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2022Uniedusul

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SUMÁRIO

Capítulo 1...........................................................................................................................................08
Circulação Extra-Corpórea X Anestesia Geral: Fisiopatologia e Tratamento de Complicações
Pulmonares no Pós de Revascularização Miocárdica
Isac de Almeida Barbosa Neto
Nadjanara Mendes de Oliveira
doi: 10.51324/80277995.1

Capítulo 2...........................................................................................................................................23
Comparação da microbiota intestinal em resposta à cirurgia bariátrica: uma revisão
sistemática
Luis Filipe Lins D’Ávila
Romeu Delilo Junior
doi: 10.51324/80277995.2

Capítulo 3...........................................................................................................................................39
Tendência temporal das doenças respiratórias no estado de Mato Grosso no período de
1996-2017
Sara Lente Martinez
Catherine Junges Ayres
Ianka Cardoso Dal Bosco
Rafaela Konageski Rodrigues
Rita de Cassia Castilho Teixeira
Ageo Mario Candido da Silva
doi: 10.51324/80277995.3

Capítulo 4...........................................................................................................................................51
Características epidemiológicas dos óbitos por doenças cardiovasculares em um Estado
brasileiro da Amazônia Sul-Ocidental
Saulo Ribeiro Cesário
Leuda Maria da Silvia Dávalos
doi: 10.51324/80277995.4

Capítulo 5......................................................................................................................... ..................62


Revisão de literatura: manifestações dermatológicas em pacientes infectados pelo Covid -
19
Katriel Proença Benacchio
Douglas José Angel
doi: 10.51324/80277995.5

Capítulo 6...........................................................................................................................................67
Tratamento das fraturas da diáfise tibial uma revisão de literatura
Eracto Rodrigues Figueredo Nóbrega
Elisa Mara da Silva Carneiro Braga
doi: 10.51324/80277995.6

Capítulo 7...........................................................................................................................................78
Luxação bilateral anterior de quadril relato de caso
Eracto Rodrigues Figueredo Nóbrega
Elisa Mara da Silva Carneiro Braga
doi: 10.51324/80277995.7
Capítulo 8...........................................................................................................................................88
Utilização de substâncias psicoativas por universitários de um centro universitário do
interior paulista durante a pandemia da Covid-19
Ana Paula dos Santos Prado
Denise Rossi Foresto
Regina Maria de Souza
João Pedro Marceneiro Gaspar
doi: 10.51324/80277995.8

Capítulo 9.........................................................................................................................................105
Repercussões do diabetes mellitus na gestação e a importância do pré-natal: uma revisão
integrativa
Elídio Carneiro da Costa Filho
Vandrea Câmara Tomás
doi: 10.51324/80277995.9

Capítulo 10........................................................................................................................... ............119


Vivência pós-parto: relação das mulheres com o corpo e com a autoestima
Adrielly Alencar Vieira
Gabriela Furtado Neves
Ubiratan Lopes Júnior
doi: 10.51324/80277995.10

Capítulo 11............................................................................................................................. ..........129


Tuberculose na população em situação de rua em Porto Velho - Rondônia
Jully de Paula Santos
Edglei dos Santos Dias
Rafael Ademir Oliveira de Andrade
doi: 10.51324/80277995.11

Capítulo 12............................................................................................................................. ..........143


Saúde mental dos profissionais de enfermagem de Porto Velho – RO no contexto da
Pandemia Covid-19: uma revisão metódica do ano de 2020 a 2022
Erika Venâncio dos Santos
Samira Oliveira Maia
Rafael Ademir Oliveira de Andrade
doi: 10.51324/80277995.12

Capítulo 13............................................................................................................................. ..........167


Hiperplasia Pseudo Estromal Angiomatosa de Mama Bilateral - relato de caso
Jordana Silveira Decarli
Ivana Caroline Silva Bergamin
Andressa Damasceno do Vale
Nathália Pascoal
Rafael Damasceno Palma
Paula Francinet de Moraes
Adriana Marinho Pereira Dapont
Douglas Jose Angel
doi: 10.51324/80277995.13
Capítulo

01

Saúde integral: teoria e prática 9


CIRCULAÇÃO EXTRA-CORPÓREA x ANESTESIA GERAL: FISIOPATOLOGIA E
TRATAMENTO DE COMPLICAÇÕES PULMONARES NO PÓS DE
REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA

ISAC DE ALMEIDA BARBOSA NETO


Centro Universitário Uninorte

NADJANARA MENDES DE OLIVEIRA


Centro Universitário Uninorte

RESUMO: Introdução: Pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos sob anestesia geral encontram-se
em risco de desenvolver complicações pulmonares, no pós-operatório de,
especificamente, intervenções cirúrgicas cardíacas. Dessa forma, faz-se necessário estudo de tratamentos
para complicações pulmonares intrínsecas ao momento pós-operatório da revascularização miocárdica.
Objetivo: Na presente revisão foi averiguado se a atelectasia é uma real complicação nas cirurgias de
revascularização miocárdica com circulação extracorpórea, levando em consideração toda a fisiopatologia da
doença; as principais complicações pulmonares associadas à circulação extracorpórea; bem como se as
manobras de recrutamento alveolar são uma alternativa eficaz ao tratamento das complicações pulmonares
pós-cirúrgicas. Método: Trata-se de revisão sistemática da literatura, dedutiva, descritiva e qualitativa. As
informações foram obtidas de diferentes fontes bibliográficas, sendo principalmente a sociedade brasileira de
Anestesiologia, UpToDate, SciELO, Portal de periódicos CAPES, ERIC (Educational Resources Education
Information Center), Periódicos do portal da CAPES, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
(IBICT), a plataforma “Science.gov”, e ScienceResearch.com. Discussão: Existem vários métodos utilizados
para a execução da manobra de recrutamento alveolar. Foi conclusivo, que não há superioridade terapêutica
entre elas e que o tratamento deve ser individualizado, levando-se em conta diversos fatores intrínsecos do
paciente e extrínsecos a ele. Mesmo ao considerar o progresso dos últimos anos, cirurgias de
revascularização miocárdica (CRM) são conduzidas em situações graves, condicionando possíveis
complicações respiratórias.Conclusão: A circulação extracorpórea é uma razão de efeito sobre quadros de
hipoxemia e atelectasia no período pós-operatório, especialmente por alterações anátomo-funcionais e de
surfactante decorrentes de processos inflamatórios. O risco de atelectasia pode chegar a 90% em pacientes
submetidos à CRM com CEC, sendo necessária, portanto, abordagem com essa técnica.
PALAVRAS-CHAVE: Anestesia Geral. Revascularização Miocárdica. Cirurgia torácica. Ventilação mecânica.
Circulação Extracorpórea.

ABSTRACT: Introduction: Patients undergoing surgical procedures under general anesthesia are at risk of
developing pulmonary complications in the postoperative period of, specifically, cardiac surgical interventions.
surgery of myocardial revascularization. Research Objective: In the present review, we investigated whether
atelectasis is a real complication in coronary artery bypass grafting with cardiopulmonary bypass, taking into
account all the pathophysiology of the disease; the main pulmonary complications associated with
cardiopulmonary bypass; as well as whether alveolar recruitment maneuvers are an effective alternative to the
treatment of postoperative pulmonary complications. Materials and methods:This is a systematic, deductive,
descriptive and qualitative literature review. Information was obtained from different bibliographic sources,
mainly the Brazilian Society of Anesthesiology, UpToDate, SciELO, CAPES Journal Portal, ERIC (Educational
Resources Education Information Center), CAPES Portal Journals, Brazilian Digital Library of Theses and
Dissertations (IBICT), The “Science.gov” platform, and ScienceResearch.com.
Discussion: There are several methods used to perform the alveolar recruitment maneuver. It was conclusive
that there is no therapeutic superiority between them and that the treatment must be individualized, taking into
account several intrinsic and extrinsic factors of the patient. Even considering the progress of recent years,
coronary artery bypass graft (CABG) surgeries are conduct in serious situations, conditioning possible
respiratory complications. Conclusion Extracorporeal circulation is a reason for the effect on hypoxemia and
atelectasis in the postoperative period, especially due to anatomical-functional and surfactant changes
resulting from inflammatory processes. The risk of atelectasis can reach 90% in patients undergoing
myocardial revascularization surgery with ECC, therefore, an approach with this technique is necessary.
KEYWORDS: General anesthesia. Myocardial Revascularization. Thoracic surgery. Mechanical ventilation.
Extracorporeal circulation.

Saúde integral: teoria e prática 10


INTRODUÇÃO

Por definição, a atelectasia é o colapso dos pulmões, decorrente da anestesia, sendo


observada pelo abaixamento da complacência pulmonar e restrição de oxigenação. Sua
prevalência é elevada durante procedimentos anestésicos, entre 50% e 90% em sujeitos
adultos sob anestesia geral, seja sob ventilação espontânea ou mecânica, e mais frequente
em procedimentos cardíacos, quando comparado aos abdominais (MOLLER et al., 1991;
LUNDQUIST et al., 1995).
A mortalidade decorrente da Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CRM) é de
5,4% (ORTIZ et al.,2010), junto ao risco cirúrgico, a anestesia geral altera a atividade
pulmonar durante o intervalo pós-operatório, de maneira a se elevar o risco de
comprometimento pulmonar conforme aumenta o período de sedação (AULER Jr. et al.,
2007a), elevando-se o risco no pós-operatório de tal procedimento.
Em estudos de coorte, intercorrências pulmonares são frequentes, cerca de 87% dos
pacientes apresentam tais eventos durante a internação. Intercorrências pulmonares pós-
operatórias relacionam-se a fatores de risco em cirurgia, ao procedimento anestésico ou a
comorbidades individuais (GUIZILINI et al., 2005). Cerca de 50% dos internados sujeitos à
anestesia geral são acometidos por hipoxemia por colapso pulmonar intraoperatório
(MOLLER et al., 1991).
Na presente revisão, observaram-se a ocorrência da atelectasia intraoperatória, os
fatores associados, o diagnóstico e o tratamento. O objetivo geral foi averiguar se a
atelectasia é uma complicação esperada de cirurgias de revascularização miocárdica com
circulação extracorpórea.
Sobre a definição dos objetivos específicos, estabeleceu-se investigar as questões
fisiopatológicas da atelectasia durante anestesias; caracterizar as complicações
pulmonares e associá-las à circulação extracorpórea; reconhecer as manobras de
recrutamento alveolar como tratamento para complicações pulmonares pós-cirúrgicas.
A metodologia adotada nesse estudo foi a Revisão Bibliográfica Narrativa com os
seguintes descritores: atelectasia; circulação extracorpórea; cirurgia de revascularização
miocárdica; complicações pós-operatórias; manobra de recrutamento alveolar.
A atelectasia pulmonar pode ser classificada, primeiramente, como de reabsorção,
derivada de obstruções brônquicas por tampões de secreção ou corpos estranhos, por
parede edematosa, inflamatória, tumoral ou espasmódica, por compressão de massas
ganglionares ou dilatação de vasos. Ela também pode ser classificada pela diminuição da
complacência, impossibilitando manter as capacidades e os volumes pulmonares

Saúde integral: teoria e prática 11


(JOHNSTON; CARVALHO, 2008). Ela pode ser comprovada, em primeiro lugar, por
radiografia torácica tradicional, e, em seguida, por tomografia computadorizada de tórax,
de elevada resolução e rapidez, podendo ser dimensionada a superfície aerada, o volume
pulmonar e as zonas recrutadas (SIMON, 2000).
Em suma, conforme indicam as publicações, alterações morfológicas no coração,
causadas pela intervenção cirúrgica com CEC, elevam a pressão do coração sobre os
pulmões, o que eleva o risco de atelectasia pulmonar no pós-operatório.
É fato que aproximadamente 3% das cirurgias eletivas associam-se à complicação
pulmonar pós-operatória (MACEIRAS, 2010) e a atelectasia é a mais costumaz no pós-
operatório, podendo acometer até 90% dos pacientes (CAI et al., 2007), sendo a maior
parte resolvida nas iniciais 24 horas, embora possam perdurar por maior período
(EICHENBERGER et al., 2002). Entre as condições que implicam em prognóstico melhor
para pacientes cardíacos incluem a condição inflamatória na fase pós-operatória em função
da influência no tempo de ventilação mecânica e de internação em UTI.
Assim, espera-se que, com este trabalho, além de contribuir para o aprofundamento
dos dados sobre o presente tema, a pesquisa também expanda o caminho para novas
investigações e discussões de igual interesse.

MATERIAL E MÉTODO

A Revisão integrativa teve como base de busca científica livros-texto e dados da


MEDLINE, Pubmed, Cochrane library, SciELO, Sociedade Brasileira de Anestesiologia,
UpToDate, Portal de periódicos CAPES, ERIC (Educational Resources Education
Information Center), Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (IBICT), A
plataforma “Science.gov”, e ScienceResearch.com.
Após a etapa de busca e filtragem da literatura disponível, foram baixados 328
artigos dos quais, após serem analisados e neles aplicados os critérios de inclusão e
exclusão, restaram apenas 43 artigos, que foram estudados e incluídos no presente estudo.
Os Critérios de Exclusão foram: estudos clássicos de MRA feitos em modelos
animais bovinos e suínos; estudos sobre eficácia de MRA em prol de pacientes submetidos
à reperfusão miocárdica sob CEC, com diagnóstico prévio e, ou pré-operatório de síndrome
de angústia respiratória aguda, DPOC; estudos que abordaram técnica de MRA em
pacientes que foram, ou são submetidos à lobectomias parcial ou completas; estudos que
abordaram a eficácia da MRA em pacientes com atelectasia, pós-cirúrgica de transplante

Saúde integral: teoria e prática 12


cardíaco sob CEC; estudos em pacientes com colagenoses pulmonares associadas ou não
à injúria cardíaca.
Eficácia e segurança do uso da ventilação não invasiva associada à manobra de
recrutamento alveolar no pós-operatório de revascularização do miocárdio; artigos que
abordem a eficácia da MRA em pacientes com presença de fístulas broncopleurais,
pneumotórax e, ou em uso de drenos borbulhantes, traqueostomizado e Pneumopatas com
score GOLD >2.
Já os Critérios de inclusão foram: Artigos de ensaio clínico randomizado que abordam
eficácia de ventilação invasiva, com MRA; Estudos feitos em pool de pacientes com
diagnóstico prévio de infarto agudo do miocárdio, com necessidade de reperfusão
miocárdica com CEC; Estudos que abordam as MRA, para atelectasias consequentes de
baixa funcionalidade cardíaca, choque cardiogênico; Estudos que abordaram a cirurgia de
reperfusão miocárdica com necessidade de intubação seletiva em pacientes sem doenças
pulmonares prévias.
Os artigos foram organizados de acordo com ano de publicação, tipo de manobra de
recrutamento alveolar, descrição do estudo, resultado obtido contexto cirúrgico e resultados
conclusivos. Após isso, foram analisados todos os 43 artigos, montada a tabela no
programa Word em ordem alfabética de autores.
Não foram feitas tabulações em outros programas como Excel ou programas
estatísticos, dando, portanto, a característica qualitativa desse estudo.
Portanto, a pesquisa tem abordagem qualitativa, foi realizada através de método
indutivo e a natureza da pesquisa é básica. Quanto aos objetivos, é exploratória, analítica
e descritiva.

RESULTADOS

Após a análise dos estudos sobre o emprego de técnicas ventilatórias para reversão
de complicações pulmonares como a atelectasia, foi visto a grande relevância do
recrutamento alveolar e os diversos métodos que compõem a prática. Existem vários
métodos utilizados para a execução da manobra de recrutamento alveolar: Insuflação fixa
com pressão expiratória final positiva (PEEP) alta, aumento associado da PEEP e do
Volume corrente (VC), aumento paulatino da PEEP com valor de base mantido de pressão
inspiratória e, finalmente, aumento simultâneo de pressão inspiratória e PEEP no modo
“pressão controlada”. Entre os estudos desta revisão foram encontrados diversos tipos de
técnicas: Pressão de via aérea (20cm de H2O) controlada titulada a partir da relação
PaO2/FiO2; Ventilação com O2 100%, sob volume controlado; CPAP (continuous positive

Saúde integral: teoria e prática 13


airway pressure) e associações com (PEEP+VC); Ventilação de suporte com pressão não
invasiva e Associação entre pressão inspirativa e PEEP.
A tabela a seguir coloca em evidência artigos de maior importância, ano de
publicação, resultados e o tipo de recrutamento alveolar aplicados em cada cenário clínico.

QUADRO 1: A MRA no contexto clínico e seus resultados de acordo com cada autor.

AUTOR / ANO DE MRA DESCRIÇÃO DO RESULTADO


PUBLICAÇÃO ESTUDO OBTIDO
Auler Jr et al.,/ 2007 Pressão em VA: 20cm de Foi aplicado pressão Melhora na
H2O, controlada sob valor positiva continua, por 3 oxigenação
de 200 na relação sendo vezes com duração média comprovada pelo
30 cm se PaO2/FiO2<150 de 30s cada uma. Após isso, aumento da relação
e 40 cm se parâmetros de oxigenação e PaO2/FiO2
PaO2/FiO2<150 VC foram comparados.
persistente após MRA
com 30 cm de H2O.
Garutti, I. et al., / Associação entre Aumento regular da pressão Melhora da
2009 Pressão inspiratória e até atingir um pico de oxigenação sem
PEEP pressão de 40cm de H2O repercussão
associado a PEEP de 20cm hemodinâmica.
de H2O por período fixo de
10 ciclos respiratórios.

Gernoth,C. et al., (ventilação controlada por Ensaio clínico Melhora da


2009 pressão com PEEP fixa; prospectivo:12 pacientes proporção da
E PEEP titulada. adultos com SDRA na UTI pressão parcial de
de um hospital universitário. oxigênio arterial,
Incorporou-se o programa complacência
de software à (ventilação respiratória
controlada por pressão na dinâmica, associada
PEEP fixada em 20 cm H2O a diminuição do pico
e pressão de condução de pressão
aumentada em 20, 25 e 30 inspiratória
cmH2O por 2 minutos), além
disso foi feita a PEEP
(reduzida em 2 cm H2O a
cada dois minutos e o VC de
6 ml / kg).
Guizilini, S. et al., / Intra-op: volume corrente Estudo analítico com 30 Há prejuízo da
2005 de 8 a 10 ml/kg, sem pacientes alocados em dois função pulmonar no
pressão positiva grupos igualitariamente, de PO de cirurgia de
expiratória final (PEEP) e acordo com a utilização ou RM com emprego
FiO2 de 100%. não da CEC: de ATIE e
Pós-op: ventilação com grupo A (n=15) sem CEC; pleurotomia,
FiO2 de 100%, volume grupo B (n =15) com CEC. independente do
corrente de 8 a 10 ml/kg, Critérios: 1) Insuficiência uso ou não da CEC.
PEEP de coronariana comprovada por Entretanto, os
5 cmH2O estudo cinecoronariográfico, pacientes operados
2) fração de ejeção sem uso de CEC
ventricular esquerda maior demonstraram
que 50% 3) ausência de melhor preservação
doença pulmonar aguda ou da função pulmonar
crônica, quando comparados

Saúde integral: teoria e prática 14


àqueles operados
com CEC.

MALBOUISSON, L. Pressão em vias aéreas Estudo de coorte Promoção de


M. et al., / 2008 b de 40 cm H2O durante 40 prospectiva que avaliou 10 melhora da
segundos em três ciclos. pacientes hipoxêmicos e em oxigenação sem r
Entre os ciclos, ventilação choque cardiogênico após alterações
por RM. hemodinâmicas
30 s e após último ciclo, significativas,
PEEP ajustada em 10cm imediatamente ou
H2O em até 60 minutos
após.
MEADE, M. O. et VC alvo de 6 ml / kg de Ensaio controlado A estratégia de
al., / 2008 peso corporal previsto, randomizado com alocação "pulmão aberto"
pressões de platô nas oculta e análise cega de melhorou os
vias aéreas não dados que objetiva desfechos
excedendo 30 cm H2O e comparar uma estratégia de secundários
níveis convencionais de ventilação com baixo VC relacionados à
pressão expiratória final estabelecida com uma hipoxemia e ao uso
positiva estratégia experimental de terapias de
baseada na "abordagem de resgate.
pulmão aberto" original,
combinando baixo VC,
manobras de recrutamento
pulmonar e elevada pressão
positiva expiratória final.
MIURA, M. C. et al., PEEP titulada Estudo randomizado com 34 O uso da VNI por 30
/ 2017 pacientes os quais foram min. Associada a
alocados para um grupo MRA, trouxe a
controle e de estudo sendo redução da
submetidos a 30 min 3x/ dia atelectasia e
de VNI com diferentes melhoras na
valores de PEEP e evoluídos oxigenação.
a partir dos valores de
gasometria e escore
radiológico de atelectasia.

PASQUINA, P. et ventilação de suporte Estudo randômico com 150 O NIPSV foi superior
al., / 2004 com pressão não invasiva pacientes submetidos a ao CPAP na
(NIPSV), associado com receber CPAP ou NIPSV 4 melhora da
aumento progressivo do vezes/dia por 30min. Com atelectasia com
volume corrente pressão expiratória final de base no escore
5cm de H2O. radiológico de
atelectasia, mas se
tratando de
desfecho clínico,
não conferiu
nenhum benefício
adicional.

Saúde integral: teoria e prática 15


SERITA, R. et al., / PEEP 28 pacientes submetidos à A RM
2009 cirurgia cardíaca com CEC individualizada
divididos em dois grupos de melhorou
tratamento: um grupo de RM significativamente a
individualizado, no qual foi relação pressão
aplicada uma pressão igual parcial de oxigênio
a 15 ml × peso corporal real arterial / fração
+ (PEEP) cm H2O por 15 s; inspiratória de
E um grupo controle no qual oxigênio (P / F) em
foi aplicada uma pressão de comparação com os
20 cmH2O por 25 s. valores do grupo de
RM de controle
TUSMAN, G. et al., PEEP+CPAP Estudo randômico com 24 A frequência de
/ 2003 pacientes ASA1 e ASA 2 atelectasia foi muito
entre 6 meses e 6 anos menor no grupo
submetidas à ressonância submetido a
magnética craniana em três estratégia de
grupos. recrutamento
Sendo um grupo submetido alveolar, em
a estratégia de recrutamento comparação com
alveolar realizada ventilando crianças que não
manualmente os pulmões realizaram a
com um pico de pressão nas manobra. A simples
vias aéreas de 40 cm H2O e aplicação de 5 cm
PEEP de 15 cm H2O por 10 H2O de CPAP sem
respirações. A PEEP foi recrutamento prévio
então reduzida e mantida a 5 não apresentou o
cm H2O. mesmo efeito do
tratamento e não
apresentou
diferença em
relação ao grupo
controle sem PEEP.
TUSMAN, G. et al., Associação entre Aumentou-se regularmente a Maior eficiência
/ 2004 Pressão inspirativa e pressão até atingir a PIP ventilatória para
PEEP (pressão de pico) de 40cm melhora do drive
H2O e uma PEEP de 20 cm respiratório e
de H2O por 10 ciclos aumento da
respiratórios. exalação de CO2.
Sem repercussões
hemodinâmicas.
DYHR et al., / 2002 PEEP Estudo randomizado em UTI A pressão
em dois grupos: PEEP e expiratória final
ZEEP, sendo cada grupo positiva é
instituído uma estratégia de necessária para
MRA distinta e depois manter os volumes
analisado: volume pulmonares e
expiratório pulmonar final, melhora da
homogeneidade ventilatória, oxigenação.
hemodinâmica e PaO2
durante 3 horas com
intervalos de 30min.

Saúde integral: teoria e prática 16


DYHR et al., / 2004 PEEP 33 pacientes sob ventilação A PEEP aumentou o
mecânica foram escolhidos volume pulmonar,
aleatoriamente para receber mas não a PaO2;
4 insuflações em VA de 45 Manobras
cm H2O POR 10 segundos recrutamento sem
cada e pressão expiratória PEEP não teve seus
final zero. efeitos sustentados;
tanto a manobra de
recrutamento
quanto a PEEP
foram necessárias
ainda que em
conjunto para
melhorar a PaO2.
ZARBOCK, A. et CPAP Estudo randômico A administração a
al., / 2009 prospectivo que avaliou longo prazo de
pacientes alocados para o nCPAP profilático
tratamento padrão após cirurgia
(controle): incluindo 10 min cardíaca melhorou a
de nCPAP intermitente a 10 oxigenação arterial,
cm H2O a cada 4h e CPAP reduziu a incidência
profilático (estudo): a uma de complicações
pressão nas vias aéreas de pulmonares,
10 cm H2O por 6 horas incluindo pneumonia
e taxa de
reintubação, e
reduziu a taxa de
readmissão à UTI

DISCUSSÃO

A atelectasia é a complicação mais comum após cirurgia cardíaca e torácica, cerca


de seis vezes as complicações da cirurgia abdominal (MALBOUISSON et al., 2008). As
alterações pulmonares associadas a essas operações têm uma fisiopatologia multifatorial,
que é causada por uma combinação de vários fatores.
Estes incluem compressão dos pulmões por estruturas mediastinais, estenostomia,
tratamento cirúrgico da cavidade pleural, inatividade pulmonar durante a CEC ou ventilação
monopulmonar, aumento da água extravascular pulmonar, alterações nos surfactantes e
inalação de grandes quantidades de oxigênio durante a cirurgia (CELEBI et al., 2007).
Foi observado em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, o efeito da compressão
cardíaca após a reperfusão miocárdica sobre os pulmões na geração das atelectasia.
Neves (2012) demonstrou através da comparação dos parâmetros pós-cirúrgicos aos
verificados antes da cirurgia, um acréscimo significativo do volume e peso cardíaco depois
da cirurgia, além das protrusões cardíacas.
Através de tomografia computadorizada, também foi evidenciado uma diminuição de
volume de gás nos pulmões, ampliação do volume tecidual pulmonar e diminuição do peso

Saúde integral: teoria e prática 17


parenquimal nos dois pulmões, junto do maior peso parenquimal atelectasiado.
Consequentemente, um aumento significativo na pressão operada pelas protrusões
cardíacas acima dos pulmões, sendo a pressão do coração esquerdo maior, o que poderia
ser explicado pela maior porção do peso cardíaco ser constituída por esta. O autor ainda
verificou uma maior área de parênquima pulmonar com atelectasia entre o pré- e o pós-
operatório nas porções subjacentes e não-subjacentes às protrusões cardíacas, com maior
significância aos segmentos subjacentes.
Estudos como de Auler Jr. (2007) e Garuti (2009) têm demonstrado que estratégias
de recrutamento alveolar podem melhorar a função respiratória após cirurgia cardíaca, além
dos benefícios diretos de reverter a atelectasia e melhorar a oxigenação arterial, também
tem o efeito de reduzir a resistência vascular. Além de benefícios diretos, como a melhora
da perfusão e oxigenação central como consequência da reversão da atelectasia, também
pode reduzir a resistência vascular pulmonar associada à hipóxia, melhorando a função
ventricular direita, desfavorecendo efeito, efeito fisiopatológico básico de cor pumonale
(MIURA et al., 2017).
No entanto, dentre as diversas cirurgias em que são indicadas as MRA,
especialmente as cirurgias cardíacas, a técnica mais utilizada é instituição de uma PEEP
que varia de 30-45 cm de H2O por 30 segundos (SERITA et al., 2009). Em adição a isso e
tendo como referência a anestesia geral e seus efeitos a abordagem pode ser revista:
elevação de pressão de pico em 40cm de H2O por quinze segundos.
Segundo Cavenaghi (2011), embora não haja indicações tabeladas e com
evidências superiores superpostas, as MRA, tem suas contraindicações: HIC, DPOC,
Vigência de Pneumotórax, Pneumectomias, ou simplesmente Lobectomias, Hipotensão,
Fístulas Bronco pleurais diagnosticadas por RM, em quaisquer topografias e finalmente,
Hemoptise.
Não existe um protocolo ou consenso sobre qual melhor fórmula e parâmetros ideais
a serem utilizados, apesar de existirem estudos como este, que comparam os métodos e
seu resultados. Estudos avaliando a abordagem da MRA na RM em pacientes submetidos
à anestesia geral ainda são escassos, fazendo-se necessário, portanto, mais estudos a fim
de definir e delimitar suas vantagens nesse grupo de pacientes submetidos à
revascularização miocárdica sob circulação extracorpórea e anestesia geral (BADENES et
al., 2015).

Saúde integral: teoria e prática 18


CONCLUSÃO

Mesmo ao considerar o progresso dos últimos anos, cirurgias de revascularização


miocárdica (CRM) são conduzidas em situações graves, condicionando possíveis
complicações respiratórias. A circulação extracorpórea é uma razão de efeito sobre quadros
de hipoxemia e atelectasia no período pós-operatório, especialmente por alterações no
surfactante decorrentes de processos inflamatórios. O risco de atelectasia pode chegar a
90% em pacientes submetidos à CRM com CEC.
Alguns estudos têm evidenciado terapias para impedir e mitigar as complicações,
como a manobra de recrutamento alveolar, com vistas a uma melhor recuperação depois
da CRM. Entre as vantagens da MRA encontra-se a reversão das atelectasias, melhora da
ventilação em zonas colapsadas, redução do volutrauma, diminuição da resistência
vascular pulmonar, diminuindo a pós-carga no ventrículo direito e aumentando a pré carga
no ventrículo esquerdo, melhorando a performance ventricular e reduzindo o tempo de
ventilação no pós-operatório. Não obstante, são necessários estudos para suplantar os
riscos associados, como pneumotórax e lesão inflamatória ligada à hiper insuflação
sustentada.
Como os pacientes de CRM são mormente predispostos a atelectasias, pela
anestesia, trauma cirúrgico e circulação extracorpórea, reação inflamatória extracorpórea,
hipotermia, esternotomia, exposição pleural, uso de fármacos neuromusculares e
ventilação intraoperatória, e por seu um processo multifatorial, cabe a investigação dos
fatores de risco associados, de forma a expor minimamente o paciente a tais riscos,
prevendo complicações pulmonares que contribuem com a morbimortalidade devido ao
manejo cardíaca anestésico.
Em suma, as mudanças morfológicas induzidas pela cirurgia cardíaca com uso de
CEC elevam a pressão que o coração exerce sobre os pulmões causando a atelectasia, e
a MRA pode ser considerada um procedimento eficaz ao minimizar a atelectasia intra-
hospitalar, elevando-se, assim, a função pulmonar a longo prazo.

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Saúde integral: teoria e prática 23


Capítulo

02

Saúde integral: teoria e prática 24


COMPARAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL EM RESPOSTA À CIRURGIA
BARIÁTRICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

LUIS FILIPE LINS D’ÁVILA


Centro Universitário Uninorte

ROMEU DELILO JUNIOR


Centro Universitário Uninorte

RESUMO: A cirurgia bariátrica é considerada um tratamento muito eficaz para a obesidade, pois
não provoca apenas a perda de peso, mas também alterações fisiológicas no trato gastrointestinal
que vão alterar a microbiota intestinal e também prevenir diversas enfermidades as quais a
obesidade é um importante fator de risco. Foram incluídos estudos experimentais, abordando a
relação entre os temas obesidade, tipos de cirurgia bariátrica e sua intervenção na microbiota
intestinal que foram publicados nas bases de dados Scielo, LILACS e PUBMED. Akkermansia
muciniphila e Faecalibacterium prausnitzii foram bactérias encontradas nos estudos analisados em
indivíduos magros e após cirurgia bariátrica. Acinobacteria, Ruminococcus e Lachnospiraceae
aumentaram sua população em indivíduos obesos.
PALAVRA-CHAVE: Cirurgia bariátrica. Obesidade. Microbiota intestinal.

ABSTRACT: Bariatric surgery is considered a very effective treatment for obesity, as it not only
causes weight loss, but also important physiological changes in the gastrointestinal tract that alter
the intestinal microbiota and also prevent several diseases such as diseases that obesity is a risk
factor. Themes included experimental studies, addressing the relationship between obesity, types of
bariatric surgery and its intervention in the intestinal microbiota that were published in the Scielo,
LILACS and PUBMED databases. Akkermansia muciniphila and Faecalibacterium prausnitzii were
studied in lean studies and after surgery. Acinobacteria, Ruminococcus and Lachnospiraceae
increased their population in obese individuals.
KEYWORDS: Bariatric surgery. Obesity. Gut microbiota.

INTRODUÇÃO

Considerada um problema de saúde pública a obesidade é caracterizada como o


acúmulo de gordura corporal excessivo, sua frequência dobrou em todo o mundo desde
1980, tornando-se uma epidemia global (Song, 2015; WHO, 2016). A obesidade e
sobrepeso em 2014 atingia cerca 52% da população, sendo ela um importante catalizador
de doenças potencialmente fatais como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns
tipos de câncer. Devido ao citado esta enfermidade se tornou um alvo de grande
preocupação na área da saúde (Bäckhed, 2004; Cox, 2015; KARAMI, 2021).
Apesar da alimentação incorreta e sedentarismo serem fatores determinantes na
obesidade outros fatores também são de suma importância, como: genes e a microbiota
intestinal (Ridaura, 2013; Ley, 2009). Estudos em humanos mostraram associações entre
o desequilíbrio microbiano intestinal (disbiose) com a obesidade, de forma geral é de
conhecimento que indivíduos obesos apresentam uma diminuição da diversidade
bacteriana e esse recentemente tornou-se o foco de muitas pesquisas (Karlsson, 2012; Qin,
2012; Le Chatelier, 2013). Apesar do mecanismo não ser claro essas bactérias

Saúde integral: teoria e prática 25


desempenham importante papel no mecanismo fisiológico da digestão, o intestino humano
hospeda cerca de 1014 microrganismos, que contêm 2 a 20 milhões de genes microbianos
(Jayasinghe, 2016; SANCHEZ-CARRILLO, 2021).
Na maioria dos intestinos humanos a microbiota inclui quatro principais filos
bacterianos: Bacteroidetes e Firmicutes, que coletivamente organizam cerca de 60% das
bactérias do trato digestivo, Proteobacteria e Actinobacteria (Jayasinghe, 2016; Backhed,
2005). Além disso, Bifdobacterium, Lactobacillus, Bacteroides, Clostridium, Escherichia e
Streptococcus são as bactérias intestinais mais comuns em adultos. Nesse sentido, a maior
importância das bactérias na microbiota intestinal acredita-se ser a produção de enzimas
para o metabolismo de carboidratos, ácidos graxos de cadeia curta, lipopolissacarídeos e
ácidos biliares secundários que entram no sistema circulatório para influenciar a inflamação,
imunidade, homeostase energética e trânsito intestinal regulado (Turnbaugh, 2009; Murphy,
2017).
Para resolver esse grave problema de saúde pública a cirurgia bariátrica apresenta-
se como uma das opções mais bem sucedidas de tratamento para obesidade (Calapkorur,
2017; English, 2020). Os métodos mais comuns de cirurgia bariátrica são bypass gástrico
em Y de Roux (RYGB) e gastrectomia vertical (SG), destes o primeiro é considerado padrão
ouro, resultado da sua excelente perda de peso a longo prazo e melhora nos fatores de
risco relacionados a obesidade. Alterações no pós-operatório na microbiota intestinal está
associado a uma melhora no estado inflamatório e metabolismo (Meek, 2016; Graessler,
2013; Campisciano, 2018). A fim de implementar dados sobre a relação entre obesidade,
cirurgia bariátrica e microbiota intestinal, o objetivo deste estudo foi determinar se a cirurgia
bariátrica moldou a composição microbiana intestinal (Davies, 2019).

MATERIAL E MÉTODOS

Critérios de inclusão de estudos:

Foram incluídos os estudos experimentais, abordando a relação entre os temas


obesidade, tipos de cirurgia bariátrica e sua intervenção na microbiota intestinal que foram
publicados nas bases de dados Scielo, LILACS e PUBMED a partir de 2017 até 2021. Além
disso, foram incluídos apenas artigos disponíveis em Open Acess, escrito no idioma inglês.

Método de busca dos artigos:

Inicialmente, foram selecionados os descritores em saúde relacionados à obesidade,


cirurgia bariátrica e obesidade, a partir de busca realizada na plataforma DeCS

Saúde integral: teoria e prática 26


(http://decs.bvs.br), da qual foram obtidos os seguintes descritores em inglês: bariatric
surgery AND obesity AND gut microbiota. As buscas foram realizadas nas plataformas
Scielo (http://www.scielo.br), LILACS (https://lilacs.bvsalud.org) e PUBMED
(https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov). Os descritores foram utilizados combinados todos ao
mesmo tempo, da seguinte forma: ((bariatric surgery[MeSH Terms]) AND (obesity[MeSH
Terms])) AND (gut microbiota[MeSH Terms]) no PUBMED, bariatric surgery [Descritor de
assunto] and obesity [Descritor do assunto] and gut microbiota [descritor do assunto] no
LILACS e (bariatric surgery) AND (obesity) AND (gut microbiota) na plataforma Scielo.

