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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS

NAMPULA
2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

Aaliyah Martinália Saltiel

Abdulcadre Amisse Paulino

Alda Silva Vicente Timóteo

Bemvinda Halia Mário

Megue Cecílio

Papaito Juma

CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS

Trabalho de caracter avaliativo,


orientado pelo docente da cadeira de
Direito Penal, a ser lecionada pelo
MA, Sezinho Muachana, 2o ano,
Curso de Licenciatura em Direito –
Faculdade de Direito-Nampula.

NAMPULA
2022

Índice
Lista de abreviaturas..........................................................................................................5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................6
1. DEFINIÇÃO FORMAL DE CRIME.........................................................................7
1.1. DEFINIÇÃO MATERIAL DE CRIME.................................................................7
2. CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS..............................................................7
2.1. CONCEITO DE CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS...............................8
3. BEM JURÍDICO TUTELADO..................................................................................8
3.1. BENS JURÍDICOS INDIVIDUAIS.......................................................................9
3.2. BENS JURÍDICOS COLECTIVOS OU SUPRA-INDIVIDUAIS........................9
4. SUJEITOS DE CRIME..............................................................................................9
4.1. SUJEITO ACTIVO................................................................................................9
4.2. SUJEITO PASSIVO.............................................................................................10
5. TENTATIVA DE CRIMES ECONÓMICO............................................................10
6. CONSUMAÇÃO DE CRIMES ECONÓMICO......................................................10
7. NEGLIGÊNCIA E DOLO.......................................................................................10
8. RESPONSABILIDADE DOS AGENTES DOS CRIMES ECONÓMICOS..........11
9. PROCEDIMENTO CRIMINAL E AS PENAS NOS CRIMES ECONÓMICOS. .11
10. TIPOS DE CRIMES ECONÓMICO-FINANCEIROS........................................12
10.1. DEFESA DO PLANO DO ESTADO....................................................................12
10.2. OCULTAÇÃO E ALTERAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÓMICAS...........12
10.3. NORMAS DE GESTÃO E DISCIPLINA.............................................................12
10.3.1. VIOLAÇÃO DE REGRAS DE GESTÃO..........................................................13
10.3.2. VIOLAÇÃO DA DISCIPLINA TECNOLÓGICA.............................................13
10.4. ABUSO E CORRUPÇÃO......................................................................................13
10.4.1. ABUSO DE CARGO OU FUNÇÃO..................................................................13
10.4.2. FRAUDE.............................................................................................................13
10.5. ABASTECIMENTO PÚBLICO............................................................................14
10.5.1. DEFESA DO ESCOAMENTO...........................................................................14
10.5.2. DESVIO DE PRODUTOS..................................................................................14
11. ESPECULAÇÃO E AÇAMBARCAMENTO.....................................................14
11.1. ESPECULAÇÃO...................................................................................................14
11.1.2. TENTATIVA DE ESPECULAÇÃO..................................................................15
11.2. AÇAMBARCAMENTO........................................................................................15
12. BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS................................................................15
12.1. FASES DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAL..........................................16
13. DEVERES DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E ENTIDADES NÃO
FINANCEIRAS...............................................................................................................17
13.1. DEVER DE EXAMINAR......................................................................................17
13.2. DEVER DE COLABORAÇÃO.............................................................................17
13.3. DEVER DE SIGILO PROFISSIONAL.................................................................17
14. RESPONSABILIDADE PENAL NOS CRIMES DE BRANQUEAMENTO DE
CAPTAIS........................................................................................................................18
14.1. RESPONSABILIDADE DE PESSOAS SINGULARES......................................18
14.2. RESPONSABILIDADE DE PESSOAS COLECTIVAS......................................18
15. BURLA.................................................................................................................18
15.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVO DA BURLA.....................................................19
15.2. TIPOS DE CRIME DE BURLA............................................................................20
15.2.1. BURLAS RELATIVAS A INFORMÁTICA E NAS COMUNICAÇÕES........20
15.2.2. BURLA RELATIVOS A TRABALHO..............................................................20
16. CORRUPÇÃO......................................................................................................21
16.1. CORRUPÇÃO PASSIVA POR ACTO ILÍCITO..................................................21
16.2. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO LÍCITO................................................21
16.3. CORRUPÇÃO ACTIVA........................................................................................21
CONCLUSÃO.................................................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................23
Lista de abreviaturas
Art. ‐ Artigo;
CP -Código Penal;
CFJJ- Centro de formação jurídica e judiciária;
CEF-crimes económicos e financeiro;
N.‐‐Número;
p. - Página.

Prof.- Professor

5
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é de caracter avaliativo e tem como tema Crimes
económicos e financeiros, o tema enquadra-se na área do Direito Público, concretamente na
cadeira do Direito Penal. O mesmo surge no âmbito da orientação do docente da cadeira, o
trabalho gira em torno dos crimes económicos e financeiros, onde ao longo da abordagem
debruçará além do conceito dos crimes económicos financeiros, fará menção dos tipos dos
CEF, sujeitos desse tipo legar de crime, tentativa, consumação, dentre outros aspectos
pertinentes.

