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22.

o Congresso Português de Obstetrícia e Ginecologia

Posters com Discussão – Ginecologia


(18029) – UTILIZAÇÃO DE HEMOSTÁTICOS (Tachosyl®). Os dois últimos foram aplicados em ca-
TÓPICOS NA CIRURGIA GINECOLÓGICA sos de lesão de grandes vasos. Não se verificaram com-
Catarina Reis-De-Carvalho1; Catarina Castro1; Ana plicações. É fundamental que o cirurgião conheça o me-
Luísa Ribeirinho1; Carlos Calhaz-Jorge1 canismo de ação, aplicações e efeitos colaterais de cada
1. Departamento de Ginecologia, Departamento de Obstetrícia, hemostático local.
Ginecologia e Medicina da Reprodução, Centro Hospitalar Universitário Palavras-chave: Cirurgia, hemostase.
Lisboa Norte

(18054) – QUANDO O LINFOMA É


Introdução: Os agentes hemostáticos locais são ferra- GINECOLÓGICO
mentas cirúrgicas importantes. Helena Gomes1; Gonçalo Dias1; Fernando Igreja1;
Objectivos: O objetivo deste estudo foi rever o estado Gustavo Mendinhos1; Amália Martins1; Carlos
da arte no que diz respeito aos hemostáticos locais dis- Veríssimo1
poníveis, e analisar o uso destes agentes no nosso ser- 1. Hospital Beatriz Ângelo
viço.
Metodologia: Identificação das cirurgias, decorrentes Introdução: Os linfomas do trato genital feminino são
no ano 2019, que utilizaram hemostáticos locais atra- raros, e frequentemente mimetizam a apresentação clí-
vés dos registos do bloco operatório. Revisão dos pro- nica de outras neoplasias ginecológicas, sendo de difí-
cessos clínicos e revisão bibliográfica através da ME- cil diagnóstico.
DLINE, entre 2000 e 2019, utilizando “local hemosta- Objectivos: Apresentar um caso clínico de um linfoma
tic” e “hemostatic agents” e “gynaecological surgery” ginecológico e a difícil marcha diagnóstica até ao seu
como palavras-chave. Foram escrutinados artigos de diagnóstico definitivo.
revisão sistemática, estudos clínicos e meta-análises. As Metodologia: Doente de 44 anos, saudável, com ava-
informações retiradas de cada artigo foram: aplicações, liação ginecológica regular e último rastreio citológico
mecanismo de ação, forma de apresentação, tempo de sem alterações, há um ano. Sem antecedentes familia-
absorção, relação custo-benefício e complicações. res de neoplasia ginecológica. Recorreu à Urgência por
Resultados e Conclusões: Foram incluídos 20 estu- quadro de dor abdominal difusa nos quadrantes infe-
dos, a maioria dos quais revisões sistemáticas. Os he- riores, com um mês de evolução, sem outra sintoma-
mostáticos locais mais referidos são a celulose oxidada tologia. Os exames complementares evidenciaram as-
regenerada, a gelatina e a associação de gelatina e trom- petos sugestivos de tumor uterino localmente avança-
bina. Os mecanismos de ação variam desde adjuvante do tendo sido encaminhada para avaliação ginecológi-
na vasoconstrição, ativação plaquetária e formação do ca urgente. Ao exame objetivo, colo uterino fixo,
coágulo de fibrina. As formas de apresentação são em endurecido, com forma de barril e parametrios com
rede, placa, esponja, pó e líquido. A fonte do material consistência pétrea sugestivo de infiltração. A ecogra-
pode ser sintética, vegetal, animal e humana. O tempo fia ginecológica, contudo, não apresentou imagens eco-
de absorção varia de 1-2 até 8-12 semanas. Estes ma- gráficas suspeitas e a citologia e a pesquisa do vírus pa-
teriais associam-se a várias complicações (infeção, ab- piloma humano foram negativas. A ressonância mag-
cessos, compressão de estruturas externas, formação nética pélvica mostrou uma extensa lesão neoformati-
de granulomas, reação anafilática). O preço dos he- va com invasão uterina, vaginal e parametrial. Foi
mostáticos tópicos por cada unidade é muito variável, realizada biopsia do endocolo cujo resultado não mos-
e não existem análises de custo-eficácia. De um total de trou tecido displásico ou neoplásico. A avaliação histe-
576 cirurgias realizadas por laparotomia, laparoscopia roscópica da cavidade endometrial, não identificou le-
e via vaginal, foram utilizadas 30 celuloses oxidadas re- sões ou vascularização suspeita, e as biopsias endome-
generadas (Surgicel®), 56 gelatinas (Spongostan®), 59 triais dirigidas e a curetagem endocervical foram nega-
gelatina e trombina tópica (Floseal®), 1 celulose oxi- tivas. A doente foi submetida a conização diagnóstica,
dada, trilisina, e PEG (Veriset®) e 1 selante de fibrina cuja histologia foi inocente. Perante a suspeita clínica

