não possuir tanta vascularização e
tecido ósseo mais compacto (LAUXER, et al,.2015).

Considerada uma das mais graves complicações a osterorradionecrose


ocorre através da radioterapia aplicada nos tratamento das neoplasias de
cabeça e pescoço. É uma doença na qual o osso irradiado torna-se
desvitalizado e exposto através da perda da integridade da pele e da mucosa,
persistindo sem cicatrização. Geralmente é acometido na maioria dos casos na
mandíbula, seguida da maxila (ALDUNATE. et al,.2010).

Segundo Aquino et al,.(2013), A osteorradionecrose é a complicação de


extrema severidade que a radioterapia pode apresentar após o tratamento
radioterápico, no período de dois à três anos, expondo o osso exposto na
radiação acompanhado de efeitos como dificuldade mastigatória, trismo,fístula
orais.

Desta forma, observa-se aspectos na cavidade oral, a qual apresenta


áreas na mucosa com presença de ulcerações da mucosa com exposição
óssea, associada a sintomas dolorosos, trismo e diante das radiografias pôde-
se identificar as áreas de reabsorção e neoformação seqüestro ósseo, resulta o
diagnóstico de osteorradionecrose. (CARDOSO, et al,.2005) Figura( ) abaixo

Figura ( ) Osteorradionecrose na mandíbula

Existem fatores que desencadeiam o aparecimento da


osteorradionecrose, sendo relacionados a falta de higiene oral, doença
periodontal, cáries extensas, extrações dentárias, próteses mal adaptadas
(AQUINO, et al,.(2013). Diante dos riscos o cirurgião-dentista deve eliminar
todo o foco de infecção antes do tratamento radioterápico.

Segundo Albunate, et al,.(2010) O tratamento da osteorradionecrose são


realizadas por combinação de medidas conservadoras e ressecção cirúrgica.
Diante das medidas conservadoras, a mais utilizada é a antibioticoterapia
tópica ou sistêmica. Além disso, utiliza-se a irrigação local, oxigenioterapia
hiperbárica e, medicamentos derivados das metilxantinas e antioxidantes.

A osteorradionecrose está classificada em alguns tipos, sendo relatada


por Notami et al em três graus. Store et al, que classificou osteorradionecrose
em quatro estádios, atendendo a critérios clínicos e radiológicos. Epstein et al,
classificadas diante da progressão das lesões. Observa-se na tabela a seguir.

Classificação de ORN segundo Notani et al


Grau I Limitada ao osso alveolar
Grau II Até ao canal dentário inferior
Grau III Ultrapassando o canal dentário, ou com fractura patológica ou fístula

Tabela 1 – Classificação de ORN


Classificação de ORN segundo Store et al
Estadio 0 Apenas defeito da mucosa
Estadio I Evidência radiológica de osso necrótico mas com mucosa intacta
Estadio II Osteonecrose radiológica com osso desnudado intraoralmente
Estadio III Osso radionecrótico exposto clinicamente e por imagiologia, com
presença de fistulas cutâneas e infecção

Tabela 2 – Classificação ORN

Classificação de ORN segundo Epstein et al (4)


Estadio I Resolvida
Estadio II Crónica persistente (não progressiva) *
Estadio III Activa progressiva (sintomáticas) *

* - (A) sem fractura patológica


(B) com fractura patológica Tabela 3 - Classificação de ORN

As condutas odontológicas antes e durante o tratamento de radioterapia


são extremamente importantes, pois existem muitos desafios na terapia
oncoterápica para proteger a cavidade oral de infecções e fatores que possam
causar danos.

Carie por radiação

A cárie dentária pós-radioterapia é considerada um efeito adverso do


tratamento antineoplásico, causado pela relação de diversos efeitos da
radiação que reflete na diminuição do fluxo salivar. Dessa forma, pode-se
ocorre à amputação das coroas e à perda completa dos dentes,
(POZZOBON,et al,.2011).

A cárie desenvolvida em pacientes irradiados com neoplasia de cabeça


e pescoço, ocorre por uma disfunção das glândulas salivares, que causa
alteração do pH e aumento de bactérias cariogênicas devido à radioterapia.
(PAIVA, et al,.2010) Entretanto, a radiação provocada altera os odontoloblastos
que sofre uma diminuição da dentina reacional e torna o esmalte mais indefeso
à cárie (SASSI;MACHADO,2009).