Importa salientar que, durante a realização do trabalho, e para a sua


concretização, várias foram as obras consultadas, a fim de obter informações plausíveis e
adequadas para o seu uso, e que as mesmas se encontram patentes nas referências
bibliográficas.

Portanto, é do nosso inteiro conhecimento que todo trabalho científico deve


infalivelmente apresentar uma certa estrutura de modo a clarificar a sua compreensão. Neste
caso, o trabalho em causa não foge à regra estabelecida, sendo que, o mesmo encontra-se
estruturado da seguinte maneira:

 Introdução;
 Desenvolvimento;
 Conclusão; e
 Bibliografia

6
1. DEFINIÇÃO FORMAL DE CRIME

Segundo a prof. Tereza Beleza o crime pode ser definido em dois sentidos, no
sentido formal e no sentido material. Sendo no sentido formal crime, uma acção típica, ilícita
e culposa1.

1.1. DEFINIÇÃO MATERIAL DE CRIME

Em sentido material, crime é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um


bem jurídico protegido pela lei penal2.f

2. CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS


Para definir crimes económicos financeiros, é preciso, primeiro, partir da
definição de direito económico, ou direito financeiro.

A definição do conceito do crime económico está longe de ser pacífica,


participando da dificuldade da conceptualização do denominado direito económico ou direito
da economia, cujo as fonteiras são também imprecisas.

O conceito de direito económico nasce nos finais da I Guerra Mundial, como


consequência da reconhecida necessidade da intervenção do Estado na disciplina das
actividades económicas, até então abandonadas à livre iniciativa dos particulares, indo mais
além de mero garante da segurança das transações comerciais3.

É dentro desse ramo de direito que disciplina a actividade económica enquanto


tal, que se recorta o denominado direito penal económico ou direito penal da economia,
constituído pelo conjunto de norma de natureza penal que tutelam as condições consideradas
indispensáveis para regular o funcionamento do sistema económico constitucional.

Acrescenta o professor Germano, que este ramo de direito apresenta


especificidades quer ao nível do ilícito, no que tange ao bem jurídico protegido pelas
incriminações, quer ao nível dos agentes, nomeadamente a admissão da responsabilidade das
pessoas colectivas e ao nível das sanções, sobretudo as aplicáveis as pessoas colectivas.

1
BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, volume I, 2a Edição, p.22.
2
MIRABETE, Júlio Fabbrini, FABBRINI, Renato, Manual de Direito Penal-Pate Geral, Volume I, 27a
Edição, Editora Atlas S.A., São Paulo, 2011, p.55.
3
SILVA, Germano Marques, Direito penal Português, 2a Edição Revista, Verbo editorial, 2001, p. 112.
7
Cumpre já referir que na lei não existe uma definição para Direito Penal
Económico-financeiro.

2.1. CONCEITO DE CRIMES ECONÓMICOS FINANCEIROS


Nas palavras do professor Bravo, os crimes económico-financeiros são aqueles
que são praticados em ligação com a ocupação profissional dos seus autores, e com recursos a
métodos altamente engenhosos. O agente dispõe aqui de amplas possibilidades instrumentais,
que vão de carácter variado e extenso das suas actividades profissionais, à utilização de
intermediários, passando por trabalho paciente destinado a criar a aparência da legalidade dos
comportamentos4.

Nas palavras de Saragoça Matta, poderemos afirmar que os crimes económico-


financeiro são aqueles que violam os bens jurídicos que emergem da regulação constitucional
e legal da realidade económico financeira, obtenção, gestão e dispêndio de meios financeiros
públicos. Deverão por isso ser aqui incluídos os crimes contra ou cometidos por sector
empresarial público ou privado, bem como o direito fiscal, e a actividade bancária, a
actividade das seguradoras5.

Os crimes económico-financeiros são considerados pelo autor Bravo, um


fenómeno social, económico, político, cultural, resultado da sociedade contemporânea, num
mesmo plano de relevância de outros tipos legais de crimes.

3. BEM JURÍDICO TUTELADO


Numa perspectiva material, não há crime sem bem jurídico, ou seja, não há
norma penal, proibitiva ou impositiva, que não se destine a tutelar bem jurídico. Nesse
sentido, o Direito Penal visa protecção de bens jurídicos fundamentais, isto é, de valores
essenciais a subsistência da sociedade como espaço de desenvolvimento máximo, em
condições de igualdade, da pessoa6.

Tendo em atenção ao bem jurídico nos crimes económico-financeiros, importa


deixar ficar a diferença entre os bens jurídico individuais e bens jurídicos colectivos.

4
BRAVO, Jorge Reais dos, Manual Sobre Corrupção, Criminalidade Organizada, CFJJ, Maputo, 2010 p.
69.
5
MATTA, P. Saragoça da, O Sistema de Prevenção e Investigação dos Crimes Financeiros, Coimbra
Editora, 2017, p. 84.
6
PRATA, Ana, et all, Dicionário jurídico - Direito Penal e Direito Processual penal, volume II, 3a Edição,
Almedina Editores, Coimbra, 2018, p.69.
8
3.1. BENS JURÍDICOS INDIVIDUAIS

Nas palavras do autor Bravo, os bens jurídicos individuais ligam-se a protecção


daqueles valores oferecidos em função da sua titularidade por um indivíduo, e cuja violação
pode traduzir-se num dano para o seu titular.

