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Lusimari Benedita da Silva Gonçalves – RA F18CAG6

Marcio Dantas Mendonça – RA N581AJ4

Raimundo Benedito da Silva - RA F18CCE4

Marilene Oliveira Pessoa – RA G140CD1

LEGÍTIMA DEFESA

Santana de Parnaíba, 2021


Lusimari Benedita da Silva Gonçalves – RA F18CAG6

Marcio Dantas Mendonça – RA N581AJ4

Raimundo Benedito da Silva - RA F18CCE4

Marilene Oliveira Pessoa – RA G140CD1

LEGÍTIMA DEFESA

Atividade Prática Supervisionada para o


encerramento do 3º Semestre do curso de
Direito, apresentado à Universidade Paulista -
UNIP

Santana de Parnaíba, 2021


RESUMO

Esta pesquisa, cujo tema é legítima defesa tem por objetivo conceituar,
classificar e apresentar a situação fática que deu ensejo a prática do crime julgado o
qual teve preliminar rejeitada. É claro, que para isso, aponta-se as vantagens e
desvantagens da legítima defesa, o seu excesso, citando a evolução da
responsabilidade histórica, mostrar a visão de diferentes autores e suas teorias para
melhor compreensão dos fatos da real situação de autodefesa. Dessa forma, o
trabalho busca que é legitimidade e ilegitimidade, ajudando assim a tirar sobre a
linha de raciocínio dos doutrinados de casos concretos e faz a aplicação dos
elementos, fatores e meios para se defender da agressão de forma proporcional.
Procura apontar artigo do código penal que é favorável a legítima defesa,
como punir aqueles que a extrapolam, inclusive assim exposto em estreito
cumprimento da legítima defesa com a função social do Direito Penal.
Em outras palavras, esta atividade prática supervisionada deixa explícito que
a lei irá dificultar tanto para o agressor quanto ao defensor, dependendo assim, da
ordem vigente em que o caso é tratado.
Ao passo em que se avança o estudo sobre legítima defesa, faz-se
comentário se a lei foi acolhida ou não ao caso seguida de justificativa.
Não deixa de conceituar o crime usando a tripartite penal (tipicidade,
antijuricidade e culpabilidade, destacando autores que tratam o assunto abordado
com propriedade.
Por ser “Legítima Defesa”, um tema ainda atual no Direito, por trazer
controvérsias e dúvidas nos tribunais, as excludentes de ilicitudes como no prescrito
nos art. 23 e 25, CP, comparando-as com a Penal por meio da jurisprudência.
Constatando o uso da Legítima defesa contra a lesão ao bem jurídico protegido pelo
Estado e o excesso que possa resultar dessa reação.
Por fim, importa-se em aprimorar as excludentes diante do escusável medo,
surpresa, ou emoção violenta de forma detalhada para que não torne ao tão
subjetivo que possam causar danos e prejuízos o outros direitos inerentes a
sociedade.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................6
1.1 A situação fática do crime que deu ensejo a prática do crime julgado..............................6
1.2 Fundamentação........................................................................................................................7
1. 3 Dispositivo.................................................................................................................................9
2. LEGÍTIMA DEFESA......................................................................................................... 11
3. QUANTO A TITULARIDADE LEGITIMA DEFESA..........................................................13
4. OS REQUISITOS DA LEGITIMA DEFESA......................................................................14
4.1 Agressão injusta......................................................................................................................14
4.2 Atual ou Iminente...............................................................................................................14
4.3 Direito próprio ou alheio....................................................................................................14
4.4 Uso moderado dos meios.................................................................................................15
4.5 Conhecimento da situação justificante...........................................................................15
5. ESPÉCIES DE LEGITIMA DEFESA.................................................................................16
5.1 Defesa Real ou autêntica.......................................................................................................16
5.2 Defesa Real recíproca............................................................................................................16
5.3 Defesa sucessiva....................................................................................................................16
6. O EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA.............................................................................18
7. CRIME.............................................................................................................................. 19
8. TIPICIDADE...................................................................................................................... 20
8.1 As modalidades do Tipo.........................................................................................................20
9. ANTIJURICIDADE........................................................................................................... 21
9. 1 – Legítima Defesa..................................................................................................................21
9.2 – Estrito cumprimento do dever legal...................................................................................21
9.3 Exercício regular do Direito..................................................................................................22
9.4 Estado de necessidade..........................................................................................................22
10. REQUISITO DE ILICITUDE ART. 24, CP.......................................................................23
10.1 – Perigo atual........................................................................................................................23
10.2 – Ameaça a direito próprio ou a terceiros..........................................................................23
10.3 Situação não provocada pelo agente.................................................................................23
10.4 – Conduta inevitável de outro modo...................................................................................23
10.5 – Conhecimento da situação de fato..................................................................................24
10.6 - Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo..........................................................24
11. CULPABILIDADE........................................................................................................... 25

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11.1 - Exclusão de culpabilidade.................................................................................................25
11.2 - Inexigibilidade de conduta diversa...................................................................................26
11.3 - Erro de proibição................................................................................................................26
11.4 Desconhecimento da Lei.....................................................................................................26
11.5 - Erro sobre a ilicitude do fato.............................................................................................26
11.6 Discriminantes putativas......................................................................................................27
11.7 Erro provocado nas discriminantes putativas...................................................................27
11.8 Coação física irresistível......................................................................................................27
11.9 Coação moral irresistível.....................................................................................................28
11.10 Obediência hierárquica......................................................................................................28
11.11 Imputabilidade.....................................................................................................................28
12. QUAL A RELAÇÃO DA LEGÍTIMA DEFESA COM O ACÓRDÃO EM ANÁLISE.........29
12.1 A Legítima defesa foi acolhida no acórdão?.....................................................................29
CONCLUSÃO....................................................................................................................... 31
Referências Bibliográficas.................................................................................................32