As principais condutas são preventivas, concentradas principalmente no


controle da placa bacteriana e da cárie dentária, por meio da higiene bucal e
uso de flúor (POZZOBON,et al,.2011). Tem sido prescrito forma de prevenção
e controle da cárie por radiação, uma boa higiene oral, uso de bochecho diário
com flúor 0,05%, redução de ingestão de alimentos cariogênicos, e o bochecho
de soluções artificiais de saliva para incentivar à remineralização. Além disso,
as restaurações deve ser provisórias realizadas com o uso de cimento
ionômero de vidro (PEIXOTO,et al,.2017,p.231)

Candidíase

A candidíase bucal é causada por crescimento de fungos da espécie


Candida. Esse aumento na formação é concedido pelas mudanças histológicas
emitido pela radiação, que provoca a formação de mucosite e interferem na
qualidade e quantidade da saliva (POZZOBON,et al,.2011).

A radioterapia provoca alteração de forma seletiva na microflora oral,


que causa o aumento da colonização por Candida durante o processo de
tratamento. Acrescenta-se também as drogas citotóxicas e imunosupressivas
utilizadas na quimioterapia (PAIVA,et al,.2010) A colonização da mucosa bucal
pode-se encontrar em noventa e três porcento dos pacientes, a infecção por
Candida pode ser observadas em dezessete à vinte e nove porcento dos
pacientes submetidos à radioterapia (JHAM;FREIRE,2006,p.706).

As manifestações são caracterizada por placas brancas e aveludadas na


mucosa da boca e língua e podem ser acompanhadas de dolores e ulcerações
(POZZOBON,et al,.2011) Segundo Paiva et al (2010,p.49) a infecção por
Candida se caracteriza pela presença de placas brancas, cremosas na língua e
na mucosa bucal que ao removida com raspagem, causa uma superfície
desnuda, dolorida e ulcerada. Em pacientes em tratamento oncológicos,
quando associa-se candida à mucosite, produz um desconforto que leva a
perda do estado nutricional causada pela diminuição da ingestão de alimentos
líquidos e sólidos.

O tratamento da candida consiste o uso de antifúngicos tópico (Nistatina)


ou sistêmicos (Azole) (SASSI;MACHADO,2009). A indicação de conduta no
manejo da candidíase é utilizado medicamentos antifúngicos por via
sistêmica (POZZOBON,et al,.2011). Entretanto, Paiva et al (2010,p.50) utiliza
método de prevenção e tratamento das infecções fúngicas com realização de
procedimentos através da utilização de antifúngicos locais ou sistêmicos como
o fluconazol38 e anfotericina B39, e uso de bochechos com suspensão oral de
nistatina.

Trismo

O trismo ocorre quando os músculos do sistema mastigatório estão nos


campos de radiação e sofrem uma fibrose. É mais freqüente no tratamento de
lesões na nasofaringe, seio maxilar e palato. Essa reação pode ser
apresentada no período de três a seis meses após o tratamento radioterápico.
O trismo caracteriza com limitação de abertura bucal que dificulta na
manutenção da higiene oral, na fala e na nutrição, na reabilitação oral. (PAIVA,
et al,.2010)

Ainda segundo Paiva, et al (2010) o trismo pode ser prevenido ou


reduzidos com orientação adequada e fisioterapia diária, através de exercícios
mecânicos para abertura de boca, durante cinco ou seis vezes ao dia. É
extemamente importante a inclusão da fisioterapia mastigatória no início da
terapia de prevenção. Existe outras intervenções de tratamentos como são
descritas: uso de aplicação de toxina botulínica, medicamentos, procedimentos
cirúrgicos e terapia direta com uso de dispositivos comerciais ou por meio de
programas com exercícios miofuncionais orais.(MARRAFON,et al,.2017)
3. IMPORTÂNCIA DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO TRATAMENTO
ONCOLÓGICO

O sistema único de saúde, o SUS, promove uma política nacional de


atenção oncológica instituída através da portaria do Ministério da Saúde que
propõe a atuação em ações de promoção, prevenção, tratamento, reabilitação
e cuidados paliativos. A instalação da Unidade de Assistência de Alta
Complexidade em Oncologia (UNACON), um hospital com condições técnicas,
físicas e um corpo clínico para a prestação de assistência especializada,
possibilitam aos pacientes oncológicos um melhor tratamento. Assim, foi criado
o Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) para o
diagnóstico e tratamento de pacientes com câncer (FARIA,2017)

A presença do cirurgião-dentista é extremamente importante na equipe


multidisciplinar do tratamento em pacientes com câncer , em fases prévias à
radioterapia e quimioterapia, para promover um adequado tratamento na
cavidade oral. Ao realizar o monitoramento dos pacientes nas fases anterior,
durante e após tratamento oncológico, ocorre uma diminuição dos riscos de
infecções bucais, o que pode proporcionará uma boa saúde oral e qualidade de
vida (CAMPOS, et al,.2018.p.148).De acordo com Silva (2015) a função do
dentista é atuar junto à equipe médica para prevenir e tratar complicações
bucais decorrentes do tratamento antineoplásico.

