Você está na página 1de 46

UFPEL – VETERINÁRIA

CLÍNICA CIRÚRGICA II (EAD)


Profº Eduardo Ventura (Vulgo perfeição)
E-mail: venturavet2@yahoo.com.br

CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES

Objetivo da cirurgia: reduzir contaminação ao máximo para utilizar atb ao mínimo.


Tratar sempre o que leva mais risco a vida do paciente.
Anêmico: mais susceptível a infecção
Índice de infecção hospitalar ideal: 0,5 a 1%
Na medicina veterinária as infecções são frequentes, com elevada mortalidade. Escolha no
tratamento é muito problemática (falhas na administração, crenças, fácil acesso a atm)

Infecções por:
• Staphylococcus spp.: agente regular da pele dos animais; infecções ocorrem quando esse agente
entra em contato com os tecidos do paciente: quebra de assepsia
o cirúrgico: campo furou, Backhause fixada onde havia pelo;
o ambulatorial: antissepsia mal feita – quando for fazer punção venosa e não fizer antissepsia
direito
• E. coli.: contaminação fecal. Higienização mal feita.

Por que evitar infecções? Para que o animal não tenha mais problemas que àquele cujo o levou a estar ali.
Por que utilizar racionalmente atm? ATM não é vacina. Pode-se usar de forma profilática durante a
cirurgia (ar, por mais limpo que seja, é contaminado).
 Não necessita de atm pós operatório:
▪ OSH em paciente saudável
▪ Parto natural
▪ Fixação óssea de fratura com pinos
▪ Queimaduras super recentes (30 minutos da queimadura)1
▪ Na dúvida: acompanhar → depois de 24h avaliar a ferida.

*tecido de granulação: rico em neovascularização → não usar atm


→ Neutrófilos: segmentados → infecção localizada; bastonados → infecção sistêmica

 Utilizar atm pós operatório:


▪ Idosos (possuem imunidade deprimida)
▪ Cancer (deprime imunidade) Sempre usar
▪ Cirurgias que ultrapassem 90 minutos (O risco de infecção duplica a cada 90 minutos de
procedimento)
▪ Procedimentos cardiovasculares (disseminação de uma possível contaminação ocorre
muito rápido)
▪ Queimaduras não recentes/ tecido desvitalizado (mas aí não é profilática, vai ser terapia
atm)
▪ Fatores importantes para decisão de utilizar atm: idade animal, tempo cirúrgico.
▪ Gastrostomia/ inserção de tubos (*cada tubo inserido no paciente aumenta em 10% o risco
de infecção)
*Pleurite tendem a ser mais fácil de tratar que peritonites.

1
Bactérias demoram de 4 a 6 horas para colonizar um tecido.

Aline Bervian - 1
UFPEL – VETERINÁRIA

Primeiras decisões de uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar:


• Início da campanha de lavagem das mãos: funcionários, visitantes.
• Técnica de lavagem das mãos (ambulatorial):
o Abrir torneira → pegar sabonete líquido → esfregar
a palma das mãos → dorsos → entre dedos →
polegares → nós dos dedos → sob unhas →
punhos → secar com papel toalha → usar esse
papel para fechar torneira.

• Determinação dos ATM de uso liberado e restrito: reuniões


de padronização;
o liberados: amoxicilina, penicilina, sulfas,
Enrofloxacina;
o restritos: cefalosporinas, azitromicina (necessário apresentar cultura e antibiograma)

• Tipos de lixeiras:
o Branco: infectante
o Amarelo: perfurocortante
o Preto: orgânico não infectante (erva mate)
o Azul: reciclável (plásticos que não tiveram contato com paciente)

A: resíduos potencialmente infectantes (sondas, curativos, luvas de procedimento – tudo que entrou em
contato com o paciente) → descartados em lixeiras revestidas em sacos brancos | ou vermelhas quando
exigir tratamento específico;
B: resíduos químicos (reveladores e fixadores de raio x, medicamentos) → descartados em galões
coletores específicos;
C: resíduos radioativos (originados de radioterapia) → descartados em caixas blindadas;
D: resíduos comuns (frascos e garrafas pet vazias, copos, papel toalha) → descartados em lixeiras
revertidas com sacos pretos (orgânicos) ou azuis (reciclável)
E: resíduos perfurocortantes (agulhas, lâminas de bisturi, frascos e amplas de medicamentos quebrados →
descartados em coletores específicos.

Formas simples de prevenir infecções hospitalares


Reforço em todos os procedimentos de antissepsia e assepsia
• Ambulatoriais:
o Campanha de lavagem das mãos
o Uso de luva de procedimento (uma pra cada procedimento/ paciente)
o Manejo de isolamento (não deixar que equipes de diferentes setores se cruzem: evitar
contaminação cruzada)
• Cirúrgicos

Higienização hospitalar
• 1º remoção grosseira de sujidades

Aline Bervian - 2
UFPEL – VETERINÁRIA

• 2º água e sabão: lavar (remoção mecânica)


• Última etapa: desinfetante (hipoclorito)

Separação e destino de cadáveres e resíduos hospitalares

➔ Basta que um não faça o correto e o esforço de todos resultará em vão!

INFECÇÕES CIRÚRGICAS

BIOLOGIA DAS INFECÇÕES CIRÚRGICAS

Barreiras naturais
Primeira linha de defesa
• Pele
Forma mecânica
Forma química: ácidos graxos (bactericidas)

• Trato respiratório
IgA
Cílios

• Saliva e lágrimas
IgA
Lavagem mecânica

• Vagina
Leucocitose

• Flora bacteriana normal


Controle intrínseco entre bactérias

Segunda linha de defesa


• Meio extracelular
o Processo inflamatório
Serotonina São agentes quimiotáxicos (atraem células
Histamina inflamatórias para o local);
Bradicinina Aumentam permeabilidade vascular (facilitando
marginação vascular)

• Permeabilidade vascular
o Marginação vascular
Leucócitos conseguem fazer diapedese

• Neutrófilos
Fase inicial da infecção
Segmentados (+ velhos): mais comuns
Bastonados (+ jovens)
Iniciam a fagocitose da bactéria ou CEs

Aline Bervian - 3
UFPEL – VETERINÁRIA

• Macrófagos
Chegam mais tarde, caso essa infecção seja difícil de se combater
Possuem vida mais longa
Fagocitam neutrófilos mortos (neutrófilos morrem de tanto fagocitar bactérias, acabam rompendo
e formando o pus)
Sensibilizam linfócitos regionais para que seja produzido ac específico
Tentam fagocitar qualquer CE que não seja célula, mesmo que muito maior que eles mesmo.
Nisso, juntam-se vários tentando fagocitar e acabam morrendo, formando pus/ fístulas.

Situações que favorecem a instalação de infecção cirúrgica


• Doença cirúrgica primária;
• Complicação de procedimentos cirúrgicos comumente não associados à infecção
o Ex.: orquiectomia de cão saudável
1. Ele tinha infecção pré operatória que não foi detectada nos exames;
2. Erro equipe cirúrgica (ocorreu quebra de assepsia cirúrgica por exemplo);
• Complicação de procedimentos de suporte
o Ex.: sondagem uretral
o Flebotomia jugular
o Procedimentos de emergência geralmente infeccionam porque não há tempo de preparar o
paciente
• Implantação de prótese (telas, placas)
o É formado um biofilme ao redor da prótese no qual o sistema imune não consegue chegar

Resistência orgânica
Fatores sistêmicos
• Idade
o Jovens: síntese de proteínas ainda não é plena
o Idosos: não tem mais capacidade de sintetizar
• Estado de nutrição
o Magros: não tem proteína e energia suficiente pro sistema imune funcionar
o Gordos: tem muita massa corpórea com relação a quantidade sanguínea
• Diabetes melito
o Cicatrizam lentamente
• Adrenocorticoesteróides
o São antinflamatórios
• Choque
o Queda da PA
• Irradiação
o Implantes radioativos para controle de neoplasias
• Malignidade
o Neovascularização local para o tumor → falta sangue pro SI
• Queimaduras
o Além de destruição tecidual, dor intensa ocorre perda de liquido extensa → hematócrito
aumenta muito
• Anestesia geral
o Dificuldade da marginação dos leucócitos

Fatores locais
Aline Bervian - 4
UFPEL – VETERINÁRIA

• Estado
o Anatômico
o Fisiológico

• Cirurgião
o Técnica
o Dedicação
o Tempo operatório

Relação bactérias x resistência orgânica


Nº de bactérias por unidade de tecido e a resistência orgânica
- 105 ou 106 microrganismos/ g de tecido
- 105 ou 106 microrganismos/ mL de liquido biológico
Por isso, reduz-se ao máximo possível, através de assepsia, tricotomia, lavagem. Dessa forma, quando
conseguir-se manter o número abaixo do mínimo necessário para causar infecção, o organismo do
paciente será capaz de lidar com essas poucas bactérias.

A penetração da bactéria, exige um nível bacteriano. Pra que comece a colonizar e se reproduzir, são
necearias 5horas (4-6h);
Para que ocorra a manifestação da infecção: 24h

Diminuição da perfusão da ferida


Preservar vascularização
Remover tecidos desvitalizados, sempre que possível (desbridar o leito da ferida até tecido ficar
vermelho, brilhante e sangrante).
*Tecido morto é 100x mais susceptível a infecção
• Utilização de fio inadequado (muito capilaridade...)
• Suturas muito apertadas
• Corpos estranhos (esquecer gazes, instrumental)
• Esmagamento tecidual (pinçamento)
• Mau uso do termocautério (utiliza-se na potência para cauterizar/ obliterar vaso sanguíneo e não
para carbonizar tecido)

Diagnóstico da infecção cirúrgica


• Hipertermia
Diferente de febre:
Intensidade do trauma
Tempo transcorrido
Normal: 1-2 °C
Acima de 3 dias → averiguar complicações

Classificação das intervenções cirúrgicas de acordo com a contaminação bacteriana


❖ Cirurgia limpa
Índice de infecção de 0 a 4.4%
Eletivo
Cicatrização por 1ª intenção
Ausência de dreno, trauma, infecção e quebra de assepsia
Ex.: orquiectomia

❖ Cirurgia de baixa contaminação

Aline Bervian - 5
UFPEL – VETERINÁRIA

Índice de infecção de 4.5% a 9.3%


Invasão de tratos: respiratório, gênito-urinário, gastrintestinal
sob condições controladas
Em extravasamentos
Ex.: retirada de CE gástrico, intestinal. OSH

❖ Cirurgia Contaminada
Índice de infecção de 5.8% a 28.6%
Intervenção em: ferida aberta (com menos de 4h de evolução) e tecido com inflamação não
purulenta
Extravasamento de conteúdo digestivo
Maior quebra de assepsia
Trato biliar e urinário
Contaminadas

❖ Cirurgia infectada ou suja


Feridas traumáticas:
Tecido desvitalizado
Corpo estranho
Contaminação fecal
Ferida aberta (com mais de 5h de evolução)
Vísceras perfuradas (esfaqueados, baleados...)
Contaminação bacteriana aguda
Supuração

Princípios do emprego de antimicrobianos em cirurgias


Não usar
Profilático
Terapêutico

❖ Quando não empregar profilaxia antimicrobiana


Cirurgias limpas
Cirurgias de baixa contaminação em pacientes de baixo risco

- Falhas:
Utilização quando não era necessário: resistência
Falha na escolha da via de administração
Escolha de atm inadequado
Administração por períodos além do adequado (resistência)

❖ Terapia antimicrobiana
Combater infecção já presente
3 a 5 dias (7 as vezes)
Cultura e antibiograma
Sepse (dose inicial + infusão continua)

Aline Bervian - 6
UFPEL – VETERINÁRIA

CIM: concentração inibitória mínima

Segunda dose é administrada antes que a primeira


fique abaixo da CIM

Quando o medicamento não é administrado no


tempo certo, haverá uma janela de dose. Nesse
período, as bactérias que não morreram irã e
multiplicar e, quando a segunda dose chega,
começará quase que do 0 de novo. Tornando o
tratamento ineficiente.

Quando empregar profilaxia antimicrobiana


Ferida limpa-contaminada
Cirurgia com mais de 90 minutos
Imunossuprimidos
Idosos, obesos, nefropatas ou hepatopatas
Neoplasias
Outra fonte bacteriana
➔ Sempre avaliar, se o caso tiver só um desses casos, avaliar a real necessidade.