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de neoplasia do colo localmente avançada e histologia lução dos sintomas verificou-se em 84,3%, sendo estes
persistentemente negativa foi submetida a laparoscopia valores concordantes com os descritos na literatura. Foi
diagnóstica com biopsias retroperitoneais e salpingec- necessário mais de um procedimento em 21,6% dos
tomia esquerda cuja histologia diagnosticou linfoma casos. Apenas se registou uma complicação intra-pro-
CD20 positivo, com fenótipo folicular. A doente foi en- cedimento (laceração do colo). Efetuou-se histerecto-
caminhada para Hematologia encontrando-se a cum- mia total em 5 utentes, devido a sintomatologia refra-
prir terapêutica. tária. Não se verificou associação estatisticamente sig-
Resultados e Conclusões: Pela sua raridade e exten- nificativa entre nenhum dos fatores avaliados – volume
sa variabilidade na apresentação clínica o diagnóstico total uterino, terapêutica médica prévia, dimensão/lo-
de um linfoma com atingimento do aparelho genital calização (classificação FIGO) dos miomas e resseção
feminino é de extrema dificuldade. Uma vez que o incompleta, com a persistência ou recorrência de mio-
prognóstico da doença depende fortemente da sua his- mas/HUA e necessidade de múltiplos procedimentos
tologia, a marcha diagnóstica efetuada até obtenção da ou cirurgia ulterior. Tal poderá prender-se com o fato
mesma, embora possa ser morosa, é crucial. da amostra casuística não ser muito alargada, bem
Palavras-chave: Linfoma folicular; ginecologia onco- como a caracterização ecográfica dos miomas ser, com
lógica. alguma frequência, incompleta, não incluindo a classi-
ficação FIGO nos processos clínicos mais antigos con-
(18120) – RESSEÇÃO HISTEROSCÓPICA DE sultados.
MIOMAS SUBMUCOSOS – EXPERIÊNCIA DE 5 Palavras-chave: Miomas submucosos, histeroscopia
ANOS NO HOSPITAL DISTRITAL DE SANTARÉM – cirúrgica, hemorragia uterina anómala (HUA).
EPE
Rita Vicente Costa1; Mariline D’oliveira1; Ana Rita (18131) – LESÃO CERVICAL E INFEÇÃO POR
Vicente1; Vera Loureiro1 HPV-AR EM MULHERES JOVENS PREVIAMENTE
1. Hospital Distrital de Santarém – EPE VACINADAS
Mariana Lira Morais1; Prescillia Marques1; Cristina
Introdução: A resseção histeroscópica de miomas sub- Alves1; Fan Yida1; Zélia Gomes1; Osvaldo Moutinho1