3.2. BENS JURÍDICOS COLECTIVOS OU SUPRA-INDIVIDUAIS

Os bens jurídicos colectivos ou supra-individuais, ao invés, caracterizam-se por


uma titularidade partilhada, indeterminada ou difusa, virtualmente por toda a comunidade, e
por serem indispensáveis e indivisíveis, podendo a sua lesão não se fazer repercutir numa
ofensa imediata ou direta na espera dos interesses dos lesados.

Importa realçar que os crimes económico-financeiros podem parecer atentar


apenas contra um ou vários indivíduos em concreto, a verdade é que, indiretamente, eles
sempre lesam, outro ou outros bens jurídicos de uma multiplicidade indeterminada de
titulares, justamente por isso revestem a natureza colectiva ou supra-individual7.

4. SUJEITOS DE CRIME

O termo sujeito do crime enquadra-se no sujeito penalmente responsável,


independentemente da sua forma de comparticipação. A partir daqui temos por intenção fazer
alusão aos sujeitos do crime em dois critérios distintos, dito de outro modo, pretendemos
abordá-los, integrá-los e correlacioná-los da seguinte forma: o autor do crime irá expor-se
como o sujeito activo do crime e a sujeito passivo, que é a pessoa pela qual será violado o seu
direito, ou a pessoa ofendia que é a vítima.

4.1. SUJEITO ACTIVO

No conceito de agentes de crime, encontramos o autor de crime que se


considera o agente principal do delito, isto é, numa das partes do processo penal. A partir
daqui a designação de autor surge-nos como uma figura central do acontecimento típico, na
pessoa singular, que realiza um acto por si próprio, com domínio da sua acção.

Os agentes dos crimes económico abusam da confiança neles depositada, pela


população e produzem naturalmente, uma reação de desconfiança da parte da sociedade.

7
BRAVO, Jorge Reais dos, Manual Sobre Corrupção, Criminalidade Organizada, CFJJ, Maputo, 2010
pp.38-39
9
A colectividade acaba por perder todo o apreço pelas instituições públicas e
pelos agentes económicos, criando-se assim um processo de desagregação moral, gerador de
maior desorientação nos cidadãos, e da maior desorganização na convivência social.

Segundo o professor Bravo, quanto ao sujeito activo dos crimes económico-


financeiros, são pessoas perfeitamente normais e integradas, que se reconhecem, quando
muito, como protagonistas de irregularidades formais, ou então como soldados de uma
batalha, a dos negócios, em que essas irregularidades são praticadas geralmente, e fazem
parte, portanto das regras do jogo8.

4.2. SUJEITO PASSIVO

Considerasse sujeito passivo a vítima, a pessoa ofendida ou que tenha sofrido


um dano, nomeadamente um dano físico, moral ou emocional, ou um prejuízo material
causado por um crime.

5. TENTATIVA DE CRIMES ECONÓMICO

Nos termos do art. 2 da lei nº 5/82 de 09 de junho, a tentativa é punível na


mesma pena da consumação desde tipo legal de crime9.

6. CONSUMAÇÃO DE CRIMES ECONÓMICO

Nos termos da C.P. o crime consumado verifica-se quando é aplicável uma


pena a um crime sem declarar se se trata de tentativa ou consumação. É de realçar que neste
tipo de crime a consumação é punida com uma pena de 02 a 08 anos de prisão maior.

7. NEGLIGÊNCIA E DOLO

No que diz respeito a negligência compreende entre outras formas o desleixo, a


falta de sentido de responsabilidade, a indisciplina e a própria a ignorância indesculpável, e
esta é sempre punível neste tipo legal de crime, que será aplicada a pena correspondente ao
acto ou omissão intencional reduzida da metade nos seus mínimos e máximo. Isso nos termos
do art. 07 da lei 05/d 09 de junho.

8
BRAVO, Jorge Reais dos, Manual sobre corrupção, criminalidade organizada, CFJJ, Maputo, 2010 p. 69.
9
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22
10
Nos termos do C.P. art. 02, age com Dolo quem, representando m facto que
preenche um tipo de crime, atua com intenção de realizar. Age ainda com Dolo quem
representar a realização de um facto que preenche um tipo de crime como consequência
necessária da sua conduta10.

Quanto ao Dolo o agente age com intenção de criar danos e esta será aplicada
uma pena de 02 a 08 anos de prisão maior.

