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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE DIREITO PROF. JACY DE ASSIS


DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

ATIVIDADE ASSÍNCRONA SEGUNDA SEMANA - SEGUNDO SEMESTRE – EAD 2021-


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Laila Maria Franco Oliveira

PRIMEIRA QUESTÃO
1. Deoclécio ingressou com ação popular contra quarenta e sete pessoas num só
processo. Ao analisar o caso, o Juiz resolveu dissolver o litisconsórcio entendendo que a
quantidade de réus era excessiva. Assim, limitou o número de litigantes no polo passivo
a dez. No intuito de não ferir o direito de ação, em seguida o magistrado ordenou a
Deoclécio que indicasse os nomes dos dez réus que permaneceriam no processo. A
conduta do Julgador:
a) está correta, porque o número de litisconsortes era mesmo excessivo e o magistrado
teve a cautela de não escolher ele próprio aqueles que deveriam ser excluídos do
processo.
b) está incorreta, porque na hipótese não é possível dissolver o litisconsórcio.
c) está correta somente se tiver havido pedido da parte contrária para a redução de
litigantes, uma vez que no caso se aplica o princípio do dispositivo.
d) está incorreta, porque a inserção de quarenta e sete réus não constitui número
exorbitante de litisconsortes.

JUSTIFICATIVA: A conduta do julgador está correta, pois se o número de


litigantes envolvidos na relação jurídica comprometer o andamento do processo, o juiz
pode determinar a limitação do litisconsórcio. Sobre a assertiva, cabe mencionar o
trecho do art. 113 do CPC: “§ 1° O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo
quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou
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na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa


ou o cumprimento da sentença. § 2° O requerimento de limitação interrompe o prazo
para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o
solucionar’’.
Para que haja a limitação do número de litisconsortes, deve-se observar alguns
requisitos, como a natureza de litisconsórcio facultativo, uma vez que em casos de
litisconsórcio necessário a presença de todos é obrigatória. Outrossim, em casos em que
o número de litigantes comprometa o rápido andamento do processo, cause prejuízo ao
direito de defesa ou dificulte o cumprimento de sentença, a restrição do número de
partícipes do processo pode ser estabelecida.

SEGUNDA QUESTÃO

Roberval é casado pelo regime de comunhão parcial de bens com Deolinda. Ingressou
sozinho com ação que versa sobre direito real imobiliário contra Atanásio, porque
Deolinda recusou-se a participar da referida ação. O juiz não admitiu o processamento
da causa e extinguiu o processo sem resolução do mérito. A decisão do juiz:
a) está correta, porque o litisconsórcio entre Atanásio e Deolinda é do tipo necessário;
b) está correta, porque o cônjuge casado sob o regime da comunhão parcial de bens não
pode representar sozinho a sociedade conjugal em juízo;
c) está errada, porque a extinção só poderia ser feita mediante requerimento de
Atanásio, em face do princípio do contraditório e da ampla defesa;
d) nenhuma das opções anteriores está correta.

JUSTIFICATIVA: Roberval pode ingressar em ação sobre bem imóvel sem a


participação de Deolinda mesmo sendo casados em comunhão parcial de bens, visto que
não se trata de litisconsórcio. O CPC declara expressamente que é necessário que a ação
seja dotada de consentimento, não de proposição conjunta. Nesse sentido, o art. 73 do
CPC apresenta a seguinte previsão: “O cônjuge necessitará do consentimento do outro
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para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o
regime de separação absoluta de bens”.

TERCEIRA QUESTÃO

Judas e Cesarina são cidadãos de Brumados. Tencionam mover juntos uma ação
popular, pois desconfiam que certo contrato realizado pela Prefeitura de Brumados com
a empreiteira Solidez Ltda. causa prejuízo ao erário. Por tal razão, pedirão em juízo a
suspensão imediata da execução do contrato, em medida liminar, e sua anulação
definitiva ao final do processo. A classificação correta para os litisconsórcios formados
no caso será:

a) ativo, necessário, unitário / passivo, necessário, unitário.


b) ativo, facultativo, unitário / passivo, necessário, unitário.
c) ativo, facultativo, simples / passivo, necessário, simples.
d) ativo, necessário, simples / passivo, facultativo, simples.

JUSTIFICATIVA: Em primeira análise, o litisconsórcio formado por Judas e


Cesarina é ativo, pois a diversidade de membros na relação jurídica consta a partir
daqueles que ingressam com a ação, ou seja, a partir do polo ativo. A seguir, o processo
é facultativo, isto é, não há obrigatoriedade que o litisconsórcio ocorra mediante
participação conjunta dos entes, sendo esta uma escolha adotada por eles, de acordo
com os pontos em comum estabelecidos no art. 113 CPC: “Duas ou mais pessoas
podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando: I –
entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide; II – entre
as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; III – ocorrer afinidade de
questões por ponto comum de fato ou de direito”. É estabelecido ainda o elemento de
unitariedade, pois o juiz deverá decidir o mérito de modo uniforme para todos os
litisconsortes.
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Por outro lado, a Prefeitura de Brumados com a empreiteira Solidez Ltda


integram o polo passivo do processo a partir de sua atuação como réu, além de não
poderem escolher participar ou não do litisconsórcio, daí o elemento precípuo do
litisconsórcio necessário. Por fim, é constatada a presença da unitariedade, isto é, a
decisão de mérito diante das empresas deverá ser a mesma.

