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SILVIA CUSTÓDIO PINHEIRO

CRIMES
E
CONTRAVENÇÕES

IMMES
MATÃO - SP
2003
SILVIA CUSTÓDIO PINHEIRO

CRIMES
E
CONTRAVENÇÕES

Trabalho apresentado a MAURÍCIO JOSÉ ERCOLE, professor


acadêmico de Direito Penal do Instituto Municipal Matonense de
Ensino superior. Exigências feitas aos alunos do 1º ano do curso
de Direito.

IMMES
MATÃO
2003
"O pessimista queixa-se dos ventos
o otimista espera que os ventos mudem
o realista ajusta a velas e segue em frete''
(Confucio)
À saudosa memoriam do
Membro Titular da Academia Paulista de Direito
Magalhães Moronha.
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Maurício José Ercole, por sua competência, dedicação e


disponibilidade como coordenador do curso de Direito.
À bibliotecária Heloisa Fernandes, que nos ofereceu as normas para
elaboração do corpo deste trabalho.
A Deus, que conhece e sabe de meus esforços.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO,........................................................................................................... 8
1 - CRIMES, ................................................................................................................9
1.1 - CRIMES INSTÂNTANEOS, ........................................................................10
1.2 - CRIME PERMANENTE, ............................................................................11
1.3 - CRIME OMISSIVO PURO,.........................................................................12
1.4 - CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO, ...............................................................13
1.5 - CRIMES UNISSUBJETIVOS ......................................................................14
1.6 - CRIMES PLURISSUBJETIVOS,..................................................................15
1.6.1 - CRIMES PLURISSUBSISTENTE PASSIVOS,................................17
1.7 - CRIME SIMPLES, .......................................................................................18
1.8 - CRIMES QUALIFICADOS,..........................................................................19
1.9 - CRIMES PRIVILEGIADOS,.........................................................................20
1.10 - CRIME PROGESSIVO,.............................................................................21
1.11 - PROGRESSÃO CRIMINOSA,...................................................................22
1.12 - CRIME HABITUAL,....................................................................................23
1.13 - CRIME PROFISSIONAL,...........................................................................24
1.14 - CRIMES UNISSUBSISTENTES,...............................................................25
1.15 - CRIMES PLURISSUBSISTENTES,...........................................................26
1.16 - CRIMES DE DANO,...................................................................................27
1.17 - CRIMES DE PERIGO,...............................................................................28
1.18 - CRIMES COMPLEXOS,............................................................................29
1.18.1 - CRIMES COMPLEXOS EM SENTIDO ESCRITO,......................30
1.18.2 - CRIMES COMPLEXOS EM SENTIDO AMPLO,..........................31
1.19 - CRIMES COMUNS,...................................................................................32
1.20 - CRIMES PRÓPRIOS,................................................................................33
1.21 - CRIMES ACESSÓRIOS,...........................................................................34
1.22 - CRIMES VAGOS,......................................................................................35
1.23 - CRIMES MILITARES,................................................................................36
1.24 - CRIMES HEDIONDOS,.............................................................................37
1.25 - CRIME ORGANIZADO,.............................................................................38
2 - CONTRAVENÇÕES PENAIS,..............................................................................39
2.1 - TERRITORIALIDADE,.................................................................................40
2.2 - TENTATIVA,................................................................................................41
2.3 - DOLO E CULPA,.........................................................................................42
2.4 - PENAS,........................................................................................................43
2.5 - PENAS ACESSÓRIAS,...............................................................................44
2.6 - SUSPENSÃO DA PENA DE PRISÃO SIMPLES,........................................45
2.7 - DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA,..............................46
2.7.1 - INTERNAÇÃO IRREGULAR,...........................................................47
2.8 - CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO,............................48
2.9 - INCOLUMIDADE PÚBLICA,........................................................................49
2.9.1 - DISPARO DE ARMA DE FOGO,.....................................................50
2.9.2 - DESABAMENTO DE CONSTRUÇÃO,............................................51
2.9.3 - QUARDA OU CONDUÇÃO DE ANIMAIS,.......................................52
2.9.4 - FALTA DE HABILITAÇÃO,..............................................................53
2.9.5 - ABUSO NA PRÁTICA DE AVIAÇÃO,..............................................54
2.9.6 - SINAIS DE PERIGO,........................................................................55
2.9.7 - ARREMESSO OU COLOCAÇÃO PERIGOSA,...............................56
2.9.8 - EMISSÃO DE FUMAÇA, VAPOR E GÁS,.......................................57
2.10 - À PAZ PÚBLICA,.......................................................................................58
2.11 - PRECONCEITO,........................................................................................59
2.12 - OUTRAS CONTRAVENÇÕES,.................................................................60
2.13 - SUSPENSÃO DO PROCESSO NAS CONTRAVENÇÕES,......................62
3 - O ADOLESCENTE INFRATOR,...........................................................................63
CONCLUSÃO,...........................................................................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................67
INTRODUÇÃO