mucosos (MSM) é geralmente um procedimento segu- 1. Centro Hospitalar Trás os Montes e Alto Douro
ro e eficaz (resseção completa em 85-99% e resolução
de HUA em 70-99%), idealmente realizada num úni- Introdução: A vacina quadrivalente (HPV 6, 11, 16 e
co procedimento cirúrgico (88%). Alguns estudos as- 18) foi introduzida no PNV em 2008. No ano de in-
sociam os MSM FIGO 2 (especialmente >30mm) a ne- trodução a cobertura vacinal foi >90%, em Portugal
cessidade de múltiplos procedimentos. Continental. Os serotipos HPV 16/18 são os principais
Objectivos: Avaliar a eficácia da resseção histeroscó- responsáveis pelo aparecimento de lesões cervicais de
pica de MSM na nossa instituição e dos potenciais fa- alto grau, pelo que com a introdução desta vacina es-
tores associados a resseção incompleta, recorrência de pera-se uma diminuição da prevalência dos mesmos.
miomas e/ou HUA e necessidade de procedimentos his- Objectivos: Comparar a prevalência de serotipos de
teroscópicos múltiplos ou de cirurgia ulterior. HPV-AR e lesões citohistológicas em mulheres vacina-
Metodologia: Estudo observacional retrospetivo. Fo- das e não vacinadas com a vacina quadrivalente.
ram consultados os processos clínicos correspondentes Metodologia: Estudo retrospetivo de janeiro-dezem-
a resseção de MSM por histeroscopia cirúrgica, mecâ- bro de 2019 que analisou mulheres com alterações no
nica ou ressetoscópica, efetuada no Hospital Distrital de Rastreio Cancro Colo Útero. Foram selecionados os ca-
Santarém - EPE, de 2015 a 2019 (n=51). sos na faixa etária dos 25-56 anos e obteve-se uma
Resultados e Conclusões: A população estudada tinha amostra de 241 mulheres. A amostra foi dividida em 2
em média 49,7±8,6 anos, das quais 70,6% em idade grupos: mulheres vacinadas (Vac, n=24) e não vacina-
fértil. A HUA foi a indicação mais frequente para reali- das (nVac, n=217). A distribuição dos serotipos de
zação do exame (64,7%). Em 82,4% dos casos, os MSM HPV-AR foi analisada e os resultados citohistológicos
não estavam caracterizados ecograficamente de acor- foram comparados entre os grupos.
do com a classificação FIGO. O maior eixo dos MSM Resultados e Conclusões: No grupo Vac registaram-
foi, em média, 19,6mm e em 9,8% dos casos >30mm. -se 2 casos de infeção por HPV 16/18 (8,3%), enquan-
A resseção foi completa em 88,2% dos casos e a reso- to que no grupo nVAc verificaram-se 64 casos (29,5%);

