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INTRODUÇÃO À PATOLOGIA APLICADA propostos.

Ademais, identifica características


como: tamanho do tumor, tipo do tumor, grau
Pathos: sofrimento; Logos: estudo. A Etiologia do tumor.
investiga as causas das doenças, a Patogenia diz ● Core biopsy: nome do procedimento de
respeito ao mecanismo de formação das lesões - a coleta de material das mamas, feito por meio
sequência de respostas das células ou tecidos aos de agulha grossa. Método utilizado como parte
agentes etiológicos, desde o estímulo inicial ao final do exame de biópsia mamária, visando a
da doença. análise e identificação de alterações
A Patologia contribui nos diagnósticos médicos e na sugestivas de câncer de mama.
orientação para a melhor terapia. 2. DIAGNÓSTICOS CITOPATOLÓGICOS
● Patologia clínica: área especializada da ● Punção aspirativa com agulha fina (PAAF):
medicina laboratorial que realiza diagnósticos tem por finalidade obter células para pesquisa
a partir de técnicas químicas, físicas, de neoplasias ou processos inflamatórios. É
físico-químicas, biológicas e morfológicas. uma técnica minimamente invasiva de
❖ Exames de sangue, urina, fezes. / obtenção de células de órgãos e tecidos,
Laboratórios de bioquímica, principalmente para acessar diretamente
parasitologia, bacteriologia, micologia, órgãos superficiais (como linfonodos, tireoide
imunologia. e mama). Para órgãos com estruturas
● Patologia cirúrgica: realiza o diagnóstico das profundas, é utilizada a punção biópsia por
doenças a partir de exames de células e agulha grossa, guiada por ultrassom ou
tecidos, as chamadas peças cirúrgicas. tomografia. O material coletado na punção
Fornece laudos (para que os médicos clínicos aspirativa para análise citológica poderá ser
e cirurgiões decidam os tratamentos mais enviado em esfregaços e/ou líquidos.
efetivos) com grande riqueza de detalhes, o ● Esfregaços celulares: consiste em espalhar
que proporciona ao médico solicitante saber, uma gota do material biológico a observar
com a maior precisão possível, a dimensão e sobre uma lâmina de vidro formando uma fina
a gravidade da doença. película para uma melhor observação ao
❖ Exames de Histopatologia e microscópio.
Imunohistoquímica, biópsias e exames → Colpocitologia oncótica (Papanicolau): esfregaço
citológicos. / Retiradas de tumor. cervicovaginal, é a principal estratégia para detectar
● Patologia geral: estudo das reações precocemente lesões precursoras do câncer de colo ou o
próprio câncer. As células que podem estar presentes na
presentes em células e tecidos em
amostra são as representativas dos epitélios do colo do
decorrência de uma doença. Analisa as útero: células escamosas, células glandulares (não inclui o
reações básicas, portanto, não realiza a epitélio endometrial), células metaplásicas. Para garantir boa
análise das reações específicas. representação celular do epitélio do colo do útero, o exame
citopatológico deve conter amostra do canal cervical,
❖ Hipóxia, anóxia, hipertrofia, atrofia,
preferencialmente, coletada com escova apropriada, e da
hiperplasia. ectocérvice, coletada com espátula tipo ponta longa. As
● Patologia sistêmica: área voltada para as alterações celulares benignas (reativas ou reparativas) ou
respostas específicas que ocorrem em órgãos metaplasia escamosa imatura ou indicando reparação devem
e tecidos em decorrência de uma determinada também seguir o rastreamento citológico rotineiro.
doença. ● Imprint celular: procedimento em que se
1. DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS coloca a área lesionada do tecido em contato
● Biópsia incisional: remoção de um fragmento com a superfície de uma lâmina de vidro lisa,
da lesão junto com o tecido normal. Indicada de forma semelhante ao procedimento para se
para lesões com alta suspeita de malignidade obter impressão digital. As células superficiais
ou muito extensas. da lesão passam para a superfície da lâmina
● Biópsia excisional: remoção de toda a lesão de vidro e podem ser observadas ao
com o tecido normal ao redor. Indicada para microscópio.
→ Cell-block: técnica usada na pesquisa de células
lesões sem suspeita de malignidade ou pouco
neoplásicas, na classificação de neoplasias ou em pesquisa
extensas. de microrganismos. O material coletado de lesões passíveis
● Exame histopatológico ou de aspiração é preparado de forma a garantir o melhor
anatomopatológico: laudos decorrentes das aproveitamento das células aspiradas durante a manobra da
punção, diminuindo a dispersão celular dos esfregaços
biópsias, que podem variar de paciente para
citológicos tradicionais em que a presença de hemorragia e a
paciente, pois variam de acordo com os testes escassa celularidade tornam o método, por vezes,
disponíveis e utilizados para os casos insatisfatório. A técnica aumenta a sensibilidade na detecção
de componentes celulares, particularmente nos casos de ❖ SVO (Serviço de Verificação de Óbitos)
amostras celulares diminutas.
- investiga óbitos de causas naturais.
❖ IML (Instituto Médico Legal) - investiga
óbitos de causas não naturais
(violência, acidentes, suicídios ou
suspeitos).