O presente trabalho de Crimes e Contravenções Penais, é uma abordagem


da legislação e das classificações doutrinária de crimes e contravenções, segundo a
conduta do agente, e ao resultado.
O objetivo maior desse, consiste no conhecimento prático e teórico sobre o
Crime e os diversos tipos de contravenções Penais, uma vez que ao conhecermos a
diferenciação de um, e de outro, podemos aplica-las aos diversos casos que a vida
de um bom jurista irá, sem duvida, exigir.
É inquestionável a compreensão sobre a diferenciação de Crimes e
Contravenções, pois como a formação de um bacharel, está no seu conteúdo de
informações obtidas ao longo da academia.
Este trabalho visa a diferenciar os dois assuntos abordados, mas não
dispensa em hipótese alguma a consulta às novas legislações, e outras
regulamentações, que surgem a cada dia, porque evoluímos, e a evolução traz
novos conceitos de moralidade e de ética, e as legislações necessitam ter efetiva
eficácia em sua aplicação. Notamos que algumas perdem está eficácia ao longo do
tempo, e por isso que se renovam as legislações, caso contrário, não haveria
necessidade do legislativo ter efetivo dia após dia.
No primeiro momento aborda-se as classificações de crimes segundo a
conduta do agente ativo e ao resultado do crimes; com o desenvolver do assunto,
diferenciamos os crimes das contravenções, e abordamos as diversas, ou vários
tipos de crimes que podem ser considerados uma contravenção, mas para entender
está diferença, no conteúdo do trabalho, basta notarmos o tipo de pena aplicável
para um e para outro.
Espero ter contribuído para o crescimento de minha vida acadêmica e de
meus colegas, que eventualmente venham a conhecer este trabalho, pois é uma
pesquisa das formas práticas e legais sobre Crimes e contravenções.
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1-CRIMES

O crime é a denominação da conduta em que o sujeito ativo do delito que lesa


ou coloca em perigo o bem jurídico tutelado, pois já nos é sabido que crime é um
fato típico e anti jurídico, e que segundo a adequação típica mais correta aplica-se a
comedida pena de reclusão ou de detenção e multa, esta última sempre alternativa
ou cumulativa com aquela, ou seja, os crimes ou delitos, são aplicadas penas mais
severas, não se admitindo prisão simples, uma vez que para estas só caberia para
as contravenções penais, assunto este que iremos descrever no capítulo seguinte.
A forma de conduta do agente ativo oferece vários critérios de classificações
de crimes, ora porque se atende a gravidade do fato, ora à forma de execução, ora
ao resultado.
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1.1- CRIMES INSTANTÂNEOS

Crimes instantâneos são aqueles em que a consumação se da no momento


da ação ou omissão do sujeito ativo, ou seja, a ação é o que basta para atingir o
núcleo do tipo penal, o agente não tem a possibilidade de cessar o crime, porque
este já ocorreu.
Ex.: no Homicídio, artigo 121 do C P , a consumação se da no momento da
morte da vítima, pouco importa o tempo decorrido entre a ação e o resultado.
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1.2- CRIME PERMANENTE

O crime permanente existe quando a consumação se prolonga no tempo,


depende da ação do sujeito ativo, ou seja a consumação se da durante todo o tempo
que o agente esta em ação, sendo característica principal a possibilidade do agente
fazer cessar a atividade delituosa a qualquer momento.
Ex.: na violação de domicílio, artigo 150 do CP, a consumação se dá durante
todo o tempo em que o sujeito ativo se encontra no domicílio da vítima.
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1.3- CRIME OMISSIVO PURO

São chamados de crimes omissivos puros, os que objetivamente são


descritos como uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina em fazer,
consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário
qualquer resultado naturalístico, portanto para que exista a omissão basta que o
agente se omita quando deva agir. O exemplo mais clássico encontrado no CP é o
artigo 135.
''Art. 135 - Deixar de prestar assistência , quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Par. Único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.''
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1.4-CRIME OMISSIVO IMPRÓPRIO

Nestes a omissão existe quando o agente transgride do dever jurídico de


impedir que o resultado ocorra. Nos crimes omissivos impróprios a lei descreve uma
conduta de fazer , mas o agente se nega a cumprir o dever de agir, cometendo
assim o tipo penal, sendo relevância da omissão, artigo 13 par. 2º , a, b, c, do CP:

''Art. 13: O resultado, de que depende a existência do crime, somente é


imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem
a qual o resultado não teria ocorrido.
Par.1º......................................................................................................................
Par. 2º : A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia
agir para evitar o resultado. O dever de agir incube a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma , assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.''
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1.5- CRIMES UNISSUBJETIVOS

Crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado por uma só pessoa,
embora nada impeça a co-autoria ou a participação de outros agentes. Estes estão
em vários os delitos que podem ser tanto para os crimes materiais como para os
crimes formais e de mera conduta. Ex.: Art. 157, roubo, Art. 138 , calúnia, Art. 171,
estelionato , do CP.
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1.6- CRIMES PLURISSUBJETIVOS

Crime plurissubjetivo é aquele que por sua conceituação típica, exige dois ou
mais agentes para a prática da conduta criminosa, essas condutas podem ser
paralelas, convergentes ou divergentes:
a) Paralelas: a atividade, ou ação de todos os agentes tem o mesmo
objetivo. O exemplo que melhor caberia para tal seria a formação de quadrilha
ou bando, Art. 288 CP:
''Art. 288: Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para
o fim de comete crimes:
Pena - reclusão, de 1(um) a 3(três) anos.
Parágrafo único: a pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é
armado''.

b) Convergentes: como nos crimes bilaterais, havendo a possibilidade da


conduta de um dos agentes não seja culpável . O exemplo de bigamia é um
fato típico de crime plurissubjetivo convergente, Art. 235 CP:
''Art. 235: contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6(seis) anos.
Par. 1º.: Aquele que não sendo casado, contrai casamento com pessoa
casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção,
de 1(um) a 3(três) anos.
Par. 2º .: anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por
motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime''.

c) Divergentes: É o que a ação, ou conduta esta dirigida de um contra outro.