Método de seleção dos artigos:

Foram encontrados no PUBMED 109 artigos, dos quais 15 foram selecionados, no


Scielo foram encontrados 1 artigo e este foi selecionado e no LILACS não foram
encontrados artigos, um filtro utilizado foi a língua inglesa. A primeira seleção feita
aconteceu a partir do título dos artigos, excluindo os estudos duplicados e não relacionados
ao tema. Foram excluídos aqueles que fugiam das línguas estabelecidas e que não eram
Open Acess. Em seguida, foram avaliados os tipos dos estudos realizados, sendo
selecionados os artigos originais do tipo coorte, enquanto foram excluídos os artigos de
revisões, casos clínicos, editoriais, notas técnicas e afins. Após a seleção abordada acima
foi realizada a leitura completa dos artigos onde foram selecionados apenas aqueles que
se relacionavam com o objetivo da pesquisa, ou seja, apenas aqueles que traziam uma
análise sobre os métodos de cirurgia bariátrica e seu impacto na microbiota intestinal,
também foram selecionados artigos que comparavam a microbiota de pessoas dentro no
IMC considerado normal e pessoas obesas antes e após a cirurgia bariátrica. Foram
selecionados apenas publicações que compreendem ao período de 2017 até 2021.

Critérios de inclusão na pesquisa bibliográfica:

Foram incluídos os artigos que se encaixaram nos critérios anteriormente descritos


e que se mostraram adequados aos critérios de inclusão de estudos.

Critérios de inclusão na análise de dados:

Foram analisados apenas artigos delimitados como experimentais, os demais tipos


de estudos não foram avaliados.

Saúde integral: teoria e prática 27


Busca complementar de literaturas:

Artigos que não tinham um carácter original e experimental encontrados na busca


para a realização da revisão, mas que se relacionavam com a temática abordada foram
utilizados como literatura complementar na introdução e discussão desse estudo.

RESULTADOS

Primeiro
Título do artigo DOI Lugar Tipo de cirurgia
autor
Gut microbiome and serum
Ruixin DOI: 10.1038/
metabolome alterations in obesity China Gastrectomia vertical
Liu nm.4358
and after weight-loss intervention
Judith
Major microbiota dysbiosis in DOI: 10.1136/ Bypass gástrico em Y
Aron- Paris,
severe obesity: fate after bariatric gutjnl-2018- de Roux e banda
Wisnews França
surgery 316103 gástrica ajustável
ky
Changes in Gut Microbiota
Silvia DOI: 10.1007/ Bypass gástrico em Y
Composition after Bariatric Trieste,
Palmisan s11605-019- de Roux e gastrectomia
Surgery: a New Balance to Italia
o 04321-x vertical laparoscópica
Decode
Relationship between bariatric
DOI: 10.1016/j Cracóvi
Tomasz surgery outcomes and the
.soard.2021.0 a, Gastrectomia vertical
Stefura preoperative gastrointestinal
1.011 Polônia
microbiota: a cohort study
G Gut microbiota characterisation in Bypass gástrico em Y
DOI: 10.3920/ Trieste,
Campisci obese patients before and after de Roux e gastrectomia
BM2017.0152 Italia
ano bariatric surgery vertical laparoscópica
A body weight loss- and health- Bypass gástrico em Y
Sergio DOI: 10.1016/j Madri,
promoting gut microbiota is de Roux e Gastrectomia
Sanchez- .jpba.2020.11 Espanh
established after bariatric surgery Laparoscópica em
Carrillo 3747 a
in individuals with severe obesity Manga
Long-Term Effects of Bariatric Bypass gástrico em Y
María
Surgery on Gut Microbiota León, de Roux, gastrectomia
Juárez- DOI: 10.3390/
Composition and Faecal Espanh vertical laparoscópica e
Fernánde nu13082519
Metabolome Related to Obesity a derivação
z
Remission biliopancreática
Tabela 01: Principais informações sobre os artigos selecionados na revisão bibliográfica

Primeiro
Título do artigo DOI Lugar Tipo de cirurgia
autor
Temporospatial shifts in the
DOI: 10.1038/s4
Zehra Esra human gut microbiome and Arizona, Bypass gástrico em
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Steinert bacterial microbiota in morbidly Suíça Y de Roux
936
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a rearrangements of the intestinal 36 Italia Y de Roux e

Saúde integral: teoria e prática 28


Campiscia microbiota including the biofilm gastrectomia vertical
no composition laparoscópica

Alterations of Gut Microbiota


Bypass gástrico em
After Roux-en-Y Gastric DOI: 10.1007/s1
Shanghai Y de Roux e
Yikai Shao Bypass and Sleeve 1695-016-2297-
, China gastrectomia vertical
Gastrectomy in Sprague- 7
laparoscópica
Dawley Rats
Impact of laparoscopic Roux-
Bypass gástrico em
en-Y gastric bypass and sleeve DOI: 10.1016/j.s França,
William Y de Roux e
gastrectomy on gut microbiota: oard.2020.03.01 USA e
Farin gastrectomia vertical
a metagenomic comparative 4 Suíça
laparoscópica
analysis
Gastrectomia vertical
The Impact of Laparoscopic laparoscópica,
Sleeve Gastrectomy with gastrectomia vertical
Duodenojejunal Bypass on DOI: 10.1007/s4 laparoscópica com
Rieko Tóquio,
Intestinal Microbiota Differs 0261-018-0638- bypass
Kikuchi Japão
from that of Laparoscopic 0 duodenojejunal e
Sleeve Gastrectomy in banda gástrica
Japanese Patients with Obesity ajustável
laparoscópica
Gastrectomia vertical
laparoscópica,
Longitudinal changes of gastrectomia vertical
microbiome composition and DOI: 10.1016/j.s laparoscópica com
USA e
Nan Shen microbial metabolomics after oard.2019.05.03 bypass
Espanha
surgical weight loss in 8 duodenojejunal e
individuals with obesity banda gástrica
ajustável
laparoscópica
Changes in the intestinal https://doi.org/1 São
Denis Bypass gástrico em
microbiota of superobese 0.6061/clinics/20 Paulo,
Pajecki Y de Roux
patients after bariatric surgery 19/e1198 Brasil
Tabela 02: Continuação das principais informações sobre artigos selecionados para revisão
bibliográfica.
Os grupos de ligação metagenômica anotados para Akkermansia muciniphila e
Faecalibacterium prausnitzii estavam altamente enriquecidos em controles magros,
sugerindo assim sua influência no controle da adiposidade e para inibir a inflamação. Além
destes foi identificado uma comunidade bacteriana composta por grupos de ligação
metagenômica (MLGs) correspondentes a Bacteroides thetaiotaomicron, Bacteroides
uniformis, Bacteroides xylanisolvens, Bacteroides ovatus e Bacteroides sp. que foi
significativamente enriquecido em controles magros, é valido destacar ainda a espécie
Bacteroides intestinalis que também foi enriquecida nos controles (LIU, 2017).
Em indivíduos obesos foi enriquecido os MLGs anotados para Ruminococcus,
Ruminococcus gnavus, Dorea longicatena, Dorea formicigenerans e Coprococcus vem, e
um cluster composto por MLGs para a bactéria Lachnospiraceae, Fusobacterium ulcerans
e Fusobacterium varium, estavam muito presentes em indivíduos obesos. Uma das coisas

Saúde integral: teoria e prática 29


mais interessantes a se destacar são os MLGs anotados para D. longicatena, F. prausnitzii,
B. intestinalis e B. thetaiotaomicrion que foram classificados entre os dez principais MLGs
que diferiram significativamente em abundância entre indivíduos magros e obesos (LIU,
2017).
Enterótipos são ecossistemas de bactérias no intestino, foi descoberto recentemente
a existência de três destes: Bacteroides que são conhecidos pela quebra de hidratos de
carbono e por ser melhor na síntese de vitaminas B2, B5, C e H; Prevotella cuja função é
degradar o muco e produzir mais ácido fólico e vitamina B1 e por último Ruminococcus que
auxilía as células a absorverem os açúcares (CRACIUN, 2013). Curiosamente, foi
observado que os pacientes com o enterótipo Bacteroides eram aqueles com a riqueza
gênica microbiana mais baixa, enquanto aqueles com o enterótipo Ruminococcaceae eram
de fato aqueles com a riqueza gênica microbiana mais alta. A baixa riqueza gênica (LGC)
estava presente em 75% dos pacientes e correlacionada com o aumento da massa gorda
do tronco e comorbidades (ARON-WISNEWSKY, 2019).
Foi realizado um estudo longitudinal prospectivo em uma amostra de 50 indivíduos,
25 magros saudáveis e 25 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica (bypass gástrico em
Y de Roux e gastrectomia vertical laparoscópica), foram coletados também dados
antropométricos e metabólicos, as amostras de fezes para análise foram coletadas de
indivíduos magros e de pacientes obesos antes, 3 e 6 meses após a cirurgia. Os pacientes
com RYGB tiveram um aumento permanente de Akkermansia muciniphila. que está
associado ao metabolismo saudável, tanto em 3 meses quanto em 6 meses. Não houve
alterações significativas na microbiota intestinal em pacientes com gastrectomia vertical
laparoscópica (PALMISANO, 2020).
Analisamos a microbiota de pacientes com obesidade através de swabs orais e
amostras de fezes antes da gastrectomia vertical laparoscópica e seis meses após a
cirurgia, a amostra foi analisada de novembro de 2018 a junho 2019. Os presentes achados
sugerem que aqueles pacientes que respondem favoravelmente à cirurgia bariátrica
possuem uma microbiota oral enriquecida em bactérias dos filos Proteobacteria e
Bacteroidetes. Em contraste, os pacientes que perdem menos peso têm uma microbiota
oral enriquecida em bactérias do filo Actinobacteria e uma microbiota intestinal enriquecida
em bactérias dos filos Bacteroidetes e Firmicutes (STEFURA, 2021).
Neste artigo o pesquisador pretendeu entender melhor a relação entre
microrganismos do intestino e pacientes bariátricos, foram utilizados como amostra vinte
pacientes que foram selecionados após avaliação pré-operatória e vinte pacientes com
peso normal. Como resultado do estudo foi detectado que a abundância relativa de

Saúde integral: teoria e prática 30


Bacteroidetes foi semelhante entre pacientes com peso normal e obesos, enquanto
Firmicutes e Proteobacteria foram significativamente diferentes (CAMPISCIANO, 2018).

A cirurgia bariátrica transformou a composição da microbiota intestinal em diferentes


níveis taxonômicos, destacando uma redução significativa no filo Firmicutes em
comparação com os mesmos pacientes antes da intervenção, enquanto a abundância
relativa dos filos Proteobacteria e Lentisphaerae aumentou significativamente em resposta
ao procedimento bariátrico. Mudanças também foram detectadas em nível familiar, em que
Enterobacteriaceae e Sinobacteriaceae estavam significativamente aumentadas em
pacientes operados ao contrário das famílias Clostridiaceae e Lachnospiraceae foram
reduzidas em pacientes pós-cirurgia bariátrica. Curiosamente, observou-se maior detecção
dos gêneros Butyricimonas, Parabacteroides e Slackia após a intervenção, enquanto
gêneros como Acinetobacter, Coprococcus, Lachnospira, Lactococcus, Megamonas,
Oribacterium e Phascolarctobacterium, que dominaram em pacientes obesos não
operados, diminuíram significativamente após o procedimento cirúrgico (JUÁREZ-
FERNÁNDEZ, 2021).
Os resultados mostram que a estrutura do microbioma fecal mudou após RYGB, com
alterações mantidas pelo menos 1 ano após a cirurgia. RYGB alterou as comunidades
microbianas da mucosa, seis filotipos em nível de gênero foram significativamente
enriquecidos na mucosa após a cirurgia: Granulicatella, Lactococcus, Streptococcus,
Blautia, Dorea e Akkermansia. A abundância relativa desses filotipos também foi maior na
mucosa de pacientes com peso normal, em comparação com a mucosa antes deste tipo de
cirurgia (ILHAN, 2020).
Dezesseis pacientes candidatos a cirurgia foram recrutados no Departamento de
Cirurgia do Hospital Universitário de Zurique, Suíça e foram operados entre julho e
setembro de 2017. Os pacientes pré-operatórios apresentaram níveis significativamente
mais altos de Firmicutes e Actinobacteria e níveis mais baixos de Verrucomicrobia quando
comparados aos controles saudáveis. No pós-operatório, as abundâncias desses grupos
bacterianos não eram mais significativamente diferentes, indicando uma rebiose da
microbiota. Os níveis de proteobactérias foram significativamente diferentes entre todos os
grupos com controles saudáveis apresentando os níveis mais baixos e os pacientes após
a cirurgia os mais altos. No nível de gênero, os pacientes antes da cirurgia apresentaram
níveis significativamente mais altos de Blautia e Roseburia quando comparados com
controles saudáveis que diminuíram no pós-operatório na direção de um microbioma
saudável. Abundâncias de Faecalibacterium e Bifidobacterium também diminuíram após a

Saúde integral: teoria e prática 31


cirurgia, de acordo com as observações em nível familiar e de classe, o Streptococcus
aerotolerante aumentou significativamente após a cirurgia (STEINERT, 2020).
Dez pacientes foram submetidos a RYGB e dez a SG, como grupo controle foram
usados vinte indivíduos com peso normal. Em nossos resultados as pessoas obesas,
comparadas às magras, apresentam uma disbiose em termos de quantidade e variabilidade
de espécies bacterianas, que é referida como diversidade alfa. Em nossa coorte, as três
métricas de diversidade alfa não foram significativamente afetadas com base na disbiose
intestinal entre os pacientes antes e após a cirurgia e em comparação com peso normal,
todavia em pacientes elegíveis para LGB tinham uma ligeira diminuição da diversidade alfa
em comparação com pacientes peso normal antes da cirurgia, enquanto um aumento desse
valor foi detectado após ambas as cirurgias (CAMPISCIANO, 2018).
Destaco ainda que há relativa abundância de Bacteroidetes em pacientes com peso
normal e obesos, após a cirurgia bariátrica esse filo diminuiu no grupo bypass gástrico, no
qual também os Firmicutes foram significativamente modulados, apresentando um
aumento. Como último destaque de mudança o grupo SG mudou de um enterotipo de
Prevotella para um enterotipo de Bacteroides como observado no grupo controle, ocorreu
o a mesma mudança em relação a B. vulgatus e B. uniformis que após a cirurgia
recuperaram valores semelhantes ao do peso normal (CAMPISCIANO, 2018).
Em um estudo realizado em São Paulo houve uma redução significativa no filo
Proteobacteria foi observada após a cirurgia, mas nenhuma diferença significativa foi
observada em Firmicutes e Bacteroidetes. Outras análises foram realizadas com dois
indivíduos, bacteroidetes foi significativamente reduzido no paciente após a cirurgia
(PAJECKI, 2019.).
Nessa pesquisa o autor comparou o impacto do RYGB com a SG na microbiota
intestinal em ratos, o gene 16S DNA ribossomal é compartilhado por todas as bactérias e
exibe blocos de variação de sequência que permite a identificação taxonômica de micróbios
intestinais, foi usado para determinar a composição e a diversidade da microbiota intestinal.
Os achados indicaram que o RYGB reduziu significativamente a diversidade da microbiota
intestinal de ratos, a abundância de Gammaproteobacteria correlaciona-se negativamente
com o peso corporal pós-operatório e pode ser um dos potenciais contribuintes para uma
perda de peso estável após a cirurgia bariátrica (SHAO, 2017).
Foi investigando os efeitos do cirurgia bariátrica no microbioma intestinal com base
nas fezes pré-operatórias e pós-operatórias de 6 meses. Na análise as mudanças na
composição microbiana foram diferentes na RYGB levou a uma maior abundância relativa
de bactérias aerotolerantes, como Escherichia coli e espécies bucais, como Streptococcus

Saúde integral: teoria e prática 32


e Veillonella spp. Em contraste, anaeróbios, como Clostridium, foram mais abundantes
após SG, sugerindo melhor conservação das condições anaeróbicas no intestino. O
enriquecimento de Akkermansia muciniphila também foi observado após ambas as
cirurgias (FARIN, 2020).
Um estudo observacional prospectivo de 44 pacientes japoneses com obesidade foi
realizado destes 22 pacientes foram submetidos a SG, 18 foram submetidos a gastrectomia
vertical laparoscópica com bypass duodenojejunal (LSG-DJB) e 4 foram submetidos a
banda gástrica ajustável laparoscópica, os parâmetros clínicos e a microbiota intestinal dos
pacientes foram investigados antes e por 6 meses após a cirurgia. Como resultado a
proporção do filo Bacteroidetes e da ordem Lactobacillales aumentou significativamente no
grupo SG, e a da ordem Enterobacteriales aumentou e a do gênero Bifidobacterium
diminuiu significativamente no grupo LSG-DJB em 1 e 3 meses após a cirurgia. Desse modo
concluímos que neste estudo o impacto na microbiota intestinal diferiu entre LSG-DJB e
SG, LSG-DJB melhorou os distúrbios metabólicos dos pacientes em maior extensão do que
o SG (KIKUCHI, 2018).
No estudo agora abordado a cirurgia induziu mudanças rápidas na diversidade e
composição do microbioma intestinal. O microbioma pré-operatório exibiu uma depleção de
Verrucomicrobia e um enriquecimento de Fusobacteria e Clostridia em comparação com o
pós-operatório, a abundância de Verrucomicrobia e Proteobacteria aumentou após a
cirurgia. No entanto, semelhante à diversidade microbiana, esta tendência diminuiu em 12
meses em comparação com 3 e 6 meses. As mudanças observadas em Verrucomicrobia
foram impulsionadas principalmente pelo gênero Akkermansia (SHEN, 2019).
Realizamos análise de rede e identificamos grupos de bactérias, em oposição a
bactérias isoladas, que foram associadas a biomarcadores circulantes. No pré-operatório,
um cluster composto por Slackia, Anaerostipes, Dorea e Clostridiales foi associado à
glicose, todavia em 3 meses essas associações não estavam mais presentes e os ácidos
biliares primários foram significativamente correlacionados com os 2 grupos seguintes: um
formado por Oscillospira, Lachnospiraceae e Blautia, e o segundo grupo formado por
Ruminococcaceae, Lachnospiraceae, Blautia e Coprococcus. Os ácidos biliares e o butirato
ainda estavam significativamente associados a vários aglomerados bacterianos após 6
meses (SHEN, 2019).

DISCUSSÃO

Akkermansia muciniphila e Faecalibacterium prausnitzii foram bactérias encontradas


nos estudos analisados em indivíduos magros e após cirurgia bariátrica, não diferindo entre

Saúde integral: teoria e prática 33


o método escolhido (KIM, 2021). Indivíduos com maior riqueza gênica e abundância de A.
muciniphila exibiram o estado metabólico mais saudável, particularmente na glicemia de
jejum, triglicerídeos plasmáticos e distribuição de gordura corporal (PNG, 2010; DERRIEN,
2004; EVERARD, 2013). A abundância dessa bactéria degradante de mucina tem sido
inversamente associada à massa de gordura corporal e à intolerância à glicose em
camundongos, tais argumentos corroboram com os achados encontrados nos artigos desta
revisão (DAO, 2016).
Faecalibacterium prausnitzii, bactéria anaeróbica, é um dos principais componentes
da microbiota intestinal representando mais de 5% da população bacteriana em indivíduos
saudáveis (SOKOL, 2008). Essa bactéria também é a mais importante bactéria produtora
de butirato no cólon humano, esta bactéria tem sido considerada como um bioindicador da
saúde humana, uma vez que quando sua população é reduzida, os processos inflamatórios
são favorecidos (MIQUEL, 2013; SOKOL, 2009). Diferente das bactérias citadas até o
momento os bacteroides foram o motivo de divergência entre os artigos analisados, dois
artigos apontam resultados semelhantes entre sua quantidade no grupo de obesos e
pacientes com peso normal e quatro artigos apontaram que eram mais abundantes em
grupos com peso adequado de acordo com IMC e pós-cirurgia bariátrica.
Os Bacteroides são conhecidos pela quebra de hidratos de carbono e por ser melhor
na síntese de vitaminas B2, B5, C e H, eles estão associados a uma dieta rica em proteína
animal e gordura saturada (ULKER, 2018). Não foram encontrados mais artigos que
corroborassem com os dois artigos destacados na revisão, as demais informações
encontradas na literatura complementar afirmavam o ponto dos quatro artigos no qual
acredita-se que há uma redução dos bacteroides em indivíduos obesos do que em
indivíduos controle (FURET, 2010; DEBÉDAT, 2019; TABASI, 2019).
Dorea é oxidante de lactato e ruminococcus que auxilía as células a absorverem os
açúcares, as bactérias Ruminococcus, Coprococcus, Lachnospiraceae e Fusobacterium e
Streptococcus aerotolerante estão aumentados em pacientes obesos (RAJILIC‐
STOJANOVIC, 2020; SEGANFREDO, 2017). Na bactéria Dorea foi encontrada uma
ambiguidade apesar da maioria dos artigos afirmarem sua predominância em indivíduos
obesos um artigo desta revisão destaca o seu achado em indivíduos após cirurgia
bariátrica, não foram encontrados mais artigos que apoiassem esse achado (WAGNER,
2018; KONG, 2013). Acinobacteria, Proteobacteria e Lactococcus tiveram um relativo
aumento após a SG, todavia neste revisão foram encontrados artigos que indicam sua
prevalência em indivíduos obesos o que provoca dúvidas em relação a sua maior
prevalência (YUSUF, 2021; INDRIO, 2013). Dessa forma, fica claro as descobertas feitas e

Saúde integral: teoria e prática 34


os insights sobre a relação entre a microbiota intestinal e o metabolismo e adiposidade do
hospedeiro.

CONCLUSÃO

Uma variabilidade significativa nos desenhos e metodologias de estudo foram


analisados para tentar entender sobre as alterações da microbiota intestinal em relação ao
processo de cirurgia bariátrica. Foram analisados vários estudos com diferentes tipos de
bactérias, elas foram divididas de acordo com o ambiente que delas aparecerem, ou seja,
em indivíduos dentro do IMC normal e obesos antes e após um dos métodos de cirurgia
bariátrica. Com esse estudo percebesse a escassez de informações sobre uma vez que
temos poucos estudos de corte que avaliam a curto e longo prazo.

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Saúde integral: teoria e prática 39


Capítulo

03

Saúde integral: teoria e prática 40


TENDÊNCIA TEMPORAL DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS NO ESTADO DE MATO
GROSSO NO PERÍODO DE 1996-2017

SARA LENTE MARTINEZ


Discente do curso de Medicina do Centro Universitário UNINORTE

CATHERINE JUNGES AYRES


Discentes do curso de Medicina da Universidade de Cuiabá

IANKA CARDOSO DAL BOSCO


Discentes do curso de Medicina da Universidade de Cuiabá

RAFAELA KONAGESKI RODRIGUES


Discentes do curso de Medicina da Universidade de Cuiabá

RITA DE CASSIA CASTILHO TEIXEIRA


Discentes do curso de Medicina da Universidade de Cuiabá

AGEO MARIO CANDIDO DA SILVA


Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Cuiabá

RESUMO: Introdução. Doenças respiratórias são um importante problema de saúde pública e representam
atualmente a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos de idade além de que nas
últimas décadas, a incidência de infecções agudas do trato respiratório e de suas complicações aumentou
globalmente, bem como a taxa de incidência anual de pneumonia em indivíduos maiores de 65 anos em
diversos países. Objetivo. Analisar a tendência temporal de doenças respiratórias no Estado de Mato Grosso
no período de 1996 a 2017. Métodos. Apresenta-se como um estudo quantitativo ecológico de 141
municípios do estado de Mato Grosso, dos quais os dados foram obtidos no Sistema de Informações de
Mortalidade, disponibilizados por meio da página da Internet do Departamento de Informática do SUS
(DATASUS) em faixas etárias sendo elas até 9 anos, 10 a 19 anos, 20 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 ou mais
anos sendo as análises de tendências feitas por modelo de regressão polinomial. Resultados. Dentre as
faixas etárias apenas uma delas se mostrou crescente, sendo esta a de 60 e mais, com um p valor menor
que 0,0001, além da única estável de 49 a 59 anos com p valor maior que 0,005, as demais se mostraram
decrescentes, assim até 9 anos e de 10 a 19 anos apresentam p valor menor que 0,0001 e de 20 a 39 p valor
menor que 0,005. Portanto, todas as análises são estatisticamente relevantes e 80% delas se adequam ao
modelo polinomial de quarta ordem. Discussão. A taxa de infecções respiratórias se mostrou importante
principalmente para os extremos de idade das faixas, e corresponde ao índice de desenvolvimento e
efetividade das políticas públicas. Conclusão. Há necessidade de melhor cobertura e assistência de saúde
pública em pacientes idosos, seja com vacinas, leitos ou até mesmo equipes melhor preparadas além de
cobertura epidemiológica.
Palavras-chave: Tendência. Mortalidade. Doenças respiratórias.

INTRODUÇÃO

As doenças respiratórias, sejam elas de vias aéreas superiores tais como rinites,
sinusites, rinofaringite, gripe, otites, faringoamidaglites, laringites ou inferiores tais como
pneumonia, bronquiolite, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma são um
importante causa de morbimortalidade no Brasil constituindo 5 das 30 causas mais comuns
de morte. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é a terceira, a infecção do trato
respiratório inferior é a quarta e a asma é a vigésima oitava. 1 A cada ano, quatro milhões
de pessoas morrem prematuramente de doenças respiratórias crônicas.²

Saúde integral: teoria e prática 41


Doenças respiratórias são um importante problema de saúde pública e representam
atualmente a principal causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos de idade,
podendo ser de etiologia infecciosa ou não infecciosa, podendo acometer as vias aéreas
superiores e inferiores ³ os bebês e as crianças pequenas são particularmente suscetíveis.
Nove milhões de crianças com menos de 5 anos de idade morrem anualmente e a
pneumonia é a principal causa em nível mundial ¹. Em crianças, a taxa de mortalidade pode
ser ainda mais alarmante devido a fatores como: poluição ambiental, estreitamento das vias
aéreas, diagnóstico tardio, exposição a agentes nocivos entre outros, sendo responsáveis
por quase 421 mil internações em crianças de 0 a 10 anos no Brasil, dessas internações,
6.600 ocorreram no estado do Mato Grosso.²
Essas infecções respiratórias causam danos não só para a saúde pública, por um
excesso de hospitalizações, como também em outras áreas, incluindo a educação na qual
a criança tem de se ausentar de suas atividades até completa melhora³, assim como o
adulto de seu trabalho. No Brasil, esse gasto chega a 85 milhões de reais e no Mato Grosso,
chega a 4,65 milhões de reais.²
Nas últimas décadas, a incidência de infecções agudas do trato respiratório e de
suas complicações aumentou globalmente, bem como a taxa de incidência anual de
pneumonia em indivíduos maiores de 65 anos em diversos países. Além disso, afecções
respiratórias agudas são a principal causa de hospitalização de pacientes com condições
médicas crônicas. Além do aumento na prevalência de doenças crônico-degenerativas,
associado ao processo de envelhecimento, quadros com distintas etiologias se expressam
com maior gravidade no idoso. Isso ocorre devido à sua maior susceptibilidade fisiológica
e imunológica, particularmente às infecções, contribuindo para a redução da capacidade
física e biológica e diminuindo sua autonomia.4
Sendo assim, este estudo tem o objetivo de analisar a tendência temporal das
doenças respiratórias para o estado do Mato Grosso no período de 1996-2017.

MÉTODOS

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa ecológico onde são utilizadas


informações secundárias, referente ao período de 1996 a 2017 conduzido no Estado de
Mato Grosso, constituído por 141 municípios. Os estudos ecológicos estão centrados na
utilização de um grupo populacional como unidade de análise na sua investigação, onde o
pesquisador apenas tem conhecimento do número de indivíduos expostos a um

Saúde integral: teoria e prática 42


determinado evento, não se conhecendo suas características individuais. Desta maneira, é
impossível se extrapolar os resultados coletivos para o nível individual.

Fonte de dados

Foram utilizadas séries históricas de óbitos através das informações do Sistema de


Informações de Mortalidade, disponibilizados por meio da página da Internet do
Departamento de Informática do SUS (DATASUS; http://www.datasus.gov.br)5, não sendo
necessário a submissão ao Comitê de Ética, já que foi feito o uso de dados disponíveis na
plataforma citada acima. Desta maneira, foram calculadas as taxas de mortalidade por
doenças do sistema respiratório no ano de 2009 a 2017, foram registrados
aproximadamente 88.000 casos de Influenza no Brasil, o fato interessante é que vem
baixando os números conforme o ano, já os casos das demais doenças respiratórias é de
33,41 internações/mil crianças, onde nos numeradores foram incluídos todos os óbitos do
Capítulo IX do Código Internacional de Doenças (CID-10) J00-J06, J09-J19, J20-J22 e J40-
J47 e, nos denominadores, utilizou-se a população de risco, ou seja, aquela da qual se
originaram os casos, obtidos pelo número estimado de população residente, para cada ano
estudado, segundo dados do IBGE6.

Análise da tendência

A análise de tendência da cobertura do sistema foi realizada com auxílio do software


Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 18.0, por meio de modelos de
regressão polinomial. A escolha destes modelos se deu devido ao fato de que estes
possuem alto poder estatístico, além de serem facilmente formulados e interpretados. O
modelo polinomial tem a propriedade de encontrar a curva que melhor se ajusta aos dados,
de modo a descrever a relação entre a variável dependente Y (taxa de mortalidade) e a
variável independente X (ano de estudo). Para encontrar a curva que melhor descrevesse
a relação entre as variáveis dependente e independente, foram testados os seguintes
modelos de regressão polinomial23:

1º Grau: y = β0 + β1 x,
2º Grau: y = β0 + β1 x + β2 x2,
3º Grau: y = β0 + β1 x + β2 x2 + β3 x3
4º Grau: y = β0 + β1 x + β2 x2 + β3 x3 + β4 x3

Saúde integral: teoria e prática 43


Foram elaborados 20 modelos de regressão polinomial, tendo como variável
dependente a taxa de mortalidade por doenças do sistema respiratório, no município de
Cuiabá, nessa faixa de tempo (1996-2017) foram registrados 59.466 óbitos, já no estado
do Mato Grosso, foram registrados 272.708 óbitos nas seguintes faixas etárias: menores
de 10 anos, 10 a 19 anos, 20 a 29 anos, 40 a 49 anos e 60 anos ou mais. A variável
independente foi cada ano da série histórica compreendida pelo período de 1996 a 2016.
O modelo de regressão polinomial foi considerado capaz de descrever a relação entre as
variáveis dependente e independente quando o valor de p foi <0,05; nas situações em que
mais de um modelo contemplou essa condição, optou-se pelo que apresentou o menor
valor de p; e quando o valor de p foi coincidente, optou-se pelo modelo mais simples23.

RESULTADOS

A Tabela 1 e a Figura 1 apresentam os resultados da análise das tendências


temporais dos coeficientes de mortalidade por doenças respiratórias nas faixas etárias até
9 anos, 10-19 anos, 20-39 anos, 40-59 anos e 60 e mais anos, para o estado do Mato
Grosso no período de 1996-2017.
Perante as analises, 80% dos modelos polinomiais que mais se adequaram à
pesquisa foi a de 4ª ordem, com exceção da faixa etária de 40-59 anos, onde a curva mais
adequada foi a linear.
Na análise da tendência, as faixas etárias: Até 9 anos, 10-19 anos e 20-39 anos
apresentaram um padrão decrescente (Coeficiente de Variação= -35%, p < 0,001;
Coeficiente de Variação = -12%, p < 0,001; Coeficiente de Variação= -30%, p <0,005
respectivamente). Já na faixa etária de 40-59 anos foi apresentado uma tendência estável
(p > 0,05) e na faixa 60 e mais obteve-se uma tendência crescente com significância
estatística (Coeficiente de Variação = +60%, p-valor < 0,001).
Em relação ao coeficiente de determinação (R²), a variação mais próxima a sua linha
ajustada foi a da faixa etária até 9 anos (R²=0,711), seguida por: 60 e mais (R²=0,5917),
10-19 (R²=0,4355), 20-39 (R²=0,2261) e 40-59 anos (R²=0,0076).

Saúde integral: teoria e prática 44


Figura 1 – Tendências temporais dos coeficientes de mortalidade até 9 anos; de 10 a 19 anos; de 20 a 39
anos; de 40 a 59 anos e 60 e mais anos em Mato Grosso no período de 1996-2017.