DECLARAÇÃO DE ÓBITO (D.O.)


Documento padrão para coleta de informações sobre
● Líquidos corporais (pesquisa de células mortalidade, subsidiando as estatísticas
neoplásicas): as amostras em geral são epidemiológicas brasileiras. Atende ao Art.77 da Lei
colhidas em um frasco (urina, sêmen) ou 6.015/73 → Cartórios de Registro Civil → Certidão de
inserindo uma agulha em uma cavidade do Óbito → liberação de sepultamento e outras medidas
corpo e aspirando o líquido com uma seringa legais.
(líquido cefalorraquidiano, líquido pericárdico). ● 1ª Via é
Depois da colheita, podem ser feitos diversos encaminhada para
Secretarias de
exames, incluindo bioquímicos, microscópicos
Saúde
e exames para doenças infecciosas.Para ● 2ª Via é a
alguns líquidos corporais, como líquido pleural, designada à família
pericárdico ou peritoneal, é importante para entregar ao
determinar se o líquido é um transudato ou um Cartório do
Registro Civil para
exsudato, o que ajuda o diagnóstico da
finalidades legais.
doença presente. ● 3ª Via continua na
3. EXAME DE CONGELAÇÃO posse dos
Tem início com a retirada de um fragmento de tecido hospitais para
anexagem de
ou órgão lesado no qual haja dúvida diagnóstica, ou
documentação
seja, impossibilidade de reconhecer a olho nu se a médica dos
doença (usualmente câncer) compromete o órgão ou pacientes.
tecido em questão. Durante o exame, o patologista A D.O. é composta por nove blocos de variáveis:
congela a amostra da lesão obtida pelo cirurgião, ● Cartório: se destina a colher informações
utilizando-se um criostato a -20ºC. O material sobre o cartório do registro civil onde foi
congelado é então seccionado, em um micrótomo, em registrado o falecimento. O preenchimento
delgadas fatias micrométricas que são estendidas em deste bloco é de exclusividade do Oficial do
lâmina de vidro para então serem coradas. Em Registro Civil.
seguida, o patologista examina, no microscópio ● Identificação: se destina a colher informações
óptico, a lâmina corada e consegue determinar, na gerais sobre a identidade do falecido e dos
maioria das vezes, a natureza da lesão. O fragmento pais, em caso de óbito fetal ou de menor de
estudado é sempre encaminhado, posteriormente, um ano.
para o processamento convencional de fixação e ● Residência: foi desmembrado do Bloco
inclusão em parafina, como acontece com todas as Identificação dos modelos anteriores, por
biópsias e peças cirúrgicas. De acordo, agora, com o questões operacionais, embora esta variável
diagnóstico anatomopatológico estabelecido pelo faça parte do conjunto de identificação do
patologista, o cirurgião ajusta, modifica, a conduta falecido
intra-operatória de modo a favorecer o paciente. ● Ocorrência: foi desmembrado do Bloco de
● Indicado para determinar a natureza da lesão - Identificação, dos modelos anteriores.
benigno ou maligno. Destina-se a colher informações sobre o local
● Indicado para definir a margem cirúrgica. (área física e não geográfica) onde ocorreu o
● Indicado quando a opinião do Patologista óbito.
poderá alterar a conduta do cirurgião. ● Óbito fetal ou menor de um ano: se destina
4. DIAGNÓSTICOS POST-MORTEM a colher informações sobre a mãe, no que se
● Autópsias/Necropsias: examinação de um refere à idade, grau de escolaridade,
cadáver a fim de determinar a causa e o modo ocupação, gestação, tipo de parto e peso do
de sua morte. filho ao nascer. Deve ser obrigatoriamente
preenchido em casos de óbito fetal ou óbito ● Lei 6.015/73 dos Registros Públicos - Art. 77
em menor de um ano. (Parágrafo 2): cremação de cadáver somente
● Condições e causas do óbito: se destina a será feita daquele que houver manifestado a
qualificar as condições e causas que vontade de ser incinerado ou no interesse da
provocaram o óbito. Contempla o modelo saúde pública e se o atestado de óbito houver
internacional de Atestado de Óbito adotado sido firmado por 2 (dois) médicos ou por 1
pela OMS, desde 1948. O preenchimento (um) médico legista e, no caso de morte
deste bloco é de responsabilidade exclusiva violenta, depois de autorizada pela autoridade
do médico e deverá ser preenchido para judiciária.
qualquer tipo de óbito, fetal ou não fetal. ● Lei 6.015/73 dos Registros Públicos - Art. 81:
● Médico: se destina a colher informações o finado desconhecido (um indigente, por
básicas sobre o médico que assina a exemplo), o assento deverá conter declaração
Declaração de Óbito (DO). de estatura ou medida, se for possível, cor,
● Causas externas: se refere às causas sinais aparentes, idade presumida, vestuário e
externas de óbito (nos modelos anteriores era qualquer outra indicação que possa auxiliar de