Como a ação é de um para o outro, exemplificamos com o Art. 137 CP, rixa:
''Art. 137.: Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção de 15(quinze) dias a 2(dois) meses, ou multa.
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Parágrafo único: se ocorre a morte ou lesão corporal de natureza grave,


aplica-se , pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6(seis)
meses a 2(dois) anos.''
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1.6.1- CRIMES PLURISSUBJETIVOS PASSIVOS:

Estes crimes são os que demandam mais de um sujeito passivos, ou seja,


mais de uma vítima, como ocorre na violação de correspondência, onde o remetente
e o destinatário são as vítimas.
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1.7- CRIMES SIMPLES

Crimes simples são aqueles que de maneira simples atingem o núcleo do tipo
penal, que contenha os elementos mínimos e determina seu conteúdo subjetivo sem
qualquer circunstância que aumente ou diminua sua gravidade. Há homicídio
simples no Art. 121 caput, há furto simples no Art. 155 caput:
''Art. 121.: Matar alguém:
Pena - reclusão, de 6(seis) a 20(vinte) anos.''
''Art. 155.: Subtrair , para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de 1(um) a 4(quatro) anos, e multa.''
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1.8- CRIMES QUALIFICADOS

Crime qualificado é aquele em que ao tipo básico a lei acrescenta


circunstâncias que agrava sua natureza , elevando os limites da pena. Não surge a
formação de um novo ilícito penal, mas apenas uma formação mais grave de ilícito.
Exemplo de homicídio qualificado, Art. 121, par. 2º , I do CP:
''Art. 121.: Matar alguém:
Par. 1º..................................................................................................................
Par. 2º .: Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Pena - reclusão, de 12(doze) a 30(trinta) anos.''
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1.9- CRIMES PRIVILEGIADOS

Crime privilegiado existe guando ao tipo básico a lei acrescenta circunstância


que o torna menos grave, diminuindo suas sanções, ou penas, desde que
previamente descritos no tipo penal. Exemplo de diminuição de pena por
circunstâncias agregadas ao fato principal, é encontrado no Art. 121, parágrafo 1º do
CP:
''Art. 121.: Matar alguém:
Parágrafo 1º .: se o agente comete o crime apelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida
a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
terço.''
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1.10- CRIME PROGRESSIVO

No crime progressivo, um tipo abstratamente considerado contém outro que


deve necessariamente ser realizado para alcançar o resultado desejado pelo agente,
onde o crime anterior é simples passagem para o posterior e fica absorvido por este.
Portanto, no homicídio, é necessário que haja a lesão corporal antes da morte de
vítima, uma vez que a lesão corporal de natureza grave é absorvida pelo resultado
do delito.
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1.11- PROGRESSÃO CRIMINOSA

Nos crimes tidos como progressão criminosa há duas ou mais infrações


cometidas pelo agente. Desde que o agente iniciou a conduta, e posteriormente
resolve cometer outro delito de natureza mais grave. Pois segundos dizeres de
Walter Coelho '' Na progressão criminosa há, pois, pluralidade de condutas delitivas
encadeadas por uma seqüência causal e certa unidade de contexto. Da mesma
forma, desdobra-se o elemento psicológico, com dolos distintos em momentos
diversos''.
Ex.: o ladrão após ter subtraído a coisa alheia móvel, avistando alguém que
era de fato o proprietário, resolve agredi-la, passando de furto para roubo.
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1.12- CRIME HABITUAL

É o crime normalmente de mera conduta, em que a reiteração de atos


constituem um todo, traduzindo geralmente um modo de vida, ou estilo. Embora a
prática do ato não seja típica, o conjunto de vários atos praticados com
habitualidade, configura um fato típico. Ex.: o curandeirismo, Art. 284,I , CP:

''Art. 284: Exercer o curandeirismo:


I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer
substância;'
'
Para este tipo penal, a lei prevê a habitualidade do ato, mas em alguns casos,
como os de manter casa de prostituição, Art. 229, e participar dos lucros da
prostituta ou se fazer sustentar por ela, Art. 230, o próprio ato é que prevê por si só
há habitualidade do crime.
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1.13- CRIME PROFISSIONAL

É o crime praticado por aquele que exerce uma profissão , utilizando-se dela
para atividade criminosa. Ex.: o aborto praticado por médicos ou parteiras; o furto,
qualificado com falsa ou rompimento de obstáculos por serralheiro, etc.
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1.14- CRIMES UNISSUBSISTENTES

