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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.

279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO


QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

UNIVERSIDADE CATOLICA DE MOCAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA

CURSO DIREITO

ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO


QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Monografia apresentada como requisito


para obtenção de título de licenciatura em
Direito pela Universidade Católica de
Moçambique Chimoio - FENG

Licenciando: Supervisor:
Edson Vasco Rafael Dr. Rui Miguel Rafael Francisco Molande

_______________________________ ______________________________

Chimoio aos, _____ de Abril de 2019


ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

UNIVERSDIDADE CATOLICA DE MOCAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENGARIA

Elaborado por: Edson Vasco Rafael

Análise crítica do art. 279 no 1 alínea a) à c), como um facto que viola o princípio
da igualdade

____________________, ______, de ___________________ de 2019

Resultado
_______________________________________________________________

Membros do Júri:

Presidente: ___________________________________________

Supervisor: ___________________________________________

Oponente: ____________________________________________

Estudante:____________________________________________
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Declaração de honra

Eu, Edson Vasco Rafael, declaro por minha honra, que este trabalho para obtenção do
grau de licenciatura em Direito nunca foi apresentado na sua essência em nenhuma
outra instituição para obtenção de qualquer grau académico ou similar e o mesmo
constitui resultado de uma investigação singular e da orientação de um supervisor,
estando citado no texto e na referência bibliográfica todas as fontes usadas para
compilação dessa obra.

Estudante

_______________________________________

Supervisor

________________________________________
Dr, Rui Miguel Rafael Francisco Molande

Chimoio, _____ de Abril de 2019

i
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

DEDICATORIA

Aos meus pais, irmãos, tios, e a


toda minha família que, com
muito carinho e apoio, não
mediram esforços para que eu
chegasse ate esta etapa de minha
vida. Em especial atenção ao meu
tio Alastia Lourenço Diruai por
ter acreditado, incentivado e
investido em mim.

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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

AGRADECIMENTO
Primeiramente, a Deus Pai, que iluminou o meu
caminho durante esta caminhada.

Aos meus Pais, pela orientação, apoio e confiança, por


terem me ensinado o verdadeiro valor dos estudos, sem
vocês a realização desse sonho não seria possível.

À Vasco Rafael, que Deus o tenha, foi mais que um pai,


e sempre procurou ensinar o valor das pequenas acções
e lutou para proporcionar a tranquilidade e o conforto
que tanto precisava para concluir esta etapa.

Aos meus irmãos, por terem me ajudado no meu


desenvolvimento íntegro como ser humano e diversos
aspectos vividos aos longos dos últimos anos.

À Alastia Lourenço Diruai, que Deus o tenha, que foi


mais que um mestre e orientador, um amigo, tio, e
espelho a seguir, e que nunca minimizou ou
economizou os seus esforços para a conclusão deste
curso.

Ao doutor Rui Miguel Rafael Francisco Molande, pela


dedicação inquestionável e devota à elaboração deste
trabalho.
Aos colegas da Licenciatura pelo apoio e motivação
para enfrentar e ultrapassar as barreiras ao longo do
curso.

À Faculdade de Engenharia seus docentes, em especial


aos do curso de licenciatura em Direito que
contribuíram para a minha formação.

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EPIGRAFE

‘‘A justiça é o vínculo das sociedades humanas:


as leis emanadas da justiça são a alma de um
povo’’
(JUAN VIVES)

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RESUMO
O presente trabalho, tem como tema do mesmo: Análise crítica do art. 279 1 na 1
alínea a) à c) do código penal como um facto que viola o princípio da igualdade, visa
abordar fundamentalmente a temática da excepção à acção criminal pelos crimes de
furto. Esta norma estabelece que quem comete o crime de furto de contra o cônjuge,
ascendente, descendente, adoptante e adoptado, seja isento de pena, isto é, não seja
punido. A consagração desta norma na ordem jurídica pátria justifica-se por um lado
pela intenção do legislador em salvaguardar as relações familiares, mas que acaba
violando o princípio constitucionalmente consagrado, uma vez que aos olhos da nossa
constituição todos são iguais perante a lei, gozando dos mesmos direitos e deveres art
35 da C.R.M.
Sendo assim, o legislador acaba de certa forma indo de em contra com a referida
norma, não só, a acção ai praticada constitui crime de furto, ficando preenchidos
todos os aspectos para a responsabilização do autor, mas que se encontra entrave para
se fazer tal responsabilização em virtude desta assim isentar o autor de poder
responder pela pratica do mesmo.
Se pode considerar essa excepção como uma condição negativa de punibilidade, pois
esta exclui a responsabilidade penal, em razão da condição pessoal do agente, mas
não descaracteriza o crime praticado.
A matéria em relação a excepção da acção criminal tem gerado controvérsia, criticas,
preocupações e debates, uma vez que se deveria optar pela escolha de um modelo em
que não se retira a possibilidade de o autor (infractor) ser responsabilizado pela
prática de um crime, que esta tipificado.

Palavras-chaves: Excepção, infractor, punibilidade, acção criminal, principio da


igualdade, responsabilidade, isenta.

1
CP

v
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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

ABSTRACT
The present work has its theme: Critical analysis of art.279 no 1 (a) to (c) of the
Criminal Code as a breach of principe of equality, is intended primarily to address the
issue of exception to criminal prosecution for theft. This rule establishes that anyone
committing the crime of theft against the spouse, ascendant, descendant, adopter and
adopted, be exempt from punishment, that is, not punished. The consecration of this
rule in the legal order of the country is justified on the hand by intention of the
legislator to safeguard family relations, but ends up violating the constitutionally
consecrated principle,, since in the eyes of our constitution all are equal before the
law, enjoying the same rights and duties article 35 CRM
Thus, the legislature ends up going against the aforementioned norm, not only, the
action it is practicing is a crime of theft, and all aspects of the responsibility of the
author are fulfilled, but they are impeded in doing so responsibility in this way to
exempt the author from being able to answer for the practice of it.
This exception can be considered as a negative condition of punishability, since it
excludes criminal responsibility, due to the personal condition of the agent, but does
not de-characterize the crime committed.
The matter in relation to the exception of criminal actions has generated controversy,
criticism, concerns and debates, since one should choose to choose a model in which
the author (offender) is not deprived of the possibility of being held responsible for
the commission of a crime, which is typified.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Resposta a questão 1 ------------------------------------------------------------34


Gráfico 2: Resposta a questão 2 -----------------------------------------------------------35
Gráfico 3: Resposta a questão 3 -----------------------------------------------------------37
Gráfico 4: Resposta a questão 4 -----------------------------------------------------------38
Gráfico 5: Resposta a questão 5 ------------------------------------------------------------39
Gráfico 6: Resposta a questão 6 -----------------------------------------------------------41

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: resposta a questão 1---------------------------------------------------------------34
Tabela 2: resposta a questão 2 --------------------------------------------------------------35
Tabela 3: resposta a questão 3---------------------------------------------------------------36
Tabela 4: resposta a questão 4 --------------------------------------------------------------37
Tabela 5: resposta a questão 5 --------------------------------------------------------------39
Tabela 6: resposta a questão 6 --------------------------------------------------------------40

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

1. Al. - Alínea
2. AR – Assembleia da República
3. ART – Artigo
4. CC – Código Civil
5. CFR- Conferir
6. CP- Código Penal
7. CRM- Constituição da República de Moçambique
8. DL – Decreto-lei
9. Ed - Edição
10. FENG- Faculdade de Engenharia
11. IPAJ- Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica
12. MJ- Magistrado Judicial
13. MP - Magistrado Público
14. No - Numero
15. PG- Pagina
16. Reimp – Reimpressão.
17. Téc - Técnico
18. UCM- Universidade Católica de Moçambique

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GLOSSÁRIO

Ciclo Vicioso: expressão usada para se referir a algo que nunca tem fim, que anda em
círculos sem interrupções
Código Penal: é um conjunto de normas codificadas que tem o objectivo de
determinar e regulamentar os actos considerados ‘‘infracções penais’’, assim como
definir as sanções correspondentes.
Conformidade: sujeição ao que esta estabelecido
Direito da Família: é o ramo do direito que contem normas jurídicas relacionadas
com a estrutura, organização e protecção da família.
Direito Penal: é a disciplina do direito público que regula o exercício do poder
punitivo do Estado, tendo por pressupostos de acção delitos (isto é, comportamentos
considerados altamente reprováveis ou danosos) e como consequência as penas.
Immunites familiales: Imunidades familiares
Inconformidade: ausência de conformidade, divergência, desacordo.
Jus Puniend: é uma expressão latina que pode ser traduzida literalmente como direito
de punir do Estado, refere-se ao poder ou prerrogativa sancionadora do Estado.
Nulla poena sine culpa- não existe pena sem culpa.
Pena: punição atribuída a quem comete um crime.
Protecção: conjunto de medidas adoptadas para garantir a integridade física, mental e
moral.

x
1. CAPITULO I

1.1. Contextualização

O presente Trabalho de pesquisa, tem como tema ‘‘ Abordagem crítica do art.


279 no 1 da alínea a) à c) do código penal como um facto que viola o princípio da
igualdade’’.
Esta norma estabelece que haja isenção de pena para aqueles que cometam algum dos
crimes contra o património, contra o cônjuge, ascendente, ou descendente. Isto é,
aquelas situações em que a punibilidade estaria afastada, ou seja, condições que
fazem com que não haja a punibilidade.
O artigo 4o da CRM, prevê que as normas constitucionais prevalecem sobre as
restantes normas do ordenamento jurídico, sendo certo que, o princípio da igualdade é
constitucional consagrado. Tendo sua natureza pessoal de exclusão da punibilidade,
uma vez que o Estado fica impossibilitado de actuar, aplicando a sanção penal,
mesmo diante de um facto típico, lícito e culpável.
Crime este que independentemente de ser motivado por antipatia, problemas
pessoais, pela certeza de que o crime compensa, entre outros, já que não haverá
punição penal pela sua prática, acaba ocasionando um verdadeiro caos, quando a
função do direito deve ser de harmonizar os conflitos e estabelecer a paz social e por
que não dizer, a paz familiar.
O Estado de Direito Democrático constitucionalmente consagrado tutela um
complexo de princípios, direitos, deveres e liberdades fundamentais e dentre eles
podemos destacar a parte que esta relacionada directamente com o principio da
igualdade.
Justamente porque a nossa preocupação é analisar aquilo que se pretende com
tal despenalização, tendo em conta o contexto moçambicano, uma vez que hoje já se
pode encontrar, a título de exemplo, tios, que criam e possuem a mesma habitação
com seus sobrinhos, figurando também numa relação familiar, mas que não são
merecedores dessa protecção penal que os ascendentes e descendentes possuem.

1
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Esta norma pode ser vista também como um grande influenciador na prática
de tal crime, pois, poderá ser praticado sem se temer nenhuma consequência penal e
deixar o infractor numa situação de conforto e nenhum interesse no dano que causa na
esfera patrimonial do ofendido.

O que nos leva a questionar, se temos a prerrogativa de penalizar outras


pessoas que não são os nossos parentes, porquê que nossos parentes vão ficar isentos?
Percebemos que o legislador quer salvaguardar relações familiares, mas ninguém esta
acima da lei.

Visto que a presente monografia é uma pesquisa elaborada e concisa, é óbvio


que os estudos realizados são no contexto jurídico - legislativo e não baseados em
mera suposição hipotética, e por esta razão observar-se-á conteúdos relativos a Lei2. E
porque o tema envolve a sensibilidade social serão também olhados para os aspectos
consuetudinário moçambicano tendendo a colher melhor solução ou resposta ao tema
em vigor proposto.
O tema justifica-se pelo facto de ser um desafio lançado em virtude do
investigador estar em fase final do curso, não obstante por ser um tema que suscita
muito debate e muito interesse, e pode contribuir em grande medida para a sociedade.
Justifica-se também por ser um tema muito debatido em sede da cadeira de
Direito Penal e de Direito da Família, com tudo, justifica-se pelo simples facto desse
dispositivo pese embora o legislador entenda que queira salvaguardar relações
familiares, mas acaba violando o princípio de igualdade.

O presente trabalho tem como objectivo geral analisar de forma critica o art.
279 n1 alínea a) à c) do Código Penal como um facto que viola o principio da
igualdade. E para se conseguir alcançar o objectivo geral, iremos analisar o teor
relativo a adopção instituto de excepção à acção criminal, apurar opiniões dos
membros integrantes da sociedade sobre a excepção a acção criminal que esta norma
nos trás, sugerir, também, hipoteticamente meios para a construção de um quadro
jurídico eficaz, que vai salvaguardar o direito de acção penal por parte do ofendido.