o Bloco VI). As informações relativas às futuro o seu reconhecimento; e, no caso de ter
mortes violentas e acidentais (não naturais) sido encontrado morto, serão mencionados
são de grande importância epidemiológica e esta circunstância e o lugar em que se achava
são um complemento ao Bloco VI. e o da necropsia, se tiver havido.
● Localidade sem médico: deverá ser Neste caso, será extraída a individual
preenchido no caso de óbitos ocorridos em dactiloscópica, se no local existir esse serviço.
localidades onde não exista médico. Neste Depois, encaminhar ao IML para identificação.
caso, seu preenchimento ficará a cargo do ● Lei 6.015/73 dos Registros Públicos - Art. 88:
Cartório de Registro Civil. poderão os Juízes togados admitir justificação
→ D.O. deve ser preenchida para todos os óbitos. Para para o assento de óbito de pessoas
óbitos naturais não ocorridos em estabelecimentos de saúde, desaparecidas em naufrágio, inundação,
deve se seguir as seguintes regras: causas naturais e com
incêndio, terremoto ou qualquer outra
assistência médica = D.O. preenchida pelo médico
acompanhante; causas naturais sem assistência médica em
catástrofe, quando estiver provada a sua
localidades com médico = SVO preenche a D.O.; causas presença no local do desastre e não for
naturais em localidades que não haja médico = Cartório, com possível encontrar-se o cadáver para exame.
responsável ciente e 2 testemunhas acompanhantes. ● A responsabilidade legal de todos os dados
À D.O. cabe algumas condições burocráticas: contidos na D.O. é do médico. (Resolução
● É vedado ao médico expedir documento CFM nº 1779/2005, Art. 1)
médico sem ter praticado ato profissional que Deve-se sempre encaminhar ao IML: acidentes de
o justifique, que seja tendencioso ou que não qualquer natureza, homicídios por qualquer meio,
corresponda à verdade. (Art. 80 do Código de suicídios por qualquer meio, picadas de animais
Ética Médica) = vedado ao médico expedir peçonhentos, suspeita de Intoxicação Exógena,
uma D.O. sem ter acompanhado o paciente. suspeita de Overdose, falecimento em instituição
● É vedado ao médico atestar óbito quando não carcerária, corpos em estado avançado de
o tenha verificado pessoalmente, ou quando putrefação, corpos sem identificação, circunstâncias
não tenha prestado assistência ao paciente, suspeitas, engasgos acidentais, fraturas
salvo, no último caso, se o fizer como não-patológicas ou causas externas que deram início
plantonista, médico substituto ou em caso de a adoecimento.
necropsia e verificação médico-legal. (Art. 83 Nos óbitos perinatais:
do Código de Ética Médica) ● Se nasceu vivo - fazer Declaração de Nascido
● É vedado ao médico deixar de atestar óbito de Vivo e a D.O.
paciente ao qual vinha prestando assistência, ● Se nasceu morto - emitir apenas a D.O. (só é
exceto quando houver indícios de morte obrigatória se IG ≥ 20 semanas ou Peso ≥ 500g ou
violenta. (Art. 84 do Código de Ética Médica) Estatura ≥ 25 cm).
● É vedado ao médico atestar para obter-se
vantagem. (Art. 81 do Código de Ética Médica)
● Lei 6.015/73 dos Registros Públicos - Art. 77:
PATOLOGIA UTERINA
nenhum sepultamento será feito sem certidão O colo uterino compreende a porção vaginal externa
do oficial de registro do lugar do falecimento (ectocérvice) e o canal endocervical. A ectocérvice é
ou do lugar de residência. visível no exame vaginal e é coberta por um epitélio
escamoso contínuo com a parede vaginal.
A endocérvice é revestida por um epitélio colunar por alergias ou traumas, mas também pode ocorrer
secretor de muco. O ponto onde o epitélio escamoso pelo HPV.
e o colunar se encontram é chamado de junção Infecciosas: são específicas, pois se sabe o agente
escamocolunar. A posição da junção varia e muda etiológico. Chlamydia - corrimento branco e muito
com a idade e a influência hormonal, mas em geral a prurido, gera Salpingites que podem causar
junção sobe ao longo do canal endocervical com o infertilidade -, Trichomonas - corrimento esverdeado e
tempo. A substituição do epitélio glandular pelo bolhas, dor pélvica crônica e pode estar associada a
avanço do epitélio escamoso é um processo chamado Clamídia ou vaginose -, Candida, Neisseria, HSV-2
de metaplasia escamosa. A área do colo uterino (Herpes simples), alguns tipos de HPV.
onde o epitélio toca o epitélio escamoso é chamada
de zona de transformação. As células epiteliais
metaplásicas escamosas imaturas na zona de
transformação são mais suscetíveis à infecção por
HPV, e como resultado disso, é onde se desenvolvem
as lesões e cânceres precursores cervicais.