Quando empregar antimicrobianos


Ferida contaminada → profilático
Ferida infectada → terapêutica

Avaliação pré-cirúrgica
Procedimentos
Eletivos: adiar e estabilizar primeiro
Emergenciais: estabilizar durante pré, trans e pós operatório

Princípios de Halsted
Manipulação atraumática dos tecidos
Hemostasia cuidadosa
Preservação da vasculatura
Anti-sepsia e assepsia rigorosa
Ausência de tensão dos tecidos

Aline Bervian - 7
UFPEL – VETERINÁRIA

Sutura plano a plano


Redução adequada do espaço morto anatômico

“Os antimicrobianos jamais devem ser utilizados em detrimento das boas condutas operatórias que são
mantidas com o exercício da consciência e disciplina cirúrgicas”
“Os atb podem ser capazes de converter um cirurgião de terceira num de segunda classe, mas nunca num
de primeira classe.”

SÍNDROME CHOQUE
PARTE I: ETIOPATOGENIA

DEFINIÇÃO: insuficiência microcirculatória isquêmica que impede o correto metabolismo clular. Leitos
capilares em vaso constrição não conseguem aportar sangue oxigendo as células, estas acabam entrrando
em metabolismo aneróbico, que produz bem menos energia, e, se isso não for revertido, causa morte
celular.

Leito capilar
Rede intrincada de vasos. Composto por arteriolas eferentes que levam sangue oxigenado para as
células desse leito e desembocam em vênulas coletoras.
Funcionamento em situação normal: não há sangue suficiente para abastecer todas as células ao
mesmo tempo. Por isso, ocorre revezamento sanguíneo, enquanto algumas células recebem aporte
oxigênio, outras dicam isquêmico por curtos períodos. Isso é possível, pois os esfíncteres pré e pós
capilares são sensíveis ao pH:
Excesso de CO2: acido → abre
O2: alcalino → fecha
80% das células estão normalmente isquêmicas.
Com exceção do cérebro, pulmão e coração (órgãos prioritários e não sofrem esse tipo de
alterações)
Leito capilar → extremamente altruísta: quando se enche de O2 imediatamente se fecha,
mandando o sangue que sobra para o restante do leito. Pressão sanguínea correta entrando na arteríola.
Em caso de choque: torna-se egoísta quando percebe que chega sangue em menor
quantidade e com menos O2. Vasoconstrição da vênula coletora. Enche-se de sangue tornando-se
ingurgitado e, quando a pressão dentro do leito é maior que da arteríola eferente (sangue não entra amais),
ocorre vasoconstrição da arteríola. Isso é eficiente por tempo limitado. Utilizam o O2 e liberam CO2, e
CO2 precisa sair, mas vênula está em vasoconstrição. Poderia abrir a arteríola porém, sangue que
chegaria é de pior qualidade que o que já está dentro, então não faz sentido vasodilatar a arteríola. Então,
o sangue que está dentro, começa a se degenerar, e ocorre coagulação sanguínea. A parede do vaso
produz substancias anticoagulantes em situações normais mas, quando as células não recebem O2
necessário para realizarem suas funções, a produção de anti coagulantes cessa. A ultima fase, fibrinólise
secundária, é quando o próprio coagulo já degenerou e as células também se degeneram pois sofreram
necrose. E isso ocorre no corpo inteiro em situações de choque.

CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE
Hipovolêmico: relacionado ao volume sanguíneo
Vasculogênico: resistência e capacitância vascular
Cardiogênico: função da bomba
Por obstáculo circulatório: algo impede o retorno sanguíneo para o lado esquerdo do coração

Aline Bervian - 8
UFPEL – VETERINÁRIA

Choque hipovolêmico
❖ Hemorrágico
Ocorre quando há perda aguda do volume sanguíneo circulante: hemorragia
Externa: ferimentos traumáticos, intevenções cirúrgicas prolongadas → fáceis de verificar
Interna: ruptura de vísceras parenquimatosas, ruptura de grandes vasos → se não houver
comunicação com o externo, são mais dificieis de visualizar
Perda de sangue:
30% da volemia no cão
40% da volemia no gato
50% de perda → morte

Dinâmica circulatória normal: coração tem rendimento cardíaco


em níveis adequados, sangue é levado até leito capilar constrito
(pega somente o sangue necessário e o restante manda pro LC
adjacente) e retorna quantidade de sangue adequada para compor
o retorno venoso.

Choque hipovolêmico: representado hemorragia arterial


(sangrando em grande quantidade) logo, a oferta de sangue para
o leito capilar acaba sendo menor e com menor [O2] →LC passa
a ser egoísta, e o leito adjacente pode ficar sem receber sangue.
Como leito capilar é muito numeroso, vai acabar comportando
muito sangue dentro → sangue não volta pro lado direito do
coração e retorno venoso fica comprometido; sem retorno
venoso não há debito cardíaco (sangue envia a quantidade de
sangue que recebe).
❖ Hemoconcentração
Diminuição do plasma circulante
Queimaduras cm muita exsudação, geralmente em casos onde há mais de 20% da supeficie corporal
comprometida. Diminui plasma → aumenta viscosidade sanguínea → dificuldade de cicular no leito →
células não conseguem O2 necesário
Peritonite e pleurite: causam muita exsudação também. Logo, paciente não sofre somente de
infecção ou infamação grave, mas também queda da perfusão vascular. Quando não há perfusão adedquda
aos tecido, as células de defesa também não conseguem chegar nos tecidos, assim bacteris conseguem agir
livremente no peritônio ou pleura.
Perda de liquido extracelular:
 Vomito e diarreia (gastrenterite hemorrágica – parvovirose, coronavirose, etc)
 Obstruções intestinais (grande quantidade de liquido migra pro lumen tentando deslocar
obstrução)
 Peritônio

Volemia normal: compartimento vascular tem capacidade vascular de 1l e volemia 1l (vaso consegue
comprimir para que sangue tenha pressão)
Hipovolemia absoluta: compartimento vascular tem capacidade vascular de 1l e volemia 0,7l (vaso não
consegue comprimir para que sangue tenha pressão) → choque hipovolêmico.

Choque Vasculogênico (Distributivo)

Aline Bervian - 9
UFPEL – VETERINÁRIA

Não há perda de volume circulante, e sim, ocorre alteração nos vasos, aumenta a capacitância vascular e
diminui a resistência periférica → PA cai → efeito mimético há perda sanguinea. Há vasodilatação dos
vasos → hipovolemia relativa.
Variedades:
❖ Paralisia vasomotora (choque neurogenico): ocorre nas situações de paralisia SNS, traumatismo
medula oblonga e toracolmbar (decorrente de traumas em coluna), depressão por anestesiaa geral
profunda (barbitúricos em doses além do necessário), intoxicação por fármacos hipotensorers ou
produtos químicos (acepromazina utilizada de forma desregrada)

Choque vasaculogenico: por algum motivo ocorre


vasodilatação, sangue fica represado no LC, alta capacitância
gera pouca resistência e baixa pressão → retorno venoso muito
baixo → DC baixo.
*coração é irrigado na diastole2 → diminui irrigação3 do
miocárdio → coração começa a falhar

❖ Agentes vasoativos de anafilaxia (choque anafilático): causa falência de circulação perifeica devido
a liberação de histamina, serotonina e bradicinina (substancias vasodilatadoras). Reação antígeno-
ac-complemento, indivíduos alérgicos liberam essas substancias o que leva a um aumento da
capacitância dos vasos.
❖ Toxinas bacterianas (choque séptico ou endotóxico): há duas fases de liberação de catecolaminas –
1ª fase compensatória/ hiperdinâmica → ocorre aumento do DC (coração trabalha mais → maior
ejeção de L/min) e aumento do tono periférico (vasocontrição dos perifeicos → aumenta pressão)
2ª fase descompensatória/ hipodinâmica → ocorre diminuição do DC (devido ao sequestro capilar)
e diminui retorno venoso (menos sg cérebro → apatia; diminui aporte enegetico → hipotermia)
Volemia normal: compartimento vascular tem capacidade vascular de 1l e volemia 1l (vaso consegue
comprimir para que sangue tenha pressão)
Hipovolemia relativa: compartimento vascular tem capacidade vascular de 3l e volemia 1l (vaso aumentou
sua capacitancia) → choque vasculogênico.

Choque cardiogênico
Deficiência de bomba (algo ocorreu e coração não consegue exercer sua função). Geralmente ocorre
interferência na repleção (fase diastolica) ou esvaziamento atrial e ventricular (sistole).
Origem intrínseca (ex.: problemas valvulares) ou extrínseca.

Choque cardiogênico: apesar de leito venoso dilatado com


consequente baixo retorno venoso, coração possui algum problema
e não dá conta desse retorno → congestão em alguns órgãos (ppl
pulmão).

Causas:

2
Apesar de todo organismo se irrigado na sístole (contração), no coração é diferente, pois é um musculo muito forte então,
quando ele se contrai os vasos coronários se contraem e o sangue não consegue passar.
3
80% do sangue ejetado pela aorta, volta para irrigar o coração. 15% irriga o cérebro, e penas 5% irriga todos os outros
tecidos.

Aline Bervian - 10
UFPEL – VETERINÁRIA

Origem intrínseca: estruturais – ruptura de cinta tendinosa (impede super dilatação cardiaca) ou
ruptura de cordoalha tendinea (sustenta borda livre das valvas → sobro grave)
Distúrbios de condução que levem a arritmias (falha na irrigação cardíaca →
pequenos infartos) e fibrilação
Origem extrínseca: depressão do miocárdio causado por distúrbio eletoliticos e acido-basicos (ppl
hipocalemia associada a hiponatremia), fármacos depressores (indutores anestesicos), peptídeos tóxicos do
pâncreas isquêmico (fator depressor do miocardio)

Choque Por obstáculo na grande circulação/ obstrutivo


Impedimento ou restrição do retorno venoso na grande circulação (logo, não há DC)
Causas: pode se elencar toda e qualquer situação que impeça expansão do ventrículo direito durante diástole
como, pneumotórax (simples ou de tensão), efusão pleural, hérnia diafragmatica, tamponamento cdiaco
(acumulo de liquido no peicardio), hiperinsuflação pulmonar (se antestesista não se liga de abrir válvula
cocof”), compressõ nas veias cavas, síndrome volvo dilatação gástrica (devido a compressão venosa e
também devido a compressão sobre o diafragma).

Choque por obstáculo: impedimento do retorno venoso → diminui


DC → coração se irriga cada vez mesmo → cada ciclo diminui
mais seu trabalho (menos força e mais devagar) → para por infarto

FISIOPATOLOGIA – MECANISMOS COMPENSATÓRIOS


Choque é semelhante ao que ocorre no individuo em situação de luta ou fuga:
Necessário irrigação de cérebro, pulmões e coração
Irrigação da musculatura para reagir
TGI: diminui irrigação pois não é interessante que seja metabolizado
Renal: diminuição pois não é interessante debito urinário, diminuiria volemia.
A diferença pro choque, é que no choque há privação de irrigação também na mm.

Choque: diminui DC e PA → percebido pelos barorreceptores (aórtico e carotídeo e diminui estímulos


aferentes ao SNC → atividade simpatomimética reflexa → aumentar contratilidade miocárdica, FC e tônus
venoso além de vasoconstrição de pele, mm, rins e TGI em detrimento dos mais úteis: coração, cérebro e
pulmões → ativa SRAA (economia de agua), associado a liberação de ADH e aldosterona (diminui
atividade renal) → diminuição do fluxo sg renal, aumenta retenção Na e agua, e diminui debito urinário e
consequente perda de agua. Associado a tudo isso, há libração de cortisol e catecolaminas que, através da
mobilização de reservas hepáticas, proverão energia.