Coeficiente Modelo R² p Tendência


de
mortalildade
Até 9 anos Y= -0,0005x4+0,0192x³ - 0,711 <0,001 Decrescente
01443x²-1,0771x+28,424
10-19 anos Y= -0,0003x4+0,0141x³- 0,4355 <0,001 Decrescente
0,2307x²+1,4051x+0,8405

20-39 anos Y= -0,0001x4+0,0055x³- 0,2261 <0,05 Decrescente


0,0757x²+0,3347x+6,0853

40-59 anos Y= 0,0694X+30,489 0,0076 >0,05 Estável

60 e mais Y= -0,0048x4+0,03735x³- 0,5917 <0,001 Crescente


8,6124x²
+75,445x+235,17
Tabela 1 – Resultados da análise das tendências temporais de coeficiente de mortalidade das faixas etárias
até 9 anos; 10 a 19 anos; 20 a 39 anos; 40 a 59 anos e 60 e mais anos, para o estado do Mato Grosso no
período de 1996-2017

Saúde integral: teoria e prática 45


DISCUSSÃO

A análise das tendências do coeficiente de mortalidade temporal das doenças


respiratórias tem por objetivo avaliar mudanças ocorridas na saúde da população,
relacionada a estas, na faixa etária de zero a sessenta anos ou mais no estado de Mato
Grosso. Esse coeficiente é muito importante pelo grande número de afecções por causas
respiratórias e grande variabilidade de causas entre as faixas etárias.
Em nosso trabalho encontrou-se uma tendência decrescente de mortalidade até os
39 anos, explicado por diminuição do tabagismo que apresentou tendência de declínio na
população adulta, principalmente nas capitais brasileiras. No caso das crianças, a
exposição ao tabagismo passivo pode aumentar o risco, porém, com a diminuição nos
adultos, essa exposição está diminuindo também nas crianças. Outro fator importante para
essa diminuição é o aumento ao acesso integral a saúde primária e medicamentos
gratuitos, além de vacinação, que previnem desde cedo a cronificação e até a ocorrência
dessas infecções. 11
A vacinação tem um papel importante nessa redução, visto que inicialmente era
voltada mais para crianças e adolescentes, porém com o passar dos anos, foi acrescentado
a tabela de vacinação para adultos o que não diminui a prevalência de quadros clínicos de
gripe, porém provoca queda significativa pneumonias, admissões hospitalares e mortes
12
causadas por essa enfermidade.
Já, na faixa etária de 40 a 59 anos, houve uma estabilização dos números de
mortalidade por doenças respiratórias por consequência do acesso integral a saúde
primária, através de melhoria no atendimento aos pacientes respiratórios e maior
imunização, além das campanhas e medicamentos gratuitos realizados nas USFs. Em geral
essas campanhas são voltadas as faixas etárias de maior risco e com isso, são
diagnosticadas e imunizadas precocemente através de vários programas como a Política
Nacional de Promoção da Saúde que visa o controle do tabagismo e incentiva as ações
para criação de ambientes mais saudáveis (ambientes sem contato com alérgenos), já nas
faixas etárias anteriores, o que acabou causando essa estabilização na faixa etária de 40
a 59 anos. 13
Finalmente, nota-se uma tendência crescente entre 60 anos e mais explicado pelo
envelhecimento da população brasileira que acarreta um maior número de indivíduos com
doenças de base, fatores de risco e polifarmácia, que quando descompensados por uma
infecção respiratória de menor proporção, podem gerar aumento da mortalidade. Outro fato
é que a adesão de pessoas com 60 anos ou mais nas campanhas de vacinação é pequena

Saúde integral: teoria e prática 46


por acreditarem que a própria vacina cause a gripe, gerando uma faixa etária não imunizada
e com maiores riscos para adquirir as infeções. Além disso, tem-se o envelhecimento
imunológico, que está associado ao progressivo declínio da função imune, aumentando,
assim, a suscetibilidade dos indivíduos para infecções, doenças autoimunes e neoplasias.
Esse declínio da função imunológica, encontrado nos idosos, está associado a alterações
que podem ocorrer em cada etapa do desenvolvimento da resposta imune acarretando
14
menor efetividade da vacina em relação a pacientes mais jovens.
Diante dos resultados tem-se que a maior expectativa de vida e queda da
mortalidade traz novos desafios para os programas de atenção ao idoso desde os anos
2000, em que estudos mostraram aumento da proporção de óbitos por causas respiratórias,
em ambos os sexos, principalmente na faixa etária acima de 80 anos no estado de São
Paulo.10, 15
Assim como também é conhecida a morbidade causada pelas doenças respiratórias
em nível mundial em menores de cinco anos e mortalidade, sendo alta nessa mesma faixa
etária em países de terceiro mundo. Portanto, dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS) mostram que 13 milhões de crianças menores que cinco anos morrem por ano no
mundo por doenças do aparelho respiratório e 95% dessas mortes ocorrem em países em
desenvolvimento.11 Nesse sentido, a taxa de mortalidade se mostra como potencial
indicador de desenvolvimento e que no presente estudo a curva até 9 anos mostrou-se
decrescente, sendo um padrão positivo, mas que precisaria de maior detalhamento.
Em 31 de Dezembro de 2019 foi relatado o primeiro caso de uma doença respiratória
até então desconhecida, e em 11 de março de 2020 declarou-se uma pandemia à nível
mundial da doença conhecida como COVID-19, causada pelo agente viral SARS-COV2. A
letalidade do “novo Coronavírus” aumenta com a idade, especialmente em idosos com
comorbidades previas, afetando diretamente na incidência de doenças respiratórias a partir
do conhecimento dessa nova patologia, na faixa etária de 60 anos e mais. No mundo, no
ano de 2020, há 1,1 bilhão de idosos, o que converge com o cenário brasileiro, que
apresenta 29,9 milhões. Apesar do envelhecimento populacional, infelizmente há pouca
visibilidade e valorização dessa parcela da população, onde verifica-se continuamente
visão preconceituosa, estigmatizada e estereotipada do idoso. 12
As causas responsáveis pelo aparecimento das doenças respiratórias são de origem
multifatorial. O fumo e a poluição atmosférica são considerados causas comuns dos
eventos mais estudados na literatura que incluem a asma, doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) e pneumonias.16

Saúde integral: teoria e prática 47


Todos os anos entre os meses de maio a novembro na Amazônia Legal há uma piora
da qualidade do ar, elevando-se o nível de poluição atmosférica, e observando-se o
aumento da procura por atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares. O
desenvolvimento da pandemia de COVID-19, um vírus que, tal qual a poluição do ar, agride
a saúde respiratória, e deve atingir o clímax provavelmente durante o período crítico da
estação anual de queimadas. Esse duplo pico, referente a queimadas e infecções virais,
poderá resultar em aumento da mortalidade, contribuindo não só para a crise do sistema
de saúde, mas também para uma menor disponibilidade de leitos e profissionais da saúde,
e para a sobrecarrega dos serviços funerários. Este cenário se somará ao impacto da
poluição atmosférica na geração de desconfortos respiratórios (tosse, garganta inflamada,
obstrução nasal, dificuldade para respirar, etc.) e exacerbação de doenças crônicas (asma,
17, 22
bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, etc.).
A população idosa, considerada como aquela com 60 ou mais anos de idade, é o
segmento populacional que mais cresce no país. Os distúrbios respiratórios que acometem
os idosos geralmente são condições progressivamente debilitantes, apresentando alta
morbidade e mortalidade, múltiplos sintomas e frequentes exacerbações que podem
interferir na qualidade de vida dos indivíduos, pois geram sensação de dispneia, ansiedade,
depressão, intolerância ao exercício e alteração do estado nutricional. A falta de serviços
domiciliares ou ambulatoriais, bem como a falta de conhecimento sobre os fatores
intrínsecos e extrínsecos que agravam as doenças respiratórias, faz com que o primeiro
atendimento ocorra num estágio avançado, geralmente no âmbito hospitalar, o que
aumenta os custos e diminui a probabilidade de um prognóstico favorável, predispondo
assim a uma curva crescente com o passar dos tempos.18
As limitações do método, foi o subregistro de notificações, até mesmo de óbitos,
tendo em vista a não cobertura total do DATASUS no estado de Mato Grosso e deve se ter
consciência que os coeficientes são medidas indiretas e devem ser utilizados como
instrumentos subsidiários na avaliação quantitativa das políticas públicas, sendo então
reflexos da situação ou uma representação parcial do quanto foi atingido das metas
propostas.18, 19
Já, como aspectos positivos do estudo teve-se a compreensão do comportamento
das infecções respiratórias em todas as faixas etárias pesquisadas e suas interligações
com os aspectos básicos de saúde, além de proporcionar uma visão de onde podem ocorrer
intervenções para obtenção de melhorias.19
Com isso, há relatos que simples ações fazem diferença nos números de
mortalidade, como o exemplo da campanha de vacinação implantada contra o Influenza,

Saúde integral: teoria e prática 48


anualmente desde 1999, pelo menos no estado de São Paulo, sugere-se que a partir disso
reduziu-se mortes e internações.19 E apesar de serem menos letais que as doenças
cardiovasculares as doenças respiratórias são a segunda causa de anos de vida perdidos
por incapacidade no Brasil e tem uma expectativa de que as infecções respiratórias estarão
entre as cinco principais causas de morte até 2030.20, 21

CONCLUSÃO

Com esse trabalho apoiamos que o índice de mortalidade está diretamente ligado
com a saúde pública, e assim de acordo com os resultados a preocupação deve ser voltada
para as curvas estável e crescente, sendo 40 a 59 anos e 60 e mais respectivamente. A
solução seriam programas mais efetivos para essa população como vacinação, leitos
disponíveis e equipe mais bem preparada. Por outro lado, as faixas etárias de 0 a 39 anos
devem continuar em vigilância para melhor cobertura epidemiológica.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente à Deus pelos dons que nos deu nesta existência que
serviram na realização deste projeto, apoio e orientação do Prof. Dr. Ageo Mario Candido
da Silva pela oportunidade е apoio na elaboração deste trabalho.
Assim como da banca avaliadora composta por Ageo Mario Candido da Silva, Thiago
Andrade de Toledo e Juliane Ferreira Andrade de Fonseca, cuja dedicação e atenção foram
essenciais para que este trabalho fosse concluído satisfatoriamente. Gratidão também, aos
nossos pais pelo incentivo aos estudos e pelo apoio incondicional. E a todos que direta ou
indiretamente fizeram parte da nossa formação, о nosso muito obrigado.

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04

Saúde integral: teoria e prática 52


CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DOS ÓBITOS POR DOENÇAS
CARDIOVASCULARES EM UM ESTADO BRASILEIRO DA AMAZÔNIA SUL-
OCIDENTAL

SAULO RIBEIRO CESÁRIO


Centro Universitário Uninorte

LEUDA MARIA DA SILVIA DÁVALOS


Centro Universitário Uninorte

RESUMO: Introdução: doenças do aparelho circulatório ou cardiovasculares são a principal causa


de morte no mundo. No Brasil, elas representam cerca de um terço do número de mortes relatadas,
estando relacionada à diversos fatores de risco, entre eles sexo e idade. Objetivos: detalhar a
epidemiologia dos óbitos evoluídos a partir de doenças cardiovasculares no estado do Acre.
Metodologia: estudo retrospectivo, tipo série histórica sobre mortes por doenças do aparelho
circulatório no estado do Acre. A população foi composta por aqueles casos inseridos e
disponibilizados pelo DATASUS, totalizando em 8.492 casos. Foram avaliados os fatores de risco:
faixa etária, gênero, cor/raça e escolaridade. Resultados: é observada uma curva crescente de
óbitos e maior acometimento da população parda. Homens são muito mais acometidos do que as
mulheres. Há maior acometimento dos casos em pacientes acima de 50 anos e com menor
escolaridade. Discussão: os casos na população parda são cada vez mais crescentes. Pacientes
acima de 50 anos apresentaram até 60,2% dos casos. Casos em mulheres estão mais frequentes
com o avanço dos anos. Conclusão: raça, idade, sexo e escolaridade são fatores de risco
intrinsecamente associados à evolução para óbito por doença cardiovascular.
PALAVRAS-CHAVE: Cardiopatias. Epidemiologia. Causas de morte.

ABSTRACT: Introduction: diseases of the circulatory or cardiovascular system are the main cause
of death in the world. In Brazil, they represent about a third of the number of reported deaths, being
related to several risk factors, including sex and age. Objectives: to detail the epidemiology of deaths
resulting from cardiovascular diseases in the state of Acre. Methodology: retrospective study,
historical series type on deaths from diseases of the circulatory system in the state of Acre. The
population consisted of those cases entered and made available by DATASUS, totaling 8,492 cases.
The risk factors were evaluated: age group, gender, color/race and education. Results: there is an
increasing curve of deaths and greater involvement of the brown population. Men are much more
affected than women. There is a higher incidence of cases in patients over 50 years of age and with
less education. Discussion: the cases in the brown population are increasing. Patients over 50 years
old had up to 60.2% of cases. Cases in women are more frequent with advancing years. Conclusion:
race, age, sex and education are risk factors intrinsically associated with progression to death from
cardiovascular disease.
KEYWORDS: Heart Diseases. Epidemiology. Cause of Death.

INTRODUÇÃO

Doenças do aparelho circulatório ou cardiovasculares são a principal causa de morte


no mundo e estimativas indicam sua permanência, sendo que em 2025 as estimativas
apontam que entre 80 a 90% dos casos ocorreram em países de baixa e média renda
(BONOW, 2002, NASCIMENTO, 2020; LESSA, 2004). A hipertensão arterial sistêmica

Saúde integral: teoria e prática 53


(HAS) é a morbidade mais comum na população adulta no Brasil, as doenças do aparelho
circulatório a abrangem (LESSA, 2001; MARTINS, 2020). A região norte do Brasil ainda
apresenta-se sendo a região com um menor número de dados publicados em artigos
analisando a epidemiologia dessas enfermidades (SPRITZER, 1996; LESSA, 1993;
FUCHS, 2001).
É interessante abordar o contexto da China, onde as doenças cardiovasculares
(DCV) são a principal causa de morte e morte prematura (40% dos casos na população do
país) (ZHOU, 2016; YANG, 2013; CHEN, 2015). A relevância da informação citada é posta
em destaque quando abordamos a história de Yingkai Wu, cirurgião cardíaco responsável
por estudos sobre epidemiologia e a prevenção de doenças do aparelho circulatório, em
1970 esse médico reconheceu a alta prevalência de hipertensão e por consequência a
epidemia de acidente vascular cerebral (AVC) em áreas rurais da china, onde trabalhava
(TUNSTALL-PEDOE, 2015; LEWINGTON, 2016; LI, 2015). Na década de 1980
estabeleceu o primeiro departamento que visava o estudo dessas associações
epidemiológicas, contando com apoio internacional um dos seus principais objetivos era
encontrar os principais fatores de risco naquela sociedade (BÖTHIG, 1989; WU, 2001;
ZHAO, 2008).
Representando cerca de um terço do número de mortes no Brasil é necessário
entender quais os fatores de risco para estas enfermidades para então poder preveni-las,
pois seu tratamento envolve o seu controle que também está ligado a diversas mudanças
de hábitos de vida que são os mesmos da prevenção (ZHAO, 2019). Os fatores de risco
podem ser divididos em dois tipos: imutáveis (sexo, idade e hereditariedade) e mutáveis (
HAS, estresse, ansiedade, diabetes miellitus, dislipidemia, tabagismo e alcoolismo)
(LOUREIRO, 2020; XAVIER, 2020; MELO, 2017). Por muitos anos os fatores de risco foram
considerados importantes apenas para idosos, no entanto isso mudou (LUZ, 2020;
ALBUQUERQUE, 2020).
Nos últimos anos estudos têm revelado que os fatores de risco para DCV estão cada
vez mais frequentes em jovens adultos, a exposição a desencadeadores das enfermidades
tem início na infância e adolescência, se consolidando na fase adulta acarretando em
consequências a longo prazo (AVELINO, 2020; BALBINOT, 2014). Mudanças nutricionais
e relativas à atividade física deixam claro a exposição cada vez mais precoce a esses
fatores, neste artigo será detalhado a epidemiologia dos óbitos evoluídos a partir de
doenças cardiovasculares no estado do Acre.

Saúde integral: teoria e prática 54


METODOLOGIA

Trata-se de um estudo retrospectivo, do tipo série histórica, sobre as mortes por


doença do aparelho circulatório (CID IX) do Acre, que foram notificados no Departamento
de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no período de janeiro de 2009 a
dezembro de 2019. Os dados coletados foram obtidos nos arquivos no site do Ministério da
Saúde (http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/obt10uf.def)
A população de estudo foi constituída pelo total de mortes registradas pelo CID IX
no período estudado (n = 8.492), foram excluídas do estudo todas as demais causas de
morte que compõe o Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID). Os dados
da população residente no estado do Acre foram colhidos no site do DATASUS
(http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?ibge/cnv/popac.def), de acordo com os
dados mais atualizados disponíveis são da população residente em 2012 que conta com
758.786 habitantes.
No estudo foram avaliadas as seguintes variáveis: faixa etária, gênero, cor/raça e
estado civil, foi realizada uma análise anual do total de mortes pelo CID IX. Como o trabalho
em questão analisou dados secundários, agregados e de domínio público não houveram
implicações éticas e por consequência não foi necessária a aprovação do Comitê de Ética
para coleta e análise dos dados.

RESULTADOS

A partir dos dados obtidos no DATASUS referentes ao número de mortes por


doenças do aparelho circulatório no período de 2009 a 2019 no estado do Acre (gráfico 01),
fica nítido que os anos de 2009, 2011 e 2015 foram anos em que houve um acréscimo de
mortes em comparação aos anos anteriores e posteriores a estes. No ano de 2016 e nos
anos seguintes é possível observar uma curva crescente até 2019 de mortalidade, sem
grandes picos ou variações que destoam da média, com o número de mortes sendo 834
em 2016, 856 em 2017, 910 e 926 respectivamente.
Ainda no Gráfico 01 é possível observar o predomínio da mortalidade de pessoas
pardas, sendo seguida por pessoas brancas. Também, observa-se que o número de
ignorados vem sofrendo uma redução com passar dos anos.

Saúde integral: teoria e prática 55


Gráfico 01: Distribuição anual do número absoluto de casos de mortes por doenças do aparelho circulatório
e de acordo com a cor da pele no período de 2009 a 2019 no estado do Acre.

No gráfico 02 pode ser observada a progressão mensal de mortes do CID IX de


acordo com cada mês e ano entre os anos de 2009 e 2019, onde pode ser destacado um
comportamento padrão em quase todos os anos, quando em setembro, outubro e
novembro ocorre um número menor de casos do que no resto do ano. Também é válido
mencionar que no mês de abril nos anos de 2009, 2010 e 2017 houve uma queda no
número de casos. Em contrapartida, em maio em 2019, junho em 2014 e 2018, julho em
2016 e agosto nos anos de 2015, 2017 e 2019 houve um aumento significativo no número
de mortes.

Gráfico 02: Distribuição mensal do número absoluto de casos de mortes por doenças do aparelho
circulatório no período de 2009 a 2019 no estado do Acre.

Saúde integral: teoria e prática 56


No Gráfico 03 observa-se a quantidade de homens e mulheres e a relação de
mulheres que morreram para esta doença em relação a cada homem. Independente do
ano, a mortalidade masculina por essa enfermidade é mais expressiva do que a feminina,
sendo sua relação variando de 67,6% a 78,5%.

1000 80,0%
900 78,1% 78,5% 78,4% 78,0%
800 76,1% 76,0%
75,7%
700 75,1%
73,6% 510 527 74,0%
600 482 72,7%
483 489
427 72,0%
500 425 392
404 387
70,3% 70,0%
349
400
68,2% 68,0%
300 67,6%
200 400 399 66,0%
335 367 351 367
273 257 290 272 306
100 64,0%

0 62,0%
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Mulheres Homens Relação H/M

Gráfico 03: Distribuição anual do número de casos de morte por doenças do aparelho circulatório de acordo
com o sexo no período de 2009 a 2019 no estado do Acre

Na Tabela 01 percebe-se que houve um aumento expressivo na porcentagem de


indivíduos na faixa etária de a partir de 50 anos que morreram por doenças do aparelho
circulatório. Entretanto, nenhuma faixa etária específica apresenta predominância de casos
em relação às demais.

Saúde integral: teoria e prática 57


Tabela 01: Distribuição absoluta e relativa de morte por doenças do aparelho circulatório no período
de 2009 a 2019 no estado do Acre.

Saúde integral: teoria e prática 58


O Gráfico 04 destaca que a quantidade de pessoas sem nenhum tipo de
escolaridade ainda prevalece sobre os demais, sendo a menor mortalidade por doença do
aparelho respiratório aqueles com mais de 12 anos ou mais de tempo de estudo.

Gráfico 04: Distribuição do número de casos de morte por doenças do aparelho circulatório de acordo com
a escolaridade no período de 2009 a 2019 no estado do Acre.

DISCUSSÃO

Entre os casos analisados, pode-se observar um maior acometimento da população


parda, a qual vem se apresentando cada vez mais como um fator de risco associado, ao
contrário do elucidado por Massaroli, 2018, por exemplo, o qual não inclui a etnia como
risco para a evolução ao óbito por DCV. Isso pode ser relacionado à redução dos casos
ignorados no momento da notificação dessas doenças à Vigilância Epidemiológica, fato
esse possivelmente explicado a partir do crescimento da quantidade de casos e a queda
dos casos ignorados.
Pelo gráfico 02, pode-se perceber um maior acometimento de casos de morte por
DCV nos meses de março, agosto e outubro. Já nos meses de novembro, praticamente em
todos os anos houve queda comparados ao mês anterior. Porém, tal dado isolado não é
suficiente para elucidar dados de significância epidemiológica.
Quanto à idade dos casos acometidos, pode-se observar uma nítida predominância
de pacientes que evoluíram a óbito a partir dos 50 anos, os quais representam em todos os
anos, sem exceção, pelo menos 50% dos casos. Em 2010, a população acima de 50 anos
representou 50,1% do total de mortes por DCV, enquanto em 2019 essa mesma população
etária representou 60,2%. Tais dados demonstram um crescente aumento dos casos entre

Saúde integral: teoria e prática 59


indivíduos a partir dos 50 anos. Além disso, a mortalidade na faixa etária de até 19 anos,
se mostrou menor comparando entre os casos de 2009 e 2019.
Quanto ao sexo, pode-se perceber um maior acometimento expressivo de homens
em relação às mulheres. Entre esses, foram observados mais casos diagnosticados nos
dois últimos anos (2018 e 2019), mas com expressiva diferença entre a relação de mulheres
para cada caso de homem acometido, variando de 78,4% para 75,7%. Ademais, observou-
se um aumento no número absoluto de casos de óbito em mulheres, variando de 273 casos
(40,3%), em 2009, para 399 casos (43,1%), em 2019.

Já pela escolaridade, fica nítido que o menor tempo de estudo do paciente relaciona-
se diretamente à possibilidade de desenvolver óbito em caso de diagnóstico por DCV.
Pacientes sem qualquer grau de escolaridade compuseram 44,1% dos casos
diagnosticados na população estudada.

CONCLUSÃO

Assim, a partir da analise feita sob esse estudo, pode-se inferir que a raça, idade,
sexo e escolaridade são fatores de risco intrinsecamente associados à evolução para óbito
por DCV na população acreana. A Etnia parda apresenta-se muito mais prevalente
comparada as demais etnias estudadas e a idade acima dos 50 anos é um fator
determinante para a ocorrência do óbito. Ainda, o sexo masculino se mostra mais
prevalente quando comparado aos casos em mulheres, mas é importante ressaltar o
crescimento nos últimos anos dos casos em mulheres comparados aos homens. Por fim, a
menor e a ausência de escolaridade se mostraram importantes fatores relacionados à morte
por DCV.

REFERÊNCIAS

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Saúde integral: teoria e prática 60


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Saúde integral: teoria e prática 61


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Saúde integral: teoria e prática 62


Capítulo

05

Saúde integral: teoria e prática 63


REVISÃO DE LITERATURA: MANIFESTAÇÕES DERMATOLÓGICAS EM
PACIENTES INFECTADOS PELO COVID -19

KATRIEL PROENÇA BENACCHIO


CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE AC

ORIENTADOR: DOUGLAS JOSÉ ANGEL


CENTRO UNIVERSITÁRIO DO NORTE – UNINORTE AC

RESUMO: Objetivo: O maior órgão do corpo humano, a pele, torna-se alvo de manifestações em
parte expressiva dos infectados pelo Covid-19, dessa forma, os avanços na compreensão da
fisiopatologia do Sars-Cov-2 identificam necessidade na adequação do manejo, de forma a
corresponder, quanto à sua especificidade. Método: Foi realizada uma revisão de literatura nas
plataformas PubMed com os descritores “Covid 19”, “Manifestations” e “Skin” e Lilacs com os
descritores “Covid 19” e “skin”. A partir dos resultados obtidos, foram selecionados artigos que
elucidavam manifestações dermatológicas. Resultados e Discussão: As lesões de pele mais
frequentemente relacionadas ao Covid-19 foram rash, eritema, exantema, pápulas, vesículas,
petéquias e urticárias. Conclusão: Ainda não se pode afirmar que as lesões de pele, de forma
isolada têm indicador de gravidade na doença, contudo, lesões com acometimento vascular tendem
a ter pior prognóstico, merecendo atenção sistêmica diferenciada, devido ao seu maior potencial de
gravidade.
PALAVRAS-CHAVE: Covi-19, Skin, Manifestações, Pele.

ABSTRACT: Objective: The largest organ of the human body, the skin, becomes the target of
manifestations in an expressive part of those infected by Covid-19, in this way, advances in
understanding the pathophysiology of Sars-Cov-2 identify a need for adequate management, in
order to correspond, as to its specificity. Method: A literature review was carried out on PubMed
platforms with the descriptors "Covid 19", "Manifestations" and "Skin" and Lilacs with the descriptors
"Covid 19" and "skin". Based on the results obtained, articles that elucidated dermatological
manifestations were selected. Results and Discussion: The skin lesions most frequently related to
Covid-19 were rash, erythema, exanthema, papules, vesicles, petechiae and urticaria. Conclusion:
It is still not possible to say that skin lesions, in isolation, have an indicator of disease severity,
however, lesions with vascular involvement tend to have a worse prognosis, deserving differentiated
systemic attention, due to their greater potential for severity.
KEYWORDS: Covi-19, Skin, Manifestations, Skin.

INTRODUÇÃO

O maior órgão do corpo humano, conhecido por todos, e de primeira análise em


consulta, revela muito sobre a saúde do ser humano, logo em primeira análise em uma
ectoscopia. A pele revela muito sobre a saúde do indivíduo, antes da anamnese, é possível
inferir sobre a hidratação, a perfusão sanguínea e levantar hipóteses de doenças de órgãos
internos, “por exemplo, a viremia do sarampo atinge o pico no início da erupção cutânea,
enquanto a do parvovírus B19 termina antes do seu início” (1). Dessa forma, este trabalho
de revisão de literatura vem objetivar as principais manifestações dermatológicas no Covid-

Saúde integral: teoria e prática 64


19. Uma patologia nova que vem sendo estudada e elucidada com manifestações diversas,
entre elas na pele.

METODOLOGIA

Foram utilizadas as bases de dados das plataformas PubMed e Lilacs para esta
revisão de literatura, inicialmente, com os descritores em português, contudo, a falta de
correlação dos resultados da combinação dos descritores no idioma português
“Manifestações”, “Pele” e “Covi-19” nos resultados obtidos fizeram a busca pelos
marcadores no idioma inglês ser assertiva quando usados os marcadores “Skin” e “Covid-
19”.
Na plataforma Lilacs, foi realizada uma busca com os marcadores “Skin” e Covid-
19”. Foram obtidos 86 resultados. Destes 86, foi utilizado o filtro “Exantema”,
“Dermatopatia”, “Púrpura” e “Manifestação cutânea”, resultando em idiomas “Inglês”,
“Espanhol” e “Português”.
Na plataforma PubMed, foi realizada uma pesquisa com os marcadores “Covid 19”,
“Skin” e “Manifestations”, obtidos 925 resultados e utilizado o filtro de “Systematic review”,
resultando em 33 resultados.
Foram revisados todos os artigos obtidos em páginas 1 de 1 de Lilacs (8 artigos) e
todos os artigos de página 1 de 4 de PubMed (10 artigos) devido às suas datas de
publicação mais atualizadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As alterações dermatológicas obtidas na revisão de literatura, mais frequentes foram


as lesões de: rash (2, 6, 7, 10, 11, 15), eritema (3, 7, 9, 10, 11), exantema (2, 7, 11, 16, 17,
18), pápulas (12, 13, 9, 11), vesículas (7, 12, 13, 19), petéquias (7, 11, 14), urticária (3, 10,
19) ademais, na população pediátrica, destacaram-se lesões tardias em pele, descritas em
aparição torácica com pouco prurido e até mesmo ausente, sendo resultantes de eritema
papuloso e rash urticariforme (2, 9, 11, 19) ainda, na faixa etária pediátrica, houve casos
com lesões de pele classificadas como inconclusivas (5). Vasculites/ tromboses também
foram citadas (4, 6). A Síndrome de Steve- Jhonson foi citada em apenas um artigo, em
qual se trata de lesão dermatológica tardia, secundária a Covid-19 (7). Ainda, há o
levantamento da hipótese da coexistência de doenças em mesmo período, que já
sabidamente apresentam manifestações cutâneas, caso da dengue que apresenta

Saúde integral: teoria e prática 65


petéquias, e não se pode inferir, se o paciente apresentou devido à Covid-19, ou à dengue
(14).
Portanto, a simples ocorrência de lesões cutâneas em pacientes infectados pelo
Covid-19 não é um indicador de gravidade da doença, e varia muito o prognóstico do
paciente de acordo com a lesão cutânea (6). Lesões do tipo de acometimento vascular (4,
6, 7) tendem a apresentar pior prognóstico e merecem atenção sistêmica especial.

REFERENCIAS

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Saúde integral: teoria e prática 67


Capítulo

06

Saúde integral: teoria e prática 68


TRATAMENTO DAS FRATURAS DA DIÁFISE TIBIAL UMA REVISÃO DE
LITERATUA

ERACTO RODRIGUES FIGUEREDO NÓBREGA


Centro Universitário Uninorte

ELISA MARA DA SILVA CARNEIRO BRAGA


FIOCRUZ

RESUMO: A incidência de fraturas da diáfise da tíbia (26 por 100.000 pessoas por ano em uma
população média) é a mais alta entre as fraturas de ossos longos. Objetivo: Explorar as produções
científicas publicadas sobre os tratamentos das fraturas da diáfise tibial. Método: Esta pesquisa foi
concretizada através de revisão bibliográfica com base em literaturas que abrangem os tratamentos
das fraturas da diáfise tibial atualmente existentes. Poucos estudos foram encontrados no tema da
pesquisa. Resultados: Tratamento não operatório é aplicado em fraturas fechadas (não abertas)
da diáfise da tíbia, descrita como redução fechada (incruento) e imobilização gessada. A cirurgia
pode ser recomendada para fraturas, fraturas não cicatrizadas com tratamento cirúrgico, fraturas
com deslocamento ou fraturas de fragmentos. Opções cirúrgicas para o tratamento de as fraturas
da tíbia incluem fixação externa, haste intramedular e placa de bloqueio percutânea. Conclusão:
Pacientes tratados cirurgicamente apresentam melhores resultados clínicos, além de recuperação
e retorno às suas atividades cotidianas mais rapidamente. Tanto os tratamentos cirúrgicos como
não cirúrgicos têm suas vantagens e desvantagens, e a escolha final do tratamento para cada
paciente ficará a cabo da sua condição, tipo de fratura e decisão da equipe médica.
PALAVRAS-CHAVE: Tíbia; fratura diáfisária; tratamentos.

ABSTRACT: The incidence of tibial shaft fractures (26 per 100,000 people per year in an average
population) is the highest among long bone fractures. Objective: Explore published scientific
productions on the treatments of tibial shaft fractures. Method: This research was carried out
through a literature review based on literature covering the treatments for currently existing tibial
shaft fractures. Few studies were found on the research topic. Results: Non-operative treatment is
applied to closed (non-open) fractures of the tibial shaft, described as closed (unbloody) reduction
and plastered immobilization. Surgery may be recommended for fractures, fractures not healed with
surgical treatment, fractures with displacement, or fractures of fragments. Surgical options for
treating tibial fractures include external fixation, intramedullary nail, and percutaneous locking plate.
Conclusion: Patients treated surgically have better clinical results, in addition to faster recovery and
return to their daily activities. Both surgical and non-surgical treatments have their advantages and
disadvantages, and the final choice of treatment for each patient will depend on their condition, type
of fracture and decision of the medical team.
KEYWORDS: Tibia; diaphyseal fracture; treatments.

INTRODUÇÃO

A fratura da diáfise da tíbia (FDT) é a fratura de osso longo mais comum com
incidência de 16,9 / 100.000 por ano (ANANDASIVAM et al, 2017). São três vezes mais
comuns em homens do que mulheres (LARSEN et al, 2015).
A fratura da diáfise da tíbia é a mais comum dos ossos longos e acomete
principalmente adultos jovens do sexo masculino, indivíduos em plena capacidade física e
laborativa. Entre as causas mais frequentes estão os traumas de alta energia, como

Saúde integral: teoria e prática 69


acidentes automobilísticos, motociclísticos e atropelamentos. Por causa da energia
causadora das fraturas da tíbia e da sua escassa cobertura cutânea anteromedial, a tíbia,
além de ser o osso longo que mais frequentemente é fraturado, também é o osso longo que
mais frequentemente sofre fratura exposta (REIS; FERNANDES; BELLOTI, 2005;
GIANNOUDIS; PAPAKOSTIDIS, 2006).
Ao se optar por um tipo de tratamento, quer seja conservador ou cirúrgico, a
estabilidade da fratura e as condições de partes moles são importantes fatores preditivos e
que auxiliam na tomada de decisões (GRANDI; ELIAS; SKAF, 2007).
São dois os tipos de fratura da tíbia com base na lesão da pele ao redor da fratura,
fraturas fechadas (pele intacta) e expostas (pele perfurada). Na tíbia a maior parte dos
ossos são subcutâneos. Por este motivo, a fratura exposta também é comum neste osso.
O fluxo sanguíneo da tíbia também é menor do que os ossos que estão rodeados pelos
músculos. A presença de duas articulações de dobradiça (joelho e pulso) acima e abaixo
da tíbia não permite qualquer deformidade rotacional na área fraturada do osso e deve ser
considerado durante o tratamento (VEITCH et al., 2007; PENZKOFER et al., 2007).
Existem classificações distintas para as fraturas expostas e fechadas da tíbia. Em
relação a fratura fechada, Oestern e Tscherne classificam com quatro notas de 0 a 4
(HASENBOEHLER; RIKLI; BABST, 2007). A respeito da fratura aberta, Gustilo-Anderson
classificam em três tipos de I a III (incluindo IIIA, IIIB, IIIC) (KIM; LEOPOLD, 20121). Dentre
ambas as classificações, a nota é diretamente associada à gravidade da lesão.
Apesar de significativas melhorias no desenvolvimento de técnicas e dispositivos
ortopédicos, em casos graves e cominutivos de fraturas tibiais, muitos cirurgiões ainda
estão incertos sobre a escolha entre métodos cirúrgicos e não cirúrgicos (O'BRIEN, 2004;
SOOMRO; KHAN; BHATTI, 2018).
Cada cirurgião ortopédico define critérios específicos para a aceitabilidade do
resultado de um tratamento para fraturas, pois além do tecido ósseo, os tecidos moles (pele,
músculos, nervos, vasos e ligamentos) podem ser danificados durante a fratura e devem
ser tratados em conjunto (MCQUEEN; DUCKWORTH; AITKEN; SHARMA, 2015).
Por dentro, a tíbia pode ser fraturada transversalmente, espiral, obliquamente ou
fragmentada (LI; et al., 2010). Às vezes essas fraturas se estendem até a articulação do
joelho e divide a superfície do osso em várias partes. Complicações de fraturas da diáfise
da tíbia potencialmente incluem comprometimento neurovascular, síndrome de
compartimento, união retardada, não união ou união viciosa, e osteomielite (GRIFFIN;
MALAHIAS; HINDOCHA; KHAN, 2012).

Saúde integral: teoria e prática 70


Por ser notável a gestão de fraturas da diáfise da tíbia para os cirurgiões ortopédicos,
este trabalho teve como objetivo explorar as produções científicas publicadas sobre os
tratamentos das fraturas da diáfise tibial a fim de se obter uma compreensão clara e
atualizada com as melhores opções de tratamento, alinhado com a realidade brasileira.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta pesquisa foi concretizada através de revisão bibliográfica com base em


literaturas que abrangem os tratamentos das fraturas da diáfise tibial atualmente existentes.
Poucos e desatualizados foram os estudos encontrados no tema da pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ANATOMIA DA TÍBIA

A tíbia é um osso tubular longo que está em disposição vertical na perna e possui
formato triangular com três faces e três margens: medial, lateral/interóssea e posterior. A
superfície ântero-medial da tíbia e sua crista anterior são facilmente palpáveis, desde a
área da tuberosidade anterior até o maléolo medial. O alargamento da fíbula em ambas as
extremidades propicia uma maior área de articulação e sustentação do peso (MOORE,
2014).
O compartimento anterior da perna contém os músculos tibial anterior, responsável
pela flexão dorsal e inversão do pé, extensor longo dos dedos, extensor longo do hálux e o
fibular terceiro, responsáveis, primariamente, pela dorsiflexão do pé e tornozelo, além do
nervo fibular profundo, artéria e veias tibiais anteriores. Devido a sua localização superficial,
pode estar sujeito a síndrome compartimental, tanto nas fraturas expostas como nas
fechadas. No compartimento lateral estão localizados os músculos fibulares curto e longo,
além do nervo fibular superficial. O compartimento posterior superficial contém a
musculatura flexora plantar do pé, formado pelos músculos gastrocnêmio, sóleo e plantar,
mas não contém estruturas neuro vasculares importantes. O compartimento posterior
profundo contém os músculos tibial posterior, flexor longo do hálux e flexor longo dos dedos,
responsáveis pela flexão plantar e inversão, além do nervo tibial e artérias e veias tibiais
posteriores e fibulares (THOMPSON, 2012).
A nutrição sanguínea da diáfise tibial provém da artéria nutrícia, ramo da artéria tibial
anterior ou posterior e dos inúmeros vasos periosteais. A artéria nutrícia perfura o músculo

Saúde integral: teoria e prática 71


tibial posterior, para o qual envia ramos, e entra no forame nutrício no terço proximal da
face posterior da tíbia. O nervo fibular comum que segue na tela subcutânea através da
face lateral da cabeça e colo da fíbula é o nervo subcutâneo mais frequentemente lesado
devido ao seu trajeto superficial (MOORE, 2014).

FRATURA DA DIÁFISE DA TÍBIA

As fraturas dos ossos da perna podem evoluir com lesões graves e incapacitantes,
podendo ser causadas por mecanismos de baixa e alta energia, com distintos níveis de
gravidade (ASTUR et al., 2016).

CLASSIFICAÇÃO DAS FRATURAS DIAFISÁRIAS DA TÍBIA

Para classificar as fraturas quanto ao grau de exposição foi usada a classificação de


Gustilo e Anderson (GUSTILO, 1976). Para a localização da fratura, a tíbia foi dividida em
três partes iguais: 1/3 proximal; 1/3 médio; 1/3 distal. Quanto à morfologia, as fraturas foram
classificadas de acordo com a classificação AO (Orthopedic Trauma Association) (7). As
fraturas foram divididas em três tipos, segundo o traço de fratura: tipo A – fratura de traço
simples; tipo B – fratura multifragmentar com cunha; tipo C – fratura multifragmentar
complexa.