Vaginose bacteriana: vaginite não específica, é a


mais comum das vaginites. É causada por uma
alteração na flora vaginal normal, com diminuição na
concentração de lactobacilos e predomínio de uma
espécie de bactérias sobre outras, principalmente a
Gardnerella vaginalis. Não tem inflamação associada,
JUNÇÃO ESCAMO-COLUNAR
geralmente ocorre por alteração de pH vaginal, há a
presença de cocobacilos e corrimento com odor de
peixe podre.

Pólipo endocervical: alterações benignas e comuns


1. CERVICITES na endocérvice do colo do útero. São projeções da
A cervicite é uma inflamação do colo do útero. mucosa para dentro da luz e podem sofrer displasia.
Não infecciosas: cervicite aguda (pouco comum) e A maioria é assintomática, mas alguns provocam
crônica (muito comum) e inespecífica. A cervicite sangramento vaginal. O diagnóstico é por exame
crônica afeta principalmente as mulheres em idade pélvico. O tratamento é por polipectomia, geralmente
fértil, e diferente da cervicite aguda que pode ser em um procedimento ambulatorial simples.
causada por infecções sexualmente transmissíveis,
como clamídia, gonorreia, tricomoníase ou herpes
genital, a cervicite crônica normalmente é causada
estão associados nos carcinomas de células
escamosas que surgem em muitos outros locais,
incluindo a vagina, a vulva, o pênis, ânus, tonsilas
palatinas e outros locais da orofaringe. Os HPV’s de
baixo risco são a causa das verrugas vulvares,
perineais e perianais transmitidas sexualmente
(condiloma acuminado).
Os HPVs infectam as células basais imaturas do
epitélio escamoso em áreas de ruptura epitelial ou
células escamosas metaplásicas imaturas presentes
Cistos de Naboth: as glândulas mucosas (glândulas na junção escamocolunar. Os HPVs não infectam as
de Naboth) no colo uterino podem ficar cheias de células superficiais escamosas maduras que
secreção devido ao bloqueio no ducto ou passagem recobrem a ectocérvice, a vagina e a vulva. O
da glândula. Conforme as secreções se acumulam, estabelecimento da infecção por HPV nesses locais
um nódulo arredondado e liso pode se formar sob a requer lesão do epitélio superficial, permitindo o
superfície do colo do útero e se tornar grande o acesso do vírus às células imaturas da camada basal
suficiente para ser visto ou sentido durante um do epitélio. O colo uterino, com suas áreas
exame. Cada cisto aparece como uma elevação relativamente grandes de epitélio escamoso
pequena e branca, como uma pústula. Os cistos metaplásico imaturo, é particularmente vulnerável à
podem ocorrer isoladamente ou em grupos e, embora infecção por HPV.
não sejam uma ameaça à saúde, são indicativos de Neoplasia Intraepitelial Cervical - NICs (Lesões
infecção passada ou recente ou de irritação no colo Intraepiteliais Escamosas): o sistema de
do útero. São mais comuns em mulheres em idade classificação mais antigo classificava as lesões como
reprodutiva, especialmente naquelas que já tiveram apresentando displasia leve em uma extremidade e
filhos. displasia/carcinoma grave na outra. Isto foi seguido
pela classificação de neoplasia intraepitelial cervical
(NIC), com a displasia leve chamada de NIC I, a
displasia moderada de NIC II, e a displasia grave
chamada de NIC III. O sistema de classificação de
três níveis foi simplificado recentemente para um
sistema de dois níveis, com NIC I renomeada para
lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL,
do inglês, low-grade squamous intraepithelial lesion) e
NIC II e NIC III combinadas em uma categoria
citada como lesão intraepitelial escamosa de alto
grau (HSIL, do inglês, high-grade squamous
intraepithelial lesion).
→ Lesões NIC são áreas que possuem displasia, porém
restritas ao epitélio, ou seja, não invadiram o estroma.