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p=0,027. Os outros serotipos de HPV-AR mais fre- Mesh e realizou-se a pesquisa utilizando as seguintes
quentes nos grupos Vac e nVac foram o HPV68 e o palavras chave com a seguinte estratégia de busca:
HPV31, respetivamente. (“Acupuncture”[Mesh] OR “Acupuncture Thera-
As lesões citológicas de alto grau foram menos pre- py”[Mesh] OR “Acupuncture Points”[Mesh]) AND “Es-
valentes no grupo Vac (12,5% vs 15,2%, p=0,724). O trogens”[Mesh] em agosto de 2020.
resultado histológico ≥HSIL após biopsia ocorreu em Resultados e Conclusões: Foram encontrados um to-
33,3% do grupo Vac e em 37,3% no nVAc (p=0,723). tal de 38 artigos e realizada análise e síntese da litera-
No grupo Vac as lesões ≥HSIL após tratamento exci- tura. Após a análise dos artigos encontrados verificou-
sional ocorreram em 37,5% das mulheres; no grupo -se, de uma forma consistente, o aumento dos níveis de
nVac verificaram-se em 65,6% dos casos (p=0,121). estradiol sérico com a realização de acupuntura e de
A prevalência dos serotipos incluídos na vacina qua- electroacupuntura em pontos de acupuntura específi-
drivalente foi menor no grupo das mulheres vacinadas, cos. De salientar que todos estes estudos foram reali-
demonstrando que a vacina é um bom método de pre- zados em modelos animais. Parece pertinente desen-
venção. Contudo, a existência de outros tipos de HPV- volver esta linha de investigação em humanos, o que
-AR também pode condicionar o desenvolvimento de poderá permitir melhor compreender esta relação e os
lesões de alto grau, pelo que a vigilância é fundamen- seus mecanismos, assim como desenvolver estratégias
tal e a administração da vacina nonavalente poderá ser de intervenção em situações especificas nas quais a ele-
considerada. vação dos níveis de estradiol sérico possa ter efeito te-
Palavras-chave: Vacina, HPV. rapêutico.
Palavras-chave: Acupuntura, estrogénios.
(18162) – ACUPUNTURA E NÍVEIS DE
ESTROGÉNIOS FEMININOS: REVISÃO DA (18170) – EXCISÃO DA ZONA DE
LITERATURA NOS ÚLTIMOS 5 ANOS TRANSFORMAÇÃO EM CONSULTÓRIO VERSUS
Tatiana Branco Vaz1; Domingos Vaz3; Joao Cruz2; BLOCO OPERATÓRIO: COMPARAÇÃO DE
Cláudia Silva2; Diogo Calado4,5 CRITÉRIOS CLÍNICOS DE QUALIDADE
1. Clínica Amamentos Natacha Quintal De Sousa1; Diana Silva2; Ana
2. Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setubal Catarina Borges1; Cátia Correia1; Alexandra
3. Hospital da Luz Lisboa Miranda1,2,3; Isabel Reis1
4. Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal – 1. Hospital de Braga
Departamento de Ciências Biomédicas 2. Escola de Medicina – Universidade de Minho
5. Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Tianjin – Centro 3. ICVS/3B s Laboratório Associado
de Investigação para a Educação Internacional de Medicina Chinesa
Introdução: À luz do paradigma das boas práticas mé-
Introdução: O contacto do mundo ocidental e da Eu- dicas atuais que visa a simplificação de procedimentos
ropa em particular com a acupuntura não é recente, com diminuição dos riscos anestésicos e custos asso-
havendo maior foco no estudo dos mecanismos de ação ciados, a excisão da zona de transformação em consul-
na intervenção e gestão da dor. tório (EZT-C), sob anestesia local, apresenta-se como
Nos últimos anos, vários investigadores têm procu- uma boa alternativa ao bloco operatório (EZT-BO), sob
rado analisar a influência da acupuntura nos níveis de anestesia geral. Não obstante, é fundamental assegurar
estrogénios endógenos femininos. Caso se reúna evi- a remoção completa da lesão minimizando a excisão
dência da ação da acupuntura a este nível, tratando-se de tecido saudável e riscos obstétricos futuros associa-
de uma terapêutica segura e com poucos efeitos se- dos.
cundários, esta poderá ser considerada como terapêu- Objectivos: Avaliar critérios clínicos de qualidade as-
tica complementar no tratamento de situações clínicas sociados à realização da EZT-C em comparação com
que tenham como etiologia níveis baixos de estrogé- EZT-BO.
nios endógenos. Metodologia: Estudo prospetivo, observacional, des-
Objectivos: Analisar a literatura publicada na Pubmed critivo e analítico, realizado no Hospital de Braga, en-
que relaciona o efeito da acupuntura nos níveis de es- tre abril e outubro de 2019, no qual foram incluídas
trogénios endógenos femininos. 118 mulheres, submetidas a EZT-BO (n=35) e EZT-C
Metodologia: Recorreu-se à base de dados da Pubmed- (n=83), que responderam a 3 questionários com co-