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1. INTRODUÇÃO

1.1 A situação fática do crime que deu ensejo a prática do crime julgado

Fernando Vinicíus Moronai do Nascimento namorou por 3 anos a J.A.S.A, 14


anos e se desentenderam em 2019, agrediu-a com um soco no rosto. A mãe Luzia
Alves percebeu que a mesma nutria sentimento de medo e buscara respaldo
perante às autoridades e obtivera em 25 de junho de 2019, a concessão de diversas
medidas positivas de urgência, nos termos da lei n 11.340/2006 dentre as quais a
proibição de aproximação física da residência de Claudemir Aparecido Alves, pai da
jovem, bem como contato com os mesmos por quaisquer meios de comunicação.
Fernando foi irregularmente intimado da decisão.
No dia 02/07/2019, por volta das 11h e 20 min, na R. Manuel Rodrigues, nº 491,
bairro Vila Rancharia, na cidade e comarca de Lucélia, o acusado, inconformado
com o desfecho do caso descumpriu as determinações jurídicas e pulou o muro
destruindo parte dele, jogou os tijolos na vidraça e telhado causando dano ao
imóvel. Em seguida começou a gritar e ameaçar as vítimas de morte. Luzia chamou
o esposo por telefone o qual veio rapidamente e se deparou com o agressor
ofendendo o casal de mal injusto e grave. Como se não bastasse, Fernando
provocou lesões corporais de natureza leve no peito de Claudemir com um caibro de
madeira. O agressor não se conteve, nem mesmo com a chegada dos policiais que
tiveram de dispor de esforços físicos necessários para contê-lo. Foi autuado em
flagrante. Em prisão preventiva em 03/07/2019.
Foi concedido ao réu, a liberdade provisória por meio de decisão em
27/11/2019, cumprindo alvará de soltura clausulado no dia seguinte. As medidas
cautelares persistiu até que, ante espontânea manifestação pelas vitimas em
04/12/2019,
Fernando fez apelação criminal interposta, ou seja, a sentença passou em
julgado para a acusação em 23/01/2020. O apelo decisivo com preliminar de
conversão do julgamento em diligência, objetivando a instalação de incidente de
insanidade mental, e no mérito propriamente dito, pela absolvição do réu por
insuficiência de provas. Contrarrazões pelo não provimento do recurso com parecer
de outra Procuradoria Geral de Justiça de sentido idêntico. A não homologação do
acordo extrajudicial para que se tenha um prazo maior concedido pelo magistrado

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para que sejam produzidas as provas do processo (art. 156, II do CP). Foram
indicados outros elementos insuficientes para deduzir que o acusado não tinha
transtorno mental, sequer tinha comprovante do mesmo, que não a instauração do
incidente, a preliminar foi rejeitada.
Condenado pelo art. 24-A, lei nº 11.340/2006, por descumprir decisão
judiciária que defere medidas protetivas de urgência, pelo descumprimento do art.
147, caput – por ameaçar alguém com palavra escrita ou gesto, ou qualquer outro
meio simbólico de causar-lhe mal injusto e art. 61, II, CP – decreto de lei nº 2.848 de
08/12/1940 – circunstância que sempre agravam pena. Sendo assim, pena total de
7(sete) meses e 12(doze) dias de detenção em regime aberto. O caso deu por
encerrado no dia 08/03/2021. Fernando está solto atualmente.

1.2 Fundamentação

O apelo não comporta provimento, pois foram colhidos os depoimentos na


etapa inquisitiva os quais foram os exames nosocomiais, laudos periciais de corpo
de delito e perinecróspio. Foram interrogados: (Luzia Alves, Claudemir Aparecido
Alves, além das testemunhas Marcos Aurélio, Valmir de Jesus, Wanderlei, Valdemir
Batista e o réu).
Início pela defesa que não põe fim ao processo, com o objetivo de prolongar o
processo.
Não há como acolher a preliminar movida, descabendo a conversão de
julgamento em interesse quanto ao caso extraído, pois segundo o depoimento do pai
de Fernando, o filho desenvolveu algumas doenças mentais.
As colheitas orais foram encerradas por falta de provas à míngua de dados.
O juiz concede um aumento no prazo, o qual sobretudo será comunicado a
ele de insanidade mental, repousa a liberdade administrativa do magistrado que tem
a função de conferir e dar força motriz para que a marcha processual prossiga e
continue a atingir seus fins, de forma fundamentada pela necessidade de provas
indispensáveis para o seu convencimento. Assim sendo, sem ilegalidade está a
decisão, ora repreendida severamente, sem provas maiores, ora repetida na esfera
recursal, não se observando no depoimento de Fernando argumentos de graves
ferimentos se não o último ato processual colhido e o interrogatório do réu.
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Suas acusações não eram substanciadas, muito menos a sentença era
desprovida de adequada fundamentação idônea ao indeferimento.
Fernando não alegou nada, nem demonstrou ter problemas mentais, pois
respondeu de forma clara e lógica as perguntas. Não houve elementos que
comprovassem o que o seu pai relatou em razão da oscilação do comportamento
mental do filho que por sua vez não foi explicado com maior riqueza de detalhes,
apenas disse que tem pessoas com problemas mentais na família. Trouxe Wanderlei
como testemunha que disse ter sido ameaçado por Claudemir na sala de espera,
não ousou dizer que o acusado tinha problemas mentais.
Os possíveis dados não justificam a demora do resultado judicial por meio da
instauração de incidentes de insanidade.
A preliminar postulada foi rejeitada.
A questão judicial concentra-se pela absolvição por falta de provas.
O reexame do caderno probatório desautoriza a conclusão sustentada pela
defesa, pois existe incoerência entre as atividades ou comportamento que acredita
serem certos e o que realmente é praticado relativo nas provas orais.
Com base no caso de delito e ameaça e descumprimento de medias
protetivas de urgência, provas de lesão corporal e exame de corpo delito em
Claudemir com versão acusatória.
O laudo confirmou que havia em Claudemir lesão leve consistente em
equimose. A conclusão reafirma a dinâmica fática, quanto à agressão do réu que
agrediu Claudemir.
As provas orais são proposto pelo grau de parentesco de Luzia e a filha.
Confessou à prática de delito prevista no art. 24, A, lei nº 11.340/2006. Preso
em flagrante. Os ofendidos Luzia e Claudemir confirmaram a presença na residência
deles, o que foi suficiente para provar a violação das medidas protetivas. Luzia
confirmou a ameaça de Fernando apenas contra Claudemir, não admitiu que ela e a
filha sofreram ameaça, como ainda representara contra o réu.
Luzia buscou apoio na Lei Maria da Penha e a decisão judicial saiu semana
antes do crime.
Claudemir depôs e trouxe relato confirmatório de seu primeiro depoimento. Os
policiais também relataram que Claudemir foi agredido no peito e ameaçado
verbalmente. Valdemir e Wanderlei não puderam prestar depoimento porque não