QUARTA QUESTÃO

Avalie as assertivas abaixo:

I - Quando houver conexão entre os pedidos ou causa de pedir, duas ou mais pessoas
devem litigar no mesmo processo, ativa ou passivamente, em nome da economicidade
processual, não podendo manejar ações diferentes.
II - Duas pessoas, casadas sob o regime da separação absoluta de bens, deverão ser,
obrigatoriamente, citados para compor o polo passivo de uma eventual ação que verse
sobre ato praticado por eles.
III - Tendo em vista o que dispõe o art. 116 do CPC, o recurso apresentado por um dos
litisconsortes a todos os demais que não recorreram sempre beneficiará.
IV - Todo litisconsórcio necessário é também unitário, conforme esclarece o art. 114 do
CPC.

Agora marque sequência correta, considerando falsa ou verdadeira:


a) Falsa / Falsa / Verdadeira / Falsa
b) Verdadeira / Falsa / Falsa / Falsa
c) Falsa / Falsa / Falsa / Falsa.
d) Falsa / Falsa / Verdadeira / Verdadeira

JUSTIFICATIVA: Exposto I: entende-se que a coincidência no que tange ao


pedido, causa de pedir ou afinidade de questões podem configurar a possibilidade de
ingressar em uma relação jurídica mediante litisconsórcio. Contudo, nem sempre a
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adoção do recurso é obrigatória, sendo esta inevitável apenas nos casos de litisconsórcio
necessário, enquanto o litisconsórcio facultativo ocorre por meio da vontade das partes.

Exposto II: erra ao presumir que partes casadas devem integrar uma relação de
litisconsórcio. A partir do exposto, é preciso observar que o litisconsórcio irá ocorrer
apenas em casos em que há algum tipo de vinculação, como a patrimonial do direito real
imobiliário, sendo seguido o procedimento e restrições previstas em lei.

Exposto III: expressa acertadamente ao lembrar do art. 116 do CPC, o qual


dispõe sobre o litisconsórcio unitário e sua necessidade de uniformidade quanto à
decisão do mérito. Do art. 117 do CPC, pode-se extrair que os entes do processo
possuem atividades autônomas e independentes, isto é, podem praticar atos processuais
individualmente, mas deve haver cuidado, pois um ente pode persuadir o juiz de forma
que seja prejudicial às outras partes do processo. O caso varia em situações de
litisconsórcio unitário, portanto, a atividade de um litisconsorte pode beneficiar o outro,
sendo observados os princípios do contraditório e ampla defesa.

Exposto IV: O litisconsórcio pode ser necessário e não unitário, contudo,


provoca um efeito em que a decisão é válida, mas ineficaz para a parte não incluída no
processo.

QUINTA QUESTÃO

Marivalda enviuvou-se de Nicodemos. Tempos depois, apaixonou-se por Juventino, que


era pai de Nicodemos. Os dois casaram-se discretamente. O Promotor de Justiça da
cidade descobriu o ocorrido e, em nome do Ministério Público, ingressou com ação de
anulação de casamento. Contudo, a ação foi proposta somente contra Juventino, pois o
estagiário do Promotor de Justiça esqueceu-se de inserir Marivalda na petição inicial.
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Caso o processo vá adiante sem a participação de Marivalda até a prolação de sentença


de mérito, a referida sentença será:
a) nula para Marivalda, para Nicomedes e também para o Ministério Público;
b) nula para Marivalda, mas válida para Nicodemos e também para o Ministério
Público;
c) ineficaz para Marivalda, mas é válida para Nicodemos (Juventino) e também para o
Ministério Público;
d) ineficaz para todos.

JUSTIFICATIVA: De acordo com o art. 114 do CPC: “O litisconsórcio será


necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser
litisconsortes”. Adiante, entende-se que o litisconsórcio é necessário e unitário,
portanto, o processo é nulo, como se observa: “A sentença de mérito, quando proferida
sem a integração do contraditório, será: I – nula, se a decisão deveria ser uniforme em
relação a todos que deveriam ter integrado o processo; II – ineficaz, nos outros
casos, apenas para os que não foram citados (art. 115 do CPC)”. Observação: o nome
Juventino foi trocado por Nicodemos.

SEXTA QUESTÃO

Bioreno, Carmelo e Catarino são amigos e foram a uma grande festa organizada pela
empresa Show de Bumbum Eventos e pelo casal Imengarda e Delor, que estavam se
casando. Durante a festa ocorreu um principio de incêndio no equipamento de som, o
que gerou grande confusão e correria. Bioreno, Carmelo e Catarino foram pisoteados
durante a correria e terminaram com vários ferimentos. Agora, vão juntos mover uma
ação de reparação de danos. Neste caso, pode-se afirmar que:
a) Bioreno, Carmelo e Catarino formarão litisconsórcio ativo facultativo no processo e
deverão obrigatoriamente demandar contra a empresa, Imengarda e Delor, porque o
litisconsórcio entre estes é do tipo necessário.
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b) Bioreno, Carmelo e Catarino não podem demandar juntos, porque o caso retratado
não se encaixa em nenhuma das hipóteses de formação de litisconsórcio indicadas pelo
CPC.
c) Será formado no processo litisconsórcio ativo, facultativo e simples entre os autores.
Entre os réus, o litisconsórcio será passivo, facultativo e unitário.
d) O litisconsórcio entre os réus será passivo, facultativo e simples.

JUSTIFICATIVA: Em primeira análise, o litisconsórcio entre os réus será passivo, visto


que estes integram o polo passivo da relação jurídica, além de ser facultativo, pois
podem apresentar sua defesa não conjuntamente, mas optam pelo litisconsórcio. É
estabelecido como um processo simples e não unitário, pois a decisão de mérito pode
variar de acordo com as circunstâncias do incidente, como responsabilidade sobre o
incêndio, nível de culpa, dentre outros fatores a serem analisados ao longo do
processamento da decisão de mérito.

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