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Ser portadora de endometriose pode significar ser
estigmatizada, ser incompreendida de várias maneiras, desde
“hipocondríaca” até “com distúrbios psicológicos”. Nós, humanos,
temos a tendência de repudiar aquilo que não conhecemos, e
buscamos justificativas para nosso comportamento perante essas
situações, como é o caso da endometriose. Podem ser os
companheiros, os amigos e até mesmo os médicos das portadoras. No
fundo, a reação é comum: nos afastarmos, nos defendermos, nos
justificarmos perante o desconhecido.
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A Caroline, assim como alguns médicos e muitas portadoras,
questionam esses fatos. O questionamento não é no sentido de
culpar ou fazer uma “caça as bruxas”, mas sim no sentido positivo de
darmos respostas efetivas para as portadoras da endometriose. Cá
entre nós, é difícil recebermos um diagnóstico de uma doença
supostamente crônica e sem cura e o aceitarmos passivamente.
Simplesmente vai contra a natureza humana.
Alysson Zanatta
Médico, dedicado à endometriose
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O QUE É ENDOMETRIOSE?
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Há muitos mitos sobre a doença, entre eles está sua
origem.
A teoria mais difundida, a da menstruação retrógrada –
quando o endométrio, camada que reveste o útero,
volta pelas trompas - não explica todas as
manifestações da doença (em órgãos distantes da
pelve, por exemplo).
Por outro lado, existem relatos na literatura científica (já
traduzidos no blog) de endometriose em fetos.
Assim, a teoria da origem embrionária - quando células
precursoras de endometriose originar-se-iam ainda
durante a formação do embrião no útero da mãe e
dariam origem às lesões de endometriose durante a
vida adulta da mulher - é a que mais faz sentido para
explicar a endometriose, e também a que poderia
explicar a presença da doença em órgãos mais
distantes da pelve.
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A desinformação da sociedade, especialmente dos
médicos, pode mutilar diariamente muitas mulheres
mundo afora.
Muitos médicos acham que a doença vem do útero ou
dos ovários, por ser justamente essa a teoria mais
aceita e ensinada.
Com isso muitas endomulheres estão perdendo seus
órgãos reprodutores e ficando inférteis à toa.
A cura da doença não é obtida com a retirada dos
órgãos reprodutores, mas sim com a remoção total dos
focos.
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SINTOMAS
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Cada portadora tem seus sintomas, e não
necessariamente ela terá todos. Porém, os mais
comuns são:
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Mesmo a dor sendo o principal sintoma da
endometriose - cerca de 80% das endomulheres têm
dores -, cerca de 10 a 14% não tem nenhum sintoma.
São as chamadas assintomáticas e que descobrem ter
a doença quando não conseguem engravidar.
Apesar da alta porcentagem, ser portadora de
endometriose não significa que a mulher será infértil ou
que terá dificuldade para gestar.
Muitas mulheres conseguem engravidar naturalmente,
ou após a cirurgia, mas outras precisam de tratamento
de reprodução assistida para alcançar o sonho da
maternidade.
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COMO É DIAGNOSTICADA?
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- exame físico: um toque vaginal realizado com
cuidado e atenção, buscando-se palpar
cuidadosamente o fundo da vagina e a região atrás do
colo do útero, poderá ser capaz de identificar os
nódulos e aderências de endometriose profunda em
mais da metade dos casos.
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O tempo médio mundial para diagnóstico é de sete a
12 anos.
Por conta dos muitos mitos da doença (de que cólica
menstrual é normal, mais um!), a menina que começa a
ter seus sintomas já na primeira menstruação recebe o
diagnóstico muitos anos mais tarde, por volta dos 30
anos.
Dizem que a doença atinge mulheres apenas em
“idade reprodutiva”, mas a endometriose não escolhe
idade e muito menos raça.
Na literatura a doença já foi encontrada em uma
menina de sete anos de idade e até em uma senhora
de 78 anos, já menopausada.
O que coloca em xeque outro mito (mais um!) que a
menopausa seria a cura para esta enfermidade, que
atinge uma a cada 10 mulheres.
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COMO A DOENÇA SE MANIFESTA?
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Outro mito (mais um!) é dizer que a doença se espalha.
Não, a doença não se espalha conforme a idade da
mulher e muito menos por conta do ciclo menstrual.
Segundo estudos do médico e cientista americano
David Redwine a endometriose é uma doença estática
e previsível.
Segundo ele, a mulher já poderá ter desenvolvido
todos os seus focos até seus trinta e poucos anos.
Uma adolescente já pode ter uma endometriose
profunda enquanto uma mulher mais velha pode ter a
superficial.
