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Aula 02 - Profº Paulo

Sousa
CNU (Bloco 6 - Setores Econômicos e
Regulação) Conhecimentos Específicos -
Eixo Temático 4 - Regulação - 2024
(Pós-Edital)
Autor:
Equipe Direito Administrativo,
Herbert Almeida, Nick Simonek
Maluf Cavalcante, Paulo H M
Sousa, Rubens Mauricio Corrêa
19 de Janeiro de 2024

67813661222 - Felipe Souza Dias


Equipe Direito Administrativo, Herbert Almeida, Nick Simonek Maluf Cavalcante, Paulo H M Sousa, Rubens Mauricio Corrêa
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Índice
1) Práticas Comerciais
..............................................................................................................................................................................................3

2) Proteção Contratual
..............................................................................................................................................................................................
32

3) Proteção ao Superendividamento
..............................................................................................................................................................................................
54

4) Práticas Comerciais - Questões Comentadas - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
68

5) Proteção Contratual - Questões Comentadas - Miltibancas


..............................................................................................................................................................................................
90

6) Práticas Comerciais - Lista de Questões - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
106

7) Proteção Contratual - Lista de Questões - Multibancas


..............................................................................................................................................................................................
111

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Capítulo V – Práticas comerciais

De maneira geral, o capítulo a respeito das práticas comerciais pretende detalhar os limites e as
possibilidades que os fornecedores têm quando oferecem bens de consumo no mercado. Pode esconder
os defeitos do produto ou tem de escancarar eles quando se vai vender? E exagerar na propaganda? E
oferecer um produto apenas para pescar o consumidor?

Seção I – Disposições gerais

Uma das maiores preocupações do CDC, da doutrina e da jurisprudência é, certamente, definir o que é
consumidor. Isso porque é essa definição que atrairá – ou não – a aplicação das regras protetivas do
direito do consumidor.

Há três definições anteriores de consumidor. A primeira delas, trazida pelo art. 2° do CDC,
fixa que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final.

A segunda, contida já no parágrafo único do art. 2º, equipara a consumidor a coletividade


de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Essas são as duas definições gerais de consumidor.

Lembro ainda que se admite a aplicação das normas do CDC, por se enquadrar determinada pessoa no
conceito de consumidor, mesmo quando ela não seja a destinatária final do produto ou serviço, apesar
de ser consumidora intermediária. É a aplicação da teoria finalista mitigada, adotada pela doutrina
em geral e pela jurisprudência do STJ.

A terceira definição vem quando o CDC trata da responsabilidade civil por fato ou defeito do produto ou
serviço. É a figura contida no art. 17, que cria a figura do consumidor por equiparação – ou bystander
–, qual seja qualquer vítima do evento danoso, nos casos em que há fato ou defeito de
produtos ou serviços. Esse conceito de consumidor, porém, só se aplica à parte do CDC que
trata da responsabilidade por fato do produto ou serviço.

O art. 29 traz uma quarta definição de consumidor. Tal como o art. 17, ela é restrita, e não
ampla como as duas primeiras hipóteses do art. 2º, caput e parágrafo único. Para os fins
do capítulo das práticas comerciais e da proteção contratual, equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

Ou seja, se o art. 2º, caput, estabelece que o consumidor é quem compra; se o parágrafo único diz que
é quem intervém no consumo; se o art. 17 prevê que é quem sofre dano; o art. 29 vai além, prevendo
que também se considera consumidor quem se expõe às práticas comerciais e contratuais, mesmo
que não consuma.

Na prática, virtualmente todos somos consumidores, portanto. Isso porque basta pensar em uma
propaganda feita em um grande portal, como o Youtube. Imagine que na página de entrada do Youtube
há uma propaganda enganosa de um concorrente do Estratégia Concursos.

Toda e qualquer pessoa que acessar o site do Youtube verá a propaganda; ficará exposta a ela e,
consequentemente, será considerada consumidora. Mas não só. Se eu dou um print da tela e envio a

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você, que não acessou o Youtube, você também será exposto à propaganda e, portanto, também é
consumidor.

Virtualmente, todo ser humano será considerado consumidor, quanto a essa propaganda
enganosa. Claro, num juízo de razoabilidade, difícil pensar que uma pessoa numa vila do
Turcomenistão tenha interesse num curso preparatório para concursos brasileiro – e pior, concorrente,
mas, vai que... consumidor!

Seção II – Oferta

O primeiro passo de uma relação de consumo, do ponto de vista do consumidor, é a oferta ou proposta.
O fornecedor se prepara e oferece seus produtos e serviços no mercado de consumo. Porém,
tecnicamente falando, o que é uma oferta?

Prevê o art. 30 que toda informação ou publicidade, suficientemente precisa,


veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados constitui oferta. A oferta obriga o fornecedor
que a fizer veicular ou dela se utilizar, e integra o contrato que vier a ser
celebrado.

Em bom português, ajoelhou, tem que rezar. Se o fornecedor diz apenas que tem o produto, isso não é
uma oferta, porque ela não é suficientemente precisa. Necessário que a informação seja suficiente para
que um consumidor em potencial a aceite. O art. 30 do CDC traz, de maneira mais explícita, a previsão
do art. 429 do Código Civil (“A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos
essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos”).

Contudo, uma vez veiculada proposta suficientemente precisa, ela se torna


obrigatória. O CDC não faz, como o Código Civil – arts. 428 e 429, parágrafo único –
menção a exceções, situações nas quais a oferta deixa de ser obrigatória ou pode ser
revogada. Isso se explica pelo reconhecimento de que o consumidor é vulnerável.

Assim, se o fornecedor incorrer em erro, não pode alegar esse erro para evitar o cumprimento da oferta.
Por exemplo, limita o número de produtos a 10.000, quando na verdade pretendia limitar a 1.000. Vende
a R$19,99, ao invés de R$199,90.

A exceção fica por conta do erro grosseiro, de fácil identificação. Isso, claro, é casuístico, ou seja, depende
de uma análise ponderada do caso concreto. Sempre haverá uma zona cinzenta entre o erro que obriga
e o erro que desobriga, porque a noção de grosseiro não é tão evidente.

Igualmente, mesmo que no contrato escrito, celebrado depois, não houver a informação que fora
prestada previamente pelo fornecedor, ela integra o contrato. É o caso das informações prestadas por
um corretor sobre plano de saúde. Elas integram o contrato que vier a ser celebrado, posteriormente
(REsp 531.281/SP).

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Além disso, o art. 31 exige que a oferta e apresentação de produtos ou serviços


assegurem informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua
portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,
garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos
que apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Em resumo, sem omissões,
letras miúdas ou qualquer tipo de malandragem na hora de oferecer o produto
ou serviço.

Corretas são as informações verdadeiras, não falseadas pelo fornecedor. Claras são as informações que
não exigem grande esforço para serem compreendidas. Precisas são as informações que permitem
compreender o produto ou serviço de maneira plena (na medida do possível), sem escassez ou que
sejam prolixas. Ostensivas são as informações que ficam evidentes, de fácil percepção, como o preço do
produto exposto em vitrine. 1

Em língua portuguesa porque não se admite que o produto seja fornecido em língua estrangeira,
impedindo a compreensão do consumidor. Isso, claro, não impede que o produto tenha rótulos em mais
de uma língua (muito comum que esteja em português e espanhol, por exemplo). Também não impede
que certos produtos sejam vendidos na língua originária, como uma loja de produtos importados, ou
uma seção de uma loja com produtos exclusivamente importados.

Se a oferta estiver contida em produtos refrigerados, devem ser gravadas de forma indelével, ou
seja, que não pode ser apagada, conforme exige o parágrafo único do art. 31. Isso se explica para evitar
adulteração de produtos refrigerados ou que certas informações se percam no processo de degelo,
trazendo risco ao consumidor, especialmente porque esse tipo de produto costuma ser de perecimento
mais rápido.

As informações dos produtos e serviços podem ser classificadas em:

1
A respeito do tema, atente para o art. 7º, caput e §§, da Lei 5.903/2006. Segundo esse dispositivo, na hipótese de utilização
do código de barras para apreçamento, os fornecedores devem disponibilizar, na área de vendas, para consulta de preços
pelo consumidor, equipamentos de leitura ótica em perfeito estado de funcionamento. Esses leitores óticos devem ser
indicados por cartazes suspensos que informem a sua localização, bem como observada a distância máxima de quinze metros
entre qualquer produto e a leitora ótica mais próxima.

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Informação-conteúdo

• Características intrínsecas do produto e serviço

Informação-utilização

• Como se usa o produto ou serviço

Informação-preço

• Custo, formas e condições de pagamento

Informação-advertência

• Riscos do produto ou serviço

Estabelece o STJ (REsp 586.316/MG) que, embora toda advertência seja informação, nem toda
informação é advertência; quem informa nem sempre adverte. Por isso, mesmo nos casos citados
anteriores (seção de importados do mercado), a informação advertência tem de vir expressa em língua
portuguesa. Veja uma passagem desse julgado:

No campo da saúde e da segurança do consumidor (e com maior razão quanto a


alimentos e medicamentos), em que as normas de proteção devem ser interpretadas
com maior rigor, por conta dos bens jurídicos em questão, seria um despropósito falar
em dever de informar baseado no homo medius ou na generalidade dos consumidores,
o que levaria a informação a não atingir quem mais dela precisa, pois os que padecem
de enfermidades ou de necessidades especiais são frequentemente a minoria no amplo
universo dos consumidores. O fornecedor tem o dever de informar que o produto ou
serviço pode causar malefícios a um grupo de pessoas, embora não seja prejudicial à
generalidade da população, pois o que o ordenamento pretende resguardar não é
somente a vida de muitos, mas também a vida de poucos.

É por isso, que a Lei 10.674/2003 obriga que os produtos alimentícios comercializados informem
sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de controle da doença celíaca. Essa
advertência deve ser impressa nos rótulos e embalagens dos produtos em caracteres com destaque,
nítidos e de fácil leitura.

Para o STJ, o fornecedor de alimentos deve complementar a informação-conteúdo contém glúten


com a informação-advertência de que o glúten é prejudicial à saúde dos consumidores com
doença celíaca (REsp 1.515.895-MS).

A Súmula 595 do STJ reconhece que informações importantes devem estar adequadamente informadas,
e não apenas genericamente, como no caso de reconhecimento de Curso Superior. Veja o enunciado: “As
instituições de ensino superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual
não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação”.

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Sabidamente, outros produtos precisam de peças de reposição para continuarem funcionando. Ou


porque são peças que se quebram com certa frequência, como a tela dos celulares, ou porque são peças
que sofrem desgaste com o uso e exigem substituição, como nos automóveis. Uma vez que vendi um
celular ou um carro, não seria adequado que eu também fornecesse as peças?

Evidentemente. Por isso, o art. 32 regula essa situação: os fabricantes e importadores


devem assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar
a fabricação ou importação do produto.

E depois que acabar a produção ou importação, não precisa mais? Mais ou menos, porque o
parágrafo único prevê que cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida
por período razoável de tempo, na forma da lei.

Ocorre que a tal da lei nunca foi feita. O PL 338/2015 da Câmara dos Deputados até tentou, mas a
regulação ainda não vingou. Por isso, o entendimento é de que se deve utilizar o tempo de vida útil
médio do produto. 2

Uma vez feita a oferta, o fornecedor do produto ou serviço é solidariamente


responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos,
determina o art. 34. O que isso significa? Que o fornecedor não pode se esconder
por detrás de intrincadas relações jurídicas privadas para não se responsabilizar
pela oferta, como ocorre nos contratos regulados pelo Direito Civil ou pelo Direito
Empresarial.

Assim, se compro uma televisão da Samsung no Carrefour, sendo que há um funcionário com uma
camiseta da Samsung, oferecendo uma promoção da fábrica, pode o fabricante, depois, dizer que não se
responsabiliza pela oferta, alegando que comprei no mercado? Ou o mercado alegar que não se
responsabiliza porque a oferta era da Samsung? Não, já que há responsabilidade solidária nessa oferta.

Por isso, se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou


publicidade, o consumidor pode, alternativamente e à sua livre escolha (art. 35):

2Por exemplo, o celular. Quanto tempo você costuma ficar com o mesmo celular? O tempo de vida útil média de um celular
é de 3 anos, ainda que várias pessoas fiquem por mais tempo com ele. Não é razoável, ainda que alguns pessoas desejassem,
que o fabricante de celulares produzisse peças de reposição por mais tempo.

Isso se agrava pela cultura da descartabilidade, típica de nossa modernidade líquida. Cada vez mais as pessoas querem ficar
menos com as coisas. Celulares, roupas, carros, casas e até relacionamentos, nossas sociedade preza por substituir as coisas,
ter coisas novas, sempre. Daí não dá pra exigir que a Apple tenha peças de reposição para o primeiro iPhone.

Entra em jogo aí outra discussão, a obsolescência programada. Produtos de tecnologia cutting-edge, softwares e outros tantos
produtos são criados justamente para que o consumidor os descarte em prazos cada vez menores. Há, aqui, uma questão à
la ovo ou galinha: compramos novos produtos porque os antigos estão obsoletos ou os antigos estão obsoletos porque
compramos novos produtos? Ou seja, os fornecedores forçam a obsolescência ou somos nós mesmos que o fazemos, sempre
exigindo – e exibindo – um celular com mais câmeras, uma televisão com cores mais vivas, um carro com mais airbags?

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Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade

Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente

Rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente


atualizada, e a perdas e danos

Repare em duas expressões do dispositivo: alternativamente e sua escolha.

Em primeiro lugar, as três opções são alternativas ao consumidor, que pode escolher
livremente quaisquer delas. O fornecedor não pode se negar a oferecer outro produto
ou serviço equivalente, se o consumidor quiser ainda o produto ou serviço.

Em segundo lugar, a escolha compete ao consumidor. Não pode o fornecedor,


simplesmente, enviar outro produto equivalente ao consumidor, sem que esse concorde com essa
solução. Não pode também se negar a restituir o preço pago ou tentar, de algum modo, fazer descontos
indevidos, como no caso de frete.

Por fim, o CDC ainda regula a oferta à distância, algo não tão generalizado nos anos 1980 e 1990 quanto
nos anos 2010 e 2020, com o desenvolvimento do e-commerce. Prevê o art. 33 que em caso de oferta ou
venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na
embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.

Por sua vez, o parágrafo único estabelece que é proibida a publicidade de bens e serviços por
telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a origina. 3 Pode-se generalizar o
dispositivo para se compreender que a oferta não pode ser feita de modo a gerar onerosidade ao
consumidor. Dessa forma, quando você liga para o SAC de determinada empresa, pagando pela ligação,
a empresa não pode aproveitar a chamada para oferecer produtos ou serviços.

3 A primeira regra, a do caput, ainda é muito importante; a segunda nem tanto. Pelo caput, mesmo que a oferta se dê
remotamente, o consumidor deve saber as informações sobre o fabricante. Hoje não de maneira impressa, mas visível, clara
e objetiva. É uma das recomendações mais importantes dadas na época de Black Fraude Friday. Muita gente compra nada
gato por lebre. Vai num site esquisito, sem informação alguma e mete o cartão. Eu mesmo já evitei perder grana assim; vi
uma oferta barata demais, desconfiei do site e vi que era fraude. Como fiz isso? Checando as informações que apareciam
(tudo falso), apesar de o site parecer confiável. A segunda regra era muito importante nos anos 1990, quando o setor de
telecomunicações ainda engatinhava e fazer um interurbano era caríssimo. Tinha fornecedor mal-intencionado que ficava
fazendo o consumidor pagar pra escutar telemarketing! Hoje, nem de graça a gente quer.De toda sorte, o Decreto
6.523/2008, que regulamenta os SACs, impede a veiculação de mensagens publicitárias durante o tempo de espera para o
atendimento (art. 14), bem como exige que já no primeiro menu as opções de contato com o atendente, de reclamação e de
cancelamento de contratos e serviços esteja presente. (art. 4º, §1º).

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Vale lembrar que somente em 1995, cinco anos após o CDC, a internet comercial foi liberada no Brasil,
e apenas em 2005 é que a internet começa a se popularizar de maneira massiva, com as redes sociais,
por isso o CDC fala apenas em telefone e reembolso postal.

Seção III – Publicidade

Complementando a oferta em si, o CDC regula também a publicidade, de maneira generalizada.

Cláudia Lima Marques conceitua publicidade como “toda informação ou comunicação difundida com o
fim direto ou indireto de promover, junto aos consumidores, a aquisição de um produto ou a utilização
de um serviço, qualquer que seja o local ou meio de comunicação utilizado”. Ou seja, a publicidade é o
fornecimento de certas informações ao público com intuito empresarial. 4

O art. 36 estabelece que a publicidade deve ser veiculada de tal forma que o
consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. Por isso, o fornecedor,
na publicidade de seus produtos ou serviços, deve manter, em seu poder, para
informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão
sustentação à mensagem. 5

Por isso, proíbe-se toda e qualquer publicidade enganosa ou abusiva, fixa o art. 37.
E o que é ser enganoso? E abusivo? Os §§1º, 2º e 3º estabelecem o que isso significa:

4 Uma parte entende que a oferta é gênero e a publicidade é espécie, pelo que toda publicidade seria uma oferta, mas nem
toda oferta seria uma publicidade. É a opinião de Flávio Tartuce e Daniel Assumpção. Eu acho que isso é um equívoco. Explico.
Eu posso fazer publicidade sem nada ofertar; o branding, ou seja, a publicidade a respeito da marca em si. Não ofereço
absolutamente nada, só digo o nome da minha marca. Posso também ofertar sem fazer publicidade. O Consumidor vem ao
meu estabelecimento comercial e pergunta o preço de um produto. Quando o informo, faço oferta, mas sem publicidade.
Assim, pelo conceito de Cláudia Lima Marques, eu faço publicidade quando informo ao meu público, via rede social, que na
transmissão daquele dia darei um voucher com um desconto especial num determinado curso. Há um componente de oferta?
Sim. Quando eu informo ao meu público, via rede social, que farei um vídeo no Youtube sobre um assunto relevante, eu não
oferto nada (até porque nem tenho um produto para oferecer). É publicidade? Sim. É oferta? Não. Nem mesmo indireta,
porque eu nem produto tenho e nem induzo o público ou indico ao público um produto (merchandising).

5 Numa época em que começava o infomercial, a mistura de comercial com informação, era comum que se desse um ar de
informação sobre um produto, que, na verdade, estava sendo descaradamente vendido. O exemplo mais icônico desse estilo
foram as facas Ginsu exibidos pelo extinto Grupo Manchete e que depois originariam o Polishop. Todos eles baseados no
sucesso estadunidense de Joy Mangano, multimilionária inventora e empresária, retratada no filme Joy, o nome do sucesso,
de 2015. O nome mudou, mas não o jeito. O merchan das subcelebridades nas redes sociais segue a mesma lógica; não é o
produto que eu vendo, mas sim o produto que eu recomendo; ou seja, é a “aparição de produtos no vídeo, no áudio ou nos
outros artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da marca”, como diz Antonio
Herman Benjamin. O consumidor, hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso
a um produto de uma publicidade mascarada. Nesse sentido, o CONAR tenta coibir esse tipo de prática (o uso da hashtag
#merchan mostra a tentativa de evitar desinformação).

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Publicidade enganosa

• Qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou


parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços
• Quando será a publicidade enganosa por omissão? Quando deixar de informar sobre
dado essencial do produto ou serviço

Publicidade abusiva

• Dentre outras, a discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o


medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da
criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança

O fornecedor fez publicidade de um produto que ajuda a combater o câncer. Combate


ou não combate? Você sabe? Não, claro. Quem sabe – ou deveria saber – é o próprio
fornecedor. Por isso, o art. 38 não deixa margem de dúvida ao prever que o ônus da
prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária
cabe a quem as patrocina.

A publicidade pode ser enganosa por ação e por omissão; publicidade enganosa
comissiva ou ativa e publicidade enganosa omissiva. Em qualquer caso, o consumidor não precisa
comprovar culpa ou dolo do fornecedor (imprudência, negligência, imperícia, má-fé, dolo ou qualquer
voluntariedade ou desejo de causar dano ou enganar).

Claro, a publicidade exige certa teatralidade, certo exagero; normal. O chamado puffing não é ilícito, se
não for usado de maneira enganosa ou abusiva. Dizer que se vende o carro mais econômico da categoria
constitui publicidade enganosa, se o fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar
científico); mas, dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo é mero exagero, lícito
(informação subjetiva e com ar jocoso).

Ademais, para o STJ, a ausência de informação relativa ao preço, por si só, não
caracteriza publicidade enganosa. Para a caracterização da ilegalidade omissiva, a
ocultação deve ser de qualidade essencial do produto, do serviço ou de suas reais
condições de contratação, considerando, na análise do caso concreto, o público alvo do
anúncio publicitário (REsp 1.705.278/MA).

E quem responde pela publicidade enganosa? Segundo o STJ, as empresas de comunicação não
respondem por publicidade e propostas abusivas ou enganosas, porque essa responsabilidade toca aos
fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram (REsp. 604.172/SP).

Também já entendeu o STJ que é possível o redirecionamento da condenação de veicular


contrapropaganda imposta a matriz à sua filial. Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia

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administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica
como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às
filiais (REsp 1.655.796/MT).

Seção IV – Práticas abusivas

Reconhecer as práticas abusivas nem sempre é fácil. Isso porque, de um lado, os fornecedores precisam
colocar os produtos em certo destaque. O mercado de consumo no capitalismo funciona, de maneira
ideal, assim; bons produtos vão assumindo adiante e maus produtos vão sendo eliminados.

O problema é que, nessa corrida pelos consumidores, é necessário que seu produto seja conhecido. Você
certamente já deve ter visto um produto genial e pensado como é que não inventaram isso antes (eu
ainda acho sensacional meu singelo aparato para tirar o caroço da azeitona). Ou mesmo pensado em
como era a vida antes de certo produto existir (o horror de ir de um lugar para o outro antes do advento
do GoogleMaps, que somente se tornou um mapa praticamente em tempo real em 2011).

Não raro o fornecedor vai enaltecer as características do seu produto, criar facilidades, ou esconder
defeitos e impedir certos usos, propositadamente. Trocando em centavos de real, ele vai abusar de
certas práticas para se destacar ou evitar sumir do mercado.

Aqui você vê uma das raras hipóteses de presunção juris et de jure, ou seja, uma presunção
absoluta, que não admite prova em contrário. Há presunção absoluta de ilicitude na
adoção das práticas elencadas no art. 39 do CDC.

Pode-se dividir as práticas abusivas de acordo com a fase da contratação:

➢ Fase pré-contratual: práticas abusivas levadas a efeito antes da contratação efetiva. Por
exemplo, os incs. I, II e III do art. 39 (condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço; recusar atendimento às demandas dos consumidores;
enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto).
➢ Fase contratual: práticas abusivas levadas a efeito depois da contratação, mas antes de sua
finalização. Por exemplo, o inc. XII do art. 39 (não fixação do prazo para cumprimento da
obrigação).
➢ Fase pós-contratual: práticas abusivas levadas a efeito depois de finalizada a relação de
consumo. Por exemplo, o inc. VII do art. 39 (repassar informação depreciativa, referente a ato
praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos).

Lembre, mais uma vez, de não confundir a publicidade enganosa com a


publicidade abusiva; os examinadores adoram fazer essa pegadinha nas provas,
misturando os dois conceitos. Ambas as publicidades são proibidas, mas não se
confundem! Pois bem. E quais são as práticas abusivas? O art. 39 proíbe ao
fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

➢ Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto


ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos

Aqui entra a vedação à venda casada, muito comum em alguns setores. Célebre o caso do Internet
Explorer da Microsoft, que vinha já pré-instalado nos sistemas operacionais Windows. O setor bancário

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costuma querer enfiar goela abaixo do consumidor seguros de toda ordem, condicionando a contratação
a eles.

O caso mais célebre é o da pipoca de cinema. Antigamente, só se podia entrar na sala de cinema com a
pipoca da própria vendinha do cinema. O STJ (REsp 744.602) julgou que isso violava o inc. I do art. 39
do CDC e proibiu a prática.

A Súmula 473 do STJ traz outro exemplo: “O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o
seguro habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora por ela
indicada”.

Igualmente, se o mercado de consumo é livre e eu tenho dinheiro, e o fornecedor tem o produto, ele não
pode limitar minhas compras, para menos ou para mais. Há exceção quando se trata de uma promoção,
por exemplo (somente 6 pacotes de macarrão por CPF), ou produtos essenciais durante uma pandemia
de coronavírus (somente 4 embalagens de álcool-gel por cliente).

Por causa do inc. I do art. 39 do CDC é que o STJ editou a Súmula 356: “É legítima a cobrança da tarifa
básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa”. Isso porque se entende que é possível cobrar por pacotes
mínimos de serviços de telecomunicações, para haver adequada retribuição pela infraestrutura.

➢ II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes

Esse dispositivo complementa o anterior. O objetivo é evitar que o fornecedor limite atendimento a este
ou aquele consumidor, de maneira discriminatória.

Por outro lado, a norma também impede que o consumidor exija do fornecedor quantidades
incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a limitação de estoque do
fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS).

➢ III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou


fornecer qualquer serviço

Prática comum nos anos 1990 e 2000. Enviar o produto acompanhado de um boleto e, sem o pagamento,
mandar o nome do consumidor para o SERASA: não pode. Caso que continua acontecendo é o envio de
cartão de crédito pelo banco, sem solicitação, com cobrança de anuidade. O STJ, na Súmula 532, entende
que constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação
do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa.

O parágrafo único do art. 39, inclusive, prevê que os serviços prestados e os produtos
remetidos ou entregues ao consumidor, sem solicitação prévia, equiparam-se às
amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. Ou seja, mandou sem que eu
tivesse comprado efetivamente? Ganhei, de grátis.

Por outro lado, o STJ (REsp 844.736/DF) entende que “não obstante o inegável incômodo,
o envio de mensagens eletrônicas em massa – spam – por si só” não justifica indenização por dano moral.

➢ IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade,


saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços

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Aqui se vê uma classificação feita pela doutrina a respeito das práticas abusivas. Elas podem ser
classificadas em (I) práticas abusivas produtivas e (II) em práticas abusivas comerciais.

As práticas abusivas produtivas ocorrem, como o nome diz, na produção, quando o produto está fora
das normas expedidas pelos órgãos oficiais; por sua vez, as práticas abusivas comerciais estão em
momento posterior. Estas são as mais comuns. De toda forma, o fornecedor não pode
se valer da hipervulnerabilidade (vulnerabilidade agravada) de certos grupos de
consumidores, como no caso das crianças ou idosos. Quem nunca andou por uma
avenida principal de uma típica cidade média brasileira e encontrou funcionários de
instituição financeiras pescando idosos para fazerem empréstimos pessoais
consignados para comprar presente pro neto, ajudar a pagar a faculdade atrasada da
filha etc?

Igualmente, por esse mesmo motivo o STJ editou a Súmula 302: “É abusiva a cláusula contratual de plano
de saúde que limita no tempo a internação hospitalar do segurado”.

➢ V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva

O que é uma vantagem excessiva? O art. 51,§1º, incisos, do CDC, estabelece que se presume exagerada,
entre outros casos, a vantagem que ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que
pertence; restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo
a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; se mostra excessivamente onerosa para o consumidor,
considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias
peculiares ao caso.

Assim, não pode um contrato que preveja fidelidade dispor que o consumidor que encerrar o contrato
antes do prazo tenha de pagar o valor anual integral da fidelidade, sem estabelecer proporcionalidade.

➢ VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes

Excetuados casos extremos, o orçamento é obrigatório. Nesse sentido, o art. 40


prevê que o fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor
orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como
as datas de início e término dos serviços. Ou seja, o orçamento deve ser
detalhado, específico ao máximo, sempre.

E o valor orçado se torna o valor obrigatório da contratação? E vale por quanto tempo esse orçamento?

Primeiro, uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga as partes e somente pode ser
alterado por nova negociação. Além disso, o valor orçado tem validade de 10 dias, contado o prazo
de seu recebimento pelo consumidor, salvo estipulação em contrário.

Agora, e se houver mudança no orçamento, o consumidor responde? O consumidor não responde


por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não
previstos no orçamento prévio. Se não está previsto, não responde.

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Evidentemente que os serviços prestados podem diferir do orçamento na execução, em certas


circunstâncias, mas isso é excepcional. Igualmente, há casos em que a ausência de orçamento prévio é
um benefício ao consumidor, como se vê pela jurisprudência do STJ (REsp 1.256.703/SP):

ATENDIMENTO MÉDICO EMERGENCIAL. RELAÇÃO DE CONSUMO. NECESSIDADE DE


HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES RESGUARDANDO O EQUILÍBRIO E A BOA-FÉ. O
Código de Defesa do Consumidor contempla a reciprocidade, eqüidade e moderação,
devendo sempre ser buscada a harmonização dos interesses em conflito, mantendo a
higidez das relações de consumo. Não há dúvida de que houve a prestação de serviço
médico-hospitalar e que o caso guarda peculiaridades importantes, suficientes ao
afastamento, para o próprio interesse do consumidor, da necessidade de prévia
elaboração de instrumento contratual e apresentação de orçamento pelo fornecedor
de serviço, prevista no artigo 40 do CDC, dado ser incompatível com a situação médica
emergencial experimentada pela filha do réu. Os princípios da função social do
contrato, boa-fé objetiva, equivalência material e moderação impõem, por um lado, seja
reconhecido o direito à retribuição pecuniária pelos serviços prestados e, por outro
lado, constituem instrumentário que proporcionará ao julgador o adequado
arbitramento do valor a que faz jus o recorrente.