FISIOPATOLOGIA – MECANISMOS DESCOMPENSATÓRIOS


Ainda não se conseguiu remover a causa ou o paciente não foi atendido adequadamente.
Choque → perfusão cerebral diminuída → depressão cerebral, inclusive de centros vasomotor e respiratório
(apatia do individuo) → perfusão inadequada dos tecidos → diminui tônus vascular (porque não tem enegia
pra contrair) → reduz retorno venoso e DC → diminui perfusão capilar que
diminui a integridade do capilar, resistência pré capilar diminuída e pós capilar aumentada → estase
sanguinea, seguida de coagulação e isquemia

Aline Bervian - 11
UFPEL – VETERINÁRIA

liquido intravenososperdido para espaço extravascular → diminui DC, fluxo coronário e O2 pro
miocárdio
cão: congestão ID -> manifestação do órgão do choque: descargas retais de conteudo gelatinoso
(mucosa intestinal morta) → abre espaço para bactérias penetrarem na circulação sanguinea → possível
sepse
➔ Isso leva a um feedback positivo → diminuição da perfusão cerebral
➔ Todos tecidos isquêmicos produzem fator cardiodepressor, mas principalmente o pâncreas (sozinho,
diminui 50% trabalho cardíaco) → coração drasticamente afetado → diminui DC → diminuição da
perfusão cerebral

Comprometimento nos principais órgãos – mecanismo de morte celular


Diminuição da energia aportada para célula → cessam mecanismos de transporte ativo que leva a uma
aleração na permeabilidade de membrana → isso leva a dois fatores;
1. K sai da célula → hipercalemia. K é cátion →
2. faz Na e Ca + agua entrar na cel → edema → destruição matriz intracelular e labilizção das
membranas lisossomais → lisossoma se rompe liberando enzimas digestivas na matriz cel →
autofagia celular → irreversibilidade do choque

Superposição do choque
Ex.: cadela foi atacada por cao maior e teve vísceras expostas
1. choque hipovolêmico hemorrágico
2. choque hipovolêmico hemoconcentração (vísceras expostas perdem liquido por evaporação)
3. choque vasculogênico: pode ser desencadeado por dor extrema
Dor extrema: descarga de adrenalina muito elevada que adrenal não consegue repor. E quem mantem tônus
vascular são as catecolaminas (adrenalina é uma), não terá vasoconstrição.
4. Peritonite: choque séptico
5. Choque por obstáculo: muito sangue represado → diminui retorno venoso e DC
6. Choque por deficiência de bomba? Inicialmente não mas, menor irrigação cardíaca levará a
diminuição da função cardíaca → deficiência de bomba

SÍNDROME CHOQUE
PARTE II: DIAGNÓSTICO

Classificação quanto ao atendimento (devido a quantidade de equipe disponível):


• Urgência
Atendimento assim que possível. Risco de morte moderado. Ex.: prolapso de reto em cão. Nada impede
que se providencie analgesia, compressa gelada no prolapso, enquanto esse paciente espera atendimento
(em torno de 30 min).
• Emergência
Atendimento imediato. Risco de morte imediato. Ex.: síndrome cólica em equinos.

Diagnostico do choque
▪ Anamnese (rápida; direcionada ao motivo pelo qual o animal está em atendimento)
▪ Exame clinico (simultaneamente a anamnese e estabilização)
▪ Apoio laboratorial
o Funções hepáticas

Aline Bervian - 12
UFPEL – VETERINÁRIA

o Funções renais
➔ Estabilizar enquanto examina o paciente
➔ Evitar a morte do paciente, tratando primeiro o que mata primeiro (não se espantar com fratura
exposta, por exemplo)
o Objetivo do atendimento de emergência é manter o paciente vivo por um minuto, depois
mais 1, e assim sucessivamente.

Como examinar o paciente


- Ordem de lesão relacionada a causa da morte:
1º Obstrução das vias aéreas (examinar patencias das vias)
2º Perda da capacidade de respirar (ex.: pneumotórax)
3º Diminuição no volume vascular circulante (hemorragias, desidratação)
4º Compressão intracraniana

1º Airway (capacidade das vias aereas);


2º Breathing (capacidade respiratória);
3º Circulation (respiração em andamento e indica que o coração tá batendo; coração, hemorragias)
4º Disabilities (debilidades, traumas, fraturas, hernias, avulções)
5º Exposure (algo escondido nos pelos, embaixo de roupas, eventrações, palpação)

Anamnese
Geralmente é decorrente de traumatismo;
Perda de sangue → volume estimado (cuidar com super e subestimações dos proprietários);
Presença de diarreia e/ou vomito (se já havia)
Tempo decorrido (as vezes demora pra levarem o bicho pra atendimento);
Estado desde o inicio dos sintomas (consciência, convulsões, urinou);
Medicação anterior (as vezes usam medicação continua);
Alergias (difícil em cães, mas questionar).

Exame inicial rápida


Medidas de emergência: reanimação ou manutenção da vida
Exames complementares de forma rigorosa (depois; sanguíneos e de imagem)

Função respiratória
Patência das vias respiratórias (comum em cães que brigam, avulsão da traqueia da laringe, coágulos,
lesões → olhar com laringoscópio e remover obstruções);
FR;
Índice inspiratório e expiratório (1:1 ou 1:2 segundos – se igual ou menor indicativo de problema,
pneumotórax);
Líquidos ou gases intratorácicos;
Coloração das mucosas → trocas gasosas (quando hipovolêmico mucosas podem estar muito claras)
Gasometria → ventilação positiva;

Estado das vias aéreas e parede torácica


• Obstrução das v.a. (fragmentos, coágulos, ...)
o Colapso de anel traqueal
o Falsa via e lesões pulmonares
• Presença de efusão e pneumotórax (diferenciar de hd¹ → toracocentese: se não sair ar e aliviar a
respiração pode ser hd);

Aline Bervian - 13
UFPEL – VETERINÁRIA

• Hérnia diafragmática¹ (diagnostico é radiológico – mais tarde; sempre fazer latero-lateral pois é a
posição mais tolerada por pacientes com HD, senão pode parada respiratória o doguinho);
• Enfisema subcutâneo (se na palpação perceber crepitação, pode ser ruptura traqueal ou ruptura de
parede intercostal com pneumotórax);
• Fratura e assimetria da parede costal (tem que ser idênticos os lados).

¹Como ocorre a HD: parede mais fraca do abdômen: diafragma. Durante o trauma, animal está
respirando normal e ar começa a sair forçado pela glote, vísceras se chocam contra diafragma até que este
atinja sua elasticidade máxima e rompa. Importante saber se animal percebe que acidente aconteceria ou
não, pois quando animal percebe que será traumatizado a glote fecha, pulmão enche e o diafragma se apoia
no pulmão. como é muito frágil gera contusão. Geralmente, se cão percebe que será ‘atropelado’ ocorre
contusão pulmonar e se não percebe é HD. Não é regra mas, se ocorrer HD não ocorre contusão pulmonar
e o contrário também.

Tora paradoxal/ flutuante (mais grave)


ocorre quando a mesma costela quebra em dois locais. Aí a
porção solta flutua independente, do contrário que os movimentos
respiratórios normais. Isso gerará acumulo de Co2 pulmonar. Isso
leva a uma hipercapneia progressiva. Não adianta botar mascara
porque aquela porção segue flutuando; pode se tentar colocar
compressa sobre segmento flutuante não deixando que saia; ou
chamar anestesista e ventilar o paciente.

Sistema cardiovascular
Coração¹ e grandes vasos² – avaliar eles pois são os principais responsáveis pela manutenção PA
¹atraves da auscultação, bastante simples (sabe que bate mesmo que não saiba como)
²geralmente se há ruptura paciente não chega vivo, pois trauma tem que ser violento.
FC
Intensidade das bulhas (coração batendo com ou sem força?)
Arritmias
Taquicardia ou bradicardia

Tamponamento cardíaco: coração pressionado contra saco pericárdico devido ao acumulo de sangue
no saco, pressão é muito grande. Como direito a parede é mais fina, tende a comprimir o lado direito
diminuindo o retorno venoso, sem retorno venoso sem DC. Pode levar a parada cardiorrespiratória.

Pressão venosa central (PVC)


Avalia o retorno venoso:
Diminuída: casos de choque hipovolêmico e vasculogênico;
Aumentada: casos de choque cardiogênico (aumento de 15cmH2O);
-2 a 4 cmH2O

Pressão arterial média (PAM)


Cão (mamíferos em geral): 80-120 mmHg;
Limite mínimo e 60mmHg (suficiente pra manter perfusão renal e pra ocorrer irrigação cerebral;
abaixo de 50mmHg pode ocorrer perda de consciência);
TPC;
Função cardíaca → ECG é a melhor, mas boa auscultação serve.
Ausência de hemorragia externa e hipotensão:
❖ Centese → torácica e/ou abdominal

Aline Bervian - 14
UFPEL – VETERINÁRIA

o Torácico: fazer com scalp ou cateter: introduzir agulha no 7º, 8º ou 9º EIC na região
onde é mais fácil o ar se acumular (aí depende de qual posição o paciente tá);
▪ Como saber se foi retirado sangue livre da cavidade ou de algum vaso: deixar
seringa com o liquido parada por 20-30 minutos, sangue coagula em 5 minutos, logo, se não coagular é
sangue livre.
o Abdominal: deslocar 2cm caudalmente da cicatriz umbilical, introduzir seringa com
agulha; se encher seringa fácil com sangue é muito grave → laparotomia. Se sair pouco sangue e ficar na
dúvida: lavado peritoneal diagnóstico: mini laparotomia, abertura de 1-2cm, introduzir cateter em sentido
caudal; infundir 10-20ml/kg RL aquecido 20ml, massagear, baixar o frasco e fazer sifonagem e aí começa
a drenar o liquido – se ainda ficar em duvida: 1. Pode mandar pra laboratório, fazer hematócrito (se = ou
>2% é hemorragia ativa: laparotomia; se 1-2% ficar observando, hemorragia já parou; se <1% ta tranquilo
→demora no mínimo 5 minutos); 2. Teste do jornal: colocar o liquido num tubo e coleta, colocar alguma
coisa escrita por tras; se conseguir ler através do tubo: hemorragia não é importante; se não der pra ler, é
importante, levar pra laparotomia.

Grandes órgãos
Fígado e rim: podem sangrar em abundancia
Avaliação do abdômen:
 Avaliar a sensibilidade a dor (cuidar com palpação e manipulação);
 Centese ou lavado peritoneal diagnóstico;
 Avaliar se há distensão;
 Presença de hérnias, eventrações, eviscerações ou avulsões teciduais;
 Feridas penetrantes:
o Se grande suficiente: calçar luva e palpar ferida pra ver até onde vai (se chega até o
abdômen → laparotomia exploratória);
o Pequenas (de dentes): colocar sonda uretral, palpando com sonda.
o Se ficar na duvida de ter chegado ao abdômen ou não: laparotomia (pode ser que há
ruptura de víscera oca [estomago ou intestinos] → extravasamento de liquido
contaminante → risco de peritonite: quanto antes lavar melhor)
o Pode ser feito US fast: profissional treinado pois tem que ser rápido mesmo
*Trauma abdominal tem característica de ser mais agressivo quanto ao tratamento que
trauma torácico por causa contaminações.
 Massas musculares
o Hematoma ou áreas de necrose
o Esmagamentos
Levam facilmente a infecções e desenvolvimento de choque séptico.

Sistema nervoso
Grau de depressão
Possibilidades anestésicas
Trauma: cuidado com integridade da coluna vertebral (mantendo-a ereta)
Cuidar com manipulação e transporte do paciente (não transformar pequenas lesões em paresias)
Paciente fica como ele quiser pois ele sabe como é menos doloroso e mais confortável pra ele!

Sinais físicos
Variação na temperatura corporal
• Hipotermia
o Vasoconstrição periférica
• Choque séptico – hipertermia na fase hiperdinâmica
• Manifestação do órgão do choque
o Cão: ID (sangra, descama, isquêmico)
o Gato e equinos: alvéolo pulmonar (se entubado, sangue com bolhas no tubo/ nariz)
o Bovino: abomaso (difícil de perceber, pois fica no meio)

Aline Bervian - 15
UFPEL – VETERINÁRIA

Avaliação laboratorial
Pode ser utilizada para tratamento ou para orientar terapêutica
• Hematócrito
o Não reflete volume circulante
o Mais elevado no choque (perda de agua, não irriga tecidos)
o Influencias
▪ Fase inicial do choque: normal ou elevado (pois ocorre esplenocontração
mediado pelas catecolaminas para recrutar as hemácias velhas a voltarem para
circulação)
▪ Fases mais tardias: diminui por diluição do liquido extravascular que migra do
interstício para os vasos e também por infusão de cristalóides pela equipe
veterinária (cuidado para não diluir demais)
• Proteínas do plasma
o Pressão hidrostática: depende diretamente do DC
o Pressão oncótica: depende das proteínas do plasma
• Lactato sérico
o Avaliação do grau de oxigenação dos tecidos (normal = 0,22-1,44 Mmol/l
o Após terapia, se elevado ou em ascensão: ocorre por correção inadequada (talvez não
está absorvendo ou transportando O2 como deveria, talvez hematócrito muito
elevado), ou irreversibilidade do choque (não há o que fazer).
• Gasometria
o Avalia concentrações de pH, pCO2, pO2 e
pHCO3 no sangue arterial
▪ C: 20-24 mEq/l; F: 18-20 mEq/l
▪ Esse exame avalia se precisa ventilar o
paciente ou não
▪ Acidose (CO2) ou alcalose (HCO3)
▪ Diminui perfusão e O2 → metabolismo
anaeróbico e diminui produção de
energia
▪ Gasometria de sangue arterial, verifica
a capacidade oxigenadora do pulmão;
▪ Gasometria de sangue venoso avalia
grau de oxigenação tecidual, colhido
de vaso central (jugular)
• Creatinina
o Usada como parâmetro para prognóstico
▪ Valores maiores de 7mg% → prognostico desfavorável → mas vale a pena
tentar pois há relatos de recuperação com valores ainda maiores

Aline Bervian - 16
UFPEL – VETERINÁRIA

SÍNDROME CHOQUE
PARTE III: TRATAMENTO

Objetivos:
Remover a causa
Tratar alterações: oxigenação/ ventilação e volume circulante eficiente
Não é autolimitante – sempre tratar como não sendo autolimitante, pois são poucas as exceções a
isso.

