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REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 71
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
1
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O conceito de startup ainda é difuso nos dias de hoje. Muitos perguntam:
“O que é uma startup?” ou “O que define uma startup?”. Przem (2016) relata que
definir uma startup realmente é complexo, pois envolve descobrir o que conecta
marcas como Airbnb, Uber e mesmo o Google, que foi uma startup em seu início,
além de outras milhares de marcas. Steve Blank (2014, p. 1) informa o que não
é uma startup: “Startup não é a versão menor de uma grande empresa”. Para
Eric Ries (2012, p. 24), autor do conceito Lean Startup, startup é: “uma instituição
humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema
incerteza”.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Embora não seja possível afirmar qual é o começo exato da “era das
startups”, para Przem (2016), coincidiu com o surgimento do ecossistema de
negócios do Vale do Silício. Deste modo, é seguro supor que as primeiras startups
são as empresas do Vale do Silício como, por exemplo, a Apple e a Microsoft. O
Google é um exemplo perfeito, pois começou como uma experiência e cresceu
para se tornar um líder no mercado: exatamente o que todo fundador de startups
espera.
Przem (2016) explica que a origem do termo “startup” surgiu com a bolha
das “pontocom” (também conhecida como “o boom das pontocom”, “a bolha da
tecnologia” ou “a bolha da Internet”). Foi a bolha que ocorreu no final dos anos
1990 e no início dos anos 2000. A razão para o nome “pontocom” é devido ao fato
de que o período foi marcado com a fundação de várias novas empresas baseadas
na Internet, resultando no rápido aumento de seus valores na Bolsa de Valores.
Esta época não marca o começo da “era das startups”, mas foi quando o termo
se difundiu, em parte porque a maioria dos negócios deste período operou no
modelo de vendas escaláveis pela internet.
Boa leitura!
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
Em seu livro, Startup Enxuta, Ries (2012) cita que a palavra inovação deve
ser compreendida amplamente como descobertas científlcas originais, um novo uso
para uma tecnologia que já existe, desenvolvimento de um novo produto ou serviço, ou
a simples disponibilização deste produto em um local onde clientes não tinham acesso.
Independente da inovação, ela é o cerne do sucesso da startup. Assim como na inovação,
Ries (2012, p. 25) sugere que o produto seja considerado como “qualquer fonte de valor
para as pessoas que se tornam clientes”. Ou seja, tudo que gerar interação do cliente com
a empresa pode ser considerado produto.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Assim como a startup de Ries, várias outras não alcançam seus objetivos
com perdas significativas de tempo e dinheiro. Sabemos que o aprendizado vem
tanto com o sucesso, quanto com o fracasso, no entanto, Ries descobriu que vários
fracassos poderiam ser evitados seguindo o processo Lean Startup. Este processo
foi então identificado e amadurecido ao longo de sua trajetória, com um percurso
que uniu várias teorias (ERIC, 2019).
Blank (2014, p. 1) já dizia, no início dos anos 2000, que “é um erro tratar
startups como versões menores de uma grande empresa”.
Este modelo é ainda bastante utilizado por empresas que conhecem seus
clientes e já possuem uma base sólida de mercado. No entanto, são poucas as
startups que conhecem seus clientes e, utilizar este modelo, pode ser desastroso.
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
• Presumir que conhece o cliente e sabe o que ele quer: são raras as exceções
em que uma startup conhece a fundo o seu cliente. Normalmente, o que se têm
são suposições de seus problemas e anseios.
• Presumir que sabe quais devem ser as características dos produtos:
totalmente atrelado ao item um, pode ser um grande erro considerar que
conhece exatamente o que o cliente quer. Desenvolver o produto, para depois
apresentar para o cliente, pode desencadear desgastes e muito retrabalho para
a empresa.
• Ter foco na data do lançamento: o deadline imposto à equipe para o lançamento
do produto pode gerar um bloqueio para inovação. Para não atrasarem a
entrega, ficarão avessos às mudanças, adequações e aperfeiçoamento do
produto. O lançamento deve ser planejado somente depois de conhecerem bem
o cliente e o que ele precisa, garantindo que quando o produto for lançado, será
comprado.
• Dar ênfase à execução no lugar da geração de hipóteses, testes, aprendizagem
e iteração: a ênfase na execução pode funcionar bem em grandes empresas,
cujos clientes já estão consolidados. Para uma startup, a ênfase deve estar em
aprender. As startups devem operar com a mentalidade de que precisam obter
constantes feedbacks dos seus clientes.
• Trabalhar com planos de negócios tradicionais, sem incluir tentativa e erro:
uma grande empresa já possui um orçamento para inovação e desenvolvimento
de novos produtos, e arriscam tempo e recursos para que isto aconteça. Startups
não possuem tempo, e muitas também não possuem recurso. Assim, a corrida
é pela validação do seu produto e do seu modelo de negócio, que acontecerá
através de estratégias de feedbacks e aprendizado. Quanto menos tempo e
dinheiro investirem, melhor.
• Confundir títulos e cargos tradicionais: diferente de uma empresa tradicional,
as startups precisam de pessoas ágeis o bastante para se adaptarem às mudanças,
aprenderem com os fracassos e que saibam transitar entre cargos, pois para ser
sustentável em seu início muitos acabam exercendo várias funções.
• Vendas e marketing executam de acordo com um plano: ou seja, os setores de
vendas e marketing traçam uma estratégia de lançamento e vendas, e focam
todos seus esforços nela. Quando o mercado já está consolidado, e mesmo para
as startups que já conhecem bem o seu cliente, essa estratégia pode funcionar.
Porém, Blank (2014, p. 12) enfatiza que “as equipes de vendas e marketing irão
focar no que faz sentido para elas, como desenvolvimento de sites, branding e
campanhas”. A startup, no entanto, precisa concentrar seus esforços na coleta
de dados dos clientes.
• Presumir que terá sucesso leva a uma escala prematura: escalar no conceito de
startups significa crescer, contratar novos colaboradores, mudar para uma nova
sede. Entretanto, crescer reflete em novos gastos, e isso somente deve acontecer
após as vendas estarem garantidas, ou seja, após ter o produto validado com
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Essas e outras lições foram vivenciadas por Ries (2012, p. 16), que ainda
estudou e aplicou outras metodologias, como, por exemplo, os conceitos da
manufatura enxuta – processo que nasceu no Japão – com o sistema de produção
da Toyota (JUSTA, 2014).
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Eric Ries (2011, s. p.) ainda diz que "usando a abordagem da startup
enxuta, as empresas podem criar ordem, não caos, fornecendo ferramentas para
testar uma visão continuamente".
3 A VISÃO DA STARTUP
Uma startup sempre se inicia com uma ideia para solucionar algum
problema. O impacto que se deseja com essa solução é a visão. É o ponto onde se
quer chegar, a mudança que deseja ver acontecer.
Vejam a Figura 2:
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
Conforme visto, Ries (2012, p. 24) define uma startup como: “uma
instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições
de extrema incerteza”. O autor diz ainda que “empreender é administrar” e
“startup é uma instituição e não um produto” (RIES, 2012, p. 24). Assim, uma
startup necessita de uma gestão adaptada para o contexto de extrema incerteza.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Além disso, o autor afirma ser muito danoso o empreendedor se deixar levar
pelos seus sentimentos e subjetividade, não considerando o que verdadeiramente
importa – a aceitação do cliente e a garantia que ele comprará a solução. No
empreendedorismo também se procura validar ou invalidar as hipóteses e, neste
caso, tudo se inicia com a visão do empreendedor. Eric Ries (2012, p. 52) diz
que “da mesma forma que a experimentação científica é permeada pela teoria, a
experimentação da startup é orientada pela sua visão”.
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
FONTE: O autor
• Os clientes vão pagar R$ 500 por mês para utilizar a minha solução?
• Pet Shops estão dispostos a ter uma rede de colaboração com veterinários?
• Empresas necessitam de um sistema que integre o setor de RH com seus
colaboradores?
As hipóteses não dão a certeza de que a ideia faz sentido. Mas orientam
os testes com os clientes. Steve Blank (2014, p. 34) diz que “hipótese é só uma
palavra bonita para ‘achismo’”, então é necessário criar experimentos para validar
as hipóteses. Assim, quanto mais rápido rodarmos o ciclo da startup construir >
medir > aprender, mais rápido erraremos, e mais rápido aprenderemos. Este é o
grande diferencial do método lean.
O que se deve evitar é não aprender com os erros. Utilize o método para
não desperdiçar as chances de aprendizado pois, de nada adianta uma excelente
ideia, ou um produto bem desenvolvido com métricas e vários atrativos, se o
cliente não pagar por ele. Ouça e internalize o feedback do cliente.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Em seu site, Maurya (2019, s. p.) comenta que recebe uma pergunta com
bastante frequência: “Por que o Lean Canvas não é organizado de forma mais lógica?” A
ordem aparentemente é aleatória. O principal motivo para esse layout específlco, segundo
o autor, é o legado. Lean Canvas é derivado do Quadro do Modelo de Negócios e, ao invés
de alterar o layout da tela, o autor optou por adotar uma restrição de design: cada vez que
ele adicionava uma nova caixa (como Problema), ele removia uma caixa antiga (como
Parceiros Principais). O autor comenta ainda, que ele já preencheu e analisou vários Lean
Canvas, e a ordem de preenchimento é apenas uma sugestão. Não existe uma ordem
correta e sim a mais intuitiva, que varia de empreendedor para empreendedor.
FONTE: A autora
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO À LEAN STARTUP
• Solução
• Canais
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Métricas-chave
• Vantagem diferencial
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
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AUTOATIVIDADE
5 A proposta única de valor deve ter uma mensagem clara e específica que
será direcionada para o seu cliente. Qual é o objetivo da proposta única de
valor?
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
As hipóteses são desenvolvidas de acordo com a visão dos fundadores, ou
seja, de acordo com o impacto que se deseja alcançar. A descoberta do cliente será
a busca pelos clientes e pelo mercado que possuem a mesma visão.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Um bom início é utilizar o método TAM, SAM, SOM: são siglas derivadas
do inglês, que representam a quantificação da demanda do produto no mercado.
É uma forma bastante difundida para aprender mais do público-alvo.