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presenciaram o fato, embora Wanderlei disse que viu Claudemir e mais 3 ou 4
indivíduos armados com pedaços de pau em perseguição a Fernando.
Fernando não falou no 1º depoimento que foi perseguido. O réu negou todos
os crimes, inclusive de danificação do imóvel. Não foi provado a distância das
partes. Pai e filho caíram em contradição, em depoimento, acusaram Claudemir de
ameaça, porém sem provas.
Os policiais relataram que os pais da jovem não queriam o namoro. Luzia
estava separada, porém pediu ajuda a Claudemir por telefone. Falaram que
necessitaram de esforço físico para conter Fernando, além de danos ao imóvel e
lesão em Claudemir, Fernando confessa que descumpriu a ordem jurídica.
O ministério público atua em consonância com suas atividades-fim, diversa da
acusatória, o que não perfaz contradição lógica ou técnica. Portanto o réu é
condenado por acervo de provas.

1. 3 Dispositivo

Quanto ao delito de ameaça fixa, pena de 1(um) mês de detenção que são
ausentes circunstanciais atenuantes – agravante prevista no art. 61, CP, inciso II,
alínea F e a reincidência art. 61, CP, inciso I – razão pela qual aumentando a pena
1/5, perfazendo 1(um) mês e 6 (seis) dias. Por serem vítimas distintas – aumento de
pena de 1/6 – 1 (um) mês e 12 (doze) dias.
Lesão corporal – 03 (três) meses de detenção – presente atenuante da
confissão e agravante de reincidência art. 61, inciso I, CP.
Descumprimento de medidas protetivas de urgência art. 24, A da lei
11.340/2006 – fixa pena 03 (três) meses de detenção.
Art. 69, caput do CP. 03 (três) meses de detenção.
Soma total de 07 (sete) meses e 12 (doze) dias de detenção de prisão
preventiva, adequado o regime inicial aberto art. 33 §2º, CP.
Substituição da pena preventiva por restritiva art. 44, CP ou suspenção
condicional da pena art. 77, CP.
Fernando Vinícius Moronai do Nascimento a pena de 07 (sete) meses e 12
(doze) dias de detenção em regime inicial aberto por infringir art. 129, caput. 147, CP

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por 2 vezes e art. 24, A, lei nº 11.340/2006 nos termos do art. 69, CP. Comunique-se
as vítimas art. 201, §2º, CPP.
Fernando pagará as custas processuais, pois usufruiu de defensoria pública
gratuita.
A dosimetria da pena foi acertada, ou seja, não existe necessidade de reparo.
Houve punições para as três infrações penais, pois já pesa ao réu
condenação definitiva por delitos de resistência e desobediência. Enquanto, a lesão
corporal e o descumprimento de medida protetiva, só fez-se agravante.
Em relação a lei Maria da Penha, a atenuante da confissão, o que produziu a
compensação integral. Quanto a lesão corporal, o réu negara, porém à falta de
provas recursal, houve o acréscimo de 1/5 para o crime de ameaça.
Houve aumento de 1/6 posteriormente somadas no cálculo por se tratar de delitos
de espécies distintas.
Fixou-se regime inicial aberto, em coerência com a natureza e quantidade de,
penas individual, soma a reincidência do réu art. 33 §2º, “C”, CP.
Súmula nº 588 do c. superior tribunal de justiça que estendeu ao indeferimento
incabível art. 77.
É inaplicável o art. 387, CPP, pois já foi imposto na modalidade mais branda,
mesmo que o acusado reincidiu.
Luzia não tem despesas do advogado apelante.
O desembargador relator Alcides Malossi Júnior nega provimento diante da
preliminar rejeitada.