2 Lei, é um princípio, um preceito, uma norma, criada para estabelecer as regras que devem ser
seguidas num ordenamento jurídico

2
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Como é o habitual e necessário que a estrutura de todos os demais trabalhos


científicos respeitem as exigências metodológicas, o presente trabalho de monografia
não irá se desvincular da regra, e justamente para o melhor manuseamento, o trabalho
irá se apresentar em cinco capítulos, que são:

Onde, o primeiro capítulo será reservado a parte introdutória, onde


logicamente, contara o problema que se propõe para a realização do presente trabalho;

Onde, o segundo capítulo, será reservado a Revisão da Literatura, contendo os


conceitos e termos relevantes para a compreensão do tema a estudar que irão sustentar
as ideias desenvolvidas no decurso ou decorrer do trabalho;

O terceiro capítulo será reservado para a Metodologia, onde estão


especificadas as técnicas usadas para a efectivação do estudo;

O quarto capítulo será reservado para a Analise e Interpretação de Dados, será


feita a apresentação e discussão dos resultados que permitam a elaboração do
trabalho;

O quinto que é último por sinal, será reservado para a conclusão e


recomendações, e posteriormente a apresentação bibliográfica usada na elaboração do
trabalho.

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2. CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2.1.1. Introdução

Este capítulo faz o enquadramento teórico da pesquisa, abordando certos


aspectos chaves correlacionados, com maior focalização excepção à acção criminal
como facto que viola o princípio da igualdade.
Na revisão da literatura teórica, apresentar-se-á os conceitos chaves e
diferentes abordagens na qual permitirão uma maior compreensão do tema em alusão.
Na revisão de literatura Empírica, apresentar-se-á aspectos pertinentes a
diversos estudos do direito comparado, em feito de mostrar como é que o nosso tema
se desenvolve noutros ordenamentos jurídicos.
Na revisão da literatura focaliza, debruçar-se-á sobre aspectos da realidade do
nosso tema, no contexto moçambicano.

2.1.2. Revisão da Literatura Teórica


2.1.3. Dos conceitos
2.1.4. O Direito Penal
Diz-se Direito Penal o conjunto de normas jurídicas que fixam os pressupostos
de aplicação de determinadas reacções legais: as reacções criminais, que englobam as
penas e ainda medidas de outro tipo, entre as quais avultam hoje as chamadas medidas
de segurança. Esta abrange no sentido próprio, o direito de punir (jus puniendi).
Teresa Beleza (1998, pg. 21)3 define direito penal como sendo um conjunto de
normas que tem um certo tipo de estrutura que faz corresponder à uma situação de
facto à que se chama Crime e uma certa sanção à que se chama Pena no sentido mais
rigoroso.
Primitivamente exercido pelo individuou e pela família, sob a forma de
vindicta, do talião e da composição ou mergheld, integrou-se depois no Estado, que
constitui a força organizada e colectiva ao serviço do direito. Como atribuição deste, e

3BELEZA, Teresa Pizarro. (1998).Direito Penal. Vol I. Lisboa: AAFDL.

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tendo por fim garantir a segurança individual e colectiva, constitui ramo do Direito
Publico.
Este poder de punir é ilimitado, mas exercido segundo as condições
estabelecidas previamente na lei.4

2.1.5. Evolução do Direito Penal e da Sociedade Criminal


5
Segundo Eduardo Correia (1999, pg.76) , para bem compreender as
condições do exercício actual do direito de punir, torna-se necessário acompanha-lo
através das fases da sua evolução. No decurso dos séculos o domínio da lei penal
transformou-se sensivelmente: regulando, outrora, com as mais severas sanções, a
vida domestica, os usos sociais, o cumprimento dos deveres religiosos, ela retrai-se
hoje ante o respeito da liberdade individual e cede o lugar, em numerosos casos, a lei
e a sanção simplesmente civis.
Paralelamente, porem, a transformação das condições do comércio, da
indústria, das relações dos homens entre si e o aparecimento de novas necessidades
levarem a criação de delitos novos, que vieram impor largas restrições a acção dos
indivíduos. Na evolução da justiça penal podemos distinguir quatro períodos ou
divisões históricas que, assim caracterizaremos:

2.1.6. Período da vingança privada


Segundo Fernando Capez (2004, pg.43)6, nos primórdios da civilização não
havia qualquer espécie de administração pertinente à justiça. Caso alguém ofendesse
o seu semelhante, em muitas ocasiões a punição sequer era dirigida ao agressor, mas
sim a membros de sua família ou tribo, gerando, não raro, resposta mais hostil.
Facto irredutível da reacção contra a ofensa resulta da propriedade biológica
elementar de reacção contra uma impressão exterior. Todo ser vivo luta pela própria
existência, e , assim toda a acção que lhe ameaçar ou perturbar as condições naturais
de existência, individual ou social, determina da parte dele uma reacção directa ou

4
Cfr SCHIMIDT, Lisz. (1895). Direito Criminal Germanico, Sao Paulo: Saraiva.
5CORREIA, Eduardo. (1999). Direito Criminal – I. Coimbra: Almedina.
6CAPEZ, Fernando. (2004). Direito Penal, Parte Geral. Sao Paulo: Saraiva.

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indirectamente defensiva, conforme servir desde logo as consequências nocivas do


ataque, ou apenas, pela repressão do agressor, prevenir a repetição.

2.1.7. Período teológico - político da vingança divina e pública e da


intimidação;
Segundo Wanderley Jorge (2005, pg. 66) 7 , com o desenvolvimento e
organização da sociedade, a tutela deixa de ter conteúdo eminentemente teocrático,
desconsiderando situações particulares, passando a ser centralizada nas mãos dos
soberanos.
Na história de quase todos os povos ha um período teocrático, caracterizado
pelo predomínio de uma casta ou classe sacerdotal, no qual o direito se confunde com
a moral e a jurisprudência se converte em um ramo das ciências sagradas, sendo o
sacerdote o seu natural superior.
8
Segundo Flávio Gomes (2007, pg.85) acrescenta que neste período,
acreditava-se que os deuses eram guardiões da paz e eventual do crime cometido era
considerado uma afronta às divindades. Para que a tranquilidade fosse restaurada,
sacrifícios humanos deveriam ser realizados.
Neste período, o delito, qualquer que seja, é um ataque á constituição religiosa
e a penalidade, que é destinada a expia-lo, reveste um carácter simbólico e sagrado. A
aplicação da pena transforma-se de reacção defensiva em função religiosa e moral,
acompanhada de um formalismo rigorosíssimo e , sobretudo, de um espírito místico
de penitencia e purgação.

2.1.8. Período humanitário


Segundo Cezar Roberto Bitencourt (1993, p.45)9, na reforma das instituições
penais, o século XVIII representa um papel importantíssimo. A sua acção
revolucionária não incidiu exclusivamente nos domínios da ciência política, reflectiu-
se também no das ciências sociais.

7
JORGE, Wanderley. (2005). Curso de Direito Penal, Parte Geral. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense.
8
GOMES, Flávio. (2007). Direito Penal. Vol. I. São Paulo: Saraiva.
9BITENCOURT, Cezar Roberto. (1993). Falência da pena de prisão – Causas e alternativas. São
Paulo: Revista dos Tribunais.

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Cesare Bonessana– os enciclopedistas, no


intuito de por termo as instituições odiosas do velho regime, preconizam os sistemas
políticos em que a liberdade individual e a igualdade perante a lei encontram a mais
eficaz garantia. Este ultimo combatia o sistema penal então vigente, criticando, dentre
outros, os seguintes itens:
 A forma de aplicação e linguagem utilizada pela lei, pois grande parte
dos acusados, além de analfabetos, não tinha sequer noção dos
dispositivos legais;
 A desproporção entre os delitos cometidos e as sanções aplicadas;
 A utilização indiscriminada de da pena de morte;
 A utilização da tortura como meio legal de obtenção de prova;
 Criticou as condições das prisões e
 Trouxe ideias a fim de combater o crime.

2.1.9. Período científico contemporâneo


Segundo José Henrique Pierangeli (2001, pg. 75)10 , após o levante provocado
pelos pensadores iluministas o Direito Penal passou a ser estudado de forma mais
científica e metodológica.
A partir de então, os estudiosos não mais se limitaram ao exame da legislação,
passando a desenvolver conceitos e teorias jurídicas, sociais e antropológicas,
divisando de forma abrangente o fenómeno criminal, bem como a verdadeira função
de alguns institutos penais,
A origem e o desenvolvimento da escola criminal positiva estão intimamente
ligados ao florescimento das ciências naturais, desde a segunda metade do século
findo, e em geral, a todo o pensamento moderno, que pode definir-se uma energia
reacção contra toda a forma ideológica, em contraste com a realidade.
No momento, o Direito Penal e os sistemas penais contemporâneos estão
submetidos a críticas graves sobre sua legitimidade e eficácia.

10
PERANGELI, José Henrique. (2001). Códigos Penais do Brasil, Evolução Histórica. 2ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais.

7
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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.10.A Evolução Do Direito Penal Moçambicano


2.1.11. O código Penal antes da Independência

De acordo com Elísio de Sousa (2016, pg33)11 Depois de 128 anos de vigência
do código de 1886, algumas aliterações foram feitas a este modo a acompanhar as
novas tendências do direito e evolução tecnológica. Estamos a falar de um Código
que desde a sua concepção ate a sua aprovação assistiu a invenção e desenvolvimento
do telégrafo de Samuel Morse, assistiu a invenção e patenteamento do telefone de
Graham Bell, testemunhou igualmente a invenção da primeira lâmpada eléctrica de
Edison & Swan. Devemos realçar que foram muitos adventos tecnológicos que hoje
se mostram imprescindíveis para a boa administração da justiça em que o mesmo
Código foi concebido, mas que por causa da visão futurista dos seus criadores este
Código perdurou por todos estes tempos ate hoje sec. XXI.
Importa recordar que o Código Penal tem a sua génese nos trabalhos de José
Manuel da Veiga que em 1836 vencera um concurso público para a elaboração do
‘‘novo código’’ ainda na vigência das Ordenações, mas que o seu Código não chegou
a entrar em vigor devido ao conturbado momento em que se vivia na época, onde para
efeito se adoptou a Chamada Constituição Setembrista em Portugal. Na vigência do
governo do General Duque de Saldanha (1852) foi aprovado um novo Código Penal
intensamente criticado pelos seus aplicadores por se mostrar ser apenas uma mera
compilação da legislação estrangeira.

2.1.12. O Código Penal depois da Independência


Segundo Elísio de Sousa (2016, pg34) 12 , tendo Moçambique se tornado
independente em 1975, por vi da constituição do mesmo ano, o Código Penal manteve
a sua vigência. Todavia porque o pais ainda não apresentava-se com quadros
suficientes para que se implementasse um novo Código Penal, pelo que o legislador
optou por fazer algumas alterações pontuais, tendo em conta a evolução da
criminalidade no contexto que se estava. Moçambique independente 3 constituições,
onde as primeiras 2 (1975-1990) eram quase diametralmente opostas e a de (2004),
apresentava-se como a que reforça os princípios da Constituição de (1990).

11 SOUSA, Elísio de. (2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora.
12
Idem.

8
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Importa referir que os regimes políticos que em nada afectaram as normas do


Código de 1886, pois que as alterações em nada tiveram que ver com a vigência das
Constituições, salvo na ateria relativa aos crimes contra a Religião. Para que se
adoptassem medidas pontuais com vista a incorporar algumas normas no regime
penal, umas primeiras medidas foi de reforçar a protecção dos bens do Estado contra
possíveis desvios, onde em 1979 foi aprovada uma lei que punia com penas mais
graves do que as do código.

2.1.13. A Revisão do Código Penal


Segundo Elísio de Sousa (2016, pg35)13, podemos nos arriscar a afirmar que
tanto em Portugal, Angola e Moçambique o Código de 1886 foi o Código com mais
tempo de vigência. Neste aspecto podemos dizer que Moçambique, apesar do
demorado processo de revisão do Código, se mostra ligeiramente mais avançado neste
processo pelo facto de já se mostrar formalmente finalizado o processo de reforma.
Mas que não seja por isso que o nosso legislador se devia vangloriar, visto que à
semelhança do que aconteceu do que sucedeu em Portugal no processo de aprovação
do Código de 1852, o novo Código ora aprovado pela AR não ficou incólume a
asseveras criticas por parte dos actores civis e jurisdicionais pelas inúmeras
incongruências que o Codigo apresentava, tendo a sua aprovação se devendo à
‘‘ditadura parlamentar’’ de aprovação por mais 2/3 dos deputados, o que obrigou o
Presidente da Republica, após o seu veto presidencial, a ter de escolher entre a
dissolução do parlamento e a consequente convocação de novas eleições ou a deixar
passar um Código que na sua visão se apresenta como um diploma defeituoso e
moribundo.