Devo confessar que, perigosamente, já contratei um serviço sem prévio orçamento. Levei o carro para
consertar um rasgo no banco de couro e acabei não fechando o preço. No dia seguinte fiquei pensando,
e se me cobrarem R$1mil, o que eu vou fazer? Felizmente, foi cobrado um preço justo, mas imagina só?

Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço estratosférico e impagável
existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o
consumidor, aos poucos.

O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de maneira inequívoca
que não pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não estavam
discriminados em orçamento prévio e aprovado pelo consumidor.

A própria regra excepciona a situação em que as partes já travam relações frequentes,


situação na qual elas têm um histórico de transações. Isso acontece comigo, no barbeiro e
na lavanderia de ternos, por exemplo. Normal.

➢ VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no


exercício de seus direitos

Os fornecedores não podem criar um banco de dados de consumidores reclamões, de modo a que o
consumidor seja reconhecido previamente a uma contratação. Exigir o cumprimento de um contrato ou
reclamar de um problema é exercer direitos constitucionalmente previstos e não se pode permitir
que sejam criados meios para obstar esse exercício.

Isso não se confunde com a possibilidade de criação de bancos de dados de consumidores


inadimplentes, como o SERASA. Esse tipo de banco de dados não se vincula ao exercício de direitos do
consumidor, mas sim à falta de cumprimento de suas obrigações.

➢ VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as


normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não

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existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada


pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO)

A Lei 5.966/1973 institui o Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade


Industrial – SINMETRO, que é uma das três partes que compõem a estrutura
metrológica do Brasil, junto com o CONMETRO – Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – e o INMETRO – Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia. O sistema objetiva “assegurar confiança, precisão
e qualidade em toda a cadeia produtiva nacional, além de trazer mais qualidade e
segurança para o consumidor e alavancar a competitividade das empresas nacionais”.

Tradicionalmente conhecemos o INMETRO pelo selo que é aposto nos produtos, demonstrando que ele
foi aprovado pelas normas técnicas. Muita gente chia, mas essas normas são importantíssimas para que
produtos cheguem ao mercado de maneira segura ao consumidor.

➢ IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha


a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais

O fornecedor não pode recusar vender ao consumidor um produto se ele se dispõe a pagar de pronto.
Ele, evidentemente, não é obrigado a aceitar qualquer forma de pagamento, mas deve deixar ostensivo
o tipo de pagamento aceito.

Uma vez aceito o pagamento, o fornecedor deve honrar sua aceitação, seja ela qual for. O STJ
(REsp 981.583) já decidiu o tema a respeito do cheque, de modo que a falsa alegação de
falta de fundos não é aceita como justificativa para recusar recebimento.

A exceção prevista é a exigência legal de intermediação. Sim, existem normas que


impedem aquisição direta do consumidor de certos produtos e serviços. Isso ocorre, por
exemplo, no mercado de ações, exigindo-se, pela Lei 6.385/1976 a intermediação de
corretora para certos negócios no mercado de valores mobiliários (bolsa).

Vale lembrar, inclusive, que, segundo o STJ, deve ser reconhecida a relação de consumo existente entre
a pessoa natural, que visa a atender necessidades próprias, e as sociedades que prestam, de forma
habitual e profissional, o serviço de corretagem de valores e títulos mobiliários (REsp 1.599.535/RS).

➢ X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços

O preço de produtos e serviços é regulado pela Lei 10.962/2004. A lei admite que a afixação de preços
em vendas a varejo para o consumidor seja feita, no comércio em geral, por meio de etiquetas ou
similares afixados diretamente nos bens expostos à venda, e em vitrines, mediante divulgação do preço
à vista em caracteres legíveis. O art. 2º, inc. I, é que determina a exigência de preços em vitrines,
portanto.

Em autosserviços, supermercados, hipermercados, mercearias ou estabelecimentos comerciais onde o


consumidor tenha acesso direto ao produto, o preço deve ser visualizável sem intervenção do
comerciante, mediante a impressão ou afixação do preço do produto na embalagem. Pode ainda ser
afixado ele de código referencial, ou ainda, código de barras.

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Nestes dois casos, o comerciante deve expor, de forma clara e legível, junto aos itens expostos,
informação relativa ao preço à vista do produto, suas características e código. No caso de código de
barras, devem ser oferecidos equipamentos de leitura ótica para consulta de preço pelo consumidor,
localizados na área de vendas e em outras de fácil acesso.

No comércio eletrônico, deve haver divulgação ostensiva do preço à vista, junto à


imagem do produto ou descrição do serviço, em caracteres facilmente legíveis com
tamanho de fonte não inferior a doze. Objetiva-se deixar o preço em destaque, para evitar
constrangimentos ou erros do consumidor.

Se o produto for fracionado em pequenas quantidades, o comerciante deve informar, além do preço do
produto à vista, o preço correspondente a uma das seguintes unidades fundamentais de medida:
capacidade, massa, volume, comprimento ou área, de acordo com a forma habitual de comercialização
de cada tipo de produto. A regra não se aplica à comercialização de medicamentos.

E se, como ocorre muito em supermercado, o preço da gôndola e do caixa for diferente?
Se houver diferença de preço para o mesmo produto entre os sistemas de informação
de preços utilizados pelo estabelecimento? De acordo com o art. 5º da Lei 10.962/2004,
no caso de divergência de preços, o consumidor vai pagar o menor dentre eles.

E pode o fornecedor cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de pagamento?
Até 2017 era justamente o art. 39, inc. X, do CDC usado como fundamento para a proibição.

Porém, o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços


oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode
o fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com
pagamento à vista, em dinheiro.

A prática era já usada por muitos fornecedores, maquiadas de desconto. Alguns produtos
tabelados impediam a prática, no entanto, como no caso de supermercados (que quase não a
usam ainda) ou postos de gasolina (que frequentemente o fazem).

Para que se possa fazer essa diferenciação, o art. 5º-A da Lei 10.962/2004 exige que o fornecedor
informe, em local e formato visíveis ao consumidor, eventuais descontos oferecidos em função do prazo
ou do instrumento de pagamento utilizado.

Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem
uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit)
triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo
coronavírus pelo governo.

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Não há razão para os aumentos que não mera maximização desenfreada de lucros, em detrimento dos
interesses do consumidor. Essa regra, em alguma medida, mitiga a lei de mercado, que, se levada às
últimas consequências, gera desastres inomináveis. 6

➢ XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação
de seu termo inicial a seu exclusivo critério

Fornecedores têm o péssimo hábito de exigirem o cumprimento das obrigações do consumidor em


prazos bastante rígidos, mas deixar o cumprimento de suas próprias obrigações a seu exclusivo arbítrio.
Essa é uma prática proibida.

Infelizmente, há uma exceção prevista no art. 43-A da Lei 4.591/1964. Segundo a norma, a entrega do
imóvel em até 180 dias corridos da data estipulada contratualmente como data prevista para conclusão
do empreendimento, desde que expressamente pactuado, de forma clara e destacada, não viola os
direitos do consumidor. Além disso, o atraso não dá causa à resolução do contrato por parte do
adquirente nem enseja o pagamento de qualquer penalidade pelo incorporador.

O STJ (REsp 1.582.318/RJ), inclusive, já analisou essa estipulação e decidiu que não
é abusiva a cláusula de tolerância nos contratos de promessa de compra e venda de
imóvel em construção, desde que o prazo máximo de prorrogação seja de até 180
dias.

Pois é. Você tem de pagar o imóvel religiosamente em dia, mas o incorporador pode
atrasar a entrega do imóvel por até seis longos meses, sem problemas.

➢ XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente


estabelecido

Reajuste de preços é um tema sensível no Brasil. Até meados da década de 1990, o país vivia mergulhado
na hiperinflação, fruto do descontrole orçamentário e virtual impressão de dinheiro durante muitos anos
no fim do ditatorial Regime Militar. As obras faraônicas dos anos 1970 e 1980 foram pagas com dinheiro
que não existia e a conta chegou na forma de inflação galopante e estagnação econômica.

6Talvez o mais trágico exemplo é An Gorta Mór, a Grande Fome de 1845-1849 ocorrida na Irlanda, que matou de fome e
doenças um estimado de 25% da população do país, após uma doença que dizimou as plantações de batatas da pauperizada
população irlandesa. Apesar do fator natural, pesou a adoção, pelo governo central inglês, capitaneado Lord John Russell, de
um laissez-faire extremado. Havia a crença de que o próprio mercado se autorregularia e faria a produção de alimentos voltar
aos níveis necessários. Ocorre, porém, que a crise não era precisamente de falta de alimentos, mas sim de preços, no fundo.
Havia alimentos – e as exportações de alimentos da Irlanda para a Inglaterra cresceram durante o período da fome –, mas os
camponeses simplesmente não tinham dinheiro suficiente para os comprar, e morreram aos borbotões. Leis agrárias
bizarras do período contribuíram para que a crise se aprofundasse ainda mais.
Tenho um exemplo pessoal, felizmente bem menos trágico. Quando pequeno, uma chuva de granizo muito forte assolou
minha cidade. Minha casa foi completamente destelhada e nós ficamos vários dias sem cobertura, porque no dia seguinte à
tempestade o preço das telhas havia subido vertiginosamente. Minha família simplesmente não tinha dinheiro para
reconstruir o teto, pelo que ficamos vários dias praticamente a céu aberto; cada chuva que vinha alagava e destruía um pouco
mais a casa. A nossa situação somente se resolveu porque meu pai buscou em outra cidade telhas, em preço mais baixo; a
situação das demais pessoas só se resolveu quando populares começaram a fazer quebra-quebras em lojas de materiais de
construção e a polícia começou a prender os empresários.

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Some-se a isso a abertura econômica amadora levada a cabo no início da redemocratização e o controle
de preços se tornou um desafio no país, que só conseguiu arranjar as contas a partir de 1994, ainda que
com muitos sobressaltos até os anos 2000.

Não à toa, o país tentou, sem muito sucesso, tabelar preços na esperança de evitar mais e mais inflação.
O art. 41 do CDC, ainda com uma imagem muito viva disso (lembre-se que a discussão sobre ele ocorria
em 1989, justamente num dos piores períodos inflacionários), trata do tema.

Prevê a norma que no caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao


regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores devem respeitar
os limites oficiais. Se não respeitarem, respondem pela restituição da quantia recebida em
excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o
desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

Atualmente, o governo não tabela os preços no mercado. 7

➢ XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número


maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo

Esse dispositivo pretende evitar a aglomeração perigosa de pessoas, com riscos graves à segurança dos
consumidores, especialmente em locais como baladas, 8 notoriamente conhecidas pelo excesso de
pessoas confinadas em espaços diminutos.

Além de prática abusiva, essa conduta também tipifica o crime previsto no art. 65 do CDC, de executar
serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente.

Por fim, pra arrematar, é possível extrair dessas regras um grupo de princípios a respeito da
publicidade:

7 No entanto, o art. 5º, §4º, da Lei 13.703/2018 traz norma de tabelamento: “Os pisos mínimos definidos na norma a que se
refere o caput deste artigo têm natureza vinculativa”. Ela é reputada por muitos como inconstitucional e veio na esteira dos
protestos dos caminhoneiros, ocorrida no final do mandado do Presidente Michel Temer. Após forte pressão, inclusive com
indícios muito claros de locaute (prática na qual o empregador apoia a greve do empregado para obter benefícios para si, no
caso, o aumento do preço dos fretes), a lei foi sancionada com tabelamento de preços não visto desde 1987, no governo do
Presidente José Sarney.
8A norma foi incluída pela Lei 13.425/2017, após o desastre da Boate Kiss, que matou 242 pessoas em Santa Maria/RS, em
2013. Infelizmente, agentes públicos, civis e militares, e privados responsáveis pelo desastre sofreram pouca ou nenhuma
punição, mas, ao menos, o caso gerou repercussão legislativa para prevenir futuras ocorrências.

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Princípio da identificação
• O consumidoe deve, de maneira fácil e imediata identificar a publicidade, como
determina o art. 36: "A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor,
fácil e imediatamente, a identifique como tal".

Princípio da vinculação
• A oferta obriga o fornecedor a cumpri-la, segundo o art. 30: "Toda informação ou
publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser
celebrado".

Princípio da proibição da publicidade ilícita


• Esse princípio abrange os deveres de veracidade e de não abusividade, como se extrai do
art. 37: "É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva".

Princípio da inversão do ônus da prova


• Não é o consumidor quem tem de provar que a publicidade é imprópria, a teor do art.
38: "O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem as patrocina".

Princípio da transparência
• Novamente, é obrigação de quem veicula a publicidade ter as informações a respeito
dela, como prevê o art. 36, parágrafo único: "O fornecedor, na publicidade de seus
produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos
interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem".

Princípio da contrapropaganda
• O infrator tem o dever de veicular contrapropaganda, segundo o art. 60: "A imposição de
contrapropaganda será cominada quando o fornecedor incorrer na prática de
publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus parágrafos, sempre às
expensas do infrator".

Seção V – Cobrança de dívidas

O consumidor não tem apenas direitos, mas também deveres. O principal deles,
certamente, é o de pagamento. Por isso, legítimo que o credor cobre valores não
pagos. Porém, há limites.

Prevê o art. 42 que na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não


será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de
constrangimento ou ameaça. Por isso, proibida qualquer prática abusiva ou que
gere vergonha ou desprezo.

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Isso não inclui, por exemplo, a inscrição do devedor em instituições de proteção ao crédito.
Evidentemente há, aqui, exposição vergonhosa, mas dentro dos limites permitidos. Não se permite, ao
contrário, enviar um carro de som ao local de trabalho do devedor, para constrange-lo a pagar.

Constitui crime contra as relações de consumo, segundo o art. 71 do CDC, a utilização


na cobrança de dívidas de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira em seu trabalho, descanso ou
lazer, sob pena de detenção de três meses a um ano e multa.

Por outro lado, o parágrafo único estabelece que o consumidor cobrado em quantia indevida tem
direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Cuidado, porque a
aplicação da norma não é tão direta.

Isso porque a repetição em dobro de valores indevidamente cobrados e/ou


descontados exige a demonstração da má-fé do credor, segundo o
entendimento consolidado do STJ (AgRg no AREsp 167.156/RJ). Se não houver
demonstração de má-fé, a devolução é simples (apenas o valor cobrado). A
Corte, apesar das críticas, mantém esse entendimento.

Há, assim, a necessidade de se comprovar a ocorrência de três elementos objetivos (i. a cobrança
de dívida; ii. a cobrança extrajudicial da dívida; iii. a dívida é de consumo) e um elemento subjetivo
(má-fé do fornecedor).

E qual é o prazo para requerer a devolução? Conforme a Súmula 412 do STJ, “a ação de repetição de
indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”, em
seu art. 205, de 10 anos. A mesma regra vale para os serviços de telefonia (EREsp 1.523.744).

Para os demais casos, vale a regra do art. 206, §3º, inc. IV, do Código Civil, havendo prescrição da
pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa no prazo de 3 anos.

Além disso, atente para diferenças entre o art. 42, parágrafo único, do CDC e o art. 940 do Código Civil
(“Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou
pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que
houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”).

O STJ (REsp 1.645.589/MS) entende que a aplicação da pena prevista no parágrafo único do art. 42 do
CDC apenas é possível diante da presença de engano justificável do credor em proceder com a cobrança,
da cobrança extrajudicial de dívida de consumo e de pagamento de quantia indevida pelo consumidor.
Já o art. 940 do Código Civil somente pode ser aplicado quando a cobrança se dá por meio judicial e fica
comprovada a má-fé do demandante, independentemente de prova do prejuízo.

Ademais, segundo o Tribunal Superior, mesmo diante de uma relação de consumo, se inexistentes
os pressupostos de aplicação do art. 42, parágrafo único, do CDC, deve ser aplicado o sistema
geral do Código Civil, no que couber. O art. 940 do Código Civil é norma complementar ao art. 42,
parágrafo único, do CDC e, no caso, sua aplicação está alinhada ao cumprimento do mandamento
constitucional de proteção do consumidor).

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Por fim, determina o art. 42-A que em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao
consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição do CPF ou CNPJ do
fornecedor do produto ou serviço correspondente.

Seção VI – Bancos de dados e cadastros de consumidores

1 – Noções gerais e bancos de dados negativos de consumidores

O art. 43 prevê que o consumidor pode ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas
fontes. 9

Esse acesso deve ser gratuito, sendo proibidas quaisquer cobranças para consulta, bem como deve ser
permanentemente atualizado. Se o fornecedor deixar de corrigir imediatamente informação sobre
consumidor constante de cadastro, banco de dados, fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser
inexata pode sofrer pena de detenção de um a seis meses ou multa (art. 73 do CDC).

Esse cadastro e os dados nele contidos devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em
linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a cinco anos. Do §1º do art. 43 do CDC, em conjunto
com o art. 205, §5º, inc. I, do Código Civil, é que se retira o popular dívida caduca em
cinco anos.

Assim, uma vez incluído no SERASA, meu nome só pode ficar sujo por no máximo
cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao do vencimento da dívida (e não da inscrição em
si). Superado o prazo, meu nome não pode mais constar do cadastro (§5º do art. 43). 10

E se o controlador do banco de dados não retirar o nome do consumidor após o prazo ou, efetivado
pagamento, demora demasiadamente para fazê-lo? Cabe indenização por dano moral, entende o STJ
(REsp 480.622/RJ).

A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deve ser comunicada por escrito
ao consumidor, quando não solicitada por ele. O STJ (AgRg no REsp 1.182.290/RS) entende que a regra
do §2º do art. 43 é de seguimento obrigatório.

9
A norma faz menção ao art. 86, mas ele foi vetado.
10Aqui, um detalhe. O prazo é máximo de 5 anos. Máximo. Assim, se o prazo para a cobrança de uma determinada dívida é
de três anos, meu nome pode ficar sujo por até três anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. Se a
dívida prescreve em cinco anos, meu nome pode ficar sujo por até cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento
da dívida. Agora, se a dívida prescreve em dez anos, meu nome poderia ficar sujo por até dez anos, contado o prazo do dia
seguinte ao vencimento da dívida. Como, porém, §1º do art. 43 limita a inscrição a cinco anos, meu nome pode ficar sujo por
até cinco anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida.
É o que prevê, de maneira sucinta, a Súmula 323 do STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de
proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da prescrição da execução”. A Súmula, contudo,
não fixa o início do prazo, se da inscrição ou da dívida. O entendimento do STJ (REsp 1.630.659/DF) é de que “em razão do
respeito à exigibilidade do crédito e ao princípio da veracidade da informação, o termo inicial do limite temporal de cinco
anos em que a dívida pode ser inscrita no banco de dados de inadimplência é contado do primeiro dia seguinte à data de
vencimento da dívida”.

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O órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito deve notificar o devedor antes


de proceder à inscrição, determina a Súmula 359 do STJ. Mas, de toda forma, é
dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor
sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros (Súmula 404 do STJ).

A doutrina entende que a comunicação pode ser feita por qualquer pessoa, incluindo
o próprio credor. Porém, para o STJ, a notificação tem de ser feita pelo mantenedor
do cadastro (SPC, SERASA etc.).

Por sua vez, incumbe ao credor a exclusão do registro da dívida em nome do devedor no cadastro
de inadimplentes no prazo de cinco dias úteis, a partir do integral e efetivo pagamento do débito
(Súmula 548 do STJ).

E se o consumidor encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros? Ele pode exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas. Cabível, aqui, inclusive, o Habeas Data, medida constitucional
==336848==

extrema, se necessário.

Tais bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao


crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. Além disso,
essas informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a
pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor, como exige a Lei
13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

Por fim, vale lembrar da Súmula 550 do STJ, que dispõe que "a utilização de escore de crédito, método
estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do
consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e
as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo."

2 – Bancos de dados positivos de consumidores

Além dos cadastros negativos, há também cadastros positivos, como aquele previsto na
Lei 12.414/2011 que disciplina a formação e consulta a bancos de dados com
informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para
formação de histórico de crédito.

A lei disciplina a formação e consulta a bancos de dados com informações de


adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de crédito, prevê
o art. 1º. Para tanto, a lei estabelece uma série de conceitos, 11 para prever que os bancos de dados
podem conter informações de adimplemento do cadastrado, para a formação do histórico de crédito.

11 Art. 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se:


I - banco de dados: conjunto de dados relativo a pessoa natural ou jurídica armazenados com a finalidade de subsidiar a
concessão de crédito, a realização de venda a prazo ou de outras transações comerciais e empresariais que impliquem risco
financeiro;

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O art. 3º, §1º, prevê que para a formação do banco de dados, somente poderão ser
armazenadas informações objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão,
12 que sejam necessárias para avaliar a situação econômica do cadastrado.

Por sua vez, proíbem-se anotações de informações excessivas – aquelas que não
estiverem vinculadas à análise de risco de crédito ao consumidor – ou sensíveis –
aquelas pertinentes à origem social e étnica, à saúde, à informação genética, à
orientação sexual e às convicções políticas, religiosas e filosóficas, determina o art.
3º.

Segundo o art. 4º, o gestor está autorizado a abrir cadastro em banco de dados com
informações de adimplemento de pessoas naturais e jurídicas; fazer anotações no referido cadastro;
compartilhar as informações cadastrais e de adimplemento armazenadas com outros bancos de dados;
e disponibilizar a consulentes a nota ou pontuação de crédito elaborada com base nas informações de
adimplemento armazenadas e o histórico de crédito, mediante prévia autorização específica do
cadastrado.

E como se fará a comunicação ao cadastrado? Determina o §4º do art. 4º que ela deve ocorrer, salvo se
o cadastrado já tenha cadastro aberto em outro banco de dados, em até 30 dias após a abertura do
cadastro no banco de dados, sem custo para o cadastrado. Ela deve ser realizada pelo gestor,
diretamente ou por intermédio de fontes e também informar de maneira clara e objetiva os canais
disponíveis para o cancelamento do cadastro no banco de dados.

II - gestor: pessoa jurídica que atenda aos requisitos mínimos de funcionamento previstos nesta Lei e em regulamentação
complementar, responsável pela administração de banco de dados, bem como pela coleta, pelo armazenamento, pela análise
e pelo acesso de terceiros aos dados armazenados;
III - cadastrado: pessoa natural ou jurídica cujas informações tenham sido incluídas em banco de dados;
IV - fonte: pessoa natural ou jurídica que conceda crédito, administre operações de autofinanciamento ou realize venda a
prazo ou outras transações comerciais e empresariais que lhe impliquem risco financeiro, inclusive as instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e os prestadores de serviços continuados de água, esgoto, eletricidade,
gás, telecomunicações e assemelhados;
V - consulente: pessoa natural ou jurídica que acesse informações em bancos de dados para qualquer finalidade permitida
por esta Lei;
VI - anotação: ação ou efeito de anotar, assinalar, averbar, incluir, inscrever ou registrar informação relativa ao histórico de
crédito em banco de dados; e
VII - histórico de crédito: conjunto de dados financeiros e de pagamentos, relativos às operações de crédito e obrigações de
pagamento adimplidas ou em andamento por pessoa natural ou jurídica.
12 § 2º Para os fins do disposto no § 1º , consideram-se informações:
I - objetivas: aquelas descritivas dos fatos e que não envolvam juízo de valor;
II - claras: aquelas que possibilitem o imediato entendimento do cadastrado independentemente de remissão a anexos,
fórmulas, siglas, símbolos, termos técnicos ou nomenclatura específica;
III - verdadeiras: aquelas exatas, completas e sujeitas à comprovação nos termos desta Lei; e
IV - de fácil compreensão: aquelas em sentido comum que assegurem ao cadastrado o pleno conhecimento do conteúdo, do
sentido e do alcance dos dados sobre ele anotados.

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As informações do cadastrado somente podem ser disponibilizadas a consulentes 60 dias


após a abertura do cadastro. O gestor é obrigado a manter procedimentos adequados para
comprovar a autenticidade e a validade da autorização mencionada acima.

E quais são os direitos do cadastrado? O art. 5º assim os fixa:

➢ Obter o cancelamento ou a reabertura do cadastro, quando solicitado;


➢ Acessar gratuitamente, independentemente de justificativa, as informações sobre ele existentes
no banco de dados, inclusive seu histórico e sua nota ou pontuação de crédito, cabendo ao gestor
manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta às informações pelo
cadastrado (no prazo de 10 dias)
➢ Solicitar a impugnação de qualquer informação sobre ele erroneamente anotada em banco de
dados e ter, em até 10 dias, sua correção ou seu cancelamento em todos os bancos de dados que
compartilharam a informação
➢ Conhecer os principais elementos e critérios considerados para a análise de risco, resguardado
o segredo empresarial (no prazo de 10 dias)
➢ Ser informado previamente sobre a identidade do gestor e sobre o armazenamento e o objetivo
do tratamento dos dados pessoais
➢ Solicitar ao consulente a revisão de decisão realizada exclusivamente por meios automatizados
➢ Ter os seus dados pessoais utilizados somente de acordo com a finalidade para a qual eles foram
coletados

O cancelamento e a reabertura de cadastro somente serão processados mediante


solicitação gratuita do cadastrado ao gestor (§4º). O cadastrado poderá realizar essa
solicitação a qualquer gestor de banco de dados, por meio telefônico, físico e eletrônico.

O gestor, então, é obrigado a, no prazo de até 2 dias úteis, encerrar ou reabrir o


cadastro, conforme solicitado e transmitir a solicitação aos demais gestores, que devem
também atender, no mesmo prazo, à solicitação do cadastrado.

O gestor deve proceder automaticamente ao cancelamento de pessoa natural ou jurídica que tenha
manifestado previamente, por meio telefônico, físico ou eletrônico, a vontade de não ter aberto seu
cadastro (§7º). Esse cancelamento implica a impossibilidade de uso das informações do histórico de
crédito pelos gestores, , inclusive para a composição de nota ou pontuação de crédito de terceiros
cadastrados.

Por sua vez, quais são as obrigações dos gestores de bancos de dados? O art. 6º determina que ele
estão obrigados, quando solicitados, a fornecer ao cadastrado:

➢ Todas as informações sobre ele constantes de seus arquivos, no momento da solicitação


➢ Indicação das fontes relativas às informações, incluindo endereço e telefone para contato (prazo
de 10 dias)
➢ Indicação dos gestores de bancos de dados com os quais as informações foram compartilhadas
(prazo de 10 dias)
➢ Indicação de todos os consulentes que tiveram acesso a qualquer informação sobre ele nos 6
meses anteriores à solicitação (prazo de 10 dias)
➢ Cópia de texto com o sumário dos seus direitos, definidos em lei ou em normas infralegais
pertinentes à sua relação com gestores, bem como a lista dos órgãos governamentais aos quais
poderá ele recorrer, caso considere que esses direitos foram infringidos (prazo de 10 dias)

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➢ Confirmação de cancelamento do cadastro

A Lei 12.414/2011 ainda limita a utilização das informações dos bancos de dados
nos arts. 7º 13 e 7º-A, 14 e traz uma série de obrigações das fontes. 15

Tradicionalmente, se pensa nos bancos de dados negativos dos consumidores, mas


sabia que o CDC trata também dos bancos de dados negativos dos fornecedores?
Estabelece o art. 44 que os órgãos públicos de defesa do consumidor devem
manter cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores
de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. Essa divulgação deve indicar se a
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer interessado,
aplicando-se, no que couber, as mesmas regras enunciadas no dispositivo que trata dos bancos de dados
dos consumidores.

Alguns PROCONs estaduais já têm esse cadastro, mas o CNRF – Cadastro Nacional de Reclamações
Fundamentadas, previsto para operar em 2011, ainda não foi finalizado. Ou seja, o SERASA dos
fornecedores, passados mais de 30 anos do CDC, sequer existe.

13 I - realização de análise de risco de crédito do cadastrado; ou


II - subsidiar a concessão ou extensão de crédito e a realização de venda a prazo ou outras transações comerciais e
empresariais que impliquem risco financeiro ao consulente.
Parágrafo único. Cabe ao gestor manter sistemas seguros, por telefone ou por meio eletrônico, de consulta para informar aos
consulentes as informações de adimplemento do cadastrado.
14 Art. 7º-A Não podem ser utilizadas informações:
I - que não estiverem vinculadas à análise de risco de crédito e aquelas relacionadas à origem social e étnica, à saúde, à
informação genética, ao sexo e às convicções políticas, religiosas e filosóficas;
II - de pessoas que não tenham com o cadastrado relação de parentesco de primeiro grau ou de dependência econômica; e
III - relacionadas ao exercício regular de direito pelo cadastrado, previsto no inciso II do caput do art. 5º desta Lei.
§ 1º O gestor de banco de dados deve disponibilizar em seu sítio eletrônico, de forma clara, acessível e de fácil compreensão,
a sua política de coleta e utilização de dados pessoais para fins de elaboração de análise de risco de crédito.
§ 2º A transparência da política de coleta e utilização de dados pessoais de que trata o § 1º deste artigo deve ser objeto de
verificação, na forma de regulamentação a ser expedida pelo Poder Executivo.
15III - verificar e confirmar, ou corrigir, em prazo não superior a 2 (dois) dias úteis, informação impugnada, sempre que
solicitado por gestor de banco de dados ou diretamente pelo cadastrado;
IV - atualizar e corrigir informações enviadas aos gestores, em prazo não superior a 10 (dez) dias;
V - manter os registros adequados para verificar informações enviadas aos gestores de bancos de dados; e
VI - fornecer informações sobre o cadastrado, em bases não discriminatórias, a todos os gestores de bancos de dados que as
solicitarem, no mesmo formato e contendo as mesmas informações fornecidas a outros bancos de dados.
Parágrafo único. É vedado às fontes estabelecer políticas ou realizar operações que impeçam, limitem ou dificultem a
transmissão a banco de dados de informações de cadastrados.

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A letra da Lei

Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não
trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é
tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são
importantes à prova.

Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar
os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto
legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos
principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos.

Vamos lá!