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
Mas atenção: os dados são sempre do passado. Blank (2014, p. 69) comenta
que não há como ter certeza de um novo tamanho de mercado, afinal, ele ainda
não existe. No entanto, as pesquisas conseguem informar para onde mercados
semelhantes estão se direcionando, se estão crescendo ou decrescendo.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Outra boa prática é buscar empresas que possam servir como base
comparativa, verificando se estão evoluindo como se imagina, ou não.
Saber quem buscar como cliente fará diferença nos custos investidos. Além
disso, no mundo das startups e no ecossistema de empreendedorismo e inovação,
os possíveis investimentos que muitas vezes vêm de editais de subvenção do
governo, aceleradoras, investidores anjo ou de outras fontes, sempre analisam o
mercado que a startup está almejando. É muito arriscado investir em uma startup
que desconhece o próprio mercado.
• Recursos públicos não reembolsáveis são aqueles que não precisam ser
devolvidos. Veja mais em: https://bit.ly/3uWravK.
• Aceleradoras: empresas que se tornam sócias da startup e apoiam o seu crescimento.
Acesse mais informações em: https://bit.ly/3lt7tZC.
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
• O Investimento Anjo é o investimento efetuado por pessoas físicas com capital próprio
em empresas nascentes com alto potencial de crescimento (as startups). Descubra mais a
respeito dos investimentos anjo em: https://bit.ly/3ao2a7q. Falaremos mais de investimentos
na terceira unidade deste livro.
Em seu livro, Ries (2012, p. 81) cita o exemplo da empresa Intuit. Seu
fundador, Scott Cook, em 1982, teve a visão de que, um dia, “os consumidores
iriam ter computadores em casa e com eles seria possível pagar contas e
acompanhar suas despesas”.
Para a época essa ideia foi bem radical e, quando Cook resolveu investir na
ideia, sua primeira ação foi telefonar para algumas pessoas aleatórias, encontradas
nas listas telefônicas de Palo Alto, Califórnia, local da sua residência e Winnetka,
Illinois. Esta pesquisa trouxe como resultado a validação de que a sua hipótese
estava correta. As pessoas não gostam da tarefa “pagar contas”, o que na época
implicava em ir ao banco.
Outro ponto interessante apresentado pelo autor, foi o fato das ligações
não se aprofundarem nos atributos de uma possível solução, mesmo porque
os consumidores da época ainda não tinham a experiência e a prática com os
computadores pessoais e por isso seria difícil emitir uma opinião a respeito.
Apesar das ligações terem sido realizadas com potenciais clientes iniciais, Cook
percebeu que o mercado poderia se expandir para grandes públicos.
Para Blank (2014, p. 79), esta fase da Descoberta do Cliente deve identificar
cinco elementos:
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Blank (2014, p. 79) questiona: “seu produto é do tipo ‘preciso ter’ ou ‘seria
bom ter?’”. As melhores soluções são aquelas que resolvem os problemas que
tiram o sono dos clientes.
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
O autor cita ainda que uma nova geração de designers desenvolveu novas
técnicas, mais adaptadas para o modelo Lean Startup, como o Lean User Experience
(Experiência do Usuário Enxuta) ou Lean UX.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
• Comece com a sessão “Objetivo”. Defina quem é o seu cliente e o que ele
precisa.
ᵒ Quais são as suas dores? Dores são as dúvidas, os obstáculos, o que incomoda
o cliente. Registre as suas frustrações, seus medos, suas ansiedades.
ᵒ Quais são as suas necessidades/ganhos? Registre o que seria o sucesso para
o cliente e como a sua solução pode surpreendê-lo.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Blank (2014, p. 174) sugere aprender com o seu cliente, mas também
“manter a mente aberta para novos insights”. O ciclo hipótese > desenho do
experimento > teste > insight é apresentado na Figura 11 e traduz a fase que irá
dar as respostas para “o que quero aprender?”.
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
Blank (2014, p. 180) comenta que “apesar de ser um trabalho árduo (muitas
vezes é preciso mandar 25 e-mails para conseguir agendar dez reuniões), é um
preço baixo a se pagar pelo sucesso”.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
Esta tabela pode conter muitas linhas. Blank (2014, p. 177) sugere começar
com “50 clientes-alvo”. Maurya (2018a, p. 96) recomenda entrevistar entre “dez a
15 pessoas por semana”. O importante para esta fase é ter condições de responder
algumas perguntas:
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Logo, a proposta de valor para quem anuncia é muito boa, pois atinge
milhões de usuários. E quem está na conta gratuita acaba tendendo a pagar para
não receber anúncios a todo momento. Assim, a proposta de valor para contas
pagas também está bem clara.
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TÓPICO 2 — QUEM É O SEU CLIENTE?
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Cada parte do quadro Lean Canvas deve ser escrito com base nas hipóteses e
validado com o cliente.
• Somente após as entrevistas será possível criar a proposta única de valor, pois
somente depois de aprender com o seu cliente será possível entregar uma
solução que atenda às suas expectativas.
54
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) V – F – V – F.
d) ( ) V – V – V – V.
4 Falar com o cliente pode ser uma tarefa muito difícil para alguns
empreendedores, porém é essencial para validar as suas hipóteses. Quais
seriam os clientes mais fáceis de serem entrevistados primeiro?
55
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
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TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Este tópico tem por objetivo apresentar o empreendedorismo na sua
prática, trazendo histórias de empreendedores e suas startups.
Para além de tudo o que foi apresentado nos tópicos anteriores, existe
um fator de extrema importância que é a determinação dos fundadores, sua
proatividade e resiliência. A rotina de trabalho em uma startup é desafiadora,
devido aos grandes riscos e incertezas do dia a dia, e isso também exige uma
cultura de transparência, inspiração, recrutamento e liderança de novos talentos.
2 AIRBNB
A história da Airbnb começou com um site, o airbedandbreakfast.com, em
2007, conforme relata Stone (2017): Joe Gebbia, um dos criadores do site, precisava
alugar com urgência um dos quartos do seu apartamento, em São Francisco, ou
teria que entregar o imóvel devido ao alto valor do aluguel. Ele perguntou para
Brian Chesky, seu amigo, se ele gostaria de alugar o quarto. Brian respondeu que
não, pois também estava passando por dificuldades financeiras.
Brian e Joe levaram somente três dias para desenvolver o primeiro site,
aribedandbreakfast.com. O site foi desenvolvido com ferramentas gratuitas do
WordPress. A página era básica, mostrando o nome do serviço e a descrição do
conceito:
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Após alguns meses sem atividades na Airbed & Breakfast, Brian e Joe
souberam que Barack Obama iria discursar em Denver. A cidade esperava mais
de 80 mil pessoas e havia somente 30 mil suítes de hotéis. Desta vez, com uma
nova versão do site, cuja proposta de valor seria alugar um quarto de forma tão
simples quanto a reserva de uma suíte de hotel, conseguiram, em apenas quatro
semanas, passar de zero para oitocentos anúncios. Contudo, após a convenção, o
número de reservas caiu novamente. Nesse momento, os fundadores começaram
a pensar que talvez a solução atendesse melhor quem estivesse em viagem e não
somente participando de convenções. Sem desistir, os fundadores buscaram por
conhecimento participando de eventos nas áreas do empreendedorismo e startups
e conheceram grandes escritórios e programas de aceleração. Assim, buscaram
por investimentos para aprimorar o site, porém, nenhum dos 20 investidores
procurados quiseram investir.
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TÓPICO 3 — EXEMPLOS DE STARTUPS – CASOS DE SUCESSO E INSUCESSO
3 QUINTOANDAR
Diferentemente dos fundadores da Airbnb, os fundadores da Quinto
Andar não partiram de um problema financeiro que os forçaram a pensar em
uma solução. Conforme relata Bergamasco (2020, p. 310), os empreendedores
fizeram um exercício de ideação e anotaram os piores problemas que as pessoas
enfrentam, aqueles que geram entraves e aborrecimentos e que uma solução
melhoraria a vida de muitas delas. O item “alugar um imóvel” foi um dos
primeiros que apareceu, pois ambos já haviam sofrido com aluguéis.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
inquilinos, é que a solução começou a ser pensada. Como diz o autor, no “’glossário
do Vale do Silício’, é preciso diagnosticar a ‘dor’ comum a vários clientes para
depois pensar no ‘tratamento’” (BERGAMASCO, 2020, p. 321).
Iniciaram com um site mais básico, sem todos os recursos que julgavam
necessários e deram o nome de QuintoAndar para a startup, sem um motivo
especial. Assim como a Airbnb, a QuintoAndar investiu nas fotos dos imóveis e, em
seguida, desenvolveram o agendamento de visitas com corretores, programadas
no site. No entanto, já em 2014, o crescimento da startup continuava lento e
estava cada vez mais difícil pagar o salário dos 21 funcionários. Para equilibrar
as despesas e receitas, tiveram que demitir sete pessoas. “Às vezes você tem um
projeto bom, mas o mercado não te deixa implementar ou você depende de outros
players. Fomos humildes ao sacrificar algumas coisas no começo e persistentes
para colocar em prática aquela ideia inicial. – Gabriel Braga” (BERGAMASCO,
2020, p. 399).
4 NUBANK
Os fundadores da Nu Pagamentos S.A. (razão social da empresa)
tinham como propósito criar uma startup que oferecesse um serviço despido de
complicações bancárias e dados difíceis de entender, conforme cita Bergamasco
(2020, p. 843). A startup nasceu em 2013, na mesma época em que Cristina
Junqueira, cofundadora, teve sua primeira filha.
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TÓPICO 3 — EXEMPLOS DE STARTUPS – CASOS DE SUCESSO E INSUCESSO
profissionais, com uma única mulher além de Cristina. Ser mulher no ambiente
executivo envolve uma série de desafios e com Cristina não foi diferente. Ela
conta que em sua época de executiva, em certa ocasião precisou se abaixar para
procurar uma tomada para o seu carregador de celular e ouviu “ajoelhou vai
ter que rezar” (entendendo que não se tratava de motivos religiosos). Em outras
situações, quando uma mulher estava sendo contratada, ouvia dos colegas “ela já
passou pelo SPC”? (sexo pós contratação).
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Pesquisas como Getting to equal 2019: creating a culture that drivex innovation
(Chegando à igualdade 2019: criando uma cultura que impulsiona a inovação), da
Accenture, empresa global de consultoria, indicam que empresas com diversidade
e inclusão são 11 vezes mais inovadoras e seus colaboradores são até seis vezes
mais criativos (SWEET; SHOOK, 2019).