ABCDE
Verificar patência das vias aéreas; verificar se paciente respira; verificar se paciente tem batimento
cardíaco e hemorragias; verificar traumas; verificar lesões (hérnias, eviscerações, estacas encravadas)

VENTILAÇÃO
Tem íntima relação com volemia (para O2 chegar nos tecidos necessita mínima volemia).
Posição do paciente:
Extensão da cabeça e pescoço
Cabeça em plano inferior ao resto do corpo – cuidar, dispneia ou trauma encefálico não permite →
o melhor é manter cabeça nivelada com tórax e abdômen.

O2 – fornecimento através de mascara de oxigênio, sonda nasal, intubação orotraqueal (mais eficiente e
menos invasiva¹), traqueostomia³, cateter transtraqueal,² colar de Murfim (colar elizabethano fechado na
frente, ar entra por trás)

*afogamento com sangue é pior que com agua, sangue se distribui nos alevelos e se adere, impedindo troca
gasosa e é difícil remover esse sangue (5-6 ml/ animal para se afogar); com agua (5-6ml/kg), reflexo da
tosse consegue remover a agua.

¹é necessário saber fazer, simples. Abrir boca, posição adequada. Tracionar língua ra fora, com
laringoscópio tracionar língua pra baixo (língua se desloca) observa-se entrada da traqueia → introduzir
tubo entre cartilagens aritenóides. Importante usar material correto e enxergar o que está sendo feito pois
então não haverá duvidas. Introduzir até tarja preta estar no nível das cartilagens aritenóides.
Tipos de laringoscópios: de Muller (lamina reta) e de Macintosh (lamina curva); vários tamanhos
de acordo com distancia entre focinho e entrada da traqueia. Abastecido por pilhas (luz facilita trabalho).
Baixo custo visto que dura a vida inteira (aço inoxidável).
- oxigenação x ventilação: paciente respira (mesmo que bem ou mal), só se fornece O2 x faz-se
movimento do balão (paciente em apneia ou dispneia).

²não é muito utilizado hoje em dia. Simples. Agulha grossa (40x16) ou


cateter (n14), introduzir na membrana cricotireoidana ou entre anéis (o que der),
conectar tubulação de O2, quando quiser que O2 vá pro paciente fechar furo (30s)
e depois deixar CO2 sair. Método caindo em desuso pois dificulta saída de CO2
e salas de emergência já tem tudo preparado pra fazer traqueostomia direto.

³canula de traqueostomia, tem balonete. Problema é que ponta cortada reta e não
em bisel. Fazer incisão longitudinal ou entre anéis e introduzir canula. Conectar
então fonte de oxigênio (oxigenar ou só ventilar). Diz-se que incisão longitudinal é de mais difícil
cicatrização que longitudinal, mas na hora nem se pensa nisso. Depois resolver esse problema. Aspirar e
oxigenar, intercalando (se precisar aspirar algo)

Aline Bervian - 17
UFPEL – VETERINÁRIA

VOLEMIA
Reposição rápida do volume
Melhorar o transporte de O2 e a perfusão tecidual
Importante saber o hematócrito e ppt para utilizar o fluido correto; porém nem sempre se tem
esses resultados rapidamente, então utiliza-se solução cristalóides (RL)
Evitar: utilizar papa de hemácias pois aumenta excessivamente a viscosidade sanguínea; RL evitar
hemodiluição excessiva.

Tabela que indica qual fluido utilizar dependendo dos


resultados de hematócrito e proteínas totais.

Quando não há apoio laboratorial:


• Hemorragias → sg total ou solução hidroeletrolítica
balanceada (RL ou fisiológico);
• Queimaduras → plasma ou expansor coloidal
• Desidratação → solução hidroeletrolítica balanceada

Cristalóides (RL ou cloreto de sódio 0,9%)


Causa hemodiluição que pode ser útil pois diminui resistência periférica e viscosidade sanguinea,
aumentando O2 para tecidos. Porem, hemodiluição excessiva diminui proteínas totais e pressão oncótica
intravascular causando edema pulmonar

Volume: há uma serie de protocolos


- Cães: 60-90 ml/kg/h
- Gatos: 44 ml/kg/h
→ avaliação de individuo com choque é CONTINUA!

Velocidade de infusão → PVC4


Manter PVC abaixo de 15 cmH2O (normal = -2 a +6 cm H2O)

Colóides (sangue, plasma, papa de hemácias e coloides sintéticos)


Aumenta o peso molecular, pois é rico em proteínas. Exerce força osmótica e retem liquido no espaço
intravascular (evitando edemas)

Outras soluções
Cloreto de sódio a 7,5% (cristlóide)
Dose: 4-8 mL/Kg
Velocidade não deve exceder 1ml/kg/min
Aumenta a contratilidade do miocárdio
Mobiliza liquido extravascular (por sódio puxar agua)

Autotransfusão

4
Pressão venosa central

Aline Bervian - 18
UFPEL – VETERINÁRIA

Laparotomia abdominal ou torácica → muito sangue (não contaminado) → bolsa de transfusão com
anticoagulante e homogeneizar → reinfundir no paciente.

Fluidoterapia agressiva
Deve-se preencher todos os compartimentos privados de sangue, seja com sangue, RL, expansores de
plasma, cristalóides para melhorar PA e perfusão tecidual.
Como fazer: através de grande vaso (veia cefálica, jugular). As vezes PA está tão baixa que nem com
garroteamento se consegue → flebotomia (da jugular é mais fácil).
Flebotomia: incisão sobre o vaso (longitudinal se souber onde está o vaso ou horizontal), dissecar
com pinça hemostática. Colocar pinça por baixo da veia, dois reparos (náilon monofilamentado – barato e
pouca capilaridade). No meio, fazer pequena abertura com pinça de dissecção sem dente e Metzenbaun
fazendo pequena abertura. Inserir sonda uretral na abertura (cortar ponta de inserção da sonda em bisel),
introduzir o suficiente (ate lado direito do coração se der), iniciar fluidoterapia, fazer ligadura do reparo
(vaso+sonda), fazer ligadura cranial (em cães não e problema fazer ligadura definitiva pois faz
neovascularização; em gatos não fazer). Depois fazer sutura chinêsa e suturar pele. Pode ficar até 7 dias,
depois para remover é só cortar base da sutura chinesa, puxar sonda fazendo pressão é o suficiente pra
reter sangramento.

Combater a acidose
Fornecer condições do organismo fazer isso
Respiratória → ventilação pulmonar ou fornecendo O2; remoção da causa e fazer ventilação alveolar.
Metabólica → metabolismo tecidual anaeróbico; reestabelecer a perfusão tecidual permitindo assim a
chegada de O2 e saída de CO2. Utilização de HCO3 é contraditória (excesso causa alcalose que é difícil
de reverter)
Bicarbonato de sódio:
Ampolas de HCO3 vem sempre na [] de 8,4% que significa que 1ml=1mEq
NaHCO3 (mEq) = biomassa do paciente (Kg) x 0,3 x déficit de base*
*Necessário auxilio de gasometria

Terapia glicocorticóide
Controvérsia: choque é momento de muito estresse e já libera esteroides endógenos. Corticoides induzem
vasodilatação periférica. Utilizar corticoides depois que foi estabelecido a reestabilização da volemia e
O2, e estabilização da PA.
Doses:
Choque hemorrágico: metilpredinisolona succinato de sódio 15-30 mg/kg
Choque vasculogênico: hidrocortisona succinato de sódio 50mg/kg
Vantagens: inotrópicos positivos diminuindo a resistência periférica, estabiliza membranas (não chega a
tempo ou não ocorreu lesão de membrana), previne adesão plaquetária e formação de microtrombos.
Cuidados: administração precoce, contudo primeiro deve-se repor a volemia (aumentar a capacitância
microcirculação)

Terapia antibacteriana
Terapêutico: maioria dos casos ainda não é tempo de já ter se estabelecido bactérias;
Profilático: atb usados geralmente de forma profilática no choque;
Isquemia TGI (membrana sofre lesões) e há permeabilidade de bactérias e toxinas → veia porta →
fígado (também isquêmico não consegue neutralizar, detoxificar e matar bacs) → liberadas sistêmico →
toxinas diminuem mais ainda pressão (pois fazem vasodilatação periférica). Usar profiláticos por isso
tbm.
Antibiograma: depois que a situação estabilizar
Leucograma: evolução da infecção

Aline Bervian - 19
UFPEL – VETERINÁRIA

Avaliação do quadro diário do paciente, avaliação das feridas, T°, se alimenta, toma agua, dor.

Medidas complementares
Paciente já estável → ver o que mais precisa ser feito
Distúrbios irresponsivo à terapia básica
Terapia coadjuvante específica:
Diuréticos (rins falhando ou com dificuldade)
Terapia eletrolítica (repor perdas que ainda estão ocorrendo)
Terapia anti-hemorrágica (sangue, plasma se ainda tiver sangramentos)
Terapia energética (animal precisa comer; se não comer, sonda. Animal com dor não come)
Propiciar conforto

CASO CLINICO
Cão atingido por bala calibre 12. Mesmo sendo pequena e tendo menor poder ofensivo, ocorreram
perfurações em 5-6 alças intestinais. Orifícios não puderam ser suturados, mesmo que pequenos, pois
houve desvitalização e destruição tecidual muito grande, então teve que ser feito ressecções e
anastomoses em series, removendo todas porções lesionadas.
Avaliar se alça está viável ou não: beliscamento (se viável: contrai), coloração (comparando com as
outras alças, devem estar róseas).
Muita irrigação com RL aquecido (grandes danos na vascularização). Não usar produtos antissepticos na
cavidade abdominal pois pode causar peritonite química que, associada a peritonite séptica, vai matar o
bicho.
Fazer enteroanastomose: sutura com PIS com nailon monfilamento, mesentériorrafia com PIS também.

Exame no dia do acidente e no dia seguinte.


Observa-se que quantidade de cels brancas
praticamente dobraram, isso significa que houve
infecção? Ate sim, mas pode representar resposta
a agressão cirúrgica e bacteriana. Acompanhar,
avaliando sempre. Foi removido as bactérias no
dia do acidente lavando copiosamente. Animal
se recuperou bem.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM
Conforto do paciente:
Tricotomia da região perineal (facilitar limpeza no caso do paciente se defecar ou urinar, vulgo
cagar ou se mijar todo);
Talco ou óxido de zinco nas virilhas e saco escrotal (troca frequente, utilização de fraldas, diminui
assaduras);
Sonda uretral fixada – controvérsia; avaliar o que for melhor pro paciente, se só colocar para
esvaziar bexiga ou fixa;
Aquecimento
Posicionamento do paciente – mudar decúbito, fazer massagem no lado que estava em decúbito;

Aline Bervian - 20
UFPEL – VETERINÁRIA

Cama macia e limpa;


Fisioterapia muscular e respiratória (ppl respiratória em pacientes em coma – induzido ou não;
fazendo hiperinsuflação pulmonar as vezes);
Penumbra (paciente acorda mais calmo), ambiente silencioso;
Manipulação cuidadosa (ppl se houverem fraturas);
Estimular visitas do proprietário (desde que não cause estresse; excitação as vezes é prejudicial)

SÍNDROME CHOQUE
PARTE IV: TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO

Incidência:
Aspectos patológicos de 15 casos fatais de cães atropelados por veículos automotivos (Fighera et al.,
2008):
27,7% traumatismo espinhal medular
25,8% ruptura de órgãos parenquimatosos
18,1% traumatismo cranioencefálico

*As vezes, parece muito grave mas examinando minuciosamente acaba não sendo nem trauma
cranioencefálico ou então não tão grave.

Tipos de lesão
Primária: no momento do trauma (tiro, paulaço). Pode ou não ser remediada posteriormente → se
houver perda de massa encefálica não é remediável; em casos de lesão por edema, hemorragia é
remediável.
Secundária: ocorre de minutos a horas após o momento do trauma, consiste em compressão
craniana por afundamento craniano, edema ou hemorragia cerebral.
Bomba de Na e K: sofre alteração devido ao trauma, pode perdurar de 12 a 18h. K entra na cel e
causa edema celular → morte celular.
Doutrina de Monroe-Kelly:de 100% de massa que esta entro do crânio, 80% parênquima cerebral,
10% sangue e 10% LCE.
Deve-se lembrar que crânio é uma caixa dura, fechada, logo, não há muito como um edema se deslocar e
assim acaba pressionando parênquima cerebral. Quanto mais cedo reverter isso, melhor prognóstico.
De que maneira essa doutrina se altera quando há trauma crânio encefálico: obviamente parenquima não
pode ser escoado do crânio; começa reduzindo LCE (5%, 2% e até 0%), consequentemente isso leva a
alguns problemas uma vez que essa remoção não é suficiente tamanho o edema. Começa a diminuir o
sangue e isso pode levar a hipóxia.
Quando PPC = ou > RVC há FSC. Porém, quando
PPC é maior, não há SC correta.
PAM tem que ser sempre > que PIC para que
ocorra FSC (não existe perfusão negativa, quando
for negativo, o fluxo sera do contrário, no caso, não
haverá fluxo pra dentro do cérebro e sim pra fora).

