Você está na página 1de 7

25/08/2016

Reflexão

SISTEMA URINÁRIO
Infecções do Trato Urinário em
Pequenos Animais
Prof. MSc Rodrigo Filippi Prazeres
Disciplina de Clínica Médica Especial de Pequenos Animais - UNIP

Infecções do Trato Urinário em


Morfologia Funcional
Pequenos Animais
• Morfologia Funcional
• Considerações Gerais
• Prevalência
• Etiopatogenia
• Mecanismos de Defesa do Hospedeiro
• Aspectos Clínicos
• Diagnóstico
• Tratamento
• Recidiva e Reinfecção

Considerações Gerais Considerações Gerais


• Infecção do Trato Urinário: • Clinicamente...

– É a aderência, multiplicação e persistência de um – Difícil determinar até que ponto do trato urinário
a infecção está atingindo.
agente infeccioso em uma determinada porção do
trato urinário.
• Qualquer parte do trato urinário afetada representa
risco de infecção ao restante das vias urinárias.
• TUS→ pielonefrite, ureterite;
• TUI→ cistite, uretrite. – Por exemplo, a maioria das ITU´s caninas ocorre em bexiga e
uretra, porém ascensão de bactérias ao ureter e rins é
potencial consequência da ITU inferior.

1
25/08/2016

Prevalência Prevalência
• Cães: • Gatos:

– Até 14% apresentam ITU ao longo da vida, cuja – Prevalência menor→ considera-se que a espécie
maioria dos casos ocorre em animais de 7 a 8 apresenta uma resistência natural ao
anos. desenvolvimento de ITU.

• Animais com menos de 2 anos→ anormalidades • Animais com DTUIF→ apenas 1 a 8%, geralmente 2%,
anatômicas das vias urinárias. apresentam ITU.
• Fêmeas mais acometidas do que machos→ proporção • Percentagem pode atingir 45% nos gatos acima de 10
varia entre 1,4:1 e 4:1 (LING et al, 2001). anos de idade.

Etiopatogenia Etiopatogenia
• Maioria dos agentes etiológicos: • Patógenos bacterianos mais comuns:

– Microbiota intestinal e cutânea→ ascende através – Cães→ E. coli, Staphylococcus, Streptococcus,


da uretra à bexiga. Enterococcus, Enterobacter, Proteus, Klebsiela e
Pseudomonas.
• Tensão de oxigênio na urina provavelmente inibe
crescimento de bactérias estritamente anaeróbias,
comuns na microbiota entérica.
– Gatos→ E. coli, Staphylococcus, Streptococcus,
Pasteurella, Corynebacterium urealyticum e
– Raras ITU anaeróbias! Mycoplasma.

Etiopatogenia Mecanismos de Defesa do Hospedeiro


• Aproximadamente: • Micção normal:

– Fluxo urinário adequado;


– 75% das ITU→ provocadas por apenas um agente
– Esvaziamento frequente;
etiológico;
– Esvaziamento completo.
– 20% das ITU→ provocadas por dois agentes
etiológicos;
– 5% das ITU→ provocadas por três agentes
etiológicos.

2
25/08/2016

Mecanismos de Defesa do Hospedeiro Mecanismos de Defesa do Hospedeiro


• Estruturas anatômicas: • Barreira de defesa da mucosa:

– Fração prostática antibacteriana;


– Produção de anticorpos;
– Válvulas ureterovesicais;
– Peristaltismo ureteral;
– Camada superficial de glicosaminoglicanos;
– Zona de alta pressão, – Propriedades antibacterianas da mucosa;
características do epitélio, – Esfoliação das células.
peristaltismo e comprimento
uretral.

Mecanismos de Defesa do Hospedeiro Mecanismos de Defesa do Hospedeiro


• Propriedades • Mecanismos renais de
antibacterianas da urina: defesa:

– pH extremos; – Células mesangiais;


– Hiperosmolaridade; – Elevado fluxo sanguíneo
– Elevada concentração de renal.
ureia;
– Ácidos orgânicos.

Mecanismos de Defesa do Hospedeiro Mecanismos de Defesa do Hospedeiro


• Causas de alterações dos mecanismos de • Causas de alterações dos mecanismos de
defesa frente às ITU: defesa frente às ITU:

– Alterações no esvaziamento da bexiga;


– Fármacos imunossupressores (corticosteroides,
– Endocrinopatias (HAC, diabetes mellitus); azatioprina, ciclosporina);
– Prostatite crônica;
– Quimioterápicos;
– Cateterização uretral;
– Urolitíase;
– Alterações anatômicas (ureter ectópico, vulva
infantil, estenose vestíbulo-vaginal); – Neoplasias do trato urinário;
– Doença renal crônica; – Cirurgia do trato urinário;

3
25/08/2016

Mecanismos de Defesa do Hospedeiro Aspectos Clínicos


• Causas de alterações dos mecanismos de • Sinais clínicos:
defesa frente às ITU:
– DTUI→ disúria, polaquiúria, estrangúria, dor à
– Obstrução uretral; palpação da bexiga;
– Incontinência urinária; – DTUS→ dor à palpação renal, sepse, insuficiência
– Doença disco intervertebral. renal;
– Assintomáticos→ principalmente quando as ITU
estão associadas às enfermidades sistêmicas,
cujos sinais da doença primária prevalecem.