CAPÍTULO V
DAS PRÁTICAS COMERCIAIS

SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.

SEÇÃO II
DA OFERTA

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou
meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas,
claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como
sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao
consumidor, serão gravadas de forma indelével.

Súmula 595 do STJ: "As instituições de ensino superior respondem


objetivamente pelos danos suportados pelo aluno/consumidor pela realização de
curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe tenha sido
dada prévia e adequada informação".

Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de


reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.

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Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por período
razoável de tempo, na forma da lei.

Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial.

Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada for
onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008).

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou


publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade;

II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;

III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,


monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

SEÇÃO III
DA PUBLICIDADE

Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.

Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder,
para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação
à mensagem.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira


ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro
o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à


violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar
sobre dado essencial do produto ou serviço.

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária


cabe a quem as patrocina.

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SEÇÃO IV
DAS PRÁTICAS ABUSIVAS

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou


serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas


disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer
qualquer serviço;

IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,


conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;

VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do


consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;

VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de
seus direitos;

VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-


los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis
especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)

X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.

XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu
termo inicial a seu exclusivo critério.

XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.

XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior


de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo.

Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na


hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de
pagamento.

Súmulas do STJ

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473: "O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro
habitacional obrigatório com a instituição financeira mutuante ou com a seguradora
por ela indicada".

356: "É legítima a cobrança da tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa".

352: "Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia
e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e
sujeito à aplicação de multa administrativa".

302: "É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo a
internação hospitalar do segurado".

Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio
discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as
condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado
de seu recebimento pelo consumidor.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser
alterado mediante livre negociação das partes.

§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de


serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.

Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de


tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo,
responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o
consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.

SEÇÃO V
DA COBRANÇA DE DÍVIDAS

Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.

Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito,
por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais,
salvo hipótese de engano justificável.

Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão


constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente.

Súmula 412 do STJ: " A ação de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto
sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil”.

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SEÇÃO VI
DOS BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes
em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como
sobre as suas respectivas fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em


linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período
superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada
por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.

§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir
sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração
aos eventuais destinatários das informações incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito


e congêneres são considerados entidades de caráter público.

§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.

§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do
consumidor.

Súmulas do STJ

359:" Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação


do devedor antes de proceder à inscrição”.

404: “É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao


consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros”.

550: "A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que
não constitui banco de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o
direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais valoradas e as fontes
dos dados considerados no respectivo cálculo”.

Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de


reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo
pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer


interessado.

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§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do
parágrafo único do art. 22 deste código.

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TÍTULO I – DIREITOS DO CONSUMIDOR

Capítulo VI – Proteção contratual

Dois são os núcleos das relações de consumo, tradicionalmente: os contratos e a responsabilidade


civil. Basicamente, a relação consumidor-fornecedor se dá por contato ou por contrato.

A responsabilidade por contato se dá, em geral, quando o consumidor, apesar de não


contratar, participa das relações consumeristas de outras formas. O CDC traz proteção ao
consumidor por contato quando, por exemplo, protege o bystander (consumidor
equiparado porque vítima de acidente de consumo) ou protege o consumidor quanto a
práticas de publicidade.

A responsabilidade por contrato, por sua vez, se vincula à perspectiva mais tradicional das
relações consumeristas. Aqui, o consumidor compra um produto ou serviço e participa de uma relação
jurídica mais próxima daquela existente na teoria contratual clássica. O CDC, para isso, revisa a teoria
clássica, de modo a trazer previsões mais protetivas, que partem, claro, da vulnerabilidade intrínseca
do consumidor.

Seção I – Disposições gerais

1 – Obrigatoriedade contratual

Um dos pilares da teoria contratual é o princípio do pacta sunt servanda. Os contratos têm força
obrigatória, ou seja, uma vez pactuado, o contratante é obrigado a cumprir o pacto. Classicamente,
inclusive, esse princípio tinha força ainda maior, já que, exceto em casos muito específicos, o contrato
deveria ser cumprido à risca, mesmo que significasse a ruína do contratante.

Por conta da vulnerabilidade do consumidor, o instrumento contratual não pode ser escrito
de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. O próprio contrato não
obrigará o consumidor se não for dada a ele a oportunidade de tomar conhecimento
prévio de seu conteúdo, prefixa o art. 46. 1

1 Não confunda contrato com instrumento contratual. Aqui que se chama de contrato, habitualmente, é, em verdade, apenas
o instrumento contratual. Talvez uma analogia religiosa facilite a percepção. Muitas pessoas falam Senhor, que eu seja o
instrumento da sua vontade. Veja, quando um fiel diz isso, ele não está se transformando na entidade divina em si, mas, sim,
sendo um canal dessa entidade. O mesmo ocorre com o contrato (e a analogia é proposital, porque o elemento espiritual,
metafísico, em verdade, sempre foi central na teoria contratual). O contrato em si é algo exterior às partes, é algo metafísico;
já o pedaço de papel é mero instrumento da vontade dos contratantes. O contrato, portanto, pode existir sem instrumento,
como no caso dos contratos verbais. Você me empresta uma caneta para que eu assine um documento; eis aí um contrato
verbal de comodato. Sem formalidade, sem papel. A esmagadora maioria dos contratos, inclusive, é feita assim, de maneira
simples e praticamente imperceptível (contrato de depósito quando você estaciona o carro no shopping, contrato de
transporte quando você passa a catraca do ônibus, contrato de doação quando você dá um biscoito para um colega, contrato
de mútuo quando você empresta R$10 para um amigo etc.). Em resumo podemos ter contrato (=negócio jurídico em si) sem
instrumento (=papel que materializa o negócio), mas não o inverso, um instrumento sem contrato.

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Imagine que o contrato tenha sido celebrado sem que um instrumento tenha sido impresso (contrato
sem papel). Como você o provaria? Os meios de prova estão descritos nos arts. 212 e ss. do Código Civil.

As cinco formas tradicionais de prova são a confissão, o documento, a testemunha, a presunção e a


perícia. Daí vem o tradicional pedido dos advogados, no final das petições iniciais,
de produção de provas documental, testemunhal e pericial. O CDC vai além.

O art. 48 prescreve que as declarações de vontade constantes de escritos


particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos
do art. 84 e parágrafos. 2 O que isso significa?

Tradicionalmente, todos esses elementos constituem parte da fase pré-contratual, ou


seja, aqueles elementos que não constituem ainda um contrato. Se não constituem
contrato, não vinculam. A teoria contratual tradicional afasta qualquer valor nas
chamadas tratativas preliminares.

Apenas mais recentemente passa a haver o reconhecimento de maior vinculatividade também na fase
pré-contratual, quando do desenvolvimento mais intenso do princípio da boa-fé objetiva 3 nas
relações interprivadas. A quebra da confiança e a justa criação de expectativas é a base dessa mudança.

2 Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica
da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa.

§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se
for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.

§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas
necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade
nociva, além de requisição de força policial.

3 O princípio da boa-fé objetiva é, certamente, o mais importante da teoria contratual contemporânea. Ele foi sendo
desenvolvido lentamente desde os anos 1970, mas a doutrina o desenvolveria de maneira mais profundada nos anos 1980,
no Brasil. Seu impacto jurisprudencial se inicia no STJ já no início dos anos 1990, especialmente por obra do Min. Ruy Rosado
de Aguiar Jr, um ferrenho defensor do princípio. Muitas decisões relevantes do STJ na primeira metade dos anos 1990 foram
tomadas com base no princípio da boa-fé objetiva. Pauta-se ela pela lealdade, probidade e honestidade nas relações
interprivadas, de modo que as partes tenham comportamento conforme certos padrões (standards) de conduta. Esse é o
grande trunfo do princípio da boa-fé objetiva, moldar o comportamento dos contratantes de modo que eles ajam de acordo
com standards comportamentais considerados adequados no tráfego jurídico, sendo irrelevantes suas intenções. Os
elementos subjetivos, psicológicos, anímicos (=intenção) do contratantes cedem em face dos elementos objetivos,
comportamentais, standards (=ação). Em bom português, para a boa-fé objetiva o que importa são as ações, não as intenções.

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E foi justamente no Direito do Consumidor que o princípio da boa-fé objetiva floresceu rapidamente já
no início da década de 1990. Apesar de não ter havido contrato, houve contato entre as partes, de modo
que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o fornecedor –; confia que aquilo
que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será cumprido.

Se tradicionalmente a execução específica das obrigações só era permitida durante a fase contratual, o
CDC passa a permitir a execução específica das justas expectativas criadas durante a fase pré-contratual.
Assim, protege-se o consumidor antes, durante e depois do contrato (fases pré-contratual, contratual e
pós-contratual).

2 – Interpretação contratual

O mesmo princípio da boa-fé objetiva também ilumina outra importante mudança trazida pelo CDC
relativamente à interpretação contratual. Talvez um dos maiores tormentos dos contratualistas seja
precisamente determinar o alcance das cláusulas de um contrato.

Uma das partes defende que pretendia dizer X e a outra parte, Y. Por exemplo, uma cláusula contratual
que não tenha uma previsão muito clara a respeito de quando se começa a contar o prazo de garantia
de uma máquina de embalagens. O fabricante diz que é da entrega da máquina ao empresário, ao passo
que o empresário diz que é do início da produção de embalagens. A diferença é importante, porque da
entrega para o início da produção se passaram alguns meses (pense naquelas máquinas industriais
gigantescas). Quem tem a razão?

A teoria contratual estabelece variadas formas de interpretação para um contrato. Pode a


interpretação ser gramatical (entender na literalidade linguística), sistemática (entender aquela
cláusula em conjunto com outra daquele mesmo contrato), restritiva (limitar o alcance daquela
cláusula) etc. O objetivo é o mesmo: tentar fixar os significados do contrato.

O art. 423 do Código Civil prevê que quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, deve-se adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Há, aqui, uma tentativa de
facilitar o trabalho do intérprete; se a cláusula for ambígua, o que é melhor ao aderente? Essa será a
interpretação correta.

O art. 47 do CDC vai ainda mais longe. Segundo a norma, as cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Ou seja, não
importa a cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão;
se houver uma cláusula contratual, ela deve sempre ser interpretada mais
favoravelmente ao consumidor!

O alcance da regra é bem mais amplo. O Código Civil restringe a interpretação mais
favorável aos contratos de adesão (se o contrato não for de adesão, não vale a regra) e, nestes, aos casos
de ambiguidade ou contraditoriedade (se não for ambíguo ou contraditório, não vale a regra). Já o CDC
traz, como regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor.

Isso, em termos práticos, é realmente impactante. Pegue o mesmo exemplo que eu dei acima,
adaptando-o a uma relação de consumo. Uma das partes defende que pretendia dizer X e a outra parte,
Y.

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Por exemplo, uma cláusula contratual que não tenha uma previsão muito clara a respeito de quando se
começa a contar o prazo de garantia de uma máquina doméstica de embalagens. O fabricante diz que é
da entrega da máquina ao consumidor, ao passo que o consumidor diz que é do início da produção de
embalagens. A diferença é importante, porque da entrega para o início da produção se passa algum
tempo. Quem tem a razão? O consumidor e ponto.

3 – Direito de arrependimento

Quem nunca? Quem nunca comprou alguma coisa pela internet e, quando recebeu o produto, se
arrependeu amargamente da compra? Pode ser aquela camisa xadrez com estilo lumberjack que um dia
foi moda, mas que, no corpo, ficou parecendo o Agostinho Carrara; ou aquela calça que prometia ser do
seu número, mas que não passa na perna nem se o programa fitness de verão funcionar 100%; ou objeto
de decoração que parecia espetacular na mesa do catálogo e que ficou horrível na sua casa.

A teoria contratual tradicional diria: pacta sunt servanda. Alguém obrigou você a comprar? Não. Então,
paciência; comprou, é seu.

O art. 49 estabelece que o consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a


contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre
que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da
loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

A parte final do art. 49 menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”. A fixação é meramente
exemplificativa, já que essas eram as modalidades mais comuns de venda fora do estabelecimento no
final da década de 1980. Hoje, claro, isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no
celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

Não importa qual é o produto ou serviço, a regra se aplica. 4 O prazo é chamado de prazo de reflexão,
justamente porque, nesse período, o consumidor pode refletir a respeito do produto ou serviço
adquirido. O objetivo é evitar as compras por impulso, que são bem comuns na nossa sociedade de
consumo de massas.

4 Há polêmica com as passagens aéreas. Isso porque a Resolução 400/2016 da ANAC estabelece regra diferentes, e menos
favorável ao consumidor:
Art. 11. O usuário poderá́ desistir da passagem aérea adquirida, sem qualquer ônus, desde que o faca no prazo de até 24
(vinte e quatro) horas, a contar do recebimento do seu comprovante.
Parágrafo único. A regra descrita no caput deste artigo somente se aplica às compras feitas com antecedência igual ou
superior a 7 (sete) dias em relação à data de embarque.
A questão controvertida continua sendo debatida nos tribunais e na doutrina, que, em sua maioria, aponta pela ilegalidade
da norma, em face da previsão do art. 49 do CDC. Algumas companhias aéreas até seguem a norma do CDC, permitindo que
o consumidor cancele a passagem em até 7 dias da compra, desde que seja respeitado o prazo máximo de cancelamento até
a véspera da viagem (assim, se você comprou a passagem aérea as segunda-feira, para uma viagem a ocorrer na sexta-feira,
teria até quinta-feira para desistir); outras, porém, seguem a norma da ANAC, limitando o cancelamento a 24h.

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Esse é um direito potestativo, ou seja, não pode ser impedido ou obstado de qualquer
forma pelo fornecedor. É também um direito incondicionado, ou seja, não se exige
que o consumidor apresente qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o
fornecedor exija algum tipo de preenchimento de condições para ser exercido. O
consumidor exerce e ponto. É ainda um direito ilimitado, porque o consumidor pode
adquirir e devolver todo e qualquer produto ou serviço que adquire.

Uma vez exercitado o direito de arrependimento, como ficarão os eventuais valores pagos
pelo consumidor, antecipadamente? O parágrafo único estabelece que se o consumidor
exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão
devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.

A devolução dos valores tem de ser imediata, pelo que o fornecedor não pode exigir
prazos para devolução. 5 O STJ (REsp 1.340.604/RJ) entende que a devolução deve abranger todas
as despesas, incluindo o frete. Não é incomum que fornecedores tentem descontar o valor do frete
sob a alegação de que o valor não está incluído no preço do produto (e ele chegaria até mim como?) ou
de que o valor é devido a terceiros, a transportadora (e desde quando todos os fornecedores entregam
seu produto em todos os lugares por meios próprios?). Não importa, a devolução tem de ser do valor
integral.

4 – Garantia contratual

O art. 26 prevê os prazos de garantia para reclamar de vícios em produtos ou serviços. O direito de
reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em 30 dias, tratando-se de
fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; e de 90 dias, tratando-se de fornecimento
de serviço e de produtos duráveis.

O prazo se conta a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços, exceto
no caso de vício oculto, no qual o prazo inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Claro,
a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor faz suspender esse
prazo até que seja dada resposta negativa.

Esses prazos são imutáveis? Não seria interessante ao consumidor se ele pudesse contar com mais
prazo de garantia? Claro que sim. Isso, inclusive, é um chamariz de muitos fornecedores: garantia
estendida, garantia ilimitada por dois anos. Há fornecedores que incluem a garantia no
próprio produto ou serviço e outros à parte, mediante pagamento.

Sempre que ofertada, a garantia contratual será considerada complementar à legal


e será conferida mediante termo escrito, leciona o art. 50. O que isso significa?
Significa que a garantia que o fornecedor prevê no contrato (escrito) é somada à
garantia legal prevista no CDC.

5Há exceções, claro. Se a compra é efetuada pelo cartão de crédito, o estorno pode ocorrer na fatura subsequente, se ela já
estiver fechada. Mesmo que não, é comum que sejam necessário alguns dias para finalizar a operação entre o fornecedor e a
operadora de cartão. Isso, porém, não se aplica a pagamentos em dinheiro. Se paguei com transferência bancária ontem e
hoje me arrependi, não é razoável que a devolução demore mais do que amanhã.

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Assim, se o fornecedor me dá garantia de 180 dias para uma televisão (um produto durável), terei eu
270 dias de garantia. Somam-se os 90 dias da lei aos 180 dias do contrato.

Cuidado, porque muitos fornecedores usam de um expediente um tanto controvertido, dando um prazo
de garantia que inclui a própria garantia legal. Assim, o produto tem 180 dias de garantia, incluído no
prazo a garantia legal. Na realidade, a garantia contratual, nesse caso, é de apenas 90 dias. Isso constitui
prática lícita, desde que tenha clara previsão no contrato.

Outro expediente comum, e esse sim ilícito, ocorre nas assistências técnicas em geral. Pense no primeiro
exemplo que dei (180 dias de garantia contratual e 90 dias de garantia legal). Quando o consumidor leva
o produto defeituoso à assistência técnica, no 200º dia, a assistência diz que o produto está fora da
garantia, já que o prazo de 180 dias já venceu.

Muito consumidor inocente compra a ideia e acaba pagando por um conserto que deveria ser pago pelo
fornecedor. Isso porque a garantia total é de 270 dias, pelo que o consumidor ainda está no prazo para
reclamar, segundo o art. 26.

O parágrafo único do art. 50 estabelece que o termo de garantia ou equivalente deve ser
padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia,
bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do
consumidor. O termo deve ser entregue ao consumidor, devidamente preenchido pelo
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e
uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.

O legislador levou a sério a expressão tem de desenhar? Não sei você, mas eu já tive de instalar alguns
produtos mais complexos (como uma mesa com regulagem elétrica de altura), cheios de parafusos e
peças pequenas. Que diferença faz um manual de instruções bom, com indicações bem intuitivas,
descrições claras e desenhos bem-feitos!

Seção II – Cláusulas abusivas

1 – Noções gerais

O art. 51 do CDC traz um extenso rol de cláusulas contratuais consideradas abusivas. Entretanto, o rol
é meramente exemplificativo, ou seja, outras cláusulas podem ser consideradas abusivas, a
depender das circunstâncias concretas.

Como é o fornecedor a estabelecer o contrato, de maneira unilateral, não resta muita alternativa ao
consumidor. Como se trata de um contrato de adesão, no qual a opção do consumidor é concordar ou
não concordar, mas não muito discutir, fica fácil para o fornecedor inserir cláusulas leoninas,
draconianas, que tragam benefício a ele e prejuízo ao consumidor.

Essa análise, por aplicação do princípio da boa-fé objetiva, independe de análise subjetiva, vale dizer,
não importa a intenção do fornecedor em inserir esta ou aquela cláusula, mas sim da ação, de seu
comportamento. Por isso, dolo, má-fé e qualquer outro elemento subjetivo deve ser descartado na
análise a respeito da abusividade de uma cláusula contratual.

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Prevista cláusula abusiva, ela é considerada nula de pleno direito. Isso significa
que não há como salvar a cláusula; ela deve ser extirpada do contrato.

Contudo, declarada nula a cláusula abusiva de um contrato, nulo é o contrato todo?


Não. Mais ou menos; depende. Prevê o §2° que a nulidade de uma cláusula
contratual abusiva não invalida o contrato, em regra. Se a cláusula de correção
monetária for considerada nula, o restante do contrato permanece válido, hígido.
Substitui-se o índice inválido e o contrato segue adiante.

No entanto, quando da ausência da cláusula abusiva, apesar dos esforços de integração, decorrer
ônus excessivo a qualquer das partes, o contrato é reputado nulo integralmente. Isso ocorre, por
exemplo, quando a cláusula que estabeleça o preço for reputada nula e não for possível chegar a bom
termo sobre o preço que deve ser realmente aplicado; declara-se nulo o contrato todo.

Como se reconhecerá que certas cláusulas abusivas são nulas? Segundo o §4º, pode qualquer
consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze a
competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie o CDC ou de
qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.

Ou seja, mesmo que a violação não decorra do CDC, ainda assim o consumidor pode requerer a
declaração de nulidade de cláusula abusiva, por si, por entidade representativa ou pelo MP, conforme o
caso.

2 – Espécies de cláusulas

Professor, entendi; mas, e quais cláusulas são reputadas abusivas pelo CDC? São consideradas abusivas,
entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

➢ Impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de


qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de
direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a
indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis

O inc. I estabelece a chamada cláusula de não indenizar. Você já viu a placa não nos
responsabilizamos por objetos deixados no interior do veículo em algum estacionamento?
Essa é uma típica cláusula de um contrato (de depósito, no caso) reputada abusiva pelo
CDC.

Quando estaciono meu veículo, presumo que ele será guardado com segurança. Por isso,
sim, o mercado responde pelo roubo do meu veículo e/ou dos objetos que estão nele.
Atente porque, evidentemente, será necessário ao consumidor comprovar os objetos que foram
roubados e o fornecedor pode evitar pagar a indenização se provar que o consumidor agiu com desídia
(como ter deixado a janela aberta, caracterizando culpa exclusiva da vítima).

Sobre o tema, inclusive, a Súmula 130 do STJ prevê que “a empresa responde, perante o cliente, pela
reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.

A segunda parte do inc. I traz uma segunda disposição abusiva, a chamada cláusula de limitação de
indenização, igualmente proibida. Ela se permite apenas no caso de consumidor pessoa jurídica, como

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fica claro pelo dispositivo, e desde que haja situação justificável, ou seja, não basta que o consumidor
seja pessoa jurídica.

Assim, a Súmula 638 do STJ prevê que "é abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade
de instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem entregue em
garantia no âmbito de contrato de penhor civil”.

Relativamente às pessoas físicas, porém, é nula a cláusula. Cuidado, porém, porque a regra não é
absoluta. Por exemplo, o STF (RE 636.331 e ARE 766.618) fixou tese de que “nos termos do artigo 178
da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade
das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm
prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”.

Ou seja, em caso de transporte aéreo internacional de passageiros, a indenização por dano


material pode ser limitada, nos termos das Convenções de Varsóvia e Montreal. Veja que a
limitação vale apenas para o transporte internacional, pelo que no caso de transporte nacional de
passageiros a cláusula continua sendo reputada nula.

Por outro lado, a Súmula 479 do STJ estabelece que as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados
por terceiros no âmbito de operações bancárias. Assim, se meu cartão é clonado, responde o banco,
objetivamente.

Cuidado, porque a Súmula 381 do STJ impede que o juiz conheça de ofício da abusividade de cláusulas
contratuais em contratos bancários. Em que pese seja uma relação de consumo , a Corte entende
que aos contratos bancários não se aplica a natureza jurídica de ordem pública da lei consumerista.

➢ Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos


neste código

O inc. II estabelece a chamada subtração de opção de reembolso. Você já deve ter ouvido de algum
vendedor que aquele pagamento não é reembolsável.

O STJ (REsp 1.300.418/SC) entende que a devolução dos valores somente após o término da obra
retarda o direito do consumidor à restituição da quantia paga. Se houver resolução do contrato, “deve
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador — integralmente, em caso
de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador
quem deu causa ao desfazimento”.

Esse tipo de cláusula é abusiva, mas comporta exceções. Os casos mais emblemáticos são aqueles nos
quais há cláusula de fidelidade. O STJ (REsp 1.445.560 e REsp 1.097.582) entende que a cláusula de
fidelidade de telefonia é considerada legal quando há concessão de benefícios ao cliente, como o
pagamento de tarifas inferiores, bônus e fornecimento de aparelhos. Nessas situações, há necessidade
de assegurar às operadoras um período para recuperar o investimento realizado em razão das
promoções.

➢ Transfiram responsabilidades a terceiros

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O inc. III estabelece a chamada transferência de responsabilidade. Vedada a prática porque viola a
solidariedade que existe na cadeia de consumo.

➢ Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em


desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade

O inc. IV trata da chamada boa-fé objetiva e do equilíbrio contratual. Talvez essa seja
uma das práticas proibidas pelo CDC e que mais são violadas. A jurisprudência do STJ é
cheia de casos famosos e eu já citei aqui e acolá alguns deles, mas há outros.

O STJ (REsp 1.737.428/RS) entende que é abusiva a venda de ingressos pela internet
vinculada a uma única intermediadora e mediante o pagamento de taxa de conveniência.
Também abusiva a cláusula penal que prevê a penalidade apenas para o inadimplemento
do adquirente (REsp 1.631.485/DF). Essa cláusula será considerada para a fixação da indenização pelo
inadimplemento do vendedor, convertendo-se obrigações de fazer e de dar em dinheiro, por
arbitramento judicial.

Por outro lado, o STJ (REsp 1.578.553/SP) entende que é válida a tarifa de avaliação do bem dado
em garantia, bem como da cláusula que prevê o ressarcimento de despesa com o registro do
contrato. No entanto, há abusividade pela cobrança por serviço não efetivamente prestado e a
possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto.

São muitas as decisões. Em linhas gerais, o que será considerado uma vantagem exagerada? O §1º do
art. 51 prevê que se presume exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo


a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e


conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

Assim, dizer o que se considera vantagem excessiva depende do caso concreto, da situação
específica em jogo. Talvez o REsp 1.578.553/SP mostre isso com mais clareza, já que o STJ considerou
certas tarifas como válidas, porque não exageradas (tarifa de avaliação de bem dado em garantia), mas
considerou outras exageradas (serviço não efetivamente prestado).

➢ Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor

O inc. VI estabelece um impedimento à alteração da inversão do ônus da prova. A regra


do art. 6º, inc. VII (“São direitos básicos do consumidor a facilitação da defesa de seus
direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando,
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências”), não permite pactuação, portanto. Na luta entre Davi e
Golias, o contrato não pode tomar a funda de Davi e a entregar a Golias.

Pra arrematar, não, eu não esqueci do inc. V. Ele simplesmente foi vetado. Segue a música.

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➢ Determinem a utilização compulsória de arbitragem

O inc. VII estabelece a vedação à chamada cláusula compulsória de arbitragem. Apesar de cada vez
mais frequente a utilização da arbitragem para a resolução de conflitos, não pode ela ser obrigatória,
nas relações de consumo.

O Código de Processo Civil de 2015 estimula a composição extrajudicial de conflitos, como a arbitragem,
a conciliação e a mediação. Objetiva-se fugir do Poder Judiciário mastodôntico, tomado por demandas
represadas e que impedem razoável duração do processo, na prática.

O art. 4º, §2º, da Lei 9.307/1996 dispõe que a cláusula compromissória só tem eficácia nos contratos de
adesão se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar expressamente com sua
instituição, e desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula. Por isso, o STJ (REsp 1.785.783/GO) entendeu que se o consumidor
não demonstrou qualquer interesse em participar do procedimento arbitral, buscando diretamente o
Judiciário em razão do grave inadimplemento contratual, afasta-se eventual cláusula arbitral fixada sem
cumprimento das exigências da Lei de Arbitragem.

➢ Imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo


consumidor

O inc. VIII estabelece a vedação à chamada cláusula-mandato. Esse tipo de cláusula costumava ser
comum nos contratos bancários. O STJ (REsp 504.036/RS e AgRg Ag 562.705/RS) tem extensa
jurisprudência afirmando ser nula a cláusula contratual em que o consumidor “autoriza o banco a sacar,
para cobrança, título de crédito representativo de qualquer quantia em atraso. Isto porque tal cláusula
não se coaduna com o contrato de mandato, que pressupõe a inexistência de conflitos entre mandante
e mandatário”.

No mesmo sentido, a Súmula 60 do STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador
mandatário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse”. Ou seja, não posso incluir, no contrato, uma
cláusula que impõe ao consumidor um mandatário para realização de negócios.

➢ Deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o


consumidor

O inc. IX estabelece a cláusula de opção exclusiva do fornecedor em concluir o contrato. De maneira


bastante simples, eu, consumidor, já me obrigo a executar o contrato, mas o fornecedor não; pode ele,
ao bel prazer, optar por concluir e cumprir o contrato – ou não.

Há, aqui, evidente desequilíbrio contratual, pois se permite a uma parte – e justamente a parte mais
forte do contrato – um comportamento e não à outra – a menos poderosa, o consumidor. Ao contrário,
há contratos nos quais o fornecedor já está, de pronto, obrigado a contratar, restando a opção de
concluir o contrato ao consumidor, como nos casos de fornecimento de energia elétrica em locais
eletrificados.

➢ Permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira


unilateral

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O inc. X estabelece a cláusula de variação unilateral do preço. Ora, novamente, a


mesma situação do inciso anterior. A regra, em larga medida, repete a do art. 489
do Código Civil: “Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio
exclusivo de uma das partes a fixação do preço”.

Desde sempre a teoria contratual rechaça fixações unilaterais em contratos


bilaterais, à exceção dos casos em que isso é absolutamente necessário (como a
resilição por arrependimento unilateral). Ainda assim, mesmo nos restritíssimos casos existentes, isso,
em geral, vem acompanhado de sanções (multas penitenciais).

Era comum, especialmente nos contratos bancários, que os fornecedores de produtos financeiros
tentassem, de todo modo, incluir cláusulas contratuais que lhes permitiam estabelecer
unilateralmente as taxas de juros, correção monetária e encargos contratuais.

Não confunda essa limitação com a possibilidade de fixação contratual de encargos flutuantes, variáveis,
o que é comum nos contratos bancários (adoção, por exemplo, da taxa SELIC ou de comissão de
permanência).

➢ Autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor

O inc. XI estabelece a cláusula de opção exclusiva do fornecedor em resilir o contrato. A


resilição (=cancelar) decorre do puro arbítrio de uma das partes e é comum em certos
contratos. 6

Agora, a mera previsão contratual de que o consumidor também pode resilir o contato é
suficiente para que a cláusula valha? Mais ou menos. Necessário atentar para a boa-fé, de
modo a evitar o abuso de direito do fornecedor.