Autorregulação pressórica cerebral

Aline Bervian - 21
UFPEL – VETERINÁRIA

 PAM 50-150mmHg com PIC constante (ou seja, sem lesão), essa pressão se altera/ regula
facilmente.

Diâmetro do vaso: C=capacitância e
R=resistência

Quando PAM cai pra menos de 50,


sangue não consegue ser bombeado
adequadamente e FSC cai também → aí
reflexo faz com que RVC aumente
aumentando a FSC, e no leito capilar C=3 e
resistência cai 3x (sangue passa facilmente
no vaso)
Na presença de TCE há edema, organismo
tenta aumentar C mas edema pressiona vaso,
aí não ocorre FSC, C fica mínima e R
aumenta demais.

*Não confundir PaO2 com PAM, unidade de medida é a mesma mas PaO2 é medida
com hemogasômetro e PAM com manômetros/ aferidores de PA.
PaO2 < 50mmHg → metabolismo celular já se torna alterado;
PaO2 < 35mmHg → lactato já começa a subir pois já não há O2 pra todas as células e já há acúmulo de
lactato devido ao metabolismo anaeróbico, mas ainda há trocas energéticas.
PaO2 < 20mmHg → perda de consciência (não é possível nutrir neurônio), PAM <40mmHg faz com que
individuo perca consciência/ síncope.
PaO2 < 10mmHg → alterações cerebrais irreversíveis (células recebem tão pouca oxigenação que não
conseguem mais funcionar e por um tempo x que ciclo anaeróbico á se interrompeu)

TCE: controle químico do FSC


Aumento da PIC (devido a trauma por exemplo)
diminui a PPC, e leva a hipóxia (diminui
metabolismo tanto que aumenta metabolismo
anaeróbico), isso leva a isquemia e
consequentemente aumento de lactato, PCO2,
compensação imediata há aumento da FC e FR que
tentam aumentar PO2 e isso eleva o pH. Esses
aumentos levam a uma vasodilatação cerebral
porém, lactato e PCO2 se ligam a agua formando
ácido carbônico que se dissociam e liberam ainda
mais agua levando a edema cerebral. Esse edema
comprime vaso aumenta RVC, PIC e diminui PPC.

Terapêutica
➢ Primeiramente ABCDE
➢ Fluido
Normalmente, fluido deve ser reduzido quando identificado TCE:
Cães: 40-60 ml/kg/h
Gato: 20-40 ml/kg/h
Isso numa primeira administração, aí vai se avaliando paciente

Aline Bervian - 22
UFPEL – VETERINÁRIA

➢ O2 (por mascara ou de maneira mais proveitosa pro paciente)


➢ Analgesia (fármacos que não produzam náusea, pois reflexo de vomito eleva muito a pressão
intracraniana – fazer força faz com que mm comprima retorno venoso, e esse sangue se acumula na
jugular – sangue fica acumulado no cérebro; dor tbm faz isso)
➢ Avaliar estados de consciência: alerta, depressão (responde ao ambiente mas deprimido, não reage
a dor), delírio (pedalando, gritando; não percebe o que esta acontecendo), estupor (sem resposta ao
ambiente, só responde a dor5), coma.

o Escala do coma/ de trauma de


Glasgow (adaptado de neonatos);
dividido em atividade motora,
reflexo do tronco cerebral e níveis
de consciência. Faz-se esse exame
quantas vezes for necessário, ir
avaliando, tratando e fazendo.
Escala tem que subir nas avaliações
subsequentes, se diminuir
tratamento tá errado.

➢ Cuidados com:
o Dor
o Tosse
o Vômitos
o Frio excessivo (causa tremores → aumenta PIC)
o Esforço físico
o Excitação
➢ Controle da PIC
o Melhorar condições hemodinâmicas, manter a PAM no mínimo 80-100mmHg (pra ter
FSC)
o Pra auxiliar pode-se utilizar diuréticos
▪ Furosemida 2-4mg/kg (potencializador de alça)
▪ Após 15min Manitol 1g/kg (osmótico)

Também e considerado trauma cranioencefálico:


Protrusão do globo ocular – antes de examinar o olho, examinar exames neurológicos pra ver se tem trauma
CE;
Fissura palatina

Reflexo de Cushig:
Denota aumento da PIC, da PA e bradicardia → deve ser feito craniotomia de emergência
Toda vez que PAM < PIC não se tem PPC – PIC muito elevada pelo edema, cérebro não consegue se
expandir, então abrindo janela no crânio dá-se espaço e haverá circulação sanguínea.
Objetivo da craniotomia de emergência: reduzir PIC, permitir que FSC volte ao normal.

Algumas situações em que a síndrome de Cushing não ocorre, logo não necessita de craniotomia.

5
Pinçar o dedo mesmo, perióstio. Não membraninha entre dedos, porque isso vai gerar reflexo só

Aline Bervian - 23
UFPEL – VETERINÁRIA

Ex.: cachorrinha pequena que foi mordida na cabeça por outro cachorro e a calota craniana oi
deslocada externamente, avulsionada. Logo já tinha mais espaço pro cérebro inchar, edemaciar e não foi
feito nada de cirurgia e ela ficou bem

Ex.: filhote Rotweiller mordido por cão maior, mas esse teve a calota afundada. Tava muito edemaciado
no sc. Protusão olho que ficou inviável. Cirurgia: remoção das esquirlas que estavam no parênquima
cerebral. Morreu.

CRANIOTOMIA/ CRANIECTOMIA
Incisão na rafia mediana central. Separar musculatura. Fica visível crista temporal e fascia do mm temporal
→ incisão na fascia. Elevar mm (raspar a partir do osso com elevador de periostio ou cabo de bisturi).
Expondo a lateral do osso temporal. Pra fazer janela utilizar motor de alta rotação, determinar tamanho da
janela e fazer delimitação uniforme disso (ir circundando todo perímetro pra não ter perigo de perfurar).
Vai ter um momento que começa a sangrar → chegou na medula óssea. Dali pra baixo o desgaste é mínimo
porque é muito fino. Fazer com cuidado até remover janela óssea. Enxerga-se então a dura-máter (idosos:
dura mater pode sair junto com a janela ossea). Fazer durotomia (só remover janela ossea: diminui a PIC
em 15%; removendo duramater: PIC diminui 60%) com lamina de bisturi ou tesoura. Exerga-se então os
giros cerebrais. Se houver um coagulo pode-se remove-lo (tração leve ou pressão com algodão).
Não é necessário repor a janela óssea de volta uma vez que a musculatura (mm temporal) muito espessa e
protege muito bem → Craniectomia
Para finalizar, sutura continua simples na fascia do mm temporal (fio inabsorvível ou absorvível); redução
de espaço morte; sutura de pele.
Há problema se animal bater a cabeça? Provavelmente não pois janela é pequena e mm temporal
protege bem.
Tenta-se fixar a cabeça da melhor maneira possível.

RESUMO
➢ ABCDE – verificar primeiro ABCD
o O2
o Fluidoterapia
o Analgesia
➢ Diuréticos
o Furosemida 2-4mg/kg → 15’ → mannitol 1g/kg
➢ Convulsões
o Diazepam 0,5-1 mg/kg
➢ Temperatura -nao muito baixa nem alta
➢ Craniotomia/ cranioectomia – se sindrome Cushing
➢ Corticoides? Controversias
➢ Tratar todos os pacientes por pelo menos 24horas! Não partir direto pra eutanásia
➢ Animal precisa comer, beber, urinar e defecar

Aline Bervian - 24
UFPEL – VETERINÁRIA

REANIMAÇÃO CÁRDIO-CÉREBRO-PULMONAR (RCCP)


Profº Martielo Ivan Gehrcke

Atendimento emergencial
Paciente consciente (que tem batimento cardíaco) → ABCDE do trauma
X
Paciente em parada → C → compressões cardíacas
- Baixissima taxa de sucesso (42% ineficaz e apenas 6-3% alta hospitalar)

Sucesso depende de:


• Causas da PCR:
- Trauma, atropelado, com altas perdas sanguineas → já é esperado que não se salve
- Paciente que teve PCR durante osh eletiva → erro anestésico/ cirúrgico → geralmente se consegue
contornar e salvar o paciente.

• Tempo de inicio e duração:


- Tempo pra iniciar: 1-2 minutos da parada
- Duração: 5-10 minutos (não adianta ficar massageando por 20 min)

• Tamanho, equipe e condições previas


- Pacientes menores voltam mais fácil (mais fácil l apertar o coração)
- Equipe de 4-5 pessoas treinadas; 3 até dá, 1 é impossível.
- Paciente já tinha acesso venoso? Se não tiver nada, fica mais difícil.

Premissas do RCCP
- Prevent – reconhecimento precoce: paciente não entra do nada, bradicardia, hipotensão, apnéia;
- Preserve a vida - basic life support: não precisa conhecimento especial; treinamento repassado a
toda equipe que trabalha no local.
- Restart – suporte avançado: reiniciar coração, exige conhecimento clinico veterinário.
- Recover – cuidados pós reanimação: internação, paciente pode apresentar cegueira, problema
motor...

Guias de RCCP padrão (mostra o que funciona e o que não funciona) – método padrão de fazer.

1º Compressão torácica:
- Animal em decúbito lateral, com o dorso virado pra quem vai massagear. Altura da mesa
um pouco abaixo da cintura pq deve-se fazer força jogano peso do corpo, não dobrando braços.
- Gatos fazer com uma mão, com dedão ou palma da mao quase pulso.
- Cão: 100 mov/ min
- Gato 140 mov/min
- Minimo 2 min, não parar antes de 2 min. A partir de 2’ pode-se parar para auscultar,
verificar se ele voltou a bater.
Só se consegue reestabelecer 20% do DC, por isso o movimento tem que ser perfeito
➢ Efetividade da massagem? Cada compressão deve gerar pulso, verificado com oxímetro ou
pulso.
Pacientes com EtCO2 >18 mmHg tem maiores chances de retorno à circulação espontânea
(possível medir quando paciente já estiver previamente entubado).

2º Ventilação pulmonar:
- Se der, já entuba enquanto estiver massageando; senão depois dos 2’

Aline Bervian - 25
UFPEL – VETERINÁRIA

- Pode-se, se não conseguir entubar antes dos 2’, colocar mascara de O2


- Intubação correta!
- 10 mov/min
- Oxigenio 100%
- Ventilação manual (6 segundos aperta, 6” e aperta...) ou mecânica (P= 10-20 cmH2O)
→ A compressão não para NUNCA

3º Acesso venoso/ fármacos


- Só se conseguir acessar massageando, não pode parar massagem.
- Adrenalina 0,01 mg/kg IV ou 0,1 mg/kg Traqueal (se não conseguir acessar, bota pelo
traqueotubo)
- Máximo 2 doses de adrenalina; fazer mais que isso não vai fazer voltar
- Adrenalina intracardiaca? Só se quiser matar o paciente!
- Atropina: 0,05 mg/kg IV → quando coração voltar a bater ou quando a parada for de origem
vagal (cirurgias oftálmicas, de pescoço ou tórax)
- Reversores:
- Naloxona: pra reverter opioides
- Atipamezole: pra reverter dexmedetomidina
- Fluidoterapia (volume ajuda a voltar a circulação): 20-50 ml/kg/h

4º Desfibrilador
Praticamente não usado na veterinária
É utilizado pra quando o coração está fibrilando (tipo como se o coração estivesse convulsionando)
- Maioria dos animais para o coração em assistolia e não desfibrilando. Desfibrilador pára o coração,
então geralmente deve-se massageá-lo pra reativá-lo.
- Quando usar: ninguém perto, passar gel nas pazinhas antes, cuidar pra quem for desfibrilar não
tomar choque.
- Externo: 2-10 J/kg
- Interno: 0,2-1 J/kg

Temperatura
- Hipotermia permissiva: 36-37 °C (baixa temperatura → metabolismo diminuído → melhor
conservação)

Retorno a circulação
- Acesso venoso
- Monitoração
- Ajustar ventilação mecânica
- Limpar
- Procurar o que fez com que o animal entrasse em parada
- Se não fizer nada depois que retornar, paciente pode entrar em parada em 15’ de novo.
- Voltar ao CABDE se o paciente entrar em parada de novo

Metas pós emergência:


- Cuidados intensivos: paciente confortável, assistência completa, alguém do lado do paciente o tempo todo.
- Analgésicos (corticoides ainda são questionáveis)
- Monitoração pesada
- Nutrição – se ficar em coma tem que passar sonda e alimentar, senão morre de inanição
- Parâmetros mínimos esperados

Aline Bervian - 26
UFPEL – VETERINÁRIA

- FC estável: 100 bpm (bradicardia → atropina; normocardia; taquicardia e arrítmico → lidocaína,


alizarona)
- PAS >90mmHg e PAM >60 mmHg (senão ele morre depois por insuficiência renal)
- EtCO2: 35-45 mmHg (ventilação mecânica ou mão) – sedação, coma induzido (não adianta
acordado sem conseguir respirar direito)

Considerações finais:
- Conhecimento, técnica e equipe
- Se atualizar sempre
- Técnica: treinamento
- Equipe treinada

- Cada caso é um caso


Seguir mesmo protocolo pra todos pacientes, mas o sucesso vai variar

- Atualização
Em conhecimento, em aparelhos, em técnicas.