2. LEGÍTIMA DEFESA

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Como é de conhecimento de todos, o Estado, por meio de seus
representantes, não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, razão pela
qual permite aos cidadãos a possibilidade, em determinadas situações, agir em
própria defesa, como diz o (art. 5º, XXXVIII, A, CF) que “todos tem direito a plenitude
de defesa”. Sendo assim, o agente tem autorização do legislador para praticar um
fato típico.
“A legítima defesa é um bom barômetro da sensibilidade democrática de um
país”. (MUÑOZ CONDE, pág. 142, 1988).
É sabido que a autorização de legítima defesa na Constituição Federal não
ocorreu da noite para o dia, pois a evolução da legítima defesa percorreu um longo
período para que o Estado aprovasse tal reação contra a injusta agressão, ajudando
a vítima a não sofrer passivamente. Pois para o homem primitivo, bastava a simples
existência do nexo causal entre a conduta e resultado que já era vingança; Taleão –
a pena é pessoal e proporcional à agressão; Romano – as leis das doze tábuas –
responsabilidade com responsabilidade subjetiva; Idade Média – livre arbítrio –
responsabilidade subjetiva e proporcional; Idade Moderna – Beccaria – penas mais
justas e menos cruéis; atual reprovação do autor que podia e devia agir diferente –
íntegra a fase relativa a dosagem pelo art. 59, CP.
Para caracterizar a legítima defesa, para alguns doutrinadores, basta que a
vítima saiba a situação justificante, embora outros entendem que além do
conhecimento do estado justificante deve ter a vontade de defesa.
“O reconhecimento do estado da sua natural impossibilidade de imediata
solução de todas as violações de ordem jurídica, objetivando não constranger a
natureza humana a violentar-se numa postura covarde resignação, permite
excepcionalmente, a reação imediata a uma agressão injusta, desde que a
dogmática jurídica denomina legitima defesa” (BITENCOURT, p.424, 2016). Mas
afinal de contas o que é Legítima Defesa no Código Penal Brasileiro? A grosso
modo, é uma resposta a uma agressão injusta; é uma causa de excludente de
ilicitude. E o resultado de tudo isso é a absolvição do réu, art. 25, CP. “Quem reage
a uma injusta agressão que seja atual ou iminente a um direito próprio ou alheio,
deve-se usar um meio necessário que esteja a sua disposição na hora do acordo e
que seja proporcional a injusta agressão e o bem judiciário ameaçado”. (ROGÉRIO
GRECO, p. 342, 2013).

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Em outras palavras, seria o mesmo que dizer que pode usar o único meio e
desproporcional em situação de alto risco. “A legítima defesa, corresponde a uma
exigência natural, a um extinto que leva o agredido a repelir uma agressão a um
bem tutelado [...].” (BETTIOL, p. 447, 1997).
O cidadão pode usar quaisquer meios suficientes e indispensáveis
necessários para repelir e conter o agressor com eficácia. Se usar outro meio
mesmo que visivelmente superior ao que seria necessário, a circunstância deve ser
determinada pela intensidade para não cair no excesso que é condenável por lei.
Não se sabe ao certo, quais são as medidas as quais possam ser, porém o bom
senso diz que é incompatível a desproporção.
O indivíduo que emprega o excesso, estará esvaziando o sentido da palavra
Legítima Defesa, pois para repelir agressão em defesa a si ou outro, deve na
medida do possível lesionar o quanto menos o agressor, ou seja, na medida do
possível não cometer exageros e nem abusos.
“A legítima defesa é descaracterizada a partir do momento em que o agente
pratica a conduta constitutiva do excesso.” (HERZZMANN, pág. 168, 2015).

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3. QUANTO A TITULARIDADE LEGITIMA DEFESA

Pode ser legítima defesa própria – O direito se volta contra o agente.


Legítima defesa de terceiro – O direito se volta contra terceiros.
“A legítima defesa é aquela requerida para defender a si ou a outro numa
agressão atual ou iminente. Seu pensamento fundamental é que o direito não tem
porque ceder ante o injusto.” (WELZE, p. 122, 2004).

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4. OS REQUISITOS DA LEGITIMA DEFESA

4.1 Agressão injusta

“Agressão injusta é a de natureza ilícita, isto é, contrária ao direito. Pode ser


dolosa ou culposa. É obtida com uma análise, consentindo na mera contradição com
o ordenamento jurídico.” (MASSON, p. 402, 2012).
“(...) se considerarmos o fato como agressão injusta caberá a arguição da
legítima defesa, não se podendo cogitar da prática de qualquer infiltração penal por
aquele que defende nessa condição, caso contrário se o entendermos como uma
simples provocação injusta contra ela não poderá ser alegada a excludente em
benefício do agente e terá ele de responder penalmente pela sua conduta.”
(ROGERIO GRECO,p. 339, 2013).

4.2 Atual ou Iminente

A repulsa deve ocorrer de imediato.


Ex.: a pessoa recebe um tapa no rosto, de imediato revida.
Se por um acaso, a pessoa que for agredida e for até a sua casa e voltar para
reagir, sai do estado de legítima defesa. Uma rincha.

4.3 Direito próprio ou alheio

O cidadão pode defender alguém no ato de um assalto, desde que ao


defender terceiros, não exceda na reação.
Ex.: Uma pessoa presencia um ladrão extraindo a bolsa de uma senhora, no
ato pode pegar a bolsa de volta imobiliza o assaltante até que a polícia apareça.
“É possível à defesa de outros quando tratar-se de bens jurídicos
indisponíveis (vida, integridade física, direitos ligados a personalidade, etc). Também
é possível a defesa de terceiros quando este é pessoa jurídica.
Há possibilidade de excludente de ilicitude para a tutela de bens pertencentes
as pessoas jurídicas, inclusive do Estado, pois atuam por meio de seus

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representantes e não podem defender-se sozinha.” (CLEBER MASSON, p.403,
2012).

4.4 Uso moderado dos meios

O cidadão pode usar quaisquer artifícios, mecanismos para repelir a


agressão, mas é somente até afastar-se do perigo. A moderação e o equilíbrio é
fundamental para que não lesione o agressor.

4.5 Conhecimento da situação justificante

Não se aplica a excludente quando o sujeito não tem conhecimento de que


age para salvar um bem jurídico próprio ou alheio. O conhecimento a cerca do risco
é chamado elemento subjetivo da excludente da ilicitude.
Ex.: Violação de domicílio, quando um crime está ali sendo cometido (art. 150,
§3º, II, CP).