O cirurgião-dentista deve estar apto na identificação de lesões


cancerizáveis por meio do exame clínico pode-se ter uma avaliação dos
possíveis fatores de riscos. Além disso, o profissional pode contribuir para o
diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço e facilitar o sucesso do
tratamento oncológico (SANTOS; ALVES; FREITAS,2011).

Procedimentos restauradores, protéticos, endodônticos convencionais


e raspagens podem ser realizados caso haja necessidade. É importante
ressaltar que o cirurgião-dentista mantenha uma boa interação com o médico
responsável pelo tratamento oncológico. (FARIAS,2017,p.29)
3.1 CONDUTAS PRÉ TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Os tratamentos de câncer de cabeça e pescoço podem causar reações


advindas, do risco de infecções bucais e doenças oportunistas podem
acometer a mucosa, unidades dentárias e ligamentos periodontais. Para evitar
estes quadros deve-se realizar procedimentos odontológicos prévios.
(FIGUEIREDO, et al,.2012)

A manutenção da cavidade oral do paciente oncológico submetido a


quimioterapia e radioterapia deve proporcionar uma melhor qualidade de vida
(saúde bucal) para o mesmo. O periodonto deve ser mantido em condições
saudáveis através de procedimentos realizado rotineiramente, antes e durante
o tratamento. A orientação de higiene oral e a capacidade do paciente cooperar
são essenciais para atingir o melhor prognóstico
(ROLIM;COSTA;RAMALHO,2011)

Além disso, o cirurgião-dentista deve avaliar a necessidade de extrações


dentárias, previamente ao tratamento radioterápico. Entre os parâmetros de
avaliação (para determinação da exodontia) estão: a condição dental
(periodontal, endodôntica, dentes impactados), localização dental, importância
do dente na cavidade oral, dose de radiação (a ser submetido o paciente) e o
grau da doença periodontal. (ROLIM;COSTA;RAMALHO,2011). Os dentes
localizados no campo de radiação de alta dose devem- ser extraídos antes da
radioterapia, se não existir possibilidade de restaurações, ou endodôntica ou
se eles têm a doença periodontal moderada ou grave. (FIGUEIREDO, et
al,.2012)

Segundo Figueiredo et al (2012) nos pacientes com histórico de doença


periodontal com grande perda óssea podem ocorrer sérias complicações nas
exodontias pós tratamento oncológico, por isso para se evitar uma possível
osteorradionecrose, a extração dentária prévia ao tratamento radioterápico
estará indicada nos casos em que houver bolsas periodontais maiores do que 6
mm ou maiores do que 4 mm com mobilidade grau
A adequação do meio bucal, diante das restaurações não se devem
realizar com amálgama, por este material emitir radiação secundária o que
pode desenvolver no paciente uma reação liquenóide, pelo contato do
amálgama na mucosa oral. Como opção solucionadora, pode-se utilizar
protetores de polivinilsiloxano, com 5 mm de espessura, para proteger os
dentes com restaurações metálicas, e protetores linguais para reduzir os
efeitos deletérios da radiação. (ROLIM;COSTA;RAMALHO,2011)

É importante a adequação do meio bucal para a boa performance do


tratamento oncológico e por isso uma breve análise de alguns tópicos
bioquímicos e periodontais (pH, efeito tampão) é interessante, além de ser
recomendável analisar alguns quesitos fundamentais (placa bacteriana, doença
periodontal) para uma eficiente adequação da cavidade bucal e por
consequência viabilização da cura do câncer oral. (FIGUEIREDO, et al,.2012)

3.1.1 pH

O pH é um potencial hidrogeniônico, ou seja concentração de íons


hidrogênio (H+) em uma solução. O prefixo “p” significa “logaritmo (decimal)
negativo de”. Portanto, pH é o logaritmo negativo da concentração de H+ em
uma solução. Para entender o grau de concentração do pH, deve-se observar a
escala que oscila entre 0 e 14, sendo mostrada o grau de acidez ou
alcalinidade de uma solução (TENUTA et al., 2001).

Segundo Tortora e Grabowski (2002). A acidez, ou a alcalinidade,de


uma solução é medida pela escala do pH, que concentra 0 a 14. (fig. ). Os
líquidos corporais normais podem variar diante de outros líquidos corporais
com diversas substâncias comuns.