O crime unissubssistente realiza-se com apenas um ato, uma vez que a


conduta é una e indivisível, onde tais crimes não permitem o fracionamento da
conduta, e é inadmissível a tentativa deles. Ex.: ameaça, Art. 147 do CP.:

''Art. 147. Ameaçar alguém , por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - reclusão , de 1(um) a 3(três) anos.''
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1.15- CRIMES PLURISSUBSISTENTES

O crime plurissubsistente é composto de vários atos que integram a conduta,


podendo existir fases separadas, fracionando-se o crime. Para estes a tentativa é
admitida , e constituem a maioria dos tipos penais.
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1.16- CRIMES DE DANO

Por se tratar de crime classificado quanto ao resultado, estes só se


consumam com a efetiva lesão do bem jurídico, visado pelo agente do delito. Por
exemplo a lesão à vida no homicídio, a lesão do patrimônio no furto, etc.
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1.17 - CRIMES DE PERIGO

Nos crimes de perigo a consumação, já que classificado pelo resultado, se dá


quando o agente expõe ao risco o bem jurídico tutelado, podendo ser o perigo a uma
só vítima ou várias vítimas.
As vezes a lei exige o perigo concreto, que deve ser comprovado, como nos
casos de perigo de contágio venéreo (art. 130 CP), e outros. Outras vezes refere-se
ao perigo abstrato, presumido pela norma que se contenta com a prática do fato e
pressupõe ser ele perigoso, ex.: omissão de socorro, Art. 135 CP.
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1.18- CRIMES COMPLEXOS

São complexos os crimes que encerram dois ou mais tipos em uma única
descrição legal (sentido estrito) ou os que, em uma figura típica, abrangem um tipo
simples, acrescido de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos (sentido
amplo).
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1.18.1- CRIMES COMPLEXOS EM SENTIDO ESTRITO

São complexos os crimes em sentido estrito, os que encerram dois ou mais


tipos em uma única descrição legal. Como exemplo destes, tem-se o roubo, Art. 157,
que nada mais é que a reunião de um crime de furto , Art. 155 CP.
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1.18.2- CRIMES COMPLEXOS EM SENTIDO AMPLO

São complexos os crimes em sentido amplo, os que abrangem um tipo


simples, acrescido de fatos ou circunstâncias que, em si, não são típicos. Como
exemplo destes têm-se o constrangimento ilegal, Art. 146, que encerra o crime de
ameaça, Art. 147 CP.
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1.19- CRIMES COMUNS

São os crimes que podem ser praticados por qualquer pessoa, que são a
maioria encontrada no Código Penal. Ex.: Art. 121,122,129,135, etc.
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1.20- CRIMES PRÓPRIOS

Os crimes próprios ou especiais, são praticados por agentes de capacidade


especial , onde o tipo penal limita o círculo do agente, devendo ele se encontrar em
uma posição jurídica específica. Como exemplo temos os crimes praticados por
funcionário público , Art. 322, os praticados por médicos, Art. 269 CP, e outros.

''Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exerce-


la:
Pena - detenção, de 6(seis) meses a 3 (três) anos, além da pena
correspondente a violência.''
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1.21- CRIMES ACESSÓRIOS

Os crimes acessórios sempre pressupõem a existência de uma infração penal


anterior, a ele ligada pelo dispositivo penal que , no tipo, faz referências aquela. O
crime de receptação , Art. 180, por exemplo, só existe se antes foi cometido outro
delito, o furto ou o roubo Art. 155 ou 157 CP.
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1.22- CRIMES VAGOS

Crimes vagos são os crimes em que a vítima é uma coletividade distribuída


de personalidade jurídica. Como exemplo temos a perturbação de cerimônia
funerária , Art. 209, na violação de sepultura, Art. 210 C P.
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1.23- CRIMES MILITARES

No código Penal Militar estão definidos os crimes militares, que se dividem,


segundo a lei, em crimes militares em tempo de paz, Art. 9º Decreto-lei nº 1.001, de
21/10/1969, e crimes militares em tempo de guerra, Art. 10º do mesmo decreto-lei.
Também os crimes militares podem ser puros ou próprios, ou seja, puramente
militares, e impróprios. Os primeiros são os que somente estão definidos no CPM; os
crimes militares impróprios são aqueles cuja definição típica também é prevista na lei
penal comum, quando praticados nas condições estabelecidas no Art. 9º, II, e no Art.
1oO., III do CPM.
Árdua é a tarefa de distinguir se o fato é crime comum ou militar,
principalmente nos casos de ilícitos praticados por policiais militares.
Ao adentrarmos neste assunto polêmico notamos que sabias são as
palavras de Jorge Alberto Romeiro, sobre o assunto: '' Assim, a diferença entre
crimes propriamente militares ou militares próprios (nas concepção clássica) e
crimes próprios militares seria a seguinte: os primeiros exigiriam apenas a qualidade
de militar para o agente; enquanto que os segundos, além da referida qualidade, um
plus, uma particular posição jurídica para o agente, como a de comandante nos
crimes acima exemplificados'' (Art. 198,201,372,373 do CPM).
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1.24- CRIMES HEDIONDOS