8. RESPONSABILIDADE DOS AGENTES DOS CRIMES

ECONÓMICOS

No que tange no artigo 05 da lei acima citada, a responsabilidades dos agentes


dos crimes económicos das sociedades civis ou comerciais são solidariamente responsáveis
pelo pagamento das multas e indeminização em que foram condenados os seus representantes
ou empregados, desde que estes tenham agido na qualidade e no interesse da sociedade, salvo
se procederam contra determinação da administração. O que nos leva a intender que nos
crimes económicos segundo este artigo se o agente do crime se agir na qualidade subjectiva
ou seja, que não seja do interesse da sociedade, a sociedade não será responsabilizada. É de
realizar além das penas previstas para o agente do crime, este, será condenado na apreensão
dos bens necessários para indemnizar os prejuízos sofridos pelo estado ou pelas entidades
atingidas11.

9. PROCEDIMENTO CRIMINAL E AS PENAS NOS CRIMES

ECONÓMICOS

No que diz respeito ao procedimento criminal desde tipo legal de crime a lei
nos termos do artigo 03 da lei nº 05/82 de 09 de junho, declara que não depende da queixa do
ofendido. Quando a pena das infrações do crime económico é de 2 a 8 anos de prisão maior.

10
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22
11
10. TIPOS DE CRIMES ECONÓMICO-FINANCEIROS

Nos termos da lei 05/82 de 09 de junho, temos os seguintes tipo de crimes


económicos que encontramos classificado em:

10.1. DEFESA DO PLANO DO ESTADO


Na defesa do plano de Estado encontramos: violação das regras de planos em
comprimento de metas, ocultação e alteração de informações económicas.

Importa referir que nesta classificação, a violação das regras do Estado a lei
declara que todo aquele que, com o fim de provocar o incumprimento dos planos e metas
estabelecidas, não cumpri a metodologia, as directivas ou instruções que regem a elaboração e
execução do Plano Estatal Central, dos Planos Territoriais e dos planos das unidades de
produção, será punido com pena de multa até metade do salário anual ou com pena de prisão
até dois anos.

Será punido também como infractor de violação de regras de Estado, com a


pena de dois a oito anos de prisão maior aquele que alterar relatórios, apresentar ou utilizar
dados falsos sobre planos económicos, a fim de ocultar factos criminais, obter vantagens
económicas ou outros fins proibidos por lei.

10.2. OCULTAÇÃO E ALTERAÇÃO DE INFORMAÇÕES


ECONÓMICAS
No que concerne a ocultação e alteração de informações económicas a lei
dispõe que, todo aquele que, sem prejuízo das normas sobre o segredo estatal, e em razão do
cargo ou actividade que desempenha, tenha o dever de prestar informações ou dados de
carácter económico e os oculte, omita ou altere total ou parcialmente, é punido com a pena de
prisão até dois anos12.

10.3. NORMAS DE GESTÃO E DISCIPLINA


Encontramos nas normas de gestão e disciplina: a violação de regras de gestão,
incumprimento das medidas em prejuízo da conservação de bens, violação da disciplina
tecnológica e em comprimento de normas de segurança.

12
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22

12
10.3.1. VIOLAÇÃO DE REGRAS DE GESTÃO
A violação de regras de gestão defende que, todo aquele que for directamente
responsável pela desorganização de sectores de produção ou de prestação de serviços, pela
ausência de direcção, de controlo contabilístico ou desorganização contabilística, que causem
prejuízos, é punido com pena de multa até metade do salário anual ou prisão até 2 anos.

10.3.2. VIOLAÇÃO DA DISCIPLINA TECNOLÓGICA


Já por sua vez a violação de disciplina tecnológica defende que todo aquele que
não cumprir as obrigações que lhe são impostas em razão do cargo ou as normas e instruções
de disciplina tecnológica, de manutenção ou de assistência às máquinas e equipamento, é
punido com multa até metade do seu salário anual13.

10.4. ABUSO E CORRUPÇÃO


Dentro dos crimes de abuso e corrupção encontramos: abuso de cargo ou
função, fraude, pagamento de remunerações indevidas, utilização abusiva de bens ou de
serviços, alienação abusiva, atestação de falsa qualidade.

10.4.1. ABUSO DE CARGO OU FUNÇÃO


Nos termos do artigo 16 da lei 9/87 de 19 de Setembro, no que diz respeito aos
crimes de Abuso e Corrupção, declara que, todo aquele que exercer as funções inerentes ao
seu cargo de modo contrario as leis, as ordens ou instruções superiores ou ultrapasse a
intrariamente os limites da sua competência com intenção de prejudicar alguém ou com
intuído de obter para si ou para outrem, benefícios ilícitos, será punido a uma pena de prisão
ate 2 anos14.

10.4.2. FRAUDE
Nessa vertente dos crimes de abuso e corrupção, também é punido a fraude
com uma pena de prisão de 2 anos, todo aquele que, com intenção de obter proveito ilícito
reduzir em erro, a entidade competente para decidir qualquer pretensão e desse modo causar
prejuízo a própria socialista.

13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22
14
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 09/87 de 19 de Setembro, in Boletim da República, I série no 37
13
10.5. ABASTECIMENTO PÚBLICO
No abastecimento público encontramos: defesa do escoamento, não
levantamento de mercadorias ou produtos, desvio de produtos, venda de qualidades não
autorizadas, recusa de comercialização de produtos, defesa do aprovisionamento público e
comércios externo não autorizada.