5 SEGWAY
Em 2002, a Segway lançou um produto que prometia revolucionar o
transporte urbano. Pessoas mais próximas do fundador Dean Kamen tiveram
acesso aos seus planos e aumentaram a expectativa nas redes sociais.
O investidor John Doerr comentou que seria uma inovação mais importante
que a internet, e previu vendas de 1 bilhão de dólares por ano. Jeff Bezos, o
fundador da Amazon, também afirmou que a inovação seria revolucionária e
as cidades seriam construídas tendo como base a possibilidade da utilização do
patinete da Segway como meio de transporte, afirma Grego (2016).
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TÓPICO 3 — EXEMPLOS DE STARTUPS – CASOS DE SUCESSO E INSUCESSO
foi proibido em vários países. Em alguns, o patinete não foi liberado para andar
nas calçadas por ser considerado veículo motorizado. Em outros, o patinete não
foi liberado para tráfego em estradas. Outro fator que contribuiu para pouca
aderência foi o seu preço. O modelo mais barato custava cerca de 3 mil dólares.
Além disso, os usuários não sabiam onde usar e os patinetes, que seriam uma
revolução no transporte, acabaram sendo mais utilizados pelos seguranças em
shoppings centers.
6 PINKY GLOVE
Eugen Raimkulow e Andre Ritterswürden apresentaram sua ideia
no programa de TV alemão Die Höhle der Löwen (A Toca do Leão), em que
empreendedores buscam investimento de um grupo de investidores, segundo
relata Berry (2021). A ideia consistia em uma solução para um “problema de
higiene feminina”: as Luvas Pinky. Luvas cor de rosa descartáveis, para serem
usadas na hora de trocar absorventes, oferecendo uma maneira discreta para o
descarte.
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UNIDADE 1 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
LEITURA COMPLEMENTAR
Peter Thiel
Se você acredita que sua vida é sobretudo uma questão de sorte, por que
ler este livro? Aprender sobre startups é inútil se você anda lendo histórias sobre
pessoas que ganham na loteria. Caça-níqueis para leigos pode se propor a contar
qual tipo de pé de coelho dá mais sorte ou como identificar máquinas caça-níqueis
mais “quentes”, mas não pode dizer como vencer.
FONTE: THIEL, P.; MASTERS, B. De zero a um. Tradução de Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Objetiva,
2014. p. 55-57. E-book.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Empreender não é uma ciência exata. Nos casos apresentados, todos tiveram
seus próprios desafios e resolveram conforme o momento e possiblidades que
estavam ao alcance. Os empreendedores devem estar dispostos a perder uma
batalha e recomeçar quantas vezes forem necessárias. O importante, conforme
mencionado nos tópicos anteriores, é o aprendizado. Erram aqueles que tentam
procurar culpados e deixam em segundo plano a evolução do negócio.
• Não entender o mercado e os clientes, pode levar a startup ao fracasso. Nos casos
da Segway e Pinky Rose, isso ficou bastante claro. Mesmo com investimentos
relevantes para o desenvolvimento do produto, a empresa pode correr o risco
de fechar as portas ou ainda ter seu branding afetado.
67
AUTOATIVIDADE
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4 Em 2002, a Segway lançou um produto que prometia revolucionar o
transporte urbano. Qual foi seu principal erro?
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REFERÊNCIAS
ABSTARTUPS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE STARTUPS. Mas afinal, o
que são startups? São Paulo, c2021. Disponível em: https://abstartups.com.br/
definicao-startups/. Acesso em: 4 ago. 2021.
APRENDA sobre o quadro lean canvas e comece sua startup. Sebrae, Inovação,
Startup, [s. l.], 29 mar. 2019. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/
PortalSebrae/ufs/pb/artigos/aprenda-sobre-o-quadro-lean-canvas-e-comece-sua-
startup,08c7190f394c9610VgnVCM1000004c00210Arcrd. Acesso em: 4 ago. 2021.
BERRY, A. Pinky gloves: german team slammed for 'stigmatizing' periods. DW,
made for minds, Berlin, c2021. Disponível em: https://www.dw.com/en/pinky-
gloves-german-team-slammed-for-stigmatizing-periods/a-57205271. Acesso em:
4 ago. 2021.
CARLSON, N. Inside groupon: the truth about the world’s most controversial
company. Insider, New York, 1 nov. 2011. Disponível em: https://www.
businessinsider.com/inside-groupon-the-truth-about-the-worlds-most-
controversial-company-2011-10. Acesso em: 4 ago. 2021.
CUSTOMER archetype - how to build a startup. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo
(2m5s). Publicado pelo canal Udacity. 2015. Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=StAeA16gNPY&list=PLw540Wq5kay9XciUxjjCbakIDK-
6ZcHO3&index=7&ab_channel=Udacity. Acesso em: 4 ago. 2021.
70
EQUIPE NUBANK. Nosso compromisso com a diversidade racial no Nubank.
Nubank, São Paulo, 2 ago. 2021. Disponível em: https://blog.nubank.com.br/
carta-diversidade-racial-nubank/. Acesso em: 4 ago. 2021.
ERIC Ries: building a startup for long term success. 2019. 1 vídeo (35m31s).
Publicado pelo canal JPMorgan. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=zInGtiGXCBA&ab_channel=jpmorgan. Acesso em: 4 ago. 2021.
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73
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
74
75
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Steve Blank (2013), o Produto Mínimo Viável (MVP) nem
sempre é uma versão menor ou mais barata do produto final. Para o autor, definir
o objetivo do MVP pode salvar tempo, dinheiro e desgaste emocional.
Blank (2021, s. p.) diz ainda que os dois principais motivos pelos quais as
startups falham são porque “não há necessidade do mercado” e “faltou recurso
financeiro para o sustento da startup”. Essas razões, segundo o autor, significam
que as startups não construíram uma solução simples para um problema que
muitas pessoas têm e falharam no desenvolvimento e nos testes do MVP, não
validando a aceitação do produto junto ao cliente.
Blank (2014, p. 76) alerta para uma tendência das startups de criarem
vários recursos com o intuito de um dia serem incorporados ao produto. O autor
afirma que o objetivo maior no desenvolvimento dos clientes é saber o que não
incluir. “Menos é mais”.
77
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
O MVP deve ser colocado nas mãos do cliente o mais rápido possível,
por isso, o autor recomenda não incluir novos recursos enquanto não se tenha
esgotado a busca pelo modelo de negócio ideal. É importante que não se gaste
esforços extras nessa etapa do desenvolvimento. O MVP deve conter somente as
funcionalidades chave para resolver o problema principal do cliente, aquele que
o cliente estará disposto a pagar.
Segundo Steiner (2010), seu nome deriva de group e coupon (grupo e cupom)
e oferecia grandes descontos em produtos ou serviços para os consumidores on-
line. Ries (2012, p. 84) comenta que em sua origem, o Groupon não pretendia
ser uma empresa de vendas on-line, mas sim, uma “plataforma de ativismo
coletivo”, com o nome The Point. The Point utilizava mala direta e todas as suas
comunicações eram realizadas por ali.
Foi assim que o CEO da Groupon percebeu que haveria uma grande
possibilidade de a startup monetizar, ou seja, de transformar o seu negócio em
dinheiro e se tornar lucrativa. No entanto, os demais fundadores da The Point não
concordaram por estar distante da ideia inicial e do propósito da startup.
78
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Como relata Carlson (2011), por volta de 2008 houve uma crise na
economia mundial e o The Point teve que demitir algumas pessoas. Em meio à
crise, precisando monetizar de alguma forma, os fundadores voltaram a pensar
na ideia das vendas on-line, porém, com um princípio muito claro conectado à
The Point, que era ajudar as pessoas.
Ries (2012, p. 84) descreve que o MVP da Groupon foi um blog criado
no WordPress, onde todos os dias a Groupon colocava um novo post. No início
vendiam camisetas com a descrição: “esta camiseta será entregue na cor vermelha
e no tamanho grande. Se você quiser outra cor ou outro tamanho, mande um e-
mail para nós”.
79
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
O produto era tão grande e complexo, com tantos detalhes e peças a serem
desenvolvidas, que foi necessário excluir algumas funções para poder lançar no
prazo. O autor comenta que nesse período enfrentaram horas discutindo quais
bugs eram aceitáveis deixar ou quais precisavam ser resolvidos. Os fundadores
tinham receio de lançar um produto ruim e manchar o nome da empresa. Como
todos os fundadores já haviam passado por outras experiências empreendedoras,
existia um medo, porém lançaram o produto mesmo não estando totalmente
perfeito.
Após o lançamento, nada aconteceu. Ries (2012, p. 37) relata um alívio pelo
fato de os clientes não terem descoberto que o produto era ruim, mas, também,
uma grande frustração, afinal, “foram horas consertando bugs, discutindo sobre
quais recursos deveriam ser incluídos ou não”. A proposta de valor ficou bem
aquém do esperado e não houve um download executado pelos clientes.
80
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Esta funcionalidade, por sua vez, era integrada a outro serviço já existente,
a AOL. O que causou um espanto nos clientes: não seria necessário instalar ou
fazer o download de mais um aplicativo. Na concepção dos fundadores, conforme
relata Ries (2012, p. 35), “a IMVU estava resolvendo um grande problema dos
usuários”. Ries (2012, p. 40) comenta que no escritório eles usavam “um ou dois
aplicativos de administração de contatos e entendiam que a integração seria mais
vantajosa do que criar mais um serviço”. A grande surpresa foi saber que usuários
mais ativos em MI relataram usar cerca de oito aplicativos para administrar seus
contatos ou mais.
81
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
Ries (2012, p. 46) relata que o MVP foi dividido em dois grupos: um para
testar o “bate-papo com o avatar” e outro para testar a “mensagem instantânea
em 3D”. Os novos clientes eram divididos automaticamente entre eles, o que
permitiu uma avaliação distinta.
A lição do MVP da IMVU é que não adianta supor o que o cliente deseja,
é preciso investigar. Todo e qualquer recurso extra, além do necessário para
82
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
E como saber quando parar? Ries (2012, p. 87) comenta que “em caso
de dúvida, simplifique”. A complexidade do MVP será dimensionada pelo
discernimento – não existem fórmulas. A jornada é de aprendizado a respeito dos
recursos que devem ou não ser incluídos.
Gascoigne (2011) relata ter lido sobre MVP, além dos conselhos de Ries em
vídeos e blogs, e decidiu fazer um teste muito simples, o menor que ele poderia
ter feito; O MVP foi composto por duas páginas.