A rigor, válida a cláusula de resilição unilateral, se permitida para ambas as partes. No entanto, se
se verificar que a cláusula foi usada pelo fornecedor para que houvesse o cancelamento do contrato a
fim de que ele pudesse, logo em seguida, propor novo contrato, com valores mais altos, há violação não
apenas do inc. XI como também do inc. X, mencionado antes.

6A resilição é uma das espécies de rescisão, usada para dar cabo, terminar, um contrato, de maneira unilateral ou bilateral.
Talvez o exemplo mais evidente disso seja o divórcio. Assinado o contrato de casamento, pode ser que haja arrependimento;
o arrependido pode cancelar o contrato de casamento (resilição unilateral), ou ambos, arrependidos, desejam cancelar o
pacto (resilição bilateral). Pode, ou não, haver exigência de motivação no caso de resilição (no casamento, o divórcio é
sempre imotivado, ou seja, quero me divorciar e ponto, não devo explicações a ninguém).
Numa perspectiva mais contratual pura, e patrimonial, é o caso da resilição nos contratos de locação. Eu alugo meu imóvel a
você e você pode resilir (cancelar) o contrato a qualquer tempo (direito de arrependimento), mediante o pagamento
proporcional de penalidade (multa penitencial), em geral. Isso pode ser unilateral (só você quer) ou bilateral (ambos
queremos); pode ser que haja motivação (denúncia cheia) ou não (denúncia vazia).
O mesmo ocorre no contrato de trabalho, no qual o empregado pode pedir demissão (resilição unilateral imotivada) a
qualquer tempo, bem como o empregador (demissão sem justa causa). A exigência de motivação ou não depende do contrato,
mas aí o papo já descamba para o Direito Civil e para o Direito do Trabalho e não me interessa aqui.

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➢ Obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor

O inc. XII estabelece a cláusula de ressarcimento unilateral dos custos da


cobrança. Não há restrição à possibilidade de o fornecedor cobrar do consumidor os
custos de cobrança; isso é absolutamente normal.

O que não pode é haver fixação para apenas um dos lados do contrato, sem previsão
contratual igual para o outro. De novo, a mera previsão é insuficiente para se analisar
a lisura da cláusula; necessário atentar para a boa-fé, de modo a evitar o abuso de
direito do fornecedor.

➢ Autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do


contrato, após sua celebração

O inc. XIII estabelece a cláusula de alteração unilateral do contrato. Talvez o aspecto mais relevante
a respeito disso seja vinculado a prazos de entrega de produtos ou finalização de
serviços.

O fornecedor não pode simplesmente ignorar os prazos e entregar o produto ou


finalizar o serviço quando lhe for mais conveniente. Evidente que há situações e
situações, sendo que, na maioria dos casos, pequeno atraso não configurará elemento
suficiente para a rescisão do contrato.

Mais uma vez, a mera previsão é insuficiente para se analisar a lisura da cláusula; necessário atentar
para a boa-fé, de modo a evitar o abuso de direito do fornecedor.

➢ Infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais

O inc. XIV estabelece a cláusula de violação de norma ambiental. Há, aqui, proteção de bens jurídicos
coletivos, em detrimento de valores individuais. A fruição de produtos e serviços para um não pode
acarretar danos para todos. Vale rememorar que o princípio da função social do contrato, previsto no
art. 421 do Código Civil, é também ambiental, verdadeira função socioambiental do contrato.

➢ Estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor

O inc. XV estabelece a cláusula negativa de proteção consumerista. Essa é verdadeira


cláusula geral das cláusulas abusivas, já que permite que inúmeras condutas dos
fornecedores sejam enquadradas como violadoras à norma de consumo.

Ressalto que o próprio caput do art. 51 deixa bem evidente que o rol dos incisos é
meramente exemplificativo, mas o inc. XV traz reforço maior. Qualquer cláusula contratual
que viole as normas consumeristas, que são de ordem pública, devem ser afastadas de
pronto.

Os direitos dos consumidores, individual ou coletivamente, são indisponíveis e não permitem mitigação
por força de pacto interprivado. Inclusive, o sistema de proteção do consumidor não se resume ao
CDC, mas apenas é centralizado nele. É o caso, por exemplo, da cláusula de alteração de foro, reputada

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nula pelo STJ (REsp 1.010.834/GO), devendo ser eleito o foro do domicílio do consumidor a fim de
facilitar a defesa da parte hipossuficiente da relação.

➢ Possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias

O inc. XVI estabelece a cláusula negativa de indenização por benfeitorias


necessárias. Não só, entende o STJ (REsp 1.643.771/PR) que também as acessões
devem ser objeto de indenização. 7

A regra se aplica, por exemplo, à aquisição de imóvel em parcelas, por meio de


documento particular de venda (compromisso ou promessa de compra e venda), regida
pelo Decreto-Lei 58/1937. Muito comum que os vendedores alienem o imóvel e, diante
do inadimplemento, retomem a propriedade.

No entanto, não consideram as benfeitorias necessárias feitas pelos adquirentes, em violação ao inc.
XVI. As acessões e benfeitorias necessárias devem ser indenizadas ao adquirente. Há, porém, duas
situações que exigem sua atenção.

Primeiro, não serão indenizadas as benfeitorias – ou acessões – feitas em desconformidade com


o contrato ou com a lei. Em outras palavras, construiu irregularmente, fez puxadinho, não respeitou as
regras municipais de edificação ou fez a obra escondido? Perdeu (REsp 1.643.771/PR).

Segundo, como os contratos de locação predial urbana não estão submetidos ao CDC, a regra não se
aplica às locações regidas pela Lei 8.245/1991 (Lei de Locações). Isso porque o art. 35 da lei possibilita
que a cláusula contratual exclua o dever de indenização pelas benfeitorias necessárias” O STJ, por isso,
entende que nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e
ao direito de retenção (Súmula 335).

➢ Condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário

O inc. XVII estabelece a cláusula negativa de condicionamento ou limitação de acesso ao Poder


Judiciário. Em realidade, aqui se sublinha o art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal. A norma
determina que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

7A distinção clara entre benfeitorias e acessões depende de conhecimentos doutrinários de Direito Civil mais consolidados,
especificamente de Direito das Coisas. Não objetivo explicar de maneira aprofundada o tema. De modo simples, a acessão é
algo novo, ao passo que a benfeitoria é um acréscimo. Assim, uma casa é uma acessão num terreno, ao passo que a cobertura
de uma varanda é uma benfeitoria neste mesmo terreno.
De outro lado, também não quero entrar em detalhes, mas é necessário distinguir as benfeitorias. São três tipos, previstos
nos incisos do art. 96 do Código Civil: “As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore”.
Sinteticamente, benfeitoria voluptuária é uma torneira de prata (“mais agradável ou sejam de elevado valor”), útil é o box
que separa o chuveiro do restante do banheiro (“facilitam o uso do bem”), necessária é o reboco dos tijolos (“conservar o
bem”). Somente estas últimas interessam.

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No mesmo sentido vai o art. 3º do Código de Processo Civil: "não se excluirá da apreciação jurisdicional
ameaça ou lesão a direito". O dispositivo processual repete a norma constitucional e, agora, há repetição
também no dispositivo consumerista.

Trata-se do princípio constitucional do acesso à justiça. O Estado Democrático de Direito, composto


pelos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, não pode se manter se o cidadão não tem acesso,
formal e substancial, ao último. A própria democracia contemporânea se assenta na perspectiva de se
buscar o Poder Judicário em caso de violação ou de ameação de lesão aos bens jurídicos fundamentais.

Vincula-se esse dispositivo ao inc. I. O questionamento sobre a cláusula de eleição de foro é exemplo.
Imagine que você comprou um iPhone, designed in California, made in China, e ele para de funcionar.
Você entra em contato com a fabricante e ela diz que você deve levar o aparelho à assistência técnica.
Você leva. Eles alegam que foi mau uso e não vão trocar o produto ou indenizar você.

Você vai ao Juizado Especial Cível e propõe uma ação. Na contestação, a fabricante argumenta que a ação
tem que ser extinta, porque o contrato dispõe que os conflitos devem ser resolvidos pela Câmara de
Comércio, excluindo-se o Poder Judiciário. Além disso, mesmo que prevalecesse o Poder Judiciário, seria
competente o Juízo da Califórnia, pela presenção de cláusula de eleição de foro no contrato. Pode?

Quanto ao primeiro item - Câmara de Comércio - não, em absoluto. Aqui se aplica o inc. XVII do art. 51
do CDC e o art. 5º, inc. XXXV, da Constituição Federal. Lembre, porém, que o inc. VII do art. 51 do CDC
permite a utilização de arbitragem, em certas situações.

Quanto ao segundo item - cláusula de eleição de foro - do caso, a jurisprudência entende que ela
pode ser considerada abusiva, por força do art. 51, inc. I, do CDC, mas a abusividade não é absoluta.
O STJ entende, há muito (REsp 47.081/SP, de 1994), que a clausula de eleição de foro inserida em
contrato de adesão é abusiva quando se constata: a) no momento da celebração, não compreender o
consumidor, no momento da contratação, o efeito da estipulação; b) a estipulação resulta
inviabilidade ou especial dificuldade de acesso ao Judiciário; c) se trata de contrato de obrigatória
adesão (monopólio de produto ou serviço). Assim, entende-se que "a cláusula de eleição de foro inserta
em contrato de adesão é, em princípio, válida e eficaz, salvo se verificada a hipossuficiência do aderente,
inviabilizando, por conseguinte, seu acesso ao Poder Judiciário (AgInt no AREsp 1.787.192/BA).

O STJ (REsp 1.784.595/MS) entende que nem mesmo o Estado pode ser afastado do acesso à justiça. No
caso, uma farmácia se negou a assinar um TAC junto ao MP quando flagrada pela vigilância sanitária,
porque havia sido multada inúmeras vezes pela constatação de péssimas condições sanitárias. O MP
propôs ação civil pública e a farmácia alegou que não caberia a ação porque já havia sido multada e,
portanto, o acesso ao Judicário estaria obstado. A Corte entendeu que não é possível tal compreensão,
por aplicação da regra constitucional e processual.

➢ Estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações mensais ou


impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de
pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores

O inc. XVIII estabelece a cláusula de carência por inadimplemento. Trata-se de situação dificulta o
restabelecimento da saúde financeira do consumidor. Em síntese, em caso de atraso no pagamento de
débitos, o consumidor encontra maiores dificuldades em conseguir reerguer as finanças, o que contraria
o objetivo da Lei 14.181/2021, a Lei do Superendividamento, de evitar que o consumidor fique em
situação creditícia ainda pior.

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Assim, e partir da purgação da mora, judicial ou extrajudicial, 8ou de acordo com os credores, o
consumidor deve ter sua situação creditícia integralmente restaurada. Isso permite que o
superendividamento seja prevenido, ao mesmo tempo em que remediado.

3 – Regras de financiamento

Não é segredo que nosso sistema financeiro tende ao oligopólio e que as condições de contratação são
bastante desfavoráveis aos consumidores. Esse, inclusive, é um dos motivos para nossa sociedade de
consumo de massa não decolar.

Consumidores brasileiros têm grande dificuldade em financiar suas aquisições no longo prazo.
Diferente, por exemplo, dos consumidores norte-americanos ou chineses, que são frequentemente
estimulados por seus respectivos governos a consumir em níveis quase insustentáveis (e o tsunami
causado pelo colapso do sistema financeiro de 2008 que o diga). 9

Prevê o art. 52 que no fornecimento de produtos ou serviços que envolva crédito ou financiamento ao
consumidor, o fornecedor deve fornecer prévia e adequadamente uma série de informações
mínimas. Ou seja, pode haver outras informações, mas estas, abaixo, são as mínimas:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

8Purgar a mora é, de maneira bastante simples, não estar mais inadimplente. Prevê o art. 401, inc. I, do Código Civil que o
devedor purga a mora oferecendo a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta. Em geral,
purgar a mora é pagar com os consectários legais, quais sejam multa, juros e correção monetária etc., portanto. A purgação,
para o devedor, serve para evitar que a mora continue a lhe produzir efeitos deletérios, como aumentar a prestação, por
conta dos juros, levar o fornecedor a inscrever seu nome do SERASA etc.
9 Em resumo, mudanças legislativas nos EUA permitiram que os bancos emprestassem mais e mais dinheiro para a aquisição
da casa própria. Especialmente George H W Bush (1992) e Bill Clinton (1999) fizeram a Associação Federal Nacional de
Hipotecas, a Fannie Mae, subsidiar mais financiamentos habitacionais, especialmente com o resseguro a bancos privados
(como se a CAIXA fizesse um seguro para os bancos privados para o caso de os compradores de imóveis não pagarem a
hipoteca). O patrimônio das empresas públicas do gênero, que são muito importantes desde o New Deal, para recuperação
econômica da Crise de 1929, ultrapassa 10 trilhões de dólares.
O problema é que os empréstimos começaram a ser dados a quem simplesmente não tinha e nem teria como pagar. Os
financiamentos subprime somaram trilhões de dólares. Muitos investimentos compraram investimentos atrelados a esses
financiamentos, porque a taxa de retorno era alta (justamente porque o risco era altíssimo, de débitos e mais débitos um
bando de gente sem dinheiro, sem patrimônio e sem renda). Todo mundo pensava, juro alto e ainda garantida pelo governo
dos EUA? Põe todo o meu dinheiro nesse investimento! Todo mundo ia feliz até que a galera da base da pirâmide começou a
perder o emprego, não pagar os financiamentos e perder a casa. Execuções de hipoteca em massa, crise de desemprego e
uma baixa recorde nos preços dos imóveis. Em 15/09/2008, um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o
Lehman Brothers, foi à falência. Aí o mundo começou a entender o que estava acontecendo (milhões de investidores no
mundo todo perderam muita grana). Vários bancos locais começaram a quebrar, em 2008, e o Fannie Mae, junto com o
Freddie Mac, teve de injetar bilhões e bilhões nos bancos privados para evitar caos ainda maior. Calcula-se que cinco trilhões
de dólares foram garantidos por essas instituições públicas, sendo que o governos dos EUA teve de emitir 800 bilhões de
dólares em títulos de dívida pública para injetar nas empresas públicas e salvar as instituições e o sistema financeiro nacional
(imagina o estrago se o governo tivesse dado o calote?). Curioso é que eles pagaram as dívidas emitindo novas dívidas...

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IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

E aí vem uma das maiores inovações do CDC. O §1° estabelece que as multas de mora pelo
inadimplemento não podem ser superiores a 2% do valor da prestação. Em resumo, se atrasou o
pagamento, a multa por não pagar não pode ser maior que 2% do valor devido.

Há extensa jurisprudência sobre o assunto (e meu objetivo não é analisar os temas todos ou resolver
casos concretos específicos, mas apenas dar uma passada no que cai nas provas). O STJ (Súmula 285)
afirma que nos contratos bancários posteriores ao CDC incide a multa moratória nele prevista, limitada
a 2%.

Por isso, se admite a revisão das taxas de juros remuneratórios em situações


excepcionais, desde que caracterizada a relação de consumo e que a abusividade
(capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada) fique cabalmente
demonstrada (REsp 1.061.530/RS).

Igualmente, a importância cobrada a título de comissão de permanência não pode


ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou
seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual
contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano;
e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC (REsp
1.058.114/RS).

Ao contrário, o STJ (REsp 655.267/SP) diz que não se aplica o CDC às relações
jurídicas existentes entre condomínio e condôminos. Aí você pode pensar, então pode
o condomínio colocar multa maior de 2% no boleto? Não. Por quê? Porque nesse caso
se aplica o art. 1.336, §1° do Código Civil e a multa pelo inadimplemento de
contribuição condominial continua sendo de 2% (REsp 722.904/RS).

Além disso, estabelece o §2º do art. 52 uma garantia ao consumidor. Segundo a norma, a liquidação
antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais
acréscimos é obrigatória. Ou seja, antecipou o pagamento? Tem de receber um desconto.

Por isso, as instituições financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação
antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Somente no período de 06/09/2006
(entrada em vigor da Resolução 3.401/2006 do CMN) e 06/12/2007 (entrada em vigor
da Resolução 3.516/07 do CMN) é que tal cobrança podia ser feita.

Mas, atenção, pois o dispositivo refere-se a encargos de ordem financeira. O caso do consórcio tem outra
natureza jurídica, pelo que a saída de um dos participantes não justifica a devolução ou a redução
daquelas parcelas que são contratadas no interesse de todo o grupo (REsp 688.794/RJ).

Por fim, a Lei 14.181/2021, a Lei do Superendividamento, proibiu, no inc. XVIII do art. 51, que os
fornecedores de crédito estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade das prestações
mensais ou impeçam o restabelecimento integral dos direitos do consumidor e de seus meios de
pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com os credores.

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4 – Cláusula de perdimento

Se compro um imóvel e, por alguma razão, não pago as prestações, perco todo o
valor já pago? O art. 53 estabelece que não. Nos contratos de compra e venda de
móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas
alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício
do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do
contrato e a retomada do produto alienado.

É a vedação à chamada cláusula de decaimento. No entanto, essa regra precisa ser vista com cuidado.

No caso de consórcios, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas terá descontada, além da
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao
grupo (§2º). Além disso, a Lei 4.591/1964, após as alterações da Lei 13.786/2018, prevê, no art. 67-A,
regras específicas para o distrato, incluindo perdas de até 50% do valor pago pelo comprador (§5º).
==336848==

Seção III – Contratos de adesão

O contrato de adesão é, em larga medida, o contrato pelo qual fazemos a esmagadora maioria das
contratações. Eu, no dia em que digitava esse texto, celebrei alguns contratos de adesão. Fui ao mercado
e comprei alguns produtos, comprei um produto pela internet, abasteci meu carro num posto de
gasolina e pedi comida por um aplicativo. Celebrei, num único dia, quatro contratos de adesão.

O que caracteriza um contrato de adesão e no que ele se diferencia de um contrato paritário? Justamente
a adesão. Os contratos clássicos, pensados pelos doutrinadores franceses de perucas engraçadas de
bobs, roupas com culotes vistosos e pó de arroz nas bochechas rosadas, imaginava dois burgueses
sentados num escritório discutindo longamente o contrato, fazendo cálculos contábeis importantes,
cogitando variáveis econômicas vindouras enquanto riam copiosamente ao tomar mais uma taça de
cognac.

Você costuma passar por esse processo quando analisa se vale a pena assinar o Netflix? Ou quando vai
ao shopping comprar uma peça de roupa? Para na arara e discute longamente com o vendedor a respeito
da origem do material da peça, sobre o processo de tingimento e sobre como aquela peça em específico
tem o potencial de substituir uma outra e combinar com diversas peças que você possui?

Quem nunca pagou academia e não foi? Assim é o contrato de adesão, no qual uma das partes (o
aderente, o consumidor) tem duas opções: concordar ou não com o contrato já previamente
estabelecido pelo fornecedor. Pá-pum. Não tem papo. Impulsivo, até. A adesão está para os contratos
assim como o Tinder está para os relacionamentos afetivos, entende?

E é assim, mas num tom a mais no juridiquês que o art. 54 define o contrato de adesão:

Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela


autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de
produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.

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Como lá na década de 1980 ainda se discutia muito a respeito dos limites do contrato de adesão, o §1°
prevê que a inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato. Ou seja,
colocar um formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos
eletrônicos, não desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC.

Como o consumidor não tem muita opção (é sim ou não, não tem talvez), os
contratos devem ser escritos em termos claros e com caracteres ostensivos e
legíveis. O §3º exige que o tamanho da fonte seja de, no mínimo doze, de modo a
facilitar sua compreensão pelo consumidor. Sim, tem fornecedor que coloca letra
miúda no contrato (lembre-se que na publicidade não é necessário que a fonte seja
12, mas apenas no contrato escrito em si).

Inclusive, as cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas
com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. O §4º pretende evitar que o
consumidor se canse de ler um longo contrato e deixe de visualizar justamente aquela cláusula 85 das
347 existentes, cláusula essa que prevê uma limitação ao direito.

Quem nunca? Desafio: você já leu algum contrato eletrônico na íntegra? Eu nunca. Já li pedaços,
mas nunca inteirinho, de ponta a ponta. A chance de haver uma cláusula que impedisse que eu
requeresse indenização ou na qual eu abriria mão do meu direito de imagem ou qualquer outra
coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º.

E se houver uma cláusula limitadora de direito no meio do contrato, sem destaque? Houve violação ao
art. 54, §4º, do CDC, sendo ela, portanto, nula de pleno direito, já que as normas consumeristas são de
ordem pública e inafastáveis pela vontade das partes.

E se uma das partes descumprir o contrato? Bem, volte ao Tinder... a outra pessoa resolve de outro jeito!
Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §2° do art. 53.

Em outras palavras, é possível inserir no contrato de adesão uma cláusula para resolver (=terminar) o
contrato, em caso de inadimplemento (=descumprimento). Porém, essa resolução depende de uma
opção do consumidor; não pode o fornecedor optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir
o cumprimento da prestação, incluindo perdas e danos (=indenização).

A letra da Lei

Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não
trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é
tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são
importantes à prova.

Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar
os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto
legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos
principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos.

Vamos lá!

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CAPÍTULO VI
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL

SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos
instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

CC/2002

Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa,
ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não
chegando a tempo a recusa.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.

Art. 48. As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos


relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica,
nos termos do art. 84 e parágrafos.

Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou
do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de
produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a
domicílio.

Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os


valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato, monetariamente atualizados.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.

Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira
adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do
produto em linguagem didática, com ilustrações.

SEÇÃO II
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que:

I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de


qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas

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relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá


ser limitada, em situações justificáveis;

II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste
código;

III - transfiram responsabilidades a terceiros;

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em


desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;

VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;

IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o consumidor;

X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;

XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,


após sua celebração;

XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.

§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato, de tal modo a


ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;

III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo


do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso.

§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de
sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.

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§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério


Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que
contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e
obrigações das partes.

Súmulas do STJ

130: "A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de
veículo ocorridos em seu estacionamento".

638: "É abusiva a cláusula contratual que restringe a responsabilidade de


instituição financeira pelos danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de bem
entregue em garantia no âmbito de contrato de penhor civil".

479: "As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados


por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de
operações bancárias".

381: "Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da


abusividade das cláusulas".

160: "É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual


superior ao índice oficial de correção monetária".

335: "Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das


benfeitorias e ao direito de retenção".

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de
financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e
adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das prestações;

V - soma total a pagar, com e sem financiamento.

§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão


ser superiores a dois por cento do valor da prestação.

§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente,


mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

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Súmula 285 do STJ: "Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do


Consumidor incide a multa moratória nele prevista".

Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno
direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.

§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das


parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a
fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente nacional.

SEÇÃO III
DOS CONTRATOS DE ADESÃO

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que
o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

§ 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.

§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a alternativa, cabendo a
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo anterior.

§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres


ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar
sua compreensão pelo consumidor.

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com
destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

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Sumário

Título I – Direitos do Consumidor .............................................................................. Erro! Indicador não definido.

1 – Considerações iniciais ......................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Capítulo V – Práticas comerciais ............................................................................ Erro! Indicador não definido.

Seção I – Disposições gerais ................................................................................ Erro! Indicador não definido.

Seção II – Oferta ...................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Seção III – Publicidade .......................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Seção IV – Práticas abusivas ............................................................................... Erro! Indicador não definido.

Seção V – Cobrança de dívidas ........................................................................... Erro! Indicador não definido.

Seção VI – Bancos de dados e cadastros de consumidores ........................ Erro! Indicador não definido.

Capítulo VI – Proteção contratual ........................................................................... Erro! Indicador não definido.

Seção I – Disposições gerais ................................................................................ Erro! Indicador não definido.

Seção II – Cláusulas abusivas .............................................................................. Erro! Indicador não definido.

Seção III – Contratos de adesão .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

Capítulo VI-A – Prevenção e tratamento do superendividamento ............................................................................. 3

2 – Considerações finais ............................................................................................ Erro! Indicador não definido.

Questões Comentadas ..................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Práticas comerciais (arts. 29 a 45) .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

CEBRASPE .............................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

FCC .............................................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Bancas sortidas ...................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Proteção contratual (arts. 46 a 54) ..................................................................... Erro! Indicador não definido.

CEBRASPE ................................................................................................................ Erro! Indicador não definido.

FCC .............................................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Bancas sortidas ...................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

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Lista de Questões .............................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Práticas comerciais (arts. 29 a 45) .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

CEBRASPE .............................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

FCC .............................................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Bancas sortidas ...................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Proteção contratual (arts. 46 a 54) ..................................................................... Erro! Indicador não definido.

CEBRASPE ................................................................................................................ Erro! Indicador não definido.

FCC .............................................................................................................................. Erro! Indicador não definido.

Bancas sortidas ...................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

Gabarito ............................................................................................................................... Erro! Indicador não definido.

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Capítulo VI-A – Prevenção e tratamento do superendividamento

A Lei 14.181/2021, a Lei do Superendividamento, estabeleceu, no Capítulo VI-A do CDC,


a respeito do tema. E o que é superendividamento, juridicamente falando, nos termos da
nova lei? Segundo o art. 54-A, §1º, entende-se por superendividamento a
impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a
totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer
seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.

E que tipo de dívida configura dívida de consumo? Conforme o §2º, as dívidas de consumo englobam
quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive
operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada. A regra, porém, não se aplica
ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de
contratos celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento ou decorram da
aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de alto valor (§3º).

Dessa forma, podemos extrair do art. 54-A os requisitos para que seja reconhecido o
superendividamento:

1. Pessoa natural

Apesar de, conforme a Teoria Finalista Mitigada se conceituar como consumidor a pessoa jurídica,
mesmo que não seja ela destinatária final de produto ou serviço, desde que verificada sua
vulnerabilidade, não é possível aplicar o Capítulo na prevenção e tratamento de eventual excesso de
dívidas de pessoas jurídicas.

Isso se explica porque a regência das dívidas de pessoas jurídicas em situação de dificuldade creditícia
é feita por normatização própria, vinculada à intervenção, dissolução, liquidação, recuperação e
falência. 1

2. Boa-fé

Não pode o consumidor agir de má-fé, em franca violação ao princípio da boa-fé objetiva exigida em
todas as relações contratuais. Veja-se que o art. 4º, inc. III, do CDC prefixa que a
harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo sempre deve
se pautar na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores.

Por isso, o intuito fraudatório, visualizado quando o contrato é celebrado


dolosamente com o propósito de não realizar o pagamento, impede a aplicação da

1 A base legal é a Lei 11.101/2005, queregula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade
empresária, conhecida por Lei de Recuperação e Falências - LRF. Ela disciplina a recuperação judicial, a recuperação
extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Não se aplica, conforme o art. 2º, a empresa pública e
sociedade de economia mista; bem como instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio,
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora,
sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Nesses casos, há pulverização
normativa. Por exemplo, a Lei 5.764/1971 trata da dissolução e liquidação das sociedades cooperativas; o Decreto-Lei
73/1966 da liquidação das seguradoras; a Lei 6.024/1974 trata da intervenção e liquidação das instituições financeiras.

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proteção do consumidor contra o superendividamento. Necessário atentar que a má-fé não se presume,
exigindo-se prova do intuito fraudatório, do dolo, do embuste provocado pelo consumidor.

Isso não significa que o juiz precise obter uma confissão do consumidor quanto ao intuito de não realizar
pagamentos. As regras de experiência e a prudência do julgador sempre devem servir de baliza para
que o objetivo legal não seja desvirtuado e desequilibre as relações consumeristas, sob pena de
enfraquecimento do instituto.

3. Totalidade das dívidas

O superendividamento, como o nome diz, impede o consumidor de se desvencilhar de seus débitos, ante
situação de estrangulamento creditório. O montante das dívidas de consumo, exigíveis e vincendas,
atinge níveis impagáveis.

A norma prevê que tanto dívidas vencidas e exigíveis, quanto dívidas futuras e vincendas sejam
consideradas na equação. Por vezes, é possível visualizar uma situação de superendividamento por
antecipação, na qual, presentemente, o consumidor consegue pagar suas obrigações, mas, em breve
espaço de tempo, não o fará.

É o caso de uma família cujo pai, profissional autônomo, era o provedor financeiro da casa e falece
repentinamente. Como ainda há créditos do falecido a receber, as obrigações financeiras podem ser
solvidas pelos próximos poucos meses. No médio prazo, porém, a família não conseguirá mais manter o
mínimo existencial, em vista dos muitos débitos parcelados (cartão de crédito, cheque especial,
financiamento residencial etc.).

4. Mínimo existencial

A prevenção e o tratamento do superendividamento não podem comprometer o mínimo existencial da


pessoa. De nada adianta arrancar a roupa do devedor para que suas dívidas sejam pagas e o deixar à
mercê da própria sorte.

Necessário compreender que o superendividamento afeta o mercado de consumo e o vilipêndio do


consumidor significará menos um consumidor no mercado. Menos consumidores no mercado fragiliza
o próprio sistema, em franco prejuízo ao desenvolvimento econômico.

5. Dívidas de consumo

As dívidas de consumo englobam quaisquer compromissos financeiros assumidos decorrentes de


relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação
continuada. Ou seja, no conceito de dívida englobada pelo superendividamento não estão as dívidas
civis comuns, as dívidas trabalhistas, tributárias etc., não havidas por relação de consumo.

Por exemplo, uma dívida de alimentos não está contida na noção de superendividamento, já que é dívida
civil e não de consumo. As obrigações propter rem, que derivam da titularidade de uma coisa, como a
cota condominial, não são originadas de relação de consumo.

Igualmente, dívidas civis ou tributárias não se enquadram no conceito. A rigor, as dívidas do consumidor
que é empregador doméstico, ou do consumidor, dono de um veículo com débitos de IPVA, não são
dívidas de consumo e, portanto, não estão sujeitas ao regime protetivo da lei.

