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METÓDOS
Foi realizado um estudo observacional do tipo caso-controle, em que foram identicados na base
de dados do Hospital Governador Celso Ramos pacientes que passaram por procedimento de colocação
de prótese ortopédica.
Foram incluídos pacientes operados que passaram por procedimento de colocação de prótese
ortopédica e não desenvolveram infecção no período de um ano (controle) e que desenvolveram infecção
até um ano após o procedimento (caso), sendo selecionados 233 prontuários sendo, 184 controles e 49
casos.
Através dos prontuários, analisou-se dados demográficos, como idade, sexo, dados clínicos
como índice de massa corpórea, diagnóstico prévio de HAS, tabagismo, história de procedimento de
artroplastia prévia e dados relacionados ao procedimento cirúrgico como tempo de operação,
necessidade de transfusão sanguínea, tipo de artroplastia, local do procedimento e motivo do
procedimento.
Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de Ética e pesquisa da Universidade do Sul de Santa
Catarina sob o parecer consubstanciado número: 1.419.055.
O armazenamento dos dados foi realizado no programa Excel e a análise dos dados, feita com o
programa Statistical Package for Social Sciences versão 20.0 (SPSS INC., Chicago, Illinois, USA). A
análise descritiva foi realizada através de números absolutos e proporções para as variáveis quantitativas,
e média e desvio-padrão para as variáveis qualitativas.
Com o objetivo de verificar a existência de diferença significativa nas variáveis estudadas entre
dois grupos foi utilizado o teste do Qui-quadrado. A chance de infecção será comparada entre casos e
controles utilizando como medida de associação o Odds Ratio (OR). O critério de determinação de
significância adotado foi o nível de 5%, ou seja, quando o valor de p do teste estatístico for menor ou
igual a 0,05.
RESULTADOS
DISCUSSÃO
Infecção na prótese ortopédica é uma grave complicação que ocorre após procedimento de
artroplastia; em hospitais de referência, nos países desenvolvidos, a incidência de infecção neste tipo de
procedimento varia de 0,3 a 2% tanto em artroplastias de quadris como de joelho.3,15-18 Além da alta
morbimortalidade devido ao processo infeccioso, os custos à instituição são enormes; no Brasil, um
estudo realizado por Dal Paz et al,20 aponta que o custo total para cada paciente sairia em média de 2.700
dólares por paciente; outro estudo realizado na França aponta um valor muito mais alto, de
aproximadamente 32.000 euros por paciente.21
No presente estudo observou se que o sexo masculino apresentou um risco 2,07 vezes maior de
desenvolver infecção e, quando o motivo do procedimento foi por necessidade de revisão da prótese,
esse risco subiu para 3,3 vezes mais. Diversos estudos internacionais também evidenciam um aumento
nas taxas de infecção quando na presença destas variavéis; estudos analisados apontam o sexo masculino
como um fator de risco para o surgimento de infecção, todavia não apontam qual o seja motivo desse
aumento.
Mohammad R et al22 levanta a hipótese de que isso poderia ser explicado pelo efeito dos
hormônios sexuais no sistema imune, o estrogênio tendo um papel ativador, enquanto a testosterona
suprime. Além disso, há uma possível maior exposição a agentes infecciosos no sexo masculino; neste
estudo, o risco foi de 1.79. Revisão sistemática realizada pela unidade de pesquisa musculoesquelética
da universidade de Bristol23 mostrou um risco de 1.36 vezes maior para o sexo masculino e de 2.26
vezes maior quando a cirurgia foi de revisão porém não apontou os motivos.
Mortazavi et al,24 demonstrou que o aumento da incidência após cirurgia de revisão deve-se à
condição de saúde do paciente no momento do procedimento e à condição do tecido ósseo e
cartilaginoso; caso o motivo do procedimento for o tratamento de processo infeccioso prévio, adiciona-
se a virulência do patógeno como fator associado.19 Estudo Francês20 aponta ainda como fator o aumento
do tempo cirúrgico, sendo que o paciente necessitará na maioria das vezes passar pela cirurgia de dois
tempos, procedimento este considerado de primeira escolha devido às maiores taxas de sucesso25.
CONCLUSÃO
Neste estudo observou-se como fatores associados ao aumento das taxas de infecção na protése
ortopédica o sexo masculino e quando a indicação do procedimento foi devido a necessidade de revisão
da prótese. Cabe aos profissionais da área atentarem para um maior cuidado nos procedimentos
realizados em pacientes com essas características, atuando nestes e nos demais fatores de risco
modificavéis, evitando desta forma um aumento na morbimortalidade e consequentemente reduzindo
custos à instituição e ao Estado.
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Joint Surg Br. 2012;94-B, A:42-6.
Idade
≥70 12(24,5) 49(26,6)
0,894 (0,431 – 1,852) 0,459
<70 37(75,5) 135(73,4)
IMC
≥30 13(28,3) 55(37,2) 0,666 (0,323 – 1,373) 0,177
<30 33(71,7) 93(62,8)
HAS
Sim 25(51,0) 91(49,5) 1,065 (0,567 – 1,999) 0,486
Não 24(49,0) 93(50,5)
DM
Sim 9(18,4) 18(9,8) 2,075 (0,868 – 4,960)
0,082
Não 40(81,6) 166(90,2)
Tabagismo
Sim 7(14,3) 26(14,1) 1,013 (0,411 – 2,494)
0,568
Não 42(85,7) 158(85,9)
Fonte: Elaboração do autor, 2017.
Tipo
Revisão 21(42.9) 34(18.5) 3.309 (1.681 – 6.514) 0.001
Primária 28(57.1) 150(81.5)
Tempo operação
> 2,5 horas 12(26.1) 58(39.7) 0.535 (0.256 – 1.119) 0.065
< 2,5 horas 34(73.9) 88(60.3)
Transfusão sanguínea
Sim 6 (12.2) 28(15.2) 0.777 (0.302 – 1.998)
0.395
Não 43 (87.8) 156(84.8)
Fonte: Elaboração do autor, 2017.
Grafico 1 – Número de procedimentos por local e a divisão entre primária e revisão.
200
180
184
160
140
138
120
100
80
60
40 49
46 44 40
20
9 5
0
Quadril Joelho
Gráfico 2 – Prevalência dos microrganismos nos pacientes grupo caso (com infecção).
1 1
1 6
2
Gráfico 2 – Prevalência dos microrganismos nos pacientes do grupo caso (com infecção).
Fonte: Elaboração do autor, 2017.