83
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
84
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Gascoigne (2011) relata que poucas pessoas optaram pelos planos pagos,
porém, ele continuou recebendo os e-mails. Este resultado deu ao CEO uma
segurança para desenvolver a solução.
Gascoigne (2011) comenta que teve sorte com relação ao momento em que
estava, pois em sete semanas aconteceria o “Startup Sprint”. Um movimento em
que vários desenvolvedores se desafiariam a lançar algo até final de novembro.
O CEO conta que subestimou o tempo necessário de desenvolvimento. Ele
imaginou que em uma semana a primeira versão estaria pronta. No entanto, foi
bastante desafiador entregar em sete semanas, passando noites e finais de semana
trabalhando e, mesmo assim, não implementou várias funcionalidades que ele
considerava vital.
Assim como relatado pelo Eric Ries (2012) no case da IMVU, Joel Gascoigne
(2011) conta que ficou envergonhado com a primeira versão, porém manteve-se
no ciclo: construir > medir > aprender. O primeiro cliente pagante veio quatro
dias depois do lançamento do que o CEO relata ser o “produto com as bordas
ásperas” (GASCOIGNE, 2011, s. p.).
85
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
86
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
87
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
Landing page é uma única página web, bastante objetiva, para capturar novos
clientes. Normalmente são páginas usadas para campanhas de marketing, com anúncios
ou um link para o visitante clicar e ser encaminhado para um carrinho de compras ou uma
inscrição.
88
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
A FotT conta também com uma equipe de chefs profissionais que criam
receitas e tiram proveito das promoções dos mercados locais. As receitas são
compatibilizadas via algoritmo computacional, com as escolhas e necessidades
de cada cliente. Ries (2012, p. 91) explica que a “FotT tem um banco de dados
com vários supermercados cadastrados e atualizados com as suas promoções
da semana, além de informações de receitas compatibilizadas com os produtos
alimentícios, customizadas, etiquetadas e classificadas”. Por exemplo, se uma
pessoa pede uma receita com talos de brócolis, o sistema deve verificar se este é o
mesmo ingrediente em promoção nos supermercados.
90
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• 1ª interação:
ᵒ ir até o cliente e interagir presencialmente;
ᵒ entender como eles resolviam o problema por conta própria;
ᵒ apresentar a solução como seria na internet e, rapidamente, alterar baseado
nas reações apresentadas.
91
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
• 2ª interação:
ᵒ conversação via telefone;
ᵒ emular a experiência na web através de questionamentos, mas sempre
esclarecendo quando necessário;
ᵒ entregar as receitas e listas de compras por e-mail.
• Outras interações:
ᵒ deixar o cliente mais autônomo possível;
ᵒ focar na experiência e não no código;
ᵒ usar apps do Google como substituição de páginas dinâmicas.
• não tente aprender tudo de uma vez, recorte o todo em pequenos passos;
92
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• somente avance para o próximo passo quando você puder antecipar o que o
cliente irá dizer;
• automatize quando você gastar a maior parte do seu tempo realizando tarefas
repetitivas que diminuem a sua oportunidade de aprendizado;
• se sua moeda é o aprendizado, codifique apenas quando isso tornar o
aprendizado mais barato.
Ries (2012, p. 14) cita ainda que “o resultado comum de um MVP com
concierge é a invalidação das hipóteses, o que é um avanço quando se trata de uma
empresa cujo propósito é ter um crescimento considerável, pois os problemas são
identificados no início das interações”.
Em sua entrevista com James Currier (2021), Fogg comenta que estuda o
comportamento humano há 25 anos, porém, nos últimos 12 ele se dedicou aos
hábitos especificamente.
93
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
habilidade e ação. Além disso, escreveu o livro Tiny Habits (pequenos hábitos)
e criou a disciplina e o bootcamp “Behavior Design” (design do comportamento).
Seu livro foi considerado um best-seller (mais vendido) pelo New York Times, e a
escolha número um da Amazon no ano de 2020.
3.1 EQUÍVOCOS
Agora apresentaremos os equívocos que podem e devem ser evitados na
etapa do teste do MVP, segundo Blank (2014, p. 193):
3.2 OBSTÁCULOS
Eric Ries (2012, p. 101) alerta para os riscos reais e imaginários na etapa da
criação do MVP e ambos podem sabotar os avanços das startups.
94
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
95
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
Maurya (2018, p. 141), diz que “se você não conseguir converter um cliente
potencial e receptivo em uma entrevista de 20 minutos, será muito mais difícil
converter um visitante em menos de 8 segundos no seu website”.
96
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Recepção e boas-vindas
ᵒ Agradeça a presença;
ᵒ Informe que após a conversa anterior, os fundadores estudaram
uma possível solução, mas antes de lançá-la gostariam de validá-la
novamente com o cliente;
ᵒ Peça para o cliente dizer o que está pensando à medida que a
apresentação for sendo feita.
• Apresentação do MVP
97
TÓPICO 1 — PRODUTO MÍNIMO VIÁVEL (MVP)
• Cadastro e ativação
Reserve 15 minutos para esta etapa. Segundo Maurya (2018, p. 146), esta
é a parte mais importante da entrevista. “Pergunte para o entrevistado se ele
continua interessado na solução e se ele se cadastraria para ativação da solução.
Caso o seu MVP contemple uma página de cadastro, acompanhe o cliente para
identificar quaisquer problemas de navegação ou usabilidade”.
• Conclusão
ᵒ Data da entrevista;
ᵒ Informações do contato: nome, e-mail, telefone, empresa, cargo;
ᵒ Problemas de usabilidade;
ᵒ Estrutura de preços: o cliente está disposto a pagar ($) por mês;
ᵒ Registre outras informações que achar necessário.
“Você não tem dados verdadeiros até ver as pupilas dos clientes
dilatarem” Blank (2014, p. 194). Além da documentação citada anteriormente
o autor sugere adotar uma escala de satisfação do cliente e registrar o nível de
entusiasmo apresentado na entrevista. Verifique o comportamento do cliente: ele
parece entusiasmado ou se comporta de maneira discreta e polida? Nesta etapa é
importante manter a atenção nos detalhes da comunicação verbal e da linguagem
corporal do cliente.
98
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• UM MVP deve conter o mínimo necessário para que a proposta única de valor
seja compreendida pelo cliente.
• Equívocos e obstáculos podem ser evitados e/ou minimizados, desde que haja
um olhar crítico durante a construção do MVP.
99
AUTOATIVIDADE
a) ( ) I apenas
b) ( ) I, II e III apenas
c) ( ) II, III e IV apenas
d) ( ) V apenas
e) ( ) Todas estão corretas
2 MVP nem sempre é um produto, às vezes pode ser uma pesquisa ou uma
demonstração. O que verdadeiramente importa são as funcionalidades que
explicam o que o produto é para o usuário. Ao não incluir todos os recursos,
você terá agilidade em receber feedbacks negativos que serão úteis para
entender quais recursos são mais importantes. A respeito das técnicas de
construção de MVP. Classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas.
a) ( ) V – V – F – V – V.
b) ( ) V – F – V – F – V.
c) ( ) F – V – V – F – F.
d) ( ) F – F – V – V – F.
4 Steve Blank alerta sobre a tendência das startups em criarem vários recursos
com o intuito de um dia serem incorporados ao produto. O autor afirma que
o objetivo maior no desenvolvimento dos clientes é saber o que não incluir.
“Menos é mais”. Considerando a afirmativa do autor, explique quais são as
prioridades de um MVP.
101
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Tão logo comece o processo de validação do MVP, é necessário desenvolver
também um sistema de mensuração da satisfação do usuário e registrar seus
feedbacks. Além disso, no modelo Startup Enxuta o cenário é repleto de incertezas
e os aprendizados vem muitas vezes com a identificação de falhas, o que torna
mais importante o processo de registro para garantir o aprendizado e a evolução.
Desse modo, o compromisso com a iteração deve ser por meio da ação
e do controle da emoção. Não é fácil abandonar uma ideia ou perceber que a
proposta não atingiu as expectativas. As habilidades de flexibilidade e adaptação
102
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
103
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
Ries (2012, p. 109) comenta que esses MVPs estabelecem o primeiro marco
de aprendizagem. São os MPVs que fornecerão os dados reais para a linha base
do seu modelo de crescimento, ou seja, o ponto de partida. A partir do MVP será
possível identificar as taxas de cadastro, o período de teste, as taxas de conversão
e o valor do tempo de vida do cliente. Mesmo que os dados sejam ruins, este será
o ponto de partida e o primeiro alicerce da aprendizagem.
104
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
105
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
106
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
De acordo com Ries (2012, p. 115), essa análise foi realizada por várias
vezes, até o momento em que a receita chegou na casa dos milhões.
107
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
108
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
109
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
• Acionável
• Acessível
Ries (2012, p. 136) comenta que “os relatórios da IMVU ficavam disponíveis
para todos da empresa no próprio site, e era possível o acesso utilizando uma
senha”. Os experimentos passados e correntes eram disponibilizados de forma
resumida em uma página, facilitando o entendimento. Já na Grockit, segundo o
autor, todos os dias o sistema gerava automaticamente um documento que era
enviado por e-mail para os funcionários. Nele constavam dados dos experimentos
e dos testes comparativos com métricas associadas à evolução da empresa.
Para Ries (2012, p. 135), “Métricas também são pessoas”. O autor questiona:
“o que é uma visita a um site?”, esta pergunta pode ter várias respostas e a visita
pode significar várias coisas. No entanto, todos sabem que existe uma pessoa que
está visitando o site. Na análise de coorte é possível afirmar que o relatório trata de
pessoas, seus comportamentos e suas ações. Esses dados oferecem possibilidades
de correções e ajustes nas estratégias. Por isso, devem estar acessíveis e serem
usados por todos aqueles que orientam e tomam decisões nas empresas.
• Auditável
110
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
3 PIVOTAR OU PERSEVERAR
Pivotar ou perseverar “é o terceiro marco de aprendizagem da
contabilidade para inovação”, conforme citado por Ries (2012, p. 139), e faz parte
do processo de “descoberta do cliente”, metodologia implementada por Steve
Blank (2014, p. 235). O processo de descoberta do cliente, até a fase rearticular
(pivotar) ou avançar (perseverar), passa pelas etapas:
111
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
Quantificar os números pode ser uma das tarefas mais difíceis para as
startups. O que é suficiente para considerar uma grande quantidade de clientes?