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Mas, toda dívida de consumo sujeita a pessoa ao regime do superendividamento? Não.


Excepcionalmente, se a dívida é oriunda da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo de
alto valor (§3º), a proteção ao consumidor cede.

A exceção se justifica pelo princípio da boa-fé objetiva. O valor elevado dos bens, aliado ao conceito de
luxo, é incompatível com a própria noção de mínimo existencial. Não há espaço para proteção do
mínimo existencial quando a discussão travada no excesso de débito é de sucessivas aquisições de
veículos importados, ou de gastos com passagens de primeira classe e hospedagens luxuosas
internacionais.

Importante não confundir o valor e o luxo. O bem pode ser de alto valor, mas não
de luxo, como uma casa. O bem pode ser de luxo, sem ser de alto valor, como um
quilo de Kobe Beef. É necessário que os dois conceitos estejam fundidos num
só produto de luxo de alto valor para que a proteção legal seja afastada.

Em síntese:

1. Pessoa natural

• Não pode o consumidor ser pessoa jurídica

2. Boa-fé

• Não pode o consumidor agir de má-fé

3. Totalidade das dívidas

• Exigíveis e vincendas

4. Mínimo existencial

• Necessidade de preservar a sobrevivência do consumidor

5. Dívida de consumo

• Não se sujeitam ao regime as dívidas civis,trabalhistas, tributárias etc.


• Exceção: dívidas de consumo de produtos de luxo de alto valor afastam a proteção legal

Determina o art. 54-B que no fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das
informações obrigatórias previstas no art. 52 do CDC Código e na legislação aplicável à
matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá informar o consumidor, prévia e
adequadamente, no momento da oferta, sobre:

I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem;

II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de
qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento;

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III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2
(dois) dias;

IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor;

V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do §


2º do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor.

Essas informações, juntamente com aquelas referidas no art. 52, devem constar de forma clara e
resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao consumidor
(§1º). Além disso, sem prejuízo da proibição da publicidade enganosa ou abusiva (art. 37), a oferta de
crédito ao consumidor e a oferta de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar,
no mínimo, o custo efetivo total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento
(§3º).

E o que é o custo efetivo total, conhecido no jargão bancário como CET? Pelo §2º, ele consiste na taxa
percentual anual e compreende todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo
padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro. Basicamente, quanto efetivamente vai
ser descontado no final do mês da minha conta, incluindo todo o tipo de cobrança acessória (tarifas, taxas,
juros, correção, comissões etc.).

Atente para a regra do inc. III do art. 54-B. Ela estabelece exceção à regra geral de obrigatoriedade da
proposta. Prevê o art. 428, inc. I, do Código Civil, que deixa de ser obrigatória a proposta feita sem prazo
a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Além disso, o inc. III estabelece que não é obrigatória
a proposta se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado.

Presente é aquele que pode dar resposta imediata, como o consumidor que contata por telefone ou
WhatsApp. Ausente é aquele que não pode dar resposta imediata, como no caso de proposta feita pelo
correio.

O inc. III do art. 54-B traz, portanto, dupla exceção. Primeiro, mesmo que a proposta seja feita a presente,
há prazo de 2 dias, no mínimo, para a aceitação, mesmo que não imediatamente aceita. Segundo, se feita
a ausente, o Código Civil não prevê prazo mínimo, mas o CDC, relativamente à oferta de
crédito, sim, de 2 dias.

Para prevenir o superendividamento, o art. 54-C prefixa uma série de vedações à oferta
de crédito. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao
consumidor, publicitária ou não:

II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção
ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;

III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou


da venda a prazo;

IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou


crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de
vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio;

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V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia


ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a
depósitos judiciais.

Apesar do veto ao inc. I, os demais dispositivos servem justamente para impedir a oferta de crédito
predatória.

O inc. II proíbe prática até então muito frequente, especialmente no comércio de rua e em publicidade
virtual. A publicidade de oferta de crédito sem consulta ou avaliação promove a obtenção de crédito
irresponsável e inconsciente e, geralmente, está vinculada às mais altas taxas de juros do mercado.

O inc. III pretende, em consonância com o princípio da conscientização financeira e da prevenção ao


superendividamento. O consumidor precisa ser conscientizado do crédito, precisa saber das
consequências na obtenção do crédito, e não ter essas informações ocultadas. A boa-fé contratual exige
que o fornecedor seja sincero, honesto, probo; que venha com as mãos limpas para a mesa de negociação,
como diz a máxima britânica.

O inc. IV traz franca preocupação com o consumidor com vulnerabilidade agravada. Vulnerável por ser
consumidor, novamente vulnerável pela sua situação pessoal (pessoas com deficiência, idosas, doentes,
com baixa instrução formal etc.). O rol é exemplificativo, já que pessoas não incluídas na norma podem
ter reconhecida sua vulnerabilidade específica, como as gestantes e o consumidor superendividado.

O inc. V pretende impedir prática comum de acordos extorsivos entre fornecedores de crédito e
consumidores superendividados. Não se pode exigir pagamentos relativos a outras obrigações quando
do fornecimento de crédito, conforme o caso.

Ademais, o art. 54-D estabelece um rol (exemplificativo) de condutas na contratação de


crédito. Friso que o rol é exemplificativo, o que não impede que outras ações, que visem à
prevenção e ao tratamento do superendividamento, sejam tomadas. Na oferta de crédito,
previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá, entre outras
condutas:

I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a


natureza e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o
disposto nos arts. 52 e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do
inadimplemento;

II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das


informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste
Código e na legislação sobre proteção de dados;

III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a


outros coobrigados cópia do contrato de crédito.

Novamente, sublinha-se o papel fundamental do princípio da boa-fé objetiva, de modo que o fornecedor
de crédito precisa agir de maneira proba, honesta, sincera e razoavelmente informada. E o que acontece
se o fornecedor violar os direitos previstos no art. 54-D (oferta de crédito), no art. 54-C (publicidade de
crédito) ou no art. 52 (informação de crédito) do CDC?

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A violação pode acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de qualquer
acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original,
conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor.
Isso, claro, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais,
ao consumidor.

Quem decide a penalidade ao fornecedor é o juiz, de acordo com as peculiaridades do caso concreto.

E quem é reputado fornecedor de crédito? Aquele que contrata diretamente com


o consumidor. Somente ele, porém? Não. Também os fornecedores dos contratos
acessórias. Nesse sentido, o art. 54-F, incs. I e II, reconhece que são conexos,
coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de
fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que
lhe garantam o financiamento.

E quando isso ocorrerá? Quando o fornecedor de crédito recorrer aos serviços do fornecedor de produto
ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito, bem como quando oferecer o crédito
no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato
principal for celebrado.

E se o consumidor se arrepender da compra? Prevê o §1º que o exercício do direito de


arrependimento, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno
direito do contrato que lhe seja conexo. A norma acaba com uma discussão doutrinária antiga e com
muitos problemas do consumidor.

Vou a um exemplo. Você, contente com sua aprovação no cargo público, resolve se presentar com um
carro novo, afinal, merece. Vai a uma concessionária e adquire um veículo de luxo, financiado por um
banco. Há aí dois contratos, um, principal, que é o de compra e venda (do veículo), e um acessório, que
é o mútuo (financiamento bancário).

No dia seguinte, porém, você faz as contas, vê que os descontos da remuneração bruta são maiores do
que você imaginou e pensa que, em verdade, deveria guardar o dinheiro para dar entrada numa casa.
Procura o banco e este diz que o fato de você ter se arrependido de comprar o carro é um problema seu
e da concessionária, porque ele cumpriu a parte dele disponibilizando o crédito; procura a
concessionária e esta diz que o fato de você ter se arrependido do financiamento é um problema seu e
do banco, porque ela cumpriu a parte dela entregando o veículo a vocês.

Como os dois contratos são diferentes, independentes, ambos estão certos. Arrependido da compra, use
o crédito para comprar outra coisa; arrependido do financiamento, arranje outra forma de pagamento.
É assim? Claro que não. Por isso, a regra. Se você está no prazo e cumpre as condições de exercício do
direito de arrependimento quanto à compra (art. 49) ou quanto ao crédito (art. 49 e art. 54-B, inc. III),
o arrependimento no contrato principal ou acessório implica no consequente arrependimento no
contrato acessório ou principal, respectivamente.

E se você não se arrepender, mas uma das partes em um dos contratos descumprir? Por exemplo, o
banco que deveria fornecer o crédito não fornece, como você pagará o carro? O banco fornece o crédito,
mas a concessionária não entrega o carro, o que você fará com o crédito?

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Prevê o art. 54-F, §2º, que nesses casos, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres
do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não
cumprido contra o fornecedor do crédito. Esse direito cabe igualmente ao consumidor contra o
portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo; e contra o
administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou similar e o
produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes a um
mesmo grupo econômico (§3º, incs. I e II).

Além disso, o §4º prevê que a invalidade (nulidade ou anulabilidade) ou a ineficácia do contrato
principal implica, de pleno direito, a do contrato de crédito que lhe seja conexo, ressalvado ao
fornecedor do crédito o direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução
dos valores entregues, inclusive relativamente a tributos.

Em síntese, em caso de contratos conexos, coligados ou interdependentes, de


consumo - contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e contrato
acessório de crédito - o que ocorrer com um contamina o outro. Se houver:

Arrependimento do consumidor no principal, há arrependimento no acessório, e vice-versa

Inexecução do fornecedor no principal, rescinde-se o acessório, e vice-versa

Invalidação ou ineficácia do contrato principal, há invalidade ou ineficácia do acessório, e vice-versa

Trata-se de ampliação do princípio da gravitação jurídica e, em alguma medida, exceção. Pelo


princípio, o que ocorre com o bem principal, ocorre com o bem acessório, mas não o contrário.
Essa regra se aplica ao Direito das Obrigações - e, consequentemente, aos contratos - em geral, pelo que
a obrigação acessória segue a sorte da obrigação principal, mas não vice-versa. Aqui, a obrigação
acessória segue a sorte da obrigação principal e a obrigação principal segue a sorte da
obrigação acessória.

Sem prejuízo das cláusulas abusivas (art. 39) e da legislação aplicável à matéria, o art. 54-
G, incs. I a III, veda ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre
outras condutas:

➢ Cobrar ou debitar quantias contestadas

Não pode o fornecedor realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que
houver sido contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar,
enquanto não for adequadamente solucionada a controvérsia. Para tanto, o consumidor precisa ter
notificado a administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 dias contados da data
de vencimento da fatura.

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Veda-se a manutenção do valor na fatura seguinte, sendo assegurado ao consumidor o direito de deduzir
do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada. O emissor pode
lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada,
enquanto não encerrada a apuração da contestação.

➢ Recusar cópias de contratos de crédito e consumo

Não pode o fornecedor recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros
coobrigados, cópia da minuta do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito. A cópia
pode ser disponibilizada em papel ou outro suporte duradouro, disponível e acessível, e, após a
conclusão, cópia do contrato.

O §1º estabelece que, sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de


entrega da minuta do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha
de pagamento, a formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação devem
ocorrer após o fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem
consignável.

➢ Impedir ou dificultar bloqueios e anulações de crédito

Não pode o fornecedor impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta


do cartão de crédito ou similar, que o consumidor peça e obtenha, quando
aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento. A mesma regra vale
para a restituição dos valores indevidamente recebidos.

Por fim, o §2º do art. 54-G exige que, nos contratos de adesão, o fornecedor preste ao
consumidor, previamente, as informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B, além de outras
porventura determinadas na legislação em vigor. Além disso, fica o fornecedor obrigado a entregar ao
consumidor cópia do contrato, após a sua conclusão.

A letra da Lei

Agora, trago a você os dispositivos de lei referentes à nossa aula. Lembro que, ao longo do texto, eu não
trato de todos os dispositivos legais aqui citados, propositadamente. Isso porque meu objetivo não é
tornar o material um comentário à lei, mas, sim, fazer você compreender os institutos jurídicos que são
importantes à prova.

Agora, ao contrário, o objetivo é trazer todos os dispositivos legais, para que você possa ao menos passar
os olhos. Não se preocupe em compreender em detalhe cada um deles; eu objetivo apenas trazer o texto
legal para que você não precise procurá-los fora do material. Trata-se da letra da lei com grifos nos
principais pontos da norma, para ajudar na fixação dos conteúdos.

Vamos lá!

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CAPÍTULO VI-A
DA PREVENÇÃO E DO TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO

Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre
o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor.

§ 1º Entende-se por superendividamento a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa


natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem
comprometer seu mínimo existencial, nos termos da regulamentação.

§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo englobam quaisquer compromissos financeiros


assumidos decorrentes de relação de consumo, inclusive operações de crédito, compras a prazo e
serviços de prestação continuada.

§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas
mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito
de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de luxo
de alto valor.

Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias previstas
no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá
informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre:

I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos que o compõem;

II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de
qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento;

III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2
(dois) dias;
IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do fornecedor;

V - o direito do consumidor à liquidação antecipada e não onerosa do débito, nos termos do § 2º


do art. 52 deste Código e da regulamentação em vigor.

§ 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de forma
clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso ao
consumidor.

§ 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá
em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo
do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro.

§ 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de
venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo total,
o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento.

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Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou


não:

I - (VETADO);

II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção
ao crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;

III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da


venda a prazo;

IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou


crédito, principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de
vulnerabilidade agravada ou se a contratação envolver prêmio;

V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia


ou à desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos
judiciais.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à contratação, o fornecedor ou o intermediário deverá,


entre outras condutas:

I - informar e esclarecer adequadamente o consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza e a


modalidade do crédito oferecido, sobre todos os custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52
e 54-B deste Código, e sobre as consequências genéricas e específicas do inadimplemento;

II - avaliar, de forma responsável, as condições de crédito do consumidor, mediante análise das


informações disponíveis em bancos de dados de proteção ao crédito, observado o disposto neste
Código e na legislação sobre proteção de dados;

III - informar a identidade do agente financiador e entregar ao consumidor, ao garante e a outros


coobrigados cópia do contrato de crédito.

Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos arts.
52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou de
qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato
original, conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do
consumidor, sem prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e
morais, ao consumidor.

Art. 54-E. (VETADO).

Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de
fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o
financiamento quando o fornecedor de crédito:

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I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do


contrato de crédito;

II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço


financiado ou onde o contrato principal for celebrado.

§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato


principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja
conexo.

§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações
e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do
contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito.

§ 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá igualmente ao consumidor:


==336848==

I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo;

II - contra o administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito


ou similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades
pertencentes a um mesmo grupo econômico.

§ 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato principal implicará, de pleno direito, a do contrato


de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o
direito de obter do fornecedor do produto ou serviço a devolução dos valores entregues, inclusive
relativamente a tributos.

Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é vedado
ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas:

I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido
contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for
adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora
do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de vencimento da
fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao consumidor o direito de
deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada, podendo
o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido
cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação;

II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta
do contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro,
disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato;

III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o
consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, ou
ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos.

§ 1º Sem prejuízo do dever de informação e esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta do


contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita mediante consignação em folha de pagamento, a

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formalização e a entrega da cópia do contrato ou do instrumento de contratação ocorrerão após o


fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a indicação sobre a existência de margem
consignável.

§ 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve prestar ao consumidor, previamente, as


informações de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Código, além de outras porventura
determinadas na legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao consumidor cópia do contrato,
após a sua conclusão.

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Práticas comerciais (arts. 29 a 45)


Bancas sortidas
1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) AN é bancária e recebe,
mensalmente, plano de metas para realizar com a sua clientela ou com novos clientes que venha
a consolidar. Muitos dos seus clientes são idosos que percebem razoável remuneração de
aposentadoria e pensões. Mirando nesse nicho, ela contata os indivíduos e, com sua competência
verbal, consegue realizar inúmeros contratos e bater as metas exigidas. Alguns dos seus clientes,
no entanto, após verificar que o saldo disponível em suas contas não permite o pagamento de
suas despesas básicas, apresentam reclamação à Diretoria do banco. Segundo as regras do
Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, constitui prática abusiva prevalecer-se da
fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
(A) familiaridade
(B) generosidade
(C) liberdade
(D) amizade
(E) idade

Comentários:

A alternativa A está incorreta, pois na fraqueza ou ignorância leva em consideração sua saúde, idade,
conhecimento ou condição social, conforme dispõe o CDC: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos
ou serviços, dentre outras práticas abusivas: IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do
consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus
produtos ou serviços”. Levando em consideração que se trata de pessoa idosa, sua vulnerabilidade
estará ligada à sua idade, portanto.

A alternativa B está incorreta, pois a generosidade da pessoa idosa em nada afeta sua posição de
vulnerabilidade para fins comerciais.

A alternativa C está incorreta, pois a liberdade também não se relaciona com a posição de
vulnerabilidade da pessoa idosa, do ponto de vista comercial.

A alternativa D está incorreta, pois a amizade também não tem relação com a vulnerabilidade.

A alternativa E está correta, conforme disposição do art. 39, inc. IV, do CDC.

2. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Sobre os bancos de


dados e cadastros de consumidores, previstos no artigo 43 e parágrafos do Código de Defesa do
Consumidor, analise as afirmativas:
I. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de
fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a três anos.
II. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua
imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de quinze dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas.

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III. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e


congêneres são considerados entidades de caráter público.
IV. Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
Está correto o que se afirma em:
(A) Apenas II; III e IV.
(B) Apenas I e IV.
(C) Apenas III e IV.
(D) Apenas II e III.
(E) Apenas I; III e IV.
Comentários:
A afirmativa I está incorreta. O período máximo de veiculação do nome no consumidor no cadastro
negativo é de 5 anos, como prevê o art. 43, §1º: "Os cadastros e dados de consumidores devem ser
objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações
negativas referentes a período superior a cinco anos".

O consumidor deve ter acesso gratuito ao seu cadastro e dados, de maneira que estes devem ser
objetivos, verídicos e possíveis de serem compreendidos facilmente, sendo proibidas quaisquer
cobranças para consulta, bem como deve ser permanentemente atualizado. Ademais, as informações
negativas a respeito do devedor devem constar em um prazo máximo de cincos anos. Além disso, essas
informações devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com
deficiência, mediante solicitação do consumidor, como exige a Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa
com Deficiência.

É o que prevê, de maneira sucinta, a Súmula 323 do STJ: “A inscrição do nome do devedor pode ser
mantida nos serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da
prescrição da execução”. A Súmula, contudo, não fixa o início do prazo, se da inscrição ou da dívida. O
entendimento do STJ (REsp 1.630.659/DF) é de que “em razão do respeito à exigibilidade do crédito e
ao princípio da veracidade da informação, o termo inicial do limite temporal de cinco anos em que a
dívida pode ser inscrita no banco de dados de inadimplência é contado do primeiro dia seguinte à data
de vencimento da dívida”.

A afirmativa II está incorreta. O prazo para correção de dados errados é de 5 dias úteis, conforme o art.
43, §3º: "O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir a
sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos
eventuais destinatários das informações incorretas".

O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.

O consumidor tem direito ao acesso à informação, garantido pelo CDC, sob essa conjuntura, se analisar
seus dados e cadastros e encontrar equívoco nas informações contidas, lhe é assegurado exigir a sua
imediata correção. Sendo comunicada sua alteração no prazo de cinco dias úteis, para aqueles que
tiveram erro em seus dados e cadastros. Cabível, aqui, inclusive, o Habeas Data, medida constitucional
extrema, se necessário, para assegurar que os dados sejam corrigidos.

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A afirmativa III está correta. Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado, têm caráter público.
É o que prevê o art. 43, §4º: "Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de
proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público".

Os bancos de dados e cadastros responsáveis por essas informações a respeito dos consumidores, os
serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.

Veja que, o score de crédito não se caracteriza como banco de dados, como disposto na Súmula 550 do
STJ: "a utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco
de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos
sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo."

A afirmativa IV está correta. Mesmo que o prazo máximo do cadastro seja de 5 anos, como determina
o art. 43, §1º, o §5º limita a inserção ao prazo de prescrição da dívida, se este for menor: "Consumada a
prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos
Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso
ao crédito junto aos fornecedores". Assim, se a dívida prescreve em 2 anos, como é o caso da pensão
alimentícia (art. 206, §2º, do Código Civil), a restrição tem de cair em 2 anos.

O CDC estabelece que o cadastro e dados contidos a respeito do consumidor, contendo informações
negativas, não podem superar o prazo de cinco anos, ou seja, o nome pode ficar "sujo" por até cinco
anos, contado o prazo do dia seguinte ao vencimento da dívida. É o que se chama popularmente de "a
dívida caduca em cinco anos".

Assim, uma vez incluído no SERASA, meu nome só pode ficar sujo por no máximo cinco anos, contado o
prazo do dia seguinte ao do vencimento da dívida (e não da inscrição em si). Superado o prazo, meu
nome não pode mais constar do cadastro. Caso o controlador do banco de dados não retire o nome do
consumidor após o prazo ou, efetivado pagamento, demorar demasiadamente para fazê-lo, cabe
indenização por dano moral, entende o STJ (REsp 480.622/RJ).

Sendo assim, a alternativa C está correta e é o gabarito da questão.


3. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Estabelece o artigo 30
do Código de Defesa do Consumidor que “Toda informação ou publicidade, __________, veiculada
por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato
que vier a ser celebrado.” Assinale a alternativa que completa corretamente o espaço acima:
(A) Objetiva e clara.
(B) Necessária e objetiva.
(C) Objetiva o suficiente.
(D) Suficientemente clara e objetiva.
(E) Suficientemente precisa.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O art. 31 prevê os requisitos para a oferta de produtos e serviços: "A
oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas,
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores". Assim, não há conexão com a publicidade, objeto
da questão.

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O dispositivo demonstra a necessidade de transparência e informação dos produtos e serviços


disponíveis no mercado de consumo, de forma que os consumidores possam ter uma compreensão clara
e objetiva inclusive acerca dos riscos que apresentem para que não tenha sua liberdade de escolha
viciada, conhecendo todas as informações das características do objeto de consumo.

A alternativa B está incorreta. De novo, o item se relaciona com a oferta, que é um dos elementos da
publicidade.
O art. 31 do CDC prevê a necessidade da oferta ser apresentada de maneira objetiva, correta, precisa,
porém não se relaciona com o enunciado da questão.
A alternativa C está incorreta. De novo, o item se relaciona com a oferta, que é um dos elementos da
publicidade.
A oferta de produtos ou serviços, bem como sua apresentação, deve sim ser manifestada de maneira
suficientemente clara e objetiva, como trata o art. 31 do CDC, entretanto, o enunciado da questão
descreve como deve ocorrer a publicidade e não a oferta.
A alternativa D está incorreta. O art. 31 prevê os requisitos para a oferta de produtos e serviços: "A
oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas,
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores". Assim, não há conexão com a publicidade, objeto
da questão.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Trata-se da previsão do art. 30: "Toda informação
ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou
dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado".

A informação ou publicidade veiculada sobre um produto ou serviço, desde que precisa, se torna
obrigatória. Veja que, se o fornecedor diz apenas que tem o produto, isso não é uma oferta, porque ela
não é suficientemente precisa. Necessário que a informação seja suficiente para que um consumidor em
potencial a aceite. O art. 30 do CDC traz, de maneira mais explícita, a previsão do art. 429 do Código Civil
(“A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se
o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos”).

Diferente do Código Civil, o CDC não faz menção a exceções, situações nas quais a oferta deixa de ser
obrigatória ou pode ser revogada. Isso se explica pelo reconhecimento de que o consumidor é
vulnerável.

Igualmente, mesmo que no contrato escrito, celebrado depois, não houver a informação que fora
prestada previamente pelo fornecedor, ela integra o contrato. É o caso das informações prestadas por
um corretor sobre plano de saúde. Elas integram o contrato que vier a ser celebrado, posteriormente
(REsp 531.281/SP).

4. (UFMT - Prefeitura de Rondonópolis - MT - 2019) Quanto à responsabilidade do


fornecedor de produto ou serviço na relação jurídica de consumo, assinale a
assertiva INCORRETA.
(A) O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos
ou representantes autônomos.

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(B) A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida
por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
(C) A solidariedade existente entre os integrantes da cadeia de fornecimento de bens e serviços serve
de fundamento legal da responsabilidade por danos causados nas relações empresárias no interior
dessa cadeia.
(D) É objetiva a responsabilidade do fornecedor pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes
sobre sua fruição e riscos.
Comentários
A alternativa A está correta. Precisamente, a responsabilidade é solidária: "Art. 34. O fornecedor do
produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes
autônomos".

O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por
isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se
responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode
acontecer, visto que a responsabilidade é solidária.

Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de
consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de
seus prepostos ou representantes autônomos.

Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de
fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo,
em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não
cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp
1.684.132/CE).

A alternativa B está correta. Trata-se da aplicação da Súmula 187 do STF: "A responsabilidade
contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de terceiro, contra
o qual tem ação regressiva".

De acordo com a decisão do STF: "presente o nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano
causado ao terceiro, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva em relação a usuários e não usuários do serviço. (...) Nessa linha, a
jurisprudência de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal evoluiu no sentido de que a
responsabilidade objetiva do art. 37, § 6º, da Lei Maior alcança atos comissivos e omissivos. (...)" (RE
591.874/91/MS).

A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. A regra geral de responsabilização está prevista
no art. 7°, parágrafo único: "Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo". Isso ocorre quando há pluralidade de
ofensores. No entanto, na cadeia de consumo (do fabricante até o consumidor, com os intermediários),
há responsabilidade solidária, em regra, mas nem sempre, como se vê pelo art. 13: "O comerciante é
igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor
ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do
seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos
perecíveis". O comerciante, assim, na cadeia de consumo, responde apenas nos casos do art. 13 e não
solidariamente, sempre.

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O comerciante é o fornecedor imediato na relação de consumo, ou seja, aquele que se relaciona


diretamente com o consumidor. O comerciante pode ser o varejista, atacadista, distribuidores, ele não
interfere no produto apenas o comercializa. Muitas vezes, sequer ele pode conhecer do problema do
produto, já que ele vem acondicionado em embalagem inviolável. Por isso sua responsabilidade é, em
geral, subsidiária.

A alternativa D está correta. É esse o sentido do art. 14: "O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos".

O dispositivo trata da responsabilidade por fato ou defeito do serviço, sendo que essa responsabilidade
é, em regra, objetiva (sem necessidade de comprovação de culpa). Assim, o fornecedor de serviços
responde por não dar informações suficientes ou adequadas sobre a utilização do serviço, ou quanto
aos riscos à saúde ou segurança do consumidor. Ainda, se o consumidor sofrer algum dano decorrente
de defeitos da prestação de serviços, o fornecedor também responde por sua reparação.

5. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Segundo o CDC, é enganosa a publicidade


(A) capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial à sua saúde.
(B) que incite à violência.
(C) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança.
(D) que desrespeite valores ambientais.
(E) capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito das características, da qualidade e da
quantidade de um produto.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a
publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador.
É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor
ao erro no mercado de consumo.
A alternativa B está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a
publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa
à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador.

A propaganda que incite à violência, ou que utilize de alguma superstição dos possíveis interessados
para convencê-lo a comprar o produto ou serviço é considerada abusiva. Propagandas que, de algum
modo, incentivam o estupro, a violência contra raça, gênero, sexualidade, deficiência, entre outras, é
igualmente considerada abusiva. A "Bud Light" trouxe em seu rótulo a seguinte mensagem, em 2015:
"The perfect beer for removing "No" from your vocabulary for the night", que se traduz em "a cerveja
perfeita para remover o "não" do seu vocabulário para a noite". A campanha recebeu diversas críticas
por remeter ao estupro, de modo que se visualiza um exemplo de propaganda abusiva.

A alternativa C está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a
publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a

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superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores


ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa
à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador.
As propagandas que se aproveitam da inexperiência das crianças, ainda que não sejam mentiras, mas
que seja prejudicial aos interesses consumeristas, são abusivas.
A alternativa D está incorreta. Estabelece o art. 37, §2°: "É abusiva, dentre outras a
publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa
à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Estabelece o art. 37, §1°: "É enganosa qualquer
modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por
qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros
dados sobre produtos e serviços".

É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor
ao erro no mercado de consumo. Pois, apesar de ser lícito existir um certo exagero às propagandas,
como dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo (informação subjetiva e com ar
jocoso), por outro lado, não é lícito dizer que se vende o carro mais econômico da categoria, se o
fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar científico), isso constitui publicidade
enganosa.

6. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, toda informação ou publicidade


suficientemente precisa vincula o fornecedor. Assim, na hipótese de recusa no cumprimento da
oferta ou publicidade, o consumidor poderá
(A) aceitar outro produto ou prestação de serviço, ainda que não equivalente.
(B) rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, mas
sem direito a perdas e danos.
(C) rescindir o contrato, sem direito à restituição da quantia paga.
(D) exigir o cumprimento forçado da obrigação, com direito a produto ou serviço com qualidade
superior aos termos da oferta ou publicidade.
(E) exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta ou publicidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade,
o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou
rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: II -
aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente".

O fornecedor de produtos ou serviços não pode se recusar a cumprir a oferta apresentada, por isso,
sendo o consumidor o elo mais fraco da cadeia de consumo e a parte mais vulnerável, se o fornecedor
não quiser cumprir a oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor pode, alternativamente e à sua
livre escolha; exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; rescindir o contrato, com
direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e
danos.