Para tornar mais eficiente os instrumentos jurídicos de combate às infrações


penais mais graves, dispôs a Constituição Federal de 1988 que são considerados
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia os crimes definidos como
hediondos, Art. 5º inc. XLIII.
A lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990, em seu Art. 1º , relacionou como crimes
hediondos :
a) latrocínio, Art. 157, par. 3º do CP;
b) extorsão qualificada pela morte, Art. 158, par. 2º do CP;
c) extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada, Art. 159 Caput, par.
1º, 2º e 3º do CP;
d) estupro, Art. 213 Caput do CP;
e) Atentado violento ao pudor, Art. 214 e sua combinação com o Art. 223,
Caput e parágrafo único do CP;
f) Epidemia com resultado morte, Art. 267, para. 1º do CP;
g) Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou
medicinal, qualificado pela morte, Art. 270, combinado com o Art. 285 do
CP;
h) Todos do Código Penal , Decreto Lei 2.848 de 07/12/1940;
i) Genocídio, Arts. 1º,2º e 3º da Lei 2.889 de 01 de outubro de 1956, que
sejam tentados ou consumados;
j) Homicídio de grupo de extermínio e homicídio qualificado, Lei 8.930 de
6/09/1994.
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1.25- CRIME ORGANIZADO

Segundo a doutrina, tem-se entendido que organização criminosa é aquela


que por suas características, demonstre a existência de estrutura criminal, operando
com planejamento empresarial, divisão de trabalho, pautas de condutas em códigos
rígidos, simbiose com o Estado, divisão territorial e atuação regional, nacional e
internacional. Mas pela Lei 9.034 de 03/05/1995, definiu no Art. 1º como crime
organizado aqueles que decorrerem ''de ações de quadrilha ou bando''.
Tentando corrigir esse conceito, a Lei 10.217 de 11/04/2001, alterou os Arts.
1 e 2º da Lei 9.034, refere-se a ''ilícitos decorrentes de ações praticadas por
º

quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo''.


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2- CONTRAVENÇÕES PENAIS

A infração penal de menor potencial ofensivo, faz-se abordagem legal com as


conhecidas contravenções penais, onde que para tanto, a comedida pena não
poderá ser superior a um ano, exceto nos casos em que haja previsão legal para
aplicação do procedimento especial.
Apenas a Lei fornece distinção formal, quantitativa, recorrendo à espécie de
pena para diferenciar o crime ou delito da contravenção. Segundo o Art. 1º do
Decreto-lei 3.914 (Lei de Introdução ao Código Penal) de 09/12/1941, ao crime é
cominada pena de reclusão ou de detenção e multa, esta última sempre alternativa
ou cumulativa com aquela; a contravenção é cominada pena de prisão simples,
e/ou multa ou apenas esta. A nova Lei, apesar da introdução das penas alternativas,
não alterou essa distinção.
''Art. 1º. Considera-se crime a infração penal a quem a lei comina pena de
reclusão ou e detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativa
com a pena de multa; as contravenções , a infração penal a que a lei comina,
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, alternativa ou
cumulativa.''(Decreto-lei 3.914 de 09/12/1941).

O Decreto-lei 3.688 de 03 de outubro de 1941 abordou em seus artigos as


contravenções penais, para tanto definiu no Art. 1º que serão aplicadas às
contravenções penais as regras gerais do Código Penal, sempre que a Lei de
contravenções penais não dispor de modo diverso.
Como toda ação penal é pública, nas contravenções deverão as autoridades
proceder de ofício.
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2.1- TERRITORIALIDADE

A Lei das Contravenções penais define no Art. 2º , que as mesma serão


aplicadas à contravenção praticada no território nacional.
Conclui-se que portanto às contravenções praticadas fora do território
Nacional, mesmo que para tanto sejam adotados os princípios da
extraterritorialidade do Código Penal (Art. 7º inc. I, II e III, pars. 1º , 2º , e 3º), nos
casos de contravenções deve-se aderir a territorialidade.

''Art. 2º. A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território


nacional''.
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2.2- TENTATIVA

''Art. 4º .Não é punível a tentativa de contravenção.''

Vejamos a diferenciação com o Código Penal, uma vez que nos casos de
crimes tentados, o mesmo não se consumou por circunstâncias alheias a vontade do
agente, o agente será punido pelos atos até então já praticados, mas a
contravenção não admite o crime tentado.
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2.3- DOLO E CULPA

Para que haja crime de contravenções penais, basta que o agente ativo do
delito cometa ação ou omissão, que por sua vez deve ser voluntária, não admitindo
a coação moral ou física, tendo em conta o dolo ou a culpa, desde que a lei faça a
abordagem para tal, pois se previsto em lei o dolo ou a culpa, este deverá existir na
conduta para que a mesma seja contravenção.

''Art. 3º. Para a existência da contravenção, basta a ação ou omissão


voluntária. Deve-se, todavia, ter em conta o dolo ou a culpa. Se a lei
depender, de um ou de outra, qualquer efeito jurídico.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 43

2.4- PENAS

Já nas contravenções as penas são comedidas de menor rigor punitivo, o Art.