EXAME FÍSICO E AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Como a tíbia é subcutânea, as deformidades são facilmente visíveis. A estabilidade


da fratura é uma das primeiras avaliações feitas durante o exame físico inicial: nas fraturas
com deformidade e/ou encurtamento a instabilidade é óbvia. No entanto, nas fraturas sem
desvios, a aplicação cuidadosa de estresses em varo e valgo poderá nos dar a noção da
instabilidade e da necessidade de imobilização imediata antes da avaliação radiográfica.
Os tecidos moles circunvizinhos devem ser inspecionados em toda a circunferência da
perna, avaliando-se o edema e presença de equimose dos tecidos; isto é extremamente
importante, pois a associação com síndrome compartimental determinaria cuidados extras
e urgentes. A avaliação neurovascular do pé é importante, pois as fraturas da tíbia poderão
afetar os músculos, tendões, nervos e vasos (FERREIRA, 2000).
Todas as feridas devem ser inspecionadas para possíveis comunicações com o local
fraturário, aguardando-se a exploração em condições cirúrgicas mais apropriadas. O

Saúde integral: teoria e prática 72


principal exame subsidiário é o radiográfico, com incidências em ântero-posterior e perfil
visualizando todo o comprimento da perna, do joelho até o tornozelo, levando-se em
consideração que 22% das fraturas da tíbia se acompanham de lesão ligamentar ao joelho
(RUSSEL, 1996).
Raramente haverá necessidade de exames mais sofisticados como tomografia
computadorizada ou mesmo ressonância nuclear magnética. A cintilografia será necessária
caso haja persistência de fenômenos dolorosos e com as radiografias iniciais negativas,
para se avaliar a presença de fraturas incompletas ou mesmo de estresse. A arteriografia
ou venografia somente será usada em casos associados a lesões vasculares, frequentes
nas luxações associadas ao joelho (FERREIRA, 2000).

TRATAMENTO NÃO CIRÚRGICO

O tratamento não operatório é aplicado em fraturas fechadas (não abertas) da diáfise


da tíbia, descrita como redução fechada (incruento) e imobilização gessada (HO, 2016). O
tratamento não cirúrgico inclui principalmente o uso de um Molde de rolamento no tendão
patelar. Suas indicações são fraturas fechadas de baixa energia com alinhamento aceitável
e/ou pacientes não deambuladores ou aqueles que são adequados para cirurgia (por
exemplo, devido às más condições de saúde) (RUDGE; NEWMAN; TROMPETER, FABRY;
CASTELEYN, 2014). Dentro este método, o gesso é colocado primeiro, em seguida, é
convertido para a cinta funcional em 4-6 semanas.
O tratamento não cirúrgico para fraturas diafisárias da tíbia podem ter uma alta taxa
de sucesso se o alinhamento aceitável for mantido, no entanto, o risco de não união e má
união não é inesperada, o que pode causar deficiências. Na maioria dos estudos em que
as fixações com haste intramedular das fraturas de perna foram realizadas por cirurgias, os
resultados foram melhores em comparação com estudos que usaram imobilização gessada
(OBREMSKEY, CUTRERA; 2017).
O osso ou cinta no tratamento de fraturas da tíbia é limitado a traumas com baixa
energia e em pessoas jovens, onde a inferência do cirurgião é que ele possa abrir o gesso
o mais rápido possível após uma fratura. Ossos de pessoas mais jovens se unem mais
cedo e menos frequentemente o retropé enrijece. Geralmente, o gesso não deve ser usado
no tratamento das fraturas da tíbia, a menos que nos casos acima mencionados.
Outras opções não operacionais foram sugeridas, incluindo o elétrico
estimulador/campos eletromagnéticos (através de estimulação dos fatores de crescimento)
e os ultrassom pulsado de intensidade (aumento em resposta osteoblástica por ondas

Saúde integral: teoria e prática 73


senoidais baixas), no entanto, existem resultados de conflito em sua eficácia (BRINKER et
al., 2007; HARRISON et al., 2016; SCHANDELMAIER et al., 2017; MASSARI et al., 2019).
O tratamento conservador (não cirúrgico) deve ser reservado às fraturas sem desvio,
assim como àquelas com desvio reduzido e que permanecem estáveis. Os casos de
fraturas instáveis, de reduções não anatômicas e em que houve perda da redução, após a
resolução do edema/hematoma da fratura são, de indicação de tratamento operatório
(SANTIN, 2013).

TRATAMENTO CIRÚRGICO

A cirurgia pode ser recomendada para fraturas, fraturas não cicatrizadas com
tratamento cirúrgico, fraturas com deslocamento ou fraturas de fragmentos. Opções
cirúrgicas para o tratamento de as fraturas da tíbia incluem fixação externa, haste
intramedular e placa de bloqueio percutânea (BODE; STROHM; SÜDKAMP; HAMMER,
2012).

FIXADORES EXTERNOS

Nesta técnica, após a reposição dos pedaços de ossos quebrados (geralmente por
redução) em seu alinhamento normal, parafusos e/ou pinos de metal são transversalmente
inseridos nos fragmentos ósseos acima e abaixo do local da fratura e anexado a uma
estrutura de barra estabilizadora fora da pele. Este método pode manter os ossos na
posição adequada para ser curado (BODE; STROHM; SÜDKAMP; HAMMER, 2012).
A técnica cirúrgica consiste no posicionamento dos pinos de Schanz no osso e o seu
modo de inserção deve ser sempre o mesmo – sistemática pela equipe ortopédica. A
colocação é feita com um trocarte introduzido nas partes moles por uma incisão percutânea
de aproximadamente um centímetro.
O trocarte tem três estágios: central – trata-se de um prego usado para marcar o
osso, evitando o deslizamento do conjunto; intermediário – serve como guia da broca de
três milímetros e meio com que fazemos a perfuração de ambas as corticais ósseas do
trajeto da broca; guia do pino de Schanz – é passado manualmente pelas duas corticais
(autorrosqueante). São posicionados dois pinos de Schanz em cada fragmento ósseo, de
modo a atingir uma redução anatômica – maior contato entre os fragmentos no foco de
fratura. Para aumentar a estabilidade dessa montagem posicionamos uma segunda barra
longitudinal com outros quatro conectores do tipo pino-tubo (CARDOZO, 2013).

Saúde integral: teoria e prática 74


Uma complicação comum do uso de fixação externa é uma infecção do tecido ao
redor dos pinos, o que requer técnica de inserção de pino cuidadosa e pós cuidados
operatórios de curativo de pino para prevenir infecção (KAZMERS; FRAGOMEN;
ROZBRUCH, 2016). Embora esta infecção seja geralmente localizada e raramente causa
osteomielite, as hastes intramedulares devem ser usadas com cautela se a infecção ocorrer
na área do pino (KAZMERS; FRAGOMEN; ROZBRUCH, 2016).

HASTE INTRAMEDULAR

É atualmente o método mais usado para o tratamento de fraturas da tíbia, embora


existem indicações e contra-indicações também. Durante este procedimento, após uma
redução fechada ou aberta do osso fragmentos, uma haste de metal especial (geralmente
feito de titânio) é colocado no canal da tíbia. A haste intramedular é aparafusado ao osso
em ambas as extremidades, mantendo unha e osso na posição adequada durante cura
(KAZMERS; FRAGOMEN; ROZBRUCH, 2016).

CUIDADOS PÓS-CIRÚRGICOS

As fraturas da diáfise da tíbia geralmente cicatrizam em 4-6 meses, no entanto, pode


demorar mais, especialmente quando a fratura é aberta ou quebrada em vários pedaços.
No geral, o gerenciamento pós-operatório é eficiente em curar a fratura. Um "Suporte de
peso" é recomendado para os pacientes no início do período de recuperação. Na verdade,
os cirurgiões encorajam os pacientes a colocar o peso na perna machucada, tanto quanto
possível após cirurgia. Este é um exercício em que a carga mecânica causa modelagem
óssea e remodelação por integrinas, citoesqueleto, canais de membrana, e fatores
parácrinos (ZERNICKE; MACKAY; LORINCZ, 2006).
Além de sustentação de peso, "fisioterapia" pode ajuda a restaurar a força muscular
normal, o movimento articular e a flexibilidade. Isso é também útil para controlar a dor pós-
operatória. A fisioterapia pode ser feita tanto em hospital como em casa, mesmo usando
muletas ou um andador (MASOUD; SEYED, 2020).

CONCLUSÃO

Pacientes tratados cirurgicamente apresentam melhores resultados clínicos, além de


recuperação e retorno às suas atividades cotidianas mais rapidamente.

Saúde integral: teoria e prática 75


Tanto os tratamentos cirúrgicos como não cirúrgicos têm suas vantagens e
desvantagens, e a escolha final do tratamento para cada paciente ficará a cabo da sua
condição, tipo de fratura e decisão da equipe médica.

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Saúde integral: teoria e prática 78


Capítulo

07

Saúde integral: teoria e prática 79


LUXAÇÃO BILATERAL ANTERIOR DE QUADRIL RELATO DE CASO

ERACTO RODRIGUES FIGUEREDO NÓBREGA


Centro Universitário Uninorte

ELISA MARA DA SILVA CARNEIRO BRAGA


FIOCRUZ

RESUMO: As luxações, em geral, são urgências ortopédicas que necessitam de diagnóstico preciso
e precoce. A conduta tomada de maneira adequada diminui os efeitos deletérios causados pelo
trauma e consequente incongruência articular que se estabelece. Objetivo: Relatar um caso de
luxação bilateral anterior de quadril diagnosticado em um hospital de referência na cidade de Rio
Branco/AC. Relato de Caso: Paciente do sexo masculino, 19 anos, vítima de acidente
automobilístico, passageiro do banco traseiro, admitido no serviço da Fundação Hospital Estadual
do Acre – FUNDHACRE, aproximadamente cinco horas após a lesão, trazido pelo SAMU, de cidade
no interior do estado em 18 de agosto de 2013. Discussão: A luxação anterior do quadril é
considerada rara devido a cápsula do quadril ser mais forte e ainda mais reforçada por ligamento
Iliofemoral. Conclusão: As luxações traumáticas do quadril são uma verdadeira emergência
ortopédica. Devem ser excluídas e reduzidas as luxações do quadril o mais precocemente possível
para obter melhores resultados funcionais e prevenir necrose avascular e osteoartrite.
PALAVRAS-CHAVE: Deslocamento. Quadril. Ortopedia.

ABSTRACT: Dislocations, in general, are orthopedic emergencies that define an accurate and early
diagnosis. The approach taken in an adequate manner of the deleterious effects caused by the
trauma and the consequent joint incongruity that is of concern. Objective: To report a case of
previous bilateral of hip dislocation diagnosed in a referral hospital in the city of Rio Branco / AC. A
case Reporte: Male patient, 19 years old, victim of a car accident, back seat passenger, admitted
to the service of the State Hospital Foundation of Acre – Brazil, approximately five hours after the
injury, brought by ambulance, from a city in the interior of Acre on 18th August 2013. Discussion:
Anterior hip dislocation is considered rare because the hip capsule is stronger and further reinforced
by the iliofemoral ligament. Conclusion: Traumatic hip dislocations are a true orthopedic
emergency. Hip dislocations should be excluded and reduced as early as possible to obtain better
functional results and prevent avascular necrosis and osteoarthritis.
KEYWORDS: Dislocation. Hip. Orthopedics.

INTRODUÇÃO

As luxações, em geral, são urgências ortopédicas que necessitam de diagnóstico


preciso e precoce. A conduta tomada de maneira adequada diminui os efeitos deletérios
causados pelo trauma e consequente incongruência articular que se estabelece. Deve
ocorrer em ambiente hospitalar pelos recursos disponíveis para bom diagnóstico e correto
procedimento terapêutico, principalmente naquelas em que se exigem anestesia e recursos
de centro cirúrgico (GOGA e GONGAL, 2003; GIZA et al., 2004). O tratamento da luxação

Saúde integral: teoria e prática 80


anterior traumática do quadril é de urgência em traumatologia, pois a demora poderá
acarretar graves danos à circulação da cabeça femoral (MIRANDA et al.,1998).
Luxações anteriores do quadril são incomuns e constituem 12% dos deslocamentos
traumáticos do quadril. Podem ocorrer em acidentes por desaceleração, em que o ocupante
do veículo está com as pernas fletidas, abduzidas, e em rotação externa durante o impacto,
bem como em acidentes de moto nos quais as pernas estão frequentemente
hiperabduzidas (figura 1). A posição do quadril determina o tipo de deslocamento anterior,
com luxação do tipo púbica superior quando o quadril está em extensão e do tipo obturadora
inferior quando em flexão (EPSTEIN e HARVEY, 1972; ERB RE et al., 1995; TORNETTA,
2006).
Verificou-se estatisticamente em várias séries, que quando se tem uma luxação
bilateral, em cerca de 50% dos casos ambos os quadris luxam para posterior; em 40%, há
deslocamento de um quadril para anterior e do outro para posterior, enquanto que em
apenas 10% o quadril luxa para anterior bilateralmente (MAROTTE; SAMUEL & ROSSIN,
1979; CHILETTI, 1981; SANKAR, 1985). Este trabalho tem como objetivo relatar um caso
de luxação bilateral anterior de quadril diagnosticado em um hospital de referência na
cidade de Rio Branco/AC.

Figura 1 – Mecanismo comum para luxação traumática anterior bilateral do quadril.

Fonte: FERNANDO G (1998)

RELATO DE CASO

Paciente do sexo masculino, 19 anos, vítima de acidente automobilístico, passageiro


do banco traseiro, admitido no serviço da Fundação Hospital Estadual do Acre –
FUNDHACRE, aproximadamente cinco horas após a lesão, trazido pelo SAMU, de cidade
no interior do estado em 18 de agosto de 2013.

Saúde integral: teoria e prática 81


Ao exame, consciente, orientado e hemodinamicamente estável. Apresenta postura
de duplo quadril em flexão, abdução e rotação externa. Pulsos distais presentes e,
aparentemente, sem sinais de comprometimento neurológico no membro acometido. A
radiografia inicial trazida de outro serviço mostra luxação anterior inferior do obturador
bilateral (figura 2).

Figura 2 - Radiografia inicial demonstrando a dupla luxação anterior.

Paciente foi prontamente conduzido ao centro cirúrgico e submetido a anestesia por


bloqueio raquidiano associada a sedação que permitiu a redução fechada da luxação da
articulação coxofemoral. Testou-se em seguida a estabilidade sem que houvesse recidiva
da lesão mesmo quando o quadril foi colocado em flexão acima de 100° associada à
adução, abdução e rotação externa.
Após o ato, o paciente foi encaminhado para realizar novos estudos de imagem,
incluindo novas radiografias e tomografia que evidenciaram redução da luxação bilateral e
não evidenciaram fraturas associadas, tão pouco fragmentos intra-articulares (figuras 3 e
4).

Saúde integral: teoria e prática 82


Figura 3 – Radiografia de controle pós-redução, mostrando as articulações reduzidas.

Figura 4 – Tomografia evidenciando congruência articular e espaço articular livre, sem


sinais de fratura.

Foi mantido internado por mais três dias para analgesia e fisioterapia no leito e dado
alta com orientação de manter carga zero, mas manter movimentação ativa e passiva,
devendo retornar em ambulatório onde seriam feitas as orientações quanto a progressão
da carga.

Saúde integral: teoria e prática 83


Somente depois de 02 anos e 03 meses do ocorrido trauma, o paciente retornou ao
nosso serviço onde foi prontamente avaliado. Paciente relatou ter mantido carga zero e
após 15 dias iniciou carga com muletas, não soube precisar em quanto tempo as largou.
Relatou ainda que desde o trauma sente fortes dores em ambos os quadris, mas que essa
dor não piorou.
Para avalição foram feitos novos exames de imagem e seguiu-se o protocolo do
Harris Hip Score. As novas radiografias e tomografia não evidenciaram sinais de necrose,
nem de artrose nas articulações coxo-femorais do paciente (figuras 5 e 6).

Figura 5 – Radiografia de Bacia no retorno do paciente após 2 anos e 3 meses, normal.

Figura 6 – Tomografia de controle após 2 anos e 3 meses, normal.

No entanto, ao seguir o protocolo do Harris Hip Score para avaliar sua qualidade de
vida, encontrou-se uma pontuação de 63 apesar da sua boa amplitude de movimento e de
paciente conseguir retornar ao trabalho (Tabela 1) (Tabela 2).

Saúde integral: teoria e prática 84


Tabela 1 – Amplitude de Movimento.

Quadril Direito Quadril Esquerdo


Flexão 110° 120°
Abdução 50° 50°
Adução 15° 15°
Rotação Interna 25° 25°
Rotação Externa
Fonte: Söderman e Malchau H (2001)

Tabela 2 - Respostas dadas na avaliação pelo Harris Hip Score.

Quadril Direito
Dor moderada, tolerável, mas convive com limitação
causada pela dor. Alguma limitação para atividades
Dor comuns ou no trabalho. Pode ocasionalmente
necessitar de medicação para dor mais forte que
anal¬gésico simples
Leve
Claudicação durante a marcha

Adução Nenhum
2-3 quarteirões
Distância que consegue andar

Subir e descer escadas Normalmente segurando no corrimão


Calçar sapato e meia Com facilidade
Sentar Senta-se em cadeira alta durante meia hora
Consegue usar
Tomar transporte público

Deformidade Sem contratura ou discrepância aparente


Fonte: Söderman e Malchau H (2001)

DISCUSSÃO

A luxação anterior do quadril é considerada rara devido a cápsula do quadril ser mais
forte e ainda mais reforçada por ligamento Iliofemoral (AKINYOOLA e ABIODUN, 2005). De
acordo com Horner S. et all (2012), o deslocamento inferior é o tipo mais comum de luxação

Saúde integral: teoria e prática 85


anterior, compreendendo mais de 92%. O risco de desenvolver necrose avascular do
quadril (NAQ) aumenta à medida que o paciente tem fratura pélvica concomitante (SRAJ e
LAKKIS, 2007).
Acredita-se que a causa do NAQ seja multifatorial; em primeiro lugar, durante o
deslocamento, a rede vascular emergindo da área trocantérica é ferido juntamente com a
cápsula articular e a artéria do ligamento redondo juntamente com o ligamento. Outros
motivos demonstraram uma interrupção funcional da circulação cefálica por um espasmo
da grande artéria ou dos ramos cervicais, sem lesão orgânica própria. Se levarmos em
discussão este mecanismo, a redução precoce do deslocamento quadril é capaz de reduzir
o risco de NAQ entre 10-40% (RADULESCU; BADILA; PAPUC; MANULESCU, 2013).
Grandes estudos populacionais indicam que a redução urgente da cabeça femoral
deve ser feita dentro de 24 horas, e dentro de 6 horas, se possível (STEWART e MILFORD,
1954; BRAV, 1962; STEWART; MCCARROLL; MULHOLLAN, 1975).
A maioria dos casos revisados indicou redução em 24 horas, embora uma relação
direta entre o tempo de redução e os resultados não possa ser estabelecida. Assim que o
quadril é reduzido, a estabilidade deve ser testada clinicamente e a amplitude de movimento
estável documentada. Se a fluoroscopia estiver disponível, seja na sala de emergência ou
na sala de cirurgia, ela pode ser usada para visualizar melhor a estabilidade do quadril,
especialmente em fraturas de pelve concomitantes. O padrão ouro é obter um status de TC
pélvico após a redução para avaliar completamente a concentricidade da redução, bem
como avaliar a fratura oculta do acetábulo ou do fêmur proximal. Se o quadril não for
reduzido concentricamente e parecer haver material interposto, pode-se tentar a
artroscopia do quadril ou a redução aberta. Embora não existam diretrizes claras a esse
respeito (MULLIS e DAHNERS, 2006; PHILIPPON et al., 2009; HIZALITURRI, 2011).
Em geral, os resultados relatados dessa lesão bilateral são bons a excelentes. Os
resultados descritos como ruins foram geralmente encontrados em pacientes com lesões
múltiplas e eram mais dependentes da gravidade da lesão inicial, em oposição à natureza
assimétrica bilateral das luxações do quadril (BUCKWALTER; WESTERLIND; KARAM,
2015).
É recomendado acompanhamento de estudo de raios-x em intervalos de 3-6 meses
por pelo menos 2 anos para avaliar a NAQ (HONNER e TAYLOR, 2012).

Saúde integral: teoria e prática 86


CONCLUSÃO

As luxações traumáticas do quadril são uma verdadeira emergência ortopédica.


Devem ser excluídas e reduzidas as luxações do quadril o mais precocemente possível
para obter melhores resultados funcionais e prevenir necrose avascular e osteoartrite.

REFERÊNCIAS

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Saúde integral: teoria e prática 88


Capítulo

08

Saúde integral: teoria e prática 89


UTILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR UNIVERSITÁRIOS DE UM
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO INTERIOR PAULISTA DURANTE A PANDEMIA DA
COVID-19

ME ANA PAULA DOS SANTOS PRADO


Centro Universitário de Santa Fé do Sul

ME DENISE ROSSI FORESTO


Centro Universitário de Santa Fé do Sul
https://orcid.org/0000-0002-7931-7128

DRA. REGINA MARIA DE SOUZA


Centro Universitário de Santa Fé do Sul

DR. JOÃO PEDRO MARCENEIRO GASPAR


CEIS20-Universidade Coimbra

RESUMO: A utilização de substâncias lícitas e ilícitas tem sido considerado um problema de saúde,
uma vez que predispõe a acidentes, violência interpessoal, comportamentos de risco, distúrbios do
sono e dependência física ou psicológica. Entende-se por SPA, ou drogas psicoativas, todas as
substâncias capazes de alterar a consciência, o humor ou o pensamento de um indivíduo,
resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. O consumo dessas substâncias está
distribuído desde estratos mais pobres até os mais ricos, abrangendo jovens, adultos e idosos. O
ingresso na universidade, traz sentimentos positivos e de alcance de uma meta programada, mas
por vezes pode se tornar um período crítico, de maior vulnerabilidade, que acaba por gerar o início
e a manutenção do uso de álcool e demais substâncias psicoativas. O objetivo deste trabalho é
verificar o aumento do consumo de substâncias psicoativas por universitários de um Centro
Universitário do Noroeste Paulista, durante a pandemia da Covid-19. Uma rotina de sono
inadequada, descaso com a alimentação, com alto consumo de açúcar, sal e produtos
superprocessados, se constituem em fatores preditores da vulnerabilidade psicossocial e
precariedade da saúde mental dos estudantes. Com base no estudo é possível concluir que o fato
de residir fora do domicílio, em função do curso superior, a pressão por desempenho e a rotina
estressante de isolamento durante a pandemia, geram condições psíquicas que acabam por gerar
a utilização de substâncias psicoativas lícitas e ilícitas ou a intensificação da utilização das mesmas.
Tal utilização é resultado do rebaixamento de humor, ansiedade e esgotamento físico e emocional
do estudante. Para obtenção dos dados foi utilizada pesquisa qualitativa, por meio de método
dedutivo e aplicação de entrevista semiestruturada.
PALAVRAS-CHAVE: Substâncias psicoativas. Estudantes universitários. Pressão. Isolamento.

ABSTRACT: The use of licit and illicit substances has been considered a health problem, since it
predisposes to accidents, interpersonal violence, risky behavior, sleep disorders and physical or
psychological dependence. SPA, or psychoactive drugs, is understood to mean all substances
capable of altering an individual's consciousness, mood or thinking, resulting in physiological or
behavioral changes. The consumption of these substances is distributed from the poorest to the
richest strata, including young people, adults, and the elderly. Entering the university brings positive
feelings and the achievement of a programmed goal, but sometimes it can become a critical period,
of greater vulnerability, which ends up generating the beginning and maintenance of the use of
alcohol and other psychoactive substances. The objective of this work is to verify the increase in the
consumption of psychoactive substances by university students from a Centro Universitário do
Noroeste Paulista, during the Covid-19 pandemic. An inadequate sleep routine, neglect of food, high
consumption of sugar, salt and over-processed products are predictors of psychosocial vulnerability
and poor mental health of students. Based on the study, it is possible to conclude that the fact of
living outside the home, due to higher education, the pressure for performance and the stressful
routine of isolation during the pandemic, generate psychological conditions that end up generating

Saúde integral: teoria e prática 90


the use of legal and psychoactive substances. illegal activities or the intensification of their use. Such
use is the result of lowering the student's mood, anxiety, and physical and emotional exhaustion. To
obtain the data, qualitative research was used, using a deductive method and application of a semi-
structured interview.
KEYWORDS: Psychoactive substances. University students. Pressure. Isolation.

INTRODUÇÃO

A utilização de substâncias psicoativas (SPAs) é uma realidade histórica, sendo que


os seres humanos as vêm utilizando e desenvolvendo para variadas finalidades, como
analgesia, alucinação, potencialização da memória e da concentração.
De modo efetivo, o uso dessas substâncias é classificado de acordo com os
contextos nos quais se inserem e podem assumir uma perspectiva recreativa, caracterizada
pelo uso de substâncias em circunstâncias sociais, com objetivos relaxantes ou em busca
de prazer; laboral, que se caracteriza pela busca de alívio da carga de responsabilidade e
tensões, além da melhora do desempenho no trabalho ou nos estudos; e a utilização para
fins religiosos, que visa alterar o estado de consciência, proporcionando uma melhor
ligação com o sobrenatural e o divino.
Na contemporaneidade, o uso de substâncias lícitas e ilícitas tem sido considerado
um problema de saúde, uma vez que predispõe a acidentes, violência interpessoal,
comportamentos de risco, distúrbios do sono e dependência física ou psicológica.
A utilização de SPAs tem gerado uma grande preocupação mundial devido ao
número de usuários existentes e ao seu impacto sobre os indivíduos e a sociedade. O que
se tem percebido é que o consumo dessas substâncias está distribuído desde classes mais
pobres até os mais ricos, abrangendo jovens, adultos e idosos. Nesta perspectiva, torna-se
fundamental, considerar o uso das SPAs por populações específicas, destacando-se seu
uso entre estudantes universitários.
No contexto da Pandemia da Covid-19, em algumas situações acadêmicas, o
empenho do estudante, acabou por não gerar os resultados esperados, em que o ensino
remoto, o isolamento social e o próprio medo gerado pelo adoecimento e morte de milhões
de pessoas, deterioram as condições de aprendizado.
A Pandemia da Covid-19 gerou um conjunto de modificações, ocasionando
adequações na estrutura organizacional do ensino superior, em que as universidades foram
total ou parcialmente fechadas, suspenderam-se encontros presenciais de ensino e
aprendizagem, o que afetou a rotina dos estudantes, as relações interpessoais e induziu
muitas preocupações individuais e coletivas.

Saúde integral: teoria e prática 91


Preponderantemente, é estabelecida a educação mediada por tecnologias, como o
ensino remoto, que demanda adequado acesso à internet e cognição assertiva para a nova
modalidade de transmissão do conhecimento, a que nem todos os estudantes conseguiram
responder. Some-se a isso a transição da adolescência para a fase adulta, que é marcada
por períodos de descobertas do mundo adulto e mudanças físicas, psíquicas e sociais. Na
referida fase, o estudante universitário acaba se afastando mais da família e, algumas
vezes, adota comportamentos que podem desencadear problemas de saúde ligados a
transtornos mentais associados ao uso abusivo ou dependência de substâncias.
Diante deste contexto, justifica-se a proposta de estudo em questão, que investiga,
por meio de entrevista semiestruturada, o uso de substâncias psicoativas por universitários
dos distintos cursos de graduação da instituição de ensino superior que é alvo desta
pesquisa.
Utilizou-se abordagem qualitativa, método dedutivo e a técnica de entrevista
semiestruturada para a obtenção e análise das informações necessárias para a efetivação
da presente pesquisa.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizadas as abordagens de pesquisa


qualitativa e quantitativa. Segundo Creswell (2010) a pesquisa científica é um meio para
explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem a um
problema social ou humano, envolvendo questões e procedimentos que incluem dados
coletados no ambiente do participante, a análise dos dados indutivamente construída a
partir das particularidades para os temas gerais e as interpretações feitas pelo pesquisador
acerca do significado dos dados.
No que concerne ao método, foi utilizado para significar o método dedutivo, que
segundo Volpato (2013) consiste na elaboração de ideias, teses e hipóteses, com a
posterior coleta de dados para teste dessas conjecturas. Coletados os dados de que trata
a pesquisa, os mesmos foram analisados, sendo obtidas as generalizações possíveis.
A ocorrência e verificação de fatos, embasou a interpretação da realidade. A
observação apoiou a teoria, particularmente pelo caráter inusitado das informações que
foram obtidas por meio de aplicação de entrevista semiestruturada (CRESWELL, 2010).
A pesquisa de que é alvo este projeto realizou uma avaliação do aumento do
uso de substâncias psicoativas durante a Pandemia da Covid-19, em um Centro
Universitário do Noroeste Paulista.

Saúde integral: teoria e prática 92


O presente projeto também se fundamentou por meio de uma literatura acadêmica
sobre a temática, o que proporcionou uma estrutura para estabelecer a importância do
estudo e uma referência para comparar os resultados obtidos (CRESWELL, 2010).
No que concerne à amostra, esta foi calculada por meio de procedimentos
estatísticos, a partir do total de alunos matriculados nos cursos de graduação de um
Centro Universitário do Noroeste Paulista no ano de 2021, tendo como suporte os
procedimentos preconizados por Gil (1990):
n= 0² x p x q x N
e² x (N – 1) + 0² x p x q
No que concerne às variáveis fundamentais foram delimitadas aquelas que se
referem aos caracteres básicos do que se investiga: idade, sexo, acesso à internet e redes
sociais, comportamentos cotidianos, aspectos das relações interpessoais e afetivas, já que
segundo Trivinos (2009) são as variáveis que dimensionam o campo que se investiga.
Os dados que compõem este artigo constituem-se em um estrato de entrevista
semiestruturada aplicada para universitários de uma instituição de ensino superior
localizada no Noroeste Paulista. A referida entrevista combina perguntas fechadas (ou
estruturadas) e abertos, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer o tema
proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador (MINAYO, 2010).
As entrevistas semiestruturadas foram aplicadas por meio dos formulários google.
Após a obtenção dos dados, os mesmos foram organizados e tabulados, para avaliação e
confronto com o embasamento teórico.

PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Os sujeitos de pesquisa deste trabalho são os estudantes universitários de um


Centro Universitário do Noroeste Paulista/SP., matriculados nos cursos de Administração,
Direito, Nutrição, Pedagogia, Psicologia, Odontologia, Enfermagem, Engenharia Civil,
Engenharia Agronômica, Nutrição, Fisioterapia e Medicina.
Para um universo de 2700 estudantes em Santa Fé do Sul/SP, com base em um
desvio padrão 2 e erro máximo permitido 4%, foi obtida uma amostra de 508 estudantes,
sendo que 580 responderam ao questionário.
No que concerne ao sexo biológico, 64,5% dos universitários entrevistados são do
sexo feminino, 35,2% do sexo masculino e 0,3% se identificaram com a opção outro.
Quanto à idade média, 75,9% dos universitários se enquadram na faixa etária até 24
anos. Em torno de 15% apresenta idade entre 25 e 35 anos. Cerca de 4,7% da amostra é

Saúde integral: teoria e prática 93


composta por indivíduos com idade entre 36 e 45 anos, 3,6% representam a faixa etária
entre 46 e 60 anos e por fim, 0,9% são estudados por sujeitos com idade superior a 60
anos.
Quanto à cor de pele, 72,1% dos brasileiros se declaram brancos, 21,9% afirmam
que é pardo, apenas 3,8% dos entrevistados assinalaram a cor de pele negra e 2,1% da
amostra é composta por amarelos autodeclarados.
Quanto à renda média mensal, o gráfico 1, apresentado na sequência enuncia a
situação dos universitários brasileiros:

Gráfico 1: Renda média mensal individual

Fonte: Próprios autores

Os universitários brasileiros, 80,7% ficam na faixa de 1 a 2 salários-mínimos.


Foi solicitado aos universitários que definisse o período da pandemia da Covid-19 e
o quadro 1 traz as principais colocações dos universitários brasileiro, dentre elas: difícil,
caótico e angustiante, predominando:

Quadro 1: Definição do período da Pandemia

Difícil
Caótico
Complicado
Crítico e limitante
Irresponsabilidade
Ansiedade
Adaptação e superação
Angustiante
Solidão, insegurança, trágico em todos os sentidos, triste, instável e assustador
Fonte: Próprios autores

Saúde integral: teoria e prática 94


De modo geral, tanto os universitários sentiram o período como de grandes
mudanças, prejuízos e restrições em sua vida pessoal e estudantil e apesar disso
receberam pouco ou nenhum apoio psíquico para enfrentar o período, o que leva a
externalizações relacionadas a tristeza, apatia, desequilíbrio, angústia ou sensação de que
uma catástrofe está em curso.
Perguntados sobre seu estado geral de saúde, 51,6% dos universitários avaliaram
como boa, 24% como excelente, 17,1% como razoável, 5,2% como ruim e 2,2% como
péssima.
Os gráficos 3 traz informações sobre a situação conjugal dos sujeitos:

Grafico 2: Situação conjugal dos sujeitos

Fonte: Próprios autores

Cerca de 46,4% s declararam solteiros, 21,9% estão namorando, 10,7% são


casados, 8,4% vivem juntos e 1,2% são separados. A solidão e a ausência de alguém com
quem compartilhar as demandas e decisões cotidianas, pode significar uma maior
fragilização do indivíduo e aumento da propensão para o adoecimento mental.
Cumpre ressaltar ainda que 7,4 dos entrevistados moram sozinhos, 65,5% moram
com o pais, 19,5% moram com cônjuge ou companheiro (a) e 3,6% moram com amigos,
em residências em que moram um total de 2-3 pessoas (54,7%), 36,4 moram com pais e
irmãos e 2,2% residem em habitações com 6 a 8 pessoas.
É importante destacar que, seja como amigos, pais, irmãos ou companheiros, a
presença de muitas pessoas no domicílio, inclusive utilizando ao mesmo tempo a internet
para acesso à atividade remota, demandando um local privativo para assistir às aulas,
configurou-se um problema ao longo do ensino remoto. A maioria das famílias brasileiras,
por exemplo, habita residências de no máximo 3 quartos, que em geral são compartilhados
pelos irmãos, que estão no quarto assistindo a aulas diferentes, em cursos diferentes, uma
vez que o restante do espaço da casa é ocupado por irmãos mais novos, pelos pais, avôs,

Saúde integral: teoria e prática 95


que continuam sua convivência rotineira, assistem televisão, ouvem música e conversam.
A maioria das famílias não modificou a sua rotina cotidiana para a abrigar as demandas dos
universitários em ensino remoto ou híbrido.
A precariedade das condições de estudo geradas pelo compartilhamento da
residência, o número excessivo de horas online, o aumento da demanda para realização
de atividade avaliativas que substituem as provas, constituem fonte de estresse, ansiedade,
medo, sentimento de impotência, de perda de tempo e de não conseguir aprender o
necessário para o exercício da profissão. Além disso, 9,8% dos universitários brasileiros
que trabalham também passaram à condição de home office, o que significa que
possivelmente estão conectados durante a jornada de trabalho a alguma sala virtual ou
rede social, o que se repete durante o período de aulas em seu curso de graduação.

UTILIZAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS

Cabe considerar inicialmente que a utilização de substâncias psicoativas não se


constitui em uma questão exclusivamente biológica, sendo pré-determinada pela
interconexão do indivíduo com o contexto sócio-cultural, bem como os aspectos
psicológicos do sujeito em uso (NERY FILHO et al, 2012).
É fundamental compreender a natureza e a qualidade da experiência individual que
aumentam a probabilidade e o risco do desenvolvimento de dependência.
De acordo com Diehl, Cordeiro e Laranjeira (2019) as teorias comportamentais
compreendem a dependência como um comportamento estruturado a partir da presença
de estímulos de reforço específicos: reforços positivos e reforços negativos, sendo que os
positivos procedem da atuação farmacológica na ação cerebral provocada pelo uso de
substâncias (sensação de prazer) e de situações situações ou objetos associados ao uso.
O reforço negativo está ligado à busca de alívio para os sintomas de abstinência. Esse
comportamento estruturado instaura-se por meio desses estímulos, e o indivíduo fica
condicionado ao uso.
Laranjeira, Sakiyama e Padin (2021) destacam que é de grande relevância salientar
que nem todo consumo de álcool e de drogas leva à dependência química. Entretanto, a
quantidade consumida tem relação com a maioria das doenças, e, quanto maior o consumo,
maior é o risco para o surgimento de outras patologias, como doenças coronarianas e
acidente vascular cerebral (AVC), cânceres, doenças respiratórias, transtornos
psiquiátricos como depressão e ansiedade, além de delirium tremens e alucinose alcoólica.