Esta tarefa deve ser realizada pelos sócios fundadores e, caso já tenha investidores,
eles também devem analisar os números e concordar se é necessário pivotar ou
perseverar.
112
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Pivotar ou perseverar?
Ries (2012, p. 150) afirma que “para pivotar é preciso ter coragem”.
No entanto, avançar sem as rearticulações necessárias pode causar prejuízos
irreversíveis. O autor comenta os motivos que podem causar uma falsa impressão
de sucesso e a decisão por não pivotar: o primeiro deles são as métricas de vaidade,
pois seus resultados podem causar uma ilusão e a crença de que está tudo bem.
113
TÓPICO 2 — CONTABILIDADE DA INOVAÇÃO
Blank (2014, p. 248) reforça que para avançar para a próxima etapa
(validação pelo cliente e vendas) é necessário ter convicção de que as hipóteses
podem ser mudadas várias vezes e que os modelos de negócio devem ser analisados
e redesenhados sempre que algo não corresponder às validações. Pivote quantas
vezes for necessário até que os resultados sejam favoráveis para o avanço. Caso
tenha chegado à conclusão de que a base está firme, o motor de crescimento está
calibrado e corresponde às expectativas, prepare-se para aceleração.
114
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Não basta analisar métricas brutas como número de clientes, essas métricas
são consideradas métricas de vaidade. É necessário analisar os porquês,
como os clientes estão se comportando e quais fatores influenciam no seu
comportamento.
• O MVP fornece a linha de base para entender o estado atual da startup, seus
dados reais e o momento em que empresa se encontra.
• Calibrar o motor significa saber definir a direção ideal para alcançar os melhores
resultados.
115
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – F – V.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – V – V – V.
117
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
GESTÃO ÁGIL
1 INTRODUÇÃO
Lean Startup reúne um modelo de negócio desenhado para atender as
necessidades do cliente, utilizando metodologias ágeis de desenvolvimento,
desde a descoberta do cliente até a entrega do produto final. Neste tópico,
abordaremos os princípios das metodologias ágeis e alguns exemplos utilizados
com frequência pelas startups.
• Valores:
o Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas. O maior valor
está nas interações, na comunicação e na colaboração da equipe. Processos
e ferramentas devem ser simplificados.
o Software em funcionamento mais que documentação abrangente. O
software funcionando e entregue ao cliente é o que tem mais valor para a
startup e para a equipe; documentação deve ser complementar.
o Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos. A felicidade e
a satisfação do cliente são mais importantes que a negociação de contratos;
colaboração com o cliente contribui para a construção de uma solução de
sucesso.
o Responder a mudanças mais que seguir um plano. As startups vivem em
situação de extrema incerteza, por isso a construção de uma solução deve
ser adaptável e responder rapidamente às mudanças.
118
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
2 SCRUM
O Scrum, conforme os criadores Ken Schwaber e Jeff Sutherland, é “um
framework leve que ajuda pessoas, times e organizações a gerar valor por meio
de soluções adaptativas para problemas complexos” (DUARTE, 2021, p. 31).
Segundo o autor, o Scrum é uma técnica difícil de dominar, pois exige disciplina.
Seus criadores basearam a metodologia nas suas experiências empíricas e, desde
a década de 1990, vem sendo uma das metodologias mais utilizadas no mundo.
As abordagens envolvem a interação para o aperfeiçoamento do software e para
previsibilidade relacionada aos riscos.
119
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
120
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
3 KANBAN
O Kanban, segundo Deunizio (2021, p. 13, grifo nosso), “é um framework
utilizado para organizar um fluxo de trabalho”. De acordo com Duarte (2020, p.
88), “o Kanban é uma palavra japonesa que significa ‘cartão’ ou ‘sinalização’, usado
originalmente pela área industrial, para o controle de transporte e produção de
mercadorias”. O Kanban é literalmente utilizar cartões para sinalizar o progresso
do projeto.
122
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Os cartões são únicos e não podem se repetir. Cada cartão fica em uma
coluna por vez, geralmente com avanços da esquerda para a direita; cartões que
permanecem muito tempo em uma coluna devem ser investigados e cartões
novos devem passar por uma análise de prioridades para que não haja atraso nas
entregas; as colunas podem variar de empresa para empresa e, neste exemplo,
apresentam-se as colunas mais usuais:
123
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
124
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
4.1 PRÁTICAS XP
As práticas XP englobam um conjunto de regras que são executadas
dentro de quatro atividades estruturais: planejamento, projeto, desenvolvimento
e teste, conforme descrito por Gomez, Duarte e Guevara (2012):
125
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
FIGURA 12 – AS PRÁTICAS XP
126
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Um bom OKR, segundo Mello (2016, p. 91) “deve garantir que alcançando
os Resultados Chave, se alcança também o Objetivo”. Caso todos os resultados
tenham sido alcançados e não foram suficientes para se chegar ao objetivo, então
as métricas foram mal dimensionadas. O autor sugere utilizar uma simples frase
para ajudar a estruturar o OKR:
127
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
• Exemplo 2: precificação.
• Objetivo: validar o modelo de negócios e verificar se faz sentido financeiramente.
• Resultados chave:
ᵒ KR1: definir a hipótese de tamanho de mercado.
ᵒ KR2: definir o modelo de receitas.
ᵒ KR3: elaborar as táticas de precificação.
• Exemplo 4: MVP.
• Objetivo: validar o MVP.
• Resultados chave:
ᵒ KR1: conseguir “x” clientes para testar o MVP.
ᵒ KR2: lançar o MVP.
ᵒ KR3: criar as métricas acionáveis.
O modo de um ciclo curto, que está dentro do ciclo anual, pode variar
devido a vários fatores, como o momento da startup ou da estratégia. “Empresas
que já estão um pouco mais estabelecidas podem realizar por trimestre ou
semestre, startups em fases iniciais podem executar o ciclo mensalmente”, afirma
Mello (2016, p. 523). Segundo o autor, os ciclos possuem três fases: planejamento,
monitoramento e aprendizado e evolução.
128
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
129
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
LEITURA COMPLEMENTAR
Daniel Bergamasco
Há outras versões para a mesma história, mas foi dessa forma que virou
lenda e atravessou séculos, ilustrando bem a fixação comum entre aspirantes a
empreender. Qual o ovo de Colombo do momento, a ideia brilhante que ninguém
pensou ainda e vai revolucionar o mercado? A pergunta comum de quem acredita
ter uma boa sacada é: “Quanto vale a minha ideia?”.
O que realmente tem valor, explica Igor, é a execução dessa ideia, a ser
traduzida em diversos itens: o empenho em descobrir a tal “dor” do cliente, a
contratação do time certo, a disposição de testar cada novo recurso e de recuar, e
características pessoais, como obsessão e ter casca grossa para aguentar os trancos.
Sem tudo isso, o QuintoAndar não teria chegado nem ao subsolo — o negócio, um
dos mais originais do ecossistema brasileiro, surgiu da busca de uma dificuldade
a ser superada, e não com uma maçã caindo na cabeça dos fundadores.
130
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Flávio Stecca, no grupo desde 2004, costuma dizer que uma empresa
deve saber lidar com seus jet skis e com seus transatlânticos. Os primeiros são
os projetos pequenos e novos, que, como as motos aquáticas, são mais ágeis e,
quando tombam, se levantam com facilidade. É possível, portanto, aproveitar
esse dinamismo para ser rápido e arriscar. Já os naviozões são os produtos
consolidados, com grande mercado, faturamento alto e operações complexas,
que precisam ser manejados com cautela extra, sob risco de afundar a operação.
O outro tombo veio com o Zeewe TV, um app que a Movile julgava
revolucionário: permitia compartilhar vídeos do YouTube com amigos dentro
do Facebook, aproveitando-se de um dispositivo que a rede social de Mark
131
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
132
UNIDADE 2 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
OBSESSÃO DESAPEGADA
O que deu certo para Eduardo, enfim, foi uma plataforma taxada como
sinistra por alguns conhecidos, chamada Coroas para Velório. O conceito surgiu
depois que ele achou complicada a compra do arranjo fúnebre no velório de seu
avô. Pôs a mão na massa trabalhando no próprio quarto e negociou o cadastro de
floriculturas de todo o Brasil no site de vendas. “Enquanto a ideia da cuelcinha era
133
TÓPICO 3 — GESTÃO ÁGIL
134
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
135
AUTOATIVIDADE
3 Faça uma pesquisa sobre aplicativos e sistemas que possam ser usados
digitalmente para a gestão ágil. Analise a forma como é proposta a
colaboração da equipe e como ela é feita e responda quais são as perdas e
ganhos quando comparado aos modelos presenciais?
a) ( ) V – V – V – F.
b) ( ) V – F – V – F.
c) ( ) F – V – V – F.
d) ( ) V – V – F – V.
136
b) ( ) São reuniões diárias para alinhamento do time de desenvolvimento.
Essas reuniões devem acontecer todos os dias, preferencialmente no
mesmo horário e local, para gerar comprometimento, ritmo e disciplina.
Popularmente, essa reunião é feita em pé, para evitar prolongamentos
e costuma-se responder três perguntas: o que eu fiz ontem, o que vou
fazer hoje e quais são os problemas que estou enfrentando.
c) ( ) É um time-box de oito horas para definir o que será desenvolvido
na semana. É durante essa reunião que o Product Owner comenta as
prioridades e objetivos, e é nela que a equipe de desenvolvimento irá
decidir o que consegue fazer e entregar. A lista das necessidades e o
que deve ser feito é organizado na semana.
d) ( ) Trata-se de um time-box de três horas para debater os pontos positivos
e negativos do planejamento. Nessa reunião, se avaliam as lições
aprendidas para, a partir delas, melhorar o processo de acordo com o
pilar adaptação.
137
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em: 26 jul. 2021.
140
141
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
TÓPICO 1 – ACELERAÇÃO
TÓPICO 3 – INVESTIMENTOS
142
143
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
ACELERAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 2, o tema pivotar foi abordado como ponto importante de
estratégia para a startup. É natural que algumas passem por isso. Pode acontecer
do pivô ser algo mais radical ou algo mais simples. Ries (2012, p. 162) cita alguns
exemplos: “o pivô ‘zoom-in’ é aquele cujo produto era algo maior e o que era
apenas um recurso se transformou no próprio produto. O ‘zoom-out’ é o contrário,
o que era considerado o produto completo passa a ser apenas um recurso do
produto maior”. O pivô pode ser no segmento de clientes, ou da consequência
de atender uma necessidade do cliente antes não identificada ou ainda por outro
motivo.