2. CÂNCER CERVICAL
As HPVs de alto risco são de longe o fator mais
importante no desenvolvimento do câncer de colo
uterino. Há 15 HPVs de alto risco atualmente
identificados, mas o HPV-16 sozinho representa
quase 60% dos casos de câncer cervical, e o
HPV-18, outros 10% dos casos; outros tipos de
HPV contribuem individualmente para menos do
que 5% dos casos. Os HPVs de alto risco também
→ CARCINOMA: deriva-se da ectocérvice (90% dos casos); ● Adenocarcinoma cervical: forma agressiva
ADENOCARCINOMA: deriva-se da endocérvice (10% dos do câncer, onde o estroma fica bem denso.
casos).
● Carcinoma escamoso bem diferenciado: já
houve invasão, observa-se queratina no colo
do útero e a célula ainda possui função de
célula escamosa.

3. ENDOMETRITES
A cavidade interna do útero é revestida pelo
endométrio, composto por glândulas em meio a um
estroma celular.
Aguda: (infiltrado neutrofílico) rara e limitada a
● Carcinoma escamoso moderadamente infecções bacterianas originadas após o parto ou
diferenciado: não queratiniza mais, células aborto. Produtos de concepção retidos constituem o
são hipercromáticas, desmoplasia (estroma fator predisponente usual; os agentes causadores
diferente como resposta invasiva). incluem estreptococos hemolíticos do grupo A,
estafilococos e outras bactérias. A resposta
inflamatória é limitada principalmente ao estroma e é
totalmente inespecífica.

● Carcinoma escamoso pouco diferenciado: Crônica: (infiltrado linfoplasmocitário) identificação de