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lheita de dados sociodemográficos, satisfação e com- tecedentes de violência sexual e/ou física” (grupo 1) e
plicações. Um quarto questionário foi preenchido pelo “ausência de antecedentes de violência” (grupo 2). A
médico assistente para obtenção de dados clínicos. análise estatística foi feita com recurso ao SPSS (p<0,05).
Resultados e Conclusões: Não se verificaram dife- Resultados e Conclusões: De n=56, verificou-se ida-
renças significativas entre os grupos relativamente a ca- de média 20,1 [17-25] anos; 8,9% institucionalizadas;
racterísticas sociodemográficas, antecedentes obstétri- 44,6% com ensino superior e 67,9% sexualmente ati-
cos, tempo de espera e motivo do procedimento. Na vas. Em 16,1% constatou-se antecedentes de violência
EZT-C foi mais frequente o recurso a colposcópio sexual e 25,0% violência física, contabilizando-se
(p=0,018), a técnica mais utilizada foi a ansa diatérmi- 30,4% com antecedentes de algum tipo de violência
ca (P=0,001) e a duração do procedimento foi signifi- (grupo 1) vs 69,6% sem antecedentes (grupo 2). Numa
cativamente inferior (p=0,008) comparativamente à escala de 0(nunca) a 4(quase todos os dias), verificou-
EZT-BO. As dimensões do cone foram significativa- se que o grupo 1 apresentava pontuações médias su-
mente superiores na EZT-BO (6,4 vs 3,4 cm3; periores de pirose (2,1vs0,9; p<0,001), anorexia
p=0,005), mas sem diferenças na extensão da lesão ou (1,9vs1,0; p=0,019), insónia (2,5vs1,5; p=0,006), pe-
interseção de margens cirúrgicas, independentemente sadelos (2,2vs1,3; p=0,010), ansiedade (2,5vs1,5;
do grau histológico da lesão e da utilização de colpos- p=0,006), crises de pânico (1,8vs0,4; p<0.001), de-
cópio. A EZT-BO associou-se a maior absentismo la- pressão (1,6vs0,4; p=0,004), antecedentes de autoa-
boral e ocorrência de complicações (p=0,04), tendo gressão (0,9vs0,1; p=0,05), ideias suicidas (1vs0,1; p=
sido a hemorragia a mais frequentemente observada. 0,005); infeção urinária (1,2vs0,5; p=0,005) e dispa-
A EZT-C associou-se a menor tempo cirúrgico e mor- reunia (1,5vs0,5; p=0,023). Quando questionadas re-
bilidade associada. Constataram-se ainda menores di- lativamente à forma como se sentiram no dia anterior
mensões do cone obtido, embora sem diferença na ex- (hwh-12), numa escala de 0 (não) a 4 (muito), verifi-
tensão da lesão ou interseção das margens cirúrgicas. cou-se pontuação média superior no grupo 1 para o
Assim, a EZT-C parece representar uma opção ade- item “zangada” (1,4vs0,7; p=0,03) e inferior para “ani-
quada na abordagem da displasia cervical. mada”(1,2vs2,0; p=0,028).
Palavras-chave: Excisão da zona de transformação, Verificou-se que adolescentes expostas a violência
colo do útero, HPV. apresentaram, de forma significativa, maior sintoma-
tologia genitourinária, gastrointestinal, perturbações
(19222) – IMPACTO BIOPSICOSSOCIAL DA emocionais e do sono, com impacto negativo no bem-
VIOLÊNCIA SEXUAL E FÍSICA NA -estar. Uma correta identificação de situações de risco
ADOLESCÊNCIA permitirá uma orientação mais adequada, nomeada-
Tânia Ascensão1; Filipa Nunes1; Joana Belo1; Ana mente para apoio psicossocial.
Abreu1; Helena Leite1 Palavras-chave: Violência, adolescência.
1. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
(19231) – ADENOMIOSE NA ADOLESCÊNCIA:
Introdução: A OMS define violência como o uso in- UM DIAGNÓSTICO INCOMUM – CASO CLÍNICO
tencional de força física ou poder que resultem em fe- Ana Catarina Borges1; Belisa Vides1; Isabel Reis1
rimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvi- 1. Serviço de Ginecologia/Obstetrícia, Hospital de Braga
mento ou privação. A evidência revela que a exposição
à violência sexual e/ou física está relacionada com ele- Introdução: A adenomiose é uma patologia benigna
vada prevalência de sintomas somáticos, tornando-se do útero que se caracteriza pela presença ectópica de
clara a necessidade de uma anamnese cuidada para glândulas e estroma endometrial no miométrio. Apesar
identificar adolescentes em risco. de clinicamente relevante como conhecida causa de
Objectivos: Estabelecer relação entre antecedentes de dismenorreia e Hemorragia Uterina Anormal (HUA),
violência e sintomatologia psicossomática em adoles- pensa-se que o seu diagnóstico esteja subestimado.
centes. Existem poucos casos descritos de adenomiose na ado-
Metodologia: Estudo prospetivo comparativo. Foram lescência pelo que se torna um desafio a sua identifi-
aplicados os questionários “impacto da violência sexual cação nesta faixa etária.
na saúde e bem-estar da adolescente” e “hedonic well- Objectivos: Descrição de um caso de adenomiose na
being12 (hwb-12)”. Estabeleceram-se os grupos: “an- adolescência.