Esta fase é marcada por técnicas que permitem o crescimento sem que
perca a agilidade na gestão e com burocracias. No crescimento da empresa, a
orientação continua sendo para a aprendizagem e para cultura de inovação, com
gestão de equipes que favoreça a criatividade e autonomia.
144
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Aquisição e ativação
145
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
• Retenção
A retenção é o que identifica se o cliente voltou para o seu site e/ou revisitou
a sua solução. Ao voltar, o cliente demonstra interesse e fica mais próximo da
compra. A prioridade desta fase, então, é convencer os clientes a voltar e utilizar
novamente o seu produto.
• Receita
Maurya (2018) sugere, também, utilizar estratégias que façam com que os
clientes entrem em contato com a empresa dizendo por que não comprou. Por
exemplo, oferecer alguma recompensa em troca de 15 minutos de entrevista. A
estratégia vai depender do seu público, o importante é não deixar que o cliente
simplesmente vá embora. Busque entender os motivos.
• Recomendação
146
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
2.1 LANÇAMENTO
O lançamento de um produto/solução é uma estratégia ampla, cujo
objetivo é vender e gerar receita em um curto espaço de tempo.
Segundo Maurya (2018, p. 154), quando 80% dos adotantes iniciais estão
recorrentemente percorrendo o funil de conversão e:
Perin e Cristofolini (2016, p. 358) alertam que “existem dois perigos que
empreendedores devem prestar atenção antes de lançar o produto no mercado:
o primeiro é planejar demais e não colocar em ação”. Ter muitos receios para o
lançamento e querer aprender tudo antes dele é praticamente impossível.
147
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
148
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
O resultado, no entanto, não foi satisfatório, a maioria das mães não quis
trocar o serviço que já usava pela CloudFire. A palavra “instantaneamente” não
foi suficiente para conquistar os clientes.
“Proposta única de valor: porque você é diferente e porque vale a pena prestar
atenção em você” (MAURYA, 2018, p. 157).
Assim, Maurya (2018, p. 221) reforça que “os indicadores que realmente
são relevantes, são aqueles em que é possível medir a taxa de cadastramento das
pessoas, e os resultados obtidos no funil de vendas, demonstrando a eficiência da
área de marketing e vendas”.
Além disso, para Maurya (2018, p. 165), “a solução deve estar sempre
evoluindo com os aprendizados resultantes das análises dos indicadores”. O
autor defende a implantação contínua com novas funcionalidades, conforme
veremos a seguir.
A gestão deve prever, ainda, a integração e testes dos novos pacotes até a
sua instalação e lançamento. A ideia é que cada modificação tenha potencial de um
novo lançamento. Para isso, Maurya (2018, p. 163) afirma que “as funcionalidades
devem ser definidas pelos usuários, ou seja, pelo lado da demanda e não da
oferta”.
150
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
151
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
gestão ágil valoriza: indivíduos e relações mais que processos e ferramentas; software em
funcionamento mais que documentação abrangente; colaboração com o cliente, mais que
negociação de contratos e responder a mudanças mais que seguir um plano.
Quem foi Pareto: Vilfredo Pareto foi um economista italiano que observou que
80% das terras da Itália estavam nas mãos de 20% da população. Este princípio passou a
ser observado em outras áreas, como, por exemplo, 80% dos problemas manifestados são
observados em 20% dos produtos. Assista a um vídeo explicando o Princípio de Pareto em:
https://bit.ly/3Ao4ma9.
152
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
153
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
empresas esclareçam os motivos pelos quais estão lançando o produto, para quem
se destina e como os clientes podem interagir nas etapas do funil de conversão,
que já detalhamos anteriormente.
O MVP de alta fidelidade, segundo o autor, é aquele que irá sondar o grau
de intenção do cliente em comprar o produto, enquanto o de baixa fidelidade
avalia o interesse em resolver o problema ou verifica a necessidade da solução.
154
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
155
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
156
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
157
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
158
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Site: com informações claras sobre a visão da empresa e o problema que estão
solucionando. Também é função do site instigar a curiosidade e o interesse
para que os clientes considerem avançar mais no conhecimento do produto.
• Apresentação em PowerPoint: com informações úteis e claras apresentadas
com agilidade e que possa cativar os potenciais clientes. As apresentações de
vendas têm por objetivo apresentar o posicionamento na linguagem do seu
mercado-alvo.
• Demos, protótipos e vídeos: normalmente, os clientes não possuem a habilidade
de entender imediatamente uma solução nova no mercado. Muitos conceitos
podem parecer abstratos e a apresentação de um demo ou um protótipo pode
tornar o seu produto compreensível e facilitar o entendimento.
• Planilhas: Blank (2014, p. 271) indica duas planilhas que podem ser utilizadas
a depender do tipo de mercado: uma planilha de dados que apresenta os
benefícios e recursos do produto; e uma planilha que apresenta os problemas
do cliente e as soluções. A utilização de uma ou de outra ou, ainda, de ambas,
vai depender da necessidade do mercado.
• Listas de preços e formas de contratação: clientes possuem expectativas e
perguntam “quanto custa?”. Prepare sua equipe para responder sobre preços,
cotações e contratos. Essas informações darão a estrutura inicial para as vendas.
Prepare-se, também, para configurar meios de entregas, descontos, termos de
comercialização e formas de pagamento.
“Até mesmo os mais complicados produtos ‘do mundo antigo’ são promovidos
através de sites e do marketing on-line” (BLANK, 2014, p. 273)
159
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
Além disso, o autor comenta que diversas empresas que vendem bens
físicos por meio dos canais físicos utilizam as redes sociais como ferramentas
de marketing social. Segundo Ries (2012, p. 197) as redes são exemplos de um
“motor de crescimento viral” que será abordado no subtópico 4.
160
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Ativação
161
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
o Na página de entrada:
- “Demos” do produto: o “demo” envolve os usuários e mostra os recursos
existentes e sua usabilidade.
- Avaliações gratuitas do aplicativo ou solução: não devem ser confundidas
com versão gratuita do serviço ou produto. A avaliação gratuita permite
conhecer as funcionalidades com duração limitada.
- Ferramentas para realizar a conexão com os clientes: por exemplo, uma
ferramenta em que o cliente possa “clicar para contratar” e que transmite
um e-mail para o departamento de vendas ou um atendimento on-line
para, rapidamente, tirar as dúvidas dos clientes.
- Animação: dar ao cliente uma forma visual de conhecer o seu produto ou
dar as boas-vindas podem engajar o cliente.
o Fora da página de entrada:
- E-mails em cascata: os clientes têm receio de se registrar, pois, comumente,
acabam recebendo vários e-mails de propagandas de vendas. Assim,
os contatos devem ser considerados “ativos” da empresa e o disparo
de e-mails devem seguir uma lógica de equilíbrio entre brevidade e
entusiasmo. Blank (2014, p. 297) sugere que, neste caso, “os e-mails devem
destacar diferentes recursos e razões que justifiquem a compra”.
- Valores e incentivos: a precificação pode ser uma ferramenta de ativação,
pois pode seguir o seguinte fluxo: gratuidade, freemium, ofertas especiais,
descontos e até a compra total do produto.
- Ferramentas tradicionais: telemarketing, mala direta, mídias publicitárias,
qualquer que seja a ferramenta deve ser testada e analisada, verificando o
custo-benefício e os resultados obtidos.
162
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Segundo Andrade (2020), reter o cliente é mais barato que conquistar novos
clientes e, por isso, quanto mais informações a empresa tiver do seu processo
de vendas, mais assertivas serão as suas decisões. O autor sugere criar a gestão
de relacionamento com o cliente para trabalhar a sua retenção. A primeira dica
é priorizar a excelência no atendimento ao cliente, desde as boas-vindas até as
ofertas de benefícios. Em segundo lugar, entenda as demandas do cliente e tome
decisões baseadas nelas. Sistematize os processos de avaliação da satisfação do
cliente, considere utilizar indicadores, sistemas de registros e acompanhamentos
das demandas.
O autor propõe que as análises dos resultados sejam feitas uma vez
por semana ou a cada dez dias, para cada programa de retenção. Analise-os
separadamente, pois cada um opera de forma independente.
163
TÓPICO 1 — ACELERAÇÃO
• Boca a boca: o entusiasmo dos clientes satisfeitos reverbera nos novos clientes.
• Efeito colateral da utilização do produto. quando uma pessoa é influenciada
pela outra devido ao uso do produto. Por exemplo, o envio de uma quantia
financeira via PayPal para um amigo, automaticamente o deixa exposto ao
produto PayPal.
• Publicidade financiada: a publicidade deve ser paga com a receita recorrente
e não de fontes ocasionais.
• Uso repetido: um plano de assinatura, por exemplo, gera a compra do produto
repetidas vezes.
164
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Ries (2012, p. 208, grifo nosso) destaca que “os motores de crescimento, por
serem quantitativos e possuírem um conjunto de métricas, podem ser utilizados
para avaliar se uma startup está próxima de alcançar o seu Product/Market fit”.
Outra dica do autor para avaliar se a startup está chegando perto do encaixe do
seu produto com o mercado, é quando ela ajusta o motor para avaliar cada volta
através do ciclo de aprendizado construir-medir-aprender, utilizando as métricas
acionáveis e medindo a direção e o grau do progresso.
165
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
166
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – F – V – V.
b) ( ) F – V – F – V.
c) ( ) F – V – F – F.
d) ( ) V – F – V – F.
167
a) ( ) O entusiasmo dos clientes satisfeitos reverbera nos novos clientes.
b) ( ) Uma pessoa não costuma ser influenciada por outra quanto ao uso do
produto.
c) ( ) Investir em publicidade deve ser prioridade e o investimento deve ser
de fontes ocasionais.
d) ( ) A fidelização do cliente não impacta no crescimento da startup.