células bizarras. plasmócitos no estroma, ocorre em associação com
DIP, tecido gestacional retido, pós-parto ou
pós-aborto, dispositivos contraceptivos intrauterinos,
tuberculose (que causa a endometrite
granulomatosa).
4. ADENOMIOSE provavelmente representam o que sobrou de
Adenomiose é a presença das células do endométrio pólipos anteriormente hiperplásicos.
infiltradas no miométrio (músculo uterino). É uma Raramente, adenocarcinomas surgem no
doença benigna e não está relacionada ao câncer interior de pólipos endometriais.
uterino. Apresenta menorragia, dismenorreia e dor ● Hiperplasia endometrial: causa importante
pélvica como alguns dos sintomas. de sangramento anormal, e uma precursora
→ Sangramento Uterino Anormal (SUA): padrão de frequente dos tipos mais comuns de
sangramento que não é consistente com parâmetros do ciclo
carcinoma endometrial. É definida como um
menstrual normal (frequência, regularidade, duração e
volume). Causas podem variar (como mostra a tabela).
aumento da proliferação das glândulas
endometriais relativas ao estroma, resultando
em maior proporção de glândulas para
estroma em comparação ao endométrio
proliferativo normal. Estudos sustentam o
potencial maligno da hiperplasia endometrial e
o conceito de uma sequência contínua de
lesões glandulares proliferativas, culminando,
em alguns casos, em carcinoma. Está
associada à estimulação estrogênica
prolongada do endométrio.
❖ Hiperplasia típica: a característica
primordial é o aumento da relação
5. ENDOMETRIOSE
glândula-estroma. As glândulas
A Endometriose é definida como as glândulas
mostram variação em tamanho e
endometriais e o estroma fora do útero. O tecido
forma, e podem estar dilatadas.
endometrial “ectópico” pode passar por ciclos de
Embora focalmente possa haver
sangramento. Os locais mais comuns de
glândulas justapostas (back-to-back),
endometriose estão dentro da cavidade abdominal,
uma certa quantidade de estroma
nas estruturas pélvicas, mas ela é ocasionalmente
persiste. A hiperplasia típica pode
encontrada em locais distantes, como a cavidade
evoluir para atrofia cística quando o
peritoneal. Ademais, são raros os casos de ocorrência
estrogênio é retirado.
para linfonodos, pulmões, coração e ossos.
❖ Hiperplasia atípica: glândulas estão
Várias teorias (regurgitação, metaplasia, metástase e
comumente justapostas e
origem das células-tronco) são propostas para
frequentemente têm contornos
explicar a distribuição da endometriose. Ela
complexos devido às estruturas
comumente resulta em dismenorreia grave, dor
ramificantes. As células se tornam
pélvica intensa, dispareunia, disúria e infertilidade
arredondadas e perdem a sua normal
(devido às cicatrizes ovarianas). A Endometriose
orientação perpendicular em relação à
pode ser precursora de carcinoma (carcinoma
membrana basal. Além disso, os
endometrioide e de células claras). O seu diagnóstico
núcleos possuem cromatina aberta
definitivo é o histopatológico.
(vesicular) e nucléolos evidentes. A
5.1. LESÕES PROLIFERATIVAS DO ENDOMÉTRIO
hiperplasia atípica é associada com um
● Pólipos endometriais: são massas exofíticas
aumento no risco de carcinoma
de tamanho variável que se projetam para a
endometrial.
cavidade endometrial. Podem ser únicos ou
múltiplos e geralmente são sésseis. Podem
ser assintomáticos ou podem causar
sangramento anormal, se sofrerem ulceração
ou necrose. Estudos sugerem que o estroma
dos pólipos são neoplásicos. As glândulas nos
pólipos podem ser hiperplásicas ou atróficas, e
podem ocasionalmente demonstrar alterações
secretoras (pólipos funcionais). Os pólipos
podem tornar-se hiperplásicos em associação HIPERPLASIA TÍPICA (SEM ATIPIA)
com a hiperplasia endometrial generalizada.
Os pólipos atróficos, que em grande parte
ocorrem em mulheres na pós-menopausa,
6. TUMORES DO MIOMÉTRIO
● Leiomioma uterino: neoplasias benignas de
músculo liso, são o tipo de tumor mais comum
em mulheres. São tumores bastante
circunscritos, nítidos, arredondados, firmes,
fusiformes, de cor cinza-esbranquiçada,
variando em tamanho de nódulos pequenos,
pouco visualizáveis, a tumores volumosos,
que preenchem a pelve, com característico
HIPERPLASIA ATÍPICA, com aumento adicional na aglomeração padrão turbilhonado dos feixes de músculo
das glândulas, e características citológicas anormais (fig. 1). Além liso. Apresenta como principais sintomas:
de maior aumento da hiperplasia atípica exibindo núcleos sangramento aumentado e dor pélvica.
vesiculosos, arredondados, com nucléolos proeminentes (fig. 2).
Podem ser: intramurais, localizados no meio
● Carcinoma endometrial: câncer invasor do
do miométrio; submucosos, localizados mais
trato genital feminino mais comum.
próximos ao endométrio; ou subserosos,
❖ TIPO I (Endometrióide): tipo mais
localizados mais próximos do perimétrio
comum, maioria bem diferenciada.
(peritônio).
Surgem tipicamente nas condições de
Não há atipia e nem grande atividade mitótica.
hiperplasia endometrial (“carcinomas
endometrioides "). Pode tomar a forma
de um tumor polipoide localizado, ou
de um tumor que infiltra difusamente o
revestimento endometrial
❖ TIPO II (Seroso): ocorre em mulheres
que são em torno de 10 anos mais
velhas do que aquelas com os
carcinomas tipo I e geralmente surgem
● Leiomiossarcoma: os leiomiossarcomas
no contexto de atrofia endometrial. São
(tumores malignos do músculo liso) são
pouco diferenciados e o subtipo mais
tumores miometriais incomuns de alta
comum é o carcinoma seroso, citado
malignidade, que geralmente surgem de novo.
deste modo devido à sua sobreposição
As células tumorais são irregulares no
morfológica e biológica com os
tamanho e possuem núcleos hipercromáticos.
carcinomas serosos do ovário. Há atipia, mitoses e necrose.

CARCINOMA INVASIVO DO ENDOMÉTRIO

CARCINOMA TIPO II envolvendo um pólipo endometrial


PATOLOGIA MAMÁRIA Estas alterações fibrocísticas podem ocorrer por
alterações hormonais e não são lesões proliferativas.
→ Metaplasia apócrina: alterações onde células glandulares
mais se parecem glândulas de suor.

3. NEOPLASIAS BENIGNAS
● Fibroadenoma: nódulo benigno de mamas,
Nas mamas, teremos as células ductais - que estarão
pode surgir em pacientes adolescentes ou as
ao redor dos ductos - e as células mioepiteliais/basais
que têm menos de 30 anos de idade,
- que estarão localizadas mais externamente e são
apresentando-se como um “carocinho” que
responsáveis pela contração do ducto. No diagnóstico
pode ser sentido de forma mais notável
de câncer (Carcinomas) não há a presença de células
durante a menstruação ou mesmo durante
basais.
uma gestação. Há proliferação celular com
1. ADIPONECROSE
clonalidade e é uma lesão bifásica, pois tanto
Lesão das células lipídicas que extravasam o seu
o estroma como as glândulas estão se
conteúdo e este gera reações inflamatórias do tipo
proliferando.
“corpo estranho”. É resultado de um trauma prévio.