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5. ESPÉCIES DE LEGITIMA DEFESA

5.1 Defesa Real ou autêntica

É a exercida em seu próprio favor, ou seja, é aquela que a pessoa se defende


de alguma reação ilegal que a outra pessoa tem para si, é a situação de
efetivamente acontecendo.
“Diz-se autêntica ou real a legítima defesa quando a situação de agressão
esta efetivamente acontecendo no mundo concreto. Existe realmente uma agressão
injusta que pode ser repelida pela vítima, atendendo os limites legais. Se for
disponível o bem de terceira pessoa, que está sendo objeto de ataque, o agente
somente poderá intervir para defendê-la”. (ROGÉRIO GRECO, p. 347, 2013).”
Ex.: Paulo de arma em punho, pede que André abra o cofre da empresa,
André saca a sua arma e dá um tiro em que morre em seguida. André não, somente
salva a sua vida, como o seu patrimônio.

5.2 Defesa Real recíproca

Não existe defesa, pois há ataque e defesa ao mesmo tempo das duas
partes. O agente encontra-se em erro, supondo uma situação de defesa das partes
que não existe. O juiz aplica que ocorreu legítima defesa recíproca seria
praticamente um duelo.
Ex.: Duas mulheres conversando, quando de repente as duas puxam os
cabelos uma das outras e ninguém que estava ao redor pode perceber quem
primeiro agrediu.

5.3 Defesa sucessiva

É a defesa que parte do agressor em direção a vítima, sendo assim a vítima


prejudicada neste conflito. A legítima defesa é desproporcional, o agressor inicial
passa a ser vítima que por sua vez pode defender-se desta agressão que não mais
encontra justificada. É uma reação contra excesso na legítima defesa.

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Ex.: Ana é agredida verbalmente por seu ex e para defender-se pega uma
faca e o ataca com intenção de machuca-lo, porém, ele agarra violentamente pelo
braço, deixando marcas, pois trata-se de legítima defesa, frente a uma reação
desproporcional diante daquela que foi agredida.
“Quando o agente alcança seu objetivo, qual seja, fazer cessar a agressão
injusta, já não poderá ir além.” (ROGÉRIO GRECO, 2016).

5.4 Defesa putativa

Pode se dar por 2 erros de tipo:


Erro permissivo – art. 20, §1º, CP e pelo erro de proibição – art. 21, CP.
É o erro quanto a realidade fática, erro do tipo. Ocorre quando alguém por um
erro justificável pelas circunstâncias, repele aquilo que ele acredita ser uma
agressão injusta atual.
Ex.: Atira e mata o inimigo pensando que quando na verdade está tirando o
celular do bolso. Responde por homicídio culposo.
Defesa putativa é errônea suposição da existência da legítima defesa por erro
de tipo ou de proibição. “A vítima imagina que irá sofrer uma injusta agressão, que
na verdade não existe.” (CAPEZ, pág. 268, 2011).
Tal modalidade está prevista no art. 20, parágrafo 1º, CP brasileiro – 1941.
Exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, previsto em lei.

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6. O EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA

O agente que exceder na defesa pode responder por excesso doloso ou


culposo, art. 23, CP. “Se o agente agir, atuando nos limites impostos pela lei em
legítima defesa, depois de ter feito cessar a agressão, dá continuidade a repulsa
assim, neste segundo momento, a conduta é ilícita.” (ROGÉRIO GRECO, 2019)
O parágrafo único do art. 23, CP diz que o agente pode responder por:
Excesso doloso – tem consciência.
Excesso culposo – Não tem consciência.
O excesso doloso ocorre quando o agente para defender-se da injusta
agressão, emprega meio que sabe ser desnecessário, ou seja, tem consciência do
fato que constitui a ação típica, tem vontade de atingir a conduta, o resultado e o
nexo causal. Porém, estará descaracterizando a legítima defesa com ele – mento
volitivo (vontade) e elemento cognitivo (consciência). Pode responder por homicídio
doloso (caso de morte) ou lesão corporal dolosa (caso de ferimentos).
Se o agente deixa a posição de defesa e parte para um ataque, após ter
dominado o agressor, sendo que seu decorrente de uma equivocada apreciação da
realidade - parágrafo 23, CP. A pessoa age sem consciência, ou seja, é a falta do
dever do cuidado. É a conduta voluntária e resultado não querido, provocado por
descuido

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7. CRIME

Crime é ponto de partida para se compreender todo ordenamento do direito


penal; é a ação ou omissão humana que causa danos e perigos as pessoas e bem
jurídicos materiais, porém, a definição de crime é bem mais complexa na prática,
pois o legislador apenas fornece o conceito crime, mas a lei de introdução ao código
penal o faz. “A ofensa pode estar vinculada também a uma omissão, a qual ao dever
jurídico de agir e o agente não age causando danos a terceiros devido a sua
conduta omissiva”. “Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, que isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente
com a pena de multa; contravenção, a infração penal que a lei comina
isoladamente”. (BASILEU, GARCIA, PÁG. 148, 2012)

CRITÉRIOS ANALÍTICOS DO CRIME


DOUTRINADORE
FATO ILICITUD CULPABILIDAD PUNIBILIDAD
S
TÍPICO E E E
Basileu Garcia X X X X
Nelson Hungria.
Anibal Bruno,
X X X
Magalhaes
Noronha, etc.
Damásio, Mirabete,
X X
etc

“O crime tem quatro elementos quanto critério analítico: (fato típico, ilicitude,
culpabilidade e punibilidade)”. (Basileu Garcia).
Se analisarmos as características comuns a qualquer fato para ser
considerado crime: (juízo, desvalor sobre o fato – antijuridicidade) e (juízo de
desvalor sobre o autor, - culpabilidade).
Adotando a teoria bipartida, o crime é o fato típico e antijurídico: aos casos de
excludente de ilicitude, o fato típico é inexistente, mas a antijuridicidade é que é
excluída eliminando o crime. A legítima defesa tem a natureza jurídica de causa e
exclusão de ilicitude. Conforme o autor (CLEBER MASSON, p.413, 2015).