10.5.1. DEFESA DO ESCOAMENTO


Defende que todo aquele que, com o fim de causar prejuízo económico,
retardar, perturbar ou, por qualquer forma, prejudicar o escoamento de bens ou produtos, ou o
correcto abastecimento das estruturas de produção ou de comercialização, será punido com a
pena de multa até metade do salário anual ou pena de prisão até dois anos.

10.5.2. DESVIO DE PRODUTOS


No que concerne a essa modalidade de crime, todo o comerciante que
legalmente tiver adquirido produtos com a obrigação de os revender em determinado
estabelecimento e os alienar violando aquela obrigação, pratica um crime de desvio de
produtos punível com prisão até 2 anos e multa correspondente ao dobro do lavor dos
produtos desviados15.

11. ESPECULAÇÃO E AÇAMBARCAMENTO

Especulação e açambarcamento, temos a especulação, açambarcamento, outras


formas de ocultação, apreensão de bens, interdição do exercício do comércio.

11.1. ESPECULAÇÃO
Por último temos a classificação de especulação e açambarcamento onde a
especulação defende que comete crime de especulação aquele que na venda de produtos ou
serviços estipule ou exija por qualquer forma preços superiores aos ficados pelas entidades
competentes. Este crime é punido com pena de prisão até dois anos e multa igual ao triplo do
valor dos produtos ou mercadorias apreendidas.

15
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22

14
11.1.2. TENTATIVA DE ESPECULAÇÃO
Constituem tentativa de especulação, punida nos termos da lei:
 As acções que alterem a precisão de instrumentos de medição;
 A destruição ou ocultação de marcas dos preços existentes nas embalagens e
produtos16.

11.2. AÇAMBARCAMENTO
E temos o crime açambarcamento que defende que será punido com a pena de
prisão até dois anos e multa igual ao triplo das mercadorias ou produtos apreendidos, todo
aquele que, com prejuízo do abastecimento regular do mercado, cometer os seguintes:
 Ocultar mercadorias ou produtos;
 Recusar ilicitamente a venda de produtos ou mercadorias; e
 Adquirir ilicitamente quantidades manifestamente superiores às suas necessidades
mercantis ou à quota fixada.
Segundo os doutrinários, como é o caso do Dr. Bravo, os crimes económico-
financeiros podem ser: o crime de burla, peculato, os crimes fiscais, crimes bancários, crime
de branqueamento de capitais, corrupção.

Dentre os vários tipos de crime económico-financeiros apresentados pela


doutrina e a lei, importa de uma forma breve debruçar sobre os crimes de branqueamento de
capitas.

12. BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS

Em termos legais, no artigo 4 conjugado com o artigo 7 da lei de


Branqueamento de capitais, dentre as varias definições, comete o crime de branqueamento de
capitais, quem converter, transferir, auxiliar ou facilitar qualquer operação de conversão,
transferências de produtos do crime, de todo ou em parte, de fora directa ou indirecta, com
objetivo de ocultar ou dissimular a sua origem ilícita, ou auxiliar a pessoa implicada na
prática das actividades criminosas a eximir-se das consequências jurídicas dos seus actos 17.
Os professores Lattas, Duarte e Pattos, definem branqueamento de capitais
como aquela operação através da qual o dinheiro, de origem sempre ilícita procedente de

16
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO PERMANENTE DA
ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série no 22
17
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 14/2013 de 12 de Agosto, Lei de prevenção ao Branqueamento
de capitas e financiamento ao terrorismo, in Boletim da República, I série no 64
15
ilícitos que revestem especial gravidade, é investido, ocultado, substituído ou transformado e
restituído aos circuitos económico-financeiros legais, incorporando-se em qualquer tipo de
negócio como se tivesse sido obtido de forma lícita, afirmando ainda que o objecto da acção
do ilícito tanto é o dinheiro em espécie como os bens que tenham sido adquiridos com o
mesmo, sejam móveis ou imóveis18.
Genericamente, entende-se por branqueamento de capitais o processo através
do qual se convertem proveitos obtidos de forma ilícita em capitais lícitos, ocultando-se ou
dissimulando-se a natureza, a origem e a titularidade desses mesmos proveitos.

12.1. FASES DO BRANQUEAMENTO DE CAPITAL


O branqueamento é composto por três fases, nomeadamente: fase de colocação,
fase de circulação ou transformação e fase de integração.