168
169
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
• Artefatos:
o Comportamentos regulares nas interações das pessoas: a linguagem
utilizada, a forma como se apresentam, expressões, formas de cumprimentos
“bom dia”, “tudo bem”, “como você está”, tradições e outros padrões de
interações que geralmente se tornam tradições da empresa em diferentes
situações.
o Clima: o sentimento que é transmitido desde o ambiente físico até a forma
como as pessoas de uma organização interagem entre elas, entre seus
clientes e pessoas externas. O clima é, muitas vezes, incluído como artefato
da cultura e mantido como um fenômeno a ser analisado.
170
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Valores expostos:
o Princípios e valores articulados e anunciados publicamente: que a
empresa afirma estar buscando alcançar, como “qualidade do produto”,
“liderança no mercado” ou “segurança”. Empresas no Vale do Silício, como
a Google, anunciam sua cultura relacionada aos seus valores em todos os
seus materiais de recrutamento e em livros e artigos sobre eles mesmos.
o Filosofia formal: políticas gerais e princípios ideológicos que orientam as
ações da empresa para os acionistas, funcionários, clientes e outras partes
interessadas, como o altamente divulgado “jeito HP” da Hewlett-Packard
ou, mais recentemente, as declarações explícitas sobre a cultura do Google.
o As normas da empresa: os valores que envolvem a prática de trabalho,
como reuniões e formas de gestão.
• Suposições básicas:
o Regras do jogo: são regras implícitas, que não estão escritas, porém, são regras
que os novos colaboradores aprendem ao observar os comportamentos dos
colegas. É o “jeito de fazer as coisas na empresa”.
o Identidade e imagem: como a organização se percebe na forma de “quem
somos”, “qual é o nosso propósito”.
o Habilidades incorporadas: competências das pessoas na realização das
tarefas. Capacidade de executar certas atividades que são transmitidas de
pessoa para pessoa sem necessariamente ter sido articulada por escrito
(conhecimento tácito).
o Hábitos de pensamento, modelos mentais ou paradigmas linguísticos:
o conhecimento compartilhado que orienta as percepções, pensamentos
e linguagem que são ensinados a novos colaboradores no processo de
socialização ou integração.
o Significados compartilhados: entendimentos emergentes que são criados
pelas pessoas da empresa à medida que elas interagem umas com as outras.
As mesmas palavras usadas em diferentes culturas podem ter diferentes
significados na empresa.
o Símbolos de integração: são as formas que as pessoas utilizam para
caracterizar a si próprias e que se incorporam nos layouts dos escritórios
e outros materiais da empresa. Este nível de cultura reflete a resposta
emocional e estética da empresa.
171
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
172
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Onde estamos: o autor comenta que a ordem por onde se começa a estruturar
o triângulo não faz diferença. No entanto, os vértices “onde estamos” e “aonde
queremos ir” precisam ser abordados quase que simultaneamente. Em termos
de cultura, o diagnóstico nem sempre é favorável e às vezes o resultado da
análise é desagradável. No entanto, as lideranças precisam estar abertas para
compreender como a empresa está e estruturar as suas estratégias para se
chegar ao ideal.
• Para onde queremos ir: este pilar diz respeito à cultura desejada e à intenção
estratégica do negócio. É importante verificar o quão longe se está de alcançar
esse ponto e traduzir em palavras para que todos da organização tenham um
entendimento compartilhado. A cultura desejada deve ser descrita de modo
que seja possível comparar com a cultura atual e, dessa comparação, criar um
projeto que possa ser executado.
• Como chegar lá: é o plano de mudança cultural. Importante notar que o
“como” une a estratégia da mudança cultural com a estratégia organizacional.
Caso não haja um entendimento entre as duas, o esforço desencadeará uma
sabotagem, mesmo que não haja essa intenção.
173
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
Alguns aspectos culturais merecem destaque: a Apple foi fundada em 1976 por
Steve Jobs e Steve Wozniak. Enquanto Jobs tinha um desejo forte de revolucionar
a forma como as pessoas utilizam os computadores, Wozniak viabilizava o
desenvolvimento técnico. A intenção inicial era criar produtos educacionais e
divertidos para crianças.
Desde a sua fundação até o ano de 1983, a empresa teve dois CEOs:
Michael Scott e Mike Markkula. Mesmo com os CEOs, era o Jobs quem tinha os
sentimentos mais fortes sobre como a cultura da empresa deveria evoluir.
Depois da Apple tentar evoluir com o CEO Michel Spindler e mais tarde
com Gilbert Amelio, o Conselho decidiu comprar a NeXT, trazendo Jobs de volta
à empresa. Em 1997, Jobs foi eleito CEO da Apple, a partir disso a empresa se
tornou imponente, capaz de fazer a transição para o atual CEO, Tim Cook, em
2011.
Schein (2017, p. 113) levanta uma questão: “a cultura da Apple foi a mesma
durante todo esse tempo, baseada nas crenças e valores dos seus fundadores,
mesmo quando havia outros CEOs?”. Na visão do autor, somente com o retorno
de Jobs, a Apple voltou às suas raízes, com criação de produtos esteticamente
agradáveis, fáceis e divertidos de usar. O design, não somente dos produtos, mas
também de suas lojas, cada vez mais atraentes, sugerem que a Apple passou a ter
mais orientação e desenvolvimento de habilidades técnicas com a presença de
Steve Jobs.
2.2 LIDERANÇA
Para Goleman (2015, p. 9), “é comum histórias sobre alguém muito
inteligente e qualificado que foi promovido a um cargo de liderança e não deu
certo, e sobre alguém que se tornou um líder excelente e não possuía tanto
conhecimento e nem tinha tantas habilidades técnicas”. Os desafios de liderar
uma equipe são muitos, como diz o autor “equipes são caldeirões de emoções
fervilhantes” (GOLEMAN, 2015, p. 9).
174
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Schmidt, Rosenberg e Eagle (2019, p. 41) citam Bill Campbell: “Se você
for um ótimo gestor, seu pessoal fará de você um líder. Eles o elegem, não você”.
Esta frase veio de um aprendizado, da época que Bill foi CEO da Claris, uma
empresa de tecnologia que se ramificou da Apple. Ao assumir o cargo de CEO,
Bill entendeu que deveria dizer a todos o que fazer, mas o que aconteceu foi um
grande descontentamento, pois as pessoas queriam ter a liberdade de criação e
autonomia. Assim, Bill reavaliou o seu comportamento e se espelhou em Steve
Jobs, cujas qualidades de liderança são reflexos das suas habilidades enquanto
gestor. Para Bill, segundo Schmidt, Rosenberg e Eagle (2019, p. 41), “as pessoas
são a base de sucesso de qualquer empresa” e o principal trabalho do gestor é
ajudá-las a terem mais eficiência, a crescerem e se desenvolverem. Grandes
175
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
3 CASE GOOGLE
Laszlo Block, autor do livro “O que o Google faz de diferente: um novo
jeito de trabalhar”, lidera as operações ligadas a pessoas no Google desde 2006 e
é responsável pela atração e retenção de mais de 50 mil funcionários. Neste case,
apresentaremos a sua visão com relação à cultura e seus desafios.
176
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Missão: a missão é o que importa. Segundo Bock (2015, p. 39), este é o primeiro
alicerce da cultura. A missão do Google é “organizar as informações do mundo
e torná-las mundialmente acessíveis e úteis”. A missão dá significado ao
trabalho das pessoas e, no caso do Google, a missão fala mais de motivações
morais do que empresariais. Na opinião do autor, qualquer missão mais
tradicional cujo foco estivesse na geração de valor para os clientes ou para a
empresa, jamais os levaria para inovar com o Street View.
• Transparência: as pessoas são boas. Acreditar que as pessoas são boas é o
caminho para transparência e para coragem de fornecer informações. O autor
defende que todas as informações devem ser compartilhadas com a equipe.
Restringir informações exige esforço e, no caso de código aberto, é uma
“contracultura” ocultar informações.
• Voz: todos querem controlar o próprio destino. O terceiro alicerce da cultura
do Google é a voz e o direito dos colaboradores se manifestarem sobre a direção
da empresa. Segundo o autor, ou você acredita na capacidade das pessoas e
aceita as suas sugestões, ou não acredita.
177
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
Outra diferença relatada por Bock (2015, p. 142) é o fato de que “o Google
modificou a gestão de desempenho ao longo dos anos, por uma questão de
equidade”. Segundo o autor, os sistemas de gestão de desempenho se tornaram
um processo burocrático, cheio de regras e fugiu do objetivo principal que é
o desenvolvimento das pessoas. Os gestores e os departamentos de recursos
humanos “abominavam a gestão de desempenho” (BOCK, 2015, p. 142). Até o final
de 2013, todos os colaboradores recebiam as suas pontuações a cada trimestre, no
entanto, a pontuação era inconclusiva e as fórmulas para se chegar a uma média
de pontos para promoções estavam ficando cada vez mais complexas.
178
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
• Promova o aprendizado
Bock (2015, p. 157) comenta que “as motivações intrínsecas são a chave
para o crescimento. No entanto, sistemas tradicionais de gestão de desempenho
costumam destruir essa motivação”. Em geral as pessoas desejam crescer e
aprender, porém, ao introduzir motivações extrínsecas como promoção e aumento
de salário, a capacidade de aprendizado diminui. Por isso, o autor sugere que
as conversas sejam realizadas separadamente. Converse sobre os aprendizados,
evoluções e desenvolvimento das pessoas de forma constante durante o ano e
não como uma surpresa ao final do ano. E, em outro momento, converse sobre
salários.
• Desenvolva professores
• Incentive a diversidade
179
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
• Impulsione a inovação
4 A CULTURA DA DIVERSIDADE
A diversidade está em pauta e ganhou força no cenário da pandemia da
Covid-19. Os movimentos sociais estão com mais visibilidade. O relatório Growth
Report, de 2021, mostra que a adoção de políticas de diversidade e inclusão,
bem como políticas de equidade e ações afirmativas, estão sendo cobradas das
empresas, uma vez que a meritocracia defendida e manifestada, conforme cita
Almeida (2020, p. 81), “não considera uma sociedade permeada por conflitos
estruturais de raça, gênero e classe, acarretando falta de representatividade nos
setores”.
180
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
181
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
• considerar que mulheres não são aptas para determinados cargos da tecnologia;
• pessoas negras não são aptas para liderança;
• pessoas com idade mais avançada não exercem bem suas funções;
• pessoas de algumas religiões possuem restrições ao trabalho.
182
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
183
TÓPICO 2 — CULTURA PARA INOVAÇÃO
para geração. Este tema vem sendo estudado, pois, o simples fato de a pessoa
ser homem ou mulher, impacta no julgamento sobre ela. Vieses raciais, vieses
de idade e assim por diante são alvos de julgamentos.