19
8. TIPICIDADE

Processo de seleção das condutas mais gravosas, é a adequação do ato


praticado pelo agente como características descritivas como crime na lei penal, ou
seja, tudo o que está descrito nos artigos da parte especial, que é crime típico,
antijurídico culpável.
O primeiro passo é observar é a tipicidade da conduta do tipo penal para ver
se encaixa ao tipo penal, ou seja, ver se é um fato típico a tipicidade; segundo passo
é analisar a ilicitude, assim sendo uma conduta antijurídica (atípico) jamais será
ilícita. Se a conduta praticada pelo agente e o ordenamento é contraria a ilicitude,
percebe-se que a ilicitude é mais vasta que a tipicidade; já na ilicitude averigua que
mesmo sendo típica não estaria aquela conduta autorizada por outras normas do
sistema jurídico as quais os excludentes de ilicitude. O fato típico tem um caráter de
ilicitude, porém, se houver alguma causa de exclusão, não haverá crime. Se o fato
típico a princípio é ilícito, cabe a defesa provar a existência de excludente de
ilicitude. E a acusação pode provar a tipicidade no caso.

8.1 As modalidades do Tipo

As modalidades de tipo podem ser:


Tipo derivado – aquele que deriva do tipo principal ou fundamental – são as
chamadas qualificadoras (causas de aumento de pena);
Tipo permissivo – aquele que permite a prática de um ato tipificado (são
excludentes de ilicitude);
“A agressão configura-se como conduta humana que visa e põe em perigo um
bem ou interesse judicialmente tutelado. A agressão não pode ser confundida com a
mera provocação do agente.” (BITENCOURT, pág. 402, 2012).

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9. ANTIJURICIDADE

É a relação de contrariedade entre o fato e o ordenamento jurídico. Não


basta, para a ocorrência de um crime que o fato seja típico previsto em lei, é
necessário que seja antijurídico, ou seja, contrário a lei penal que vale bens jurídicos
protegidos por lei.
Excludente de ilicitude é uma autorização do legislador que o agente pratique
um fato típico.
São as causas de excludentes de ilicitude:
Legítima defesa;
Estrito cumprimento de dever legal;
Exercício regular do direito;
Estado de necessidade;

9. 1 – Legítima Defesa

É a excludente de ilicitude, pois é o mesmo que dizer que quem age em legítima
defesa não comete crime, pois se não houver exageros, não houve crime, portanto
não houvera pena. A moderação é um ponto muito importante para que o defensor
continue dentro dos padrões de legítima defesa.

9.2 – Estrito cumprimento do dever legal

Corresponde e compreende a obrigação de cumprir direta ou indiretamente a


lei art. 23, inciso III.
Realização de um fato típico por força de uma obrigação imposta por lei.
Como diz o ditado popular: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”. “Lei se
cumpre, não se discute, nem se interpreta.” (FRANZ VONLISZT) Ex policial que
priva a liberdade do bandido.
Fernando Capez conceitua doutrinariamente, a seguinte forma o “estrito
cumprimento do dever legal”.: é a causa de exclusão da ilicitude que consiste na
realização de um fato típico, por força de desempenho de uma obrigação imposta
por lei, nos exatos limites dessa obrigação.” Em outras palavras, a lei não pode punir
quem cumpre um dever que ela mesma impõe.

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9.3 Exercício regular do Direito

O exercício regular de direito é decorrente do princípio constitucional na


legalidade, previsto no art. 5º,inciso II da CF. “ Ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Sendo assim, possibilita ao
cidadão o exercício do direito subjetivo, desde que contrarie a lei vigente.
Na parte específica do código penal existem casos específicos de exercício
regular de direito, como a imunidade judiciária (art. 142, I e II, CP); a coação para
evitar suicídio ou para a prática de intervenção cirúrgica (art. 142, II, CP).
De acordo com Guilherme Nucci é o desempenho de atividade permitida por
lei penal ou extra penal, passível de ferir bem ou interesse jurídico de terceiro, mas
que afasta a ilicitude do fato típico produzido.

9.4 Estado de necessidade

Não é uma escolha, mas sim um estado de necessidade em que se


pressupõe um conflito entre os titulares, sendo que por motivo “de salvar ou salvar a
própria vida”, que um deles terá que aparentemente parecer lícito para que o outro
sobreviva. É a famosa frase: “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Ex,: Marido que dirige carro sem habilitação para savar a sua esposa.
“Considera-se estado de necessidade e quem pratica o fato atual para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício nas circunstâncias, não razoável exige-se”.
(art. 24, CP).
Entende-se assim, que a pessoa que ao se defender pratica o fato, verifica-se
se existe uma discriminante em razão do dispositivo que expressa o afastamento do
caráter de crime de fato. Se assim acontecer não haverá crime pois agiu em legítima
defesa, em estado de necessidade exercício regular de direito ou estrito
cumprimento de dever legal,

22
10. REQUISITO DE ILICITUDE ART. 24, CP

10.1 – Perigo atual

É o momento presente, é uma causa excludente de ilicitude.


Ex.: Alguém de arma em punho obriga o motorista de um coletivo, que dirige
imprudentemente a ponto de causar risco a vida dos passageiros, a que pare o
veículo.

10.2 – Ameaça a direito próprio ou a terceiros

Protegem-se a vida, a integridade física, o patrimônio, a honra, ou seja bens


materiais ou morais.
Ex.: Se uma pessoa estiver vendo o ladrão assaltar a uma mulher pode usar
de meios para ajuda-la, desde que seja excessiva a reação.
:,.que é contravertida é a possibilidade da legítima defesa, porém a
jurisprudência aceita como legítima defesa, a imediata reação física contra injúria.

10.3 Situação não provocada pelo agente

É um mero pretexto para desencadear uma agressão. Não age em legítima


defesa aquele que aceita o desafio.
É importante lembrar que a lei não ampara aquele que mata e/ou agride
alguém por motivo de provocação.
“Aquele que provoca os fatos não pode alegar em seu favor a legítima
defesa”. (TJMG – Apº Kelsen Carneiro, 06/04/1999 – JM 148/273).