 Fase de Colocação, tem como objetivo principal evitar a associação direta da origem
dos fundos com o crime, separando desde logo ambas as situações. Os proveitos são
colocados nos circuitos financeiros, geralmente através de uma instituição financeira,
sob a forma de depósitos em numerário, compra de instrumentos financeiros
negociáveis ou através de bens de elevado valor. Estas movimentações têm,
normalmente, como cenário, países com sistemas financeiros mais fragilizados e/ou
permissíveis19.
 Fase Circulação ou Transformação é a fase da dissimulação da movimentação dos
proveitos ilícitos é feita no sentido de dificultar o seu rasto. Após os proveitos terem
sido colocados nos circuitos financeiros, estes são definitivamente distanciados da sua
origem criminosa, neste sentido, é desenvolvido um esquema complexo de transações
financeiras que misturam a movimentação de dinheiro ilícito com quantias legais.
Nesta fase, verificam-se com frequência transferências bancárias internacionais, a
utilização de sociedades em países desenvolvidos e a aquisição de instrumentos
financeiros facilmente disponíveis e que possibilitem uma rotação rápida e contínua.
 Fase da Integração, está é última fase, e disponibiliza-se aos criminosos o produto
ilícito depois de ter sido transformado num bem, aparentemente, legítimo. Aqui, os
proveitos ilícitos são integrados formalmente nos circuitos legais, tornando-se cada
vez mais acessível legitimar a origem do dinheiro. As movimentações mais utilizadas
18
LATTAS, António João, DUARTE, Jorge Dias, PATTO, Pedro Vaz, Direito penal e processual penal, 2007,
p.259.
19
MATTA, P. Saragoça da, O Sistema de Prevenção e Investigação dos Crimes Financeiros, Coimbra
Editora, 2017, p.86.
16
nesta fase são a compra de imóveis, valores mobiliários e ativos financeiros,
participações no capital social de empresas e aquisição de artigos de luxo como é o
caso de obras de arte.

13. DEVERES DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E ENTIDADES

NÃO FINANCEIRAS

Dentre os vários deveres para prevenir o crime de branqueamento de capitais,


deixaremos aqui ficar alguns deveres que as entidades financeiras e não financeiras adotam.

13.1. DEVER DE EXAMINAR


As instituições financeiras e entidades não financeiras devem examinar com
especial cuidado e atenção, de acordo com a sua experiência profissional, qualquer conduta,
actividade ou operação cujo elementos caracterizados a tornem particularmente susceptível de
poder estar relacionada com branqueamento de capitais ou com o financiamento ao
terrorismo20.

13.2. DEVER DE COLABORAÇÃO


As instituições financeiras e entidades não financeiras devem prestar
colaboração as autoridades judicias competentes, bem como ao GIFiM, quando solicitadas,
fornecer informações sobres operações realizadas pelos seus clientes, ou apresentando
documentos relacionados com as respectivas operações, bens depósitos ou quaisquer outros
valores a sua guarda.

13.3. DEVER DE SIGILO PROFISSIONAL


As instituições obrigadas a comunicar, os titulares dos órgãos directivos das
pessoas colectivas, os gestores, os mandatários, ou qualquer outra pessoa que exerça funções
ao serviço das instituições financeiras e entidades não financeiras, estão proibidos de revelar
ou cliente ou terceiros a comunicação de transação suspeitas, bem como da informação de que
se encontra em curso uma investigação criminal.

20
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 14/2013 de 12 de Agosto, Lei de prevenção ao Branqueamento
de capitas e financiamento ao terrorismo, in Boletim da República, I série no 64
17
14.RESPONSABILIDADE PENAL NOS CRIMES DE BRANQUEAMENTO

DE CAPTAIS

Quanto a responsabilidade criminal no crime de branqueamento de capitas,


temos responsabilidade criminal de pessoas singulares e responsabilidade de pessoas
coletivas.

14.1. RESPONSABILIDADE DE PESSOAS SINGULARES


Os infratores desse tipo legal de crime, a aplicação das penas depende da
gravidade da infração, sendo que no artigo 75 da lei de branqueamento de capitas as penas
variam dentre o limite mínimo e o limite máximo dependendo da situação dos 2 a 8 anos de
prisão maior, de 8 a 20 anos de prisão maior e de 20 a 24 anos de prisão maior21.

14.2. RESPONSABILIDADE DE PESSOAS COLECTIVAS


Nos termos do artigo 79. ° da lei de branqueamento de capitas, as pessoas
colectivas respondem solidariamente pelo pagamento das mutas, imposto de justiça, custas, e
demais encargos em que incorrem os seus dirigentes, empregados, pela prática de
branqueamento de capitas.

É de realçar que a responsabilidade das instituições financeiras e das entidades


não financeiras, não ixclui a responsabilidade individual dos agentes das infrações que actuem
como membro dos seus órgãos directivos, chefes ou gerentes ou que ajam como
representantes legais ou voluntários, seus empregados e colaboradores.

15. BURLA

Outro tipo de crimes económico-financeiros apresentado pela doutrina é a burla, e este


crime encontramos definido nos termos do artigo 287 do CP, declarando que: Quem, com intenção de
obter para si ou para terceiro enriquecimento ilícito, por meio de erro ou engano sobre factos que
astuciosamente provocou, determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou causem a outra
pessoa, prejuízo patrimonial, é punido com prisão de 1 a 2 anos22.