E isso independe do número de menstruações, já que
a mais velha teve muito mais períodos menstruais que
a menina mais jovem.
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COMO TRATAR, COMO ALIVIAR OS
SINTOMAS DA ENDOMETRIOSE?
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COMO É FEITA A CIRURGIA?
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Neste caso, a endometriose não voltou, ela nunca foi
embora.
Ou seja, quem faz a cirurgia com cauterização dos focos
não tem recidiva da doença: tem na verdade
persistência da mesma, significando que a doença não
foi removida adequadamente.
A cirurgia de remoção máxima dos focos pode levar a
paciente à cura.
Pois é, pouco se fala de cura da endometriose.
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ENDOMETRIOSE VERSUS GRAVIDEZ
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E como a dor pode diminuir, surge a sensação de cura.
Na verdade, a lesão estará menos inflamada, talvez
decorrente das altas doses de progesterona que
circulam no corpo da mulher durante a gestação.
No cenário de promover a cura muitas endomulheres
são “obrigadas” a engravidarem.
Algumas não querem no momento, mas se sentem
pressionadas pela sociedade a tentar.
Mas a realidade de muitas delas é diferente.
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INFLUÊNCIA NA VIDA PESSOAL E
PROFISSIONAL
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As participantes passaram por laparoscopia que
verificou se a endometriose era realmente a causa de
suas dores.
Destas, 64% estavam na casa dos 30 anos e 65%
sofriam com as dores da doença. As mulheres com
endometriose sofrem uma perda de produtividade no
trabalho 38% maior em relação às que não tem a
doença.
Essa diferença foi explicada principalmente por uma
maior gravidade dos sintomas de dor, já que a doença é
a principal causa de dor pélvica.
O estágio da doença não refletiu na gravidade dos
sintomas.
Ou seja, uma endomulher com endometriose grau I,
mais superficial, pode sentir mais dores que as de grau
IV, que tem endometriose profunda, por exemplo.
E vice-versa. Mas é preciso deixar bem claro que isso
não é uma regra e vai depender de cada caso.
Os sintomas de dor da endometriose reduzem a
qualidade de vida, sendo o impacto principalmente na
saúde física e não mental. À medida que os sintomas se
tornam mais graves, a qualidade de vida é ainda mais
reduzida.
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A endometriose é uma doença que causa dores no
corpo e na alma. No corpo, as dores físicas e, na alma,
as dores da infertilidade e do preconceito.
Das 65% das portadoras que sofrem com as dores, um
terço delas são inférteis.
A infertilidade isolada, sem dor, foi relatada em 14% das
mulheres com endometriose e em 29% naquelas que
não apresentavam endometriose.
Tanto as dores quanto a infertilidade impactam a vida
pessoal da endomulher, pois a doença afeta os
principais anos de sua vida.
Geralmente ela está iniciando ou terminando seus
estudos, iniciando ou no meio de sua carreira
profissional ou construindo relacionamentos, ou até
mesmo no momento de ela iniciar sua família.
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COMO VIVER BEM COM A
ENDOMETRIOSE
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•Manter sua mente ocupada:
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•Não desanimar, jamais!
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• Afaste-se de pessoas negativas:
Quando alguém começar a falar o que não sabe, como
por exemplo: “tire logo esse útero para se curar da
endometriose”, nem responda. Saia de perto e vá
fazer algo que te dê prazer.
Não dê ouvidos a quem não sabe o que está dizendo.
Inspire-se naquela pessoa que venceu suas
limitações e vá em busca de seus objetivos.
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Até tentei usar um número maior, mas chega num ponto
que o inchaço se torna constante e dói muito quando
aperta a barriga, quando a crise chega é complicado
desabotoar a calça em qualquer lugar.
Por isso quando sofria com esses sintomas da
endometriose por anos troquei a calça jeans pela
legging.
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Uma mulher com endometriose leve pode ter mais dor
que uma com endometriose profunda.
A dor independe do grau.
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Ele tem o dever de conhecer as diversas manifestações
da doença (saber as diferentes cores dos focos) e, além
de saber a parte prática e a teórica, é de suma
importância que o especialista compreenda a mulher
como um todo.
Pois se em algum momento ele duvidar da dor que ela
sente, a confiança neste profissional será quebrada.
Por isso a informação é uma arma poderosa que a
portadora tem em suas mãos.
Por meio dela passamos a entender melhor a doença,
como trata-la efetivamente, e podemos e conhecer
profissionais aptos a tratar uma endomulher.
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“Agradecimento especial ao Doutor Alysson Zanatta
responsável pela revisão do texto!”
www.aendometrioseeeu.com.br
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