10.4 – Conduta inevitável de outro modo

A lei não obriga que evite a agressão, não repete os termos utilizados na
conceituação.

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10.5 – Conhecimento da situação de fato

Quando o sujeito pensa que está agindo de forma ilícita, quando na verdade,
está praticando algo plausível.
Ex.: Matar alguém que esta prestes a explodir o local, sem saber que ela iria
fazer isso.
Cabe aqui neste caso a expressão idiomática. “Apenas os vilões precisam
provar que são heróis”.

10.6 - Inexistência de dever legal de enfrentar o perigo

“O gesto romântico do capitão que afunda seu barco.” Porém após ter feito
todas as ações, deveria salvar a si mesmo.
“Merece todos os respeitos, mas não constitui um dever juridicamente
exigível.” (Derecho Penal Español, Parte General, pág. 475).
Se bem que o comandante não pode matar ninguém para salvar a sua vida,
mas quando ver que o barco praticamente afundou, deve procurar a privar a sua
vida, ou seja, ter a consciência que fez tudo que estava ao seu alcance.

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11. CULPABILIDADE

É a reprovabilidade da conduta, juízo de desvalor sobre o autor; possibilidade


de se considerar alguém culpado pela prática de uma infração pessoal art. 26 CP;
integra-se a fale relativa à dosagem da pena art. 59 P. Só poderá punir um crime na
modalidade culposa se ele estiver previsto em lei.
Uma conduta é reprovável quando há culpabilidade e é necessário que o
autor pudesse agir conforme a lei, O sujeito tem que ter a capacidade psíquica que
permite ter consciência e vontade, ou seja deve ter condições de entender a
antijuricidade de sua conduta e adequá-la à sua compreensão. A imputabilidade é a
capacidade psíquica e condição pessoal de maturidade e sanidade mental
É indispensável que o sujeito possa conhecer a antijuricidade de sua conduta.
É imprescindível saber se o sujeito no lugar da vontade antijurídica da ação
praticada, pudesse praticar outra dentro do direito. A condição intelectual do agente
faz com que ele reconheça a ilicitude do fato ou não.
Não basta a imputabilidade e a possibilidade do conhecimento antijurídica
para que a conduta seja reprovável, é necessário que fosse possível exigir um
comportamento diverso daquele que tomou ao praticar um fato típico e antijurídico,
pois há certas circunstâncias pessoais que não se pode exigir tal conduta.
Só há uma culpabilidade se o cidadão puder estruturar sua consciência e
vontade, ou seja, estar em condições de poder compreender a ilicitude de sua
conduta, se tem condições de poder compreender e se era possível agir de outro
modo.
Todo agente é imputável, a não ser que ocorra uma excludente de
imputabilidade – chamada de causa derimente.

11.1 - Exclusão de culpabilidade

‘ A lei prevê as causas que excluem a culpabilidade pela ausência de um de


seus elementos.
Veja a seguir casos de inimputabilidade do sujeito:
1º Doença mental, desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental
retardado, art. 26, CP.

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2º Critério psicológico – Desenvolvimento mental incompleto por presunção legal, de
menor de 18 anos art. 27 – critério biológico, indígenas isolados (selvícolas).
3º Embriaguez fortuita art. 28, §11º - Álcool ou qualquer outra droga
4º Erro inevitável sobre a ilicitude do fato art. 21
5º Erro inevitável a respeito do fato que configuraria uma descriminante –
descriminante putativa art. 20, §1º
6º Obediência a ordem, não manifestadamente ilegal, de superior hierárquico, art.
22, segunda parte.

11.2 - Inexigibilidade de conduta diversa

O Direito Constitucional de individualização da pena pressupõe que o julgador


considere as particularidades do réu em relação ao mandamento legal determinado,
A justa aplicação da pena depende da ação executiva de um conceito material de
culpabilidade.
Esse conceito apresenta como princípio geral carente de compreensão.

11.3 - Erro de proibição

O agente não tem censura por sua ilicitude. O erro de proibição não elimina o
dolo, o agente pratica um fato típico, mas fica excluída a conduta.

11.4 Desconhecimento da Lei

O art. 21 fala sobre a ignorância a respeito da própria lei penal. O agente


supõe ser lícito o seu comportamento, pois desconhece a lei que o proíbe.
Para haver culpabilidade, diz Jescheck, é bastante que o agente “saiba que
seu comportamento contradiz as exigências da ordem comunitária e que, por
conseguinte, se acha proibido juridicamente”.

11.5 - Erro sobre a ilicitude do fato

26
São erros que incidem sobre a existência do dever de agir. No erro evitável,
inescusável, a lei obriga a diminuição da pena de um sexto a um terço (art. 21,
caput, última parte).

11.6 Discriminantes putativas

Erro plenamente justificado pelas circunstâncias é isento de pena porque


supõe que a situação de fato existisse tornaria a ação legítima, porém quando o erro
deriva de culpa e o fato é crime culposo.
Ex.: O agente supõe que uma pessoa vai alvejá-lo e disparar contra ela,
verificando-se que a vítima era o guarda noturno de ronda ou portava revólver de
brinquedo apenas para pregar uma peça no agente (legítima defesa putativa).

11.7 Erro provocado nas discriminantes putativas

Se o erro invencível for causado por terceiros somente este responde pelo
delito.
Ex.: Alguém foi convencido a “pregar uma peça” ao agente, vindo a ser morto
por este ao agir em legítima defesa putativa. Quem induziu responde por crime
doloso se queria o fato ou assumiu o risco dele.
Ou por homicídio culposo de podia prever por saber que o autor do crime
costumava andar armado.