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Metodologia: Análise retrospetiva da informação no Objectivos: Reconhecer as características clínicas e pa-


processo clínico e revisão da literatura sobre o tema. tológicas dos angiossarcomas da mama, a sua aborda-
Resultados e Conclusões: Adolescente de 14 anos, gem terapêutica e prognóstico.
saudável, nuligesta, com menarca aos 10 anos recorreu Metodologia: Análise retrospetiva dos doentes com
ao serviço de urgência após episódio de lipotimia refe- diagnóstico histopatológico de angiossarcoma da mama
rindo cataménio com cerca de 28 dias de duração em no nosso Serviço nos últimos 20 anos (2000-2019).
quantidade moderada. Apresentava história de ciclos Resultados e Conclusões: Foram identificados 6 ca-
irregulares com cataménios de 8 dias em quantidade sos de angiossarcoma da mama (1 primário e 5 secun-
abundante desde a menarca. Ao exame físico, foi dete- dários). O angiossarcoma primário (ASP) foi diagnos-
tada marcada palidez mucocutânea, ligeira taquicardia ticado numa mulher pré-menopáusica de 45 anos. To-
e perda hemática vaginal em quantidade escassa. Rea- dos os angiossarcomas secundários (ASS) foram diag-
lizou ecografia transabdominal complementada com nosticados em mulheres pós-menopáusicas, com uma
ecografia transretal não estando descritas alterações re- mediana de idades de 67 anos [61-84 anos]. Todas as
levantes sendo o endométrio linear. Analiticamente doentes com ASS foram submetidas a radiação mamá-
apresentava 5.7g/dL de hemoglobina e no estudo de ria/torácica prévia (tempo mediano após radiação de 5
coagulopatias foi detetado baixo doseamento do fator anos). O tamanho mediano do tumor foi de 5,75 cm [3-
XIII. Realizou ressonância magnética (RM) pélvica ten- 7 cm], sendo a maioria classificada como de alto grau
do sido identificado espessamento difuso da zona jun- (n=5). Dos casos de ASS, 2 apresentaram multifocali-
cional(12-13mm) associado a pequenos focos de hi- dade e 2 metastização ganglionar e/ou à distância. To-
per-sinal intramural, sugestivos de adenomiose difusa. das as doentes foram submetidas a mastectomia. No
Durante o internamento fez ácido tranexâmico, cum- caso do ASP foi realizada associadamente quimiotera-
priu esquema de estrogénios em alta dose associando- pia (QT) e radioterapia (RT) adjuvantes. A maioria dos
se progestativo ao 7ºdia e após administração de 5U de casos (n=4) de ASS realizou QT e/ou RT subsequentes.
concentrado eritrocitário e 3U de plasma fresco obte- O tempo mediano de follow-up foi de 3 anos [1-7 anos].
ve-se uma resposta analítica favorável. Teve alta com A doente com ASP mantém-se em seguimento há 7
contracetivo oral combinado. anos, sem sinais de recidiva. Nos casos de ASS, a so-
Apesar de o diagnóstico de adenomiose em adoles- brevida livre de doença e a sobrevida global aos 3 e 5
centes ser incomum, representa uma etiologia possível anos foi de 40% e 20%, respetivamente.
de HUA que deve ser considerada e estudada. A RM Os resultados encontrados assemelham-se aos des-
demonstrou ser fundamental para o estabelecimento critos na literatura no que respeita à raridade do diag-
do diagnóstico. Por afetar a resposta hemostática, o bai- nóstico e às características clinicopatológicas dos an-
xo doseamento do fator XIII, poderá ter contribuído giossarcomas da mama. A abordagem terapêutica des-
para a dificuldade na estabilização do quadro. tes tumores não é consensual, sendo o tratamento ci-
Palavras-chave: Adenomiose, adolescência. rúrgico considerado como 1ª linha. Dada a sua
agressividade, o prognóstico é frequentemente desfa-
(19239) – ANGIOSSARCOMA DA MAMA: vorável.
EXPERIÊNCIA DE 20 ANOS DE UM CENTRO Palavras-chave: Angiossarcoma da mama, primários,
TERCIÁRIO secundários, tratamento, prognóstico.
Dora Antunes1,2; Kristina Hundarova1; Olga
Caramelo1; Joana Belo1; Fernanda Águas1 (19244) – RASTREIO DO CANCRO DO COLO DO
1. Serviço de Ginecologia, Centro Hospitalar e Universitário de ÚTERO (RCCU) – AVALIAÇÃO E PROJETO DE
Coimbra, EPE MELHORIA CONTÍNUA DA QUALIDADE NUMA
2. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR (USF)
Sara Mortágua1; Anabela Balazeiro1; Vilson Alano1;
Introdução: Os angiossarcomas são tumores extrema- Pedro Soares1; Joana Tavares1
mente raros, correspondendo a <1% dos tumores malig- 1. USF Norton de Matos
nos da mama. Podem ser primários ou secundários a ra-
dioterapia ou linfedema crónico, apresentando habitual- Introdução: O cancro do colo do útero (CCU) é dos
mente um comportamento agressivo. Desconhece-se ain- tipos de cancro mais comuns no sexo feminino, sen-
da qual a abordagem clínica e terapêutica mais adequada. do considerado uma doença evitável e potencial-