Saúde integral: teoria e prática 96


O gráfico 3 destaca o consumo de ansiolíticos no último mês concernente à data de
aplicação da entrevista:

Gráfico 3: Utilização de ansiolíticos no último mês

Fonte: Próprios autores

De acordo com os dados obtidos, 75% dos 580 entrevistados utilizaram alguma
modalidade de ansiolíticos no mês anterior à aplicação da entrevista, o que se constitui em
uma porcentagem bastante elevada, sobretudo considerando a faixa etária média dos
universitários, em que 75,9% se enquadram na faixa etária até 24 anos e cerca de 15%
apresentam idade entre 25 e 35 anos.
O Gráfico 4 aprofunda a discussão e questiona os entrevistados acerca da
quantidade de vezes em que consumiram ansiolíticos no último mês:

Gráfico 4: Quantidade de ansiolíticos consumida no último mês

Fonte: Dos próprios autores

Em torno de 28,7% dos entrevistados que consomem ansiolíticos afirmaram que


consomem todos os dias; 2,1% de 26 a 29 vezes; 0,5% de 21 a 25 vezes; 0,5% de 16 a 20
vezes no último mês; 2,6% de 11 a 15 vezes; 6,7% de 6 a 10 vezes; 7,2% de 4 a 6 vezes,

Saúde integral: teoria e prática 97


16,4% de 2 a 3 vezes no último mês e 35,4% afirmaram que só consumiu ansiolíticos uma
vez no último mês.
A informação de que quase 30% dos entrevistados consumiram ansiolítico todos os
dias no último mês explicita a gravidade do quadro que se coloca para uma população
jovem, que já precisa de algum tipo de fármacos para lidar com distúrbios do sono, em um
claro processo de adoecimento.
Além do consumo excessivo, cumpre destacar a questão da utilização de fármacos
sem prescrição médica, conforme destaca o gráfico 5:

Gráfico 5: Utilização de fármacos sem prescrição médica

Fonte: Dos próprios autores

Em torno de 72,2% afirmaram que consomem uma quantidade de psicofármacos,


superior ao prescrito pelo médico e 17,6% responderam que consomem quando recebem
de parentes ou amigos. Outros 8,5% utilizam para se divertir, se sentir bem ou por
curiosidade quanto aos efeitos causados, sendo que 6,3% afirmaram que utilizam quando
conseguem adquirir os fármacos de maneira ilícita e sem prescrição médica.
Os dados obtidos são bastante alarmantes pois o uso indiscriminado de
psicofármacos, pode gerar prejuízos significativos para a memória, a atenção, a cognição
dos universitários, além de ocasionar quadros de dependência que são de difícil reversão,
aprofundando no longo prazo, os diagnósticos de insônia, ansiedade e depressão.
Ao serem questionados sobre a utilização de outras drogas e estimulantes, 30,7%
responderam que consomem e outros 69,3% informaram que não consomem. Dentre os
que admitiram o consumo, destacam-se 10,9% que utilizam maconha, 43,4% consomem
energético e 29,1% fazem uso de tabaco (narguilé) e o 12,5% fumam cigarro comum, sendo
que a cocaína é admitidamente consumida por 1,9% dos universitários, conforme
apresentado no gráfico apresentado na sequência.

Saúde integral: teoria e prática 98


No ambiente universitário, o uso da maconha e derivados figura na lista das
substâncias ilícitas de maior uso, tendo em vista o fato do menor custo ou mesmo por ser
de origem natural, com propriedades medicinais associada à sensação de relaxamento que
pode produzir (NASCIMENTO et al., 2022).
Tais aspectos acabam levando a uma frequência de uso entre os estudantes, em
especial com a falsa ideia de não causar dependência ou efeitos adversos. Entretanto,
menciona-se que o uso abusivo de maconha entre os estudantes pode acarretar, ao longo
dos anos, prejuízos na memória, atenção e organização de informações complexas, em
virtude dos efeitos neurotóxicos do elevado consumo da maconha no organismo humano.

Gráfico 6: Consumo de substâncias diversas

Fonte: Próprios autores

A baixa frequência relatada no consumo de cocaína, pode estar relacionada a fatores


como maior custo e acesso a pontos de venda, ou mesmo o receio por parte deles em
relatarem o uso, tendo em vista o estigma ligado ao uso desta substância.
Ao álcool recorrem 77% dos universitários entrevistados, 8,3% empregam cápsulas
de cafeína em seu cotidiano e 2,3% se declararam usuários de LSD.
Os estimulantes, como a cafeína ao serem utilizados, agem diretamente no cérebro
e bloqueiam a ação da adenosina, de modo a diminuir o cansaço e aumentar a liberação
de neurotransmissores (adrenalina, noradrenalina, dopamina, glutamato e serotonina), a
fim de gerar um efeito estimulante.
De modo geral, o uso de substâncias pode produzir prejuízos neuropsicológicos e
comportamentais por meio de diversos mecanismos de ação. Primeiro, podem ocasionar
alterações neuroestruturais, como diminuição no volume, redução na porcentagem de
substância cinzenta, alargamento do espaço pericortical e dos ventrículos laterais,
diminuição do tamanho dos neurônios e necrose ou atrofia cerebral. Além disso, o uso

Saúde integral: teoria e prática 99


dessas substâncias pode produzir efeitos deletérios no metabolismo e na reorganização de
circuitos sinápticos como consequência dos processos de tolerância e abstinência (DIEHL;
CORDEIRO; LARANJEIRA, 2018).
As substâncias com potencial de dependência provocam adaptações e alterações
bioquímicas nos sistemas dopaminérgico, serotonérgico e noradrenérgico, entre outros.
Também podem induzir alterações na vascularização cerebral, como vasoconstrição,
hemorragia subaracnoide e isquemia cerebral. As áreas frontais têm sido mais
consistentemente descritas como as mais afetadas pelo uso de substâncias, em especial o
córtex pré-frontal. Este estabelece conexões recíprocas com quase todo o encéfalo: com
todas as áreas corticais; com os gânglios da base e o cerebelo (envolvidos em vários
aspectos do controle motor e dos movimentos); com o núcleo talâmico dorsomedial
(principal estação de integração neural com o tálamo); com o hipocampo (relacionado às
funções de memória); com a amígdala (relacionada às emoções); com o hipotálamo
(responsável pelo controle das funções homeostáticas vitais); e com o tronco encefálico,
responsável pela ativação e estimulação (DIEHL; CORDEIRO; LARANJEIRA, 2018).
Neste contexto, os universitários foram questionados também sobre a usa qualidade
de sono e tem para lazer, conforme os gráficos apresentados na sequência:

Gráfico 7: Tempo disponível para lazer

Fonte: Próprios autores

Quanto ao tempo disponível para lazer, 40,2% dos entrevistados afirmaram que é
bom e 32,9% que é inexistente. Quanto aos demais, 12,2% informaram que não tem
nenhum tempo para dedicar ao lazer e 14,7% destacaram que é ótimo.
Já na questão da qualidade do sono, 11,7% dos universitários informaram que é
ótima, 29,8% informaram que é boa, enquanto 39,7% declararam que sua qualidade de
sono é regular e 18,8% que é regular.

Saúde integral: teoria e prática 100


Gráfico 8: Qualidade de sono

Fonte: Próprios autores

De acordo com Zanelatto e Laranjeira (2018) a maioria das drogas exerce seus
efeitos de reforço inicial ativando circuitos de recompensa no cérebro. Porém, com a
continuidade do consumo, ocorre prejuízo cerebral, já que esse órgão se torna
progressivamente mais sensível a fatores estressantes, produzindo interferências no
autocontrole e, por fim, uma transição para o consumo automático e compulsivo.
No contexto da Pandemia da Covid-19, o isolamento social, a morte precoce de
pessoas próximas, o ensino remoto, o trabalho em home office, geraram ansiedade e
rebaixamento de humor, ocasionando a intensificação do uso de substâncias psicoativas
lícitas e ilícitas que atingiram indivíduos com vulnerabilidades genéticas ou já apresentavam
quadro de transtornos psiquiátricos antes do período pandêmico e que tiveram os seus
sintomas agravados, desencadeando a intensificação do consumo de substâncias, sob a
ação de estresse crônico.
Tal conjuntura, acaba por ocasionar insônia ou degradação da qualidade do sono,
que se torna intermitente e não gera o descanso necessário para o desenvolvimento das
atividades cotidianas.
Segundo Telles e Voos (2021) o sono é uma atividade fisiológica essencial para o
bem-estar físico e mental e para qualidade de vida. A quebra do ciclo normal de sono pode
levar ao descanso insuficiente e estado prolongado de alerta, aumentando o risco de
insônia, pesadelos, sonolência excessiva diurna e fadiga.
De acordo com Ferreira (2021) o sono é a base da saúde cognitiva, mental e física,
incluindo a probabilidade de resistir a infecções virais. Durante o período do isolamento
social, a aumentou a prevalência geral de transtornos de ansiedade, sintomas depressivos
e deterioração da qualidade do sono. As pessoas em confinamento domiciliar sem trabalhar
tem maiores dificuldades para adormecer, maior frequência de despertar durante a noite e
acordar muito cedo pela manhã, enquanto as que estão trabalhando normalmente são mais
propensos a relatar sono não restaurador.

Saúde integral: teoria e prática 101


A conjuntura agravada no que concerne aos aspectos físicos e psíquicos criam
condições para que os universitários busquem as substâncias psicoativas como uma
alternativa para os problemas que emergem ou se intensificam ao longo da Pandemia da
Covid-19.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados apresentados pela presente pesquisa, é possível


compreender que a Pandemia da Covid-19 traz prejuízos significativos para o cotidiano da
população universitária que é alvo desta pesquisa.
A questão da utilização de substâncias psicoativas é fundamental pois o
desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade, medo do adoecimento e morte, os
distúrbios de sono, acabaram por intensificar a utilização de indutores de sono, substâncias
estimulantes e drogas ilícitas, com o intuito de minimizar os sintomas desencadeados pela
Pandemia.
A exposição crônica a substâncias psicoativas pode ser caracterizada como uma
resposta a informações ambientais geradoras de desconforto neurobiológico para o
indivíduo, como alterações no sistema de recompensa.
O ensino remoto somado, para muitos, com o trabalho em home office, a
precarização das condições de trabalho ou o desemprego, geraram preocupações
excessivas a maior parte dos dias da semana, além de esforço excessivo para manter a
atenção nas telas de aparelhos eletrônicos por muitas horas, o que induziu à necessidade
de utilização de estimulantes ou substâncias capazes de cumprir as exigências de trabalho
e estudos.
Para a população de universitários que já fazia uso de substâncias psicoativas (lícitas
ou ilícitas), a pesquisa indica que o consumo aumentou, produzindo consequências como
a dependência e a deterioração da memória, da atenção e da cognição.
De modo efetivo, a população que é alvo desta pesquisa relata não só a
intensificação da utilização de substâncias psicoativas durante a Pandemia da Covid 19,
assim como deterioração de sua saúde física, seu tempo de lazer e sono.
Tal conjuntura é bastante sintomática, pois o ciclo da dependência é o mesmo para
todas as SPAs, mas o padrão específico dos sintomas pode variar, de acordo com a
substância em particular. O álcool inicialmente causa intoxicação intensa, mas com o uso
crônico, ocorre tolerância profunda (embora ainda permaneça alguma intoxicação),
resultando na escalada da utilização.

Saúde integral: teoria e prática 102


A utilização de estimulantes, que também podem causar intoxicação intensa e
consumo excessivo, inicialmente, mas com o tempo, ocorre ampla tolerância e por isso se
verifica a intoxicação decorrente do consumo crônico. A preocupação excessiva e a fissura
costumam ser intensas, conforme a dependência aos estimulantes se desenvolve. A
abstinência de modo geral não é tão intensa como com algumas outras substâncias,
embora possa ocorrer disforia.
O uso de maconha em geral começa com um estágio de consumo
excessivo/intoxicação intensa que faz a transição para um consumo regular. Pode ocorrer
disforia durante a abstinência, mas a fissura comumente não é intensa.
O padrão de uso de nicotina é geralmente demasiado compulsivo e titulado, afetando
a programação das atividades diárias do indivíduo; entretanto, não há intoxicação. A
abstinência pode levar a disforia intensa, irritabilidade, distúrbios do sono e fissura.
O consumo de álcool inicialmente causa intoxicação intensa, no entanto, com o uso
crônico, ocorre tolerância profunda (embora ainda permaneça alguma intoxicação). Isso
resulta de modo geral na escalada do uso. A interrupção do consumo pode levar à
abstinência séria com disforia profunda e dor física e emocional.
Com base no estudo, é possível compreender que o risco de iniciação no uso de
SPAs está mais associado a fatores psicossociais, tal qual ocorre no período da pandemia,
enquanto o risco de progressão da dependência está mais associado a fatores
neurobiológicos.
A Pandemia da Covid-19 gerou efeitos sociais, culturais e econômicos e continuará
a produzir ainda mais no futuro, com inquietantes desdobramentos psíquicos
inquestionáveis, que tem afetados os diferentes segmentos da sociedade, em que é
incluída a população universitária, em sua grande maioria ainda na adolescência ou recém
saída da mesma, em que as modificações biopsicossociais são intensas e precursoras de
dificuldades na relação com o meio social e com suas próprias demandas psíquicas,
afetivas e sociais.

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Saúde integral: teoria e prática 105


Capítulo

09

Saúde integral: teoria e prática 106


REPERCUSSÕES DO DIABETES MELLITUS NA GESTAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DO
PRÉ-NATAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ELÍDIO CARNEIRO DA COSTA FILHO


Centro Universitário Uninorte

VANDREA CÂMARA TOMÁS


Centro Universitário Uninorte

RESUMO: O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é uma doença sistêmica que envolve alterações
no metabolismo dos carboidratos, indicando assim seus níveis consideravelmente alto, no sangue,
durante a gravidez. A presença de diabetes na gestação aumenta o risco materno e acarreta
também danos fetais, que podem variar conforme o grau de hiperglicemia e a época em que o
distúrbio metabólico ocorre. Pretende-se com essa pesquisa analisar o impacto da gravidez com
diabetes mellitus; avaliar as consequências do diabetes mellitus para mães e filhos e conhecer a
importância do acompanhamento no pré-natal. Para a realização do estudo optou-se pelo método
de revisão integrativa onde foram utilizados quinze artigos encontrados através do SciELO e
LILACS. Com base nos dados obtidos, foi possível evidenciar que a DMG é uma das principais
comorbidades prevalentes na gestação, devendo ser corretamente rastreada e tratada, tendo em
vista a redução de danos e consequências tanto para a mãe quanto para o bebê. Assim, é preciso
observar os principais fatores de risco desencadeantes dessa comorbidade, que são a alta idade
materna, o peso elevado e histórico de gravidez anterior. Em se tratando das principais
consequências, ressalta-se maiores necessidades de cesariana, hipoglicemia neonatal e maiores
riscos de pré-eclâmpsia. Em suma, infere-se que o tema de interesse desse artigo é bem amplo,
com várias publicações recentes e relevantes. No entanto, observou-se um número reduzido de
publicações que abordam o pré-natal e sua relação com a DMG de forma mais específica, havendo
a necessidade de mais pesquisas sobre esse assunto.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus Gestacional. Consequências. Gravidez.

ABSTRACT: Gestational Diabetes Mellitus (GDM) is a systemic disease that involves alterations in
the metabolism of carbohydrates, thus indicating its considerably high levels in the blood during
pregnancy. The presence of diabetes in pregnancy increases the maternal risk and also entails fetal
damage, which may vary according to the degree of hyperglycemia and the time when the metabolic
disorder occurs. This research aims to analyze the impact of pregnancy with diabetes mellitus;
evaluate the consequences of diabetes mellitus for mothers and children, and learn about the
importance of prenatal care. To carry out the study, we chose the integrative review method, using
fifteen articles found in SciELO and LILACS. Based on the data obtained, it was possible to show
that GDM is one of the main comorbidities prevalent in pregnancy, and should be correctly screened
and treated, in order to reduce the damage and consequences for both mother and baby. Thus, it is
necessary to observe the main triggering risk factors of this comorbidity, which are high maternal
age, high weight, and history of previous pregnancy. As for the main consequences, we highlight the
need for more cesarean sections, neonatal hypoglycemia, and higher risks of pre-eclampsia. In
summary, it is inferred that the subject of interest of this article is very broad, with several recent and
relevant publications. However, it was observed a small number of publications that address prenatal
care and its relationship with GDM more specifically, with the need for further research on this
subject.
Keywords: Gestational Diabetes Mellitus. Consequences. Pregnancy.

Saúde integral: teoria e prática 107


INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) se trata de um distúrbio crônico, que afeta grande parte da
população, tendo como causas fatores hereditários e ambientais, que se caracteriza
etiologicamente em: tipo 1, tipo 2 e gestacional (DE OLIVEIRA JUNQUEIRA, 2021;
BATISTA, 2021). O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é uma doença sistêmica que
envolve alterações no metabolismo dos carboidratos, indicando assim seus níveis
consideravelmente alto, no sangue, durante a gravidez (FERNANDES, 2020).
Nas últimas décadas, o DMG tem se tornado um sério e crescente problema de
saúde pública em todo o mundo devido ao aumento de sua prevalência, morbidade e
mortalidade (ROSSETT, 2020). A morbidade em gestantes diabéticas depende de sua
saúde e do controle glicêmico, principalmente no período pré e concepcional (GUERRA,
2018; DA SILVA SOUSA, 2021).
Diante dos fatos, a estimativa do DMG nos Estados Unidos da América, é de que 4%
das gestantes sejam acometidas pela doença. Já no Brasil, a estimativa é de que o
predomínio fique na faixa de 2,4% e 7,2% das gestantes, sendo a obesidade relacionada à
prevalência de DMG, de 10,6%, podendo chegar a 17,8% de casos por parte do mundo,
dependendo da população analisada e do modo como foram feitos os diagnósticos
(GUERRA, 2018; DA SILVA SOUSA, 2021; FEBRASGO, 2019).
A gravidez e a ocorrência do Diabetes MelIitus Gestacional (DMG) estão associadas
com o risco aumentado de alteração tanto para o feto quanto para a mãe (MARTINS-
COSTA, 2017). Existe aumento de prevalência de anomalias congênitas e abortamentos
espontâneos nas mulheres diabéticas, que engravidam com mau controle glicêmico
(PLOWS, 2018). Se a hiperglicemia materna acontecer após o segundo trimestre, durante
os estágios de crescimento e desenvolvimento da gravidez, o feto pode apresentar os
problemas clássicos de filho de mãe diabética: macrossomia, hipoglicemia,
hiperbilirrubinemia, hipocacemia, policitemia e síndrome de desconforto respiratório ou
doença da membrana hialina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETE, 2019).
A presença de diabetes na gestação aumenta o risco materno e acarreta também
danos fetais, que podem variar conforme o grau de hiperglicemia e a época em que o
distúrbio metabólico ocorre. A presença de DMG também predispõe a mulher a
complicações tardias, com uma probabilidade de 30% de desenvolver Diabetes Mellitus tipo
2, especialmente se permanecerem obesas e de 38% a 66% de recidiva de DMG
(FEBRASGO, 2019; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETE, 2019).
Nesta perspectiva, ressalta-se a importância do acompanhamento do pré-natal, o
qual deve ser realizado através das consultas de pré-natal, sendo imprescindível que os

Saúde integral: teoria e prática 108


primeiros cuidados com a criança iniciem ainda no período intrauterino. O pré-natal tem
como objetivo principal acolher e acompanhar a mulher desde o início da gestação
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETE, 2019; DE MOURA MARTINS, 2021).
No entanto, no Brasil, o pré-natal é considerado de baixa eficácia e as deficiências
encontradas revelam um importante problema de saúde pública, sendo relacionadas aos
altos índices de mortalidade materna no país (DE OLIVEIRA JUNQUEIRA, 2021). Dessa
maneira, o interesse em desenvolver esse estudo emergiu da necessidade em conhecer
de forma mais complexa os possíveis riscos de complicações tanto para a mãe como para
o bebê associado ao controle ineficaz da glicemia materna, comprovando a necessidade
de um pré-natal de qualidade, sustentado pelo vínculo entre profissional e usuária e
embasado no autocuidado.
É sabido que existem vários trabalhos publicados acerca do fenômeno em pauta.
Entretanto, cada vez que se pesquisa uma nova faceta do tema se mostra, pois o
conhecimento é dinâmico. Assim, é importante conhecer a assistência médica ao
mundo/vida das pessoas que serão possíveis públicos de trabalho, para que a teoria tenha
sintonia com a prática.
Além disso, a literatura é consensual ao reconhecer o efeito protetor da assistência
pré-natal para a saúde materna e a neonatal, que compreende um conjunto de ações
voltadas à redução do risco e da severidade da morbimortalidade para o binômio mãe-filho.
Sendo assim, a equipe da atenção básica, em especial o médico e o enfermeiro, mostram-
se como profissionais que contribuem com as políticas públicas de saúde recebidas durante
o pré-natal através dos programas instituídos pelo Ministério da Saúde.
Pretende-se com essa pesquisa analisar o impacto da gravidez com diabetes
mellitus; avaliar as consequências do diabetes mellitus para mães e filhos e conhecer a
importância do acompanhamento no pré-natal.

MATERIAL E MÉTODO

Para realização do estudo foram seguidas as seis fases que compõem uma revisão
integrativa, segundo Mendes; Silveira e Galvão (2008): elaboração da questão de pesquisa;
amostragem ou busca na literatura dos estudos primários; extração de dados; avaliação
dos estudos primários incluídos; análise e síntese dos resultados e apresentação da revisão
(MENDES, 2008).
Na primeira fase a questão de pesquisa consistiu em: quais as repercussões
do diabetes mellitus na gestação e a importância do pré-natal?

Saúde integral: teoria e prática 109


A segunda fase consistiu na busca de estudos primários, realizada entre os meses
de janeiro de 2016 a maio de 2021, por meio do acesso online ao portal da Biblioteca Virtual
em Saúde - BVS, nas bases: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Medical Literature
Analysisand Retrieval System Online (PUBMED/MEDLINE) e SCOPUS.
Para a busca bibliográfica foram utilizadas as combinações de três termos em língua
portuguesa: Diabetes Mellitus Gestacional, Consequências e Gravidez (de acordo com os
Descritores em Ciências e Saúde-DeCS), os quais foram usados em duas combinações
(Diabetes Mellitus AND Consequências AND Gravidez), por meio da base de dados do
LILACS (Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe), e na base de dados
do Scielo (Scientific Eletronic Library Online).
Foram utilizados como critérios de inclusão artigos indexados que corresponderam
aos objetivos propostos, pesquisas publicadas em periódicos nacionais encontrados na
íntegra nas bases de dados selecionadas. Foram excluídos da amostra os artigos que
apresentaram ambiguidade, distorções de dados, aqueles que fugiram da temática
proposta, que se encontravam fora do período ou das bases de dados selecionadas.
Também foram excluídas pesquisas bibliográficas ou de revisão sistemática.
A pesquisa seguiu aos critérios de refinamento dos estudos primários selecionados.
Após a leitura completa dos estudos foram selecionados artigos, de acordo com os critérios
estabelecidos, que tinham relevância para o estudo e que permitiram atingir os objetivos
propostos. Na terceira fase, os resultados foram organizados em fichas, identificando as
publicações e a resposta à questão norteadora. A quarta etapa constituiu da leitura atenta
dos artigos para avaliação dos estudos incluídos, seguida da análise e síntese dos
resultados e, por fim, a sexta etapa, apresentou a revisão integrativa, visando a divulgação.
Nesta perspectiva, os títulos e os resumos identificados pela busca eletrônica foram
avaliados independentemente na tela do computador para selecionar os estudos que
obtiveram os critérios previamente definidos.
No decorrer da leitura, analisou-se criteriosamente o conteúdo bibliográfico, no intuito
de esclarecer os objetivos formulados, para que se tivesse uma interpretação exata. Em
seguida, foram identificados os resultados das pesquisas quanto à autoria, ano de
publicação, objetivos, metodologia adotada, principais conclusões e base de dados, e
posteriormente construiu-se a categorização dos resultados, organizada em duas
categorias temáticas.
As pesquisas selecionadas para compor o estudo foram organizadas em um quadro
síntese, no intuito de melhorar a visualização de seus resultados. Posteriormente esses

Saúde integral: teoria e prática 110


estudos foram avaliados e à similaridade das informações foram agrupadas em categorias
temáticas.
Levando em consideração esses critérios foram identificados 220 artigos
(SCIELO=71; LILACS=149). De forma que 15 foram selecionados de forma criteriosa para
compor o estudo: (SCIELO=8; LILACS=7), conforme mostra o fluxograma 1.

Fluxograma 1 - Método de seleção dos estudos incluídos na Revisão Integrativa.

Combinação: (LILACS=149; SCIELO=71) = 220 artigos

Estudos selecionados Estudos excluídos: Fuga ao


avaliados (n=116) tema (n=33); Repetições (n=12);
artigos de revisão (n=18)

Estudos avaliados
Estudos excluídos pelo resumo
(n=53)
porque não ofereciam uma linguagem
clara sobre o assunto (n=38)
Artigos avaliados para a
elegibilidade (n=15)

LILAC
Estudos incluídos na síntese
S: 07
qualitativa (n=15)
SCIEL
Fonte: BVS (LILACS) e SCIELO (2022)
O: 08

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As buscas realizadas totalizaram inicialmente X artigos. Após análise dos


critérios de inclusão foram selecionados X artigos relacionados ao tema em questão
constituindo a amostra final.
O Quadro 1 apresenta um resumo geral dos artigos inclusos na amostra final, além
dos autores, ano de publicação, objetivo, metodologia, conclusão e bases de dados.

Saúde integral: teoria e prática 111


Quadro 1 - Caracterização do estudo por autor, ano, objetivo, metodologia, conclusão e
base de dados (n=15).
AUTOR/ANO METODOLOGIA CONCLUSÃO BASE DE
DADOS
Moreno et al Estudo de coorte A ocorrência de resultados perinatais LILACS
(2017) desfavoráveis nos três grupos demonstra a
necessidade não só de um controle pré-natal
rigoroso, mas também a necessidade de um
controle glicêmico eficaz pré-concepcional.

Miranda et al Estudo No presente estudo, a ocorrência de DG LILACS


(2017) observacional e condicionou um aumento da morbilidade
retrospectivo obstétrica e, sobretudo, neonatal.

Silva et al Caso-controle O diagnóstico e o tratamento de DMG na LILACS


(2019) assistência perinatal apresentam impacto
positivo na redução de prematuridade e da
presença de RNs PIG, entretanto, notou-se
um aumento de nascimentos por cesariana e
de RNs GIG

Dall’Asta; Do Pesquisa observou-se que grande parte das pacientes SCIELO


Mar; Cardoso retrospectiva, apresentou alguma comorbidade associada
(2018) quantitativa, de ao DMG, destacando-se principalmente a
caráter descritivo hipertensão arterial sistêmica, isso
demonstra a importância do pré-natal
adequado nessas pacientes uma vez que
essa patologia apresenta grande influência
sobre as características que o neonato irá
desenvolver.

Riskin et al Caso-controle Apesar de todos os avanços na assistência LILACS


(2020) retrospectivo pré-natal, o diabetes na gravidez, tanto
PGDM quanto DMG, ainda está associado a
morbidades e complicações significativas na
prole. Melhor preconcepção e cuidados
intergestacionais podem reduzir esses
riscos.

Barros et al Caso-controle O ponto de corte de idade que sugere LILACS


(2019) necessidade de maior monitoramento de
glicemia em gestantes é de 22,5 anos.

Santos et al Estudo Nesta população, a prevalência de diabetes SCIELO


(2020) descritivo, mellitus gestacional foi de 5,4%. Idade
transversal e materna e sobrepeso pré-gestacional foram
retrospectivo fatores preditivos para diabetes gestacional.

Borges et al Estudo Diante do diagnóstico de diabetes LILACS


(2017) quantitativo, gestacional, muitas gestantes não sabiam a
descritivo consequência do DMG e não mudaram seu
estilo de vida para o controle glicêmico.
Assim, nota-se a necessidade de uma
assistência pré-natal de maior qualidade,
não se limitando apenas em exames, mas

Saúde integral: teoria e prática 112


também em aspectos psicológicos,
familiares e antropológicos

Ferreira et al Estudo A assistência de enfermagem neste hospital SCIELO


(2019) qualitativo e mostrou-se satisfatória diante do conceito
descritivo daquelas gestantes, sendo percebido como
de qualidade e humanizado, proporcionando
respeito e a valorização diante das
necessidades emanadas na internação.

Medeiros et al Estudo Evidenciou-se a necessidade de SCIELO


(2019) transversal implementação de protocolo específico à
analítico gestação de alto risco e educação
continuada às equipes.

Pedraza (2016) Estudo Foram detectadas lacunas nos serviços, SCIELO


transversal sobretudo na assistência ao parto, pois, na
grande maioria dos casos, a vinculação da
gestante ao local do parto não ocorreu e o
direito à presença do acompanhante durante
o parto não foi garantido.

Rossett et al Estudo A análise das informações obtidas nos LILACS


(2020) quantitativo de prontuários das gestantes atendidas no
caráter ambulatório de alto risco do CAE de
descritivo- Cascavel-PR permitiu evidenciar uma
observacional incidência de DMG de 18% nesse grupo,
sendo mais prevalente na faixa etária entre
25 e 30 anos. Também foi encontrado uma
alta incidência de sobrepeso e/ou obesidade,
assim como, a maioria das gestantes
apresentavam um ou mais fatores de risco
para o desenvolvimento de DMG.

Alfadhli, Estudo Embora uma única aplicação de RT-CGMS SCIELO


Osman, Basri prospectivo, logo após o diagnóstico de DMG seja útil
(2016) aberto, como ferramenta educacional, ela não foi
randomizado e associada à melhora no controle glicêmico
controlado ou nos resultados da gravidez.

Padilha et al Estudo O modelo testado no GII PNA demonstrou SCIELO


(2015) quantitativo de ser eficaz nos desfechos estudados.
caráter
descritivo-
observacional

Feitosa; Ávila Desenvolver um O AMBEG é uma ferramenta útil no SCIELO


(2016) RES denominado atendimento clínico a mulheres portadoras
Ambulatório de de endocrinopatias na gestação. A taxa de
Endocrinopatias preenchimento de informações clínicas foi
na Gestação superior à do prontuário convencional.
eletrônico
(AMBEG)
Fonte: BVS; SciELO (2022).

Saúde integral: teoria e prática 113


Após a análise do Quadro 1 levou-se em consideração a criação das categorias
temáticas. No que se refere aos enfoques das publicações inseridas no estudo, emergiram
duas categorias temáticas apresentadas a seguir, possibilitando o seguinte agrupamento
por eixos temáticos: “As consequências do Diabetes Mellitus Gestacional para o binômio
mãe-filho” e “Importância do acompanhamento pré-natal de alto risco no DMG”.

As consequências do Diabetes Mellitus Gestacional para o binômio mãe-filho

Referente as consequências materno fetais, é de suma importância destacar as


consequências relacionadas ao DMG. Moreno et al (2017) puderam inferir em seu estudo
analisando 115 gestantes com a doença, que as principais intercorrências e complicações
maternas encontradas foram altas taxas de cesárea, gestação tardia, infecções do trato
urinário, anemia e pré-eclâmpsia. Já com relação ao componente fetal destacam-se a
prematuridade, macrossomia, tocotraumatismo, hipóxia, restrição do crescimento uterino e
malformação.
Dentre os artigos analisados, a hipoglicemia foi a complicação neonatal mais
frequente encontrada, que segundo Miranda et al (2017) corresponde a 66,7% da taxa de
morbidade neonatal e sendo a principal causa de internação em UTI. Em relação ao
nascimento de RNs grandes para a idade gestacional (GIG) e pequenos para a idade
gestacional (PIG), Ribeiro et al (2019) encontraram aumento na taxa de nascidos GIG e
diminuição na taxa de nascidos PIG.
Ribeiro et al (2019) ao avaliarem prontuários de gestantes com e sem DMG,
constataram que os RNs filhos de mães diabéticas nasceram com menor idade gestacional
e apresentaram maior quantidade de cesarianas e malformações fetais. Além disso, os
estudos de Moreno et al (2017), Miranda et al (2017), Dall'asta et al (2019) e Riskin et al
(2020), apontaram consequências da DMG comuns entre si, sendo elas: macrossomia fetal,
ocorrência de pré-eclâmpsia e parto cesáreo.
De acordo com Borges et al (2017) fetos expostos a um ambiente intrauterino com
hiperglicemia estão predispostos ao crescimento fetal anormal, resultando com frequências
em fetos GIG, com peso ao nascer maior que o 90 percentis.
No estudo de Moreno et al (2017) evidenciou-se uma forte associação entre
sobrepeso materno e crescimento fetal aumentado. A macrossomia é uma preocupação
sobretudo pelos riscos que agrega ao parto vaginal, com distorcia de ombro,
tocotraumatismo e óbito perinatal.
O estudo de Ribeiro et al (2019) ratificou que RNs, filhos de mães diabéticas,
apresentaram mais malformações, comparados ao grupo de não diabéticas. A DMG não

Saúde integral: teoria e prática 114


se correlaciona diretamente com a malformação, contudo, a extrema idade presente nesta
população pode acarretar anormalidades cromossômicas. Corroborando, Miranda et al
(2017) aponta em seu estudo que as grávidas com DMG também apresentaram idades
superiores ao grupo controle, achado consistente com a literatura e que sugere maior risco
de DMG em grávidas com idade avançada.
Barros et al (2019), aponta que a idade da gestante é considerada fator de risco
para o DMG, no qual se analisou uma amostra de 416 gestantes com idade média de 35
anos – dentro do qual 320 mulheres tinham idade inferior à média e 96 tinham idade
superior – pôde-se verificar que 43,4% (139) das menores de 35 anos e 63,5% (61) das
maiores desenvolveram DMG. Santos et al (2020) constataram que existe uma chance de
desenvolver DMG 3 vezes maior em mulheres acima de 35 anos, o que concorda com o
estudo de Borges et al (2017).

Importância do acompanhamento pré-natal de alto risco no DMG

Ferreira et al (2019) assegura que a assistência para a gestante considerada de risco


é um desafio no dia a dia da atenção à saúde, pois os altos índices de mortalidade materna
preocupam não só a sociedade, mas também as autoridades. Salienta-se que o cuidado
deve iniciar no pré-natal, o que corrobora em uma ferramenta de detecção precoce de
fatores de risco que podem transformar uma gravidez de risco habitual em alto risco,
possibilitando a intervenção em tempo oportuno para aqueles que são modificáveis.
A assistência durante o pré-natal permite a avaliação de possíveis fatores de risco e
a identificação de problemas e agravos, impedindo assim um resultado desfavorável à
ocasião do ciclo gravídico. Borges et al (2017) ainda destaca que uma gestação de alto
risco pode se configurar a qualquer momento, sendo necessário haver uma reclassificação
quanto ao grau de risco que cada gestante tem em sua consulta pré-natal e também durante
o trabalho de parto.
De acordo com Medeiros et al (2019) é considerado gestação de alto risco, situações
nas quais a saúde da mulher é acometida por complicações relativas a doenças
preexistentes ou intercorrências da gravidez, parto ou puerpério, geradas por fatores
orgânicos ou socioeconômicos e demográficos desfavoráveis. Em seu estudo o
conhecimento das mulheres sobre o encaminhamento para a gestação de alto risco foi
satisfatório, ocorrendo continuidade no acompanhamento pela Unidade Básica de Saúde.
Já Pedraza apresentou resultados divergentes quando constatou em sua análise grande

Saúde integral: teoria e prática 115


proporção de mulheres que não visitaram a maternidade durante o acompanhamento pré-
natal (PEDRAZA, 2016).
Em conformidade com Rosset et al (2020), o diagnóstico precoce das gestantes
portadoras de DMG é de suma importância, onde se torna imprescindível que se faça os
exames ainda no primeiro trimestre, quando se inicia o pré-natal, onde é possível identificar
alterações na glicemia, o que torna mais viável a orientação da gestante em relação aos
cuidados que é preciso adotar durante a gravidez, e assim, minimizar os efeitos adversos
que causam alterações metabólicas sobre o binômio mãe-filho.
Segundo Alfadhli, Osmar e Barsi (2016) é através do pré-natal que poderá ser
realizado um diagnóstico baseado na observação em relação ao ganho excessivo de peso
durante a gestação, o uso de drogas hiperglicemiantes, a presença da síndrome dos
ovários policísticos e da síndrome metabólica, e ainda uma possível macrossomia fetal e
polidrâmnio, fatores esses de risco que indicam a presença de DMG.
De Carvalho Padilha et al (2015) evidencia em seu estudo que gestantes que iniciam
oportunamente o pré-natal precoce realizam mais consultas ao longo da gestação, apesar
da necessidade de melhoria das ações de educação em saúde.
De acordo com Medeiros et al (2019) a periodicidade das consultas é determinada
pela equipe responsável, de acordo com as necessidades e prioridades de cada gestante.
A equipe de saúde, que realiza o acompanhamento da gestação de alto risco, deve
considerar: avaliação clínica, avaliação obstétrica, repercussões entre as condições
clínicas da gestante e a gravidez, determinação da via de parto, aspectos emocionais e
psicossociais. Os principais cuidados realizados no pré-natal estão direcionados ao exame
físico, sendo eles, peso materno, pressão arterial (PA), altura uterina (AU) e ausculta dos
batimentos cardíacos fetais (BCF).
Feitosa e Ávila (2016) ratificam que para que possa ocorrer a redução a chances de
maus desfechos, gestantes portadoras de diabetes devem ter assegurada a sua assistência
pré-natal em centros de referência especializados e, preferencialmente, terem
acompanhamento multidisciplinar. Intervenções dietéticas, mudanças no estilo de vida,
monitoração das glicemias, manutenção dos alvos glicêmicos rigorosos, pré-natal com
vigilância específica e controle do peso são indispensáveis para otimizar as metas de
tratamento e os desfechos materno-fetais, entretanto exigem, do médico e da equipe de
saúde, sistematização do atendimento, seguimento das diretrizes e rigor na avaliação e
conduta.
Ferreira et al (2019) traz em seus resultados o perfil das mulheres que vivenciaram
uma gestação de alto risco no Brasil. Observou-se que houve predomínio de mulheres

Saúde integral: teoria e prática 116


adultas, de cor branca e economicamente ativas, além disso destaca-se que os fatores de
risco com maior ocorrência foram o diabetes mellitus gestacional e hipertensão arterial
sistêmica, reforçando a importância de medidas preventivas através da identificação dos
fatores de risco precocemente e o manejo adequado a fim de minimizar os danos à saúde
materna e infantil.
Logo, infere-se que o acompanhamento durante o pré-natal é de grande valia, sendo
importante que a gestante participe desse programa de apoio, principalmente porque as
intervenções dos profissionais da saúde durante esse período, em promoção da saúde
materna, podem prevenir riscos e, principalmente, garantir suporte para o fortalecimento
físico, nutricional e emocional para a mulher grávida (FERREIRA, 2019).