3.1.2 Efeito Tampão

A atuação do sistema tampões converte ácidos e bases fortes em ácidos


e bases fracas. Os ácidos fortes (ou bases) se ionizam, e passam a contribuir
com o H+ ( ou OH-) diante da solução. Os compostos químicos que pode
converter os ácidos e bases fortes em ácidos e bases fraca são chamados de
tampões. (TORTORA; GRABOWSKI, 2002. p.36). Entretanto, Cury et al,
enfatizam que efeito tampão é um sistema usado para evitar que o pH sofra
grandes variações quando adicionado ácido fortes; na saliva o íon carbonato é
o principal tampão deste sistema.

O efeito tampão tem como função manter a estabilidade da cavidade


oral junto com pH, quando o fluxo salivar se encontra reduzido eleva o índice
de complicações na cavidade bucal. Promove a calcificação da placa
bacteriana, gengivite e bolsas periodontais. (MIGUEL; LOCKS;NEUMANN,
2006)

Um sistema-tampão é constituída por um ácido fraco e sua base


conjugada, sendo capazes de evitar grandes variações de pH quando soma
com outros ácidos ou álcalis. O Sistema hipotético contém uma estrutura com
ácidos HA e sua base conjugada A, tem como função eliminar um ácido forte,
mantendo um equilíbrio químico. ( MARZZOCO; TORRES,1999. p. 5)

Segundo Marzzoco;Torres 2007. p.3. Brönsted define ácidos como


substâncias capazes de doar prótons e bases como substâncias capazes de
recebe-lo, ou seja, o sistema tampão tem como manter o equilíbrio do pH. Além
disso são soluções que resistem às modificações de pH quando adicionada
uma quantidade pequena de um ácido forte ou de uma base forte. (OLIVEIRA;
SILVA; TÓFANI, 2010)

Dessa forma (OLIVEIRA; SILVA; TÓFANI, 2010) relata que as


variações de pH ocorridas nas soluções tamponadas são insignificantes
quando comparadas às variações nas soluções não tamponadas. Por
conseguinte, essas soluções são utilizadas para manter constante o pH de um
sistema e para preparar soluções de pH definido.

O controle da placa bacteriana consiste em formas de prevenção


e remoção (da mesma), suas armas mais poderosas são as escovas dentais e
os meios de limpeza interproximal, isto é, as escovas interproximais e os fios
dentais (GEBERT et al., 2002).

3.1.3. Placa Bacteriana

Entende-se por Placa Bacteriana, as colônias de bactérias de (aspectos


amolecidos) aderidas na superfície rígida das unidades dentárias, também
conhecida como Placa Dentária, (...) “ É clinicamente definida como uma
substância estruturada, resiliente, amarelo - acinzentada, que se adere
firmemente às superfícies duras intraorais, incluindo restaurações removíveis e
fixas.’’ (CARRANZA,2011. p.260).

A estrutura da placa é constituída de materiais orgânicos e inorgânicos.


Ainda segundo Carranza (2011), entre os constituintes orgânicos,
polissacarídeos, proteínas, glicoproteínas, lipídios e como principais
inorgânicos: cálcio e fósforo e traços de sódio, potássio e flúor. As bactérias
se aderem às superfícies dentárias mediante uma série de interações
que envolvem a superfície a ser colonizada, a microbiota e o meio ambiente
líquido (ELEY;SOORY;MANSON;2012 p.)

As macromoléculas hidrofóbicas são adsorvidas pelas superfícies,


formando um filme condicionante chamada de película adquirida, esta aumenta
a quantidade de bactéria na superfície revestida. Criando comunidade de
microorganismos (LINDHE,2010)

Ainda de acordo com Lindhe, 2010, alguns microorganismos parecerem


estar aptos a crescer em colônias. Nunes et al., 2007 enfatizam “desta forma,
farão parte de comunidades permeadas por canais com a função de trazerem
nutrientes e levar catabólitos”.

O comportamento da placa dentária se mantém por relações de forças


físicas, cujo adesão que se concentram de bactérias se aderem á superfície
molhada, muitas bactérias tem estruturas protéicas, como fimbrias que facilitam
na adesão (NUNES et al., 2007).
O processo da formação da placa bacteriana é resultado do complexo
de fatores físicos, químicos, biológicos, e atua para uma colonização de
bactérias constantes e organizadas (ELEY;SOORY;MANSON;2012. p.22).
Deste modo, as bactérias gram-positivas e gram-negativas são propícias a
causar danos na cavidade oral.