2.1.14. Conceito de Crime


Crime ou delito, de acordo com o nosso código penal moçambicano no seu
artigo primeiro, considera-se crime ou delito como o facto voluntário declarado
punível pela lei.14
Segundo Caeiro da Matta (2011, pg. 64), elecando os elementos que compõe
essa definição podemos constatar o seguinte15:

13SOUSA, Elísio de. (2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 Ed. Escolar
Editora: Maputo.
14CP

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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Facto: isto é tanto acção como omissão. Mais frequentemente o mal do crime
se causa por acções positivas, pois que a lei penal é, maior numero dos casos
proibitiva, mas também algumas, vezes ele se realiza por omissões, visto que e
alguma hipóteses a lei é preceptiva. Escusado seria dizer que o facto punível deve
traduzir por actos externos pois que, além de que o poder público não tem poder de
punir os fenómenos internos, não pode realmente puni-los.
Voluntario: isto é, é praticado com a necessária inteligência e liberdade. O
agente deve ser causa eficiente, livre, responsável do facto e não simplesmente sua
causa física: a força, diz o Prof. Perreira do Vale que actua sem conhecimento do bem
ou do mal moral a que se dirige, que não é livre, mas obedece de modo irresistível a
outra força que lhe imprime o impulso, não pode se considerar como eficiente,
inteligente e consciente da acção e por conseguinte, como responsável. Implica
portanto, um nexo causal consciente e livre entre a actividade física do agente e o
facto punido por lei.
De Acordo com Elísio de Sousa (2016, pg76) 16 , quando se refere a facto
voluntário deve-se ter em conta que o agente deve agir com vontade e liberdade. E só
se pode considerar facto a manifestação externa dos actos dos actos, como apregoa o
Prof. Cavaleiro Ferreira (1997, pg. 16) que passo a citar: ‘‘tanto actos interiores como
exteriores são actos morais ou imorais, mas só os actos exteriores, ou acções, ou
factos, são, do ponto de vista jurídico, lícitos ou ilícitos’’17.
Declarado Punível por Lei: isto é, nenhum facto, por mais repugnante que
ele seja ao bom senso moral pode considerar-se crime sem haver uma lei que o
qualifique como tal. ‘’Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem
prévia cominação legal’’, fica outorgada a lei a relevante tarefa de definir, isto é, de
descreve-los de forma detalhada, delimitando, em termos precisos, o que o
ordenamento entende por facto criminoso18.

15
MATTA, Caeiro da. (2011). Direito Criminal Português, Coimbra: Almedina.
16
SOUSA, Elísio de. (2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Escolar
Editora: Maputo
17
FERREIRA, Cavaleiro de. (1997). Lições de Direito Penal, parte geral. 4ed. Verbo: S. Paulo, Reimp.
18 Segundo Cernicchiaro ‘‘ Impõe-se descrição específica, individualizadora do comportamento
delituoso. Em outras palavras, a garantia há de ser real, efectiva. Uma lei genérica, amplamente
genérica, seria suficiente pata, respeitando o principio da legalidade, definir-se porem, resguardado

10
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

De acordo com Elísio de Sousa (2016, pg.76)19, quando a lei se refere a facto
declarado punível está neste aspecto a exaltar o principio da tipicidade, que é outra
das pedras angulares do nosso sistema jurídico - penal. Neste, aspecto não se pode
esquivar da visão do Prof. Maia Gonçalves que alvitra na necessidade de o
comportamento humano coincidir formalmente com a descrição feita na norma
incriminadora, para que possa integrar uma infracção criminal20.

2.1.15. Os fins das Penas


A pena é a mais importante das consequências jurídicas do delito. Consiste na
privação ou restrição de bens jurídicos com lastro na lei, imposta pelos órgãos
jurisdicionais competentes ao agente de uma infracção penal.21
Ora pode ser-se tentando a dizer, desde logo que as sanções criminais
correspondem a uma necessidade de afirmar certos valores ou bens jurídicos. Só que
com isto não fica, de modo algum, dito em que consista tal afirmação de valores ou
bens jurídicos - antes importa fixar-lhe o seu precioso conteúdo e alcance.
Para tanto dois caminhos são fundamentalmente possíveis:
a) De acordo com um deles, a reacção criminal é uma pura exigência de
justiça, corresponde a uma necessidade absoluta de afirmação,
existente em si e por si.
b) Dor outro lado se afirma, pelo contrário, que a reacção criminal tem
em vista proteger certos interesses, conserva-los e defende-los, tirando
a sua razão de ser da necessidade de evitar que esses interesses venham
a ser violados.
A estes dois grupos de teorias se da respectivamente o nome de
absolutas (res absoluta ab effectu) e relativas (res relata ad effectum).
Efectivamente, o primeiro grupo considera a reacção criminal derivada
de uma exigência da própria violação ( a punição tem lugar ‘‘quia

efectivamente, o direito de liberdade. Qualquer conduta que conduzisse aquele resultado estaria
incluída no rol das infracções penais.
19
SOUSA, Elísio de(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Escolar Editora:
Maputo
20
GONÇALVES, Maia. (1972). Código Penal Português, na doutrina e na jurisprudência. 2 ed.
Almedina: Coimbra.
21
Cfr. CUELLO , Eugénio. (1974). La moderna penologia. Barelona: Bosch.

11
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

peccatum’’), enquanto o segundo faz derivar a razão de ser da sanção


da necessidade de evitar futuras violações (a punição tem ‘‘ne
peccetur’’).
c) É aliás concebível um terceiro grupo: o daquelas teorias que
justamente entendem que o fim ou razão de ser da sanção se cumpre
ecleticamente, reagindo-se contra o passado e procurando-se ao mesmo
tempo evitar futuras violações (pune-se ‘‘quia peccatum ne peccetur’’)
e que poderão designar-se por teorias mistas.
Com isto, porem, nao pode ainda dizer-se que o problema esta inteiramente
solucionado. Pois deve ir-se mais longe e perguntar-se: Em que se traduz essa
necessidade de reacção ou essa necessidade de evitar futuras violações pela aplicação
das penas?
Quem procede mal deve pagar esse mal como é justo, e é justo que sofra um
mal igual ao crime que praticou (Retribuição)
Para outros, a aplicação da sanção ou sua ameaça são simplesmente um modo de
prevenir as violações futuras (teorias utilitárias) e isto quer na medida em que a
ameaça ou a execução desse mal agem sobre a generalidade das pessoas, intimidando-
as e desviando-as da prática do crime (Prevenção Geral); quer na medida em actuam
sobre o agente num sentido segregador, afastando-o ou eliminando-o da sociedade,
reeducativo ou correctivo, adaptando-o à vida social ou intimidativo, dando-lhe
consciência da seriedade da ameaça penal (Prevenção Especial).

De acordo com Elísio de Sousa (2016, p167)22os fins das penas são:

 Garantia da Protecção dos bens jurídicos: as normas de direito penal visam


acima de tudo tutelar a conduta do homem em sociedade, preservando os
valores elementares da vida em sociedade como a vida, integridade física e
patrimonial e alguns direitos indisponíveis, direitos estes, muitos eles fixados
na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em outros documentos
conexos. Deste modo caberá ao Direito Penal através das suas normas

22 SOUSA, Elísio de. (2016). Código Penal Moçambicano: Anotado e Comentado. 2 Ed. Maputo:
Escolar Editora.

12
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

punitivas zelar pela efectivação desses direitos por via do sancionamento


daqueles que ousam colocar estes direitos em causa.
E para que haja adesão as normas do Direito Penal esta ciência institui normas
de carácter vinculativo cuja sanção pelo não cumprimento se mostra
relativamente mais graves em relação a outros ramos de Direito.
 Reparação dos Danos Causados: que também é tido como a função
retributiva da pena. Para tal não basta que o condenado seja mantido sob
cárcere numa penitenciária para que os fins das penas se mostrem cumpridos.
Há necessidade da vítima ou os seus familiares se vejam ressarcidos do dano
causado pelo cometimento do crime. Isto significa que a pena não deve apenas
ter em conta a punição do infractor, mas deve ainda ‘‘olhar’’ pelos ofendidos
em concreto. É verdade que o Direito Penal não visa proteger interesses
particulares mas sim os da colectividade, mas isso não embarga a
possibilidade de o ofendido pela conduta do agente não se possa ver
locupletado dos prejuízos que sofreu.
 Reinserção do Agente na Sociedade e Prevenção da Reincidência23:que a
doutrina por ressocialização do agente. O agente ao cometer a infracção,
mostra a sua não total interacção e integração com as normas vigentes. Dai
que surge a necessidade de este mesmo agente ser ‘‘devolvido’’ a mesma
sociedade que o condenou, já mais adaptáveis as normas vigentes. Pois que
não se trata aqui de prevenir a Reincidência em si mas de prevenir que o
agente se envolva em mais actos criminais pois que o agente pode em certa
medida, reincidir a actividade criminal, mesmo depois de ter sido condenado
por um crime, sem que no entanto incorra em reincidência

2.1.16. Sujeito Activo da Infracção Criminal


O no 1 do artigo 27 do Código Penal, estabelece que pode ser sujeito da
infracção criminal a pessoa que tem a necessária inteligência e liberdade.

23
A reincidência é um conceito jurídico, aplicado ao direito penal, que significa voltar a praticar um
delito havendo anteriormente condenado por outro. A reincidência é circunstância que, via de regra,
serve em geral, para o aumento da pena.

13
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

De acordo com Elísio de Sousa (2016, pg 111)24, esta disposição vem reforçar a ideia
que de somente as pessoas físicas e que não tenham qualquer problema mental que
afecte o normal discernimento são as que podem ser criminalmente imputáveis.
Assim quando se fala de necessária inteligência, não se quer propriamente dizer que
devem ser pessoas com alto quociente de inteligência, mas sim de pessoas tidas como
normais. A normalidade para efeitos de imputação é a capacidade de representar
ilicitude dos resultados da sua acção.
No que se refere ao termo liberdade que conta do no1, esta implica o conhecimento e
possibilidade de agir de forma diversa daquela que leva ao cometimento de um crime.

2.1.17. Responsabilidade Criminal


O conceito de responsabilidade significa uma obrigação de responder pelas
25
acções próprias. Como refere Pessoa Jorge (1995, pg.34) , ‘‘ o termo
responsabilidade corresponde à ideia geral de responder ou prestar contas pelos
próprios actos, a qual, por sua vez, pode assumir duas tonalidades distintas: a
susceptibilidade de imputar, dum ponto de vista ético lato sensu, determinado acto e
seus efeitos ao agente, e a possibilidade de fazer sujeitar alguém ou alguma coisa às
consequências de certo comportamento’’
De acordo com o artigo 28 do Código Penal Moçambicano26, responsabilidade
criminal consiste na obrigação de reparar o dano causado na ordem jurídica,
cumprindo a medida ou pena estabelecida.
Segundo Palomba (2003)27 para que alguém seja responsável penalmente por
determinada infracção, são necessariamente três condições básicas:
1. Ter praticado a infracção
2. Ter tido, à época, entendimento do carácter criminoso da acção
3. Ter sido livre para escolher entre praticar e não praticar a acção.

Acrescenta que a responsabilidade penal pode ser:

24
SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora.
25
FERNANDO, Pessoa Jorge (1995) Ensaio sobre os Pressupostos da Responsabilidade Civil.
Portugal: Almedina.
26
CP
27
PALOMBA, G, A. (2003). Tratado de Psiquiatria Forense. São Paulo: Atheneu.

14
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

1. Total, quando o agente era capaz de entender o carácter criminoso do


seu acto de determinar-se totalmente de acordo com esse
entendimento. Nesse caso a infracção que praticou lhe é imputável,
podendo o agente ser julgado responsável penalmente.
2. Parcial, se a época da infracção, o agente era parcialmente capaz de
entender o carácter criminoso do acto e parcialmente capaz de
determinar-se de acordo com esse entendimento. Nesse caso, a
infracção lhe é semi-imputável, e o agente poderá ser julgado
parcialmente responsável pelo que fez, o que na prática implicará na
redução da pena.
3. Nula, quando o agente era, à época da infracção, totalmente incapaz de
determinar-se de acordo com este entendimento. Nesse caso o delito
praticado lhe é inimputável e o agente será julgado irresponsável
penalmente pelo que fez.