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A alternativa B está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade,


o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou
rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: III -
rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente
atualizada, e a perdas e danos".
O direito a perdas e danos está incluso no inciso III do art. 35, de modo que se encaixa em uma das
opções de escolha do consumidor no caso de recusa do fornecedor em cumprir a oferta.
A alternativa C está incorreta. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da oferta ou publicidade,
o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação, aceitar outro produto ou
rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à
oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: III -
rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente
atualizada, e a perdas e danos".
A quebra de contrato poderá ser feita, com direito à restituição de quantia paga, como dispõe o inciso
III do art. 35, sendo assim, se encaixa em uma das opções de escolha do consumidor no caso de recusa
do fornecedor em cumprir a oferta.
A alternativa D está incorreta. Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento
à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I -
exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade.
O consumidor pode exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, quando o
fornecedor se recusar a cumprir o que consta na oferta, apresentação ou publicidade, como estabelece
o inciso I do art. 35 do CDC.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Caso o fornecedor se recuse no cumprimento da
oferta ou publicidade, o consumidor pode escolher, alternativamente, o cumprimento da obrigação,
aceitar outro produto ou rescindir o contrato. É o que o art. 35: "Se o fornecedor de produtos ou serviços
recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e
à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação
ou publicidade".

Se o fornecedor não quiser cumprir a oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor pode,


alternativamente e à sua livre escolha; exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta,
apresentação ou publicidade; aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; rescindir o
contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e
a perdas e danos.

As três opções são alternativas ao consumidor, que pode escolher livremente quaisquer delas. O
fornecedor não pode se negar a oferecer outro produto ou serviço equivalente, se o consumidor quiser
ainda o produto ou serviço. Além disso, a escolha compete ao consumidor. Não pode o fornecedor,
simplesmente, enviar outro produto equivalente ao consumidor, sem que esse concorde com essa
solução. Não pode também se negar a restituir o preço pago ou tentar, de algum modo, fazer descontos
indevidos, como no caso de frete.

7. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, é permitido ao fornecedor de produtos ou


serviços, sem que sua conduta seja considerada como prática abusiva,
(A) enviar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto.

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(B) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades
de estoque e, ainda, em conformidade com os usos e costumes.
(C) condicionar o fornecimento de um produto ao fornecimento de outro produto ou serviço.
(D) proibir o ingresso, em estabelecimentos comerciais, de um número maior de consumidores que
o fixado pela autoridade administrativa como máximo.
(E) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e a autorização expressa do
consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.
Comentários
A alternativa A está incorreta. É prática abusiva, conforme o art. 39: "É vedado ao fornecedor de
produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem
solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço". No mesmo sentido, o caso mais
famoso, a Súmula 532 do STJ: "Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem
prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação
de multa administrativa".
Ocorre a prática abusiva, quando o fornecedor realiza a entrega de um produto ou fornece um serviço
sem que o consumidor tenha solicitado. Essa prática era comum nos anos 1990 e 2000. O fornecedor
enviava um produto acompanhado de um boleto e, com a falta do pagamento, ele mandava o nome do
consumidor para o SERASA: não pode.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 39 é vedada tal prática: "É vedado ao fornecedor
de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: II - recusar atendimento às demandas dos
consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os
usos e costumes".

A finalidade do CDC é evitar que exista limitação do atendimento do fornecedor a determinado


consumidor, de maneira discriminatória. Por outro lado, a norma também impede que o consumidor
exija do fornecedor quantidades incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a
limitação de estoque do fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS).

De acordo com a decisão: "A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado
produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo
individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material."

A alternativa C está incorreta. É a regra do art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços,
dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao
fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos".

É abusiva a prática de condicionar o fornecimento de um produto ou serviço ao fornecimento de outro


produto ou serviço, isso porque se o mercado de consumo é livre e eu tenho dinheiro, e o fornecedor
tem o produto, ele não pode limitar minhas compras, para menos ou para mais.

Nesse sentido, um caso chamou atenção, a Bauducco condicionava a aquisição de um relógio de pulso
com a imagem do ogro Shrek e de outros personagens do desenho à apresentação de cinco embalagens
dos produtos “Gulosos”, além do pagamento adicional de R$ 5,00: "A hipótese dos autos caracteriza
publicidade duplamente abusiva. Primeiro, por se tratar de anúncio ou promoção de venda de alimentos
direcionada, direta ou indiretamente, às crianças. Segundo, pela evidente "venda casada", ilícita em
negócio jurídico entre adultos e, com maior razão, em contexto de marketing que utiliza ou manipula o
universo lúdico infantil (art. 39, I, do CDC)" (REsp 1.558.086/SP). O STJ considerou que a campanha
publicitária configurava venda casada com manipulação do universo lúdico infantil, afrontando o CDC.

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A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Não se permite que um número maior de pessoas
adentre nos estabelecimentos comerciais, conforme o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços, dentre outras práticas abusivas: XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou
de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como
máximo". Assim, proibir o acesso não é prática abusiva.

O objetivo do dispositivo é evitar a aglomeração de pessoas, podendo causar uma situação perigosa, que
possa arriscar à saúde ou segurança dos consumidores, especialmente em locais como baladas,
notoriamente conhecidas pelo excesso de pessoas confinadas em espaços diminutos.

Além de prática abusiva, essa conduta também tipifica o crime previsto no art. 65 do CDC, de executar
serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente.

A norma foi incluída pela Lei 13.425/2017, após o desastre da Boate Kiss, que matou 242 pessoas em
Santa Maria/RS, em 2013. Infelizmente, agentes públicos, civis e militares, e privados responsáveis pelo
desastre sofreram pouca ou nenhuma punição, mas, ao menos, o caso gerou repercussão legislativa para
prevenir futuras ocorrências.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o art. 39, exige-se orçamento prévio, exceto se houver
relações contratuais prévias entre as partes: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas: VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes".

O fornecedor não pode executar serviços sem que antes haja uma elaboração do orçamento e que o
consumidor manifeste o consentimento, de modo que o orçamento é obrigatório, com a exceção de casos
extremos. Desse modo, o orçamento obriga as partes e somente pode ser alterado por uma nova
negociação.

Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço estratosférico e impagável
existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o
consumidor, aos poucos. O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de
maneira inequívoca que não pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não
estavam discriminados em orçamento prévio e aprovado pelo consumidor. A própria regra excepciona
a situação em que as partes já travam relações frequentes, situação na qual elas têm um histórico de
transações.

8. (COPEVE - Prefeitura de Porto Calvo - AL - 2019) O Código de Defesa do Consumidor


estabelece normas voltadas à proteção e defesa do consumidor, entre elas as que vedam práticas
tidas como abusivas. Considera-se uma prática abusiva, segundo o Código de Defesa do
Consumidor:
I. repassar ao consumidor, no preço do produto ou serviço, o custo de impostos ou taxa cobrados do
comerciante;
II. recusar substituição do produto por outro da mesma espécie, por livre escolha do consumidor;
III. recusar atendimento às demandas dos consumidores, por indisponibilidade de estoque;
IV. Enviar ao consumidor produto sem prévia solicitação.
Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s)
(A) IV, apenas.
(B) I e IV, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III, apenas.

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(E) I, II, III e IV.

Comentários
A afirmativa I está incorreta. O art. 6º, inc. III, prevê a exigência de indicação dos tributos: "São direitos
básicos do consumidor: a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem". No entanto, não há qualquer menção a essa prática.

Para que o consumidor tenha liberdade de escolha e não tenha seu direito viciado, ele deve receber
todas as informações sobre o produto, de forma clara e adequada, sem a omissão dos aspectos negativos,
devendo o fornecedor, informar especificadamente sobre a quantidade, características, tais como os
riscos que possam apresentar o produto ou serviço, em vista de sua posição de vulnerabilidade perante
o fornecedor. Se o consumidor não receber todas as informações necessárias poderá estar sendo
comprometida a veracidade de sua escolha, que foi feita sem toda a ciência. Se trata de um direito básico
do consumidor, e não de uma prática abusiva.

A afirmativa II está incorreta. O art. 18, §1°, proíbe que o fornecedor não substitua o produto, mas não
trata dessa situação como abusiva: "Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma
espécie, em perfeitas condições de uso".

Se o vício do produto não for sanado em 30 dias, o consumidor por exigir, alternativamente e à sua
escolha; a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; a
restituição imediata do valor pago, atualizado, sem prejuízo das perdas e danos; e o abatimento
proporcional do preço.

A afirmativa III está incorreta. De acordo com o art. 39 é vedada tal prática: "É vedado ao fornecedor
de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: II - recusar atendimento às demandas dos
consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com
os usos e costumes". Veda-se, portanto, o atendimento dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque; se estiver o produto indisponível, válido não atender.

A finalidade do CDC é evitar que exista limitação do atendimento do fornecedor a determinado


consumidor, de maneira discriminatória. Por outro lado, a norma também impede que o consumidor
exija do fornecedor quantidades incompatíveis com os usos e costumes. Inclusive, o STJ entende que a
limitação de estoque do fornecedor, justificada, não gera dano moral indenizável (REsp 595.734/RS).

De acordo com a decisão: "A falta de indicação de restrição quantitativa relativa à oferta de determinado
produto, pelo fornecedor, não autoriza o consumidor exigir quantidade incompatível com o consumo
individual ou familiar, nem, tampouco, configura dano ao seu patrimônio extra-material."

A afirmativa IV está correta. É a literalidade do art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou
serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia,
qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço".

Ocorre a prática abusiva, quando o fornecedor realiza a entrega de um produto ou fornece um serviço
sem que o consumidor tenha solicitado. Essa prática era comum nos anos 1990 e 2000. O fornecedor
enviava um produto acompanhado de um boleto e, com a falta do pagamento, ele mandava o nome do
consumidor para o SERASA: não pode. Caso que continua acontecendo é o envio de cartão de crédito

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pelo banco, sem solicitação, com cobrança de anuidade. O STJ, na Súmula 532, entende que constitui
prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor,
configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa.

Sendo assim, a afirmativa A está correta e é o gabarito da questão.


9. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) Acerca da oferta de produtos e serviços e sua
publicidade, o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) prescreve que
(A) o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina.
(B) o fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos
ou representantes autônomos.
(C) os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição
até seis meses após a fabricação ou a importação do produto.
(D) O fornecedor, na publicidade de seus produtos, não tem o dever de manter, em seu poder, para
informação de interessados, os dados fáticos que dão sustentação à mensagem.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Quem tem mais facilidade para provar que a
publicidade é (in)correta ou (in)verídica? Quem a produziu, claro, e não o consumidor. Esse é o sentido
do art. 38: "O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe
a quem as patrocina".

O dispositivo determina que cabe a quem patrocina a publicidade o ônus da prova, ou seja, cabe ao
fornecedor provar a veracidade da informação e que a mesma está correta.

Segundo o STJ, as empresas de comunicação não respondem por publicidade e propostas abusivas ou
enganosas, porque essa responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram
(REsp. 604.172/SP).

Também já entendeu o STJ que é possível o redirecionamento da condenação de veicular


contrapropaganda imposta a matriz à sua filial. Ainda que possuam CNPJ diversos e autonomia
administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica
como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às
filiais (REsp 1.655.796/MT).

A alternativa B está incorreta. Ao contrário, a responsabilidade é solidária: "Art. 34. O fornecedor do


produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes
autônomos".

O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por
isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se
responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode
acontecer, visto que a responsabilidade é solidária.

Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de
consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de
seus prepostos ou representantes autônomos.

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Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de
fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo,
em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não
cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp
1.684.132/CE).

A alternativa C está incorreta. Mesmo que cessada a fabricação, deve haver ainda fornecimento de
peças de reposição por prazo razoável. É a previsão do art. 32: "Os fabricantes e importadores deverão
assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou
importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser
mantida por período razoável de tempo, na forma da lei".

O dispositivo demonstra a necessidade de muitos produtos precisarem de componentes e peças de


reposição para continuarem funcionando enquanto esse fornecimento estiver sendo importado ou
fabricado para o consumidor. Podem ser peças que se quebram com certa frequência, como a tela dos
celulares, ou peças que sofrem desgaste com o uso e exigem substituição, como nos automóveis. Visto
isso, ao fabricantes e importadores ficam obrigados a fornecer as peças do celular ou do carro também.
Não obstante, após cessada a produção ou importação, os fabricantes ou fornecedores devem manter a
oferta por um período razoável, ainda que esse período não seja especificado no dispositivo.

A alternativa D está incorreta. Trata-se do art. 36, parágrafo único: "O fornecedor, na publicidade de
seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os
dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem".

É necessário que o consumidor, identifique a propaganda a propaganda como tal assim que tiver acesso
a ela, por ser vulnerável diante do mercado de consumo e muitas vezes não entender que determinada
informação sobre um produto ou serviço é, na verdade, uma propaganda. O consumidor,
hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso a um produto
de uma publicidade mascarada. Por isso, o fornecedor deve manter os dados que caucionam a
mensagem informada, para esclarecer os possíveis interessados no produto ou serviço.

10. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) O Código de Defesa do Consumidor (Lei


Federal nº. 8.078/1990) trata, entre outras temáticas, das práticas abusivas ao consumidor.
Sobre tais práticas, é correto afirmar que ao fornecedor de produtos ou serviços
(A) é vedado exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, salvo se apresentar
fundamentação expressa.
(B) é permitido aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido.
(C) é permitido, em todo caso, executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor.
(D) é vedado elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O fornecedor não pode exigir vantagem excessiva do consumidor, sob
pena de desvirtuamento do mercado de consumo, como prevê o art. 39: "É vedado ao fornecedor de
produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: V - exigir do consumidor vantagem
manifestamente excessiva". Não há exceção, como mencionado na alternativa.

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O consumidor é a parte mais vulnerável da cadeia de consumo, por isso, o CDC estabeleceu que é seu
direito básico a proteção contra cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais, podendo estas
serem modificadas, além disso, lhe é assegurada a reparação de danos patrimoniais, segundo o art. 6º
do CDC. Sob essa conjuntura, o fato de se exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva
constitui prática abusiva, visto que o fornecedor pode gerar enriquecimento sem causa.

A alternativa B está incorreta. Há, aí, evidente violação ao princípio da força obrigatória dos contratos,
expressamente proibida pelo art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras
práticas abusivas: XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido".

O fornecedor de produtos ou serviços não pode alterar, de maneira tendenciosa, aquilo que se foi
pactuado. Por isso, adotar fórmula ou índice de reajuste que diverge do que se estabeleceu em contrato
ou da lei, é uma prática considerada abusiva.

A alternativa C está incorreta. De acordo com o art. 39, exige-se orçamento prévio, exceto se houver
relações contratuais prévias entre as partes: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas: VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes".
O fornecedor não pode executar serviços sem que antes haja uma elaboração do orçamento e que o
consumidor manifeste o consentimento, de modo que o orçamento é obrigatório, com a exceção de casos
extremos. Desse modo, o orçamento obriga as partes e somente pode ser alterado por uma nova
negociação.
Justamente para que o fornecedor de serviços não apareça com um preço elevadíssimo e impagável
existe essa norma. Ou para que ele não venha com serviços extras imprevistos, de modo a escorchar o
consumidor, aos poucos.
O próprio STJ (REsp 332.869) tem julgado a respeito, estabelecendo de maneira inequívoca que não
pode o fornecedor realizar cobrança de valores se esses valores não estavam discriminados em
orçamento prévio e aprovado pelo consumidor. A própria regra excepciona a situação em que as partes
já travam relações frequentes, situação na qual elas têm um histórico de transações.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Não pode o fornecedor elevar preços sem justa
causa, determina o art. 39: "É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas: X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços".

O abuso do poder econômico, bem como o aumento arbitrário dos lucros, é uma prática reprimida
constitucionalmente, além disso, a elevação sem justa causa de produtos ou serviços caminha no mesmo
sentido do inciso V, que proíbe a vantagem manifestamente excessiva sobre o consumidor. O CDC visa,
de várias maneiras, evitar que o consumidor seja prejudicado, diante da sua vulnerabilidade no mercado
de consumo.

Veja que, o fornecedor pode cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de
pagamento, visto que o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços
oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode o
fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com
pagamento à vista, em dinheiro.

Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem
uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit)

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triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo
coronavírus pelo governo. Por isso, o fornecedor não pode simplesmente aumentar seus preços sem
nenhum fundamento, visando apenas potencializar seus lucros, aproveitando-se de um momento
vulnerável do consumidor.

11. (VUNESP - Câmara de Nova Odessa - SP - 2018) De acordo com o posicionamento sumulado
do Superior Tribunal de Justiça, assinale a assertiva correta.
(A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação do consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(B) A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco
de dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos
sobre as informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo.
(C) Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor depois
de proceder à inscrição.
(D) As instituições de ensino superior respondem subjetivamente pelos danos suportados pelo
aluno/ consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual
não lhe tenha sido dada prévia e adequada informação.
(E) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, bem como nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. A Súmula 404 do STJ pacificou o entendimento: "É dispensável o Aviso
de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em
bancos de dados e cadastros ". Necessário avisar, mas não com AR.

Ao tratar do tema "Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores" o CDC (Código de Defesa do


Consumidor) estabelece em seu art. 43, parágrafo 2º que:" a abertura de cadastro, ficha, registro e dados
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por
ele ".

Do que se vê, de acordo com a legislação consumerista, o que se impõe é a comunicação prévia e por
escrito, ao consumidor, da negativação do seu nome, pelas entidades de proteção ao crédito. Em
nenhum momento, a norma exige que essa se dê por meio de AR (Aviso de Recebimento).

Esse é o entendimento adotado pelo Poder Judiciário brasileiro: REsp nº. 470.477: "Exige-se, apenas,
que a notificação se dê por escrito, comprovando a administradora a emissão da notificação prévia para
o endereço fornecido pela credora associada. Esta prova é válida e capaz de afastar o direito à
condenação por danos morais".

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Prevê a Súmula 550 do STJ: "A utilização de
escore DE CRÉDITO, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa
o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações
pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo".

Se trata de uma prática comercial lícita, assim, o sistema de escore de crédito é um método criado a fim
de se analisar o risco para a concessão de crédito. Essa prática é autorizada pela lei do cadastro positivo,
de modo que essa avaliação ocorre a partir de modelos estatísticos, considerando as diversas variáveis,
então, se dá uma nota do risco de crédito para determinado consumidor, que se atribui uma pontuação
de acordo com a avaliação. Ainda que essa prática ocorra independentemente do consentimento do

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consumidor, as fontes dos dados considerados (histórico de crédito) e as informações pessoas


apreciadas, devem ser fornecidas a ele caso requisitadas.

A alternativa C está incorreta. A notificação deve ser prévia, determina a Súmula 359 do STJ: “Cabe ao
órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor ANTES DE PROCEDER
À INSCRIÇÃO”.

O órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito deve notificar o devedor antes de proceder à
inscrição, conforme a Súmula 359 do STJ. Mas, de toda forma, é dispensável o Aviso de Recebimento
(AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e
cadastros (Súmula 404 do STJ). Logo, segundo entendimento do STJ "a comunicação ao consumidor
sobre a inscrição de seu nome nos registros de proteção ao crédito constitui obrigação do órgão
responsável pela manutenção do cadastro e não do credor, que apenas informa a existência da dívida."

A alternativa D está incorreta. Veja o que a Súmula 595 do STJ prevê: “As instituições de ensino
superior respondem objetivamente pelos danos suportados pelo aluno pela realização de curso não
reconhecido pelo ministério da educação, sobre o qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
informação”.

É responsável objetivamente a instituição de ensino superior que não providencia a regularização de


curso superior a fim de que o mesmo seja reconhecido pelo Ministério da Educação, quando o aluno e
consumidor não tinha informação específica e adequada sobre isso. Tendo em vista o dano moral
causado por obter diploma em curso que não é reconhecido, e não poder exercer o ofício no qual tinha
expectativa que realizaria atividade profissional, o aluno e consumidor tem direito à indenização por
dano moral.

A alternativa E está incorreta. A Súmula 563 do STJ assim dispõe: "O Código de Defesa do Consumidor é
aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos
previdenciários celebrados com entidades fechadas”.

Existem duas espécies de entidade de previdência privada (entidade de previdência complementar): as


entidades de previdência privada abertas e as fechadas.

As entidades fechadas são operadoras de plano(s) de benefícios, constituídas na forma de sociedade


civil ou a fundação, e sem fins lucrativos, mantidas por grandes empresas ou grupos de empresa, para
oferecer planos de previdência privada aos seus funcionários ou associados. Essas entidades são
conhecidas como “fundos de pensão”. Os planos não podem ser comercializados para quem não é
funcionário daquela empresa.

O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou assistidos
de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situações que não
sejam regulamentadas pela legislação especial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 26/8/2015. Entidades fechadas não se amoldam à definição de fornecedor (art. 3º
do CDC). As entidades fechadas de previdência privada não comercializam os seus benefícios ao público
em geral nem os distribuem no mercado de consumo, não podendo, por isso mesmo, ser enquadradas
no conceito legal de fornecedor.

Além disso, não há remuneração pela contraprestação dos serviços prestados e, consequentemente, a
finalidade não é lucrativa, já que o patrimônio da entidade e respectivos rendimentos, auferidos pela

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capitalização de investimentos, revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento


de benefícios aos seus participantes e assistidos.

12. (INAZ do Pará - CRF-SC - 2018) À luz do Código de Defesa do Consumidor, Lei n°
8.078/1990, pode-se afirmar que está incorreta a alternativa:
(A) A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.
(B) O fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos
ou representantes autônomos.
(C) É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
(D) O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a
quem as patrocina.
(E) É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços elevar sem justa causa o preço de produtos ou
serviços.
Comentários
A alternativa A está correta. Veja o que diz o art. 36: "A publicidade deve ser veiculada de tal forma que
o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal".

É necessário que o consumidor, identifique a propaganda a propaganda como tal assim que tiver acesso
a ela, por ser vulnerável diante do mercado de consumo e muitas vezes não entender que determinada
informação sobre um produto ou serviço é, na verdade, uma propaganda. O consumidor,
hipossuficiente, muitas vezes tem dificuldade em distinguir o mero elogio despretensioso a um produto
de uma publicidade mascarada.

Ademais, o merchan das subcelebridades nas redes sociais segue a mesma lógica; não é o produto que
eu vendo, mas sim o produto que eu recomendo; ou seja, é a “aparição de produtos no vídeo, no áudio
ou nos outros artigos impressos, em sua situação normal de consumo, sem declaração ostensiva da
marca”, como diz Antonio Herman Benjamin. Nesse sentido, o CONAR tenta coibir esse tipo de prática
(o uso da hashtag #merchan mostra a tentativa de evitar desinformação). A finalidade do dispositivo é
permitir que o consumidor saiba que a mensagem é destinada para ele.

A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. Ao contrário, a responsabilidade é solidária:


"Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos".

O fornecedor utiliza dos serviços de terceiros para realizar suas atividades no mercado de consumo, por
isso, muitas vezes o fornecedor tenta se esconder por trás das relações jurídicas privadas para não se
responsabilizar, alegando que o dano foi causado por terceiro. O art. 34 prevê que isso não pode
acontecer, visto que a responsabilidade é solidária.

Assim, o legislador objetivou proteger o consumidor, considerado o elo mais fraco da relação de
consumo, que poderá exigir a reparação do dano do produto ou serviço tanto do fornecedor, quanto de
seus prepostos ou representantes autônomos.

Além disso, o STJ entende que há responsabilidade solidária de todos os integrantes da cadeia de
fornecimento por vício no produto adquirido pelo consumidor. Os integrantes da cadeia de consumo,
em ação indenizatória consumerista, também são responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, não

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cabendo a alegação de que o dano foi gerado por culpa exclusiva de um dos seus integrantes (REsp
1.684.132/CE).

A alternativa C está correta. É a literalidade do caput do art. 37: "É proibida toda publicidade enganosa
ou abusiva".

Diante de um mercado consumidor que visa vender seus produtos e serviços de forma intensa para o
maior número de consumidores, a propaganda é um meio cada vez mais utilizado para difundir as
informações, com técnicas persuasivas dos meios de comunicação. Por isso a propaganda é de extrema
importância para o consumidor que torna seus produtos e serviços conhecidos, mas o CDC exige certos
requisitos para proteger os direitos consumeristas. Desse modo, o CDC proíbe as propagandas
enganosas ou abusivas, considerando que o consumidor é o elo mais fraco da cadeia de consumo, e não
deve ser enganado ou instigado ao erro por uma propaganda enganosa ou abusiva, que de alguma forma
prejudique seus interesses.

A alternativa D está correta. Quem tem mais facilidade para provar que a publicidade é (in)correta ou
==336848==

(in)verídica? Quem a produziu, claro, e não o consumidor. Esse é o sentido do art. 38: "O ônus da prova
da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina".

O dispositivo determina que cabe a quem patrocina a publicidade o ônus da prova, ou seja, cabe ao
fornecedor provar a veracidade da informação e que a mesma está correta.

Segundo o STJ, as empresas de comunicação não respondem por publicidade e propostas abusivas ou
enganosas, porque essa responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patrocinaram
(REsp. 604.172/SP).

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administrativa e operacional, as filiais são um desdobramento da matriz por integrar a pessoa jurídica
como um todo. Eventual decisão contrária à matriz por atos prejudiciais a consumidores é extensível às
filiais (REsp 1.655.796/MT).

A alternativa E está correta. Não pode o fornecedor elevar preços sem justa causa, determina o art. 39:
"É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: X - elevar sem justa
causa o preço de produtos ou serviços".

O abuso do poder econômico, bem como o aumento arbitrário dos lucros, é uma prática reprimida
constitucionalmente, além disso, a elevação sem justa causa de produtos ou serviços caminha no mesmo
sentido do inciso V, que proíbe a vantagem manifestamente excessiva sobre o consumidor. O CDC visa,
de várias maneiras, evitar que o consumidor seja prejudicado, diante da sua vulnerabilidade no mercado
de consumo.

Veja que, o fornecedor pode cobrar valores diferentes pelo mesmo produto, por conta da forma de
pagamento, visto que o art. 1º da Lei 13.455/2017 permite a diferenciação de preços de bens e serviços
oferecidos ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Assim, pode o
fornecedor cobrar, por exemplo, R$199 pelo produto, pagando-se no cartão de crédito, e R$179 com
pagamento à vista, em dinheiro.

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Ainda assim, o art. 39, inc. X, do CDC ainda se aplica a vários casos. Exemplos são vendavais que atingem
uma cidade e, no dia seguinte, o preço das folhas de telhas de fibrocimento onduladas (Eternit)
triplicam; álcool-gel que fica dez vezes mais caro no dia seguinte à decretação de quarentena pelo
coronavírus pelo governo. Por isso, o fornecedor não pode simplesmente aumentar seus preços sem
nenhum fundamento, visando apenas potencializar seus lucros, aproveitando-se de um momento
vulnerável do consumidor.

13. (UFG - SANEAGO - GO - 2018) L. B. possui um carro da marca X que se encontra fora da
garantia e vem apresentando vários problemas. Sendo assim, L.B se desloca a uma oficina
mecânica e solicita um orçamento para consertar o seu veículo. O dono da oficina entregou
orçamento prévio discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem
empregados, como também o pagamento e a duração e término do serviço. L. B. pegou o
orçamento e decidiu pensar. Nos termos do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8078/1990),
o fornecedor, visto não ter pactuado prazo diferente com o consumidor , se obriga a manter o
preço do orçamento por quantos dias, contados do recebimento deste orçamento pelo
consumidor?
(A) Cinco dias.
(B) Dez dias.
(C) Quinze dias.
(D) Trinta dias.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O prazo de validade do orçamento previsto pelo
art. 40, §1º, é de 10 dias: "Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de
10 dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.

O CDC exige o prévio orçamento do fornecedor, a respeito do valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos que serão utilizados, mas ainda assim dependerá do consentimento do consumidor para
que o serviço seja iniciado. Assim, após o consumidor autorizar o orçamento ofertado, o fornecedor
pode realizar o serviço, informando as datas de início e término, bem como as formas de pagamento. No
caso de o serviço ser realizado sem autorização do consumidor, será utilizada a regra do art. 39,
parágrafo único, que estabelece que se equiparam às amostras grátis o serviço que não foi solicitado.
Ademais, se não estiver sido convencionado de maneira diversa, o valor orçado tem validade de 10 dias,
contado o prazo de seu recebimento pelo consumidor.

As alternativas A, C, D e E estão incorretas, consequentemente.


14. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, é
considerada enganosa a publicidade
(A) que incite à violência.
(B) que desrespeita valores ambientais.
(C) discriminatória de qualquer natureza.
(D) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência de crianças.
(E) falsa.
Comentários
As alternativas A, B, C e D estão incorretas. Há aí uma pegadinha! Estabelece o art. 37, §1°: "É
enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou
parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o
consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço

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e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços". Abusivas são as práticas previstas no art. 37, §2°:
"É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência,
explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança". Maldade do examinador.

A propaganda que incite à violência, ou que utilize de alguma superstição dos possíveis interessados
para convencê-lo a comprar o produto ou serviço é considerada abusiva. Propagandas que, de algum
modo, incentivam o estupro, a violência contra raça, gênero, sexualidade, deficiência, entre outras, é
igualmente considerada abusiva. A "Bud Light" trouxe em seu rótulo a seguinte mensagem, em 2015:
"The perfect beer for removing "No" from your vocabulary for the night", que se traduz em "a cerveja
perfeita para remover o "não" do seu vocabulário para a noite". A campanha recebeu diversas críticas
por remeter ao estupro, de modo que se visualiza um exemplo de propaganda abusiva.

Ainda se encaixam aquelas que se aproveitam da inexperiência das crianças ou desrespeitam o meio
ambiente, em geral, que seja prejudicial aos interesses consumeristas. É abusiva a propaganda do
Cogumelo do Sol, que prometia, depois da utilização durante seis meses, a cura de um câncer devido às
suas propriedades terapêuticas e medicinais, que agiriam na parte imunológica do organismo,
diminuindo as células cancerígenas (REsp 1.329.556).