As bactérias Gram-positivas e Gram-negativas são consideradas as


principais causas de perda dentária (CORTÉS et al., 2010). Decorrente, do
acúmulo da placa dentária reflete em fatores de risco o que aumenta a perda
óssea e o risco de perda das unidades dentárias.

Os fatores de retenção naturais influenciam na formação da


placa bacteriana. Constata-se que a fixação da placa ocorre de forma
mecânica, diante do cálculo dental (supra e sub-gengival), áreas de furca
concavidades, apinhamento, entre outras aspectos que impossibilitam sua
remoção pela higiene oral (WOLF et al.,.2004 p.26).

A placa supra gengival é localizada na margem gengival ou acima dela e


pode estar em contato direto com a margem gengival. No entanto, pode ser
formada placa na região sub gengival, que se encontra abaixo da margem
gengival, entre o dente e o tecido sulcular gengival (ELEY; SOORY; MANSON;
2012).

De acordo com Carranza, a gengivite pode acometer os ligamentos


periodontais, causando alteração da cor da gengiva, hemorragia e edema. A
progressão do acúmulo de placa pode levar ao cálculo dentário que consiste
em placa bacteriana mineralizada na superfície dos dentes, pode-se localizar à
margem da gengiva considerada como ‘’cálculo supragengival’’, ou abaixo do
bordo da gengiva marginal chamado de ‘’cálculo subgengival’’
(CARRANZA,2011).

A placa primária formada inicialmente na película localizada na


superfície dentária contém espécies de Streptococcus e Actinomyces nas
primeiras horas. (Doyle et al apud, Eley;Soory;Manson;2012 p.23) A maturação
da placa forma-se através da placa secundária, havendo o crescimento e
desenvolvimento das bactérias gram-negativos da espécies
de Neisseria e Veillonella. Ocorrendo alteração metabólica e crescimento de
outras espécies de bactérias, incluindo Prevotella.

O crescimento da placa se estabelece em camadas espessas, pode


ser observada clinicamente a superfície dentária amarelada ou cinza,
proveniente da má higienização. O acúmulo da placa ao dente modifica os
aspectos gengivais causando doença periodontal (ELEY;SOORY;MANSON;
2012).

Entretanto, a doenças periodontais como a gengivite e periodontite só


ocorre se tiver a evolução, maturação e calcificação da placa que são fatores
fundamentais da agressividade que acarretar em danos nas unidades
dentárias, ligamentos periodontais (ELEY;SOORY;MANSON;2012)

3.1.4. Doença Periodontal

A doença periodontal é proveniente de infecções crônicas produzidas


majoritariamente por bactérias gram-negativas, causadas por acúmulo de placa
no interior dos tecidos periodontais. A doença se localiza em sítios específicos
e pode evoluir em períodos de exacerbação e de remissão. Decorrente, da
resposta imunoinflamatória que causa dano tecidual (CAMARGO et al., 2016).

‘’ A doença periodontal é uma infecção crônica, multifatorial associada


a micro-organismos anaeróbios.’’ (ABREU et al., 2010, f.). Em concordância
com (STEFFENS; MARCANTONIO,2018), que afirmam ser doença
periodontal “ inflamação crônica multifatorial associada com
biofilme disbiótico e caracterizada pela destruição progressiva do aparato de
inserção dental”.

A doença periodontal caracteriza-se por uma inflamação localizada nas


fibras colágenas e de fixação à superfície radicular, que ao progredir pode-se
ocorrer a formação de bolsas periodontais e reabsorção do osso alveolar, que
causa mobilidade dental e subsequente perda do mesmo (AZEVEDO, et
al,.2018)

No que se refere a etiologia, doenças periodontais ocorrem por meios


de distúrbios inflamatórios conhecidos como gengivite e periodontite, sendo
causada por uma microbiota do aspecto patogênico no biofilme subgengival. A
progressão das bactérias causa perda nos tecidos conjuntivos de suporte, osso
alveolar e formação de bolsas periodontais. Esses fatores são provenientes da
produção de citocinas e quimiocinas pelo epitélio juncional, a qual aumenta a
permeabilidade dos capilares gengivais.

Para melhor entender o assunto abordado, embasou-se na


classificação periodontal ‘’Proceedings do Workshop Mundial’’ do ano de 2017.
Há diferentes métodos de avaliação da gengivite, diferenciada da periodontite
que é identificada se tiver perda de inserção clínica (PIC). Diante destas
considerações, o workshop mundial de 2017 estabeleceu os seguintes critérios
para definição de um caso de periodontite: 1) presença de
PIC interproximal em pelo menos 2 sítios não adjacentes ou 2) presença de
PIC em face vestibular ou lingual de pelo menos 3mm, associada a
Profundidade de Sondagem (PS) superior a 3mm em pelo menos 2 sítios
(BARBOSA et al., 2018).