Sempre tentar prevenir. Se aconteceu, agir o mais rápido possível, pensando em voltar batimento cardíaco:
massagem. Depois intubação e depois acesso venoso, farmacologia, desfibrilar. Junto com tudo isso ir
pensando em resolver situação – ninguém pára do nada, e tem que se resolver isso.

Aline Bervian - 27
UFPEL – VETERINÁRIA

TERAPIA ENERGÉTICA
Profº Ventura
Gerenciamento nutricional do paciente cirúrgico
Desnutrição
Perda progressiva tanto de tecido adiposo quanto de massa magra. E isso pode ocorrer por aumento
de exigência (hipercatabolismo, atletas, hipermetabolismo – em infecção tem maior exigencia) ou por
consumo inadequado.

Consequências:
Ocorrem atrofias musculares e de órgãos, imunidade diminuída, cicatrização retardada, anemia,
hipoproteinemia e morte.

Diagnostico
Se da pela descoberta da aumenta de exigências nutricionais ou aumento a perda de nutrientes. Casos
de trauma, cirurgia, infecção, queimaduras, febre aumentam a exigência.

Indicações para suporte nutricional


Ausência de ingesta ou
Incapacidade de se alimentar corretamente – por mais de 3 a 5 dias.
Redução de massa corporal maior de 5%
[ ] de albumina sérica menor que 2,5g/dl
Pacientes em estado de hipermetabolismo (infecção)

Formas de administração
Parenteral – IV
Oral - Ingesta voluntária
- Ingesta forçada
- Sondas: esofagostomia (recomendado pelo lado esquerdo), faringostomia (só se não der
pra fazer a anterior), nasoesofágia (muito utilizada em gatos, n°4), gastrostomia, duodenostomia,
jejunostomia (averiguar a situação do paciente antes de optar por uma das 3 ultimas opções, pois
necessitam passar por cirurgia).

Exame clinico completo Estabilização


Exames complementares hemodinâmica e
Correção de desidratação respiratória

Depois, faz-se o calculo do requerimento energético basal (REB), ou seja, quanto de calorias o animal
precisa para manter suas atividades vitais por um dia.
➔ Pacientes com qualquer massa corporal (Montani-Ferreira e pachaly, 2000)
REB (kcal/ dia) = 70 x (massa corporal)0,75 *Ventura sugere esse.
➔ Duas faixas de peso (Raiser, 1998/ Shimizu & Rabelo, 2005)
Pacientes com massa corporal <2kg e >45kg
REB (Kcal/ dia) = 70 x (massa corporal)0,75
Pacientes com massa corporal entre 2kg e 45kg
REB (Kcal/ dia) = 30 x (massa corporal) + 70

Aline Bervian - 28
UFPEL – VETERINÁRIA

Cálculo de requerimento energético de manutenção, quando o paciente não está bem e tem maior
requerimento calórico, de acordo com a patologia.
Problema clinico associado Fator
Atividade moderada - repouso em 25% (1,25)
gaiola
Estresse pós-cirúrgico - convalescença 35% (1,35)
Traumatismo ou neoplasia – 50% (1,5)
Politraumatizado ou debilitado
(severo)
Sepse 70% (1,7)
Queimaduras maiores 100% (2,0)

REM (kcal/ dia) = Fator escolhido x REB (kcal/ dia)

Passos para o calculo em terapia energetica parenteral


1º Passo: requerimento energético basal
REB (kcal/ dia) = 70 x (massa corporal)0,75

2° Passo: requerimento energético de manutenção


REM (kcal/ dia) = Fator escolhido x REB (kcal/ dia)

3º Passo: divisão entre componentes:


20% aa + 40% lipídeos + 40% glicose
- aa (kcal) = 0.2 x REM
- L (kcal) = 0.4 x REM
- G (kcal) = L

4° Passo: kcal → gramas


Assume-se que
- aa (g) = aa (kcal) ÷ 4 Aa: 1g = 4kcal
- L (g) = L (kcal) ÷ 9 L: 1g = 9kcal
- G (g) = G (kcal) ÷ 3.4 G: 1g = 3.4 kcal

5º Passo: gramas → mL Soluções geralmente apresentam


- aa (mL) = aa(g) x 100mL ÷ 10 ou 20 [aa] = 10 a 20%
- L (mL) = L (g) x 100mL ÷ 10 ou 20 [L] = 10 a 20% 10% significa
- G (mL) = G (g) x 100mL ÷ 50 ou + [G] = 50 a 70% que há 10g
em 100 mL
-se que:
6º Passo: Verificar a velocidade máxima da glicose
A velocidade máxima é de 0,5g/kg/h, acima disso começa a fazer diurese, é o máximo que o rim permite
receber.
0,5g/kg/h
- 0,5 x (peso em kg) x 24h = Xg/ dia de glicose máximo que o paciente pode receber em um dia.
Esse calculo serve para ver se a quantidade calculada previamente está dentro do máximo e se houve
erro de calculo (se G deu muito abaixo ou muito acima de algo errado – metade é correto).

7º Passo: somar volumes


- AA (mL) + L (mL) + G (mL) = volume total (mL/ dia)

Síndrome da realimentação
Paciente já não come por um longo período (3 a 5 dias), fígado já não metaboliza normalmente. Então, se
for fornecido esse volume total, fígado vai achar que o organismo já está normal e vai desviar energia para

Aline Bervian - 29
UFPEL – VETERINÁRIA

todas as funções ao invés de destinar somente para manutenção e sobrevivência. Por isso, nunca se começa
fornecendo o volume total. Fornecer de 30 a 50% somente.

8ºPasso: evitar síndrome de realimentação


Volume a ser fornecido (mL/ dia) = 0,3 ou 0,5 x Volume total (mL)

Depois, calcular o preço da NPT


Exemplo ($$ Novembro/ 2020):
Aminoven (500mL) Considerando VT do exemplo:
[10%]: R$ 90,00 AA[10%] – 290 mL
[15%]: R$ 100,00 R$ 52,90
1000mL: R$ 195,00

Lipovenos (500mL) L [10%] – 260 mL


[20%]: R$ 79,00 R$ 20,28
[10%]: R$ 39,00

Glicose 50% (1000mL) G [50%] – 138 mL


R$ 41,00 a 100,00 R$ 13,80

Total por dia: R$ 86,28

Observa-se que a nutrição parenteral não é um absurdo de caro, sendo possível ser feita. Ressaltando que o
valor supracitado foi calculado baseado no Volume Total a ser fornecido e não ao Valor que deve ser
Fornecido no inicio (30 a 50%)!

Aline Bervian - 30
UFPEL – VETERINÁRIA

ENDOTOXEMIA NA DILATAÇÃO VOLVO GÁSTRICO


Profº Ventura
DILATAÇÃO GÁSTRICA VOLVO
Graus variáveis de má posição gástrica, que leva a diversos efeitos, sendo um deles o acumulo rápido de
gás (devido a aerofagia) leva ao aumento da pressão intragástrica. Pode causar choque (todos os tipos) e
não raramente leva a morte. Rápida detecção da doença por parte dos tutores aumentam as chances de
sobrevivência.

Propensão racial e fatores predisponentes:


Cães grandes ou gigantes
Tórax profundo e estreito – ligamentos que sustentam estomago são mais largos (mais maleáveis)

Causas
Desconhecidas ainda. Há algumas especulações: frouxidão ligamentar, exercício pós-prandial,
emperramento estressado, histórico familiar, produção ou ingestão de gás gástrico.

Remoção/ torção do baço, quando isquêmico, representa 20% de diminuição da volemia.

<https://www.youtube.com/watch?v=WAuooupKdt4&feature=youtu.be> 13’15”

Endotoxemia: quais seus efeitos?


1º fase:
Isquemia esplênica e hipóxia
• Indol Resultantes da degradação dos AA, que ocorre devido a necrose.
• Escatol AA degradados → formação de toxinas → vão pro sangue;
• Putrescina AA degradados → peptídeos que prejudicam função cardíaca;
• Cadaverina
2º fase:
Citocinas pró-inflamatórias
NO (óxido nítrico)
RL: O-2, HO2, H2O2, OH (ERMO – espécies
• Radicais livres reativas do metabolismo do oxigênio) → agem pra
Vasodilatadores
• cGMP matar bacs, mas agora tem pouco fluxo sg → causam
Lesão por reperfusão vasodilatação e lesão por reperfusão → queda na
performance hemodinâmica.
cGMP: forma mais NO → + RL

Aline Bervian - 31
UFPEL – VETERINÁRIA

Toxinas bacterianas
Lamina própria do intestino → com a baixa perfusão, não funciona direito e acaba passando toxinas pro
sangue.
Exotoxina (Gram +)
• Citotoxinas
• Neurotoxinas
• Enterotoxinas

Endotoxinas (Gram -)
• LPS
• Febre, inflamação, diarreia, coagulação, choque

Normóxia → O2 normal → [RL] normais → cels viáveis, tecidos normais → mucosa rósea
Hipóxia → O2  → cels viáveis? Metabolismo anaróbico. Tecidos normais? (até 4’sim), mas tem alteração
de cor → mucosa cianótica
Isquemia → O2 zero →[RL]  → morte celular, metabolismo zero, tecidos necrosados

Tratamento clinico
Estabilização
Seguir o ABCDE do trauma
Com DVG: A ok. B existe, mas dificultado. C está bastante prejudicado.
• Oxigênio
• Esvaziamento gástrico: por sondagem ou trocaterização (pelo lado esquerdo)
o Não se recomenda descompressão rápida, pois pode causar parada cardiaca
• Fluidoterapia
o Administração em vaso central → jugulares (não adianta fazer na safena, femoral pois a
cava está comprimida e ai não adianta pra aumentar volemia)
• Cirurgia
• Arritmias – detectáveis ou auscultação ou eletrocardiograma
o Lidocaína (2-4 mg/kg em bolus {tentar primeiro | infusão continua de 50 µg/kg/min)
• ATM

Terapia cirúrgica
Ideal seria não remover estomago/ partes. Porém não é o que geralmente ocorre (devido a necrose)

Varias técnicas:
▪ Gastrectomia parcial
▪ Invaginação/ enfossamento
o Pode causar necrose ou ulceração
▪ Curvatura maior ou porção media do estomago
▪ Gastrectomia total – em casos de necrose total do estomago, talvez possa indicar eutanásia

▪ Esplenectomia – se baço estiver necrosado, inchado (vai ta represando 20% da volemia)

❖ Técnicas de gastropexia
Fixação do antro pilórico na parede abdominal, para não ocorrer recidiva (90% de quem não faz,
recidiva)
Indicações: DVG ou herniação hiatal
Nunca perfurar a luz do estomago!!!

Aline Bervian - 32
UFPEL – VETERINÁRIA

▪ Técnica circuncostal – flape dobradiça → flape na região do antro pilórico, disseca-se uma
costela, passa o flape por tras e se sutura de volta.
▪ Alça de cinto (beltloop) → também se faz um flape no antro pilórico, disseca-se uma faixa da
mm abdominal interna, passar flape por traz estruturar no leito criado anteriormente.
→ Ambas são trabalhosas, com fixação bastante firme. Foi verificado que não é necessária
tamanha fixação. Cairam um pouco em desuso.

▪ Flape muscular (incisional) → quando não sofreu


necrose. Incisão no estomago (fazer beliscamento
para não perfurar lumen), tracionar região do antro até
o ponto que o estomago fique confortável em contato
com a parede, fazer lesão (3-7cm) na parede e fazer
aposição dos lábios. Náilon (não categute; precisa de
40-60 dias pra fechar)

▪ Por sonda (gastrostomia) → quando já teve necrose, já fez gastrostomia → sonda com balonete,
passar por dentro do abdômen e pra dentro do estomago, suturar estomago em bolsa de tabaco
depois de inflar o balonete, tracionar a sonda, e suturar com sutura chinesa a sonda por fora.
Ficar por 7 dias no mínimo (criar aderência estomago e parede).