→ Microcistos com metaplasia apócrina: alteração


fibrocística + fibroadenoma, forma uma massa bem
delimitada, com citoplasmas grandes e claros à visão
micro-histológica.
2. ALTERAÇÕES FIBROCÍSTICAS DA MAMA
● Cistos: formados pela dilatação dos lóbulos e
podem coalescer para formar grandes cistos.
Calcificações são comuns e podem ser
detectadas pela mamografia, tornam-se
preocupantes quando são solitários e firmes à
palpação.
● Fibrose: frequentemente os cistos se
rompem, liberando seu conteúdo para o
estroma adjacente. A inflamação crônica e a
fibrose secundárias contribuem para o aspecto
nodular na palpação da mama (estroma ● Adenose esclerosante: muito tecido
fibroso). glandular concentrado e endurecido. Estroma
● Adenose: aumento no número de ácinos por se prolifera, fica denso e comprime os ácinos.
lóbulo. Normal na gravidez, nas não-grávidas Não dá para visualizar nitidamente as células
pode ocorrer como alteração focal. basais (microscopicamente).
● Hiperplasia ductal atípica: proliferação clonal
de células monomórficas distribuídas, onde as
células do centro do ducto são iguais às
células da margem e não tiveram maturação.
Núcleos muito grandes. Pode evoluir para um
carcinoma ductal in situ.

● Papiloma intraductal: acontece nos ductos


grandes próximos aos mamilos. Nasce de
lesões proliferativas e consiste em uma
hiperplasia bem acentuada que faz projeções
papilíferas. 4. CARCINOMAS
Neoplasia maligna extracutânea mais comum em
mulheres, perdendo apenas para o câncer de pulmão
como causa de mortes por câncer.
Carcinoma ductal SOE (Carcinoma mamário) e
Carcinoma lobular = importantes para estudo.
● Carcinoma ductal in situ: proliferação clonal
de células epiteliais malignas, limitadas aos
ductos e lóbulos pela membrana basal.
● Carcinoma ductal invasivo: proliferação
clonal de células dentro de ductos e lóbulos
que crescem de uma maneira não coesa,
geralmente devido à perda da proteína de
● Hiperplasia ductal usual: por meio da adesão tumoral E-caderina. O termo “lobular”
proliferação das células epiteliais luminais foi usado para descrever essa lesão porque a
(que revestem internamente os ductos), célula se dissemina mas não altera os
resultando em ductos terminais com várias espaços envolvidos, e, portanto, a arquitetura
camadas celulares. O tipo usual é lobular subjacente é preservada.
caracterizado por heterogeneidade celular, ● Carcinoma lobular in situ: maioria dos casos
contendo tamanho e forma das células mostra uma perda bialélica da expressão
variáveis, mostrando um padrão de CDH1, o gene que codifica a E-caderina.
crescimento irregular, mas sem características Devido à perda de E-caderina, o carcinoma
explícitas de malignidade. lobular não é coeso e geralmente estimula
pouca resposta desmoplásica.
● Carcinoma lobular invasivo: se forma nas
células da mama que produzem leite,
chamadas de lóbulos. Enquanto o câncer de
mama que ocorre nas células dos ductos
lácteos e/ou do mamilo é classificado como
carcinoma ductal.
CARCINOMA DUCTAL IN SITU, com área cribiforme
CARCINOMA LOBULAR INVASIVO, com cordões de
(parece uma peneira). Ainda tem células basais. É o mais
células invadindo o estroma sem moléculas de adesão.
comum
São vários ductos neoplásicos pontiagudos

CARCINOMA DUCTAL INVASIVO, com estroma bem


denso (desmoplasia)

CARCINOMA IN SITU, com áreas de necrose

5. CÂNCER DE MAMA
77% dos casos são em pacientes acima dos 50 anos.
Outros fatores de risco são: menarca precoce (maior
exposição ao estrogênio), menopausa tardia,
nuliparidade ou gravidez tardia, radioterapia prévia,
carcinoma de mama contralateral, carcinoma de
endométrio, obesidade, parentesco de 1º grau com
portadoras de câncer de mama.
● Câncer de mama hereditário: mutação nos
genes BRCA1 e BRCA2 (genes supressores
de tumor) - risco de 60% a 85% de ter câncer
de mama. Pacientes se apresentam com
câncer em média 20 anos antes da faixa etária
CARCINOMA LOBULAR IN SITU, menos comum esperada. Tumores tendem a ser pouco
diferenciados
● Sinais e sintomas: nódulo palpável e indolor -
no momento em que se torna palpável > 50%
dos pacientes apresentam metástase axilar,
nódulos axilares palpáveis, linfedema (devido
compressão dos vasos linfáticos), descarga
papilar, pele em “casca de laranja”.
● Diagnóstico: método citopatológico por PAAF
(curta limitação) e método histopatológico por
Core-biopsy (melhor opção), mamotomia,
nodulectomia ou biópsia de pele.
PATOLOGIA PROSTÁTICA
PRÓSTATA NORMAL: apresenta 3 zonas - central,
de transição (afetada pela Hiperplasia prostática
benigna) e periférica (onde a maioria dos cânceres
surgem). Na microscopia, apresentam estroma (M.
Liso com receptores alfa-adrenérgicos), células
acinosas, células basais e projeções intraluminais.