º
6 LCP, prevê que a pena de prisão simples deve ser cumprida sem rigor
penitenciário, em local especial ou departamento de prisão simples, desde que seja
em regime aberto ou semi-aberto, onde os condenados à pena de prisão simples
ficam sempre separados dos que foram condenados a pena de reclusão ou de
detenção.
O trabalho pode ser facultativo, desde que a pena aplicada não exceda os
limites previstos em lei, quinze dias.
Os limites da pena de contravenção penal não pode exceder a cinco anos,
portanto o limite de multa é prefixada pelas autoridades governamentais, Art. 10º,
LCP.
Caso o agente da contravenção seja reincidente, a mesma só poderá ser
verificada com o processo tramitado em julgado, Art. 7º LCP.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 44

2.5 - PENAS ACESSÓRIAS

As penas acessórias, para os casos de contravenções penais, são a


publicação da sentença do juiz e as interdições de direitos políticos.
As interdições de direitos, previsto no inciso I , Art. 12º da LCP, pode ser a
incapacidade temporária para profissão ou atividade, cujo exercício dependa de
habilidade especial, licença ou autorização do poder público.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 45

2.6- SUSPENSÃO DA PENA DE PRISÃO SIMPLES

Para a suspensão condicional da pena de prisão simples nas contravenções


penais, previsto no art. 11da LCP, o juiz poderá suspender por tempo não inferior a
um ano e nem superior a três anos , a execução da pena de prisão simples, bem
como conceder livramento condicional do processo, desde que reunidas as
condições legais.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 46

2.7- DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA

Vários são os artigos da LCP que descrevem as contravenções contra à


pessoa, mas de maneira que devem ser respeitadas as regras gerais para a
aplicação da mesma. Um deles que merecem destaque é o crime das vias de fato,
Art. 21, ''Praticar as vias de fato contra alguém: Pena - prisão simples, de 15 (quinze)
dias a 3 (três) meses, ou multa, se o fato não constitui crime''.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 47

2.7.1- INTERNAÇÃO IRREGULAR

A Lei de contravenções penais prevê forma punitiva para quem mantém sob
irregularidade doentes mentais com internação em estabelecimento psiquiátrico:

''Art. 22 - Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as


formalidades legais, pessoa apresentada como doente mental.
Pena - multa.
Par. 1º - Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar à autoridade
competente , no prazo legal, internação que tenha admitido, por motivo de
urgência, sem as formalidades legais.
Par. 2º - Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três)
meses, ou multa, aquele que , sem observar prescrições legais, deixa retirar-
se de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele internada.
Art. 23 - Receber e ter sob custódia doente mental. Fora do caso previsto no
artigo anterior, sem autorização de quem de direito:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 48

2.8- CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO

A abordagem que a Lei de Contravenções penais faz referente ao patrimônio,


auxiliam as autoridades competentes a detectar e punir a cogitação, porque
considera que o uso, a venda, ou até mesmo o empréstimo de instrumentos
empregados usualmente na prática de furto, desde que não esteja com uma pessoa
autorizada para tal, uma contravenção, Art. 24,25,26 da LCP.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 49

2.9- INCOLUMIDADE PÚBLICA

Nos dias atuais várias são as incolumidades públicas, mas o que


observamos é que desde 1941, já havia a preocupação das autoridades, para tanto
este assunto já era abordado por parte do legislativos, que no Capítulo III da Lei de
Contravenções Penais, aderiam sem repulsa o que para alguns é crime sem valor e
para outros de suma importância.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 50

2.9.1- DISPARO DE ARMA DE FOGO

''Art. 28 - Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências,


em via pública ou em direção a ela:
Pena - prisão simples, de 1 (um) a 6(seis) meses, ou multa.
Par. Único - Incorre na pena de prisão simples, de 15 (quinze) dias a 2 (dois)
meses, ou multa, quem , em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração
perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 51

2.9.2- DESABAMENTO DE CONSTRUÇÃO

''Art. 29 - Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou


na execução, dar-lhe causa:
Pena - multa, se o fato não constitui crime contra a incolumidade pública.
Art.30 - Omitir alguém a providência reclamada pelo estado ruinoso de
construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe:
Pena - multa.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 52

2.9.3- QUARDA OU CONDUÇÃO DE ANIMAIS

''Art. 31 - Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou


não guardar com a devida cautela animal perigoso:
Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia a
pessoa inexperiente;
b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia;
c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 53

2.9.4- FALTA DE HABILITAÇÃO

''Art. 32 - Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na via pública, ou


embarcação a motor em águas públicas:
Pena - multa.
Art. 33 - Dirigir aeronave sem estar devidamente licenciado:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, e multa.
Art. 34 - Dirigir veículos na via pública, ou embarcações em águas públicas,
pondo em perigo a segurança alheia:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 54

2.9.5- ABUSO NA PRÁTICA DA AVIAÇÃO

''Art. 35 - Entregar-se, na prática da aviação, a acrobacias ou a vôos baixos,


fora da zona em que a lei o permite, ou fazer descer a aeronave fora dos
lugares destinados a esse fim:
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, ou multa.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 55

2.9.6- SINAIS DE PERIGO

'' Art. 36 - deixar de colocar na via pública sinais ou obstáculo, determinado


em lei pela autoridade e destinado a evitar perigo a transeuntes
Pena - prisão simples, de 10 (dez) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena a quem:
a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de natureza ou obstáculo
destinado a evitar perigo a transeuntes;
b) remove qualquer outro sinal de serviço público.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 56