Cuidados específicos com relação a abertura e fechamento de estomago: trocar luvas e campos
cirúrgicos, trocar aventais (pode acontecer mais contaminação), trocar instrumental irrigação abundante da
cavidade abdominal (RL, NaCl 0,9% - aquecidas).

Cuidados pós operatórios


Alimentação leve
Pequenas porções de água
Analgesia
ATB – ação em G- e anaeróbicos
Repouso
Arritmias – podem acontecer em até 96h após admissão hospitalar
Monitorar PA e funções renal e hepática

Aline Bervian - 33
UFPEL – VETERINÁRIA

HÉRNIA
Profº Ventura

Conceito: orficio da cavidade corporal, restrito a cavidade abdominal, necessita haver saco herniário
(revestimento peritoneal). Defeito na parede abdominal.

Etiologia: muito variada, podendo ser congênita ou adquirida (deiscência de sutura ou trauma)
Conhecimento da anatomia é de extrema importância

Tipos:
❖ Externas (ao abdômen):
− Umbilical (geralmente não é necessário correção)
− Inguinal (++ fêmeas)
− Femoral
− Escrotal
− Abdominal (complicada, mas de fácil correção)
− Paracostal (complicada, mas de fácil correção)
− Perineal (complexa) (++machos)
− Peritoniopericárdica (complexa, necessita cirurgia neonatal)
− Incisional

❖ Internas
− Diafragmática
− Hiatal

Fatores predisponentes: obesidade, idade avançada, desnutrição, diabetes, múltiplas laparotomias, tipo de
incisão e cuidados na laparorrafia, infecção pós-operatória da ferida cirúrgica → responsabilidade do
cirurgião e equipe.

Anatomia
Hérnias abdominais
Internas – nem sempre tem revestimento peritoneal (diafragmática)
Externas – devem ter revestimento peritoneal
Verdadeiras x falsas (diafragmática)
Hérnia de disco: protusão do disco

Diagnóstico
Predisposição racial (obesidade; bulldog, pastor)
Histórico (família, pais, irmãos)
Exame físico
Exames complementares
Radiográfico
Ultrassonográfico

Tratamento
Incisão
− Cuidadosa da pele sobre a hérnia (fazer beliscamento)
− Laparotomia mediana ventral
Verificação do conteúdo herniário – vísceras integras ou não

Aline Bervian - 34
UFPEL – VETERINÁRIA

Desbridamento de aderências – se precisar desbridar algo, sempre sacrificar a parede herniária


Desbridamento do anel herniário – não remover, reavivar somente (resistente)
Inspeção cavitária e visceral
Síntese (Wolf)
− Implantes (exógeno) ou enxertos (vem do paciente)

▪ Hérnia umbilical
Se for bem pequena, tende a reverter em 6-7 meses.

▪ Hérnia abdominal
Geralmente causada por trauma. Observar facis.
Técnica: facilmente fechada, geralmente. Utilizar pontos de ancoragem. Realizar sutura, ponto a ponto.
Reduzir bem o espaço morto e fechar pele.

▪ Hérnias pré-pubica e abdominocostal (paracostal)


Laparotomia: verificar integridade das vísceras (beliscamento → contração → não remoção).

▪ Hérnias inguinal e inguinoescrotal


Inguinoescrotal: vem do canal inguinal até o saco escrotal.
Estruturas importantes:
Fêmeas: n. genitofemoral e aa e vv epigástricas superficiais caudais
Machos: os 3 +cordão espermático (raramente ocorre essa hérnia em machos, ++ inguinoescrotal)
→ não se pode fechar completamente o orifício da hérnia para não ocluir essas estruturas. Ordenha
do conteúdo, redução do saco herniário e sutura da pele.

▪ Hérnia peritoniopericárdica
Anamnese: único filhote mama pouco, fica em esfinge tentando respirar. Fica tudo aberto, coração faz parte
do abdomem praticamente.
Bem complicada. ++ gatos persa. Se não for detectado e resolvido cedo, o individuo morre por inanição.
Cirurgia: unir ambos os lados do diafragma. Não fazer sutura continua (porque diafragma cresce).

▪ Hernia perineal
Tenesmo, dificuldade de urinar, aumento de volume lateral ao anus e abaixo da cauda.
Cirurgia: realizar orquiectomia juntamente (hormônio enfraquecem mm – na cirurgia, realizar orqui antes
da correção da hernia)
Para correção hérnia: incisão curva da base da cauda até tuberosidade isquiática.
Unir mm esfíncter anal externo, coccígeo e obturador → difícil distinguir as estruturas; estruturas
frágeis.
Unir ligamento sacrotuberal ao esfíncter anal externo (Ventura prefere esse). Nunca pegar esfíncter
anal interno pois ele é responsável pela continência fecal. Cuidar para não englobar n. ciático (pós cirúrgico:
membro extremamente flexionado e se forçar animal sente muita dor →voltar pra mesa).

▪ Hérnia diafragmática
Paracostal, radiais, tangenciais/ transversas, ruptura dos pilares (muito raras). Cuidar orifícios por onde
passam estruturas: hiato esofágico e aórtico é fácil cuidar/ ver; difícil é forame caudal: extremamente frágil.
Diagnostico Rx ou us. Estabilizar paciente primeiro se der. Cirurgia de emergência
Acessos cirúrgico: torácico (afastamento das costelas dói no pós, e se é de ambos os lados é mais difícil)
ou abdominal (laparotomia mediana ventral). Sutura continua simples é suficiente. Drenar ar.

Aline Bervian - 35
UFPEL – VETERINÁRIA

REGENERAÇÃO TECIDUAL E TRATAMENTO DE FERIDAS


Profº Ventura

Definição de feridas
Soluções de continuidade da pele ou mucosas, de profundidade variável até aponeuroses, músculos, ossos,
serosas ou órgãos internos.

Classificação das feridas


1. Conforme a estimativa clinica da densidade microbiana
a. Limpa
b. Baixa contaminação
c. Contaminada
d. Suja ou infectada

2. Conforme a progressão da infecção


a. Classe 1 – 0 a 4 horas (suturar)
b. Classe 2 – 4 a 12 horas (avaliar se é possível suturar e, sempre que possível, suturar)
c. Classe 3 – acima de 12 horas
3. Conforme apresentação clinico cirúrgica
a. Fechadas – abrasão, contusão
b. Abertas – incisa (lamina), lacerada (borda com anfractuosidades, mordeduras), punctória
(agulha, prego), penetrante (atingem cavidade → laparotomia exploratória), acidente
ofídico, arma de fogo, avulsão (mordedura, lacerada)

4. Conforme a causa
a. Traumática – todas
b. Atraumática – agressões por bisturi

5. Conforme as estruturas comprometidas


a. Superficial
b. profunda

Tratamento das feridas, sempre visam manter os pacientes vivos, independente do grau da lesão. Não se
apavorar com o que está sendo visto, internamente pode haver situação pior.

Processo de cicatrização
Há quatro fases:
 Inflamação
 Desbridamento
Fase de latência → enquanto ambas não se concluírem, ferida não cicatriza.
 Proliferação
Tecido começa cicatrizar e há grande aporte de estruturas fibrosas
 Maturação
Remoção do excesso de fibrose.

❖ Inflamação
Duração de 0 a 3 dias.
Vasoconstrição reflexa leva a oclusão dos pequenos vasos e há formação de coágulos pelas plaquetas,
hemácias e leucócitos.

Aline Bervian - 36
UFPEL – VETERINÁRIA

Alteração da permeabilidade vascular: ocorre deposição de fibrina, exsudação, edema não pode ser
exagerado.
❖ Desbridamento
Dura de 1 a 6 dias.
Começa a vim proliferação de polimorfonucleares – atividade de lys e macrófagos. Ativação enzimática e
limpeza do local ou supuração do tecido.
Tecidos necróticos, coágulos sanguíneos e corpos estranho → supuração
❖ Proliferação
Dura de 3 a 14 dias
Proliferação capilar muito grande; periferia --. Centro
Reabsorção de fibrina (fibrinólise)
Síntese de colágeno – quase que de forma descontrolada
Migração epitelial

❖ Maturação/ remodelamento
Dura de 14 dias a 1 ano e, eventualmente, mais tempo
Ocorre involução do numero de capilares e células
Aumenta síntese de colágeno e para maior resistência elástica
Colágeno desnecessário forma a colagenase
Contração da cicatriz

Tipos de cicatrização
1ª intensão (4 a 10 dias)
Bordas coaptadas, evolução asséptica e cicatriz linear
2ª intensão (dias a meses)
Bordas não coaptadas (perda tecidual), preenchimento por tecido de granulação
Epidermização

Tecido de granulação
Extremamente resistente a infecção, pois é extremamente irrigado. Está sempre úmido, e esse exsudato é
rico em fatores antinflamatórios. suporte para migração epitelial
Nutre fibroblastos – colágeno para regeneração
Redução do tamanho da ferida – contração cicatricial

Cicatrização de diversos tecidos


Tecido muscular – 20-60 dias
Fáscia e aponeurose – 120 dias
Tendão – 180 dias Nenhum tecido recobra a força original depois de cicatrizado
Peritônio – 4 a 5 dias
Tecidos ósseo – 45 – 60 dias
Neural – meses a anos → terapia com células tronco

Aline Bervian - 37
UFPEL – VETERINÁRIA

Fatores que afetam a cicatrização – tudo que retira o organismo da sua situação de equilíbrio normal
Fatores locais Fatores sistêmicos
Suprimento sanguíneo Idade
Corpo estranho Estado nutricional
Movimento e trauma adicional Anemia
Oxigenação Hipoproteinemia
Anti-séptico (clorexidine tópico pode, mas de Desidratação
preferencia retirar com agua) Antinflamatórios
Seroma e hematoma Temperatura
Edema Vitaminas A, C, E, K
Bandagem e complexo B
Infecção
Radiação *só colocar na ferida o que colocaria no olho

Princípios gerais para o tratamento de feridas


Lembrar sempre que, em paciente que passaram por trauma, primeiro devem passar pelo ABCDE do trauma
antes de se cuidar da ferida.
1º Promover analgesia (anestesia) e ventilação adequadas
2º Remover pelos e sujidades na ferida adjacente
3º Desbridamento da ferida – quando possível
4º Fechamento da ferida – sempre que possível

Tipos de desbridamento
Cirúrgico – remoção em cunha da borda com anfractuosidades
Autolítico – pela própria ferida, removem tecido morto
Enzimático
Com curativo – no momento da remoção do curativo, remove-se juntamente o tecido necrosado
Biocirurgico – com larvas da mosca Chochliomia (só comem tecido necrosado e defecam substancia
antibioticas)

Quando drenar?
Desbridamento incompleto
Corpos estranhos em estruturas nobres
Abcessos
Presença de material desvitalizado
Contaminação inevitável (mordidas)
Espaço morto não reduzível

Drenagem:
Passiva – tubo promove drenagem. Penrose, tubular, gaze
Ativa – através de sucção e administração de substancias. Drenagem, lavagem.

Antibióticos e anti sépticos tópicos


Deveriam ser:
Toxicidade bacteriana bastante seletiva, sem toxicidade pro individuo
Eficaz frente a matéria organica
Eficazes quando combinados a ATB sistemicos

O que são:

Aline Bervian - 38
UFPEL – VETERINÁRIA

Alto custo
Possivelmente tem resistências
Criação de superinfecções
Pode causar intoxicações – gentamicina
Hipersensibilidade – penicilina
Aumenta a taxa de infecções nosocomiais (hospitalares)
Dose do tópico? Difícil dosar

*ferida tem criptas. Pomada chega bem nas partes superiores da ferida, e diluído na parte inferior devido a
exsudação. Também, a formação de crostas protege as bactérias inferiores.
Ventura não gosta de tópicos, acha que o melhor são sistêmicos, para evitar resistência. Se usar, na hora
que for utilizar a pomada sempre lavar bem os resíduos anteriores antes.

Ataduras
Características ideais
 Remover exsudatos e componentes tóxicos
 Manter umidade elevada na interface ferida-curativo
 Permitir trocas gasosas
 Fornecer isolamento térmico – mais aquecidas tendem a cicatrizar melhor.
 Aliviam a dor – devido a pressão aplicada
 Protege contra infecções secundárias, oriundas de contaminantes do ambiente, tóxicos ou
particulares
 Permitir a remoção do curativo sem trauma a ferida

Aline Bervian - 39
UFPEL – VETERINÁRIA

PRINCÍPIOS DE CIRURGIA ONCOLÓGICA


Profº Ventura
Papel da cirurgia na terapia oncológica:
Pode ser tanto um procedimento definitivo quanto paliativo (melhora na qualidade de vida).
• Procedimento definitivo: neoplasias benignas, ou neoplasias pequenas associadas com
quimioterapia.
• Procedimento paliativo: maior parte dos tumores malignos.
• Procedimento cirúrgico escalonado em estágios – na cirurgia remover a massa e depois resolver
demais problemas que vierem à tona.