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mente curável, quando detetado numa fase precoce. 2. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados, Centro Hospitalar e
O programa de Rastreio do CCU (RCCU), redefini- Universitário de Coimbra
do no Despacho n.º 8254/2017, DR n.º 183/2017, des-
tina-se às mulheres na faixa etária [25-60] anos, estan- Introdução: A realização de reconstrução mamária
do determinado como teste primário a pesquisa de imediata permite minimizar um procedimento alta-
DNA do vírus HPV, em citologia vaginal, a cada 5 anos. mente estigmatizante na qualidade de vida das mulhe-
O RCCU tem permitido diminuir significativamen- res mastectomizadas. No entanto, a proporção pandé-
te a morbimortalidade relacionada com o CCU, con- mica e crescente da obesidade faz com que muitas
tudo existem algumas falhas na sua implementação. doentes tenham um índice de massa corporal (IMC)
Objectivos: Avaliar a proporção de mulheres [25 – 60] excessivo, apontando a literatura para um aumento do
anos inscritas na USF com RCCU efetuado, e introdu- risco de complicações pós-operatórias.
zir medidas corretivas para melhorar a cobertura do Objectivos: Avaliação dos efeitos do IMC nos resulta-
RCCU – objetivo 47%. dos pós-operatórios de mulheres submetidas a recons-
Metodologia: Realização de reuniões formativas sobre trução mamária imediata.
o RCCU e citologia em meio líquido em maio – ju- Metodologia: Estudo retrospectivo dos processos clí-
nho/2019. Elaboração da listagem de utentes elegíveis, nicos de 106 doentes submetidas a mastectomia e re-
com RCCU não atualizado - junho/2019. Convocató- construção mamária imediata aloplástica operadas pelo
ria por via telefónica e oportunística para RCCU no 2º Serviço de Ginecologia e Serviço de Cirurgia Plástica e
semestre/2019. Reavaliação da proporção de mulheres Queimados do CHUC, entre Janeiro de 2015 e De-
com rastreio efetuado em dezembro/2019. Os dados zembro de 2019.
foram recolhidos através do SClínico, BI-CSP e Resultados e Conclusões: Os motivos para mastecto-
MIM@UF. mia foram: patologia maligna em 91,5%(n=97) e ci-
Resultados e Conclusões: Em maio/2019 a proporção rurgia profiláctica reductora de risco em 8,5%(n=9). A
de mulheres [25 – 60] anos, com RCCU efetuado era média de idades foi de 48,5±82[27-71] anos. 59,1%
de 28%. No 2º semestre/2019 verificou-se um aumen- das mulheres tinha peso normal (IMC 18,5-24,9Kg/
to gradual desta proporção, atingindo em dezem- m 2), 24,7% tinha excesso de peso (IMC 25,0-
bro/2019 33.6% (aumento de 5.6%). 29,9Kg/m2) e 16,2% eram obesas (IMC ≥30,0Kg/m2).
Apesar de a taxa de cobertura do RCCU ter apre- O IMC médio foi de 24,8±4,0[18-37]Kg/m2.
sentado uma evolução positiva, não foi atingido o ob- A taxa de complicações foi significativamente supe-
jetivo. Alguns fatores poderão ter influenciado este re- rior no grupo de mulheres obesas em comparação com
sultado: implementação de um novo método de co- mulheres com peso normal (80,0%vs.40,0%, p=0,006)
lheita de colpocitologia; uma percentagem significati- e com excesso de peso (80%vs.43,5%, p=0,026), prin-
va das utentes opta por não ser acompanhada na USF; cipalmente à custa da ocorrência de complicações ini-
ausência prolongada de profissionais da equipa multi- ciais (66,7%vs.23,6%, p=0,002; 66,7%vs.26,1%,
profissional; convocatória parcial da listagem de mu- p=0,013).
lheres elegíveis. O IMC como factor predictivo para ocorrência de
Concluímos que existe ainda uma grande margem complicações não atingiu significância estatística, mas
para progressão e melhoria, no entanto com empenho o cut-off de 23,5Kg/m2 foi o que esteve associado a me-
de toda a equipa é possível melhorar a literacia em saú- lhor sensibilidade (56,8%) e especificidade (53,1%),
de e a cobertura do RCCU. em conjunto. O cut-off para obesidade (IMC≥30Kg/m2)
Palavras-chave: Rastreio do cancro do colo do útero, esteve associado a uma especificidade de 95,9%, ape-
Avaliação e Melhoria Contínua da Qualidade. sar de um valor de sensibilidade reduzido (15,9%).
Conclusões: A obesidade esteve associada a maior ris-
(19258) – COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA co de complicações pós-operatórias, atingindo uma es-
ONCOPLÁSTICA DA MAMA: O PAPEL DA pecificidade de 95,9% neste grupo. A identificação de
OBESIDADE factores de risco como o excesso ponderal pode per-
Simone Subtil1; João Baltazar Ferreira2; Joana Belo1; mitir uma melhor selecção das candidatas para a reali-
Fernanda Águas1 zação de reconstrução mamária imediata aloplástica,
1. Serviço de Ginecologia, Centro Hospitalar e Universitário de optimizando os resultados cirúrgicos e evitando atra-
Coimbra sos na instituição de terapêuticas adjuvantes.