2.9.7- ARREMESSO OU COLOCAÇÃO PERIGOSA

''Art. 37 - Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum,


ou de uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém;
Pena - multa.
Parágrafo único - Na mesma incorre aquele que, sem as devidas cautelas,
coloca ou deixa suspensa coisa que caindo em via pública ou em lugar de uso
comum ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 57

2.9.8- EMISSÃO DE FUMAÇA, VAPOR OU GÁS

''Art. 38 - Provocar, abusivamente, emissão de fumaça, vapor ou gás, que


possa ofender ou molestar alguém:
Pena - multa.''
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 58

2.10- À PAZ PÚBLICA

A Lei de Contravenções Penais prevê a punição do agente que provoca, ou


pratica a perturbação da paz pública. Para tanto no Capítulo IV aborda as seguintes
classificações das contravenções referentes à paz pública:
a) associação secreta, Art. 39, par. 1º e 2º;
b) provocação de tumulto e conduta inconveniente, Art. 40;
c) falso alarma, Art. 41;
d) perturbação do trabalho ou do sossego alheio, Art. 42, inc. I, II, III e IV.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 59

2.11- PRECONCEITO

O Decreto-lei 7.437, sancionado em 20 de dezembro de 1985, legaliza como


contravenção penal a prática de atos resultantes de preconceito de raça, de cor, de
sexo ou de estado civil, Art. 1º.

''Art 1º - constitui contravenções, punida nos termos desta lei, a prática de atos
resultantes de preconceito de raça, cor, de sexo, ou de estado civil.''

A este tipo de contravenção, dependendo da espécie de preconceito, será


comedido a devida pena para tal.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 60

2.12- OUTRAS CONTRAVENÇÕES


A abordagem da Lei de Contravenções Penais faz referência a outras
condutas, que com o Decreto Lei 3.688 de 03 de outubro de 1941, tornaram-se
contravenções, com as devidas medidas punitivas, por se tratarem de penas
menores:
a) recusa de moeda em curso legal, Art. 43;
e) imitação de moeda para propaganda, Art. 44;
f) simulação de qualidade de funcionário Art. 45;
g) Uso ilegítimo de uniforme ou distintivo, Art. 46;
h) Exercício ilegal da profissão ou atividade, Art. 47;
i) exercício ilegal do comércio de coisas antigas e obras de arte, Art.
48;
j) matrícula ou escrituração de indústria e profissão , Art. 49;
k) jogos de azar, Art. 50, par. 1º, 2º, 3º e 4º;
l) loteria não autorizada, Art. 51, par. 1º, 2º, e 3º;
m) loteria estrangeira, Art. 52, par. Único;
n) loteria estadual, Art. 53, par. Único;
o) exibição ou guarda de lista de sorteio, Art. 54, par. Único;
p) impressão de bilhetes, lista ou anúncios, Art. 55;
q) distribuição ou transporte de lista ou avisos, Art. 56
r) publicidade de sorteio, Art. 57;
s) jogo do bicho, Art. 58, par. Único;
t) vadiagem, Art. 59, par. Único;
u) mendicância, Art. 60;
v) importunação ofensiva ao pudor, Art. 61;
w) embriaguez, Art.62, par. Único;
x) bebidas alcoólicas, Art. 63, inc. I,II,II e IV;
y) crueldade contra animais, Art. 64, par. 1º e 2º;
z) perturbação da tranqüilidade, Art. 65;
aa) Omissão de comunicação de crime, Art. 66, inc, I e II;
bb) Inumação ou exumação de cadáver, Art. 67;
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 61

cc) Recusa de dados sobre própria identidade ou qualificação, Art. 68,


par. Único;
dd) Proibição de atividade remunerada a estrangeiro, Art. 69;
ee) violação do privilégio postal da União, Art. 70.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 62

2.13- SUSPENSÃO DO PROCESSO NAS CONTRAVENÇÕES

É sabido que as contravenções penais são infrações que possuem essência


idêntica ao crimes, ou seja, ambas as figuras possuem a mesma estrutura, sendo
espécies do gênero infração penal.
Diante dessa tese a quem sustente que é possível a aplicação da suspensão
condicional do processo às contravenções, onde o limite quantitativo da pena
exigido pelo artigo 89 da Lei 9.099/95 é a reprimenda mínima igual ou inferior a um
ano.
''Art. 89 da Lei 9.099/95 - Nos crimes em que a pena mínima cominada for
igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por esta lei, o Ministério
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por
2(dois) a 4(quatro) anos, desde que o acusado não esteja sendo processado
ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos
que autorizariam a suspensão condicional da pena''.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 63