11.8 Coação física irresistível

Tanto a coação irresistível quanto a obediência hierárquica são excludentes


de ilicitude art. 22.
Não existe na coação física a ação voluntária, portanto não se fala em
conduta, é inexistente o próprio fato típico. Ex amarrar o sujeito para que não faça o
que é devido num crime omissivo puro ou crime comissivo por omissão (omissão de
socorro, omissão de doença etc).

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11.9 Coação moral irresistível

É necessário que a coação seja irresistível, inevitável, insuperável, todas as


situações que ele não pode opor recusar-se. Sempre acompanha um perigo sério e
atual.

11.10 Obediência hierárquica

Art. 22 é causa excludente da culpabilidade quem pratica o crime em estrita


obediência a ordem de superior hierárquico, o agente pratica o fato incriminado. A
dirimente exige que a ordem não seja manifestadamente ilegal, pois se assim for o
mesmo não deve cumprir.

11.11 Imputabilidade

A imputabilidade é a capacidade do sujeito em compreender a ilicitude de sua


conduta e de agir de acordo com esse entendimento. Se o sujeito tem essa
capacidade de compreensão, e adequa essa conduta a sua consciência e assim não
o faz é imputável.
São vários os critérios que são inimputável que já foram citados nas
excludentes de culpabilidade.

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12. QUAL A RELAÇÃO DA LEGÍTIMA DEFESA COM O ACÓRDÃO EM ANÁLISE

Legítima Defesa é repelir uma agressão injusta, utilizando moderadamente os


meios necessários para proteger a si mesmo ou outra pessoa art. 25 CP.
E segundo o acórdão ninguém agrediu Fernando, pelo contrário ele foi o
agressor e para sair ileso do inquérito o pai alega que o filho desenvolveu doença
mental e tem pessoa na família que tem problemas mentais, ao ser interrogado,
apresentou raciocínio lógico, mesmo quando interrompido, deduz-se que queria a
imputabilidade do sujeito (Doença mental, desenvolvimento mental incompleto e
desenvolvimento mental retardado), art. 26, CP (critério biopsicótico).
Os policiais usaram de força física suficiente para conter o agressor, pois
estavam sob a excludente de estrito cumprimento do dever legal.

12.1 A Legítima defesa foi acolhida no acórdão?

O desembargador relator, Alcides Malossi Junior rejeitou a preliminar e negou


provimento ao apelo, pois não houve acolhimento a preliminar suscitada,
descabendo a conversão do julgamento em diligência por Fernando não apresentar
problemas mentais.
A legítima defesa não cabe ao réu por ter sido ele o agente causador de
agressão à namorada, Claudemir, ofensa de mal injusto aos pais da namorada,
descumprimento da lei, descumprimento da medida protetiva por duas vezes (lei
11.340/2006) e por ameaça de morte as vítimas.
Os meios necessários para inibir a injusta agressão deve ser moderados, e
respeitados a proporcionalidade de defesa em relação a agressão. Se houver
excesso é necessária uma avaliação o ocorrido, devido a singularidade de cada
situação e seus diversos elementos dominantes. Caso seja reconhecido o excesso
doloso, é considerado fato ilícito e passível de punição, porém a pena pode ser
atenuada por julgamento do juiz.
Quando há a presença dos elementos perturbadores, ou seja, perturbações
emocionais como medo, surpresa, susto, o agente não deve ser imputado. Quando
o agente excede de forma culposa perante a legítima defesa, ele responde pelo
excesso culposo, no entanto, para isso, o fato tenha que ser punível.

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A falha na avaliação da relação quantitativa e qualitativa entre perigo e reação
aos meios empregados para cessar a agressão ou até mesmo no erro de cálculo da
proposição. Dessa forma, para que se evite a ocorrência de um julgamento injusto,
são levados em conta as circunstâncias, as condições e o comportamento humano
na ocorrência da situação ilícita.
Dessa forma, é perceptível que apesar de estar previsto no código penal
dispositivos assegurando a legitimidade do uso desse instituto para a defesa
proposta seus referidos excessos puníveis, permanece grande discussão perante
ao tema, ficando claro essa necessidade, pois na atualidade estamos tendo
apresentação.

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CONCLUSÃO

A Legítima defesa, sobre uma perspectiva histórica, foi um grande avanço


jurídico social, marcando a transferência do poder de punição (jus puniends) para o
Estado, e não mais representado pela vingança privativa como antes. E apesar do
Estado se detentor desse poder, existe a exceção quando nos referimos a legítima
defesa, existindo a possibilidade de se defender ou defender alheio perante uma
injusta agressão atual iminente, sobre a observação do uso de meios moderados a
repulsa da agressão, ou seja, meios proporcionais.
Esse instituto não visa apenas tutelar o bem jurídico vida, apesar de ser seu
objetivo de maior importância e mais abordado, mas além da vida, busca manter a
honra, a família, a integridade física e psíquica, e o patrimônio da vítima sem
prejuízo da vida ou liberdade do ofensor, formando o objeto vida de maior tutela, em
um bem que não é totalmente inviolável, o Estado não consegue fornecer a proteção
necessária para todas as pessoas o privilégio da autodefesa aos indivíduos.
No Brasil, em uma última conceituação, a doutrina aceita que legítima defesa
provem de uma ação estipulada pelo elemento cognitivo, ou seja, pela consciência,
e pelo elemento volitivo, a vontade de se defender no caso.
Com base, no conceito de Legítima defesa e no estudo da situação fática que
deu ensejo à prática do crime julgado podemos concluir que a Legítima defesa no
processo julgado pelo tribunal da Justiça do Estado de São Paulo não há excludente
de ilicitude. Portanto, Fernando Vinicius Moronai do Nascimento irá cumprir pena de
7(sete) meses e 12(doze) dias pelos seus atos criminais neste trabalho aqui já
citado.

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