● Manifestações clínicas relacionadas com a


obstrução do trato urinário inferior, como
urgência, frequência aumentada, hesitação,
fluxo com interrupção intermitente, jato fraco,
nictúria, além de risco de ITU, bexigoma e
hidronefrose.
● Tratamentos: inicialmente, administrar
1. PROSTATITES inibidores da 5-alfa-redutase, como a
Inflamação da próstata, podendo ser de natureza Finasterida, e antagonistas
infecciosa ou não e se apresentar de forma aguda ou alfa-1-adrenérgicos, como a Tansulosina,
crônica. Geralmente, causada pelos mesmos agentes
etiológicos que os das ITUs (E. coli e demais gram Doxazosina e Prazosina. Em casos mais
negativos). graves, tratamento cirúrgico como a
Apresentam sintomas como urgência, frequência Ressecção Transuretral da Próstata (RTU).
aumentada, hesitação, fluxo com interrupção 3. CARCINOMA DA PRÓSTATA
intermitente, jato fraco, nictúria e dor no períneo. Além Apresenta ampla variação na história natural, embora
disso, pacientes apresentam toque retal doloroso.
o principal fator de risco seja a idade elevada (> 50
2. HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA - HPB
anos). Incidência maior em negros e pacientes com
Hiperplasia nodular, com proliferação do epitélio
glandular e do estroma. Surge na zona transicional histórico familiar.
interna e a incidência aumenta com a idade. Os ● Patogenia: androgênios, hereditariedade,
sintomas obstrutivos provêm da hiperplasia somada à fatores ambientais e mutações somáticas
contração do M. prostático liso. adquiridas. Obesidade pode potencializar o
● O crescimento excessivo é dependente de risco de câncer de próstata avançado.
androgênio - aqui, a di-hidrotestosterona
(DHT) que advém da Testosterona e é
convertida pela enzima 5-alfa-redutase.
● Escore de Gleason: escala que classifica a
gravidade do carcinoma a partir da morfologia
dos ácinos alterados (essa morfologia possui
graus de 1 a 5 - sendo o último, o mais grave).
❖ Graus 1 e 2: descontinuados - a
maioria pode ser Hiperplasia
Adenomatosa Atípica.
❖ Grau 3: glândulas pequenas e
anguladas, porém separadas, bem
formadas (ainda há estroma).

GLEASON 5 com área de Comedonecrose


❖ A biópsia prostática contém 12
fragmentos e a maioria dos tumores
visualizados contém mais de um
padrão.
❖ Grau dominante + secundário = Escore
de Gleason (vai de 6-10).

❖ Grau 4: glândulas coalescentes ou


fusionadas (bem juntas, tem ácinos).

❖ Grupos prognósticos: GRUPO 1 -


Gleason 6; GRUPO 2 - Gleason 7
(3+4); GRUPO 3 - Gleason 7 (4+3);
GRUPO 4 - Gleason 8; GRUPO 5 -
Gleason > ou = 9.
● Cerca de 70-80% dos carcinomas surgem nas
glândulas prostáticas e a toque retal são
nódulos duros e irregulares. Alguns podem ser
pequenos, assintomáticos e não palpáveis.
● Antígeno prostático específico (PSA total)
até 4 ng/mL significa normalidade. Entre 4 e
10, deve-se fazer a relação PSA livre/PSA
❖ Grau 5: células isoladas (células
total e, se maior que 20-25%, demonstra risco
soltas, sem formar ácinos) ou
de malignidade.
comedonecrose (necrose central, pode
● Diagnóstico deve ser feito por toque retal ou
haver ácinos).
USG transretal ou biópsia por agulha.
● Estágios iniciais não apresentam sintomas
obstrutivos.
● Estágios avançados apresentam infiltração
local (uretra, bexiga, tecidos moles, reto) com
dor lombar e pélvica, hematúria, sintomas
obstrutivos, compressão de medula espinhal
(perda de força em MMII, constipação e/ou
incontinência urinária e fecal).
● Pode evoluir para metástases em linfonodos e
ossos (mais comum), fígado, pulmões e cérebro.
● Tratamento: vigilância ativa, prostatectomia
radical, radioterapia. No metastático,
anti-androgênios, agonistas LRHR,
orquiectomia.

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