CONCLUSÃO

Com base no exposto, foi possível evidenciar que a DMG é uma das principais
comorbidades prevalentes na gestação, devendo ser corretamente rastreada e tratada,
tendo em vista a redução de danos e consequências tanto para a mãe quanto para o bebê.
Assim, é preciso observar os principais fatores de risco desencadeantes dessa
comorbidade, que são a alta idade materna, o peso elevado e histórico de gravidez anterior.
Em se tratando das principais consequências, ressalta-se maiores necessidades de
cesariana, hipoglicemia neonatal e maiores riscos de pré-eclâmpsia.
No decorrer do pré-natal é fundamental que se rastreie a DM nas gestantes, já que
a descoberta e a intervenção precoce podem melhorar consideravelmente o prognóstico
para a mãe a criança.
Nota-se a importância do acompanhamento dessas mulheres que apresentam o
DMG, onde o monitoramento adequado da equipe multiprofissional pode contribuir para o
controle do ganho de peso e metabólico e se associar a uma possível redução do número
de casos novos de comorbidades gestacionais.
Em suma, infere-se que o tema de interesse desse artigo é bem amplo, com várias
publicações recentes e relevantes. No entanto, observou-se um número reduzido de
publicações que abordam o pré-natal e sua relação com a DMG de forma mais específica,
havendo a necessidade de mais pesquisas sobre esse assunto.

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Saúde integral: teoria e prática 119


Capítulo

10

Saúde integral: teoria e prática 120


VIVÊNCIA PÓS-PARTO: RELAÇÃO DAS MULHERES COM O CORPO E COM A
AUTOESTIMA

ADRIELLY ALENCAR VIEIRA


Acadêmicos do Curso de Medicina na Faculdade Presidente Antônio Carlos –
FAPAC/PORTO

GABRIELA FURTADO NEVES


Acadêmicos do Curso de Medicina na Faculdade Presidente Antônio Carlos –
FAPAC/PORTO

UBIRATAN LOPES JÚNIOR


Acadêmicos do Curso de Medicina na Faculdade Presidente Antônio Carlos –
FAPAC/PORTO

NELZIR MARTINS COSTA


Professora do Ensino Superior na Faculdade Presidente Antônio Carlos –
FAPAC/PORTO

RESUMO: Introdução: estudos nacionais revelam que o estresse acomete 34,4% da população,
com uma prevalência em cerca 25% entre mulheres grávidas. O atual modo de vida da mulher
urbana, somado às exigências determinadas ao ideal materno, é um dos grandes fatores que
acarretam consequências negativas à integridade emocional da mulher. Diante disso, o presente
estudo tem como objetivo buscar maiores conhecimentos sobre os sentimentos das mulheres
durante o processo do pós-parto, avaliando como se encontra a autoestima dessa mulher nesta
etapa da vida. Metodologia: pesquisa delineada com um estudo quantitativo, descritivo, analítico e
transversal. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista, utilizando-se Ficha de
Identificação e Avaliação. Participaram do estudo 36 pacientes de duas unidades de saúde e de um
ambulatório escola. Resultados e Discussões: na UBS Brigadeiro Eduardo Gomes e na Unidade
Básica de Saúde Isadora Chaves Moura, mais da metade das pacientes queixaram-se da aparência
e do estado emocional; no Ambulatório Dr. Valter Evaristo Amorim os impactos negativos superaram
os 60%. Considerações finais: observou-se que o puerpério se caracteriza por momentos de
vulnerabilidade da mulher e instabilidades emocionais, relacionadas às mudanças e às novas
adaptações que ocorrem no âmbito familiar, social e psicológico.
PALAVRAS-CHAVE: Autoestima. Mudanças emocionais. Pós-parto.

ABSTRACT: Introduction: national studies reveal that stress affects 34.4% of the population, with
a prevalence of about 25% among pregnant women. The current way of life of urban women, added
to the demands determined by the maternal ideal, is one of the major factors that have negative
consequences for the emotional integrity of women. Therefore, the present study aims to seek
greater knowledge about women's feelings during the postpartum process, evaluating how this
woman's self-esteem is at this stage of life. Methodology: research designed with a quantitative,
descriptive, analytical and cross-sectional study. Data collection was carried out through interviews,
using the Identification and Assessment Form. Thirty-six patients from two health units and a school
outpatient clinic participated in the study. Results and Discussions: at the UBS Brigadeiro Eduardo
Gomes and at the Basic Health Unit Isadora Chaves Moura, more than half of the patients
complained about their appearance and emotional state; at the outpatient Dr. Valter Evaristo Amorim
the negative impacts exceeded 60%. Final considerations: it was observed that the puerperium is
characterized by moments of women's vulnerability and emotional instabilities, related to changes
and new adaptations that occur in the family, social and psychological spheres.
KEYWORDS: Self esteem. Emotional changes. Post childbirth.

Saúde integral: teoria e prática 121


INTRODUÇÃO

Segundo Cunha, Erole e Resende (2020) o conceito de amor materno incondicional


se dá ao processo biológico da gestação, dando à mulher a função social de ser mãe,
momento em que se reconhece o verdadeiro amor materno incondicional desenvolvendo o
papel mais importante e gratificante: o de doar para além de se cuidar, a fim de criar um
ser, levando a ter uma perspectiva de que toda mulher estaria em plenitude quando
vivenciar o instinto maternal, condicionando a idealização de uma maternidade ausenta de
auto cuidados.
Em vigência da contemporaneidade, a mulher passou a assumir importantes papéis
que antes eram designados apenas aos homens, com isso tornou – se mais valorizada a
independência e o sucesso individual e profissional, passando a ser conquistados e fazer
parte do dia a dia, surgindo assim novas e desafiadoras responsabilidades, juntamente com
críticas e sobrecarga emocional. Diante disso, a sociedade brasileira está cada dia mais
valorizando a responsabilidade individual, caminhando na direção oposta ao significado de
maternidade, acarretando insegurança, medo e consequências negativas à autoestima da
mulher (LIMA, 2019).
Estudos nacionais revelam que o estresse acomete 34,4% da população, com uma
prevalência em cerca 25% entre mulheres grávidas. O atual modo de vida da mulher
urbana, somado às exigências determinadas ao ideal materno é um dos grandes fatores
que acarretam consequências negativas à integridade emocional da mulher (CUNHA et.
al., 2017).
No período puerperal, alterações em diversos âmbitos na vivência da mulher são
encontradas. As mudanças mais comumente vistas e que sofrem um maior desgaste é a
alteração psicológica, uma vez que a mulher encontra-se insegura dentro de uma nova
fase, em que seu corpo, comportamentos e papéis sociais entram em transformação. No
corpo existe um enorme desafio, já que durante nove meses modifica-se toda a sua função
fisiológica e estética, o que reflete na apresentação de como a mulher se vê e por fim na
sua autoestima (NERY et. al., 2021).
Entende-se por autoestima a forma de empoderar o sujeito a se cuidar, o modo com
que o indivíduo sente satisfeito com sua imagem corporal, acarretando aprovação ou
repulsa por não aceitação da forma como seu corpo se encontra. Ocasionando
consequências no sentimento relacionado à ansiedade, baixa autoestima e medo de como
irá proseguir essa fase, desenvolvendo uma situação de tristeza ou auto negação, gerando
na mulher sentimentos de vergonha quanto a sua aparência física (SANTOS et. al., 2019).

Saúde integral: teoria e prática 122


A autoestima está diretamente correlacionada à percepção de tudo que acontece ao
seu redor e a maneira como o indivíduo age. Com o desafio do puerpério tem – se uma
expectativa de sucesso e uma cobrança na autoestima. Tornando essencial que essas
mulheres possuem esse ato no decorrer do pós – parto, buscando modificações em suas
atitudes e comportamento, quanto melhor o estado emocional, empoderamento e
autoestima da puérpera, maior a possibilidade de sucesso nesse período (BARBOSA et al.,
2018).
O período puerperal, momento designado ao pós – parto é a continuação de fases
adaptativas na vida da mulher. É nessa fase que o corpo começa a voltar as suas
configurações fisiológicas, o útero começa a reduzir de tamanho, as glândulas mamárias
começam a produzir leite, além de diversos sentimentos como medo e incertezas se será
uma boa mãe. Sendo assim, é essencial uma rede de apoio familiar bem estruturada e
harmônica para vivenciar essa nova etapa, para que seja da forma mais sútil e prazerosa,
pois sabe – se que esse período pode ser cansativo e desgastante (SILVA; KREBS, 2021).
Diante disso, o presente estudo foi motivado pelo interesse em buscar maiores
conhecimentos sobre os sentimentos das mulheres durante o processo do pós – parto e
como a autoestima se encontra, uma vez que é um momento bastante desafiador, além de
ser um assunto bastante relevante na sociedade atual, tanto por meio de redes midiáticas
quanto de familiares e amigos das mulheres puérperas. Buscando destacar o ponto de vista
e as necessidades das mulheres no pós – parto em relação ao seu corpo e à sua
autoestima, estabelecendo as necessidades e anseios.

METODOLOGIA

Pesquisa delineada com um estudo quantitativo, descritivo, analítico e transversal.


Teve como objetivo analisar a relação da mulher com o corpo no pós-parto e como isso
interfere na autoestima. O Projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e foi
iniciado após a sua aprovação (Número do Parecer: 5.215.304), seguindo todo protocolo
para pesquisa com seres humanos conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde.
A coleta de dados, via entrevista, por meio de Ficha de Identificação e Avaliação
adaptado de Rosenberg (1965) e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, aconteceu nas Unidades Básicas de Saúde Brigadeiro Eduardo Gomes,
Unidade Básica de Saúde Isadora Chaves Moura – Vila Operária e no Ambulatório Escola
Dr. Valter Evaristo Amorim, todos situados em Porto Nacional – TO, no período de agosto

Saúde integral: teoria e prática 123


a outubro de 2022, a abordagem foi estimada com uma amostra de vinte mães com bebês
de até dois anos de idade.
Foi utilizado como critérios de inclusão pacientes maiores de 18 anos, estar no
estágio puerperal (90 dias) e no pós-parto (de 1 a 2 anos) e pacientes com atendimento
regular nas unidades pesquisadas, como critérios de exclusão mulheres com filhos de até
dois anos de idade, porém, adotivos.

RESULTADOS

O presente estudo foi realizado com a finalidade de apresentar a percepção e os


sinais e sintomas que as puérperas apresentam de acordo com suas vivências pessoais e
realidades. Foram analisadas 36 pacientes de duas unidades básicas de saúde e de uma
Ambulatório Escola: uma dessas unidades é a Brigadeiro Eduardo Gomes, onde
participaram dezesseis pacientes; a outra é a Unidade Básica de Saúde Isadora Chaves
Moura, na qual teve a adesão de 3 pacientes, além do Ambulatório Escola Dr. Valter
Evaristo Amorim, em que houve a participação de dezessete puérperas.
Com o intuito de coletar os dados das pacientes, foi aplicado um questionário com
20 perguntas, referentes à percepção delas no período de zero até dois anos após o
nascimento dos bebês.
De acordo com as respostas analisadas, na UBS Brigadeiro Eduardo Gomes, mais
da metade das pacientes responderam positivamente para questões voltadas para a
aparência e mudanças emocionais negativas. Ao analisar as mesmas variáveis na Unidade
Básica de Saúde Isadora Chaves Moura os impactos negativos na vida da paciente foram
acima de 50% após a gravidez. No Ambulatório Dr. Valter Evaristo Amorim as porcentagens
são ainda maiores, superando 60% de impactos negativos.

DISCUSSÃO

De acordo com o estudo de Frota et al. (2020), em que ele explicita as mudanças
que ocorrem na vida da mulher no período puerperal, essas pacientes estão mais
suscetíveis a desenvolver transtornos relacionados à saúde mental. Isso porque se trata de
um período em que o corpo e a mente da mulher estão sob efeito dos hormônios da
gravidez, além de ser uma fase de adaptação para a mãe e para o bebê, em que,
principalmente mulheres primíparas se encontram em uma configuração familiar nova, na
qual há a necessidade de um apoio conjugal e familiar nesse período de adaptação. Diante

Saúde integral: teoria e prática 124


disso, e com base nos números apresentados no Gráfico 1, mais de 60% das pacientes
apresentaram sintomas relacionados a mudanças negativas na sua aparência e no seu
emocional, logo é possível concluir que a gestação apresenta fortes mudanças na vida da
mulher, o que justifica a importância dessas pacientes terem um acompanhamento
profissional nesse período adaptativo.

Gráfico 1 - Mudanças físicas e emocionais pós-parto

PESO APARÊNCIA EMOCIONAL

76%
63% 66% 66% 65% 65%
44%
31% 33%

UBS BRIG. UBS ISADORA AMB. VALTER

Fonte: elaborado pelos autores

Corroborando com as afirmações de Frota et al. (2020), os autores Schwochow e


Frizzo (2020) deixam claro em seu artigo, que as percepções negativas que as gestantes
desenvolvem no período puerperal estão intimamente ligadas às alterações físicas que
ocorrem em seus corpos, levando-as ao desenvolvimento da depressão pós-parto, por
exemplo.
Fica evidente no gráfico 1 que sintomas como ganho de peso, mudanças na
aparência e a fase adaptativa na nova arquitetura familiar provocam alterações
significativas no psicológico dessas mulheres. Por meio dos dados encontrados nesse
estudo mais de 30% das pacientes mostraram-se insatisfeitas com as alterações físicas
pós-gravidez, isso está intimamente ligado com a porcentagem acima de 44% daquelas
que tiveram aumento de peso na gestação. Esses números justificam os mais de 60% das
pacientes que desenvolveram alterações emocionais nas duas unidades de saúde e no
ambulatório.

Saúde integral: teoria e prática 125


Gráfico 2 - Sentimentos pós-parto

DEPRIMIDAS NÃO SE ORGULHAM INÚTIL

100% 100% 100%

69%
56% 59% 53% 47%
38%

UBS BRIG. UBS ISADORA AMB. VALTER

Fonte: elaborado pelos autores

Caracterizado por um período de desafios e inseguranças na vida da mulher, a fase


pós-parto é um dos momentos que geram adaptações, tanto para a mãe quanto para o
bebê e para o resto dos familiares, que precisam entender que nesse contexto possuem a
responsabilidade de amparar a puérpera. No gráfico 2 estão descritos os sintomas que
geralmente acometem essas pacientes. Por meio dele é possível verificar que pelo menos
59% das mulheres que participaram da pesquisa responderam que se sentiram deprimidas
nessa fase. Além disso, mais da metade não se orgulham de si mesmas e mais de 47%
delas afirmaram que já se sentiram inúteis após a gestação.
Para Menezes (2021) esses são sintomas frequentes nesse recorte de tempo, pois
essas mães estão diante de uma grande carga de responsabilidade com a chegada dos
filhos. Essa premissa também pode ser percebida no estudo de Santos e Neto (2020). Os
autores expõem em sua pesquisa que os fatores causais para o desenvolvimento da
sintomatologia de depressão após o parto estão ligados ao organismo/hormônios,
antecedentes pessoais e familiares; e fatores psicossociais.
Gráfico 3 – Influências externas

INFLUÊNCIAS EXTERNAS
APOIO FAMILIAR MIDIAS SOCIAIS

81% 82%
66%
50%
33% 35%

UBS BRIG. UBS ISADORA AMB. VALTER

Fonte: elaborado pelos autores

Saúde integral: teoria e prática 126


De acordo com o gráfico 3, em todos os cenários analisados, as mulheres afirmam
que receberam apoio familiar na fase pós-parto, entretanto, ao analisar os sintomas
relacionados à autoestima, a porcentagem é elevada nas duas Unidades de saúde e no
ambulatório. Essa situação é explicada no estudo de Santos e Neto (2020), no qual
exemplificam que mesmo com o apoio familiar, essas pacientes podem vir a apresentar
sintomas depressivos, pois existem outras causas que interferem nesse período puerperal,
como motivações psicossociais, antecedentes familiares e a própria ação hormonal da
gravidez.
Camargo (2020) mostra no seu trabalho o importante papel da família frente ao
período puerperal, no que diz respeito aos ensinamentos que são passados à mulher no
que tange os cuidados com o recém-nascido e com ela própria. Portanto, é evidente a
importância que a família ocupa no apoio emocional a essas pacientes, já que os desafios
encarados por elas são enormes, podendo afetar a relação da mãe com o próprio bebê.
A inserção contemporânea dos indivíduos no mundo tecnológico e das mídias
sociais provoca uma comparação com o que se é propagado nas redes sociais. Essa
situação também possui influências sobre as mães no período puerperal, as quais afirmam
em até 33% dos casos que já se sentiram pressionadas a se enquadrar no modelo exposto
nas redes sociais, como evidencia o gráfico 3. Essa necessidade de se encaixar em um
molde pré-estabelecido pela sociedade e que chega a essas pacientes por meio das redes,
causa um impacto negativo na relação que essas mulheres estabelecem com o próprio
corpo e sua autoestima, pois cada pessoa possuiu sua individualidade e na maioria dos
casos, o que é exposto na mídia são belezas irreais, caras e quase impossíveis de serem
alcançadas por mulheres comuns e de baixo nível socioeconômico, por exemplo.
Schwochow e Frizzo (2020) em seu estudo deixam claro que os principais fatores que
provocam sintomas depressivos nas puérperas são as alterações físicas provocadas pela
gravidez, assim a influência midiática de forma errônea pode potencializar esses sintomas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que o puerpério se caracteriza por momentos de vulnerabilidade da


mulher e instabilidades emocionais, relacionadas às mudanças e às novas adaptações que
ocorrem no âmbito familiar, social e psicológico. Constatou-se no estudo sintomas
depressivos, insatisfação com sua aparência, ganho de peso, ansiedade por conta das
influências externas como as mídias sociais. Toda essa gama de sentimentos e sensações
podem causar graves repercussões à saúde da mulher. Dessa forma, nota-se que os

Saúde integral: teoria e prática 127


profissionais de saúde exercem um papel primordial no cuidado às mulheres, tanto no
período gravídico, quanto no parto e pós-parto. Por conta disso, torna-se fundamental que
as equipes de saúde visem ações que proporcionem educação continuada. Diante desse
contexto, é de suma importância que a temática seja trabalhada com maior detalhamento,
pois no puerpério, muitas vezes, não é oferecido um cuidado adequado. O profissional de
saúde precisa ter um olhar empático, a fim de ajudar a mulher a superar essa fase difícil
para grande parte delas.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Eryjosy Marculino Guerreiro et al. Necessidades de autocuidado no período


pós-parto identificadas em grupos de puérperas e acompanhantes. Revista de
Enfermagem Atenção Saúde, v. 7, n. 1, p. 166-179, 2018.

CAMARGO, Laura Conte. Puerpério e suas vivências. Universidade Federal Do Rio


Grande Do Sul. Escola De Enfermagem, 2020.

CUNHA, ACB da et al. Estresse e ansiedade em gestantes de um programa de


rastreamento de riscos materno-fetais. Journal of Gynecology & Obstetrics, v. 1, n.3, p. 13,
2017.

CUNHA, Ana Cristina; EROLES, Nicole Melo dos Santos; RESENDE, Luísa de Mello.
“Tornar-se mãe”: Alto nível de estresse na gravidez e maternidade após o nascimento.
Interação em Psicologia, v. 24, n. 3, 2020.

FROTA, Cynthia Araújo et al. A transição emocional materna no período puerperal


associada aos transtornos psicológicos como a depressão pós-parto. Revista Eletrônica
Acervo Saúde, Vol. Sup. n. 48, p. e3237-e3237, 2020

Lima VKS, Hollanda GSE, Oliveira BMM, Oliveira IG, Santos LVF, Carvalho CML. Educação
em saúde para gestantes: a busca pelo empoderamento materno no ciclo gravídico-
puerperal. Rev Fun Care Online. 2019 jul/set; 11(4):968-975. DOI:
http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.2019.v11i4.968-975.

MENEZES, Heloysa Ferreira de. Depressão pós-parto: doença que rouba momentos entre
mãe e filho. 2021.

NERY, Nathália Gianini; RIBEIRO, Patrícia Mônica, VILELA, Sueli de Carvalho;


NOGUEIRA, Denismar Alves; LEITE, Eliana Peres Rocha Carvalho; TERRA, Fábio de
Souza. Avaliação da autoestima em mulheres no período puerperal. Brazilian Journal of
Health Review, v. 4, n. 1, p. 729-43, 2021.

SANTOS, Simone de Paula et al. Gestantes em foco: uma abordagem multidisciplinar de


valorização da autoestima. Revista Vozes dos Vales – UFVJM – MG – Brasil – Nº 16 –
Ano VIII – 10/2019.

Saúde integral: teoria e prática 128


SCHWOCHOW, Monique Souza; FRIZZO, Giana Bitencourt. Mulheres em espera pela
adoção: sentimentos apresentados nas diferentes etapas desse processo. Psicologia:
Ciência e Profissão, v. 41, 2021.

SILVA, Marcela Rosa da; KREBS, Vanine Arieta. Uma análise sobre a saúde da mulher no
período puerperal. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 1, p. 61120, 2021.

Saúde integral: teoria e prática 129


Capítulo

11

Saúde integral: teoria e prática 130


TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM PORTO VELHO
- RONDÔNIA

JULLY DE PAULA SANTOS¹


Acadêmica de Enfermagem Centro Universitário São Lucas

EDGLEI DOS SANTOS DIAS


Acadêmico de Enfermagem do Centro Universitário São Lucas

RAFAEL ADEMIR OLIVEIRA DE ANDRADE


Sociólogo, Doutor em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela
Universidade Federal de Rondônia

RESUMO: O objetivo deste artigo é analisar o perfil sociodemográfico da População em Situação


de Rua (PSR) e da morbidade por tuberculose nessa população notificada no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no período 2015-2022 no estado de Rondônia.
Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, com base em dados quantitativos, abordando a
Tuberculose na População em Situação de Rua. Resultados: Nota se que no período de 2015 a
2018, foram notificados 3.050 casos de TB em Rondônia, dos quais 2.050 (67,2%) foram em Porto
Velho, sendo 48 casos (2,3%) entre a PSR, e destes, 7 casos (14,6%) possuíam a coinfecção TB.
Conclusão: A tuberculose permanece como grave problema de Saúde Pública, que torna-se
essencial rever as estratégias de acesso aos serviços e ações ofertadas para atender as demandas
de saúde da PSR voltadas para ambos os agravos nas ruas de Porto Velho e os demais municípios
de Rondônia.
PALAVRAS-CHAVE: População; Situação de Rua; Tuberculose; Vulnerabilidade Social.

INTRODUÇÃO

A tuberculose (neste trabalho utilizaremos a sigla TB para se referir à doença)


representa um problema de Saúde Pública Mundial, sendo particularmente grave no Brasil
(HINO et al., 2021). O Brasil é um dos 22 países com alta endemicidade para tuberculose,
a Organização Mundial de Saúde estima que cerca de um quarto da população mundial
seja portadora do Mycobacterium tuberculosis e 5% a 10% dos infectados desenvolvem a
tuberculose ao longo da vida. A população em situação de rua (PSR) constitui-se de um
grupo heterogêneo, em situação de extrema pobreza, vínculos familiares fragilizados ou
rompidos e moradia não convencional de caráter permanente ou temporário (SILVA et al.,
2021).
Ao considerar os aspectos biopsicossociais, estudos indicam que as desigualdades
sociais podem aumentar as chances de adoecimento por TB e interferir na cura e no
controle da doença. Com isso, torna-se importante compreender que a doença está

Saúde integral: teoria e prática 131


diretamente relacionada aos determinantes sociais. Dessa forma, a vulnerabilidade social
e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde merecem destaque, pois são alguns dos
fatores inerentes à População em Situação de Rua - PSR (LIMA et al., 2020). Dadas as
particularidades da vida imposta nas ruas, revelando as consequências da exclusão social
e da pobreza, as pessoas vulneráveis em situação de rua apresentam risco 56 vezes maior
de adoecer por TB quando comparadas à população em geral (HINO et al, 2021).
Com base na problemática apresentada, a TB é uma doença socialmente
determinada, portanto o modo de viver na rua reforça a vulnerabilidade à doença por
diversos motivos decorrentes (HINO et al., 2022), sabendo disso, abordar o tema na
sociedade é de muita relevância para o conhecimento da realidade. Para isso foi realizado
um estudo descritivo, com base em dados quantitativos, abordando a Tuberculose na
População em Situação de Rua. Com objetivo de analisar o perfil sociodemográfico da
População em Situação de Rua (PSR) e da morbidade por tuberculose.
A coleta de dados se deu através do uso do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN) e da base de dados disponibilizada pelo Departamento de Informática
do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram realizadas buscas eletrônicas de artigos
em periódicos brasileiros e estrangeiros, a estratégia de busca de produções científicas
incluiu uma ampla pesquisa nas bases de dados, Scientific Electronic Library Online
(SCIELO), BVS e Google Acadêmico. E nos resultados encontrados nota-se que no período
de 2015 a 2018, foram notificados 3.050 casos de TB em Rondônia, dos quais 2.050
(67,2%) foram em Porto Velho. O estudo é de verificar a porcentagem de pessoas com
tuberculose em situação de rua encontrada na base de dados (DATASUS/Tabnet/SINAN)
e analisar o Perfil Epidemiológico dos Casos Confirmados na População em Situação de
Rua nos anos de 2015 a 2022.

REFERENCIAL TEÓRICO

A tuberculose (TB), antiga enfermidade descrita como tísica, foi conhecida, no século
XIX, como peste branca, ao dizimar centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
A partir da metade do século XX, houve acentuada redução da incidência e da mortalidade
relacionadas à TB, já observada àquela ocasião em países desenvolvidos, sobretudo pela
melhoria das condições de vida das populações (SOVACOOL, 1986).

No início da década de 1980, houve recrudescimento global da TB: nos países de


alta renda, esse recrudescimento se deveu principalmente à emergência da infecção pelo

Saúde integral: teoria e prática 132


Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, nos países de baixa renda, devido à ampliação
da miséria e do processo de urbanização descontrolada, além de desestruturação dos
serviços de saúde e dos programas de controle da tuberculose (BLOOM, 1992; CDC, 1993;
ROSSMAN; MACGREGOR, 1995). Em 1993, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
declarou a TB como emergência mundial, recomendando, posteriormente, que os países
adotassem a Estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short-Course) como o
caminho para o alcance do controle da TB. A estratégia representava uma resposta global
à ocorrência da doença.

A TB é uma doença que pode ser prevenida e curada, mas ainda prevalece em
condições de pobreza e contribui para perpetuação da desigualdade social (BRASIL, 2010).
Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como
bacilo de Koch (BK). O M. tuberculosis é fino, ligeiramente curvo e mede de 0,5 a 3 μm. É
um bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), aeróbio, com parede celular rica em lipídios
(ácidos micólicos e arabinogalactano), o que lhe confere baixa permeabilidade, reduz a
efetividade da maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos macrófagos (ROSSMAN;
MACGREGOR, 1995).

O M. tuberculosis é transmitido por via aérea, de uma pessoa com TB pulmonar ou


laríngea, que elimina bacilos no ambiente (caso fonte), a outra pessoa, por exalação de
aerossóis oriundos da tosse, fala ou espirro. O termo “bacilífero” refere-se a pessoas com
TB pulmonar ou laríngea que têm baciloscopia positiva no escarro. Esses casos têm maior
capacidade de transmissão, entretanto pessoas com outros exames bacteriológicos como
cultura e/ou Teste Rápido Molecular da Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem
transmitir. A TB acomete, prioritariamente, o pulmão que também é a porta de entrada da
maioria dos casos. Outras vias de transmissão (pele e placenta) são raras e desprovidas
de importância epidemiológica. Os bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e
outros objetos dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel na
transmissão da doença (GRZYBOWSKI; BARNETT; STYBLO, 1975).

O Brasil não possui uma epidemia generalizada, mas concentrada em algumas


populações, como as pessoas vivendo com HIV (PVHIV), em situação de rua, privadas de
liberdade (PPL), a população indígena e pessoas que vivem em aglomerados e em situação
de pobreza. Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde. Apesar de todos os
avanços ocorridos nos últimos anos, o país está longe da meta estabelecida na Estratégia
pelo Fim da TB até 2035 (BRASIL, 2016).

Saúde integral: teoria e prática 133


Dadas as particularidades da vida imposta nas ruas, revelando as consequências da
exclusão social e da pobreza extrema, as PVSR são altamente vulneráveis a diversas
enfermidades, dentre as quais encontra-se a TB. As PVSR apresentam risco 56 vezes
maior de adoecer por TB quando comparadas à população em geral. Apesar de haver
algumas políticas públicas voltadas às PVSR, muitos são os desafios para o
desenvolvimento de ações voltadas ao controle da TB, dada a complexidade de se garantir
uma assistência de qualidade, considerando as características da situação de vida e as
necessidades de saúde desse grupo.

Destaca-se a importante contribuição dos profissionais que compõem a equipe de


Consultório na Rua no Controle da TB. Instituídas em 2011, tais equipes representam um
avanço no cuidado à saúde das PVSR, pois passaram a oferecer assistência integral às
pessoas que enfrentam diversas barreiras para acessar os serviços de saúde. As PVSR
representam uma população especial para o controle da TB e, neste sentido, foram
elencadas ações prioritárias pelo Ministério da Saúde, sendo algumas delas a realização
de busca ativa de sintomático respiratório, em qualquer oportunidade de contato com o
profissional de saúde e independentemente do tempo de tosse, e realização da
baciloscopia ou teste rápido molecular, além de cultura com teste de sensibilidade.

Observa-se, na contemporaneidade, o aumento da visibilidade da temática,


principalmente pelo aumento de pessoas vivendo nessa condição e pela presença cada
vez mais frequente de estudos que abordam a população que vivencia situação de rua.
Destaca-se que, no Brasil, houve uma progressão do número de pessoas nessa situação,
em virtude da crescente destruição do papel do Estado e dos direitos sociais e trabalhistas,
além da desigualdade social. (HINO et al, 2021).

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo, com base em dados quantitativos, o estudo se deu


através de uma pesquisa bibliográfica, abordando a Tuberculose na População em
Situação de Rua, e foi realizado o delineamento do perfil epidemiológico baseado no
levantamento de casos notificados de TB no Brasil e no estado de Rondônia nos anos 2015
a 2022 .

Saúde integral: teoria e prática 134


A pesquisa descritiva tem como objetos a observação, descrição, classificação, a
exploração e registro das informações adquiridas de forma isenta de interferências. O
método quantitativo baseia-se em recursos estatísticos (FURASTÉ, 2006).

Para Lakatos e Marconi (2011), a pesquisa quantitativa tem seu enfoque no


levantamento de dados coletados para provar hipóteses baseadas na medida numérica e
da análise estatísticas para estabelecer padrões comportamentais, procurando a
informação.

COLETA DE DADOS

A consolidação de dados se deu através do uso do Sistema de Informação de


Agravos de Notificação (SINAN) e da base de dados disponibilizada pelo Departamento de
Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

A coleta de dados foi realizada a partir do levantamento das variáveis


sociodemográficas (sexo, faixa etária, raça/cor, escolaridade, doenças e agravos
associados e população especial), Ano da notificação de 2015 á 2022. O estudo foi
realizado na região norte, em todos os municípios do estado de Rondônia dando maior
ênfase no município de Porto Velho, Foi realizado um breve levantamento no estado do
Acre e na região sudoeste, incluindo o Brasil, com base na população em situação de rua
com tuberculose.

CONSULTA ELETRÔNICA E BIBLIOGRÁFICA

Foram realizadas buscas eletrônicas de artigos em periódicos brasileiros e


estrangeiros, a estratégia de busca de produções científicas incluiu uma ampla pesquisa
nas bases de dados, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), BVS e Google
Acadêmico e outro meio científico e confiável que aborde o conteúdo pesquisado.
Como critérios de inclusão, consideraram-se artigos e de revisão teórica publicados
nos idiomas Português e Inglês, foram pesquisados na plataforma sucupira os artigos com
as classificação B3 B2 B1 A1 A2 com essas classificações foram selecionados. Como
critérios de exclusão foram considerados artigos que não atendiam aos objetivos propostos,
aqueles que não estivessem dentro do período estudado e literaturas que não estavam nas

Saúde integral: teoria e prática 135


línguas Português e Inglês, e que não atendia os critérios de classificação da plataforma
sucupira.
As variáveis estudadas foram: ano de notificação, sexo, raça, faixa etária,
escolaridade, coinfecção Tuberculose, vulnerabilidade social, alcoolismo e posterior
situação de encerramento, tabagismo, forma clínica, população em situação de rua.

RESULTADOS

Distribuição do perfil sociodemográfico das pessoas em situação de rua coinfectadas


TB, quanto ao sexo feminino e masculino em Porto Velho, Rondônia, no período de 2015 a
2018, consta na (tabela 01) abaixo, que foram notificados 3.050 casos de TB em Rondônia,
dos quais 2.050 (67,2%) foram em Porto Velho, sendo 48 casos (2,3%) entre a PSR, e
destes, 7 casos (14,6%) possuíam a coinfecção TB. Em relação ao perfil sociodemográfico,
a maioria pertencia ao sexo feminino (57,1%), com uma faixa etária entre 31 a 38 anos em
ambos os sexos (71,4%), raça/cor autodeclarada parda (85,7%), de um a quatro anos de
estudo (42,9%). Apresentavam doenças e agravos associados, tais como aids (100%),
alcoolismo (57,1%), uso de drogas ilícitas (100%), e não se caracterizavam como
população especial.

Saúde integral: teoria e prática 136


Tabela 01 - Distribuição do perfil sociodemográfico das pessoas em situação de rua co infectados TB

INVESTIGAÇÃO DE TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


SEGUNDO ANO DIAGNÓSTICO, EM RONDÔNIA, 2015 A 2022.

Analisando (Tabela 02), pode se observar que a frequência por População em


Situação de Rua, segundo ano diagnóstico, os casos vinham oscilando de um ano para
outro, sendo que no ano de 2020, apresentar uma população bem elevada chegando aos
seus 38% em situação de rua, e até o momento o ano de 2022, vêm apresentando uma
frequência de 26% comparado com o ano de 2021, que era de 20%. O total demonstra que
a incidência de pessoas com tuberculose nos anos de 2016/2017, é maior nas frequências
comparadas aos outros anos em Rondônia.