3- O ADOLESCENTE INFRATOR

Por ser a imputabilidade a capacidade de culpa, constituindo pressuposto e


não elemento de capacidade. É a condição de maturidade e sanidade mental que
confere ao agente a capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de se
determinar segundo esse entendimento. É a capacidade genérica de entender e
querer, ou seja, de entendimento da antijuridicidade de seu comportamento.
Há imputabilidade quando o agente é capaz de compreender a ilicitude de
sua conduta e de agir de acordo com esse entendimento. Só é responsável a
conduta se o agente tem certo grau de capacidade psíquica que lhe permita
compreender a antijuricidade do fato e também a de adequar a essa conduta sua
consciência. Inexistindo tal capacidade, considera-se o agente inimputável,
eliminando a culpabilidade. A responsabilidade penal, desta forma, consiste no
dever jurídico de responder pela ação delituosa que recai sobre o agente imputável.
Nos termos do artigo 228 da Constituição Federal:
''São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitando se às
normas de legislação especial.''
E o artigo 27 do Código Penal repete a norma constitucional, declarando que
são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitando às normas de
legislação especial.
No caso, a legislação especial é a Lei 8.069/90, o chamado Estatuto da
Criança e do Adolescente, que reafirma a inimputabilidade dos menores de dezoito
anos, chamados de adolescentes, determinando que a prática de crimes ou
contravenção penal é tida como ato infracional, em processo regular, com garantia
de ampla defesa.
Por exemplo, o adolescente que pratica um furto não poderá ser condenado
às penas do artigo 155 do CP, que vão de um a quatro anos de reclusão, mais
multa. Isso não significa que, uma vez praticado o ato tido como infracional, ou seja,
crime ou contravenção penal, o adolescente estará isento de conseqüências, como
equivocadamente falam os meios de comunicação, como rádios, jornais e televisões.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 64

É certo, ele está isento de pena privativa de liberdade (prisão), não podendo
ser colocado numa cadeia com outros criminosos maiores e penalmente
responsáveis.
A Lei 8.069 estabelece seu próprio procedimento para apuração da prática do
ato infracional e aplicação de algumas medidas nele previstas.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 65

CONCLUSÃO

Tendo este trabalho como referencial, no tocante entre a diferenciação entre


crimes e contrações, podemos concluir que o crime é a denominação da conduta em
que o sujeito ativo do delito que lesa ou coloca em perigo o bem jurídico tutelado,
pois já nos é sabido que crime é um fato típico e anti jurídico, e que segundo a
adequação típica mais correta aplica-se a comedida pena de reclusão ou de
detenção e multa, esta última sempre alternativa ou cumulativa com aquela, ou seja,
os crimes ou delitos, são aplicadas penas mais severas, não se admitindo
prisão simples. A infração penal de menor potencial ofensivo, faz-se abordagem
legal com as conhecidas contravenções penais, onde que para tanto, a
comedida pena não poderá ser superior a um ano, exceto nos casos em que haja
previsão legal para aplicação do procedimento especial.
O conhecimento por min adquirido na elaboração deste tema, fez me notar
que apenas a Lei fornece distinção formal, quantitativa, recorrendo à espécie de
pena para diferenciar o crime ou delito da contravenção, pois segundo o Art. 1º do
Decreto-lei 3.914 (Lei de Introdução ao Código Penal) de 09/12/1941, ao crime é
cominada pena de reclusão ou de detenção e multa, esta última sempre alternativa
ou cumulativa com aquela; a contravenção é cominada pena de prisão simples,
e/ou multa ou apenas esta.
O Decreto-lei 3.688 de 03 de outubro de 1941 abordou em seus artigos as
contravenções penais, para tanto definiu no Art. 1º que serão aplicadas às
contravenções penais as regras gerais do Código Penal, sempre que a Lei de
contravenções penais não dispor de modo diverso.
Pelo fato da contravenção ter a mesma estrutura do crime, concordo com
vários autores, que sustentam a tese de suspensão condicional do processo de
contravenções Penais, onde o limite quantitativo da pena exigido pelo artigo 89 da
Lei 9.099/95 , para suspensão do processo deve ser igual ou inferior a um ano. Para
os inimputáveis, menores de dezoito anos, criou-se uma legislação especial, que é a
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 66

Lei 8.069/90, o chamado Estatuto da Criança e do Adolescente, determina que a


prática de crimes ou contravenção penal é tida como ato infracional, em processo
regular, com garantia de ampla defesa. A punição para estes, fica a teor exclusivo da
própria legislação.
CRIMES E CONTRAVENÇÕES 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Sinopses Jurídicas. 6ª ed. São Paulo :Saraiva,
2002 V.7.
JESUS, Damásio E. Direito Penal. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1995 V. 1.
MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. 19ª ed. São Paulo: Atlas, 2002
Parte Geral.
NORONHA, E. Magalhães. Direito Penal.28ª ed. São Paulo : Saraiva,1991. V.1
PANDJIARJIAN, Valéria. Infrações Penais.
SILVA, Ricardo de Oliveira. Justiça terapêutica.
CÓDIGO PENAL.. 18ª ed.: Saraiva, 2003.
www. oabsp. org . br - Adolescente infrator.
www. planalto. gov. br - Lei 7.437, de 20 de dezembro de 1985.
_________________ - Lei 3.688, de 03 de outubro de 1941.
www. travelnet. com. br - Suspensão condicional do processo nas contravenções.
INSTITUTO MATONENSE MUNICIPAL DE
ENSINO SUPERIOR - IMMES
CURSO DE DIREITO
TÍTULO DO TRAB.: CRIMES E CONTRAV.
AUTOR: SILVIA CUSTÓDIO PINHEIRO
ORIENTADOR: MAURICIO JOSÉ ERCOLE
ANO: 1º - 2003.
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