Segundo Elísio De Sousa (2016, pg112) 28 , a matéria da responsabilidade


criminal também se confunde com a matéria dos fins das penas. A pena em direito
penal não significa necessariamente necessidade da aplicação da prisão como pode
para alguns parecer.
Assim, vem este (artigo 28)29 ilustrar que o cumprimento da medida da pena
estabelecida na lei é uma das formas de cumprimento da responsabilidade criminal
para além da reparação do dano e da possível medida de segurança aplicável.

2.1.18. Princípios Fundamentais


2.1.19. O Principio da Culpa
De acordo com Cezar Roberto Bitencourt (2006, pgs 20-21)30 este decorre do
Estado Democrático de Direito, o principio da culpabilidade consagra a

28
SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora
29
CP
30BITENCOURT, Cezar. (2006). Tratado de Direito Penal Parte Geral.V.1, 5 ed. São Paulo: Saraiva.

15
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

responsabilidade penal subjectiva, impondo que ninguém seja responsabilizado


penalmente sem que tenha agido com dolo ou culpa31.
A máxima nulla poenna sine culpa é uma exigência do princípio da dignidade
da pessoa humana32, porque a punição penal de uma pessoa não pode ser um em si
mesmo, senão uma necessidade da justiça, partindo-se do pressuposto de que esta
pessoa praticou dolosamente uma conduta descrita na norma penal, ou incorre em
algum tipo de erro reprovável (imprudência, negligencia ou imperícia).
Segundo Fernando Capez (2006, pg168)33 Para além das divergências, num
ponto há unanimidade doutrinal e perfeita clarificação constitucional e legislativa: a
culpa é um limite inultrapassável da pena, isto é, em caso algum a medida da pena
pode ultrapassar a medida da culpa. O princípio da dignidade da pessoa humana, e o
princípio da culpa impedem que o agente sirva de instrumento, numa lógica de
‘‘fantoche’’ , para intimidar e combater a criminalidade através de penas exemplares e
desproporcionais em relação a sua culpa em concreto, como se ele tivesse de ‘‘pagar’’
não só pelo que fez, mas também pelo que muitos outros fizeram e fazem.
O juízo de culpa há-de referir-se ao crime em concreto, não a personalidade do
agente, o agente devera ser punido pelo que fez, não pelo que é como pessoa, ou
aquilo em que tornou por sua culpa.

2.1.20. O Principio da Igualdade


De acordo com Eurico Heitor Consciência (2004, pg.21)34A noção de igualdade
repousa no respeito da dignidade da pessoa humana, sendo incompatível com
situações em que alguns são tratados com privilégio e outros não.
a) Igualdade como principio

31
Entende-se culpa como a censura ético-jurídico dirigida a um sujeito por não ter agido de modo
diverso, está tal pensamento ligado a1 aceitação da liberdade do agente, à a aceitação do seu poder de
agir doutra maneira. E dolo, será caracterizado pela vontade livre e consciente de querer praticar uma
conduta descrita em uma norma penal como ilícita.
32
O principio da dignidade da pessoa humana é o alicerce do Estado Democrático, que estabelece a
qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e
consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido um complexo de direitos
e deveres fundamentais.
33
CAPEZ, Fernando. (2006). Curso de Direito Pena l- Parte geral. 5ed. São Paulo: Saraiva.
34CONSCIÊNCIA, Eurico. (2004). Breve Introdução ao Estudo do Direito. 2 Ed. Coimbra: Almedina.

16
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Como principio, a igualdade fundamenta e da sentido ao aparelho judiciário,


às leis e actos que derivam do funcionamento das instituições na área jurídica.
Também tem precedência, pois é um direito fundamental, o que significa que
não admite acordo em contrário e torna ilícito todo o acto jurídico que não
respeite a igualdade
O princípio da igualdade é um princípio que baseia e rege toda e qualquer
sociedade democrática. É a ideia de que todas as pessoas merecem ser tratadas
de forma igual, na medida do possível e do legal. O princípio da igualdade é
fundamentado no pensamento de que todos os seres humanos, nascem iguais e
desta forma devem possuir as mesmas oportunidades de tratamento.

b) Igualdade como Direito


A igualdade como direito é uma ferramenta subjectiva para aceder à justiça;
da titularidade a1s pessoas para reclamar a realização efectiva da igualdade no
exercício dos seus direitos.
A igualdade é um conceito racional e não uma qualidade intrínseca; para saber
se se respeita ou não o direito à igualdade deve-se fazer uma avaliação da
comparação entre pessoas, a partir da sua situação particular e do contexto
geral.

2.1.21. Crimes Contra o Património


Conceito
Segundo o Professor Washington dos Santos (2001, pg.181) 35 , património é o
conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma pessoa ou uma entidade.
Abrange tudo aquilo que a pessoa tem (bens e direitos) e tudo aquilo que a pessoa
deve (obrigações)
Os crimes contra o património são aqueles que atentam directamente contra o
património de uma pessoa ou organização. Considera-se património de uma pessoa
física ou organização os seus bens, o poderio económico e, entre outros, a
universalidade de direitos que tenham expressão económica para o seu proprietário.

35SANTOS, Washington dos. (2001). Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo Horizinte: Del Rey

17
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.22.Crime de Furto
Conceito:
O artigo 270 do Código Penal estabelece que comete crime de furto aquele
que subtrai de forma fraudulenta uma coisa36 que não lhe pertença.
De acordo com Elísio de Sousa (2016, pg.408-9)37, o furto vai ser a subtracção
do património alheio de forma fraudulenta. Considera-se património alheio ara efeitos
deste artigo (270)38, todas as coisas que não sejam pertencentes ao agente, ou nos
casos em que o mesmo que pertençam ao próprio agente, as mesmas estejam na posse
de outrem por controlo ou por decisão judicial.
A lei quando se refere à fraude tem em vista todo e qualquer comportamento
que visa desviar a atenção do dono da coisa, para que a mesma seja retirada da sua
esfera patrimonial. Não integra a fraude qualquer acto de ameaças, coacção ou mesmo
violência contra as pessoas.
Este crime consuma-se com a retirada da coisa da esfera patrimonial da
vítima, isto é, são os casos em que o dono ou possuidor 39 já não pode exercer o
animus domini40sobre a coisa.
O criminólogo Herman Mannheim (1985, pg.721) 41 defende a ideia de que
alguns crimes patrimoniais como os de furto, são uma forma de revelar um conflito de
classes entre os mais pobres e os mais abastados. Diz ele que apesar de nítida
associação entre certos crimes contra o património em particular o furto e as classes
mais baixas, não é possível afirmar que em relação a qualquer outra categoria de
crimes, a ideia de conflitos de classes seja essencial.

36
Cfr CC art.202 ‘‘ diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objecto de relações jurídicas’’
37 SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora
38
CP
39
Cfr CC art.1251, posse é o poder que se manifesta quando alguém actua por forma correspondente ao
exercício do direito de propriedade ou de outro direito real.
40
Animus Domini é uma expressão em latim que significa a intenção de agir como dono.
41
MANNHEM, Hermann. (1985). Criminologia Comparada, Vol. II. Lisboa: Fundação Calouste
Gulberskin.

18
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.23. Objectividade Jurídica


O doutrinário Edgar Magalhaes Noronha (2000, pg. 221) 42 diz que há na
doutrina discordância quanto à objectividade jurídica. Entende-se que a objectividade
jurídica do furto que é protegida directamente é a posse, e indirectamente, a
propriedade. Embora a posse e a propriedade quase sempre se confundem na mesma
pessoa.
Outra corrente, entretanto, diz que se tutela primeiramente a propriedade e, de
forma secundária a posse.
A opinião dominante, porem, afirma que tanto a posse como a propriedade ou
a mera detenção são objecto da tutela penal.

2.1.24. Sujeitos da Infracção


Pode praticar o crime em análise, qualquer pessoa física, salvo o proprietário,
ou seja, o dono da coisa, já que o tipo penal exige que esta seja alheia.
O sujeito activo do furto é quem subtrai a coisa alheia, e a lei não exige
nenhuma qualidade específica a respeito do autor, e o sujeito passivo do crime de
furto é a pessoa física ou jurídica, titular da posse, da propriedade, ou seja, o
possuidor, o dono ou o detentor do bem.
Edgard Magalahes Noronha (2000, pg. 218) 43 , considerando a posse, a
objectividade jurídica directa do crime de furto, diz que o sujeito passivo do crime é
aquele que possui a coisa, e o sujeito passivo indirecto é o proprietário, que também é
possuidor e sofre diminuição no seu património.

2.1.25. Tipo Objectivo


Segundo Mario Hoeppner (1955, pg.27)44, o núcleo do tipo do furto é o verbo
‘‘subtrair’’, que significa retirar uma coisa do poder de alguém, desapossa-la, em
outras palavras, apoderar-se do bem da vitima.
A posse pode ser classificada como: directa ou indirecta. Ocorre primeiro
quando o agente subtrai pessoalmente o objecto material; já a posse indirecta ocorre
quando o sujeito usa, por exemplo, animais adestrados para realizar a subtracção ou
instrumentos, aparelhos ou maquinas.

42
NORONHA, Magalhães. (2000). Direito Penal. 31 Ed. São Paulo: Saraiva.
43
Idem
44
DUTRA, M,Hoeppner. (1955). O Furto e o Rouo. Rio de Janeiro: Max Limonard.

19
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.26. Tipo Subjectivo


O elemento subjectivo do crime do furto é o dolo, que é a vontade livre e
consciente de subtrair coisa alheia. Não há forma culposa para esse crime.
O agente deve ter uma intenção específica de ter o objecto para si ou para
terceiro, ou seja, exige-se outro elemento subjectivo do tipo (dolo especifico),
referente à especial finalidade de agir (para si ou para outrem) de forma não
transitória, mas que indica o fim da posse por parte de quem a detenha. É o chamado
animus furandi ou animus rem sibi habendi que é a intenção do agente de apoderar-se
definitivamente da coisa subtraída, intenção de ter a coisa para si.
Para configurar o crime, é irrelevante o motivo que levou o agente a pratica-lo,
pois pode ser por capricho, fim de lucro, vingança, superstição etc.

2.1.27. Consumação
Damásio E. Jesus, (2001, pg. 307) primeiramente, vale dizer que, o furto é
crime material: o tipo penal descreve a acção e o resultado visado pelo agente, que
tem que ser produzido, e instantâneo: não se prolonga no tempo, ocorre em dado
instante.
Varias são as teorias para explicar o momento consumativo do furto, a saber:
Para a teoria da contréctatio, basta o sujeito tocar a coisa, ou seja, por a mão
no objecto. Só o contacto físico já configura o crime
Para a teoria aprrehensio rei, é suficiente o agente tocar o objecto e segura-lo.
Nos termos da teoria do amotio, exige-se a remoção da coisa de lugar, ou seja,
o momento consumativo ocorre com a deslocação da coisa.
Para a teoria de ablatio, a consumação ocorre quando há apreensão física da
coisa e deslocação para o local que se destinava, em segurança.
Porem nenhuma dessas teorias logrou êxito. Damásio E. Jesus (2001,
pg.309) 45 diz ser o momento consumativo do furto quando o objecto é retirado da
esfera de posse e disponibilidade da vitima, ingressando na disponibilidade do autor,
ainda que este não obtenha a posse tranquila.
De acordo com o Prof. Mario Hoeppner Dutra (1995, pg. 64)46, o momento
consumativo do furto se da com o facto de passar a coisa da custódia do possuidor,

45JESUS, Damásio E. (2001). Direito Penal, Parte Especial. Vol.2. São Paulo: Saraiva.
46DUTRA, M,Hoeppner. (1955). O Furto e o Roubo. Rio de Janeiro: Max Limonard.

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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

para a do agente. Desde que a coisa deixe a esfera de vigilância do possuidor e passe
para a do agente, efectivado está o apoderamento.
Para tanto, dispensável é que o infractor transporte a coisa furtada de um lugar
para o outro, ou que a esconda em si mesmo, sem se afastar do local em que praticou
a subtracção.

2.1.28. Tentativa
A tentativa é possível, pois o furto é crime material, e tem acção e resultado.
Conforme preceitua o art. 1447, vai ser tentativa a interrupção involuntária dos actos
de execução48, ou seja, diz-se tentado o crime quando, iniciada a execução, esta não
se consuma por circunstâncias alheia à vontade do agente, ou seja, ele não consegue
retirar a coisa móvel da esfera de protecção e vigilância da vítima.
Segundo Edgard Magalhaes Noronha (2000, pg. 235)49, há tentativa de furto
sempre que actividade do agente cesse, antes que sua posse haja substituído a da
vitima, por circunstâncias alheias a sua vontade. Deve o acto de execução, como em
qualquer outro crime, ser inequivocamente dirigido à consumação do furto.
Segundo Elísio de Sousa (2016, pg.416)50, a tentativa é sempre punível nestes
crimes. Neste crime, não se deve aplicar as regras gerais da punição da tentativa do
art. 131, a moldura para os casos do crime tentado deve ser a mesma que caberia aos
autores, mas aplicáveis de forma atenuada. A lei não se manifestou para os casos do
crime frustrado, pelo facto de para este crimes contra o património não se admitir a
sua prática de forma frustrada, pois uma vez que o agente retira o bem da esfera
patrimonial da vítima, o crime deve considerado consumado.