Saúde integral: teoria e prática 137


Tabela 02 - INVESTIGAÇÃO DE Tuberculose - Sinan NET

Freqüência por Pop. Site. Rua segundo Ano Diagnóstico

Ano Ign/Bra Sim Pop % Sim Pop


Diagnóstico nco Sit Rua Sit Rua Não Total

2015 19 14 2,0 653 686

2016 20 18 2,2 765 803

2017 19 19 2,4 765 803

2018 21 19 2,8 649 689

2019 22 21 2,8 715 758

2020 26 23 3,8 562 611

2021 25 14 2,0 651 690

2022 25 10 2,6 352 387

Total 177 138 20,6 5112 5427

Casos TB RO

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de


Notificação - Sinan Net, 2022

INVESTIGAÇÃO DE TUBERCULOSE NA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


SEGUNDO ANO DIAGNÓSTICO 2015 A 2022, POR MUNICÍPIOS RESIDENTE DO
ESTADO DE RONDÔNIA.

Compreendesse que na (Tabela 03), a série histórica de tuberculose na População


em Situação de Rua, segundo ano diagnóstico, por municípios residente do estado de
Rondônia, sendo que em Porto Velho, totaliza 85 pessoas em situação de rua, e em Ji-
Paraná, Ariquemes e Cacoal vem logo em seguida com o total de 11,7 e 6 pessoas na
mesma situação.

Saúde integral: teoria e prática 138


Comparando Porto Velho e Ji-Paraná, no ano de 2020 em Porto Velho tiveram 14
pessoas em situação de rua, e em Ji- Paraná o ano de maior número foi em 2019 chegando
a pessoas. Os municípios que têm os menores índices são: Alvorado D’Oeste, Campo Novo
de Rondônia, Jaru, Nova Mamoré, Presidente Médici e Vale do Anari, ambos com 1 pessoa
no total.

Tabela 03 - INVESTIGAÇÃO DE Tuberculose - Sinan NET

Freqüência por Ano Diagnóstico segundo Mun Resid RO

Mun Resid RO 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 Total

Alta Floresta d'Oeste 0 0 0 0 1 1 0 0 2

Alvorada d'Oeste 0 0 0 0 1 0 0 0 1

Ariquemes 4 0 0 1 0 0 0 2 7

Cacoal 0 1 3 0 0 1 0 1 6

Campo Novo de
Rondônia 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Candeias do Jamari 0 0 1 0 1 0 0 1 3

Chupinguaia 0 0 0 0 1 0 0 2 3

Itapuã do Oeste 0 1 2 0 0 0 0 0 3

Jaru 0 0 0 1 0 0 0 0 1

Ji-Paraná 0 0 1 2 5 2 0 1 11

Machadinho d'Oeste 0 1 0 0 0 1 0 0 2

Nova Mamoré 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Ouro Preto do Oeste 1 0 0 0 0 1 0 0 2

Pimenta Bueno 1 2 0 1 0 0 0 0 4

Porto Velho 8 13 11 13 12 14 12 2 85

Presidente Médici 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Rolim de Moura 0 0 0 0 0 2 0 0 2

Vale do Anari 0 0 0 1 0 0 0 0 1

Vilhena 0 0 1 0 0 1 0 0 2

Total 14 18 19 19 21 23 14 10 138

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, 2022.

Saúde integral: teoria e prática 139


CASOS CONFIRMADOS NO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE AGRAVOS DE
NOTIFICAÇÃO POR ANO DIAGNÓSTICO, SITUAÇÃO ENCERRA E ABANDONO EM
RONDÔNIA.

Conforme na (tabela 04) que no estado de Rondônia, 46 pessoas tiveram a cura da


TB no período de 2015 a 2020 e no ano de 2020 teve o maior número de abandono de
tratamento sendo 13 pessoas, e em 2019-2020-2021 constando que 4 pessoas vieram a
óbito por tuberculose na População em Situação de Rua.

Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net,


2022.

ANÁLISE

Com base de dados no sistema Sinan os casos de Tuberculose no Brasil é de 22.911


casos confirmados no período de 2015 a 2022, sendo que a Região Norte é de 1.242
comparada com a Região Sudeste é de 12.198 com maior índice de casos. No Brasil
encontra obstáculos diante da dificuldade histórica em difundir informações sobre a doença
de forma mais eficiente, das crises econômicas com impactos negativos nos índices de
pobreza, da má distribuição de riquezas, do precário processo de urbanização, do aumento
da infecção por HIV, de insatisfatórios níveis de nutrição, de condições sanitárias precárias
e do aumento das populações em vulnerabilidade. Destacam-se as pessoas em situação
de rua, um grupo de risco especial para a tuberculose por sofrer extrema exclusão social,

Saúde integral: teoria e prática 140


acesso precário aos serviços de saúde e diversas situações de violência e discriminação,
além de possuir vínculos familiares fragilizados ou inexistentes (Andresa Cristine, 2020).

Observa-se que analisando a (Tabela 1) os dados da PSR em Rondônia nota-se


que em 2015 a 2020 houve um aumento 38% de casos de tuberculose, demonstra que a
incidência de pessoas com tuberculose nos anos de 2021 e 2022 teve menor frequências.
Comparando com o estado do Acre no ano de 2019 a 2021 apresentava 22 diagnósticos
de TB, já no estado de Rondônia, no mesmo período apresentou 58 diagnósticos de TB na
PSR. Sendo que a causa se trata pelo índice populacional de pessoas em situação de rua,
no estado do Acre apresenta 159 e no estado de Rondônia 690.

De acordo com os resultados investigados no Sinan, o município de Porto velho, no


ano de 2020 apresentava 14 casos de diagnóstico de tuberculose, comparando com o
município de Ji-Paraná, que em 2020 apresentou 2 diagnósticos. Sendo que a causa se dá
pelo déficit dos profissionais de saúde de não notificar no sistema Sinan de acordo com a
Portaria n° 264, de 17 de fevereiro de 2020, pode ser umas das causas da oscilação de um
município para o outro.

A PSR está inserida em um contexto de invisibilidade social e naturalização de suas


condições de vida, o que atrelado às iniquidades sociais e de saúde, implica diretamente
na definição de políticas públicas, adoção de estratégias eficazes, além do real
conhecimento sobre o seu quantitativo, o qual inclui em Porto Velho, por exemplo,
imigrantes de diferentes países, tais como Haiti e Venezuela, em Porto Velho apresenta
134 moradores de rua no ano de 2020 como maior índice, em 2021 consta 112 PSR. Tais
aspectos, somados ainda com a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, mesmo com
a atuação do Consultório na Rua interferem no acompanhamento dos casos, bem como
nas ações de vigilância desde o rastreamento (HALAX OFÃO, 2021).

CONCLUSÃO

Com base no levantamento realizado neste estudo, verificou-se que o perfil


sociodemográfico em Rondônia, incluiu que nos anos de 2015 a 2022 analizamos o perfil
epidemiologico principalmente o sexo feminino, faixa etária entre 31 a 38 anos, raça/ cor,
auta baixa escolaridade, De modo complementar, foram notificados que no período de 2020
teve a maior número de abandono de tratamento. Os esforços para o controle da TB devem
abordar ações específicas para a população de rua, dadas as suas particularidades, uma

Saúde integral: teoria e prática 141


vez que essa população é mais suscetível a adoecer e diversos são os obstáculos para a
adesão ao tratamento.
Destaca-se a necessidade da abordagem de conteúdos relacionados às doenças
negligenciadas, como é o caso da TB em PVSR, em cursos da área da saúde, a fim de
sensibilizar os futuros profissionais para prestarem atendimento de forma adequada, com
uma abordagem integral, e que aprendam instrumentos que possibilitem o reconhecimento
das necessidades de saúde (Hino P, 2020).
Destaca-se a urgência de políticas públicas que contribuam para a proteção social
desse grupo. Por fim, ressalta-se a importância de novos estudos que investiguem a
temática, desde questões que envolvem o processo saúde-doença no contexto das PVSR,
até suas formas de enfrentamento. Ademais, destaca-se que é fundamental a diminuição
das desigualdades por meio de políticas que incluam essa população e garanta seu
exercício da vida cidadã, de forma que tenham acesso a moradia, saúde, educação e
emprego (Hino P, 2020).

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância


das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da
Tuberculose no Brasil / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde,
2019, cap:1 p: 27- 43.

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Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv6n10-062. Acesso em: 29 de setembro de
2022.

Hino, P., Yamamoto, T.T., Bastos., S.H., Beraldo, A.A., Figueiredo, T.M.R.M., Bertolozzi,
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Sinan Net.

Martins, J. P., Machado, R. C., Conceição, A. D. A., de Assunção, V. J., & da Silva, S. R.
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Abandono de Tratamento no Maranhão de 2017 a 2020. Brazilian Journal of
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Saúde integral: teoria e prática 142


ORFÃO, N. H.; SILVA, K. M.; FERREIRA, M. R. L.; BRUNELLO, M. E. F. População em
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https://doi.org/10.1590/S1679-49742021000100029. Acesso em: 13 de setembro de
2022.

Saúde integral: teoria e prática 143


Capítulo

12

Saúde integral: teoria e prática 144


SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE PORTO
VELHO– RO NO CONTEXTO DA PANDEMIA COVID-19: UMA REVISÃO
METÓDICA DO ANO DE 2020 A 2022

ERIKA VENÂNCIO DOS SANTOS

SAMIRA OLIVEIRA MAIA

Orientador: RAFAEL ADEMIR OLIVEIRA DE ANDRADE


Sociólgo e Doutor em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente pela
Universidade Federal de Rondônia
Centro Universitário São Lucas – Afya

RESUMO: O presente artigo se apresenta de forma qualitativa, com sua natureza analítica e de
caráter bibliográfico, onde foi realizada uma revisão com o intuito de compreender como o
enfrentamento da pandemia de COVID-19 afeta a saúde mental dos profissionais da saúde com
foco nos profissionais de enfermagem. Essa pesquisa trata-se de uma revisão integrativa da
literatura sobre o tema, onde através do fichamento de teses e artigos elaborados entre os anos
de 2020 a 2022, em português, presente em bancos de dados como BVS, Google acadêmico,
biblioteca digital do Centro Universitário São Lucas. O atual surto da doença causada pelo
Coronavírus, está ocasionando prejuízos enormes para todo o mundo e tende a provocar pânico
generalizado na população. Diante dessa realidade, os profissionais da enfermagem fazem parte
de um dos grupos mais afetados, expostos ao risco de contágio e da dor emocional que afeta
consideravelmente a saúde mental. Observou-se que, os estudos considerados para esta
pesquisa refletem diretamente na saúde mental das pessoas e no combate ao agente patogênico
que são os focos primários de atenção de gestores e profissionais da saúde. Os estudos trazem
como foco principal o estresse e a ansiedade que interferem na saúde desses trabalhadores.
Portanto, é preciso lembrar que, assim como os pacientes, esses profissionais também possuem
pessoas que os amam, para as quais precisam voltar com saúde física e mental. Os profissionais
da saúde necessitam de um olhar mais sensível voltado às suas necessidades físicas, mentais e
espirituais, medidas para mantê-los saudáveis devem ser realizadas.
PALAVRAS-CHAVES: Coronavírus. Sanidade mental. Vírus. Quarentena.

ABSTRACT: This is presented in a qualtative way, with its analytical and bibliographical nature,
where a review was carried out in order to understand how coping with the COVID-19 pandemic
affects the mental health of health professionals, focusing on health professionals. Nursing. This
research is an integrative reviw of the literature on the subject, where through the filing of theses
and articles prepared between the Years 2020 to 2022, in portuguese, presente in databases such
as BVS, Google academic, digital library of the Centro University of San Lucas. The currente
outbreak of the disease caused by the Coronavirus is causing enormous damage to the whole
world and tends to cause widespread panic in the population. Faced with this reality, nursing
professionals are part of one of the most affected groups, exposed to the risk of contagion and
emotional pain that considerably affects mental health. It was observed that the studies considered
for this research directly reflect on people´s mental health and on the fight Against the pathogenic
agent, which are the primary focus of attention of managers and health professionals. The studies
have as their main focus the stress and anxiety that interfere with the health of these workers.
Therefore, it is necessary to remembre that, like patientes, these professional salso have people
who love them, to whom they need to return with physical and mental health. Health professionals
need a more sensitive look at their physical, mental and spiritual needs, measures to keep them
healthy must be carried out.
KEYWORDS: Coronavirus. Sanity. Virus. Quarantine.

Saúde integral: teoria e prática 145


INTRODUÇÃO

A Covid-19, doença causada pelo coronavírus intitulado de SARS CoV-2, foi


descoberta pela primeira vez na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019.
No dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que a
epidemia de Covid- 19 estabelecia uma Emergência de Saúde Pública de Importância
Internacional (ESPII), e, em 11 de março uma pandemia. Já em 18 de março de 2020, os
casos comprovados haviam ultrapassado 214 mil em todo mundo (OLIVEIRA et al., 2020;
FREITAS et al., 2020).
A Síndrome Respiratória Aguda (SARS Cov-2), é uma infecção respiratória
potencialmente grave causada pelo novo coronavírus. As manifestações clínicas,
geralmente, se assemelham desde um resfriado comum leve à uma pneumonia viral
grave, podendo a intensidade dos sintomas variar, levando a uma síndrome de
desconforto respiratório agudo, porventura, fatal (BEECHING N et al., 2021), além de
possuir uma alta taxa de transmissibilidade.
Os sintomas característicos incluem febre, tosse, dispneia e perda do
paladar/olfato, no entanto, alguns pacientes podem ter sintomas leves do trato respiratório
superior ou ser assintomáticos. As complicações da doença grave incluem, mas não são
limitadas a falência de múltiplos órgãos, choque séptico e tromboembolismo venoso. Os
sintomas podem ser persistentes e continuar por mais de 12 semanas em alguns
pacientes (BEECHING N et al., 2021, p. 3).
O vírus é transmitido através de gotículas respiratórias, sendo eliminado nas
secreções quando o indivíduo contaminado tosse, espirra ou fala, podendo contaminar
outro indivíduo caso entre em contato direto com as membranas mucosas. A infecção
também ocorre caso haja contato com superfícies contaminadas como celulares, mesas,
talheres, entre outros e, posteriormente com os olhos, nariz e boca (BVS, 2020).
O combate à Covid- 19, dentro das unidades de saúde, demanda uma variedade
de profissionais que inclui trabalhadores da saúde e serviços de apoio como, por exemplo,
serventes, seguranças, entre outros. Já entre os profissionais de saúde, os profissionais
de Enfermagem, protagonistas deste estudo, configuram, aproximadamente, 2,2 milhões
no Brasil, atuando em diferentes regiões e em proporções desiguais (COFEN, 2020 apud
MIRANDA, et al., 2020).
São profissionais que, independentemente do tipo de atendimento e do estado de
saúde, atuam na linha de frente do cuidado prestado (MIRANDA, et al., 2020). A essência

Saúde integral: teoria e prática 146


da profissão dos enfermeiros é um processo de cuidar. Este processo não se limita ao
desenvolvimento de atividades técnicas; também envolve conhecimento científico,
sentimentos e emoções.
O constante cenário de morte e estresse vivenciados no ambiente de trabalho e,
na maioria das vezes, sobrecarregados de pacientes com forte capacidade de
transmissão do vírus, necessita de um atendimento de enfermagem cuidadoso e rigoroso,
incluindo procedimentos técnicos durante a paramentação e desparamentação, seguindo
o que é recomendado cientificamente (MIRANDA et al., 2020). Devido ao rápido aumento
do número de profissionais de saúde infectados com Covid-19, bem como a toda
exposição ao estresse e pressão, a saúde mental desses profissionais foi identificada
como algo que requer uma atenção especial (PRADO et al., 2020).
Nesse sentido, o nosso artigo tem como objetivo geral avaliar o impacto da
pandemia COVID-19 na saúde mental dos profissionais de enfermagem e os principais
recursos de apoio encontrados em artigos científicos sobre o tema.
Considerando que não foi localizada evidências em grande extensão no acervo da
faculdade São Lucas, nos bancos de dados da biblioteca virtual em saúde, e no google
acadêmico, sobre saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto da
pandemia Covid-19 em Porto Velho, refletiu-se a importância de realizar essa pesquisa,
bem como foi ressaltada a exploração de dados sobre os profissionais da saúde e teve
como intuito auxiliar em futuras pesquisas os dados que obtivemos neste trabalho
(DONGE et al., 2020).
A reflexão sobre a importância do profissional de enfermagem foi considerada em
todas as etapas do trabalho, e existem pontos que seguiram para a continuação da
qualidade do trabalho, sendo eles, como um dos principais, se não o principal, o bem estar
psicossocial do profissional de saúde, e é necessário ter um olhar holístico sobre todo o
ser da pessoa prestadora do serviço, tendo a informação principal de que a saúde mental
e seu bem-estar afeta diretamente seu bem-estar físico, sua relação com o ambiente e
seus pacientes.
Desde o ano de 2020, os profissionais de enfermagem foram assolados pelo
aumento do sofrimento psíquico, aumentando gradativamente os transtornos mentais, de
ansiedade e depressivos, diante do medo, incertezas sobre o futuro e alta exposição ao
vírus, que se mostrou altamente contagioso e com grande mortalidade (GUIMARÃES et
al, 2018).
Destaca-se que o assunto tem tomado grandes proporções, após a Síndrome de
Burnout, que se caracteriza pelo alto esgotamento profissional, tornou-se motivo, por lei,

Saúde integral: teoria e prática 147


de afastamento do serviços, desde sua denominação em 1974 é a primeira vez que esta
Síndrome torna o afastamento do profissional de forma remunerada, e isso se dá por altas
taxas de adoecimento mental e físico, principalmente dos profissionais de saúde, atingidos
por sobrecarga de trabalho, perda de amigos e familiares e incertezas sobre o futuro.
Com objetivo de destacar sua importância, esse trabalho irá discutir e mostrar como
é importante o profissional de enfermagem ter um apoio psicossocial de qualidade,
tratando seus transtornos, inquietudes e como a saúde mental é essencial para preservar
a qualidade do serviço oferecido, bem como para manter as relações sociais, bem-estar
físico e qualidade de vida. É de suma importância que os profissionais na linha de frente
tenham um apoio psicossocial, e para isso é essencial entender que os profissionais de
saúde estão expostos a esgotamento da sua saúde mental, não atingindo só ao seu ser,
mas como a todos em seu convívio diário, diminuindo o rendimento profissional e relações
sociais.
Destaca-se ainda a alta taxa de contaminação e mortalidade dos profissionais de
saúde que trabalham na linha de frente do covid-19, tornando o sofrimento psíquico maior,
aumentando o medo, ansiedade, prejudicando o sono e outros sofrimentos causados pela
exposição ao vírus. 61,24% dos profissionais de enfermagem afirmam ter desenvolvido
alguma doença psíquica durante a pandemia, segundo dados do Cofen.
Ocorreu uma elevação no agravamento dos transtornos mentais nos profissionais
de enfermagem dentro da pandemia de covid-19, ainda em conjunto com a insegurança
e incerteza de quando e se o cenário irá melhorar (KAVOOR et al, 2020). Considerando
o contexto acima justifica-se a realização desse trabalho em Porto Velho-RO.
Com isso, os resultados esperados são impactar a sociedade, mostrando o que a
literatura fala sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem que estão na linha
de frente contra a covid-19. Os principais resultados encontrados nesses artigos foram o
desenvolvimento da alta prevalência dos sintomas de ansiedade e depressão nos
enfermeiros que vivenciaram e vivenciam essa situação precária.
Definitivamente, nos últimos tempos, a pandemia da Covid-19 nos mostrou que a
ciência é a melhor resposta para lidar com crises sanitárias. Desde que o momento
epidêmico foi decretado, no começo de 2020, todos nós passamos a dar atenção aos
profissionais e pesquisadores da área esperando por orientações.

Saúde integral: teoria e prática 148


REFERENCIAL TEÓRICO

Nosso referencial teórico foi dividido em dois tópicos, onde no primeiro tópico foi
abordado: a saúde mental dos profissionais de enfermagem, e o segundo: à saúde mental
na pandemia, o primeiro tópico com a intenção de mostrar como essa pandemia afetou a
saúde mental de muitos profissionais da saúde, focando principalmente nos de
enfermagem com o desenvolvimento da alta prevalência do cansaço físico e mental, a dor
de perder pacientes e colegas, a dificuldade na tomada de decisões, o medo da
contaminação e a propagação da doença aos familiares, que também são fatores que
prejudicam a saúde mental dos profissionais de saúde atuantes na linha de frente no
combate.
Já o segundo tópico foi abordado com o objetivo de mostrar como a saúde mental
de toda a sociedade foi afetada com sintomas de ansiedade e depressão com a vivência
dessa situação, e como ambos foram e ainda são prejudicados nesse período pandêmico.
Além da pandemia ser um tema atual, tratar de saúde mental que está em prejuízo, não
só na área da saúde, juntar os dois em apenas um assunto traz um ar desafiador e
inovador, considerando que, muitas pessoas abrem mão de se dedicar a um assunto
“complicado”, porém recompensador por ser algo necessário para todos.

SAÚDE MENTAL DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Os profissionais de saúde lidam a todo o tempo com a morte e com decisões difíceis
que podem afetar seu bem estar físico e mental. Segundo a Organização Mundial da
Saúde, “A saúde mental é definida como um estado de bem-estar no qual cada indivíduo
realiza seu próprio potencial, pode lidar com o estresse normal da vida, pode trabalhar de
maneira produtiva e é capaz de contribuir com sua comunidade” (WHO, 2014).

Fizeram um mapeamento mostrando o índice de risco que os trabalhadores


brasileiros têm de serem contaminados pelo COVID-19 durante suas atividades
profissionais e os trabalhadores da saúde apresentaram de 97 a 100% de risco de
contágio desde técnicos de saúde bucal a técnicos de enfermagem, enfermeiros e
médicos.

De acordo com o Ministério da Saúde (2020), no Boletim Epidemiológico Especial


n° 16 divulgado em maio no Brasil, existem 199.768 profissionais de saúde registrados no

Saúde integral: teoria e prática 149


e-SUS Notifica com suspeita de COVID-19 sendo que 31.790 (15,9%) foram confirmados
para a doença, 53.677 (26,9%) foram descartados por não atenderem aos critérios e
114.301 (57,2%) permanecem em investigação. A categoria profissional com o maior
número de registros no sistema foi “Técnico ou Auxiliar em Enfermagem” (68.250 ou
34,2%), seguida de “Enfermeiro” (33.733 ou 16,9%), “Médico” (26.546 ou 13,3%),
“Recepcionista” (8.610 ou 4,3%) e “Outro tipo de agente de saúde” (5.013 ou 2,5%)
(BRASIL, 2020).

Devido a esse rápido crescimento do número de profissionais de saúde infectados


pelo COVID-19 e todo o estresse e pressão que têm sofrido, a saúde mental desses
profissionais tem sido apontada como uma grande preocupação. Em estudo realizado no
Canadá no surto de COVID-19, (Pereira MD, et al. 2020) encontraram sintomas que
exemplificam prejuízo na saúde mental dos trabalhadores da saúde, como sensação de
alto risco de contaminação, efeito da doença na vida profissional e humor deprimido.

É comum que profissionais estressados ou com alguma carência psíquica sejam


os últimos a reconhecer sua necessidade de apoio a esses estigmas da resistência,
conhecido como psicofobia, pode ser um obstáculo para pedir ajuda, o que faz com que
esses trabalhadores não priorizem o autocuidado.

Dentro ou fora do trabalho é fundamental que o trabalhador cuide de suas


necessidades básicas e de seu corpo, alimentando-se, hidratando-se, dormindo bem, não
consumindo álcool, tabaco ou outras drogas e procurando descansar nos dias de folga.
Além disso, durante ou entre turnos, torna-se relevante o uso de estratégias positivas de
enfrentamento da ansiedade e do estresse, mantenha contato com seus entes queridos,
principalmente, por meios digitais; filtra o excesso de informações e selecione as fontes;
encontre momentos para fazer o que gosta e caso se sinta extremamente deprimido,
sobrecarregado, estressado ou ansioso busque ajuda de colegas, familiares, chefias ou
outro profissional.

O cuidado com a saúde mental dos profissionais da saúde não pode cessar ou ser
minimizado na pós-pandemia, pois alguns profissionais podem demorar em exteriorizar o
luto, o medo, as angústias e o esgotamento físico e psíquico. Por isso é importante que
haja um planejamento das intervenções necessárias para cada fase do surto, adaptando-
as à necessidade de cada um.

Por se tratar de uma doença pandêmica de rápida disseminação, várias iniciativas


foram implementadas mundialmente e abordam questões consideradas críticas em

Saúde integral: teoria e prática 150


relação à estrutura física dos serviços de saúde, à proteção individual e às questões
administrativas. Além dessas, outras orientações sobre a saúde mental no trabalho de
enfrentamento da COVID-19 também foram criadas para gerenciar a saúde e o bem estar
psicossocial.

Em razão disso, é essencial que os profissionais da enfermagem sejam apoiados


durante o manejo da COVID-19 com protocolos atualizados de controle de infecção,
tenham acesso aos equipamentos de proteção individual em seu local de trabalho,
recebam treinamentos contínuos e apoio dos líderes e das chefias, que devem fornecer
recursos para amparar os profissionais expostos ou que vivenciaram outros danos
relacionados ao surto e que sejam testados sistematicamente na vigência de sintomas.

O suporte e o apoio psicossocial em saúde mental do trabalhador ganham


importância, nas ações de promoção, prevenção e recuperação das pessoas com
transtornos mentais. O “suporte psicossocial percebido” tem por objetivo fornecer ajuda
emocional e o sentimento de pertença a um contexto, ou seja, envolve a reciprocidade e
contribui para a valorização do eu, o bem-estar psíquico, maior estado de satisfação com
a vida e níveis de autoestima.

A vivência no ambiente de trabalho proporciona ricas experiências, histórias e


frustrações, por isso, o apoio entre os profissionais de saúde é fundamental para que
percebam o quanto são importantes e essenciais.

O suporte psicossocial para a equipe de enfermagem é essencial para preservar


sua saúde a curto e longo prazo, especialmente, em situações muito estressantes. A
garantia do bem estar depende da elaboração de estratégias articuladas desde a
prevenção, promoção da saúde mental, até o tratamento e reabilitação desses
profissionais, devendo envolver a instituição e toda a equipe.

SAÚDE MENTAL NA PANDEMIA

A saúde mental é uma parte integrante essencial da saúde e não consiste apenas
na ausência de doença ou de enfermidade, sendo definida como um estado de bem-estar
no qual um indivíduo realiza suas próprias escolhas, lidando com as questões do
cotidiano, atuando produtivamente através do trabalho e contribuindo com a sua
comunidade. A saúde mental e bem-estar são fundamentais tanto na forma coletiva como
individual, e para tal ser desenvolvida e preservada necessita de medidas de promoção e

Saúde integral: teoria e prática 151


proteção que melhoram o bem-estar psicológico dos indivíduos e populações (OMS,
2013).

O isolamento social ocasionado pela pandemia da COVID-19 afeta não apenas a


saúde física das pessoas, mas também a saúde psicológica e o bem-estar da população
não infectada. As ampliações das medidas de isolamento social levaram a população
mundial a níveis aumentados de ansiedade, depressão e estresse, sendo necessárias
adaptações nos planos de curto, médio e longo prazos, que tiveram de ser adiados ou
interrompidos (Xiao, 2020).

Ao analisar o impacto psicológico do isolamento social em epidemias prévias,


verifica-se que os impactos são negativos. Na pandemia de COVID-19, identifica-se que
os principais fatores estão relacionados à duração do distanciamento social, o medo da
contaminação, os sentimentos de frustração e de aborrecimento, as informações
inadequadas sobre a doença e seus cuidados, os impactos socioeconômicos e o estigma
da doença. Observa-se a ocorrência, nas pessoas em distanciamento social, de sintomas
psicológicos, distúrbios emocionais, depressão, estresse, humor depressivo, irritabilidade,
insônia e sintomas de estresse pós-traumático (Brooks et al, 2020).

Um dos principais gatilhos para o surgimento do estresse durante a pandemia é o


sentimento de perda do direito de ir e vir, que ocasiona um estado de negação da
gravidade da doença. Isso leva automaticamente à desconsideração da relevância do
isolamento social por meio de um auto boicote inconsciente de atitudes e de
comportamentos individuais, como a ausência de higienização das mãos, o uso de
máscara, as aglomerações e as saídas de casa (Enumo, et al., 2020).

O sentimento de incerteza relacionado ao estresse e aos limites impostos pelas


medidas preventivas de isolamento social, havendo a hipótese de alterações, de modo
drástico, nos planos, além da separação brusca do ambiente social ou familiar do
indivíduo, tornam-se catalisadores constantes para o surgimento de sintomas de
ansiedade e até mesmo de depressão (Lu et al, 2020).

O distanciamento social pode propiciar distúrbios à saúde mental, considerando a


interrupção repentina do seguimento contínuo da vida acelerada da sociedade, o principal
motivador para a problemática. Além dessa adversidade, os serviços de saúde
especializados no fornecimento de cuidados mentais entraram em colapso,
impossibilitando terapêuticas capazes o suficiente para estabilizar as emoções negativas
consternadas à sociedade desde o início da pandemia da covid-19.

Saúde integral: teoria e prática 152


Estudo desenvolvido por Ahmed et al, (2020) na China, primeiro país que adotou a
quarentena e o isolamento social como medidas protetivas à disseminação do novo
coronavírus, descreveu as consequências psicológicas do isolamento social, em que foi
percebido maior índice de ansiedade, depressão, uso nocivo de álcool e menor bem-estar
mental que os índices populacionais usuais.

Os pacientes com confirmação ou suspeita da COVID-19 apresentaram temor das


consequências da infecção, e, de forma geral, toda a população que está realizando o
isolamento social refere sentir tédio, solidão e raiva; evidenciando também um acentuado
número de situações de estresse ocasionadas pela instabilidade financeira,
desencadeada pelo desemprego (Holmes et al, 2020).

Pessoas diagnosticadas com COVID-19 também estão suscetíveis a algum


sofrimento mental, o que pode gerar reações como angústia, medo, tédio, solidão, insônia
ou raiva. Acresce-se a isso o aumento nos comportamentos de risco à saúde como o
aumento do consumo de álcool, cigarro e outras drogas nesse período (Andrés et al,
2020). Portanto, é preciso separar os efeitos psicológicos produzidos na situação de
pandemia de COVID-19, isto é, compreendê-los e contextualiza-los além de prover a
redução dos danos de vulnerabilidades e atuar nas demandas particulares de cada
população (Wang et al., 2020; Bezerra et al, 2020).

METODOLOGIA

Essa pesquisa foi realizada de forma qualitativa, onde lidamos com a qualidade dos
dados, por ela ser subjetiva e analítica usamos dessa natureza para realizar uma revisão
bibliográfica.

Com relação ao objetivo da pesquisa foi de natureza analítica, pois analisamos o


impacto da pandemia COVID-19 na saúde mental dos profissionais de enfermagem. Com
relação aos procedimentos de forma bibliográfica foi uma pesquisa de revisão onde
buscamos em acervos físicos e virtuais, artigos com temas relacionados. Nos critérios de
inclusão e exclusão, utilizamos os seguintes parâmetros: artigos entre os períodos de
2020/2022, em português, relevantes, e com informações relacionadas ao nosso tema.
Para a revisão bibliográfica foram levantados artigos nos bancos de dados BVS e google
acadêmico, utilizando as seguintes palavras: enfermagem; saúde mental; pandemia;
covid-19. Utilizando essas palavras chegamos a 17 resultados na BVS, dos quais 6 foram

Saúde integral: teoria e prática 153


selecionados.

Já no google acadêmico chegamos a 9.730 resultados, dos quais 15 foram


selecionados. Foram lidos os resumos desses resultados e selecionados 5 que se
encaixam totalmente no tema deste trabalho, totalizando 11 artigos que atendiam ao
objetivo entre os anos de 2020 a 2022, mas o ano com maior número de publicações foi
o de 2020. Desses 11 serão lidos destacando os principais resultados de cada artigo.

Os 11 artigos foram selecionados por abordarem assuntos como a saúde mental


do profissional de enfermagem durante a pandemia covid-19, os principais recursos de
apoio, os efeitos do isolamento social na pandemia e os transtornos de ansiedade
adquiridos na pandemia, que são temas que influenciam diretamente o nosso artigo.

RESULTADOS

Para melhor visualização dos resultados, dividimos ele em duas etapas, a primeira
trata-se de um tópico de identificação e dados da produção onde mostramos as principais
informações sobre o artigo e seus autores, como a instituição dos autores, o título do artigo,
o ano de publicação e a revista publicada. Finalizamos fazendo uma análise geral deste
tópico, onde verificamos a concentração dos anos desses artigos publicados, se teve
repetição de revista, às instituições que mais publicaram artigos com essa temática. Já na
segunda etapa fizemos um quadro com as conclusões dos artigos elencados, logo após
fizemos uma discussão geral das conclusões dos artigos e finalizamos com uma análise.

TÓPICO DE IDENTIFICAÇÃO E DADOS DA PRODUÇÃO

1. Autores: Dorisdaia Carvalho de Humerez; Rosali Isabel Barduchi Ohi; Manoel


Carlos Neri da Silva.
Título: Saúde mental dos profissionais de enfermagem do Brasil no contexto da
pandemia COVID-19: ação do conselho federal de enfermagem.
Revista: Cogitare Enfermagem.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Universidade Federal de São Paulo.
2. Autores: Aline Marcelino Ramos-Toescher; Jamila Geri Tomaschewik-
Barlem; Edison Luiz Devos Barlem; Janaína Sena Castanheira; Rodrigo Liscano

Saúde integral: teoria e prática 154


Toescher.
Título: Saúde mental de profissionais de enfermagem durante a pandemia de
COVID-19. recursos de apoio.
Revista: Revista escola Anna Nery.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Universidade Federal do Rio Grande, RS.
3. Autores: Priscila Carvalho Fogaça; Guilherme Anzilero Arossi; Alice Hirdes.
Título: Impactos do isolamento social causado pela pandemia de COVID-19 na
saúde mental da população em geral: uma revisão integrativa.
Revista: Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento.
Ano: 2021.
Instituição dos autores: Universidade Luterana do Brasil.
4. Autores: Roger Rodrigues da Silva; José Adelmo da Silva Filho; Jessica Lima
de Oliveira; Jayana Castelo Branco Cavalcante de Meneses; Camila Almeida
Neves de Oliveira; Antonio Germane Alves Pinto.
Título: Efeitos do isolamento social na pandemia da COVID-19 na saúde mental
da população.
Revista: Avances En Enfermería.
Ano: 2021.
Instituição dos autores: Universidade Regional do Cariri (Crato, Ceará,
Brasil).
5. Autores: Amanda Sorce Moreira; Sérgio Roberto de Lucca.
Título: Apoio Psicossocial e saúde mental dos profissionais de
enfermagem no combate ao covid-19.
Revista: Revista oficial do conselho federal de enfermagem.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Universidade Estadual de Campinas - Unicamp.
6. Autores: Ana Cláudia Costa Pereira; Matheus Moraes Alves Pereira; Bárbara
Luanna Lopes Silva; Camila Melo de Freitas4; Camila Segal Cruz; Dara Boa
Morte David.
Título: O agravamento dos transtornos de ansiedade em profissionais de saúde
no contexto da pandemia da COVID- 19.
Revista: Brazilian Journal of Health Review.
Ano: 2021.
Instituição dos autores: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais –

Saúde integral: teoria e prática 155


PUC - MG; Faculdade Pitágoras de Eunápolis – FPME-BA; Faculdade de Minas-
BH–FAMINAS-BH; Universidade Vila Velha– UVV-ES.
7. Autores: Antonia Mylene Sousa Almeida; Kauana Pinto Lima; Maria Samara
Da Silva; Socorro Taynara Araújo Carvalho; Bruno Dias da Silva; Bárbara Lays
Pereira Leonardo; Maria Aparecida Damasceno Silva Santos Marques; Jaynne
da Costa Abreu de Sousa; Jhonnata Bezerra Araújo Melo; Ariane Luz Carvalho;
Maria Rosemary da Silva Gomes.
Título: A saúde mental dos profissionais de enfermagem na linha de frente à
assistência de pacientes com COVID-19.
Revista: Revista De Casos e Consultoria.
Ano: 2021.
Instituição dos autores: Faculdade de Educação São Francisco, Brasil;
Universidade Estácio de Sá, Brasil; Centro Universitário Inta, Brasil; Centro
universitário UniFacid, Brasil; Centro Universitário Santo Agostinho, Brasil;
Secretaria Municipal de Saúde de Pedreiras MA, Brasil;
8. Autores: Alyce Brito Barros; Vitória Raquel da Silva; Kassia Ellen Almeida
Gomes; Emanuel Cardoso Monte; Maria Elisa Regina Benjamin de Moura;
Sabrina Martins Alves; Petrúcya Frazão Lira.
Título: Impactos da pandemia COVID-19 na saúde mental dos profissionais de
enfermagem.
Revista: Brazilian Journal Of Development.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Centro Universitário de Juazeiro do Norte
(UNIJUAZEIRO), Juazeiro do Norte, Ceará.
9. Autores: Gabriela Duarte Bezerra; Aline Sampaio Rolim Sena; Sara Teixeira
Braga; Marcia Eduarda Nascimento dos Santos; Lorena Farias Rodrigues
Correia; Kyohana Matos de Freitas Clementino; Yasmin Ventura Andrade
Carneiro; Woneska Rodrigues Pinheiro.
Título: O impacto da pandemia por COVID-19 na saúde mental dos
profissionais da saúde: revisão integrativa.
Revista: Revista de enfermagem atual.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Universidade Regional do Cariri;
10. Autores: Krešimir ûosiü; Siniša Popoviü; Marko Šarlija; Ivan Kesedžiü.
Título: Impactos de desastres humanos e da pandemia de COVID-19 na saúde

Saúde integral: teoria e prática 156


mental: potencial da psiquiatria digital.
Revista: Psychiatry Danubina.
Ano: 2020.
Instituição dos autores: Universidade de Zagreb, Croácia.
11. Autores: Fernanda Berchelli Girão Miranda; Mellina Yamamura; Sarah
Salvador Pereira; Caroline dos Santos Pereira; Simone Teresinha Protti-Zanatta;
Marceli Karina Costa; Sonia Regina Zerbetto.
Título: Sofrimento psíquico entre os profissionais de enfermagem durante a
pandemia da COVID-19: Scoping Review.
Revista: Revista escola Anna Nery.
Ano: 2021.
Instituição dos autores: Universidade Federal de São Carlos.