Necessário que a equipe veterinária seja multidisciplinar


− Clinico
− Patologista clinico
− Radiologista, US, TC, MRI
− Anestesista
− Cirurgião
− Nutricionista
− Fisioterapeuta
− Patologista

Princípios da cirurgia oncológica


Se baseiam nos princípios de Halsted - Técnica cirúrgica asséptica (toda equipe deve cuidar)

• Manipulação atraumática dos tecidos


• Hemostasia cuidadosa
• Preservação da vasculatura
• Antissepsia e assepsia rigorosa
• Ausência de tensão nos tecidos
• Sutura plano a plano
• Redução adequada de espaço morto
anatômico

Margens de segurança – deve ser encaminhada para exame histológico e verificação de margens livres;
margens de 1-2cm geralmente.
Ressecção de linfonodos acometidos – todos

Caso clinico: cachorro com mastocitoma no focinho, lado direito. Mastocitoma bastante agressivo. Retirada
é bastante mutilante, retira-se o osso nasal no lado afetado. Paciente vai pra casa com indicação de limpeza
da ferida diária com somente gaze úmida em solução fisiológica + curativo. Depois foi feita mais cirurgia
no linfonodo que tinha metástase. Teve sobrevida de quase 1 ano.

Sobrevida geralmente é de um ano, mas pode ser 2 meses, 3 anos. Varia muito.

Aline Bervian - 40
UFPEL – VETERINÁRIA

MASTECTOMIA

Bastante realizada uma vez que esse tipo de tumor é bastante comum.

Recomendações gerais
Indicações: realizada em neoplasias mamárias (99% dos casos) e hipertrofia mamária em gatas.
Mastectomia e OSH: discussão se fazer OSH em casos de mastectomia. No HCV é feito.
Princípios de Halsted: melhor cicatrização e menor dor
Pós operatório: cuidados especiais – roupa cirurgia, colar Elizabethano, curativos diários (solução
fisiológica e gaze).

Mastectomia de salvação (neoplasia ulcerada): remoção da mama com maior problema, para simplesmente
melhorar a qualidade de vida. Posteriormente remoção das cadeias, OSH, remoção de linfonodos...

Regiões da cadeia: inguinal (M5), abdominal caudal (M4), abdominal cranial (M3), torácica (M1, M2).
Incisão elíptica, vai se controlando o sangramento de acordo com o seu surgimento (pinçamento ou
termocautério6).
Há dois vasos principais que devem ser ligados na mastectomia → artéria e veia epigástrica
superficial caudal (cranial ao púbis) e artéria e veia epigástrica superficial cranial (borda caudal da última
costal). A cranial tem menor diâmetro que a caudal.

Dissecção da pele elíptica com tesoura romba, elevando a mama e dissecando (não arrancar a mama). Bom
no inicio chegar na fáscia, aí fica mais fácil definir os planos anatômicos.
Vasos vaginais: caudais ao tumor → devem ser ligados para evitar sangramentos pós operatórios.

Depois fazer redução do espaço morto. Pegar na borda logo abaixo da pele; pegar tecido em pouca
profundidade e grande extensão. Utilizar pontos isolados de sultam primeiro (quando cirurgião é
inexperiente), depois fazer continuo entre pontos isolados. Quando cirurgião é experiente, utiliza ponto
continuo simples. Depois pode-se fazer sutura intradérmica da pele.
→ Pele não sustenta tensão!! Quem vai sustentar a tensão é a redução do espaço morto.

➢ Tecido (espaço morto) com aspecto gelatinoso → foi feito tumescência


➢ Tumescência: infusão abaixo do tecido mamário, entre fascia do tecido mamário, de RL +
adrenalina + lidocaína.
o Efeitos: analgesia de qualidade muito elevada; adrenalina e pressão da infusão evitam
sangramento de pequenos vasos.
o Age por até 6 horas após procedimento. Ventura acha que é topissimo fazer

➢ Na remoção de cadeia mamária, abduzir a patinha do lado afetado e reduzir o espaço morto de
forma adequada e eficiente, depois suturar pele. Para que quando paciente acordar, não ter
resistência na sutura na parte da virilha. Patinha super abduzida gera bastante tensão do tecido,
aí depois quando a paciente estiver em posição normal, não vai ter tensão nenhuma.

Mastectomia regional ou radical unilateral. Mastectomia radical bilateral não é recomendada, pois causa
muita dor e desconforto pra paciente, mesmo fazendo tumescência e todos os cuidados. Preferir fazer a
radical unilateral e depois de 30 dias fazer o outro lado. Mastectomia de salvação em neoplasia ulcerada e
em outro momento o restante da cadeia.

6
Pode ser usado em artérias até 1mm de diâmetro e veias de até 2mm.

Aline Bervian - 41
UFPEL – VETERINÁRIA

NUNCA ESQUECER OS PRINCÍPIOS DE HALSTED!!!


 Nunca arrancar tecido mamário, elevar e debridar
 Seguir os demais passos também;
 Antimicrobianos jamais devem ser utilizados em detrimento das boas condutas operatórias, que são
mantidas com o exercício da consciência e disciplina cirúrgica. (Raiser, 1995)

Aline Bervian - 42
UFPEL – VETERINÁRIA

EXAME ORTOPÉDICO
Profº Ventura
EXAME ORTOPÉDICO
Identificação do problema
Como a maioria dos problemas é devido a traumas, primeira coisa a se fazer é o ABCDE do trauma
Anamnese
Membros afetados através de exame clinico
Alterações: ósseas (fraturas), articulares (luxações), neoplásicas (++osteossarcoma,
condrossarcoma).

Avaliação mecânica das fraturas


 Sustentação do peso: lesões múltiplas do mesmo (raças gigantes) → muito cuidado, não são estáveis
 Contato: 1 ou 2 fragmentos além das partes distais doença clinica,(cães grandes) → cuidado
intermediário; circlagem, parafusos, placas.
 Compressão: fraturas únicas, membro único (raças toy) → mais estáveis, provável que somente com
pinos se consiga estabilizar

Avaliação biológica de fratura

 Bom envoltório: tíbia tem pior envolvimento que fêmur → pior pois fratura facilmente se torna
exporta e, quanto menos tecido, menor a vascularização.
 Osso cortical (- irrigado) x osso esponjoso (+)
 Velocidade: alta (projéteis); baixa (atropelamento, chute)
 Abordagem extensa durante a cirurgia faz com que demore mais pra cicatrizar também
 *Fratura começa a cicatrizar no momento em que ocorre. Quanto mais demorar pra fazer a cirurgia,
mais vai ter cicatrizado e aí se a abordagem for ampla o momento da cirurgia vai ser o momento 0
de cicatrização de novo.

Posição plantigrada ao posicionar o membro no chão: ruptura de tendão calcâneo/ de aquiles ou fratura do
osso calcâneo.
Fratura de pelve: operar; comum em atropelamentos

Aline Bervian - 43
UFPEL – VETERINÁRIA

Avaliação clinica das fraturas

 Adesão: cuidados pós operatórios ou com tala devem ser rigorosos; não se pode deixar paciente
sozinho ou com outros animais;
 Adesão do paciente – raças toys costumam sem mais nervosos, dificulta limpeza de feridas ou troca
de talas; contrariamente as raças maiores;
 Comportamento estóico: gatos tendem a ser estoicos; demonstram dor em situações muito criticas
– cuidar para não dar pouca analgesia;
 Conforto exigido: toys exigem mais; grandes menos.

Ordem o exame
Deambulação (passeio): evitar deambulação
Examinação de distal para proximal (lesões mais simples → mais graves)
Membro torácico primeiro e depois pélvico
Avaliação neurológica concomitante
Avaliação radiológica, ressonancias (auxilia em rupturas de ligamentos)
Outros meios de diagnostico

Membro torácico
1º unhas, dígitos e coxins: alguns animais claudicam só por quebrar a unha; espinho no coxim
2º Carpo e metacarpo: avaliar amplitude e ligamentos colaterais e laterais. Mobilidade de cotovelo,
amplitude de todas as articulações (ombro, cotovelo, pulso) – faz-se hiperflexão de todas articulações.
Estabilidade do ombro – ficar espinha da escapula e deslocar úmero cranial e caudalmente. Estabilidade do
ombro – hiper e hipoflexão

Membro pelvico
1º unhas, dígitos e coxins
2º tarso e metatarso – ligamentos colaterais. Estender articulação do joelho e tentar flexionar articulação do
tornozelo.

Luxação patelar
Mais comuns em toys. Aparelho quadriciptal alinhados com patela, sulco troclear d fêmur e crista da tíbia
→ movimento perfeito. Lateral é mais comum.
Grau i: patela luxa sob pressão

Aline Bervian - 44
UFPEL – VETERINÁRIA

Grau II: luxa sob pressão, difícil redução


Grau III: patela luxada, reduz-se facilmente mas volta a luxar
Grau IV: rotação do platô tibial, luxação permanente, sulco troclear extremamente raso.

Como examinar: localizar patela, fixa-la com dedos; rotar membro medialmente → ela luxa ou não
Para lateral, rotar membro lateralmente → se problema vai luxar

RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO


Bastante frequente em cães de todos os portos. Pouco comum em gatos.
Dois testes: teste de gaveta e teste de compressão tibial

Teste de gaveta
Como fazer o teste: fixar com uma mão a região das trocleas do fêmur (o
dedão atras dos condilos) e a outra mão prender a tíbia na crista. Mão do
fêmur fica estável/ imóvel, mexer a tíbia cranial e caudalmente.

4 – ligamento cruzado cranial (origem caudal e inserção cranial): se esse


romper, há deslocamento cranial

5 – ligamento cruzado caudal (origem cranial e inserção caudal): se esse


romper, há deslocamento caudal

Teste de compressão tibial


Testa apenas a viabilidade do ligamento cruzado cranial!
Como fazer: uma mão fixa o fêmur, e o indicador fica repousado sobre crista da tíbia. A outra mão faz
hiperflexão da articulação tiotarsico → tendão de aquiles fica hiperflexionado → pressão na musculatura
caudal a tíbia, que tenta deslocar a tíbia cranialmente. Se houver rompimento do ligamento, a tíbia se
desloca cranialmente e isso é sentido com o indicador que está repousando sobre a tíbia.

➔ Sempre fazer ambos testes

ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL
Teste de Ortolani
Identifica se a articulação citada está
devidamente posicionada ou não. Para fazer o
teste de forma adequada, e necessário sedação ou
anestesia geral do paciente (relaxamento
musculatura → não se consegue deslocar cabeça
do acetabulo).
Pode ser feito com o paciente em decúbito
lateral ou dorsal. Uma mão fica no joelho do
paciente. Outra mão fica nas costas se o paciente
estiver em decúbito lateral. Aplicar força
perpendicular ao fêmur, tentando deslocar o
fêmur da cavidade (paciente saudável não
desloca). Depois, faz-se abdução do membro,
permitindo que a cabeça femoral volte para
dentro do acetábulo. Fazendo isso, a cabeça femoral entra de volta no acetábulo fazendo um clique → sinal
positivo, provavelmente tem luxação coxo femoral.

Aline Bervian - 45
UFPEL – VETERINÁRIA

➔ Utilizar esse teste em pacientes que luxam e volta pro lugar, repetidamente.

Teste extensão coxofemoral


➔ Utilizar esse teste em paciente que estão com luxação
É um teste mais simples que o anterior.
Paciente em decúbito dorsal → esticar os dois membros posteriores e verificar se os dois tem o mesmo
comprimento. Se um for maior → positivo para luxação

PELVE
Simetria – fraturas e luxação
➔ Também utilizado para luxação coxo femoral; além de verificar a integridade de toda a pelve.
Como fazer: palpar 3 acidentes osseos:
➢ Tuberosidade isquiática
➢ Crista do ílio
➢ Trocanter maior
E verificar se há a formação de um triangulo com o
vértice voltado para baixo (fisiológico).
Luxações: vértice pode ficar até invertido.
Integridade da pelve: forças acidentes uns contra os
outros para verificar se há crepitações, decorrentes
de fraturas pélvicas. Além disso, pode-se fazer
palpação retal para verificar integridade da pelve.

Fratura pélvica, tem como consequência/ características/ sequela:


 Estreitamento do canal pélvico: em felinos esse canal já é naturalmente estreito, podendo levar a
distocias, constipação, obstipação. O comprometimento de 30-40% do canal pélvico não é
importante, ainda resta 70%, devendo-se ter cuidado somente em casos de parições futuras (fazer
cesarianas).

Aline Bervian - 46

Você também pode gostar