21
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 14/2013 de 12 de Agosto, Lei de prevenção ao Branqueamento
de capitas e financiamento ao terrorismo, in Boletim da República, I série no 64
22
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248
18
15.1. ELEMENTOS CONSTITUTIVO DA BURLA
A burla é constituída pelos seguintes os elementos:
a) Intenção de obter para si ou para terceiro um enriquecimento ilegítimo;
b) Uso de erro ou engano sobre factos, astuciosamente provocado;
c) Para determinar outrem à prática de actos que lhe causem, ou a terceiro, prejuízo
patrimonial23.
Analisando o primeiro elemento, que é, a intenção de obter um enriquecimento
ilegítimo, resulta nítida a conclusão de que o agente do crime de burla tem de visar obter, para
si próprio ou para terceiro, um enriquecimento não devido, esse enriquecimento ilegítimo
pode ocorrer por diversas formas: mediante um aumento patrimonial dos bens de terceiro ou
do agente.
O agente, obtém a entrega de dinheiro por parte do burlado; mediante uma
diminuição do passivo patrimonial do agente ou de terceiro, o agente leva outrem a satisfazer
uma dívida sua, persuadindo-o que lhe pertencia satisfazê-la); mediante a poupança de
despesas, que são satisfeitas pelo lesado, o agente, devedor de alimentos a outrem, leva o
sujeito passivo a satisfazer esses alimentos no convencimento de que é ele o titular dessa
obrigação alimentar. Essencial é, sempre, que o enriquecimento obtido não corresponda,
objectiva ou subjectivamente, a qualquer direito.

Já no que concerne no segundo elemento, que é elemento uso de erro ou de


engano, astuciosamente provocado, importa realçar que aqui tanto cabe a mentira que provoca
no lesado uma falsa representação da realidade, sendo essa mentira intencionalmente utilizada
pelo agente do crime como forma de provocar essa ilusão no lesado, como também caberão as
situações em que o agente dolosamente se silencia, aproveitando uma situação de erro da
qual, o agente, bem se apercebe preexistente por parte do lesado ou seja, nestes casos o
agente, não obstante se aperceber do erro já existente, causa a sua persistência, prolonga-o,
assim obstando a que a vítima saia daquele engano.

E no que se refere ao terceiro e ultimo elemento, prática de actos que causem


um prejuízo patrimonial, importa referir que deve existir uma perfeita e sucessiva relação de
causa efeito entre a conduta enganosa ou astuciosa e a prática de actos que causem, ao
enganado ou a um terceiro, um efectivo prejuízo patrimonial, e se normalmente existe uma
23
LATTAS, António João, DUARTE, Jorge Dias, PATTO, Pedro Vaz, Direito penal e processual penal, 2007,
p. 249
19
relação de correspondência entre o valor do aumento patrimonial obtido pelo agente do crime
para si ou para terceiro e o valor do prejuízo causado à vítima ou a terceiro bem pode
acontecer, também, que tais valores não sejam equivalentes, nomeadamente sendo superior o
prejuízo causado24.

15.2. TIPOS DE CRIME DE BURLA


No que se refere a tipologia da burla, a lei apresenta a burla informática e nas
comunicações e bulas relativas a trabalho ou emprego.

15.2.1. BURLAS RELATIVAS A INFORMÁTICA E NAS


COMUNICAÇÕES
Em termos legais, comete este tipo legal de crime aquele que, com intenção de
obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, causar a outra pessoa prejuízo
patrimonial, interferindo no resultado de tratamento de dados ou mediante estruturação
incorrecta de programa informático, utilização incorrecta ou incompleta de dados, utilização
de dados sem autorização ou intervenção por qualquer outro modo não autorizada no
processamento. E este é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa25.
Considera-se ainda, infrator do crime de burla relativas a informática aquele
que com intenção de obter para si ou para terceiro um benefício ilegítimo, causar a outrem
prejuízo patrimonial, usando programas, dispositivos electrónicos ou outros meios que,
separadamente ou em conjunto, se destinem a diminuir, alterar ou impedir, total ou
parcialmente, o normal funcionamento ou exploração de serviços de telecomunicações.

15.2.2. BURLA RELATIVOS A TRABALHO


Comete o crime de burla relativos a trabalho aquele que, com intenção de obter
para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, causar a outra pessoa prejuízo patrimonial,
através de aliciamento ou promessa de trabalho ou emprego no país ou no estrangeiro. E este
é punido com pena de prisão até 1 ano e multa correspondente.

24
LATTAS, António João, DUARTE, Jorge Dias, PATTO, Pedro Vaz, Direito Penal e Processual Penal, 2007,
pp. 249-250.
25
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248
20
16. CORRUPÇÃO

Tempos outro tipo de crimes económico-financeiros é a corrupção, e esta


encontra classificada em corrupção passiva que pode ser por facto ilícito e corrupção passiva
por facto lito e corrupção activa26.

16.1. CORRUPÇÃO PASSIVA POR ACTO ILÍCITO


E esta consiste em o servidor público que por si, ou por interposta pessoa, com
o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe
seja devida, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para um qualquer
acto ou omissão contrários aos deveres do cargo, ainda que anteriores àquela solicitação ou
aceitação. E é punido com pena de prisão de1 a 8 anos e multa até 2 anos.

