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PENAS RESTRITIVAS DE

DIREITO
INTRODUÇÃO
As raízes iluministas do Princípio da
proporcionalidade;

A prisão, que no passado era apenas um


estágio intermediário para a aplicação da
pena, hoje goza de proeminência nas
legislações penais.
INTRODUÇÃO

Há casos em que podemos


substituir a pena de prisão por
outras alternativas, evitando-se,
assim, os males que o sistema
carcerário acarreta.
 Características:
 Autonomia - deve ser executada unicamente
 Substitutividade – não há cominação legal;
 Conversibilidade – pode ser convertida em
privativa de liberdade.

 Competência – juiz sentenciante (art. 59, IV do


CP);
 Obs:. Execução.
 Duração: mesmo tempo da pena privativa de
liberdade, ressalvado o disposto no art. 46, § 4º do
CP
Art. 44- As penas restritivas de direitos são
autônomas e substituem as privativas de
liberdade, quando:
I - aplicada pena privativa de liberdade não
superior a 4 (quatro) anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
 III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias indicarem
que essa substituição seja suficiente.
 § 1º - (VETADO)
 § 2º - Na condenação igual ou inferior a 1 (um)
ano, a substituição pode ser feita por multa ou
por uma pena restritiva de direitos; se superior
a 1 (um) ano, a pena privativa de liberdade
pode ser substituída por uma pena restritiva de
direitos e multa ou por duas restritivas de
direito.
Art. 44.
§ 3º - Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.
§ 4º - A pena restritiva de direitos converte-se em
privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição
imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade
a executar será deduzido o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de 30 (trinta) dias de detenção ou
reclusão.
 § 5º - Sobrevindo condenação a pena
privativa de liberdade, por outro crime,
o juiz da execução penal decidirá sobre
a conversão, podendo deixar de aplicá-la
se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior.
ESPÉCIES DE PENA PRIVATIVAS
DE DIREITO

- Com o advento da Lei 9714/98, foi ampliado


o rol das penas restritivas de direitos
elencadas pelo art. 43 do CP:
I) Prestação pecuniária;
II) Perda de bens e valores;
III) Prestação de serviço à comunidade ou à
entidade públicas;
IV) Interdição temporária de direitos; e
V) Limitação de fim de semana.
REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO-
Art. 44 do Código Penal.

1) Aplicação de pena privativa de


liberdade não superior a quatro anos e
o crime não for cometido com violência
ou grave ameaça à pessoa, ou,
qualquer que seja a pena aplicada, se o
crime for culposo (Critério objetivo);
* As infrações de menor potencial
ofensivo (Lei 9.099)
REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO-
Art. 44 do Código Penal.
2) Inexistência da reincidência em crime
doloso (Critério objetivo);
- Ressalva feita pelo Art. 44, § 3º do CP (se o
condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja
socialmente recomendável e a reincidência
não se tenha operado em virtude de prática
do mesmo crime).
REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO-
Art. 44 do Código Penal.

3 ) A culpabilidade, os
antecedentes,a conduta social e
a personalidade do condenado,
bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que
essa substituição seja suficiente
(critério subjetivo);
DURAÇÃO DAS PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS
- Terão a mesma duração da pena privativa
de liberdade substituída, ressalvado o
disposto no §4º do art. 46 (somente as
penas de prestação de serviço à
comunidade ou a entidades públicas,
interdição temporária de direitos e
limitação de fim de semana é que terão a
mesma duração).
 Art. 55. As penas restritivas de
direitos referidas nos incisos III,
IV, V e VI do art. 43 terão a mesma
duração da pena privativa de
liberdade substituída, ressalvado o
disposto no § 4o do art. 46.
(Redação dada pela Lei nº 9.714, d
e 1998)
- Transitada em julgado a sentença que
aplicou a pena restritiva de direitos, o juiz
da execução, de ofício ou a requerimento
do Ministério Público, promoverá a
execução, podendo, para tanto, requisitar,
quando necessário, a colaboração de
entidades públicas ou solicitá-las a
particulares. (art. 147 da LEP)
 Art. 45 - Na aplicação da substituição prevista no artigo anterior, proceder-se-á
na forma deste e dos arts. 46, 47 e 48.
 § 1º - A prestação pecuniária consiste no pagamento
em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a
entidade pública ou privada com destinação social,
de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1
(um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos
e sessenta) salários mínimos. O valor pago será
deduzido do montante de eventual condenação em
ação de reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
 § 2º - No caso do parágrafo anterior, se houver
aceitação do beneficiário, a prestação pecuniária
pode consistir em prestação de outra natureza.
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA

- Conceito: pena pecuniário que consiste


em pagamento (em dinheiro, como
regra) à vítima ou entidade assistencial
- Cálculo: de um salário mínimo a 360
salários mínimo
- Destinatário: vítima ou entidade
assistencial;
- Destinatário primário: a vítima ou seus
dependentes;
 Destinatário Secundário; entidade
assistencial (não houver dano a
reparar ou não houver vítima
imediata ou dependentes)
 Será deduzido do montante de
eventual condenação em ação de
reparação civil, se coincidentes os
beneficiários.
- A vítima e seus dependentes têm
prioridade no recebimento da
prestação pecuniária, não podendo o
juiz determinar o seu pagamento a
entidade pública (poderá determinar,
no entanto, nos crimes em que não
haja vítima);
- Não há necessidade de ter ocorrido
um dano material, basta ter ocorrido
um dano moral.
- Se houver aceitação do
beneficiário, a prestação
pecuniária pode consistir em
prestação de outra natureza (art.
45, § 2º do CP) – oferta de mão-
de-obra e doação de cestas
básicas;
 Art. 45 - Na aplicação da substituição prevista
no artigo anterior, proceder-se-á na forma deste
e dos arts. 46, 47 e 48.
 § 3º - A perda de bens e valores pertencentes
aos condenados dar-se-á, ressalvada a
legislação especial, em favor do Fundo
Penitenciario Nacional, e seu valor terá como
teto — o que for maior — o montante do
prejuízo causado ou do provento obtido pelo
agente ou por terceiro, em consequência da
prática do crime.
PERDA DE BENS E VALORES
Conceito: Pena de caráter pecuniário que
recai sobre o patrimônio lícito do
condenado.
Destinatário: Fundo Penitenciário
(Legislação especial pode prever
destinatário diverso);
Cálculo
Limitação do quantum: o maior valor entre o
montante do prejuízo causado ou do
proveito obtido com a prática do crime.
Perda de bens e valores versus confisco de
instrumentos do crime;
- A perda de bens e valores, pertencentes aos
condenados, dar-se-á, ressalvada a legislação
especial ( a exemplo do art. 34 da lei de
entorpecentes, que traz previsão do Fundo
Nacional Antidrogas).
- - Os bens podem ser móveis ou imóveis.
Valores são tanto a moeda corrente depositada
em conta bancária, como todos os papéis que
representam importância negociáveis na bolsa
de valores.
- Perda de bens e valores como pena substitutiva
(art. 45) e como efeito da condenação (art. 91,
II, “b”);
Legislação - CP
Art. 46 - A prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas é aplicável às condenações
superiores a 6 (seis) meses de privação da
liberdade10.
§ 1º - A prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas consiste na atribuição de tarefas
gratuitas ao condenado.
§ 2º - A prestação de serviço à comunidade dar-se-á em
entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos
e outros estabelecimentos congêneres, em programas
comunitários ou
estatais.
 § 3º - As tarefas a que se refere o §1º serão
atribuidas conforme as aptidões do condenado,
devendo ser cumpridas à razão de 1 (uma) hora
de tarefa por dia de condenação, fixadas de
modo a não prejudicar a jornada normal de
trabalho.
 § 4º - Se a pena substituída for superior a 1
(um) ano, é facultado ao condenado cumprir
a pena substitutiva em menor tempo (art.
55), nunca inferior à metade da pena
privativa de liberdade fixada.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Á
COMUNIDADE OU À ENTIDADES
PÚBLICAS
- Conceito: Atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto às
entidades assistenciais, hospitalares, escolas, orfanatos ou
outros estabelecimentos congêneres, em programas
comunitários ou estatais
Características: gratuidade, aceitação do condenado e utilidade
social;
Quando é aplicável: condenações superiores a 6 meses;
Como é executada: em horário que não coincide com o trabalho
diário do condenado;
Tempo de duração: 1 hora de trabalho por 1 dia de condenação.
Pena cumprida em menor tempo X carga horária.
- Consiste na atribuição de tarefas gratuitas ao
condenado, que serão por ele levadas a efeito
em entidades assistenciais, hospitais, escolas,
orfanatos e outros estabelecimentos
congêneres, em programas comunitários ou
estatais, sendo que as tarefas que lhes serão
atribuídas devem ser de acordo com a sua
aptidão.
- Caberá ao juízo de execuções designar a
entidade ou programa comunitário ou estatal,
devidamente credenciado ou convencionado,
junto ao qual o condenado deverá trabalhar
gratuitamente (art. 149 da LEP);
EXEMPLO1: CONDENADO A 18 MESES
(TEMPO DE CONDENAÇÃO) = 547 DIAS
= 547 HORAS (CARGA HORÁRIA).
REDUÇÃO ATÉ A METADE DO TEMPO DE
CONDENAÇÃO = 9 MESES (270 DIAS)
DEVE CUMPRIR AS 547 HORAS (CARGA
HORÁRIA INALTERADA)
EXEMPLO2: CONDENADO A 9 MESES
(TEMPO DE CONDENAÇÃO) = 270 DIAS
= 270 HORAS (CARGA HORÁRIA).
NÃO É POSSÍVEL A REDUÇÃO ATÉ A
METADE DO TEMPO DE CONDENAÇÃO
= 9 MESES (270 DIAS) DEVE CUMPRIR
AS 270 HORAS (CARGA HORÁRIA
INALTERADA)
Art. 47- As penas de interdição temporária de
direitos são:
I - proibição do exercício de cargo, função ou
atividade pública, bem como de mandato
eletivo;
II - proibição do exercício de profissão, atividade
ou ofício que dependam de habilitação
especial, de licença ou autorização do poder
público;
III - suspensão de autorização ou de habilitação
para dirigir veículo;
IV - proibição de freqüentar determinados
lugares.
INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS

Conceito: Proibição de Exercício de determinados


direitos, durante prazo correspondente ao da pena
de prisão substituída
O art. 47 prevê quatro formas de interdição
temporária de direitos:
I- Proibição do exercício do cargo, função ou
atividade pública;
II- Proibição do exercício de profisão, atividade ou
ofício que dependam de habilitação especial, de
licença ou autorização do poder público;
 III- Suspensão de autorização ou de
habilitação para dirigir veículo
 IV- Proibição de frequentar determinados
lugares.

 CF, Art. 15. É vedada a cassação de direitos


políticos, cuja perda ou suspensão só se dará
nos casos de: (...)
 III - condenação criminal transitada em
julgado, enquanto durarem seus efeitos;
 Art. 302. Praticar homicídio culposo na
direção de veículo automotor:
 Penas - detenção, de dois a quatro anos, e
suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
 Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na
direção de veículo automotor:
 Penas - detenção, de seis meses a dois anos
e suspensão ou proibição de se obter a permissão
ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
Art. 56 - As penas de interdição, previstas
nos incisos I e II do art. 47 deste Código,
aplicam-se para todo o crime cometido no
exercício de profissão, atividade, ofício, cargo ou
função, sempre que houver violação dos deveres
que lhes são inerentes.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
 Art. 57 - A pena de interdição, prevista no inciso
III do art. 47 deste Código, aplica-se aos crimes
culposos de trânsito.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Limitação de fim de semana
Art. 48 - A limitação de fim de semana consiste
na obrigação de permanecer, aos sábados e
domingos, por 5 (cinco) horas diárias, em
casa de albergado ou outro estabelecimento
adequado.
Parágrafo único - Durante a permanência
poderão ser ministrados ao condenado cursos
e palestras ou atribuídas atividades
educativas.
LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA
- Consiste na obrigação de permanecer, aos
sábados e domingos, por cinco horas diárias,
em casa de albergado u utro estabelecimento
adequado;
- Durante a permanência poderãos ser
ministrados cursos e palestras ou atribuídas
atividades educativas.
- São realizadas?
 Art. 44. § 4º - A pena restritiva de direitos converte-
se em privativa de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta.
No cálculo da pena privativa de liberdade a executar
será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva
de direitos, respeitado o saldo mínimo de 30 (trinta)
dias de detenção ou reclusão.
 § 5º - Sobrevindo condenação a pena privativa de
liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de
aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a
pena substitutiva anterior.
(RE)CONVERSÃO DAS PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITO
- A pena restritiva de direito converte-se em
privativas de liberdade quando ocorrer o
descumprimento injustificado da restrição imposta;
- No cálculo da pena privativa de liberdade a
executar será deduzido o tempo cumprido da pena
restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de
trinta dias de detenção ou reclusão (art. 44, § 4º do
CP)
 Conversão obrigatória: descumprimento
injustificado da restrição imposta;
 Conversão facultativa: sobrevindo condenação
a pena privativa de liberdade por outro crime;
 Cálculo da pena privativa de liberdade a
executar: deve-se deduzir o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo
mínimo de 30 (trinta) dias de detenção ou
reclusão.
 Competência: juiz da execução
TRANSAÇÃO PENAL NOS CRIMES DE
MENOR POTENCIAL OFENSIVO

As penas restritivas de direitos podem ser


aplicadas imediatamente no procedimento do
juizado especial criminal, consoante
determina o art. 72 da Lei 9.099/95;
Origem no direito norte-americano com a
realização da justiça mediante negociação
entre acusação e acusado).

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