ANÁLISES DOS TÓPICOS

1- Concentração dos anos - Com base nos artigos selecionados a maioria foi
publicado no ano de 2020, mas podemos ver que as produções se dividem bastante entre
os anos de 2020 e 2021. Isso porque foi o ano de início da pandemia covid-19, fazendo
então com que o tema fosse bastante discutido no mundo todo, com isso gerando muitos
estudos sobre a temática, foram e estão sendo publicados artigos sobre esse tema
continuamente.

2- Revista - Podemos perceber que tivemos uma revista que se repetiu, a Revista
escola Anna Nery, que tem como objetivo publicar manuscritos originais de enfermagem,
do campo da saúde, onde devem trazer contribuições diretas ou indiretas à historicidade e
a prática do cuidado de enfermagem, à educação em enfermagem, ao desenvolvimento de
novas metodologias e tecnologias de cuidar, de ensinar e pesquisar, por isso uma
preocupação maior dessa revista em relação ao tema.

3- Instituição de ensino/pesquisa - Podemos ver que o Ceará tem produzido


mais trabalhos relacionados com esse tema, e também podemos ver que dentre os artigos
selecionados não temos trabalhos publicados com esse tema na região norte é possível
que exista uma correlação de no nosso trabalho os artigos de maior impacto no Brasil
sejam do sul e sudeste.

Saúde integral: teoria e prática 157


QUADRO – CONCLUSÕES DOS ARTIGOS ELENCADOS

ID Conclusão dos artigos sobre o tema: Saúde mental dos Enfermeiros na


Pandemia
1 O mundo do trabalho se tornou, de forma rápida e surpreendente, um
complexo monstruoso que gera muito sofrimento e sensação de
esvaziamento, significando uma negatividade em sua existência, revelado nos
depoimentos dos profissionais. Uma estratégia para cuidar da saúde mental é
o ouvir empático, planejado. Diante de uma pandemia como a que vivemos,
os profissionais da enfermagem fazem parte de um dos grupos mais afetados,
expostos ao risco de contágio e da dor emocional que afeta consideravelmente
a saúde mental. Uma boa proposta para todos é lembrar que a pandemia do
novo Coronavírus não é o primeiro desafio enfrentado no planeta Terra e que
não estamos sozinhos, mas fazemos parte de uma estratégia comunitária que
pode salvar vidas.
2 Ainda, vimos pela primeira vez, o uso da psicoterapia no teleatendimento em
um contexto de pandemia, demonstrando um avanço significativo na área de
saúde mental que, por sua vez, abre portas para uma série de atividades
futuras voltadas para os serviços de Telemedicina e Telessaúde. Concluímos
que, para melhor entendimento das repercussões psicológicas e psiquiátricas
de uma pandemia, é preciso levar em consideração as principais implicações
e emoções envolvidas antes, durante e após o evento. Assim, mais pesquisas
sobre os impactos da pandemia COVID-19 na saúde mental dos profissionais
de enfermagem precisam ser realizadas, uma vez que a utilização do
conhecimento e experiência prévia de situações semelhantes auxiliam no
direcionamento de ações e recursos efetivos. Como fator limitante para
análise de aspectos teóricos, destaca-se a escassez de estudos científicos de
campo que abordem de modo direcionado, os impactos da pandemia do novo
coronavírus à saúde mental dos profissionais de enfermagem. Haja vista que
grande parte dos estudos são realizados de modo a envolver todos os
profissionais de saúde, sem considerar as particularidades de cada profissão.
3 O enfrentamento da COVID 19 gerou uma mudança no modo de viver da
sociedade, sendo necessário preparar os serviços em saúde para esta
demanda, para que haja acolhimento e suporte psicológico e social da

Saúde integral: teoria e prática 158


população geral, direcionando a atenção aos fatores, que desencadeiam o
sofrimento psíquico, amparando os indivíduos neste período e nos pós
pandemia.
4 As consequências do distanciamento social na pandemia da covid-19 na
saúde mental demandam estratégias assistenciais inovadoras para o
enfrentamento. Recomendam-se intervenções públicas sobre a disseminação
de informações inverídicas acerca da pandemia, além do desenvolvimento de
mais pesquisas sobre a temática.
5 É preciso considerar a importância do trabalho da equipe de enfermagem em
todos os tipos de serviços de saúde, principalmente, em situações
emergentes. Por isso, além das condições de trabalho adequadas, o apoio
psicossocial na preservação da saúde mental destes profissionais é essencial
para os trabalhadores e para a qualidade do cuidado prestado.
6 Observou-se grande influência do contexto pandêmico no desenvolvimento e
agravo de transtornos psicológicos, em especial os ansiosos, nós profissionais
da saúde.
7 Portanto, para reduzir a incidência de sintomas mentais negativos e o
aparecimento de doenças de ordem psicológica, medidas são necessárias. O
apoio psicológico aos enfermeiros durante o enfrentamento da pandemia, é
uma medida eficaz para que consigam lidar melhor com a grande incidência
da perda de pacientes devido ao COVID-19. A melhor organização das escalas
de plantões é viável para diminuir a carga horária de trabalho excessiva e
prevenir o esgotamento físico destes profissionais.
8 Compreende-se que o momento em que estamos vivendo usa consequências
em todas as dimensões, incluindo física, emocional, social, econômico e
psicológico. Portanto é necessário que intervenções específicas sejam
tomadas precocemente e que os profissionais de enfermagem sejam
atendidos diante de suas inquietações, a fim de intervir no adoecimento mental
e prevenir complicações mentais, visto que a regressão da pandemia depende
de muitos profissionais, especificamente da enfermagem e é de suma
importância que essa classe esteja apresentando saúde mental e física para
dar assistência de qualidade aos que mais estão necessitando nesse momento
de fragilidade.
9 Portanto, para reduzir a incidência de sintomas mentais negativos e o
aparecimento de doenças de ordem psicológica, medidas são necessárias. O

Saúde integral: teoria e prática 159


apoio psicológico aos enfermeiros durante o enfrentamento da pandemia, é
uma medida eficaz para que consigam lidar melhor com a grande incidência
da perda de pacientes devido ao COVID-19. A melhor organização das escalas
de plantões é viável para diminuir a carga horária de trabalho excessiva e
prevenir o esgotamento físico destes profissionais.
10 A pandemia trouxe aos enfermeiros grandes desafios e muitas oportunidades
de mostrarem em todo mundo as suas habilidades e competências, seja em
uma Unidade Básica de Saúde (UBS), ou em um Hospital de média ou alta
complexidade. Nesse contexto, a atuação do enfermeiro se põe em destaque,
pois seu protagonismo na organização da linha de frente dos serviços e no
exercício da gerência do cuidado.
11 As práticas de apoio social mais importante durante os surtos são o
envolvimento da liderança com os demais trabalhadores da equipe de saúde,
através de uma comunicação eficiente; o reconhecimento da importância do
trabalho em equipe; o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; o incentivo
do apoio entre os colegas de trabalho e melhora das relações de trabalho; a
oferta de estratégias que promovam e protejam a saúde mental; promoção da
autonomia do trabalhador; a participação nos processos e nas discussões de
fluxos.
FONTE: Os autores, 2022.

DISCUSSÃO QUADRO

Saúde mental significa flexibilidade, opondo-se à rigidez. Ao fixar-se numa postura


repetitiva e paralisadora, o profissional de enfermagem em sofrimento se vê impedido de
exercer as múltiplas possibilidades de sua vida. Não negando os polos negativos da
existência, tais como a resistência, inflexibilidade, mecanismos de defesa, incongruência e
mal-estar, a concepção adotada enfatiza as condições positivas, facilitadoras de uma
relação que delineia uma configuração mais plena, mais satisfatória, mais saudável.

Para lidar com os impactos na saúde mental da população e profissionais de


enfermagem, uma série de informações sobre o gerenciamento de emoções, tem recebido
destaque mediante a pandemia do novo coronavírus. As evidências encontradas na
literatura demonstram que indivíduos em isolamento social estão mais suscetíveis ao
estresse e como consequência a esta privação social, tem apresentado principalmente

Saúde integral: teoria e prática 160


transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e a alteração na qualidade do sono.

Quarentena, isolamento ou distanciamento social são termos com significados


diferentes, mas apresentam em comum a característica de separar as pessoas, com intuito
de prevenir contágios, conter transmissão e reduzir impactos nos sistemas de saúde, tal
como vem sendo feito em todo o mundo diante da covid-19. Contudo, também são
estratégias que podem causar experiências desagradáveis na rotina das pessoas,
determinando consequências sociais, psicológicas e financeiras.

Os profissionais de enfermagem estão na linha de frente no combate ao CODIV-19


e expostos a maior risco de contaminação devido à escassez de recursos, como a falta de
equipamentos de proteção individual. A alta taxa de pessoas infectadas causa colapso nas
unidades de saúde e consequente sobrecarga de trabalho para os profissionais de
enfermagem que, com o desconhecimento da doença, medidas de segurança rígidas e o
medo de infectar-se com o vírus, desenvolvem sinais e sintomas propícios para o
aparecimento de transtornos de ordem psicológica.

O benefício mais importante que as empresas concedem para seus colaboradores é


o plano de saúde, que pode incluir coberturas para tratamentos psicológicos e psiquiátricos.
Mas, para além disso, é interessante pensar em manter um profissional dessa área para
atender o time mensalmente. Uma série de recursos de apoio úteis aos profissionais de
enfermagem foram reunidos, com o objetivo de subsidiar estratégias para enfrentar as
implicações da pandemia de coronavírus na saúde mental dos profissionais de
enfermagem.

Contudo, diante de experiências já divulgadas num contexto mundial, percebe-se a


urgência atrelada à antecipação dos sistemas de saúde, em identificarem e responderem
às necessidades de saúde mental de pacientes, familiares e, principalmente, dos
profissionais de saúde. A ênfase está nos profissionais de enfermagem, que atuam na linha
de frente no combate às doenças emergentes, ou seja, aqueles que atuam em contato
direto com indivíduos infectados, com vistas no provimento de recursos de apoio
adequados e efetivos para o manejo das situações.

Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, intervenções psicológicas


voltadas para os profissionais de enfermagem vêm desempenhando um papel
extremamente importante para a configuração do atual cenário. Assim, uma série de
serviços psicológicos, realizados por meios de tecnologia da informação e comunicação,
têm recebido destaque, principalmente por se constituírem de mecanismos relevantes para

Saúde integral: teoria e prática 161


o acolhimento de queixas relacionadas à saúde mental.

Aos demais, os profissionais de saúde, e de modo especial, os profissionais de


enfermagem enfrentam desafios adicionais durante surtos de doenças infecciosas,
incluindo a sobrecarga de serviço, escassez de recursos humanos e materiais, incerteza
da eficácia de tratamentos utilizados e ainda preocupações com o gerenciamento da própria
saúde, e a de seus familiares e pacientes.

ANÁLISE DOS ARTIGOS

A análise dos artigos selecionados suscita alguns comentários acerca de suas


limitações teóricas e metodológicas, em que pese as contribuições que trazem à
compreensão dos problemas que atingem os profissionais e os trabalhadores de saúde no
contexto do enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Em primeiro lugar cabe uma problematização do uso da categoria “profissionais de


saúde” de modo genérico, sem especificação da heterogeneidade que este termo recobre,
não só em relação à diversidade de categorias profissionais que atuam na área, mas,
sobretudo, pela ausência de uma visão crítica sobre as diferenças e as especificidades das
condições de trabalho das diversas categorias profissionais, especialmente a
hierarquização que marca as relações técnicas e sociais entre esses profissionais e
trabalhadores.

A maioria dos trabalhos toma como sujeitos do estudo os médicos e enfermeiras,


mas não fazem alusão às relações de poder e dominação que existem entre estas
categorias profissionais, derivadas da posição que cada uma ocupa na divisão técnica e
social do trabalho, às quais se sobrepõem às relações de gênero e classe.

Assim, não se aborda a questão da feminização da força de trabalho em saúde,


especialmente o fato de que o maior contingente de profissionais e trabalhadores do setor
é composto por mulheres, que acumulam jornadas de trabalho e estão sujeitas a condições
de maior exposição ao risco de contaminação pelo COVID-19, pela própria natureza do
trabalho que exercem junto aos pacientes internados em hospitais e UTIs. Assim, os
trabalhos analisados não incluem a análise das desigualdades e hierarquias próprias à
equipe de saúde, não somente nas relações entre médicos e enfermeiras/as, médicos/as,
técnicas de enfermagem, mas também com relação a outros profissionais envolvidos no
cuidado aos pacientes de COVID-19, como fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, etc.

Saúde integral: teoria e prática 162


Cabe registrar, inclusive que não foram encontrados trabalhos que tenham
investigado o conjunto heterogêneo de trabalhadores envolvidos no transporte de
pacientes, como motoristas, maqueiros ou a força de trabalho responsável por serviços de
higiene e limpeza no âmbito hospitalar e em outros serviços de saúde, bem como
sepultadores e outros trabalhadores que também estão expostos ao risco de contaminação
pelo COVID-19.

Também é necessário apontar uma limitação com relação ao lócus institucional em


que foram feitas as pesquisas. A quase totalidade dos trabalhos se concentrou no estudo
dos problemas que atingem os profissionais e trabalhadores de saúde que atuam no nível
hospitalar, negligenciando a importância dos serviços de atenção primária, como “porta de
entrada” dos pacientes ao sistema de saúde, situação em que os profissionais e os
trabalhadores de saúde que atuam nestas unidades também se expõem ao risco de
contaminação pelo COVID-19.

Ainda que no momento inicial da pandemia os serviços hospitalares tenham


adquirido maior visibilidade, por atenderem os pacientes em estado grave, que necessitam
internação e cuidado especializado em UTIs, não se pode deixar de levar em conta a
importância dos serviços ambulatoriais, de atenção primária, nem mesmo a assistência
domiciliar e os cuidados prestados em instituições de longa permanência, como asilos de
idosos, casas de repouso e outras formas de assistência a grupos específicos da
população.

Uma outra limitação que podemos apontar nos estudos revisados é a ausência de
menção a um conjunto de trabalhadores que fazem parte da força de trabalho em saúde
embora não tenham formação específica nas profissões da área, ou seja, o pessoal
responsável pelos chamados “serviços gerais”, a exemplo de maqueiros, motoristas de
ambulância, pessoal de limpeza, pessoal dos serviços de alimentação e manutenção de
equipamentos, inclusive o contingente de trabalhadores envolvidos nos serviços de
sepultamento ou cremação dos pacientes que foram a óbito. Todos estes trabalhadores
estão diretamente envolvidos com o enfrentamento da pandemia e expostos ao risco de
contaminação, devendo, portanto, serem considerados nos estudos sobre os efeitos do
COVID-19 na saúde dos trabalhadores de saúde.

Saúde integral: teoria e prática 163


CONCLUSÃO

O tópico dispõe dos dados principais de cada artigo, como seus dados de produção
e a instituição de cada autor. Já no quadro selecionamos partes das conclusões dos artigos
elencados que condizem com a nossa pesquisa.
No quadro podemos ver que os artigos abordaram diversos assuntos como a saúde
mental do profissional de enfermagem durante a pandemia covid-19, os principais recursos
de apoio, os efeitos do isolamento social na pandemia e os transtornos de ansiedade
adquiridos na pandemia, que são temas que se relacionam e influenciam diretamente o
nosso trabalho.
Com isso, conclui-se que, os profissionais da saúde que atuam na linha de frente
em meio à epidemia do coronavírus, mais do que nunca, encontram-se em situações
estressantes, o que acarreta uma sobrecarga maior de preocupação, trabalho, ansiedade
e depressão diante de tantas mortes e longos turnos de trabalho.
Atrelado a essa grande carga de trabalho e ao grande número de profissionais e
pacientes infectados, a exaustão psíquica e a falta de equipamentos essenciais para lutar
contra essa pandemia, tem colocado-os em situações difíceis.
Esses profissionais que estão vivenciando essa pandemia estão mais propensos a
desenvolver problemas psíquicos como a depressão. Tem-se encontrado em exaustão
física, estão lidando com ansiedade, insônia, angústia e o medo de ao retornarem aos seus
lares, prejudicarem os seus familiares.

A perda de pacientes em uma escala tão grande como em meio a pandemia e a


pressão que esses profissionais vêm sofrendo é o que mais traz danos à sua saúde.
Portanto, é preciso frisar que, assim como os pacientes, esses profissionais também
possuem pessoas que os amam, para as quais precisam voltar com saúde física e mental.
Estes necessitam de um olhar mais sensível voltado às suas necessidades físicas, mentais
e espirituais.

Medidas para mantê-los saudáveis devem ser realizadas, desde a melhoria das
condições de trabalho até a disponibilidade de recursos para prestação da assistência,
treinamentos adequados, otimização das exaustivas jornadas de trabalho e meio propício
ao descanso dos profissionais. Entretanto, o assunto é atual no Brasil e no mundo todo,
em vista disso existe uma variedade de publicações atualmente, o que implica dizer que
estudos sobre a temática estão sendo publicados continuamente, fato importante para a
atualização do assunto em questão.

Saúde integral: teoria e prática 164


Por fim, o objetivo da nossa pesquisa é avaliar o impacto da pandemia COVID-19
na saúde mental dos profissionais de enfermagem encontrados em artigos científicos,
chegamos a ele por causa da revisão metódica que fizemos de cada artigo selecionado,
botamos os artigos para discutir entre si e assim conseguimos chegar ao nosso objetivo.

REFERÊCIAS

HUMEREZ, D. C. et al. Saúde mental dos profissionais de enfermagem do Brasil no


contexto da pandemia COVID-19: ação do Conselho Federal de Enfermagem. Revista
Cogitare Enfermagem, [S.l.], v. 25, p. 1-10, 2020. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/74115>.

TOESCHER, A. M. R. et al. Saúde mental de profissionais de enfermagem durante a


pandemia de COVID-19: recursos de apoio. Revista Escola Anna Nery, p. 1-7. Disponível
em: <https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2020-0276>.

FOGAÇA, P. C. et al. Impacto do isolamento social causado pela pandemia de COVID 19


na saúde mental da população em geral: uma revisão integrativa. Pesquisa, Sociedade e
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Saúde integral: teoria e prática 166


Capítulo

13

Saúde integral: teoria e prática 167


HIPERPLASIA PSEUDO ESTROMAL ANGIOMATOSA DE MAMA BILATERAL -
RELATO DE CASO

JORDANA SILVEIRA DECARLI


Acadêmicos do Curso de Medicina. Centro universitário UNINORTE

IVANA CAROLINE SILVA BERGAMIN


Acadêmicos do Curso de Medicina. Centro universitário UNINORTE

ANDRESSA DAMASCENO DO VALE


Acadêmicos do Curso de Medicina. Centro universitário UNINORTE

NATHÁLIA PASCOAL
Acadêmicos do Curso de Medicina. Centro universitário UNINORTE

RAFAEL DAMASCENO PALMA


Acadêmicos do Curso de Medicina. Universidade de Franca – UNIFRAN

PAULA FRANCINET DE MORAES


Médica Residente de Ginecologia e Obstetricia – FUNDACRE

ADRIANA MARINHO PEREIRA DAPONT


Docente do Centro Universitário UNINORTE

DOUGLAS JOSE ANGEL


Docente do Centro Universitário UNINORTE

RESUMO: A Hiperplasia Pseudoestromal Angiomatosa de Mama (PASH), consiste em uma


tumoração benigna das mamas que tem como característica um aumento de uma ou das duas
mamas, sem apresentação de dor ou qualquer outro sintoma, dificultando seu diagnóstico. Sendo
apenas diagnosticado em consultas ginecológicas com realização de biópsia. Trata-se de um relato
de caso de uma paciente de 25 anos que chegou a uma unidade secundária com queixa de aumento
da mama e dor, sendo diagnosticada como fibroadenoma em mama direita e PASH em mama
esquerda, tendo como resolução do caso uma mastectomia bilateral e por escolha da paciente a
não reconstrução dos seios. Conclui-se que a PASH consiste em uma patologia benigna que pode
se tornar maligna, sendo necessário o acompanhamento e se indicado uma excisão cirúrgica de
tais lesões.
PALAVRAS-CHAVE: PASH; mama; hiperplasia; mastectomia.

ABSTRACT: Angiomatous Pseudostromal Hyperplasia of the Breast (PASH) consists of a benign


tumor of the breasts that is characterized by an increase in one or both breasts, without presenting
pain or any other symptoms, making its diagnosis difficult. Being only diagnosed in gynecological
consultations with a biopsy. The following study is a case report of a 25-year-old patient who arrived
at a secondary unit complaining of breast enlargement and pain, being diagnosed with fibroadenoma
in the right breast and PASH in the left breast, with the resolution of the in case a bilateral
mastectomy and by the patient's choice not to reconstruct the breasts. Concludes that PASH is a
benign pathology that can become malignant, requiring follow-up and, if indicated, surgical excision
of such lesions.
KEYWORDS: PASH; breast; hyperplasia; mastectomy.

Saúde integral: teoria e prática 168


INTRODUÇÃO

A hiperplasia pseudoestromal angiomatosa de mama (PASH) trata-se de um tumor


benigno em que ocorre no estroma das mamas, tendo seu diagnóstico diferenciado
microscopicamente, devido a presença de uma propagação miofibroblástica, retendo a
glândula mamária, tornando a microscopia bifásica. Não sendo diagnosticado
macroscópicamente pela semelhança com fibroadenomas. ( BEZIC; SRBLJIN, 2018)

Sua apresentação é unilateral, podendo apresentar casos de bilateralidade com


assimetria. Tal achado é por acaso, devido a não apresentação de dor e outras queixas
iniciais, em visitas ginecológicas, sendo diagnosticado em biópsias mamárias, em seu
estado mais avançado. (NASCIMENTO et al., 2019)

Segundo a Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, em seu relato de caso sobre a


PASH, sua epidemiologia consiste em mulheres de qualquer idade, podendo aparecer com
mais frequência em mulheres na pré-menopausa, sendo relacionado ao uso de reposição
hormonal, principalmente a progesterona. (TUMEH et al., 2017)

EXPOSIÇÃO DO CASO

Paciente A.P.K.L, de 25 anos, casada, recorreu à unidade secundária no dia


15.04.2021, com história de aumento do volume mamário e dor em ambas as mamas há
aproximadamente um ano. A mesma relata que recorreu a unidade primária de saúde
durante todo esse período, e mesmo após a realização de várias consultas, ultrassonografia
mamária e a retirada de dois nódulos mamários em maio de 2020 (sendo um na mama
direita e um na mama esquerda) não obteve nenhuma melhora, e sim resultados negativos,
pois passou a observar um aumento bem mais significativo das mamas e a presença de
dor com irradiação mensurada em 8/10 (Escala Visual Numérica - EVN) , após o
procedimento.

Conforme relatado pela paciente e através da análise dos exames anteriores


realizados na rede particular, no período em que a mesma estava sendo atendida na
unidade primária, observamos a presença de múltiplos nódulos bilaterais na
ultrassonografia realizada no dia 12/02/2020, onde:

● Mama direita apresentava nódulo:


às 6 horas medindo 44x20x33 mm,

Saúde integral: teoria e prática 169


às 12 horas medindo 8x6 mm,

retroareolar medindo 10x5mm,

às 10 horas medindo 7x4mm, e

às 9 horas área de agrupamento de unidades ductais lobular terminal - UDTL


medindo o conjunto 21x6x14mm;

● Mama esquerda apresentava nódulo:


às 3 horas medindo 9x6mm.

Tendo como hipótese diagnóstica para esses achados, com base na ultrassonografia
descrita acima, nódulos mamários bilaterais (BIRADS 3), cisto simples na mama direita
(BIRADS 2), lesão na mama direita, às 9 horas, sugestiva de agrupamento de UDLTs,
diagnóstico diferencial com hiperplasia ductal atípica (BIRADS 4). Para a realização da
análise anátomo patológica foi realizada uma Core biopsy de nódulo de mama direita às 9
horas, onde obteve-se como diagnóstico um fibroadenoma; de nódulos às 6 horas e às 9
horas da mama direita, onde se obteve o diagnóstico de Fibroadenoma e Hiperplasia
Estromal Pseudoangiomatosa.
Durante a realização da consulta, e a partir da anamnese completa, obtivemos
informações de que a paciente não faz uso de métodos contraceptivos desde a retirada dos
nódulos mamários em 2020, em unidade particular; G1P1A0; menarca aos 11 anos; D.U.M
26/03/2021; e alega que devido a mastalgia cessou a lactação por conta própria. Fez uso
de Ciprofloxacina, Diclofenaco e Paracetamol com codeína; não possui alergias. Ao exame
físico, durante a inspeção estática, a paciente apresentou mamas de crescimento anômalo
e um aumento da mama direita em comparação com a esquerda, gigantomastia, edema
casca de laranja, aréola distendida e cifose torácica acentuada pelo peso excessivo das
mamas; já na inspeção dinâmica há presença de descenso (causado pela mama
exagerada). Durante a palpação observou-se consistência aumentada, homogênea, sem
nódulos palpáveis e sem linfonodomegalia axilar (Figura 1).

Saúde integral: teoria e prática 170


FIGURA 1- Paciente 25 anos com mamas de consistência aumentada, homogênea, sem nódulos
palpáveis e sem linfonodomegalia axilar.

Fonte: Arquivo pessoal Dra. Adriana Marinho Pereira Dapont

Dessa forma, tendo como conclusão diagnóstica um quadro de gigantomastia. Foi


explicado para a paciente sobre o seu caso e que a mesma seria encaminhada para
realização de exames laboratoriais, uma nova ultrassonografia para melhor visualização da
mama após os procedimentos já realizados e, a necessidade da realização de cirurgia.
Na nova ultrassonografia mamária realizada no dia 26/11/2020, foi identificado pele
de aspecto liso, regular e de espessura normal; complexo aréolo papilar de textura habitual
adequada para a idade; fáscia retromamária de integridade preservada e gradil normal;
parênquima glandular homogêneo, com bordas regulares e presença de cistos simples
bilaterais, nódulos lobulados em mama direita (sendo um às 12 horas, medindo 1,4 cm x
0,8 cm; um ás 2 horas, medindo 2,0 cm x 0,8 cm; e um às 3 horas, medindo 2,0 cm x 0,7
cm), nódulo em mama esquerda (localizado às 3 horas, medindo 1,1 cm x 0,7 cm); tendo
como conclusão a classificação de BI-RADS IVa (achados suspeitos) em mama direita, BI-
RADS III (achados provavelmente benignos) em mama esquerda e presença de cistos
mamários bilateral.
Após todos os exames realizados, resultados anteriores e atuais obtidos e
analisados por toda a equipe médica, no dia 17/05/2021 a paciente foi orientada quanto à
realização da cirurgia, sobre a internação, cuidados pré-operatórios, confirmação da
reserva de sangue e confirmação da data de realização do procedimento, no dia

Saúde integral: teoria e prática 171


19/05/2021, onde foi realizada a mastectomia, com exérese completa do parênquima
mamário (FIGURA 2, FIGURA 3) e sua pele adjacente, através da incisão convencional
consiste em um fuso horizontal (incisão de Stewart), e por escolha e preferência da
paciente, não houve reconstrução das mamas (FIGURA 4). No dia 07/06/2021, foi realizado
o primeiro retorno da paciente, onde a mama esquerda e direita não apresentavam sinais
flogísticos e a paciente se apresentava sem queixas, com boa evolução, e com resultados
estéticos da cicatriz satisfatórios.

FIGURA 2 - Retirada completa do parênquima da mama esquerda.

Fonte: Arquivo pessoal Dra. Adriana Marinho Pereira Dapont

FIGURA 3 - Retirada completa do parênquima da mama direita

Fonte: Arquivo pessoal Dra. Adriana Marinho Pereira Dapont

Saúde integral: teoria e prática 172


FIGURA 4- Pós operatório da mastectomia bilateral.

Fonte: Arquivo pessoal Dra. Adriana Marinho Pereira Dapont

Na segunda consulta de retorno pós cirúrgico, a paciente foi orientada sobre a


possibilidade de estar realizando a reconstrução mamária, procedimento comumente
realizado por mulheres que passaram pela mastectomia, entretanto, a mesma optou pela
não realização do procedimento, descrevendo sentimento de desespero ao realizar
qualquer outro procedimento cirúrgico nas mamas, e ainda, relatou que sente muito medo
de poder desenvolver um câncer mamário, não se sentindo incomodada com a ausência
das mamas, e estando satisfeita com a estética; vale ressaltar ainda, que foi observado
uma perceptível melhora na qualidade de vida da paciente após o procedimento.
Em terceira consulta de retorno pós-operatório, paciente informa que realizou teste
de gravidez com beta-HCG positivo com valores maiores que 5,0 mlU/ml.

DISCUSSÃO

A Hiperplasia Pseudoestromal Angiomatosa de Mama é descrita com frequência em


mulheres na pré-menopausa ou com antecedentes de uso de métodos anticonceptivos
hormonais orais ou terapias de reposição hormonal, fatores que não se relacionam com o
caso. Também pode estar relacionada ao aparecimento de outras lesões, como por
exemplo os nódulos bilaterais retirados anteriormente à cirurgia da paciente. (ALIKHASSI
et al., 2016).
Sua etiologia, mesmo que pouco conhecida, sugere que tenha dependência de
hormônio, de forma que a hiperplasia do estroma seja uma resposta dos miofibroblastos
aos estímulos hormonais, sendo o principal hormônio nessa estimulação a progesterona,
mostrando que o possível fator causador predisponente poder ser a gravidez. (TSDUA et

Saúde integral: teoria e prática 173


al., 2019; VIRK et al., 2010). Observamos então, no relato acima descrito, que a paciente
durante lactação e gestação subsequente, desenvolveu a hiperplasia relatada.
As áreas PASH são identificadas macroscópicamente por tecido em fragmento
irregular, com aspecto externo fino, granular, acinzentado com consistência firme elástica.
Já, microscopicamente é formada por fragmentos do tecido com substituição do
parênquima normal por componente estromal que contém fibras mesenquimais e
colágenas centrifugamente ordenada ao redor do epitélio, que se abriga distorcidamente,
em fendas irregulares. Com presença de elementos típicos e células dispostas em uni ou
bi-camadas que podem ser identificadas em células mioepiteliais identificáveis sem sinal
de malignidade. (FIGURA 5, FIGURA 6, FIGURA 7)
Seu diagnóstico a cada dia se torna mais comum pelo avanço científico e
diagnósticos histológicos rápidos, sendo realizados exames de imagens como o ultrassom
mamário e tomografia mamária, visualizando um tumor com um limite claro e não
uniformidade interna, e para diagnóstico confirmatório o exame histopatológico realizado
por biópsia por agulha a fim de descartar malignidade. De acordo com a imunohistoquímica,
as células que limitam as fendas estromais são negativas para Fator VIII, Ulex Europaeus,
citoqueratinas e S-100, mostrando positividade unicamente para vimentina. (VUITCH MF
et al., 1986). Recentemente existem relatos de reatividade para CD 34, actina músculo-
específica e, menos frequentemente, para desmina. (POWELL CM et al., 1995).
Os diagnósticos diferenciais podem ser angiosarcoma, que se diferencia por ser um
infiltrado com massa mal circunscrita e espaços anastomosados em microscopia com atipia
nuclear; hamartoma, se houver fendas focais ou amostragem macroscopia inadequada
indicando processo neoplásico; fibroadenoma, em caso de fissuras no estroma ou falta de
mitose e pleomorfismo é descartado pela investigação imunohistoquímica; fibroblastoma e
tumor phyllodes, se células estromais forem muito proeminente e se não houver partes
epiteliais. (CALDERÓN et al., 2017; ELÍYATKIN et al., 2011).
O prognóstico desta patologia é bom e seu tratamento varia de acordo com o quadro
clínico, se o nódulo for maior que 2 centímetros é aconselhado a retirada cirúrgica da
massa, onde ocorre recorrência em até 29% se a ressecção não for suficiente. Caso a
massa abranger a mama por completo, se realiza uma mastectomia total com reconstrução
mamária imediata ou tardia. Se o nódulo for menor de 2 centímetros, é recomendado a
conduta expectante. Medidas cosméticas como conservação do complexo areolopapilar é
realizada se for desejo da paciente, atentando-se para saúde psicológica e
acompanhamento cirúrgico em centro de referência para câncer de mama.

Saúde integral: teoria e prática 174


A cirurgia de mastectomia evoluiu bem, sem necessitar de futuras correções, como
foi a vontade da paciente não houve reconstrução do complexo areolopapilar.

FIGURA 5 - Células mioepiteliais identificáveis sem sinal de malignidade.

Fonte: Arquivo, Laboratório DNA, Patologista Dr Rogério Baquette.

FIGURA 6 - Elementos típicos e células dispostas em uni ou bi-camadas, sem malignidade.

Fonte: Arquivo, Laboratório DNA, Patologista Dr Rogério Baquette.

FIGURA 7 - Substituição do parênquima normal por componente estromal que contém fibras
mesenquimais e colágenas em fendas ao redor do epitélio.

Fonte: Arquivo, Laboratório DNA, Patologista Dr Rogério Baquette.

COMPARAÇÃO COM OUTROS TRATAMENTOS

O manejo da hiperplasia pseudoangiomatosa depende da sua forma de


apresentação. O tratamento da PASH depende da apresentação clínica. Nenhum
tratamento específico adicional é necessário se PASH for um achado histológico incidental
em amostras excisadas para outras lesões. Quando é um achado incidental, pode ser feito
o seguimento por ultrassonografia ou mamografia. A excisão local com margens amplas é

Saúde integral: teoria e prática 175


o tratamento recomendado. Porém, em casos com envolvimento difuso do parênquima ou
recorrência da doença, pode ser necessário realizar a mastectomia.

A recorrência é mais provável se a lesão não for completamente excisada. A PASH


recorrente ocorre na mama ipsilateral, mas também é conhecida por ocorrer na mama
contralateral. As lesões recorrentes se comportam de maneira benigna e podem ser
tratadas com re-excisão. O manejo não operatório com acompanhamento clínico rigoroso
pode ser uma abordagem alternativa para pacientes selecionados com PASH tumoral que
apresentam achados benignos na patologia e estudos de imagem. No entanto, o resultado
a longo prazo de pacientes tratados de forma conservadora não foi estudado.

CONCLUSÃO

Em conclusão, PASH é uma lesão proliferativa mesenquimal benigna da mama. No


entanto, ela pode progredir. A excisão cirúrgica não é necessariamente indicada para
descartar malignidade oculta após o diagnóstico de PASH. O monitoramento cuidadoso ou
a excisão cirúrgica são necessários para tratar lesões grandes (> 3 cm) ou crescimento
progressivo de uma lesão PASH.
Com relação ao método de tratamento, a modalidade pode ser selecionada com
base em dados, evidências, preferência do cirurgião ou necessidade do paciente.

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