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Estabelece o art. 37, §1°: "É enganosa qualquer
modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou,
por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da
natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados
sobre produtos e serviços".

É enganosa, toda publicidade sobre um produto ou serviço que, de alguma forma, induz o consumidor
ao erro no mercado de consumo. Pois, apesar de ser lícito existir um certo exagero às propagandas,
como dizer que se vende o carro mais desejado desde o Egito antigo (informação subjetiva e com ar
jocoso), por outro lado, não é lícito dizer que se vende o carro mais econômico da categoria, se o
fabricante não puder provar o fato (informação objetiva e com ar científico), isso constitui publicidade
enganosa.

A publicidade pode ser enganosa por ação e por omissão; publicidade enganosa comissiva ou ativa e
publicidade enganosa omissiva. Há propaganda enganosa quando montadora de veículos entrega à
imprensa especializada informações erradas sobre veículo prestes a ser lançado no mercado, indicando
que itens de luxo seriam disponibilizados de série, na versão básica, para estimular a compra antecipada
(REsp 1.546.170 – Caso Hyundai i30).

15. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA:


(A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(B) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
(C) Acerca da contratação no comércio eletrônico, nos termos do Decreto nº 7.962/2013, o
fornecedor deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício
do direito de arrependimento pelo consumidor, sendo que o consumidor poderá exercer esse direito
pela mesma ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados,
contudo implica a rescisão dos contratos acessórios, com ônus para o consumidor.

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(D) O consumidor poderá desistir do contrato, no prazo de cinco dias a contar de sua assinatura ou
do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, e os valores eventualmente pagos, a qualquer
título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A Súmula 404 do STJ pacificou o entendimento: "É dispensável o Aviso
de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em
bancos de dados e cadastros ". Necessário avisar, mas não com AR.

Ao tratar do tema "Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores" o CDC (Código de Defesa do


Consumidor) estabelece em seu art. 43, parágrafo 2º que:" a abertura de cadastro, ficha, registro e dados
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por
ele ".

Do que se vê, de acordo com a legislação consumerista, o que se impõe é a comunicação prévia e por
escrito, ao consumidor, da negativação do seu nome, pelas entidades de proteção ao crédito. Em
nenhum momento, a norma exige que essa se dê por meio de AR (Aviso de Recebimento).

Esse é o entendimento adotado pelo Poder Judiciário brasileiro: Resp nº. 470.477: "Exige-se, apenas,
que a notificação se dê por escrito, comprovando a administradora a emissão da notificação prévia para
o endereço fornecido pela credora associada. Esta prova é válida e capaz de afastar o direito à
condenação por danos morais".

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A Súmula 563 do STJ assim dispõe: "O Código de
Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo
nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas”.

Existem duas espécies de entidade de previdência privada (entidade de previdência complementar): as


entidades de previdência privada abertas e as fechadas.

As entidades fechadas são operadoras de plano(s) de benefícios, constituídas na forma de sociedade


civil ou a fundação, e sem fins lucrativos, mantidas por grandes empresas ou grupos de empresa, para
oferecer planos de previdência privada aos seus funcionários ou associados. Essas entidades são
conhecidas como “fundos de pensão”. Os planos não podem ser comercializados para quem não é
funcionário daquela empresa.

O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável à relação jurídica entre participantes ou assistidos
de plano de benefício e entidade de previdência complementar fechada, mesmo em situações que não
sejam regulamentadas pela legislação especial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.536.786-MG, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 26/8/2015. Entidades fechadas não se amoldam à definição de fornecedor (art. 3º
do CDC). As entidades fechadas de previdência privada não comercializam os seus benefícios ao público
em geral nem os distribuem no mercado de consumo, não podendo, por isso mesmo, ser enquadradas
no conceito legal de fornecedor.

Além disso, não há remuneração pela contraprestação dos serviços prestados e, consequentemente, a
finalidade não é lucrativa, já que o patrimônio da entidade e respectivos rendimentos, auferidos pela
capitalização de investimentos, revertem-se integralmente na concessão e manutenção do pagamento
de benefícios aos seus participantes e assistidos.

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A alternativa C está incorreta. O art. 5º, §2º do Decreto 7.962/2013 traz a seguinte redação: "O
exercício do direito de arrependimento implica a rescisão dos contratos acessórios, sem qualquer ônus
para o consumidor".
Seguindo uma das regras utilizadas pelo Código Civil "o acessório segue o principal" o direito de
arrependimento incide na quebra dos contratos acessórios sem qualquer ônus para o consumidor, logo,
aqueles contratos que derivam do principal também serão rescindidos.
A alternativa D está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor
pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do
produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

É muito comum imaginar que um produto seja de um jeito ao vê-lo na internet e pessoalmente se
decepcionar com algo que não esperava. O dispositivo estabelece que o prazo é de 7 dias para desistir
do contrato quando a contratação do fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do
estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço forem contratados fora da loja, o direito de
arrependimento pode ser utilizado.

A parte final do art. 49 menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”, pois eram as modalidades
mais comuns outrora, hoje, claro, isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou aplicativos, no celular
ou no computador, e-mails, home banking etc.

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Proteção contratual (arts. 46 a 54)


Bancas sortidas
1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) MEK é correntista do Banco L,
mantendo relações negociais frequentes, bem como sua família. Por força desse relacionamento,
possui dois contratos de cartão de crédito que utiliza nas suas compras cotidianas. Em determina
do dia, é surpreendido pela entrega de mais um cartão de crédito que não havia solicitado. No
dia seguinte, dirige-se à agência bancária onde movimenta sua conta corrente e apresenta o
cartão, com pedido de devolução, por não ter interesse no adicional. Segundo as regras do Código
de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, o(a)
(A) recebimento pelo consumidor leva à cobrança de anuidade pelo emissor.
(B) pagamento não efetuado da anuidade cobrada permite a inscrição do consumidor no cadastro de
inadimplentes.
(C) fornecimento de cartões de créditos a clientes habituais independe de formalização de contrato.
(D) banco tem direito a ressarcimento pelas despesas de remessa do cartão.
(E) entrega sem solicitação caracteriza prática abusiva do fornecedor.

Comentários:

A alternativa A está incorreta, pois a entrega de cartão de crédito, sem a solicitação da consumidora
caracteriza prática abusiva, conforme o entendimento do STJ expresso pela Súmula 532: “Constitui
prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor,
configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”.

A alternativa B está incorreta, pois uma vez que não é devida a entrega de cartão sem autorização, não
há o que se falar em pagamento de anuidade.

A alterativa C está incorreta, pois o fornecimento de cartões depende de formalização e concordância


expressa do consumidor.

A alternativa D está incorreta, o banco não tem direito algum, dada a prática abusiva.

A alternativa E está correta, conforme previsão da Súmula 532 do STJ.

2. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) K é correntista do Banco S e possui


cartões de crédito e de débito expedidos pela instituição financeira. Diante de dificuldades
momentâneas, não conseguiu cobrir o total das despesas realizadas com o seu cartão de crédito.
No dia do vencimento, o banco, mediante autorização contratual, retirou da conta corrente de K
o valor mínimo para efeito de pagamento parcial da dívida. Houve contestação, que foi
indeferida pelo órgão interno do banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor,
Lei nº 8.078/1990, essa norma contratual deve ser considerada:
(A) abusiva, por retirar o poder de controle das finanças do correntista.
(B) regular, pois não se fundamenta em poder superior do banco.
(C) questionável, pois quebra a isonomia entre os contratantes.

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(D) passível de impugnação administrativa.


(E) ampla demais, por não conter previsão de valor a ser debitado.

Comentários:

A alternativa A está incorreta, pois o STJ entendeu que tal cláusula não esbarra nos requisitos de
abusividade previstos no CDC.

A alternativa B está correta, conforme entende o STJ, não é abusiva a cláusula de contrato de cartão de
crédito que autoriza a operadora/financeira a debitar da conta-corrente do titular do cartão o
pagamento do valor mínimo da fatura em caso de inadimplemento, ainda que contestadas as despesas
lançadas: “3. Não é abusiva a cláusula inserta em contrato de cartão de crédito que autoriza a
operadora/financeira a debitar na conta corrente do respectivo titular o pagamento do valor mínimo
da fatura em caso de inadimplemento, ainda que contestadas as despesas lançadas” (RECURSO
ESPECIAL Nº 1.626.997 - RJ (2011/0268602-9) RELATOR : MINISTRO MARCO BUZZI).

A alternativa C está incorreta, conforme se depreende da decisão proferida pelo STJ, não há o que se
questionar, quando não verificada a abusividade da cláusula.

A alternativa D está incorreta, uma vez que não há o que se contestar, tendo em vista que não houve
abusividade.

A alternativa E está incorreta, pois não há amplitude de interpretação da cláusula, uma vez que sequer
há margem para diferente intepretação se não o que está previsto, ou seja, será debitado da conta do
correntista, o valor mínimo do cartão de crédito, valor este que já é de conhecimento do devedor.

3. (FUNDEP - Prefeitura de Uberlândia - MG - 2019) De acordo com o Código de Defesa do


Consumidor, considerando que um homem contratou, pela internet, o fornecimento de produto
– um televisor de 50 polegadas – fora do estabelecimento comercial, para entrega em seu
domicílio, ele poderá desistir do contrato de aquisição no prazo de ________________, a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do produto. Assinale a alternativa que completa
corretamente a lacuna anterior.
(A) 2 dias úteis.
(B) 5 dias úteis.
(C) 7 dias úteis.
(D) 15 dias úteis.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses
casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato
de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do


fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço
forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou
obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente

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qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de
condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer
produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”,
pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou
aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

As alternativas A, B, D e E estão incorretas.


4. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere à proteção contratual, assinale a
alternativa correta conforme o CDC.
(A) O consumidor pode arrepender-se e desistir do contrato, no prazo de cinco dias, a contar do
recebimento do produto, se o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial.
(B) No caso de contratação por telefone, se o consumidor exercer o direito de arrependimento, não
terá direito ao reembolso das quantias pagas.
(C) A redação das cláusulas contratuais deve ser feita de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor para que a obrigação por ele assumida para com o fornecedor possa ser exigível.
(D) Apenas as cláusulas contratuais cuja redação seja ambígua ou obscura serão interpretadas de
maneira mais favorável ao consumidor.
(E) As declarações de vontade constantes de pré-contratos relativos às relações de consumo não
vinculam o fornecedor.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode
desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto
ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do


fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço
forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou
obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente
qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de
condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer
produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”,
pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou
aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

A alternativa B está incorreta. Trata-se da regra do art. 49, parágrafo único: "Se o consumidor exercitar
o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados".

Uma vez que o consumidor exerça seu direito de arrependimento sobre determinado serviço ou
produto, os valores já pagos durante o prazo de reflexão serão devolvidos, monetariamente atualizados.
O prazo é chamado de prazo de reflexão, justamente porque, nesse período, o consumidor pode refletir
a respeito do produto ou serviço adquirido. O objetivo é evitar as compras por impulso, que são bem
comuns na nossa sociedade de consumo de massas.

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A devolução dos valores tem de ser imediata, pelo que o fornecedor não pode exigir prazos para
devolução. O STJ (REsp 1.340.604/RJ) entende que a devolução deve abranger todas as despesas,
incluindo o frete.

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de aprofundamento do princípio da


força obrigatória dos contratos. Se o consumidor não pôde conhecer o conteúdo do contrato, não pode
ser obrigado a cumpri-lo: É o que prevê o art. 46: "Os contratos que regulam as relações de consumo
não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão
de seu sentido e alcance".

O CDC adota o princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações
interprivadas, logo, os contratos devem ser objetivos e específicos, de modo a serem de fácil
compreensão pelos consumidores, em vista de sua vulnerabilidade técnica, jurídica, econômica e
informacional.

Por conta disso, o instrumento contratual não pode ser escrito de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance. O próprio contrato não obrigará o consumidor se não for dada a ele a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo.

A alternativa D está incorreta. O CDC não restringe, no art. 47, a interpretação mais favorável ao
consumidor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor".

Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão,
quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como
regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a
cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula
contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor.

A alternativa E está incorreta. O art. 48 fixa que tudo o que vier antes do contrato vincula também o
fornecedor: "As declarações de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos
relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos
termos do art. 84 e parágrafos".

As declarações de vontade registradas dos escritos particulares, bem como os recibos e pré-contratos
são elementos que constituem parte da faze pré-contratual, ou seja, aqueles elementos que não
constituem ainda um contrato. Desse modo, são elementos que, seguindo a teoria tradicional não
vinculam, isso porque a teoria contratual tradicional afasta qualquer valor nas chamadas tratativas
preliminares.

O princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas,
contribui para uma maior vinculatividade também na fase pré-contratual. A quebra da confiança e a
justa criação de expectativas é a base dessa mudança. Nesse sentido, o CDC entende que esses elementos
vinculam o fornecedor pois, apesar de não ter havido contrato, houve contato entre as partes, de modo
que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o fornecedor – confia que aquilo
que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será cumprido.

Se tradicionalmente a execução específica das obrigações só era permitida durante a fase contratual, o
CDC passa a permitir a execução específica das justas expectativas criadas durante a fase pré-contratual.

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Assim, protege-se o consumidor antes, durante e depois do contrato (fases pré-contratual, contratual e
pós-contratual).

5. (Qadrix - Procon - GO - 2017) À luz da doutrina e do CDC, assinale a alternativa correta


acerca de contrato de adesão.
(A) Os contratos celebrados verbalmente não poderão ser considerados como de adesão.
(B) As estipulações unilaterais do Poder Público estão excluídas do conceito legal de contrato de
adesão.
(C) A inserção de cláusula no formulário descaracteriza a natureza de adesão do contrato.
(D) É inadmissível cláusula resolutória nesse tipo de contrato.
(E) Toda estipulação contratual que implicar qualquer limitação de direito do consumidor deverá
ser redigida com destaque, de modo a permitir sua imediata e fácil compreensão.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Contrato independe de forma, mesmo o de adesão. Contrato é o vínculo,
a forma (verbal ou escrita) é apenas o modo de exteriorização e de prova.

Quando o fornecedor estabelece um contrato sem prévia discussão, para que o consumidor apenas
concorde ou não com seu conteúdo, sem poder modificá-lo, caracteriza-se um contrato de adesão. A
forma do contrato, escrita ou verbal, não o descaracteriza como de adesão. Por exemplo, quando analisa
se vale a pena assinar o Netflix ou pagar um pacote na academia, se trata de um contrato de adesão.

A alternativa B está incorreta. Veja o conceito de contrato de adesão para o CDC no art. 54: "Contrato
de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo".

O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de
concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem
discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo,
pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é.

A alternativa C está incorreta. Mero preenchimento de itens num formulário não consegue
descaracterizar a natura de um contrato de adesão, que é justamente o fato de não poder discutir os
elementos essenciais com o fornecedor. Não se questiona mais isso, como faziam os contratualistas
antigos. Nesse sentido, o art. 54, §1°: "A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de
adesão do contrato".

O dispositivo estabelece que, ainda que seja afixada uma cláusula no formulário, ainda se trata de um
contrato de adesão. Apesar de se discutir a respeito dos limites desse tipo de contrato, colocar um
formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos eletrônicos, não
desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC.

A alternativa D está incorreta. O CDC permite a cláusula resolutória, desde que a opção seja de
competência do consumidor, prevê o art. 54, §2°: "Nos contratos de adesão admite-se cláusula
resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §
2° do artigo anterior".

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Nos contratos de adesão é permitido inserir uma cláusula resolutória para terminar, romper com o
contrato, se for da escolha do consumidor, em caso de descumprimento, com exceção do disposto no
§2° do art. 53. Porém, essa resolução depende de uma opção do consumidor; não pode o fornecedor
optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir o cumprimento da prestação, incluindo
perdas e danos (indenização).

A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Se houver limitação que não seja impedida pela
proteção do consumidor, ela deve sempre vir em destaque, como exige o art. 54, §4°: "As cláusulas que
implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua
imediata e fácil compreensão".

Se houver uma cláusula que limite o direito do consumidor, deve haver o devido destaque a fim de se
obter compreensão sobre determinada limitação de maneira imediata e fácil. Assim, o objetivo é evitar
a existência de uma cláusula escondida nas diversas outras existentes, e que, muitas vezes o consumidor
passa despercebido por ela e acaba não dando a devida importância. A chance de haver uma cláusula
que o impedisse de requerer a indenização ou na qual ele abrisse mão do seu direito de imagem ou
qualquer outra coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º.

6. (IESES - Prefeitura de São José - SC - 2019) Assinale a alternativa correta no que diz
respeito à proteção contratual de acordo com o Código de Defesa do Consumidor:
(A) A garantia contratual não é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
(B) O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da assinatura ou
do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
(C) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao fornecedor de
serviços.
(D) Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes
for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A garantia contratual é SEMPRE complementar e SEMPRE deve ser feita
por escrito, conforme o art. 50: "A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante
termo escrito".

A garantia contratual será complementar à garantia legal e será conferida mediante termo escrito. Em
outras palavras, aquela garantia de seis meses da sua televisão é complementar, deve ser somada, à
garantia aqui já estipulada, como destaca o art. 50 do CDC.

Assim, a garantia é legal e ponto, sem necessidade de previsão específica no contrato. Inclusive, é
proibida a exoneração contratual do fornecedor. O art. 24, portanto, impede que o fornecedor coloque
letras miúdas no contrato de modo a se afastar de eventual responsabilidade.

A alternativa B está incorreta. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses casos: "O consumidor pode
desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto
ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

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O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do


fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço
forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou
obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente
qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de
condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer
produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”,
pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou
aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

A alternativa C está incorreta. O CDC não restringe, no art. 47, a interpretação mais favorável ao
consumidor, nem a faculta ao fornecedor: "As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira
mais favorável ao consumidor".

Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão,
quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como
regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a
cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula
contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor.

A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Trata-se de aprofundamento do princípio da


força obrigatória dos contratos. Se o consumidor não pôde conhecer o conteúdo do contrato, não pode
ser obrigado a cumpri-lo: É o que prevê o art. 46: "Os contratos que regulam as relações de consumo
não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de
seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão
de seu sentido e alcance".

O CDC adota o princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações
interprivadas, logo, os contratos devem ser objetivos e específicos, de modo a serem de fácil
compreensão pelos consumidores, em vista de sua vulnerabilidade técnica, jurídica, econômica e
informacional.

Por conta disso, o instrumento contratual não pode ser escrito de modo a dificultar a compreensão de
seu sentido e alcance. O próprio contrato não obrigará o consumidor se não for dada a ele a
oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo.

7. (FUNDEP - SAAE de Itabira - MG - 2019) Sobre a proteção do consumidor nas relações


jurídicas, assinale a afirmativa incorreta.
(A) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, sendo
que as declarações de vontade constantes de escritos particulares relativos às relações de consumo
vinculam o fornecedor.
(B) São anuláveis as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade.
(C) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, salvo quando de sua
ausência decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.

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(D) O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio


discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições
de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
Comentários
A alternativa A está correta. É a conjugação do art. 47 ("As cláusulas contratuais serão interpretadas
de maneira mais favorável ao consumidor") com o art. 48 ("As declarações de vontade constantes de
escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor,
ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos".

Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão,
quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como
regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a
cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula
contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor.

O princípio da boa-fé objetiva, baseado na lealdade, probidade e honestidade nas relações interprivadas,
contribui para uma maior vinculatividade também na fase pré-contratual. A quebra da confiança e a
justa criação de expectativas é a base dessa mudança. Nesse sentido, o CDC entende que os elementos
da fase pré-contratual vinculam o fornecedor pois, apesar de não ter havido contrato, houve contato
entre as partes, de modo que uma delas – o consumidor – cria expectativas e confia na outra – o
fornecedor – confia que aquilo que foi orçado, aquilo que foi prometido, aquilo que foi dito será
cumprido.

A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. Veja a regra do art. 51: "São nulas de pleno
direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: IV
- estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade".

O dispositivo tem a finalidade de destacar os princípios fundamentais do CDC que se tratam da boa-fé
objetiva e do equilíbrio contratual, uma vez que os direitos consumeristas são inúmeras vezes violados,
diante da vulnerabilidade do consumidor perante o mercado de consumo.

A jurisprudência do STJ entende que é abusiva a venda de ingressos pela internet vinculada a uma única
intermediadora e mediante o pagamento de taxa de conveniência (REsp 1.737.428/RS). Por outro lado,
o STJ entende que é válida a tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que
prevê o ressarcimento de despesa com o registro do contrato (REsp 1.578.553/SP). No entanto, há
abusividade pela cobrança por serviço não efetivamente prestado e a possibilidade de controle da
onerosidade excessiva, em cada caso concreto.

A alternativa C está correta. Não há nulidade de per si de uma cláusula, mas apenas se não houver como
salvar o contrato como um todo. É o que prevê o art. 51, §2°: "A nulidade de uma cláusula contratual
abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração,
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes".

Quando se fala em nulidade da cláusula contratual, entende-se que em razão da boa-fé, do equilíbrio
contratual, da segurança jurídica, muitas vezes o contrato pode produzir algum efeito, apesar da
cláusula abusiva ter sido invalidada, como dispõe o §2º do art. 51: "a nulidade de uma cláusula
contratual não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração,

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decorrer ônus excessivo a qualquer das partes." Ou seja, em geral, se houver como salvar parte de um
contrato que seja benéfico para o consumidor, o CDC determina que o contrato não será considerado
inválido.

A alternativa D está correta. O art. 40 exige orçamento prévio e completo: "O fornecedor de serviço
será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos
materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de
início e término dos serviços".

O CDC exige o prévio orçamento do fornecedor, a respeito do valor da mão-de-obra, dos materiais e
equipamentos que serão utilizados, mas ainda assim dependerá do consentimento do consumidor para
que o serviço seja iniciado. Assim, após o consumidor autorizar o orçamento ofertado, o fornecedor
pode realizar o serviço, informando as datas de início e término, bem como as formas de pagamento. No
caso de o serviço ser realizado sem autorização do consumidor, será utilizada a regra do art. 39,
parágrafo único, que estabelece que se equiparam às amostras grátis o serviço que não foi solicitado.

8. (IF-MT - Direito – 2018) Zé dos Anzóis adquiriu uma camisa, comprada pelo site da loja Só
Alegria Confecções. Após o recebimento do produto, Zé notou que o material publicizado no site
não correspondia ao que foi entregue na sua residência. Quando Zé dos Anzóis poderá desistir
da compra?
(A) Até 7 dias a partir do pedido.
(B) Até 5 dias após o recebimento.
(C) Não poderá desistir.
(D) Até 7 dias após o recebimento do produto.
(E) Até 5 dias após o pedido.
Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses
casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato
de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do


fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço
forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou
obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente
qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de
condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer
produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”,
pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou
aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

As alternativas A, B, C e E estão incorretas.


9. (INAZ do Pará - CRF-PE - 2018) O Código de defesa do consumidor conceitua contrato de
adesão como “aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou
estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor
possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”; deste conceito, nota-se

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desigualdade material entre as partes. Apesar da postura do Estado não ser de ampla
intervenção nas atividades econômicas e nas relações entre particulares, ele atua no sentido de
buscar equilíbrio entre os diversos interesses existentes na sociedade, promovendo
intervenções e controles onde a linearidade seja substituída pela vulnerabilidade. Nos contratos
de adesão, onde tal desigualdade é mais percebida, a equivalência material depende da atuação
do legislador. À luz deste tema, qual a alternativa que melhor traduz a restauração da
linearidade das partes nos contratos?
(A) Cláusula constante em contrato de prestação de serviços de telefonia que permita à operadora
do serviço, a seu critério, a interrupção do serviço, independentemente da previsão de motivos
taxativos, mesmo que o outro contratante não tenha igual direito, não configura desequilíbrio na relação
contratual.
(B) Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a análise da
validade de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil celebrado pelos consumidores
do Estado de Pernambuco.
(C) Em contrato de prestação de serviços que tenha cláusula apontando a taxa SELIC como
parâmetro para o reajuste e, no mesmo contrato, haja outra cláusula definindo índice da poupança como
parâmetro para o mesmo fim, dada a contradição, deve ser utilizado aquele mais atualizado.
(D) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
(E) Nos contratos de adesão, como a sua elaboração tem predominância da vontade de uma das
partes sobre os demais, havendo dubiedade de entendimento acerca de uma das cláusulas, sendo
necessária a intervenção judicial, deve o juiz solicitar da parte que elaborou referida norma arrazoado
circunstanciado acerca dos seus fundamentos, para o fim de formar sua livre convicção sobre a
demanda.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Veja o enunciado o art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: XI - autorizem o fornecedor
a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor".
O dispositivo estabelece que a cláusula contratual que autoriza o fornecedor, exclusivamente, a resilir o
contrato, é nula de pleno direito. A resilição é uma das espécies de rescisão, usada para dar cabo,
terminar, um contrato, de maneira unilateral ou bilateral. O inciso XI visa destacar que o consumidor
pode igualmente, cancelar o contrato, considerando a boa-fé, a fim de evitar o abuso de direito do
fornecedor.
A rigor, válida a cláusula de resilição unilateral, se permitida para ambas as partes. No entanto, se se
verificar que a cláusula foi usada pelo fornecedor para que houvesse o cancelamento do contrato a fim
de que ele pudesse, logo em seguida, propor novo contrato, com valores mais altos, há violação do
dispositivo. Nesse caso, visualiza-se o desequilíbrio contratual de uma das partes, em vista da
interrupção do serviço, sem igual direito para o outro contratante.

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Segundo o entendimento do STJ, o Ministério


Público tem legitimidade para promover ação civil pública para verificar a validade das cláusulas
abusivas de contrato de arrendamento mercantil. Logo, a fim de se possibilitar o equilíbrio contratual,
o MP pode ajuizar ação para o reconhecimento das cláusulas abusivas no contrato de adesão, para se
reestabelecer os critérios de reajuste das obrigações das partes do contrato. Nesse sentido "O Ministério
Público tem legitimidade ad causam para a propositura de ação civil pública para tutelar interesses de
consumidores envolvidos na celebração de contrato de adesão para a aquisição de bem imóvel. " (REsp.
440.617, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4a T., p. 17/03/03).

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O mesmo julgado permite inferir que o Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil
pública objetivando a análise da validade de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil
celebrado pelos consumidores do Estado de Pernambuco, a fim de se restaurar a linearidade entre as
partes.

A alternativa C está incorreta. O art. 47 prevê a interpretação mais favorável ao consumidor: "As
cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Não importa o
índice, importa qual é mais favorável ao consumidor.

Enquanto o Código Civil estabelece a interpretação mais favorável apenas aos contratos de adesão,
quando nestes, existirem casos de ambiguidade ou contraditoriedade (art. 423 do CC). O CDC traz, como
regra geral, a interpretação mais favorável ao consumidor. Assim, o art. 47 destaca que, não importa a
cláusula, não importa a razão, não importa o alcance, não importa a previsão, se houver uma cláusula
contratual, ela deve sempre ser interpretada mais favoravelmente ao consumidor.

A alternativa D está incorreta. Veja a redação do art. 424 do Código Civil: "Nos contratos de adesão, são
==336848==

nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do
negócio".

As cláusulas nulas de pleno direito são consideradas invalidas, uma vez que são de interesse público,
podem ser alegadas por todos os interessados no ato, pelo Ministério, a fim de que seja declarada nula
pelo juiz, enquanto um ato anulável precisa ser provocado, ou seja, deve haver pedido para sua anulação.
Desse modo, o CDC visa tutelar os direitos consumeristas, sendo que a nulidade pressupõe que o ato
viciado vai na contramão dos interesses consumeristas defendidos pelo Código.

A alternativa E está incorreta. O art. 47 prevê a interpretação mais favorável ao consumidor: "As
cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor". Não importam as
razões do fornecedor, importa o consumidor.

O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de
concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem
discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo,
pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é. Contudo, havendo dubiedade, ambiguidade,
confusão de entendimento acerca de uma das cláusulas, a mesma sempre será interpretada de maneira
mais benéfica para o consumidor, inclusive nos contratos de adesão.

10. (FEPESE - CELESC - 2018) Assinale a alternativa correta de acordo com o Código de Defesa
do Consumidor.
(A) A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
(B) É vedada a inserção de cláusula resolutória nos contratos de adesão.
(C) Uma vez aceito e assinado, o contrato de adesão deve ser publicado para ter início sua vigência.
(D) Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas pelo fornecedor de
produtos ou serviços em conjunto com o consumidor.
(E) É característico do contrato de adesão conter cláusulas que implicarem limitação de direito da
parte contratante.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Mero preenchimento de itens num formulário
não consegue descaracterizar a natura de um contrato de adesão, que é justamente o fato de não poder

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discutir os elementos essenciais com o fornecedor. Não se questiona mais isso, como faziam os
contratualistas antigos. Nesse sentido, o art. 54, §1°: "A inserção de cláusula no formulário não desfigura
a natureza de adesão do contrato".

O dispositivo estabelece que, ainda que seja afixada uma cláusula no formulário, ainda se trata de um
contrato de adesão. Apesar de se discutir a respeito dos limites desse tipo de contrato, colocar um
formulário para o consumidor preencher, como habitualmente se faz nos contratos eletrônicos, não
desfigura a adesão e nem a aplicação do CDC.

A alternativa B está incorreta. O CDC permite a cláusula resolutória, desde que a opção seja de
competência do consumidor, prevê o art. 54, §2°: "Nos contratos de adesão admite-se cláusula
resolutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §
2° do artigo anterior".

Nos contratos de adesão é permitido inserir uma cláusula resolutória para terminar, romper com o
contrato, se for da escolha do consumidor, em caso de descumprimento, com exceção do disposto no
§2° do art. 53. Porém, essa resolução depende de uma opção do consumidor; não pode o fornecedor
optar pela resolução. Ao fornecedor resta a opção de exigir o cumprimento da prestação, incluindo
perdas e danos (indenização).

