Constitucional 1 -Aula 1 Recepção é o fenômeno que ocorre quando a
nova constituição aceita/mantém a validade das
Poder constituinte e constituição
1. Poder Constituinte
“Todo poder emana do povo”, é o que dispõe
o paragrafo único do artigo 1° da Constituição
Federal. Dessa forma, entende-se que o próprio
povo é o titular do poder constituinte, que se
subdivide em originário, derivado, difuso ou
supranacional. Em curtas palavras, o poder
constituinte é o poder de titularidade do povo de
elaborar ou alterar uma constituição.
a) Originário: trata-se do poder inicial, inaugural,
ilimitado juridicamente, que atualmente está em
hibernação, ou seja, não pode ser considerado
precluso ou exaurido. Quando há uma atuação do
poder constituinte originário, surge uma
nova constituição em fase de processamento, sendo
este poder “limitado” apenas aos núcleos principais
rígidos de direitos fundamentais mínimos de uma
nação (como o direito à vida, por exemplo). Esse
conceito é defendido como “efeito cliquet”, também
chamado de vedação da evolução reacionária
do texto constitucional.
b) Derivado: é um poder que, como o nome sugere,
deriva do originário, se configurando como um
poder constituinte de segundo grau, sendo limitado
em relação ao poder originário. Esse poder ainda
pode ser subdividido em:
b.1) Decorrente – é o poder que se institui para que
o Estado constitua sua Constituição Estadual;
b.2) Revisor (artigo 3º, ADCT)– após cinco anos da
promulgação da CF/88, haveria uma revisão
constitucional. Trata-se de um poder exaurido pelo
lapso temporal já decorrido;
b.3) Reformador – é o poder de reformar
a constituição, instrumentalizado pelas Emendas à
Constituição. Não há limitações temporais. Há
limitações circunstanciais (a CF não pode ser
emendada durante estado de defesa, de sítio ou
intervenção federal). Há limitações formais
(iniciativa, votação, quórum e reapresentação são
definidos pelos artigos 60e seguintes da CF). Há
limitações materiais (devem ser observadas as
cláusulas pétreas).
c) Difuso: é a possibilidade de alteração informal
da constituição, de mutação constitucional, de
alteração do sentido interpretativo do texto
constitucional, sem alterá-lo formalmente.
d) Supranacional: o Estado abre mão da sua
soberania nacional, parcialmente, para que se crie
uma nação, ou seja, uma constituição para mais de
um país.
2. Fenômenos Constitucionais
As leis anteriores à CF/88 podem ser recepcionadas
ou não recepcionadas, sendo necessário, de início,
analisar se a lei era constitucional ao tempo de
sua constituição. Caso a lei fosse compatível com
a constituição vigente à sua época, e fosse
igualmente compatível com a CF/88, seria
recepcionada. Caso não fosse compatível, seria
revogada por não recepção.
Obs: não se pode convalidar norma que
anteriormente era inconstitucional.
normas infraconstitucionais anteriores, ou seja, há
compatibilidade material (a análise é
meramentematerial, não importando a forma).
Repristinação é o fenômeno de regresso de uma
norma revogada pela não mais vigência da lei
revogadora, sendo que este instituto, em regra, não
pode ocorrer. Para uma melhor explicação, segue
um exemplo: Surge uma lei B que revoga a Lei A.
Posteriormente surge uma Lei C que revoga a Lei B.
Dessa forma, a Lei A voltaria a ter vigência, pois a
Lei B que a revogou não mais se encontra no
ordenamento jurídico. Em regra, isso não pode
ocorrer automaticamente, apenas sendo possível se a
nova lei (no caso, a Lei C) trazer expressamente que
a lei inicial (no caso a Lei A) voltaria a ter vigência.
Apesar da figura da repristinação não ser
permitida, o “efeito repristinatório” é
perfeitamente viável. Este ocorre no seguinte
caso: a Lei B revoga a Lei A. Em controle de
constitucionalidade, o STF entende que a Lei B é
inconstitucional. Nesse caso, a Lei A volta a
vigorar automaticamente.
Desconstitucionalização é o fenômeno pelo qual a
nova constituição transforma parte
da constituição anterior em norma
infraconstitucional. Apenas pode ocorrer se vier
expressamente no novo texto constitucional.
3. Concepções de constituição
Concepção sociológica, assim definida por
Lassalle, a Constituição é uma "mera folha de
papel" frente aos anseios, desejos, da sociedade.
Uma vez que o texto constitucional democrático
define o povo como próprio detentor, possuidor, do
poder. Por essa perspectiva, a constituição cede, não
resiste, as pressões populares, do povo.
Democrático, relativo a democracia, governo
exercido pelo povo.
Concepção política, assim definida por Schmitt,
a Constituição é norma fundamental, principal, do
Estado, podendo ela somente dispor, determinar,
sobre aspectos essenciais como a Estrutura do
Estado ou o reconhecimento dos direitos
fundamentais. As demais normas que fujam disto
são classificadas por ele como meras leis
constitucionais, outras normas que dizem a respeito
da Constituição, mas não a integram, fazem parte.
Concepção jurídica, assim definida por Kelsen,
a Constituição é norma suprema, que está acima de
tudo, do Estado. Logo, como ilustrado na sua
pirâmide, vide pirâmide de Kelsen, está acima de
todas as outras regras do governo.