2.1.29. Objecto Material


Coisa alheia móvel (res mobilis aliena) é o objecto do furto.

47
CP
48
Actos de execução são os que preenchem um elemento constitutivo de um tipo de crime, os que são
idóneos a produzir um resultado típico.
49NORONHA, E. (2000). Magalhaes. Direito Penal.31 ed. São Paulo: Saraiva.
50SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.30. Furto de Uso


O furto de uso ou furtum usus, se encontra previsto no art.276,51 é a subtracção
de coisa móvel alheia, com o propósito de usa-la, momentaneamente e com a intenção
de restitui-la a seguir, sem o animus rem sibi habbendi, ou seja, o animo de ter a coisa
para si.
De acordo com Damásio de Jesus (2001, pg.324)52há diferenças entre o furto
simples e o furto de uso. No primeiro, o agente tem o interesse de apodera-se da res
furtiva definitivamente, para si ou para outrem. No segundo, inexiste intenção de
apoderamento definitivo, a subtracção é momentânea para que o agente possa usar a
coisa subtraída e restitui-la em seguida.
Elísio de Sousa (2016, pg.417)53, diz que a diferença entre o furto simples e
furto de uso é pelo facto de o agente não pretender se apropriar definitivamente do
bem bem furtado, mas sim pretender fazer uso sem a anuência do proprietário ou
possuidor. Ex: o caso de alguém que furta a chave de uma viatura do seu parente, leva
a mesma viatura e fica com a viatura durante o final de semana, para depois devolver
a mesma viatura na segunda-feira seguinte. Ai não houve intenção de ficar com a
viatura para si, mas somente para uso temporário.

2.1.31. Furto Qualificado


O art.27454, prevê as hipóteses em que se qualifica o crime de furto, que revela
maior periculosidade por parte do agente.
Segundo Elísio De Sousa (2016, pg.414) 55 , trata-se do arrolamento das
circunstâncias que fazem com que o crime de furto passe a ser considerado como
qualificado, e consequentemente se opera a agravação da pena. A mesma a gravação é
na proporção dos números do art. 270, a punição ira ser com a pena imediatamente
superior a dos números do mesmo artigo. Ex: se um agente furta um telefone móvel
no valor de 10.000,00 Mt, e se considerarmos que o salário mínimo e2 de 3.000,00
51
Idem
52
JESUS, Damásio E. (2001). Direito Penal, Parte Especial. Vol.2. São Paulo: Saraiva.
53
SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambicano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora
54
Idem
55
SOUSA, Elísio de .(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 ed. Maputo:
Escolar Editora

22
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Mt, logo neste caso o agente comete o crime de Furto nos termos do no1, do art.270
CP, uma vez que o valor do bem furtado esta dentro da moldura do no1, do mesmo
artigo (dez salários mínimos x 3.000,00Mt = 30.000,00Mt), onde a pena aplicável ao
agente seria de prisão ate 6 meses e multa ate a 1 mes.
Mas imaginemos que o referido furto foi cometido quando o agente estava
acompanhado de outras 2 pessoas. Neste caso, nos termos da al. c), deste artigo,
devem-se considerar Furto Qualificado todos aqueles que são praticados por mais de
uma pessoa. E sendo considerado este furto como qualificado, a pena deverá ser em
outra em virtude da qualificação do furto nestes termos, aplicando-se a pena
imediatamente superior.

2.2. LITERATURA EMPIRICA

Nesta fase, vamos chamar aqui as questões do Direito Comparado, como é que
o nosso tema se desenvolve nos outros ordenamentos jurídicos.
Quanto a literatura empírica, vamos nos basear em estudos realizados em
outros países em relação a matéria, tendo em vista uma comparação deste estudo ou
ordenamento jurídico estrangeiro com o nosso ordenamento jurídico. Para esses
efeitos irei utilizar o ordenamento jurídico Brasileiro, Francês, Italiano e Português.

2.2.1. O Caso Brasileiro


São crimes contra o património: o furto ( artigos 155 e 156). Há que se fazer
algumas observações acerca dos artigos 181 à 183 do Código Penal, os quais são
aplicáveis a todos crimes previstos no titulo sobre Crimes contra o património (artigos
155 à 183).
O artigo 181 estabelece a escusa absolutória, confirmando a existência do
crime, mas isentando de pena o sujeito activo que comete crime contra o património:
de seu cônjuge, na constância da sociedade conjugal; de ascendente ou descendente
seu, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.

O artigo 182, por sua vez, torna a acção pública de iniciativa publica
incondicionada, que é a regra nos crimes contra o património, em acção pública de
iniciativa publica condicionada à representação, caso o crime contra o património seja

23
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

cometido em prejuízo; do cônjuge consensual ou judicialmente separado; de irmão,


legítimo ou ilegítimo; de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Por fim, o artigo 183 estabelece as excepções das excepções, de modo a


prescreve que não serão aplicadas as regras postas pelos artigos 181 e 182 quando: o
crime for de roubo ou extorsão, ou, em geral, quando houver emprego de grave
ameaça ou de violência à pessoa, quando o crime for praticado contra pessoa com
idade igual ou superior a sessenta anos. Também não serão aplicadas as regras dos
artigos 181 e 182 ao estranho que participar do crime.

2.2.2 O caso Francês

Segundo Ana Ferro (2003, pg.48) 56 , no ordenamento jurídico francês, o


código penal, datado de 1994, sem seu artigo 311-1257 prevê o que eles denominam
immunités familiales, atribuindo imunidade a aqueles praticam o crime de furto em
prejuízo de ascendente ou descendente, ou do cônjuge não separado judicialmente
nem em caso de separação de corpos .

Nesse quesito, o diploma francês se assemelha muito a legislação brasileira,


exigindo praticamente as mesmas condições pessoais para a exclusão da pena. A
principal diferença entre elas esta na inclusão do crime de extorsão como passível da
imunidade.

2.2.3. O Caso Italiano

Segundo Ana Ferro (2003, p.43) 58 , o direito penal Italiano utiliza o termo
‘‘não é punível’’ o agente infractor de um dos crimes contra o património, em que a
vitima é ascendente, descendente, cônjuge não legalmente separado ou afim em linha
recta, além de irmão em situação de convivência. Assim como no direito brasileiro,

56
FERRO. Ana. (2003). Escusas Absolutórias no Direito Penal: Doutrina e Jurisprudência. Belo
Horizonte: Del Rey.
57
Lei no 92-683, de 22 de Julho- Código Penal Francês
58
.FERRO. Ana. (2003). Escusas Absolutórias no Direito Penal: Doutrina e Jurisprudência. Belo
Horizonte: Del Rey.

24
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

estão excluídas da imunidade os crimes de roubo, extorsão, e extorsão mediante


sequestro.

A grande diferença que pode ser encontrada, em relação á legislação pátria, é a


inclusão dos irmãos em situação de convivência e dos afins em linha recta como
possíveis beneficiados da imunidade absoluta. No código penal brasileiro, os irmãos
estão enquadrados na imunidade relativa.

2.2.4. O Caso Português

O código penal Português não prevê nenhum caso de escusa absolutória, mas
apenas imunidades que, se comparadas, correspondem as imunidades relativas,
impondo a necessidade de iniciativa da parte ofendida, para que o autor possa ser
processado criminalmente. Com relação as imunidades, assim o Código Penal
Português estabelece:

Art. 20759 ‘‘No caso do art 203 e do no 1 do artigo 205, o procedimento criminal
depende da acusação particular se:

a) O agente for cônjuge, ascendente, descendente, adoptante, adoptado, parente


ou afim de 2o grau da vitima, ou com ela viver em condições análogas às dos
cônjuges;
b) A coisa furtada ou ilegalmente apropriada for de valor diminuto e destinada a
utilização imediata e indispensável à satisfação de uma necessidade do agente
ou de outra pessoa mencionada na alínea ‘‘a’’

Questão relevante que pode ser percebida no Código Luso é o facto de ser atribuído a
aqueles que convivem como se casados fossem, os mesmos direitos dos cônjuges, no
sentido de receber o benefício legal da necessidade de acusação particular.

2.2.5. Aspectos Comuns e Divergentes

 O direito penal Brasileiro usa a expressão escusas absolutórias para indicar as


situações em que não se verifica a penalização pela pratica do crime de furto,

59
Lei 59/2007, de 4 de Setembro – Código Penal Português

25
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

enquanto que no ordenamento francês, usam a expressão ‘‘ immunites


familiales’’, no ordenamento espanhol denominam de ‘‘estão isentos de
responsabilidade criminal’’, e no ordenamento português denominam de
imunidades.
 No direito Penal Brasileiro e Italiano, estão excluídos de imunidades os crimes
de roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro.
 O código penal brasileiro e português, impõe a necessidade de iniciativa da
parte ofendida, para que o autor possa ser processado criminalmente.
 O diploma francês se assemelha muito à legislação brasileira, exigindo
praticamente as mesmas condições pessoais para a exclusão da pena,
 Distinção que pode ser citada entre o direito penal italiano e o direito
brasileiro é a respeito da coabitação exigida para que haja imunidade relativa
no caso de as partes serem tio e sobrinho, sendo a Lei Italiana mais rigorosa
nesse aspecto, exigindo, além da coabitação, a convivência, que seria mais
específica, no sentido de que os parentes vivessem como verdadeira família,
não apenas dividindo o mesmo teto.
 Outra distinção esta na inclusão dos irmãos em situação de convivência e dos
afins em linga recta como possíveis beneficiados da imunidade absoluta, no
código penal Brasileiro, os irmãos estão enquadrados na imunidade relativa.

2.3. LITERATURA FOCALIZADA

Nesta etapa, vãos trazer a Literatura Focalizada olhando para o nosso tema de
acordo com a realidade jurídica Moçambicana.
Elísio de Sousa (2016, pg. 410 e 420)60, diz que, este dispositivo ja constava
do código anterior no seu artigo 431, com algumas correcções pontuais. Trata-se de
uma norma processual no que se refere às causas especiais de exclusão da culpa nos
crimes de furto. Felizmente o legislador melhorou uma redacção que criou duvidas na
aplicação ao longo do tempo em que o artigo esteve em vigor (aproximadamente 12
anos), por força da nova redacção introduzida pela Lei no 8/2002, de 5 de Fevereiro.

60
SOUSA, Elísio de. (2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e Comentado. 2 Ed. Maputo:
Escolar Editora

26
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

A grande duvida se cingia no acto de as figuras de ascendentes, descendentes


e cônjuges aparecerem tanto na primeira parte do artigo, como pessoas que não
poderiam responder como autores nos crimes desta secção, mas também,
paradoxalmente, as mesmas figuras, aparecem como passíveis de imputação nas
mesmas circunstâncias, desde que houvesse queixa do ofendido.
Ai perguntava-se, se de facto qual o tratamento a dar a estas 3 figuras que
apareciam reguladas em duas situações antagónicas. A jurisprudência dos tribunais
inferiores era muito hesitante, pelo que a interpretação variava consoante o
magistrado estivesse com o processo, o que coloca em causa o princípio da segurança
das decisões judiciais.
Este artigo dita claramente que os cônjuges não separados de pessoas e bens,
quando furtam bens entre si, nos casos em que os cônjuges estejam casados em
regime de separação de bens podem cometer os crimes de furto nos termos deste
artigo. A protecção absoluta se verifica em relação aos ascendentes e descendentes e
adoptantes e adoptados entre si.
O grande problema neste artigo é que não limita a relação ascendência pelos
graus. Isto significa que não se limita a protecção entre pais e filhos, mas sim a
mesma se estende aos avós, netos, bisavós e bisnetos e assim sucessivamente ate ao
último grau existente. Pelo que não nos parece ter sido a intenção do legislador.
O no2, deste artigo, determina que toda e qualquer pessoa que não estiver por
lei autorizada a proceder a denúncia nestes crimes, e assim o fizer, responde
criminalmente perante o visado. Pretende-se com este caso evitar que terceiras
pessoas que possam fazer denuncias por crimes que a lei determina que sejam
particulares, ou nos casos em que não há lugar a processo criminal.
O no 3 sentencia que estes crimes, salvo os casos especiais, são semi-públicos,
os mesmos só podem correr em processo se o denunciante for qualquer das pessoas
enunciadas no mesmo no3, deste artigo. Se a pessoa que denuncia estes crimes não for
nenhuma das indicadas no no 3 não há lugar a procedimento criminal,
independentemente do valor do prejuízo, e o denunciante se arrisca a contra ele ser
movido um processo criminal nos termos do no 2, deste artigo.