Acta Obstet Ginecol Port 2021;15(suplemento):66-72 71


Posters com Discussão – Ginecologia

Palavras-chave: Cancro da mama, Reconstrução ma- co, sem aparente cálculo ou lesão expansiva, e com fun-
mária ção renal preservada. O exame microbiológico da urina
colhido por ureteroscopia foi positiva para mycobacte-
(18126) – ENDOMETRIOSE PROFUNDA – rium tuberculosis, pelo que iniciou terapêutica antiba-
REIMPLANTAÇÃO URETRAL LAPAROSCÓPICA cilar, tendo as culturas negativado ao 16º dia. O exame
Diana Rodrigues Martins1; Helena Veloso1; Paula ginecológico sugeriu a presença de nódulo de endome-
Norinho1; Miguel Ramos1; Hélder Ferreira1 triose no fundo de saco vaginal, tendo a ressonância
1. Centro Materno Infantil do Norte - Centro Hospitalar Universitário magnética pélvica revelado um espessamento dos pla-
do Porto nos superiores do septo retovaginal, em particular do li-
gamento uterosagrado (LUS) esquerdo.
Introdução: Estima-se que até 20% das mulheres com Após discussão multidisciplinar procedeu-se à exé-
endometriose profunda apresentam acometimento do rese por via laparoscópica da porção distal do ureter
trato urinário, sendo o ureter o segundo órgão mais afe- esquerdo com reimplantação ureterovesical tipo Lich-
tado. Apesar de geralmente insidioso e assintomático, Gregoire, e exérese do nódulo do LUS. O estudo ana-
este processo inflamatório crónico pode conduzir a es- tomopatológico confirmou a natureza endometrioide
tenose uretral, e perda irreversível da função renal. do nodulo do LUS. Os fragmentos de ureter apresen-
Objectivos: Relato e discussão, do diagnóstico ao tra- taram envolvimento por extensos depósitos inespecí-
tamento, de um caso de endometriose profunda com ficos de amiloide. O pós-operatório decorreu sem in-
aparente envolvimento uretral. tercorrências, não se tendo verificado complicações du-
Metodologia: Relato de caso clínico. rante o follow-up.
Resultados e Conclusões: Mulher de 40 anos, de na- Este caso ilustra a elevada complexidade do diag-
cionalidade Indiana, recorreu ao serviço de urgência por nóstico e tratamento destes casos, sendo fundamental
dor lombar à esquerda. Não apresentava antecedentes a abordagem multidisciplinar em centros especializa-
médicos ou cirúrgicos de relevo além de dois partos por dos no tratamento de endometriose.
cesariana. A investigação demonstrou a presença de hi- Palavras-chave: Endometriose, laparoscopia, tubercu-
dronefrose esquerda devido a estenose do ureter pélvi- lose urinária, endometriose ureter.

72 Acta Obstet Ginecol Port 2021;15(suplemento):66-72

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