A divisão de identificação da periodontite se caracteriza em tipos


de Estágios e Graus. Para todos os estágios observa-se a extensão,
considerando que a periodontite localizada atinge menos que 30% dos dentes
afetados e a generalizada mais de 30% dos dentes. Sendo estágio classificado
de (I a IV). A classificação do grau, reflete conforme evidência ou risco da
progressão da doença e os efeitos na saúde sistêmica avaliada em graus de (A
a C) (MARCANTONIO et al., 2018).

Diante de doenças periodontais, é realizado raspagem e alisamento


radicular, e esta é sempre caracterizada como uma resposta inflamatória
geralmente de natureza crônica, daí a importância de um melhor entendimento
do processo inflamatório.

3.1.5. O processo inflamatório

A inflamação, ou resposta inflamatória, é considerada como uma


cascata complexa de manifestações fisiológicas, que atua na proteção dos
tecidos e órgãos do corpo. Em resposta, a cascata atua inibindo os
mecanismos de progressão dos danos no local da agressão, entretanto possa
ter efeitos deletérios quando ocorre de forma exacerbada (BILATE, 2007).

De modo geral, a manifestação da resposta desencadeada por micro-


organismos e tecidos danificados não serve somente para eliminar esses
agentes lesivos, como também, a estimulação aos processos de reparo
(ABBAS et al., 2008) Ativando as células de defesas como os leucócitos, que
desempenha-se nesse processo diante de atividades imunes e alternâncias
sucessivas de reações anabólicas e catabólicas (BALBINO et al.,2005).

A inflamação é uma resposta protetora direcionada para eliminar a


causa inicial das lesão nas células e tecidos necróticos que resulta da condição
normal. Inflamação realiza sua função protetora diluindo, destruindo ou
neutralizando os agentes nocivos. Consequentemente cicatrizam e reparam os
sítios de lesão (ABBAS,et al 2008)

3.2 CONDUTA DURANTE TRATAMENTO ONCOLÓGICO

Diante do que foi visto, alguns problemas bucais podem acometer


pacientes em tratamento de radioterapia em região de cabeça e pescoço,
portanto deve-se conhecer alguns métodos de tratamentos para cada reação
adversa apresentadas na cavidade oral. Durante o procedimento do tratamento
oncológico, o cirurgião dentista deve-se orientar o paciente para que, as
reações adversas do tratamento antineoplásico tenham probabilidade reduzida
de ocorrer na cavidade bucal e o debilite de forma local e sistêmica.
(SOUZA,2014)

É de extrema importância que se mantenha uma frequente e correta


higienização. Deve-se evitar traumas na mucosa bucal e o uso de próteses mal
adaptadas. Além disso, a prevenção da cárie e o controle da placa bacteriana
devem ser realizados por meio da aplicação de géis ou soluções fluoretadas
que estabeleça o pH neutro (SOUZA,2014). A clorexidina 0,12% pode ser
usada uma vez ao dia durante dois minutos por diminuir a infecção secundária.
(ROLIM;COSTA;CAMARGO,2011)

Entretanto, Rolim; Costa; Camargo (2011) relatam que é proposto


durante o tratamento a aplicação de gel de fluoreto de sódio 1% neutro,para
uso diário, em moldeira individual, por cinco a dez minutos. O uso dos géis
acidulados não é recomendado (em função da sensibilidade da mucosa, neste
momento). No entanto, o uso de solução fluoretada 1,0% a 1,1%, uma vez por
semana, por um minuto, ou solução fluoretada 0,05%, duas vezes ao dia, por
um minuto sob forma de bochechos. A escovação com gel de fluoreto
estanhoso 0,4% que permite uma boa e eficaz resposta em cáries de radiação,
além disso, deve-se evitar o uso devido à baixa concentração de flúor e o pH
ácido. O verniz fluoretado 22.600 ppm de flúor, pode ser utilizada duas a três
vezes por semana em paciente pediátrico.

Os tratamentos usados na mucosite, na maioria das vezes, incluem


terapêuticas profiláticas na tentativa de aliviar a sintomatologia dolorosa
(SOUZA,2014). São usados enxaguatórios bucais integrado com anestésico,
como o bochecho com gel de lidocaína 2%, trinta minutos antes das refeições;
bochecho com solução salina de bicarbonato de sódio - 1 colher de sopa em ¼
copo com água; chá de camomila entre outros, são utilizados para aliviar a dor.
(KROETZ & CZLUSNIAK, 2003).