27
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.3.1. Aspectos Comuns e Divergentes


 O Código Moçambicano, assemelha-se ao Brasileiro e Português quanto a
iniciativa de denúncia particular para se proceder a responsabilização criminal,
nos casos em que o crime tenha sido cometido contra o cônjuge.
 Se equipara ao código brasileiro na medida em que os irmãos e demais, estão
enquadrados num tipo de ‘‘excepção parcial’’ em que dependa da denuncia do
ofendido para que o infractor possa ser criminalmente responsabilizado;
 Assemelha-se ao código Brasileiro e Italiano, em que a imunidade não
abrange o crime de roubo;
 Distingue-se do código Francês, pois este faz a inclusão do crime de extorsão
como passível da imunidade
 Distingue-se do código luso, onde estes atribuem uma excepção parcial à
aqueles que convivam como se casados fossem, isto é, têm os mesmos direitos
dos cônjuges, necessitando de acusação particular para sua responsabilização.
 Difere do código Italiano, em que a excepção abrange não só os descendentes
/ascendentes, mas sim, se estende ate aos iramos, tios, sobrinhos, cônjuge não
legalmente separado.

3. CAPITULO III: METODOLOGIA


3.1. Métodos de Pesquisa
A palavra Método provem do grego (methodos, que significa o caminho, a
forma, o modo de pensamento para se chegar a um fim). Quanto ao método que será
utilizado na pesquisa a que estabelecer duas ramificações: quanto a abordagem e
quanto ao procedimento.

3.2. Quanto a abordagem


Vamos usar a pesquisa qualitativa.
Segundo Triviños (1987) 61 , a abordagem de cunho qualitativo trabalha os
dados buscando seu significado, tendo como base a percepção do fenómeno dentro do
seu contexto. O uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do
fenómeno como também suas essências, procurando explicar sua origem, relações e
mudanças, e tentando intuir as consequências.

61Trujilio Ferrari, A. (1973). Metodologia da Ciência. 3 Ed. Rio de Janeiro:kennedy.

28
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Essa pesquisa tem por objectivo buscar o porquê das coisas, exprimindo o que
convêm ser feito, mas não quantificam os valores. O significado que as pessoas dão às
coisas e à sua vida é foco de atenção especial pelo pesquisador. Nesses estudos há
sempre uma tentativa de capturar a perspectiva dos participantes, isto é, examinam-se
como os informantes encaram as questões que estão sendo focalizadas.
Assim, o estudo que vamos realizar não tem em vista a apresentação
numérica, mas sim uma análise de forma a compreender o regime jurídico em causa, e
o alcance das suas disposições

3.3. Quanto ao objectivo


Segundo Lakatos & Marconi (2001)62, as pesquisas podem ser classificadas
em três tipos: exploratória, descritiva e explicativa. E para o nosso trabalho será usada
a pesquisa exploratória.
Segundo Gil (1999)63 considera pesquisa exploratória como aquela que tem
como objectivo principal desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo
em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para
estudos posteriores. Segundo o autor, estes tipos de pesquisas são os que apresentam
menor rigidez no planeamento, pois são planejadas com o objectivo de proporcionar
visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado facto.
Segundo Zikmund (2000) 64 , os estudos exploratórios, geralmente são úteis
para diagnosticar situações, explorar alternativas ou descobrir novas ideias. Esses
trabalhos são conduzidos durante o estágio inicial de um processo de pesquisa mais
amplo, em que se procura esclarecer e defini a natureza de um problema e gerar mais
informações que possam ser adquiridas para a realização de futuras pesquisas
conclusivas.
Segundo Malhotra (2001) 65 , a pesquisa exploratória é usada em casos nos
quais é necessário definir o problema com maior precisão.

62
LAKATOS, E.M ; MARCONI, M.A. (2001). Fundamentos metodologia cientifica. 4 Ed. São
Paulo:Atlas.
63
GIL, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas.
64
ZIKMUND, W. G. (2000) . Business research methods. 5 ed. Fort Worth: Dryden.
65
MALHOTA, N. (2001). Pesquisa de marketing. 3ed. Porto Alegre: Bookman.

29
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

3.4. Quanto ao procedimento, será utilizada a pesquisa bibliográfica que é baseada


na consulta de todas as fontes secundárias relativas ao tema que foi escolhido para a
realização do trabalho. Abrange toadas as bibliografias encontradas em domínio
público como: livros, revistas, monografias, teses, artigos de internet, etc.
Para Manzo (1971, pg. 32) 66 , a bibliografia pertinente ‘oferece meios para
definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como também explorar novas
áreas onde os problemas não se cristalizaram suficientemente’’ e tem por objectivo
permitir ao cientista ‘o reforço paralelo na analise de suas pesquisas ou manipulação
de suas informações’’
Segundo Trujilio, (19974, pg.230)67, dessa forma, a pesquisa bibliográfica não
é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o
exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões
inovadoras.

3.5. Quanto ao Método de recolha de dados


Segundo Lakatos & Marconi (2001)68, as técnicas de colecta de dados são um
conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde à
parte prática da colecta de dados .
Durante a colecta de dados, diferentes técnicas podem ser empregadas, sendo
mais utilizados: a entrevista, o questionário. E para o nosso trabalho serão usadas a
entrevista.
Segundo Cervo & Bervian (2002)69, a entrevista é uma das principais técnicas
de colecta de dados e pode ser definida como conversa realizada face a face pelo
pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações
sobre determinado assunto.
De acordo com Gil (1999)70, a entrevista é uma das técnicas de colecta de
dados mais utilizadas nas pesquisas sociais. Esta técnica de colecta de dados é

66
MANZO, Abelardo J. (1971). Maual para la preparación de onografías; uma guia para presenter
informes y tesis. Buenos Aires: Humanitas,
67
TRUJILIO, Ferrari, A. (1974). Metodologia da Ciência,. 3 d. Rio de Janeiro:kennedy.
68LAKATOS, E; MARCONI, M. (2001). Fundamentos metodologia científica. 4ed. São Paulo: Atlas.
69
CERVO, A. Bervian. (2002). A Metodologia Cientifica. 5ed. São Paulo: Prentice Hall
70
GIL, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas

30
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

bastante adequada para a obtenção de informações acerca do que as pessoas sabem,


esperam e desejam, assim como suas razões para cada resposta.
No entender de Gerhardt e Silveira (2003, p.183) 71 , na entrevista semi-
estruturada o pesquisador organiza um conjunto de questões sobre o tema que esta
sendo estudado, mas permite, e às vezes ate incentiva, que o entrevistado fale
livremente sobre assuntos que vão surgindo como desdobramento do tema principal.
A técnica utilizada para a colecta de informação foi por meio de Entrevista
|semi-estruturada, onde elaborou-se guiões de entrevistas. Este tipo de entrevista
apresenta um carácter exploratório, permitindo uma interacção de dialogo entre o
pesquisador e o entrevistado mesmo tendo questões pré-estruturadas, devendo o
pesquisador acautelar ou evitar situações de perca de foco dos objectivos por alcançar
na entrevista e na pesquisa.
Segundo Cervo & Bervian (2002, p.48), o questionário refere-se a um meio
de obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche.
Ele pode conter perguntas abertas e fechadas. As abertas possibilitam respostas mais
ricas e variadas e as fechadas maiores facilidade na tabulação e análise dos dados.
De forma idêntica, Marconi & Lakatos (1996, p.88)72 definem o questionário
como uma série ordenada de perguntas, respondidas por escrito sem a presença do
pesquisador. Dentre as vantagens do questionário, destacam-se as seguintes: ele
permite alcançar um maior número de pessoas; é mais económico; a padronização das
questões possibilita uma interpretação mais uniforme dos respondentes, o que facilita
a compilação e comparação das respostas escolhidas, além de assegurar anonimato ao
interrogado.

3.6. Amostras e variáveis


Segundo Malhota (2001) 73 , para populações infinitas, ou em contextos de
constante mudança, o estudo estatístico pode ser realizado com a colecta de parte de
uma população (amostragem), denominada amostra. A Amostra é um subgrupo de

71GERHARDT, T. E & SILEVEIRA, D. T. (2009). Métodos de Pesquisa. Porto Alegre, Brasil:


UFRGS Editora.
72
MARCONI, M; LAKATOS, E. (1996). Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e interpretação de dados. 3 ed. São Paulo:
Atlas.
73
MALHOTA, N. (2001). Pesquisa de marketing. 3ed. Porto Alegre: Bookman.

31
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

uma população, constituído de nas unidades de observação e que deve ter as mesmas
características da população, seleccionadas para a participação no estudo.
Segundo Marconi & Lakatos (2004, p136) 74 , variáveis consistem em fazer
uma especificação de numero exacto de aspectos em estudo, variável pode ser
considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um
conceito operacional, que contem ou apresenta valores; aspectos; propriedades ou
factor discernível em um objecto de estudo e passível de mensuração.

3.7. População em estudo


Segundo Marconi e Lakatos (2004, p136)75 consideram que uma população é
uma colecção de elementos que partilham características comuns e é delimitada por
critérios de selecção destes elementos.
E o nosso trabalho será realizado tendo como população a investigar, a
sociedade em geral num conjunto de 16 indivíduos, que serão magistrados judicias e
púbicos, advogados e técnicos do IPAJ.

74MARCONI, M; LAKATOS, E. (2004). Metodologia científica. São Paulo: Atlas.


75
Idem

32
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

4. CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E


INTERPRETAÇÃO DE DADOS
4.1. Introdução
Segundo Marconi & Lakatos (1996), a análise dos dados é uma das fases mais
importantes da pesquisa, pois, a partir dela, é que serão apresentados os resultados e a
concussão da pesquisa, conclusão essa que poderá ser final ou apenas parcial,
deixando margem para pesquisas posteriores.

É neste presente capítulo que temos a escassa oportunidade e ousadia de


partilhar cientificamente e academicamente os dados recolhidos ao longo da pesquisa
deste presente trabalho, e estes dados são resultantes ou provenientes de um grande
trabalho de campo realizado dentro do território Moçambicano, mais concretamente
na província de Manica.

Entretanto, iremos nos dedicar na apresentação de uma forma concisa e


coerente os resultados obtidos do problema do presente trabalho que vem sendo
estudado, em que se está a se referir em relação análise crítica do art.279 no 1 alínea a)
à c) como facto que viola o princípio de igualdade.

Num universo de 16 inqueridos a esta pergunta, 6 discordam, o que corresponde a


37.5 % e 10 concordaram que essa excepção viola o princípio de igualdade,
equivalente a 62.5 %, na sua maioria postulava que o princípio de igualdade é
constitucional, e sendo assim, nenhuma outra norma é hierarquicamente superior, não
só, mas que a igualdade é e deve ser assegurada em todos aspectos, não dando
tratamento especial a uns e a outros não.

Argumento de discordância, defendiam que não fere o princípio da igualdade


porque o legislador colocou essa excepção para chamar a atenção ao respeito pelo
princípio basilar que é a família, a família é antecede ao Estado, sendo o núcleo base,
e por conta disso o legislador quis proteger a família.