• Praticar constantemente os novos comportamentos aprendidos. Toda
mudança, em especial aquela vinda de uma liderança inclusiva, requer novos
comportamentos e atitudes.
184
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• É possível mudar a cultura, desde que se trabalhe com estratégia e mente aberta
para aceitar os desafios e as mudanças necessárias.
185
AUTOATIVIDADE
a) ( ) V – V – V – V.
b) ( ) V – V – F – F.
c) ( ) F – F – V – V.
d) ( ) F – F – F – F.
186
d) ( ) É papel da liderança gerenciar a empresa, sendo que a cultura e a
sua evolução são exercidas pelas pessoas responsáveis pelos recursos
humanos.
187
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
INVESTIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
Quando será o momento certo para receber investimentos? Este é um
questionamento que todos os empreendedores se fazem. Muitos planejam o
seu negócio já pensando na chegada dos investidores, cujo aporte de recursos
possa ser usado para contratar equipe, aprimorar o marketing ou desenvolver o
produto.
188
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Segundo Lima (2020, p. 288, grifo nosso), “a startup irá alcançar e perder
o break even diversas vezes e isso acontece na fase ‘growth’, que é quando a startup
conquista seus clientes pagantes e trabalha na conquista de mais clientes e no
crescimento da startup”.
189
TÓPICO 3 — INVESTIMENTOS
• Vesting
• Investidores
190
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
191
TÓPICO 3 — INVESTIMENTOS
192
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
3 TIPOS DE INVESTIMENTOS
Existem vários tipos de investimentos para quem está iniciando uma
startup. As opções vão desde o boostrapping (autofinanciamento) até fundos de
venture capital. Captar investimentos é uma decisão delicada, conforme visto,
mas se feito com estratégia, oferece um rápido crescimento. Por isso não pode
ser realizado de maneira precipitada ou por uma decisão equivocada, para não
comprometer o negócio.
De acordo com Lima (2020, p. 603), “no início as startups costumam ser
investidas por investidores anjo, que é um investidor individual, pessoa física, ou
um pequeno grupo”.
193
TÓPICO 3 — INVESTIMENTOS
3.1 BOOSTRAPPING
Este é o primeiro passo dos investimentos, em que os empreendedores
tiram dinheiro do próprio bolso para investir na empresa. Praticamente todas as
startups passam por isso até conseguirem investimentos maiores. Lima (2020)
comenta que esta fase exige criatividade e sacrifícios dos fundadores, mas também
é a fase na qual os fundadores estão mais conectados com seus clientes e são mais
ágeis nas mudanças quando necessárias.
3.2 FFF
Family, Friends and Fools (família, amigos e “tolos”). Este é um jargão usado
entre as startups para investimentos que vem de pessoas conhecidas. Segundo a
Associação Brasileira De Startups (2016), esta é uma boa opção para as startups
que estão validando a ideia e precisam ter o apoio de pessoas de confiança tanto
para investir, como para pedir os primeiros feedbacks e críticas.
Lima (2020, p. 664) explica que “os ‘tolos’ usados de forma divertida, são
aqueles que possuem dinheiro e querem ser parte de algo. São pessoas que vão
ajudar sem muitas burocracias e serão flexíveis com relação aos documentos,
contratos etc”.
194
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
O investimento anjo pode ser feito, também, por um grupo de anjos, que
são pessoas com conexões em comum e que decidem investir juntas. São pessoas
físicas, cujo investimento é uma decisão pessoal e individual.
3.5 ACELERADORAS
As aceleradoras podem ser uma ótima opção para startup que está no
momento da operação (conquistando clientes) ou tração (crescimento). Elas
fornecem auxílios, mentorias qualificadas, capacitações e rede de relacionamentos,
ajudando a startup a entrar de forma mais rápida no mercado.
3.6 INCUBADORAS
As incubadoras não aportam recursos financeiros, porém, representam
um modelo tradicional de investimento que contribui com conhecimento e
conexões com mentores e consultores, apoiando o desenvolvimento das startups
nas primeiras etapas de vida. O processo de incubação geralmente inclui a ajuda
com a estruturação do modelo de negócio, técnicas de entrevistas e também de
apresentação, apoio no preparo da empresa para chegada dos investidores e
muito networking.
196
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
LEITURA COMPLEMENTAR
A MENTE DO EMPREENDEDOR
Kevin D. Johnson
Passe a maior parte do tempo com pessoas que são mais inteligentes do que você
Uma pessoa comum sente-se intimidada por pessoas inteligentes. Sei disso
por experiência própria: quando as pessoas descobrem qual é a minha pontuação
em um exame SAT, elas ficam chocadas. (Tenho parentes muito orgulhosos).
Se tiver que escolher entre passar uma semana enclausurado com pessoas
muito inteligentes ou pessoas de inteligência mediana, uma pessoa comum
escolheria pessoas de inteligência mediana. E quem pode culpá-la? Mas seria
uma tragédia! É como se o medo, o ego ou a ânsia que essa pessoa tem em fazer
parte de um grupo a impedisse de crescer e aprender. Superar esse sentimento de
insegurança é o primeiro passo para ascender ao sucesso.
Quando estava no Ensino Médio, aprendi o valor que existe em ficar perto
de pessoas brilhantes. De algum modo, acabei fazendo amizade com alguns
alunos realmente inteligentes.
Sei que estou dando a impressão de que foi uma coincidência, mas os
relacionamentos que construí provavelmente eram fortes porque eu também era
um excluído social, assim como eles. Isso sempre acontece com os geeks, não é?
Ainda assim, o resultado geral foi o mesmo: consegui aprender muito com eles e,
desta forma, aumentar minhas capacidades.
197
TÓPICO 3 — INVESTIMENTOS
Eu penso: o time vem em primeiro lugar. Isso permite que eu tenha sucesso e
permite que meu time tenha sucesso.
— LeBron James, campeão da NBA
Um dos erros mais custosos que cometi como empreendedor foi alugar
salas comerciais de alto padrão, pensando que isso promoveria o crescimento por
meio de aumento da produtividade e projetaria uma imagem mais profissional.
Mas não ocorreu nada disso. Na verdade, tudo que essa medida causou foi o
aumento de despesas operacionais e a precipitação de uma queda nos lucros.
198
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
que os funcionários e a equipe adotem uma cultura mais rígida depois de passar
anos trabalhando com uma cultura mais relaxada é bem difícil. Aprendi isso da
pior maneira. Ignorei o fato de que minha equipe gostava da sua flexibilidade
e da identidade de startup. Eles ficaram ressentidos com a ideia de ter que ir
ao escritório em horários fixos e obrigatórios para fazer seu trabalho. A maioria
deles trabalhava para mim porque eram parceiros excelentes e não precisavam de
supervisão constante ou de alguém que ficasse administrando todos os pequenos
detalhes das suas atividades. Seus desempenhos e resultados eram motivados em
grande parte por causa da flexibilidade que nossa empresa lhes proporcionava. E
eles acreditavam no que estávamos fazendo.
Hoje em dia, ter um escritório parece ser algo fora de moda. Não somente
isso não é legal, mas não é uma medida inteligente em uma economia vagarosa
se você não precisa desse tipo de espaço. Por causa dessa tendência, hoje, existem
muitas opções de escritórios virtuais. A Regus, uma das maiores empresas do
ramo de escritórios virtuais, lhe dá várias opções, que vão desde um escritório
corporativo tradicional até uma simples caixa postal com um endereço físico.
Você também pode dispor de alguém para atender suas ligações ou as ligações
da sua equipe e redirecioná-las para onde quiser. Em outras palavras, você pode
dar a impressão de ter uma grande empresa multinacional quando, na realidade,
só tem uma fachada muito bem construída.
Adquirir espaço físico para sua empresa sempre deveria ser justificado por
como isso irá melhorar seus negócios e aumentar seus lucros. Instalações físicas
são um luxo, não uma necessidade. Sugiro que pese adequadamente os prós e os
contras. A maioria dos empreendedores, especialmente os novos, encontra mais
contras do que prós. Economize o dinheiro que você investiria em um escritório
físico para financiar as coisas que vão lhe dar um retorno sólido. E, certamente,
não faça o que fiz, arriscando-se a perder uma grande equipe apenas por ter um
escritório melhor.
199
TÓPICO 3 — INVESTIMENTOS
Ele culpava a esposa, os filhos, o carro velho que tinha... tudo. Até conseguir
encontrar a coragem para dizer a ele que essas coisas não me importavam, eu não
o cobrava pelos prazos perdidos ou pela diminuição da produtividade da equipe.
Era uma época especialmente frustrante, mas não demorou muito até eu ter uma
epifania.
200
UNIDADE 3 — FORMAÇÃO EM LEAN STARTUP
Após algum tempo, tive que dispensar o designer gráfico. Embora seu
trabalho fosse excelente, ele raramente cumpria os prazos e a sua personalidade
e ética profissionais não se encaixavam nas do restante da equipe. Especialmente,
ele tinha um efeito negativo sobre a moral do nosso time. Aprendi uma lição
valiosa quando precisei lidar com essa pessoa e com outros funcionários rebeldes:
certifique-se de não tentar gerenciar pessoas, porque isso é impossível. Se tentar
fazer isso, você vai ficar maluco. Em vez disso, defina e gerencie expectativas
em relação aos indivíduos que trabalham para você. Estabelecer claramente as
expectativas no início da relação e cobrar as pessoas para que sejam fiéis a elas
evita confusões e mal-entendidos posteriormente. Se fizer isso, você vai ser um
gerente muito melhor do que eu era quando abri minha empresa.
201
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem vários aportes e tipos de investimentos para cada fase da startup, indo
desde o Boostrapping até venture capital.
202
AUTOATIVIDADE
a) ( ) F – V – V – V.
b) ( ) V – V – F – V.
c) ( ) F – F – V – F.
d) ( ) V – V – V – F.
2 Quais são os tipos mais comuns de investimentos para as startups que estão
na fase de validação do seu negócio?
203
5 Cap table é uma tabela com informações sobre os percentuais de participação
na empresa. Preencha as lacunas, a seguir, com as palavras que explicam o
seu conceito.
204
205
REFERÊNCIAS
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melhor tipo de investidor para sua startup. Abstartups, São Paulo, 1* dez. 2016.
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208
209