Existem outros métodos de tratamento da mucosite como bochechos


dos sais de alumínio (sucralfato e Maalox®), citocinas (interleucina-11),
glutamina citoprotetores e antioxidantes, (PAIVA et al., 2010); betametasona,
benzidamida, ácido acetilsalicílico, polimixina E, drogas imunomoduladoras,
lozenges, tobramicina, bochechos com hidróxido de alumínio e magnésio,
bochechos com gluconato de clorexidina a 0,12% ; antiinflamatórios, laser por
terapia de baixa potência, glutamina e crioterapia, entre outros, também são
indicados. O uso da laserterapia, é aplicada para redução da dor e do edema e
acelera a reparação das ulcerações quando estiverem presente
(KROETZ&CZLUSNIAK, 2003; ALBURQUERQUE& CAMARGO, 2004)

Segundo Rolim; Costa; Camargo (2011), a laserterapia é uma opção


indicada para o tratamento da mucosite, uma vez que a luz laser estimula a
atividade celular, facilita a liberação de fatores que levam a evolução de
macrófagos e a proliferação de queratinócitos, desenvolve a população e a
degranulação de mastócitos e propicia a angiogênese. Diante disso, os efeitos
reduzem o tempo no processo de cicatrização de feridas devido a inflamação
aguda. Além disso, a aplicação diária do laser diminui a intensidade, a
gravidade e a duração da mucosite, além de reduzir a dor e a administração de
morfina

O tratamento da xerostomia é sintomático (paliativo) (FREITAS et al.,


2011). Para o mesmo podem ser prescritos lubrificantes bucais e/ou saliva
artificial e ingestão líquidos frequentemente (SASSI & MACHADO, 2008). Com
o intuito da ação sistêmica levar ao aumento do fluxo salivar, utiliza-se a
Pilocarpina via oral por cinco vezes ao dia até obter a dose diária de 30 mg em
casos severos (FREITAS et al., 2011).

O procedimento do tratamento da cárie caracteriza-se em higienização


bucal bastante rigorosa, incluir profilaxias periódicas, aplicação tópica de flúor
diariamente. Pode ser feito uso de soluções para bochecho e em forma de gel
liberado por meio de moldeira (1% de Fluoreto de dio gel, com 4.500ppm,
aplicados cinco vezes ao dia). Se a lesão de cárie for estabelecida, deve-se
remove-la e restaurar. Caso o processo da cárie tenha provocado a destruição
de toda coroa e comprometa a polpa, deve-se fazer tratamento endodôntico e
deixar a raiz sepultada no alvéolo para possível confecção posterior de prótese
fixa., deve-se evitar exodontias. (SOUZA,2014)
O tratamento da osteorradionecrose consiste em higiene bucal rigorosa
para realizar posterior desbridamento de tecido mole e remoção das espículas
ósseas (osso com necrose). Pode-se utilizar antibióticos (Ciprofloxacina),
irrigação com clorexidina 0,2% e a terapia de oxigênio hiperbárico (SASSI &
MACHADO, 2008). No caso de se comprometer grandes áreas ósseas e de
tecidos moles, que apresenta fístulas e fenestrações, o tratamento é feito
realizado de ressecção óssea (SOUZA,2014)

Em casos de infecções bucais deve-se fazer o uso de antifúngico tópico


como Nistatina (pó ou suspensão) ou sistêmico como Azole (SASSI &
MACHADO, 2008). Os bochechos com antifúngicos tópicos como a nistatina,
clortrimazol, cetoconazol e clorexidina (clorexidina não deve ser associar a
nistatina para que não ocorrer sua inefetividade). Utilizar clorexidina 0,2%, no
mínimo 30 minutos antes ou após o uso de qualquer agente antifúngico tópico .
Para o trismo preconizam-se exercícios de fisioterapia diariamente,
aplicação de calor úmido e em alguns casos pode-se utilizar relaxante
muscular, admite-se ainda o uso do laser de baixa .