33
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

1. Tabela I: Resposta a questão um (I).


NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Sim 6.25
2 Advogado Sim 6.25
3 Advogado Não 6.25
4 Advogado Não 6.25
5 MJ Sim 6.25
6 MJ Sim 6.25
7 MP Sim 6.25
8 MP Não 6.25
9 Tec. IPAJ Sim 6.25
10 Tec. IPAJ Sim 6.25
11 Tec. IPAJ Sim 6.25
12 Tec. IPAJ Não 6.25
13 Tec. IPAJ Sim 6.25
14 Tec. IPAJ Sim 6.25
15 Tec. IPAJ Não 6.25
16 Tec. IPAJ Não 6.25
Total 100%
Fonte: pesquisa de campo
Grafico um (I)
16 Tec. 1 Advogado
IPAJ Não Percentagem Sim
6,25% 6,25%
15 Tec. 2 Advogado Sim
IPAJ Não 6,25% 3 Advogado
6,25%
14 Tec. IPAJ Não
Sim 13 Tec. IPAJ 6,25%
6,25% Sim
4 Advogado
12 Tec. 6,25%
Não
10 Tec. IPAJ Não 5 MJ Sim 6,25%
IPAJ Sim 6,25% 11 Tec. 6,25%
6,25% IPAJ Sim
6 MJ Sim
6,25%
9 Tec. IPAJ Sim 8 MP Não 6,25 6,25%
6,25% 6,25%

Fonte: pesquisa de campo

34
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.Num universo de 16 questionados, um número que corresponde a 100% fizeram


perceber que a excepção à acção criminal pelos crimes de furto, isenta o infractor da
punibilidade, tendo a resposta sido unânime.
Tabela dois (II) de resposta a questão dois (II).
NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Sim 6.25
2 Advogado Sim 6.25
3 Advogado Sim 6.25
4 Advogado Sim 6.25
5 MJ Sim 6.25
6 MJ Sim 6.25
7 MP Sim 6.25
8 MP Sim 6.25
9 Tec. IPAJ Sim 6.25
10 Tec. IPAJ Sim 6.25
11 Tec. IPAJ Sim 6.25
12 Tec. IPAJ Sim 6.25
13 Tec. IPAJ Sim 6.25
14 Tec. IPAJ Sim 6.25
15 Tec. IPAJ Sim 6.25
16 Tec. IPAJ Sim 6.25
Total 100%

Grafico II
15 Tec. 16 Tec. 1 Advogado
IPAJ Sim IPAJ Sim Percentagem Sim
6,25% 6,25% 6,25%
2 Advogado
14 Tec. IPAJ Sim
Sim 6,25%
3 Advogado
6,25%
Sim
13 Tec. IPAJ 4 Advogado 6,25%
Sim Sim
12 Tec. IPAJ 6,25% 6,25%
Sim 5 MJ Sim
6,25% 11 Tec. 6,25%
IPAJ Sim 6 MJ Sim

10 Tec. IPAJ
6,25% 7 MP Sim 6,25%
Sim 9 Tec. IPAJ Sim 8 MP Sim 6,25%
6,25% 6,25% 6,25%

35
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

3. Num universo de 16 questionados, 11 discordaram, o que corresponde a 68.75


%, argumentando que não se cumpriu todos os pressupostos para se considerar
reincidência com base no artigo 38 do CP, onde pressupõe que o infractor tenha sido
condenado anteriormente, sendo assim, não podemos considerar que ai se verifica o
caso de reincidência.
Sendo que 5 concordaram, o que corresponde a 31.25%, tendo estes
argumentado que se o infractor tem conhecimento que se furtar ao seu
ascendente/descendente não será responsabilizado, este acaba praticando o acto vezes
em conta em virtude de saber que o mesmo é protegido por lei. O que acaba de certa
forma violando o princípio da tipicidade porque existe lei a descrição de tal conduta
como criminosa, e o infractor preenche todos os requisitos com a sua prática, mas que
não lhe incorrerá nenhuma pena, resultando também na ocorrência de um círculo
vicioso no seio da família.

Tabela três (3) de resposta a questão três (III)


NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Sim 6.25
2 Advogado Não 6.25
3 Advogado Não 6.25
4 Advogado Não 6.25
5 MJ Não 6.25
6 MJ Sim 6.25
7 MP Não 6.25
8 MP Não 6.25
9 Tec. IPAJ Sim 6.25
10 Tec. IPAJ Sim 6.25
11 Tec. IPAJ Sim 6.25
12 Tec. IPAJ Não 6.25
13 Tec. IPAJ Não 6.25
14 Tec. IPAJ Não 6.25
15 Tec. IPAJ Não 6.25
16 Tec. IPAJ Não 6.25
Total 100%

36
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Gráfico III

15 Tec. IPAJ Não


Percentagem 1 Advogado Sim
6,25% 6,25%
14 Tec. IPAJ Não
2 Advogado Não
6,25%
6,25%
13 Tec. IPAJ Não 3 Advogado Não
6,25% 6,25%
12 Tec. IPAJ Não 4 Advogado Não
6,25% 6,25%
11 Tec. IPAJ Sim
6,25% 5 MJ Não
6,25%
10 Tec. IPAJ Sim
6,25% 9 Tec. IPAJ 6 MJ Sim
Sim 8 MP Não 7 MP Não 6,25%
6,25% 6,25% 6,25%

4. Num universo de 16 questionados,12 responderam de forma negativa, o que


corresponde a 75 %, e 4 responderam de forma positiva o que corresponde a 25%.

Tabela quatro (4): resposta a questão quatro (IV)


NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Não 6.25
2 Advogado Não 6.25
3 Advogado Não 6.25
4 Advogado Não 6.25
5 MJ Sim 6.25
6 MJ Sim 6.25
7 MP Não 6.25
8 MP Não 6.25
9 Tec. IPAJ Não 6.25
10 Tec. IPAJ Não 6.25
11 Tec. IPAJ Não 6.25
12 Tec. IPAJ Não 6.25
13 Tec. IPAJ Sim 6.25
14 Tec. IPAJ Sim 6.25
15 Tec. IPAJ Não 6.25
16 Tec. IPAJ Não 6.25
Total 100%

37
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Gráfico quatro (IV)

16 Tec. IPAJ
Não Percentagem
6,25% 1 Advogado Não
15 Tec. IPAJ Não 6,25% 2 Advogado Não
6,25% 6,25%

14 Tec. IPAJ Sim 3 Advogado Não


6,25% 6,25%

13 Tec. IPAJ Sim 4 Advogado Não


6,25% 6,25%

12 Tec. IPAJ Não 5 MJ Sim


6,25% 6,25%

11 Tec. IPAJ Não 6 MJ Sim


6,25% 6,25%
10 Tec. IPAJ 7 MP Não
Não 9 Tec. IPAJ Não 8 MP Não 6,25%
6,25% 6,25% 6,25%

5. Com as informações colhidas no universo de 16 questionados, um número


nove (9) que corresponde a 56.25% fizeram perceber que se mostrariam
inconformados no caso de querer ver o seu direito acautelado e não ser possível em
virtude da excepção concedida. Argumentaram estes, que essa pratica cria uma
desvantagem patrimonial, mas que não pode recuperar dessa desvantagem porque o
infractor não pode ser responsabilizado. O que acaba deixando a vítima numa situação
em que se encontra de mãos atadas por não poder chamar a lei para reparar este dano
que sofre na sua esfera patrimonial.
Um número de oito (8) que corresponde a 43.75% fizeram perceber que se
sentiriam conformados, argumentando que por se tratar de um crime que não é grave,
poderiam muito bem ‘‘deixar passar’’ aquele facto e procurar conversar com o
infractor para lhe chamar a razão e fazer entender que não deve pautar por esse tipo
de conduta.

38
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Tabela cinco (5) : resposta a questão cinco (V).


NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Conformidade 6.25
2 Advogado Inconformidade 6.25
3 Advogado Inconformidade 6.25
4 Advogado Inconformidade 6.25
5 MJ Conformidade 6.25
6 MJ Inconformidade 6.25
7 MP Conformidade 6.25
8 MP Conformidade 6.25
9 Tec. IPAJ Inconformidade 6.25
10 Tec. IPAJ Inconformidade 6.25
11 Tec. IPAJ Inconformidade 6.25
12 Tec. IPAJ Inconformidade 6.25
13 Tec. IPAJ Inconformidade 6.25
14 Tec. IPAJ Conformidade 6.25
15 Tec. IPAJ Conformidade 6.25
16 Tec. IPAJ Conformidade 6.25
Total 100%

GRAFICO (V)
16 Tec. IPAJ
Conformidade Percentagem 1 Advogado
Conformidade
6,25%
6,25% 2 Advogado
15 Tec. IPAJ
Inconformidade
Conformidade
6,25%
6,25%
14 Tec. IPAJ
Conformidade
3 Advogado
6,25%
Inconformidade
6,25%

4 Advogado
13 Tec. IPAJ
Inconformidade
Inconformidade
6,25%
6,25%

5 MJ
12 Tec. IPAJ
Conformidade
Inconformidade
6,25%
6,25%
11 Tec. IPAJ
Inconformidade
6 MJ
6,25%
Inconformidade
10 Tec. IPAJ 6,25%
7 MP
Inconformidade Conformidade
6,25% 9 Tec. IPAJ 8 MP
Inconformidade 6,25% Conformidade
6,25% 6,25%

39
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

6. Num universo de 16, 10 responderam negativamente a questão, o que


corresponde a 62.5%, onde fizeram perceber que não seria correcto penalizar uns e
outros não, que se por exemplo formos a chamar a colação o direito de sucessão ,o
filho se encontra em primeiro na classe dos sucessíveis e nada adianta criar danos ao
património do pai, pois ele é quem vai herdar este mesmo património, e que por
consequência dos seus actos este mesmo património pode se encontrar reduzido.

Um número de seis (6) apresentaram argumentos de discordância, o que


corresponde a 37.5%, onde fizeram perceber que, se o legislador quis proteger
ascendente/descendente é porque estão ligados via sanguínea e em princípio
comungam o mesmo tecto e a mesma mesa, podendo também não comungar o mesmo
caso. Por esse sentido o legislador quis trazer um respeito diferente aos irmãos, na
medida em que por exemplo, cada irmão saiba respeitar o património do outro.

Tabela seis (6): reposta a questão seis (VI)


NR Profissão Resposta Percentagem
1 Advogado Não 6.25
2 Advogado Sim 6.25
3 Advogado Não 6.25
4 Advogado Não 6.25
5 MJ Sim 6.25
6 MJ Sim 6.25
7 MP Sim 6.25
8 MP Não 6.25
9 Tec. IPAJ Sim 6.25
10 Tec. IPAJ Não 6.25
11 Tec. IPAJ Não 6.25
12 Tec. IPAJ Não 6.25
13 Tec. IPAJ Não 6.25
14 Tec. IPAJ Sim 6.25
15 Tec. IPAJ Não 6.25
16 Tec. IPAJ Não 6.25
Total 100%

40
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Grafico seis (VI)

16 Tec. 1 Advogado
IPAJ Não Percentagem Não
6,25% 6,25%
15 Tec. IPAJ 2 Advogado
14 Tec. Não Sim
IPAJ Sim 6,25% 6,25%
6,25%
3 Advogado
Não
13 Tec. IPAJ 6,25%
Não 4 Advogado
6,25% Não
12 Tec. IPAJ 5 MJ Sim 6,25%
Não 6,25%
6%
11 Tec. IPAJ 6 MJ Sim
Não 6,25%
6,25% 10 Tec. 9 Tec. 7 MP Sim
IPAJ Não IPAJ Sim 8 MP Não
6,25%
6,25% 6,25% 6,25%

7. Ao conjunto dos inquiridos, quando questionados sobre o que se devia mudar


para acautelar as situações em que se verifica a impossibilidade de chamar o direito
para reparar o dano sofrido na esfera patrimonial do fendido (questão 7), varias
opiniões surgiram, a destacar:
 Que acabasse com a despenalização;
 Que o ofendido tivesse a oportunidade de querendo, poder iniciar um
procedimento criminal contra o infractor;
 Que se pautasse pela reeducação do infractor e que se discutisse mais a
cerca desse tema no seio familiar;
 Que devia se pautar pela penalização dos infractores, mas não
necessariamente criminais, mas sim medidas sociais;
 Que quando se verificasse a ocorrência desse tipo de crime, não se deve
recorrer a esquadra, pois la o entendimento e a sensibilidade para com esta
matéria é diferente, sendo que deveria se recorrer ao IPAJ ou aos
Tribunais.