A alternativa C está incorreta. Sem sentido. Salvo os contratos solenes regidos pelo Código Civil,
nenhum contrato precisa ser publicado, na esfera privada, em obediência ao princípio da força
obrigatória.

O contrato de adesão é aquele no qual uma das partes (o aderente, o consumidor) tem a opção de
concordar ou não com o contrato, que já foi previamente estabelecido pelo fornecedor. Ou seja, não tem
discussão. O consumidor não pode discordar de parte do contrato ou querer modificar seu conteúdo,
pois apenas pode aceitar ou não inteiramente como ele é. Em nenhum momento se estabelece que
apenas com a publicação o mesmo começará a ser vigente.

A alternativa D está incorreta. Veja o conceito de contrato de adesão para o CDC no art. 54: "Contrato
de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo".

Quando o fornecedor estabelece um contrato sem prévia discussão, para que o consumidor apenas
concorde ou não com seu conteúdo, sem poder modificá-lo, caracteriza-se um contrato de adesão. A
forma do contrato, escrita ou verbal, não o descaracteriza como de adesão. Por exemplo, quando analisa
se vale a pena assinar o Netflix ou pagar um pacote na academia, se trata de um contrato de adesão.

A alternativa E está incorreta. Se houver limitação que não seja impedida pela proteção do consumidor,
ela deve sempre vir em destaque, como exige o art. 54, §4°: "As cláusulas que implicarem limitação de
direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão". Ou seja, o contrato de adesão não necessariamente terá cláusulas limitadas.

Se houver uma cláusula que limite o direito do consumidor, deve haver o devido destaque a fim de se
obter compreensão sobre determinada limitação de maneira imediata e fácil. Assim, o objetivo é evitar
a existência de uma cláusula escondida nas diversas outras existentes, e que, muitas vezes o consumidor
passa despercebido por ela e acaba não dando a devida importância. A chance de haver uma cláusula

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que o impedisse de requerer a indenização ou na qual ele abrisse mão do seu direito de imagem ou
qualquer outra coisa do tipo seria bastante grande se não existisse o §4º.

11. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) De acordo com as regras consumeristas, na contratação de


fornecimento de produtos e serviços fora do estabelecimento comercial, especialmente por
telefone ou a domicílio, o consumidor poderá exercer o direito de arrependimento no prazo de
quantos dias?
(A) Cinco.
(B) Sete.
(C) Quinze.
(D) Trinta.
(E) Quarenta e cinco.
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O prazo previsto no art. 49 é de 7 dias, nesses
casos: "O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato
de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio".

O consumidor tem direito de desistir do contrato no prazo de 7 dias quando a contratação do


fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento. Sempre que o produto ou serviço
forem contratados fora da loja, o direito de arrependimento pode ser utilizado.

Trata-se de um direito potestativo, incondicionado e ilimitado. Uma vez que não pode ser impedido ou
obstado de qualquer forma pelo fornecedor. Ademais, não se exige que o consumidor apresente
qualquer justificativa, razão ou motivo, ou que o fornecedor exija algum tipo de preenchimento de
condições para ser exercido. Ainda, porque o consumidor pode adquirir e devolver todo e qualquer
produto ou serviço que adquire. O dispositivo menciona “especialmente por telefone ou a domicílio”,
pois eram as modalidades mais comuns outrora, hoje isso se aplica à internet, nas vendas por sites ou
aplicativos, no celular ou no computador, e-mails, home banking etc.

As alternativas A, C, D e E estão incorretas.


12. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA:
(A) Os contratos de adesão escritos, no âmbito das relações de consumo, serão redigidos em termos
claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo onze, de
modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
(B) O CDC veda a denominada cláusula de decaimento que se refere, nos contratos de compra e venda
de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações e nas alienações fiduciárias em garantia, à
perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a
resolução do contrato e a retomada do produto alienado.
(C) É assegurada ao consumidor na liquidação antecipada do débito e quando feito totalmente,
mediante a redução proporcional dos juros, salvo dos demais acréscimos.
(D) De acordo com o CDC, nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a
compensação ou a restituição das parcelas quitadas, terá descontada somente a vantagem econômica
auferida com a fruição, sendo vedado o desconto referente aos prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo.
Comentários

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A alternativa A está incorreta. O art. 54, §3º traz as regras a respeito da redação do contrato de adesão:
"Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e
legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão
pelo consumidor".

Tendo em vista que o contrato de adesão é estabelecido pelo fornecedor, sem que seja oferecida alguma
opção ao consumidor, que pode apenas aceitar ou não o que se determinou no contrato, a sua escrita
deve ser objetiva, a fim de que se obtenha uma fácil compreensão, com termos diretos e específicos.
Ademais, o dispositivo exige que o tamanho da fonte seja de, no mínimo doze, pois existe fornecedor
que coloca letra miúda no contrato (lembre-se que na publicidade não é necessário que a fonte seja 12,
mas apenas no contrato escrito em si).

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O art. 53 traz a vedação à chamada cláusula de
decaimento: "Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as
cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado".

É vedada à chamada cláusula de decaimento. Desse modo, se compro um imóvel e, por alguma razão,
não pago as prestações, não perco todo o valor já pago. Sob essa premissa, o dispositivo estabelece que
a cláusula que determinar a perca total do valor já pago em benefício do credor, é nula de pleno direito.

A alternativa C está incorreta. Na liquidação antecipa, deve haver redução proporcional à integralidade
dos valores pagos, como exige o art. 52, §2º: "É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do
débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos".

O dispositivo estabelece que no caso de o consumidor realizar antecipadamente o pagamento, ele tem
o direito de receber um desconto. É uma garantia ao consumidor, de modo que as instituições
financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Além
disso, o banco poderá realizar novas operações, visto que receberá o crédito antes do esperado,
ademais, não terá risco de inadimplência. Contudo, veja que o dispositivo se refere a encargos de ordem
financeira.

A alternativa D está incorreta. Consórcio tem regra peculiar no art. 53, §2º: "Nos contratos do sistema
de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma
deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar ao grupo".

Se o consumidor não realizar as prestações relativas à compra de um imóvel, o valor que já foi pago não
será perdido, por conseguinte, são nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam o contrário.
Contudo, no caso dos consórcios, não é estabelecido um contrato de compra e venda por meio de
prestações, mas sim um grupo que se reúne para adquirir determinado bem. Por isso, nesse caso a
compensação ou restituição das parcelas já pagas, terá descontada os prejuízos causados aos
integrantes do grupo.

O caso do consórcio tem outra natureza jurídica, pelo que a saída de um dos participantes não justifica
a devolução ou a redução daquelas parcelas que são contratadas no interesse de todo o grupo (REsp
688.794/RJ).

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13. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere às cláusulas abusivas segundo o CDC,
assinale a alternativa correta.
(A) É válida a cláusula contratual relativa ao fornecimento de serviços que determine a utilização
compulsória de arbitragem.
(B) São anuláveis, entre outras, as cláusulas contratuais, relativas ao fornecimento de produtos, que
possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
(C) Na venda a crédito, é assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
(D) Em regra, a nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida todo o contrato.
(E) O consumidor é o único legitimado a requerer ao Ministério Público o ajuizamento da
competente ação para que seja declarada a nulidade de cláusula contratual que não assegure o justo
equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não pode o fornecedor obrigar o consumidor a recorrer à arbitragem,
exige o art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que: VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem".

Com a maior utilização da arbitragem para a resolução de conflitos, não se pode pensar que ela é
obrigatória, ainda que nas relações de consumo. A fim de se resolver um problema sem precisar ir até o
Poder Judiciário, o Código de Processo Civil de 2015 incita a composição extrajudicial de conflitos, como
a arbitragem, a conciliação e a mediação, para se obter uma razoável duração do processo. Para que esse
modo que resolução de conflitos seja utilizado somente com o real interesse do consumidor, o inc. VII
estabelece a vedação à chamada cláusula compulsória de arbitragem.

O art. 4º, §2º, da Lei 9.307/1996 dispõe que a cláusula compromissória só tem eficácia nos contratos de
adesão se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar expressamente com sua
instituição, e desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto
especialmente para essa cláusula. Por isso, o STJ (REsp 1.785.783/GO) entendeu que se o consumidor
não demonstrou qualquer interesse em participar do procedimento arbitral, buscando diretamente o
Judiciário em razão do grave inadimplemento contratual, afasta-se eventual cláusula arbitral fixada sem
cumprimento das exigências da Lei de Arbitragem.

A alternativa B está incorreta. A renúncia pelas benfeitorias necessárias, e apenas por elas, é proibida
pelo art. 51: "São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento
de produtos e serviços que: XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias".

O dispositivo estabelece que é NULA de pleno direito a cláusula que impeça a indenização pelas
benfeitorias necessárias realizadas pelo adquirente e não ANULÁVEL. Se trata da cláusula negativa de
indenização por benfeitorias necessárias. O §3º do art. 96 do Código Civil estabelece que: “As
benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias § 3º São necessárias as que têm por fim
conservar o bem ou evitar que se deteriore”. Assim, o reboco dos tijolos para conservar o bem é uma
benfeitoria necessária.

No entanto, não consideram as benfeitorias necessárias feitas pelos adquirentes, em desconformidade


com o contrato ou com a lei. Em outras palavras, construiu irregularmente, fez puxadinho, não respeitou
as regras municipais de edificação ou fez a obra escondido. Perdeu (REsp 1.643.771/PR).

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A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Na liquidação antecipa, deve haver redução
proporcional à integralidade dos valores pagos, como exige o art. 52, §2º: "É assegurado ao consumidor
a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e
demais acréscimos".

O dispositivo estabelece que no caso de o consumidor realizar antecipadamente o pagamento, ele tem
o direito de receber um desconto. É uma garantia ao consumidor, de modo que as instituições
financeiras não podem cobrar tarifa para liquidação antecipada de débitos (REsp 1.409.792/DF). Além
disso, o banco poderá realizar novas operações, visto que receberá o crédito antes do esperado,
ademais, não terá risco de inadimplência. Contudo, veja que o dispositivo se refere a encargos de ordem
financeira.

A alternativa D está incorreta. Não há nulidade de per si de uma cláusula, mas apenas se não houver
como salvar o contrato como um todo. É o que prevê o art. 51, §2°: "A nulidade de uma
cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços
de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes".

Quando se fala em nulidade da cláusula contratual, entende-se que em razão da boa-fé, do equilíbrio
contratual, da segurança jurídica, muitas vezes o contrato pode produzir algum efeito, apesar da
cláusula abusiva ter sido invalidada, como dispõe o §2º do art. 51: "a nulidade de uma cláusula
contratual não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração,
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes." Ou seja, em geral, se houver como salvar parte de um
contrato que seja benéfico para o consumidor, o CDC determina que o contrato não será considerado
inválido.

A alternativa E está incorreta. O consumidor pode acionar o MP para que ele ajuíze a ação, prevê o art.
51, §4°: "É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao Ministério
Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de cláusula contratual que contrarie
o disposto neste código ou de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações
das partes". No entanto, qualquer entidade também pode.

Para que determinada cláusula seja considerada nula, é necessário que qualquer consumidor ou
entidade que o represente requisite ao Ministério Público, a fim de que o mesmo ajuíze uma ação com
o objetivo de declarar a nulidade da cláusula. Logo, ainda que a violação não decorra do CDC, ainda
assim o consumidor pode requerer a declaração de nulidade de cláusula abusiva, quando cláusula de
qualquer forma não assegurar o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.

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LISTA DE QUESTÕES

Práticas comerciais (arts. 29 a 45)


Bancas sortidas
1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) AN é bancária e recebe, mensalmente, plano
de metas para realizar com a sua clientela ou com novos clientes que venha a consolidar. Muitos dos seus
clientes são idosos que percebem razoável remuneração de aposentadoria e pensões. Mirando nesse
nicho, ela contata os indivíduos e, com sua competência verbal, consegue realizar inúmeros contratos e
bater as metas exigidas. Alguns dos seus clientes, no entanto, após verificar que o saldo disponível em
suas contas não permite o pagamento de suas despesas básicas, apresentam reclamação à Diretoria do
banco. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, constitui prática abusiva
prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
(A) familiaridade
(B) generosidade
(C) liberdade
(D) amizade
(E) idade
2. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Sobre os bancos de dados e
cadastros de consumidores, previstos no artigo 43 e parágrafos do Código de Defesa do Consumidor,
analise as afirmativas:
I. Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil
compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a três anos.
II. O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata
correção, devendo o arquivista, no prazo de quinze dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.
III. Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres
são considerados entidades de caráter público.
IV. Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo
acesso ao crédito junto aos fornecedores.
Está correto o que se afirma em:
(A) Apenas II; III e IV.
(B) Apenas I e IV.
(C) Apenas III e IV.
(D) Apenas II e III.
(E) Apenas I; III e IV.
3. (Instituto Ânima Sociesc - Prefeitura de Jaraguá do Sul - SC - 2020) Estabelece o artigo 30 do Código
de Defesa do Consumidor que “Toda informação ou publicidade, __________, veiculada por qualquer
forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o
fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.” Assinale a
alternativa que completa corretamente o espaço acima:
(A) Objetiva e clara.

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(B) Necessária e objetiva.


(C) Objetiva o suficiente.
(D) Suficientemente clara e objetiva.
(E) Suficientemente precisa.
4. (UFMT - Prefeitura de Rondonópolis - MT - 2019) Quanto à responsabilidade do fornecedor de
produto ou serviço na relação jurídica de consumo, assinale a assertiva INCORRETA.
(A) O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.
(B) A responsabilidade contratual do transportador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por
culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
(C) A solidariedade existente entre os integrantes da cadeia de fornecimento de bens e serviços serve de
fundamento legal da responsabilidade por danos causados nas relações empresárias no interior dessa
cadeia.
(D) É objetiva a responsabilidade do fornecedor pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes sobre sua fruição e
riscos.
5. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Segundo o CDC, é enganosa a publicidade
(A) capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial à sua saúde.
(B) que incite à violência.
(C) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança.
(D) que desrespeite valores ambientais.
(E) capaz de induzir ao erro o consumidor a respeito das características, da qualidade e da quantidade
de um produto.
6. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, toda informação ou publicidade suficientemente
precisa vincula o fornecedor. Assim, na hipótese de recusa no cumprimento da oferta ou publicidade, o
consumidor poderá
(A) aceitar outro produto ou prestação de serviço, ainda que não equivalente.
(B) rescindir o contrato, com direito à restituição da quantia paga, monetariamente atualizada, mas sem
direito a perdas e danos.
(C) rescindir o contrato, sem direito à restituição da quantia paga.
(D) exigir o cumprimento forçado da obrigação, com direito a produto ou serviço com qualidade superior
aos termos da oferta ou publicidade.
(E) exigir o cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta ou publicidade.
7. (Quadrix - Procon - GO - 2017) Conforme o CDC, é permitido ao fornecedor de produtos ou serviços,
sem que sua conduta seja considerada como prática abusiva,
(A) enviar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto.
(B) recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de
estoque e, ainda, em conformidade com os usos e costumes.
(C) condicionar o fornecimento de um produto ao fornecimento de outro produto ou serviço.
(D) proibir o ingresso, em estabelecimentos comerciais, de um número maior de consumidores que o
fixado pela autoridade administrativa como máximo.
(E) executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e a autorização expressa do consumidor,
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.
8. (COPEVE - Prefeitura de Porto Calvo - AL - 2019) O Código de Defesa do Consumidor estabelece
normas voltadas à proteção e defesa do consumidor, entre elas as que vedam práticas tidas como
abusivas. Considera-se uma prática abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor:

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I. repassar ao consumidor, no preço do produto ou serviço, o custo de impostos ou taxa cobrados do


comerciante;
II. recusar substituição do produto por outro da mesma espécie, por livre escolha do consumidor;
III. recusar atendimento às demandas dos consumidores, por indisponibilidade de estoque;
IV. Enviar ao consumidor produto sem prévia solicitação.
Dos itens, verifica-se que está(ão) correto(s)
(A) IV, apenas.
(B) I e IV, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I, II e III, apenas.
(E) I, II, III e IV.

9. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) Acerca da oferta de produtos e serviços e sua


publicidade, o Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº. 8.078/1990) prescreve que
(A) o ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem
as patrocina.
(B) o fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.
(C) os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição até
seis meses após a fabricação ou a importação do produto.
(D) O fornecedor, na publicidade de seus produtos, não tem o dever de manter, em seu poder, para
informação de interessados, os dados fáticos que dão sustentação à mensagem.
10. (FUNCERN - Prefeitura de Apodi - RN - 2019) O Código de Defesa do Consumidor (Lei Federal nº.
8.078/1990) trata, entre outras temáticas, das práticas abusivas ao consumidor. Sobre tais práticas, é
correto afirmar que ao fornecedor de produtos ou serviços
(A) é vedado exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva, salvo se apresentar
fundamentação expressa.
(B) é permitido aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido.
(C) é permitido, em todo caso, executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor.
(D) é vedado elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços.
11. (VUNESP - Câmara de Nova Odessa - SP - 2018) De acordo com o posicionamento sumulado do
Superior Tribunal de Justiça, assinale a assertiva correta.
(A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação do consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(B) A utilização de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de
dados, dispensa o consentimento do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as
informações pessoais valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo.
(C) Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de Proteção ao Crédito a notificação do devedor depois de
proceder à inscrição.
(D) As instituições de ensino superior respondem subjetivamente pelos danos suportados pelo aluno/
consumidor pela realização de curso não reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o qual não lhe
tenha sido dada prévia e adequada informação.
(E) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar,
bem como nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
12. (INAZ do Pará - CRF-SC - 2018) À luz do Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078/1990, pode-
se afirmar que está incorreta a alternativa:

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(A) A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique
como tal.
(B) O fornecedor do produto ou serviço é subsidiariamente responsável pelos atos de seus prepostos ou
representantes autônomos.
(C) É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
(D) O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem
as patrocina.
(E) É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços elevar sem justa causa o preço de produtos ou
serviços.
13. (UFG - SANEAGO - GO - 2018) L. B. possui um carro da marca X que se encontra fora da garantia e
vem apresentando vários problemas. Sendo assim, L.B se desloca a uma oficina mecânica e solicita um
orçamento para consertar o seu veículo. O dono da oficina entregou orçamento prévio discriminando o
valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, como também o pagamento e
a duração e término do serviço. L. B. pegou o orçamento e decidiu pensar. Nos termos do Código de Defesa
do Consumidor (Lei n. 8078/1990), o fornecedor, visto não ter pactuado prazo diferente com o consumidor ,
==336848==

se obriga a manter o preço do orçamento por quantos dias, contados do recebimento deste orçamento
pelo consumidor?
(A) Cinco dias.
(B) Dez dias.
(C) Quinze dias.
(D) Trinta dias.
14. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) Nos termos do Código de Defesa do Consumidor, é considerada
enganosa a publicidade
(A) que incite à violência.
(B) que desrespeita valores ambientais.
(C) discriminatória de qualquer natureza.
(D) que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência de crianças.
(E) falsa.
15. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA:
(A) É indispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao consumidor sobre a
negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
(B) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência complementar,
não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entidades fechadas.
(C) Acerca da contratação no comércio eletrônico, nos termos do Decreto nº 7.962/2013, o fornecedor
deve informar, de forma clara e ostensiva, os meios adequados e eficazes para o exercício do direito de
arrependimento pelo consumidor, sendo que o consumidor poderá exercer esse direito pela mesma
ferramenta utilizada para a contratação, sem prejuízo de outros meios disponibilizados, contudo implica a
rescisão dos contratos acessórios, com ônus para o consumidor.
(D) O consumidor poderá desistir do contrato, no prazo de cinco dias a contar de sua assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação ocorrer fora do estabelecimento
comercial, especialmente por telefone ou a domicílio, e os valores eventualmente pagos, a qualquer título,
durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato.

GABARITO
1. E 2. C

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3. E 10. D
4. C 11. B
5. E 12. B
6. E 13. B
7. D 14. E
8. A 15. B
9. A

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LISTA DE QUESTÕES

Proteção contratual (arts. 46 a 54)


Bancas sortidas
1. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) MEK é correntista do Banco L, mantendo
relações negociais frequentes, bem como sua família. Por força desse relacionamento, possui dois
contratos de cartão de crédito que utiliza nas suas compras cotidianas. Em determina do dia, é
surpreendido pela entrega de mais um cartão de crédito que não havia solicitado. No dia seguinte, dirige-
se à agência bancária onde movimenta sua conta corrente e apresenta o cartão, com pedido de devolução,
por não ter interesse no adicional. Segundo as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº
8.078/1990, o(a)
(A) recebimento pelo consumidor leva à cobrança de anuidade pelo emissor.
(B) pagamento não efetuado da anuidade cobrada permite a inscrição do consumidor no cadastro de
inadimplentes.
(C) fornecimento de cartões de créditos a clientes habituais independe de formalização de contrato.
(D) banco tem direito a ressarcimento pelas despesas de remessa do cartão.
(E) entrega sem solicitação caracteriza prática abusiva do fornecedor.
2. (CESGRANRIO - Banco do Brasil – Escriturário – 2021) K é correntista do Banco S e possui cartões de
crédito e de débito expedidos pela instituição financeira. Diante de dificuldades momentâneas, não
conseguiu cobrir o total das despesas realizadas com o seu cartão de crédito. No dia do vencimento, o
banco, mediante autorização contratual, retirou da conta corrente de K o valor mínimo para efeito de
pagamento parcial da dívida. Houve contestação, que foi indeferida pelo órgão interno do banco. Segundo
as regras do Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/1990, essa norma contratual deve ser
considerada:
(A) abusiva, por retirar o poder de controle das finanças do correntista.
(B) regular, pois não se fundamenta em poder superior do banco.
(C) questionável, pois quebra a isonomia entre os contratantes.
(D) passível de impugnação administrativa.
(E) ampla demais, por não conter previsão de valor a ser debitado.
3. (FUNDEP - Prefeitura de Uberlândia - MG - 2019) De acordo com o Código de Defesa do Consumidor,
considerando que um homem contratou, pela internet, o fornecimento de produto – um televisor de 50
polegadas – fora do estabelecimento comercial, para entrega em seu domicílio, ele poderá desistir do
contrato de aquisição no prazo de ________________, a contar de sua assinatura ou do ato de
recebimento do produto. Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna anterior.
(A) 2 dias úteis.
(B) 5 dias úteis.
(C) 7 dias úteis.
(D) 15 dias úteis.

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4. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere à proteção contratual, assinale a alternativa correta
conforme o CDC.
(A) O consumidor pode arrepender-se e desistir do contrato, no prazo de cinco dias, a contar do
recebimento do produto, se o contrato de consumo for concluído fora do estabelecimento comercial.
(B) No caso de contratação por telefone, se o consumidor exercer o direito de arrependimento, não terá
direito ao reembolso das quantias pagas.
(C) A redação das cláusulas contratuais deve ser feita de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor para que a obrigação por ele assumida para com o fornecedor possa ser exigível.
(D) Apenas as cláusulas contratuais cuja redação seja ambígua ou obscura serão interpretadas de
maneira mais favorável ao consumidor.
(E) As declarações de vontade constantes de pré-contratos relativos às relações de consumo não
vinculam o fornecedor.
5. (Qadrix - Procon - GO - 2017) À luz da doutrina e do CDC, assinale a alternativa correta acerca de
contrato de adesão.
(A) Os contratos celebrados verbalmente não poderão ser considerados como de adesão.
(B) As estipulações unilaterais do Poder Público estão excluídas do conceito legal de contrato de adesão.
(C) A inserção de cláusula no formulário descaracteriza a natureza de adesão do contrato.
(D) É inadmissível cláusula resolutória nesse tipo de contrato.
(E) Toda estipulação contratual que implicar qualquer limitação de direito do consumidor deverá ser
redigida com destaque, de modo a permitir sua imediata e fácil compreensão.
6. (IESES - Prefeitura de São José - SC - 2019) Assinale a alternativa correta no que diz respeito à
proteção contratual de acordo com o Código de Defesa do Consumidor:
(A) A garantia contratual não é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
(B) O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da assinatura ou do
ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e
serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
(C) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao fornecedor de serviços.
(D) Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for
dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo.
7. (FUNDEP - SAAE de Itabira - MG - 2019) Sobre a proteção do consumidor nas relações jurídicas,
assinale a afirmativa incorreta.
(A) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor, sendo que as
declarações de vontade constantes de escritos particulares relativos às relações de consumo vinculam o
fornecedor.
(B) São anuláveis as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que
estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, ou que sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade.
(C) A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, salvo quando de sua ausência
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
(D) O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o
valor da mão de obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem
como as datas de início e término dos serviços.
8. (IF-MT - Direito – 2018) Zé dos Anzóis adquiriu uma camisa, comprada pelo site da loja Só Alegria
Confecções. Após o recebimento do produto, Zé notou que o material publicizado no site não correspondia
ao que foi entregue na sua residência. Quando Zé dos Anzóis poderá desistir da compra?
(A) Até 7 dias a partir do pedido.
(B) Até 5 dias após o recebimento.

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(C) Não poderá desistir.


(D) Até 7 dias após o recebimento do produto.
(E) Até 5 dias após o pedido.
9. (INAZ do Pará - CRF-PE - 2018) O Código de defesa do consumidor conceitua contrato de adesão
como “aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas
unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo”; deste conceito, nota-se desigualdade material entre as partes.
Apesar da postura do Estado não ser de ampla intervenção nas atividades econômicas e nas relações entre
particulares, ele atua no sentido de buscar equilíbrio entre os diversos interesses existentes na sociedade,
promovendo intervenções e controles onde a linearidade seja substituída pela vulnerabilidade. Nos
contratos de adesão, onde tal desigualdade é mais percebida, a equivalência material depende da atuação
do legislador. À luz deste tema, qual a alternativa que melhor traduz a restauração da linearidade das
partes nos contratos?
(A) Cláusula constante em contrato de prestação de serviços de telefonia que permita à operadora do
==336848==

serviço, a seu critério, a interrupção do serviço, independentemente da previsão de motivos taxativos,


mesmo que o outro contratante não tenha igual direito, não configura desequilíbrio na relação contratual.
(B) Ministério Público tem legitimidade para ajuizar ação civil pública objetivando a análise da validade
de cláusulas abusivas de contrato de arrendamento mercantil celebrado pelos consumidores do Estado de
Pernambuco.
(C) Em contrato de prestação de serviços que tenha cláusula apontando a taxa SELIC como parâmetro
para o reajuste e, no mesmo contrato, haja outra cláusula definindo índice da poupança como parâmetro
para o mesmo fim, dada a contradição, deve ser utilizado aquele mais atualizado.
(D) Nos contratos de adesão, são anuláveis as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
a direito resultante da natureza do negócio.
(E) Nos contratos de adesão, como a sua elaboração tem predominância da vontade de uma das partes
sobre os demais, havendo dubiedade de entendimento acerca de uma das cláusulas, sendo necessária a
intervenção judicial, deve o juiz solicitar da parte que elaborou referida norma arrazoado circunstanciado
acerca dos seus fundamentos, para o fim de formar sua livre convicção sobre a demanda.
10. (FEPESE - CELESC - 2018) Assinale a alternativa correta de acordo com o Código de Defesa do
Consumidor.
(A) A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão do contrato.
(B) É vedada a inserção de cláusula resolutória nos contratos de adesão.
(C) Uma vez aceito e assinado, o contrato de adesão deve ser publicado para ter início sua vigência.
(D) Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido estabelecidas pelo fornecedor de produtos
ou serviços em conjunto com o consumidor.
(E) É característico do contrato de adesão conter cláusulas que implicarem limitação de direito da parte
contratante.
11. (FUNDATEC - DPE-SC - 2018) De acordo com as regras consumeristas, na contratação de
fornecimento de produtos e serviços fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a
domicílio, o consumidor poderá exercer o direito de arrependimento no prazo de quantos dias?
(A) Cinco.
(B) Sete.
(C) Quinze.
(D) Trinta.
(E) Quarenta e cinco.
12. (BANPARÁ - BANPARÁ - 2017) Assinale a alternativa CORRETA:

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(A) Os contratos de adesão escritos, no âmbito das relações de consumo, serão redigidos em termos
claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo onze, de
modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor.
(B) O CDC veda a denominada cláusula de decaimento que se refere, nos contratos de compra e venda
de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações e nas alienações fiduciárias em garantia, à perda
total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução
do contrato e a retomada do produto alienado.
(C) É assegurada ao consumidor na liquidação antecipada do débito e quando feito totalmente, mediante
a redução proporcional dos juros, salvo dos demais acréscimos.
(D) De acordo com o CDC, nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação
ou a restituição das parcelas quitadas, terá descontada somente a vantagem econômica auferida com a
fruição, sendo vedado o desconto referente aos prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.
13. (Quadrix - Procon - GO - 2017) No que se refere às cláusulas abusivas segundo o CDC, assinale a
alternativa correta.
(A) É válida a cláusula contratual relativa ao fornecimento de serviços que determine a utilização
compulsória de arbitragem.
(B) São anuláveis, entre outras, as cláusulas contratuais, relativas ao fornecimento de produtos, que
possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.
(C) Na venda a crédito, é assegurada ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
(D) Em regra, a nulidade de uma cláusula contratual abusiva invalida todo o contrato.
(E) O consumidor é o único legitimado a requerer ao Ministério Público o ajuizamento da competente
ação para que seja declarada a nulidade de cláusula contratual que não assegure o justo equilíbrio entre
direitos e obrigações das partes.

GABARITO
1. E
2. B
3. C
4. C
5. E
6. D
7. B
8. D
9. B
10. A
11. B
12. B
13. C

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