Aspectos Clínicos Aspectos Clínicos


• Doenças associadas em cães: • Doenças associadas em gatos:
Apresentavam ITU,
– HAC→ 46%; contudo somente 2% – Diabéticos com ITU→ 44% não apresentavam
– Diabetes mellitus→ 37%; deles manifestavam sinais de doença urinária!
– Ambas→ 50%. sinais como
estrangúria ou
polaquiúria.

Aspectos Clínicos Diagnóstico


• Terapias associadas em cães: • Cuidado:

– Avaliação da prevalência de ITU secundária à – Diagnóstico não deve ser realizado unicamente
corticoterapia: pelo quadro clínico e pela existência de hematúria
e/ ou inflamação do ITU.
• 18% dos casos tinham ITU;
• Nenhum apresentava sinal clínicos associado. • Baseado nos resultados de urinálise e posterior
urocultura.
• Hematologia, bioquímica, sorologia, radiografia,
ultrassonografia e endoscopia.

4
25/08/2016

Diagnóstico Diagnóstico
• Urinálise: • Urinálise:

– Método de obtenção da urina é determinante – Densidade urinária→ muito variável e depende se


para evitar diagnósticos equivocados. a infecção está afetando o TUI ou TUS, assim com
o doenças associadas.
• Cistocentese→ eleição.
• Cateterismo ou micção espontânea→ amostras – Fitas reagentes <<< sedimentoscopia e
contaminadas por células e bactérias residentes nas
quantificação.
porções finais do trato urinário.

• Hematúria e proteinúria.

Diagnóstico Diagnóstico
• Urinálise: • Urocultura:

– Padrão ouro para diagnóstico das ITU.


– Piuria→ sugere inflamação, e se associado à
bacteriuria, é indicativo de ITU.
– Infecções primárias não complicadas→ realizar
urocultura antes e após o tratamento.
• Em casos de resposta imune inadequada, pode ocorrer
ITU sem inflamação associada (HAC, FelV).
– Infecções recidivantes ou complicadas→ realizar o
exame após 5-7 dias do início do tratamento.
– Aconselha-se urocultura→ amostras diluídas e/ ou
cargas bacterianas for baixa. • ATB efetivo = cultura negativa.

Diagnóstico Diagnóstico
• Exames de sangue: • Diagnóstico por imagem:

– Geralmente, pacientes com ITU não apresentam – ITU simples→ não acrescentam
alterações nos parâmetros hematológicos e grandes informações.
bioquímicos de rotina. – ITU recidivantes→
imprescindíveis!
• ITUS→ leucocitose com desvio à esquerda, assim como
azotemia se ambos os rins estiverem acometidos.

– Casos recidivantes→ exclusão de doenças


sistêmicas concomitantes.

5
25/08/2016

Tratamento Tratamento
• Antibióticos: • Escolha baseada nos resultados do antibiograma:

– Base do tratamento das ITU. – ITU não complicadas→ tratamento empírico, baseado
na sensibilidade das bactérias isoladas com maior
• ITU não complicadas→ tratamento mantido por 10 – 14 frequência nos casos de ITU aos distintos antibióticos.
dias.
• Maioria dos cocos e bacilos de urina alcalina→ ampicilina,
– Verificar melhora tanto no quadro clínico quanto na urinálise amoxicilina/ clavulanato, cefalosporinas e sulfonamidas
nas primeiras 48 – 72 horas.
potencializadas.
• Bacilos urina pH ácido ou neutro→ muito menos previsível.
• ITU complicadas→ tratamento deve ser administrado
por 4 a 6 semanas.

Tratamento Tratamento
• Escolha baseada na coloração de Gram: • Falha no tratamento:

– Gram-positivas→ amoxicilina/ clavulanato. – Administração de antibióticos em processos não


infecciosos, mas com sinais clínicos similares às
– Gram-negativa→ fluoroquinolona. ITU;
– Ambas→ cefalosporinas de primeira e segunda – Administração incorreta do medicamento (falta de
geração. cumprimento por parte do proprietário; o
paciente não ingere ou vomita o antibiótico;
fármaco vencido ou prescrito em dose
inadequada; alteração do metabolismo normal do
fármaco);

SINAIS CLÍNICOS PERSISTENTES APÓS A ADMINISTRAÇÃO DE


ANTIBIÓTICOS
Tratamento
• Falha no tratamento:
NEGATIVO UROCULTURA POSITIVO
– Resistência bacteriana;
– Reinfecção (falta de conhecimento das existências Reconsiderar diagnóstico
PATÓGENO INICIAL NOVO PATÓGENO
predisponentes).

SENSÍVEL RESISTENTE

Investigar problemas com a Novo antibiótico Suspender o antibiótico


administração do antibiótico Restaurar mecanismos de defesa Restaurar mecanismos de
defesa

6
25/08/2016

Recidiva e Reinfecção Recidiva e Reinfecção


• Definição: • Recidiva:

– Recidiva→ infecção recorrente causada pelo – Infecção não foi eliminada completamente.
mesmo agente etiológico responsável pela ITU. – Devem ser consideradas infecções complicadas e
tratadas como tais.
– Reinfecção→ novo processo está sendo causado – Prognóstico reservado quando a localização
por um patógeno diferente do inicial. bacteriana é de difícil acesso (pielonefrite crônica,
nefrolitíase).

Recidiva e Reinfecção
• Reinfecção:

– Decorrente da existência de causas


predisponentes que não foram eliminadas.
– Tratamento baseado em antibiogramas e, na
medida do possível, as causas predisponentes
devem ser eliminadas.
– Caso contrário, terapia de pulso antimicrobiana

Fim
durante 6 – 9 meses.

Você também pode gostar