41
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

5 CAPITULO V - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES


5.1. Conclusão
Ao elaborar o presente trabalho de pesquisa com o intuito de conclusão do curso de
licenciatura em Direito, com base na análise de todas as fontes doutrinárias, assim
como de campo e os demais meios de pesquisa utilizados, temos a destacar as
seguintes opiniões em jeito de conclusão:
 Convêm a penalização das figuras ora despenalizadas pelo artigo 279 do
Código Penal, pois a mesma dará melhor segurança patrimonial ao ofendido;
 Disparidade de opiniões referentes a violação do princípio da igualdade em
virtude da excepção à acção criminal pelos crimes de furto;
 Ausência de debates em que são chamadas diferentes correntes de opiniões
(juristas, advogados, magistrados do judicias e do ministério publico, técnicos
do IPAJ), para discutir em torno do impacto da excepção à acção criminal
trazida pelo legislador;
 Disparidade de opiniões quanto a intenção do legislador em proteger a base
que é a família, pois esta ideia não está patente em todas classes sociais, um
certo grupo de membros da sociedade considera que, não é ideal pois, embora
queira se proteger a família que é a base da sociedade, acaba se criando um
certo ciclo vicioso no seio da mesma, o que vai contra com a boa convivência
que se pretende manter na mesma;
 Esta pratica além de permitir que se cause danos na esfera patrimonial do
ofendido, acaba incentivando o infractor para a continuação da prática deste
tipo de conduta;
 Consenso por parte dos juristas, que a excepção à acção criminal trazida pelo
legislador causa isenção de penalização ao infractor.
 Busca pela igualdade, de forma a não permitir um direito sancionador e
violento apenas para determinados membros da família;

5.2. Sugestões/Recomendações
Face as conclusões anteriormente apresentadas, é necessário em momento oportuno
apresentar as devidas recomendações com singela contribuição para o Direito Penal
Moçambicano, desde já, apresentamos, as seguintes recomendações:

42
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

 Sugerir ao órgão com o poder legislativo (art. 183 C.R.M) que para tornar a
justiça plena e eficaz para todos, é indispensável que na próxima revisão do
Código Penal, seja revogada esta norma.
 Instar a sociedade em geral para as implicações jurídico-sociais que esta
impunidade pode gerar;
 Oportunizar debates dos diversos intervenientes ao nível da justiça com intuito
de colher diferentes sensibilidades
 Incentivar o legislador a acautelar a punição quando o mesmo seja praticado
em prejuízo do ascendente ou descendente, como uma forma de fazer face a
prática de um crime continuado;
 Fazer valer a repressão penal, além do mais, serve de exemplo para outras
pessoas que não devem praticar determinados actos sob pena de sofrer a
sanção.
 Recomendar ao legislador a adopção da política do ordenamento jurídico
brasileiro.

43
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Obras Bibliográficas

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e alternativas. Sao Paulo: Revista dos Tribunais.
 BITENCOURT, Cezar. (2006). Tratado de Direito Penal Parte Geral. V.1, 5
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 CAEIRO, Caeiro da. (2011). Direito Criminal Português. Coimbra: Almedina.
 CAPEZ, Fernando. (2004). Direito Penal, Parte Geral. Sao Paulo: Saraiva.
 CAPEZ, Fernando. (2006). Curso de Dreito Penal- Parte geral. 5ed. São
Paulo: Saraiva.
 CERVO, A. Bervian. (2002). A Metodologia Cientifica. 5ed. São Paulo:
Prentice Hall
 CONSCIÊNCIA, Eurico. (2004). Breve Introdução ao Estudo do Direito. 2
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 CORREIA, Eduardo. (1999). Direito Criminal – I. Coimbra: Almedina
 CUELLO, Eugénio. (1974).La moderna penologia. Barelona: Bosch,
 DUTRA, M,Hoeppner. (1955). O Furto e o Roubo. Rio de Janeiro: Max
Limonard.
 FERNANDO, Pessoa Jorge.(1995) Ensaio sobre os Pressupostos da
Responsabilidade Civil. Portugal: Almedina.
 FERREIRA,Cavaleiro de. (1997). Lições de Direito Penal, parte geral. 4ed.
Verbo: São Paulo, Reimp.
 FERRO, Ana. (2003). Escusas Absolutórias no Direito Penal: Doutrina e
Jurisprudência. Belo Horizonte: Del Rey.
 GERHARDT, T. E & SILEVEIRA, D. T. (2009). Métodos de Pesquisa. Porto
Alegr, Brasil: UFRGS Editora.
 GERHARDT, T. E & SILEVEIRA, D. T. (2009). Métodos de Pesquisa. Porto
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 GIL, A. C. (1999). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 Ed. São Paulo:
Atlas
 GOMES, Flávio. (2007). Direito Penal. Vol. I. São Paulo: Saraiva.
 GONÇALVES, Maia. (1972). Código Penal Português, na doutrina e na
jurisprudência. 2 ed. Almedina: Coimbra.
 JESUS, Damásio E. (2001). Direito Penal, Parte Especial. Vol.2. São Paulo:
Saraiva.
 JORGE, Wanderley. (2005). Curso de Direito Penal, Parte Geral. 7 Ed. Rio
de Janeiro: Forense.
 LAKATOS, E; MARCONI, M. (2001). Fundamentos metodologia científica.
4ed. São Paulo: Atlas.
 MALHOTA, N. (2001). Pesquisa de marketing. 3 Ed. Porto Alegre:
Bookman.

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 MANNHEM, Hermann. (1985). Criminologia Comparada, Vol. II. Lisboa:


Fundação Calouste Gulberskin.
 MANZO, Abelardo J. (1971). Maual para la preparación de onografías; uma
guia para presenter informes y tesis. Buenos Aires: Humanitas,
 MARCONI, M; LAKATOS, E. (1996). Técnicas de pesquisa: panejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e
interpretação de dados. 3 Ed. São Paulo: Atlas.
 .... (2004). Metodologia científica. São Paulo: Atlas
 NORONHA, E. Magalhães. (2000),Direito Penal. 31 ed. São Paulo: Saraiva.
 PALOMBA, G, A. (2003). Tratado de Psiquiatria Forense. São Paulo:
Atheneu.
 PERANGELI, José Henrique. (2001). Códigos Penais do Brasil, Evolução
Histórica. 2ed. São Paulo: Revista dos Tribunais.
 SANTOS, Washington dos. (2001). Dicionário Jurídico Brasileiro. Belo
Horizinte: Del Rey
 SCHIMIDT, Lisz. (1895). Direito Criminal Germanico. São Paulo: Sarariva
 SOUSA, Elísio de.(2016). Código Penal Moçambiçano: Anotado e
Comentado. 2 ed. Escolar Editora:Maputo
 Trujilio Ferrari, A. (1973). Metodologia da Ciência. 3 Ed. Rio de
Janeiro:kennedy.
 ZIKMUND, W. G. (2000). Business research methods. 5 Ed. Fort Worth:
Dryden.

Legislacao:
Nacional:
Lei no35/2014 de 31 de Dezembro – Código Penal Moçambicano
Lei no 47344/66 de 25 de Novembro – Código Civil Moçambicano

Estrangeira:
Lei no 59/2007, de 4 de Setembro – Código Penal Português
Decreto-lei no2.848/1940 – Código Penal Brasileiro
Lei no 92-683, de 22 de Julho, em vigor desde 1 de Março de 1994- Código Penal
Francês

Netgrafia:
Jus Puniend, em Wikipedia, em 19/02/2019:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jus_puniendi

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Crime de Furto, em Wikipedia, em 19/02/2019 https://pt.m.wikipedia.org.wiki/furto

Lei, em significados , em 19/02/2019 https://www.significados.com.br/lei/

Direito da Familia, em Wikipedia, em 5/11/ 2018


https://pt.m.wikipedia.org/wiki/direto_de_familia

Nulla poena sine culpa, em jurisbrasil, em 12/12/2018


https://www.jurisbrasil.com.br/topicos/382624/nulla-poena-sine-culpa/definicoes

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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Apêndice

Questionário:

Caro Jurista

As perguntas apresentadas visam colher informações e dados para completar um


estudo em relação a excepção à a acção criminal pelos crimes de furto do artigo 279
do Código Penal, pretendemos saber com o resultado dessa pesquisa se essa excepção
constitui uma violação ao principio da igualdade.

Entretanto, toda a informação aqui retirada será tratada com um nível elevado de
confidencialidade e agradecemos antecipadamente a sua colaboração e sinceridade
nas respostas.

1. Olhando para aexcepção à acção criminal que o legislador concede, não acha que
está a violar o principio da igualdade?
a)Sim_________(argumente)
b)Não________(argumente)

_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________________________________________

2. A excepção à acção criminal pelos crimes de furto, isenta ou não ou infrator da


punibilidade?
Sim _______
Não________

3. Este tipo de prática (despenalização) das figuras constantes do art.279 permite ou


não permite reincidência?
a) Sim_______ (argumente)

47
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

b) Não_______(argumente)

4. O facto (furto) praticado pelo infractor é criminoso, e apesar de também reprovável


socialmente, não será punido. Considera justo?
Sim______
Não______

5. Uma vez cometido o crime de furto, e querendo ver o seu direito (propriedade)
acautelado, mas não ser possível em virtude da excepção à acção criminal gerada pelo
art.279. Qual é a sensação?
a) Conformidade________(argumente)
b) Inconformidade_______(argumente)

_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
__________________________________________________

6. Esta norma estabelece que outros tipos de relações familiares que (não
necessariamente entre parentes) ficam sujeitos a responsabilidade criminal. É do seu
entender correcto?
Sim________ (arguemente)
Nao _______(argumente)

_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________

7. O que deveria mudar para se acautelar essas situações, em que se verifica a


impossibilidade de chamar o direito para reparar o dano sofrido na esfera patrimonial
do ofendido?

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ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________

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QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Índice
Declaração de honra ........................................................................................................i

DEDICATORIA ........................................................................................................... ii

AGRADECIMENTO ................................................................................................... iii

EPIGRAFE ...................................................................................................................iv

RESUMO ....................................................................................................................... v

ABSTRACT ..................................................................................................................vi

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................. vii

LISTA DE TABELAS ............................................................................................... viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................................ix

GLOSSÁRIO ................................................................................................................. x

1. CAPITULO I ......................................................................................................... 1

1.1. Contextualização ............................................................................................. 1

2. CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA .................................................... 4

2.1.1. Introdução .................................................................................................... 4

2.1.2. Revisão da Literatura Teórica ......................................................................... 4

2.1.3. Dos conceitos ............................................................................................... 4

2.1.4. O Direito Penal ............................................................................................ 4

2.1.5. Evolução do Direito Penal e da Sociedade Criminal ................................... 5

2.1.6. Período da vingança privada........................................................................ 5

2.1.7. Período teológico - político da vingança divina e pública e da intimidação


6

2.1.8. Período humanitário .................................................................................... 6

2.1.9. Período científico contemporâneo ............................................................... 7

2.1.10. A Evolução Do Direito Penal Moçambicano........................................... 8

2.1.11. O código Penal antes da Independência................................................... 8

2.1.12. O Código Penal depois da Independência ............................................... 8

50
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

2.1.13. A Revisão do Código Penal ..................................................................... 9

2.1.14. Conceito de Crime ................................................................................... 9

2.1.15. Os fins das Penas ................................................................................... 11

2.1.16. Sujeito Activo da Infracção Criminal .................................................... 13

2.1.17. Responsabilidade Criminal .................................................................... 14

2.1.18. Princípios Fundamentais ........................................................................ 15

2.1.19. O Principio da Culpa .......................................................................... 15

2.1.20. O Principio da Igualdade .................................................................... 16

2.1.21. Crimes Contra o Património .................................................................. 17

2.1.22. Crime de Furto ....................................................................................... 18

2.1.23. Objectividade Jurídica ........................................................................... 19

2.1.24. Sujeitos da Infracção .............................................................................. 19

2.1.25. Tipo Objectivo ....................................................................................... 19

2.1.26. Tipo Subjectivo ...................................................................................... 20

2.1.27. Consumação ........................................................................................... 20

2.1.28. Tentativa ................................................................................................ 21

2.1.29. Objecto Material .................................................................................... 21

2.1.30. Furto de Uso ........................................................................................... 22

2.1.31. Furto Qualificado ................................................................................... 22

2.2. LITERATURA EMPIRICA ............................................................................. 23

2.2.1. O Caso Brasileiro....................................................................................... 23

2.2.2 O caso Francês ................................................................................................ 24

2.2.3. O Caso Italiano .............................................................................................. 24

2.2.4. O Caso Português ............................................................................................... 25

2.2.5. Aspectos Comuns e Divergentes ............................................................... 25

2.3. LITERATURA FOCALIZADA ....................................................................... 26

2.3.1. Aspectos Comuns e Divergentes ............................................................... 28

51
ANÁLISE CRÍTICA DO ART.279 NO 1 ALÍNEA A) À C) COMO UM FACTO
QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

3. CAPITULO III: METODOLOGIA ......................................................................... 28

3.1. Métodos de Pesquisa ......................................................................................... 28

3.2. Quanto a abordagem ..................................................................................... 28

3.3. Quanto ao objectivo ...................................................................................... 29

3.4. Quanto ao procedimento ............................................................................... 30

3.5. Quanto ao Método de recolha de dados ............................................................ 30

3.6. Amostras e variáveis ......................................................................................... 31

3.7. População em estudo......................................................................................... 32

4. CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE


DADOS ........................................................................................................................ 33

4.1. Introdução ......................................................................................................... 33

5 CAPITULO V - CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .................................. 42

5.1. Conclusão ...................................................................................................... 42

5.2. Sugestões/Recomendações ............................................................................ 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 44

Obras Bibliográficas ................................................................................................ 44

Legislacao ................................................................................................................ 45

Nacional ............................................................................................................... 45

Estrangeira ........................................................................................................... 45

Netgrafia .............................................................................................................. 45

Apêndice ...................................................................................................................... 47

52

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