Protocolo

O tratamentos oncológicos, como a quimioterapia, têm como objetivo


principal eliminar as células cancerosas. Entretanto, a maioria dos agentes
quimioterápicos não destrói de forma seletiva, elimina-se tanto as células
malignas quanto as normais, desta forma o sistema imunológico debilita a
formação de novas células. (MARTINS, et al,.2018)

Uma abordagem multidisciplinar é de extrema importância para se evitar


gravames durante o tratamento oncoterápico, os cuidados odontológicos deve-
se incluir desde o início do tratamento da neoplasia. Portanto, um
entendimento do protocolo inicial dos cuidados odontológico é recomendado.
Conforme feita a avaliação prévia do tratamento realiza-se a anamnese
solicitando o histórico médico do paciente. Diante do exame clínico
odontológico que deve ser realizado de modo criterioso, avaliando a história
odontológica para o planejamento de cuidados preventivos. (FIGUEIREDO,et
all., 2012)

Segunto Souza, et al,. (2013) o Cirurgião-dentista deve seguir o


protocolo de tratamento antes, durante e pós tratamento oncológico. Para
eliminar fatores de complicação durante todo o processo do tratamento da
neoplasia. um boa adequação no meio bucal é imperiosa.

Em relação as complicações do tratamento radioterápico, verificou-se a


necessidade de instituir um protocolo de atendimento aos pacientes com
neoplasia na região de cabeça e pescoço.

Os pacientes, devem ser submetidos a consultas odontológicas para a


instrução a respeito dos efeitos da radiação ionizante sobre as estruturas
bucais. O protocolo inclui extrações dentárias, endodontias, restaurações,
periodontia, próteses fixas. (Sassi; Machado,2009. p.208)

3.3 - CONDUTAS PÓS TRATAMENTO

 O que se faz no CEO (extrações após 1 ano , endodontia, periodontia,


dentisteria prótese (observando compatíveis níveis sanguíneos)
 Complicações advindas do procedimento de QT e RT (radionecrose)

Entretanto, dentes apresentando bolsa periodontal maior que 6 mm ou


mobilidade excessiva podem ser extraídos, para evitar fontes infecciosas,
fatores que possa ter complicações futuras conforme a realização de exodontia
após a radioterapia, aumenta-se o risco de osteorradionecrose (MEDEIROS, et
al,.2014)
Discussão

O cirurgião-dentista atua em um papel primordial na prevenção do


câncer de boca, basicamente aos níveis de prevenção primária e secundária,
ao propor ações que facilita a identificação de pacientes que pertence ao grupo
de risco e realizar práticas que busquem o diagnostico precoce das lesões
suspeitas. (FREITAS,et al,.2011)

Os profissionais da área odontológica desempenham papéis importantes


antes, durante e após o tratamento frequente do câncer, para tratar e prevenir
eficientemente as possíveis complicações orais. Profissionais de odontologia
capacitados e experientes apresentam grande importância para a equipe
multidisciplinar de oncologia. Os mesmos podem desempenhar um papel na
prevenção e redução de complicações orais mediante a uma educação do
paciente, a fim de melhorar a higiene oral, nutrição, diminuição do consumo de
álcool e tabaco, profilaxia adequada, tratamento de doenças dentárias,
tratamento de complicações orais e detecção prévia de malignidades na
cavidade oral (SANTOS;CARVALHO,2018)

Precisa modificar

Desta forma, é evidente a importância do cirurgião-dentista no


diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço e a importância do conhecimento
que se deve ter sobre a doença (SANTOS,2014). A inserção do cirurgião-
dentista é extremamente importante na equipe oncológica no cuidado de
pacientes infanto-juvenis em todas as fases da doença, procede nas
resoluções das manifestações bucais, na tentativa de reduzir os efeitos
adversos da quimioterapia e radioterapia, para melhorar a qualidade de vida
dos pacientes (CAMPOS,et al,.2018)

A intervenção do cirurgião-dentista envolve diversos níveis de


prevenção, além de ser responsável também pela criação e articulação de
políticas e práticas que reduzam a exposição aos fatores de risco e introduzam
na população uma consciência quanto à importância da prevenção e do
diagnóstico precoce do câncer11. No âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), a atenção primária à saúde é um espaço privilegiado para essas ações
de promoção de saúde12, tais como as de controle dos fatores de risco, de
diagnóstico precoce do câncer bucal e de assistência à saúde.

Nesse ínterim, o serviço odontológico prestado na atenção primária à


saúde inclui uma atuação na comunidade pautada em ações preventivas e de
educação em saúde, podendo ser direcionadas ao câncer bucal. Por essa
razão, uma habilidade esperada dos cirurgiões-dentistas inseridos na atenção
primária à saúde seria a de possuir conhecimento adequado para a
implementação de medidas práticas que visem à prevenção, controle e
diagnóstico precoce do câncer bucal. Todavia, como tal fato não do bem
esclarecido no Brasil, o presente estudo objetivou identificar conhecimentos e
comportamentos de cirurgiões-dentistas inseridos na atenção primária à saúde
quanto ao câncer de boca

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