16.2. CORRUPÇÃO PASSIVA PARA ACTO LÍCITO


É aquela que, servidor público que por si, ou por interposta pessoa, com o seu
consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe seja
devida, vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, para um qualquer acto
ou omissão não contrários aos deveres do cargo, ainda que anteriores àquela solicitação ou
aceitações. E é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos e multa até 1 ano.
Considera-se infrator da corrupção passiva por acto lícito, também o servidor
público que por si, ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar
ou aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe seja devida, vantagem patrimonial ou não
patrimonial de pessoa que perante ele tenha tido, tenha ou venha a ter qualquer pretensão
dependente do exercício das suas funções públicas.

16.3. CORRUPÇÃO ACTIVA


A lei penal declara que, quem por si, ou por interposta pessoa com o seu
consentimento ou ratificação, der ou prometer a servidor público, ou a terceiro com
conhecimento daquele, vantagem patrimonial ou não patrimonial que ao servidor não seja
devida, com o fim indicado no artigo 425, é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos27.

26
BRAVO, Jorge Reais dos, Manual sobre Corrupção, Criminalidade Organizada, CFJJ, Maputo, 2010 p.
246.
27
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de Revisão do Código Penal, in
Boletim da República, I série no 248
21
CONCLUSÃO
Concluído o trabalho constatou-se que falar dos crimes económicos e
financeiros é de extrema importância, visto que a prática dos crimes económicos e financeiros
e muito verificada a nível mundial assim como também a nível do Ordenamento Jurídico
Moçambicano.

No âmbito da investigação, percebeu-se que as tipificações dos crimes


económicos financeiros não são especificadas no âmbito do código penal, como outros tipos
de crimes, que já vem tratados duma forma especifica pelo código penal, como é o caso dos
crimes contra o património, crimes contra integridade física, dentre outros crimes
especificados na lei penal. Pós isso não implica dizer que os crimes económicos e financeiros
sejam menos importantes que outros tipos de crimes, até porque, pese embora não sejam
especificados, esse tipo de crime encontramos também tipificados no âmbito da lei penal e
outras leis extravagantes.

Conclui-se também que a identificação do bem jurídico do tipo legal de crime,


considera-se difícil de o fazer, na medida de o mesmo tipo legal de crime, encontrar-se em
diversas especificações de diversos crimes na lei penal, visto que o crime de burla, faz parte
da especificação dos crimes contra o património na lei pena, o crime de corrupção já trás a sua
própria especificação no abito do código penal. Mais isso não limitou o grupo de investigar
até concluir que quanto ao bem jurídico dos crimes económicos e financeiros, para a sua
identificação devem ser classificados em bens jurídicos individuais e bens jurídicos
colectivos.

Constatou-se ainda que pela classificação dos bens jurídicos nos crimes
económicos financeiros, o agente da infração ao agir, pode estar convicto que violou o bem
jurídico individual, a doutrina defende que nos crimes económicos e financeiros o infrator
sempre viola o bem jurídico da coletividade.

E é de salientar que os crimes económico-financeiros são praticados em ligação


com a ocupação profissional dos seus autores, e com recursos a métodos altamente
engenhosos. O agente dispõe aqui de amplas possibilidades instrumentais, que vão de carácter
variado e extenso das suas actividades profissionais, à utilização de intermediários, passando
por trabalho paciente destinado a criar a aparência da legalidade dos comportamentos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Leis
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 24/2019 de 24 de Dezembro, Lei de
Revisão do Código Penal, in Boletim da República, I série no 248
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 14/2013 de 12 de Agosto, Lei de
prevenção ao Branqueamento de capitas e financiamento ao terrorismo, in
Boletim da República, I série no 64
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 05/82 de 9 de Junho, COMISSÃO
PERMANENTE DA ASSEMBLEIA POPULAR, in Boletim da República, I série
no 22
 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei no 09/87 de 19 de Setembro, in Boletim da
República, I série no 37

Doutrina
 BELEZA, Teresa Pizarro, Direito Penal, volume I, 2a Edição.
 BRAVO, Jorge Reais dos, Manual Sobre Corrupção, Criminalidade Organizada,
CFJJ, Maputo, 2010.
 LATTAS, António João, DUARTE, Jorge Dias, PATTO, Pedro Vaz, Direito Penal e
Processual Penal, 2007, Pág. 249-250.
 MATTA, P. Saragoça da, O Sistema de Prevenção e Investigação dos Crimes
Financeiros, Coimbra Editora, 2017.
 MIRABETE, Júlio Fabbrini, FABBRINI, Renato, Manual de Direito Penal-Pate
Geral, Volume I, 27a Edição, Editora Atlas S.A., São Paulo, 2011.
 PRATA, Ana, et all, Dicionário jurídico - Direito Penal e Direito Processual penal,
volume II, 3a Edição, Almedina Editores, Coimbra, 2018.
 SILVA, Germano Marques, Direito Penal Português, 2a Edição Revista, Verbo
editorial, 2001.

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