Você está na página 1de 27

ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Escola Superior De Saúde Ribeiro Sanches

CTSP Laboratório Forense e Criminal

1ºAno – Criminalística

Docente: Carlos Anjos

MORTE COM ARMA DE FOGO

Mariana Botelho nº21860026

Junho

2019
1
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Escola Superior De Saúde Ribeiro Sanches

CTSP Laboratório Forense e Criminal

1ºAno – Criminalística

Docente: Carlos Anjos

MORTE COM ARMA DE FOGO

Mariana Botelho nº21860026

Junho

2019

2
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Índice:

Introdução.............................................................................4
Ciência Forense....................................................................4
Criminalística........................................................................5
Notícia do Crime...................................................................5
Investigação Criminal...........................................................6
Exame no local do crime......................................................7
Ambiente aberto e ambiente fechado................................11
Cadeia de custódia.............................................................11
Etapas da cadeia de custódia............................................12
Recolha de vestígios..........................................................13
Tipos de vestígios...............................................................13
Procedimentos de recolha..................................................14
Contaminação.....................................................................17
Hábito externo e hábito interno ao cadáver.......................17
Diagnóstico diferencial.......................................................18
Suicídio...............................................................................18
Homicídio............................................................................19
Morte com arma de fogo....................................................21
Conclusão...........................................................................26
Sitografia:............................................................................27

3
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Criminalística, lecionada
pelo docente Carlos Anjos, disciplina integrante do CteSP de Laboratório
Forense e Criminal no 2º semestre do 1º ano de curso.
Para a realização deste trabalho proposto pelo docente Carlos Anjos, é
necessário saber algumas bases e conceitos, tais como: Ciência forense,
criminalística e investigação criminal para desenvolver com sucesso todos os
parâmetros que são pedidos para a elaboração deste trabalho.
Este trabalho tem como tema: “exame no local do crime”, e como subtema:
“Morte com arma de fogo”, logo, ao longo deste trabalho irão ser abordados os
conceitos de local de crime, cadeia de custódia, os vários tipos de morte, neste
caso morte por arma de fogo.
Este tema também tem muitos detalhes de temos de ter em conta, porque uma
vez que não se sabe se a morte ocorreu num ambiente aberto ou fechado, é
necessário tomar as diversas providências para cada um deles. Também não
se sabe se a morte foi um suicídio ou um homicídio, ou até mesmo acidente, e
é o exame no local do crime que nos vai ajudar a decifrar essa grande
pergunta.
Se um exame no local de crime for bem conseguido é o primeiro passo para
que uma investigação tenha tudo para seguir bem orientada e ter um bom
desenvolvimento e por fim uma boa conclusão.

Ciência Forense
A ciência forense é constituída por várias áreas, tais como a Antropologia, a
criminologia, patologia, psicologia, entre outras, que em conjunto atuam de
modo a resolver casos de carácter legal. Ou seja, a ciência forense não é uma
ciência única mas sim um conjunto de áreas que sejam necessários em casos
específicos para desvendar e não só crimes, como também variados assuntos
legais. Esta ciência também é utilizada para análise de vestígios,
principalmente de crimes violentos. Cabelo, sémen, saliva, sangue são só
alguns dos vestígios que a ciência forense analisa, tal como outros tecidos que
estão entre outro tipo de evidências mais frequentemente encontrados nas
cenas do crime.

4
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Criminalística
A Criminalística é a ciência que consiste no conjunto de procedimentos
científicos de que se vale a justiça moderna (de diferentes tipos de recursos,
métodos e técnicas de investigação) para averiguar o factos delituoso e as
suas circunstâncias. Ou seja, vai ajudar a estudar todos os vestígios do crime
por meio de métodos adequados a cada crime. Como por exemplo, a
identificação, a recolha e tratamento de impressões digitais, de vestígios de
sangue, recolha e tratamento feitos através perícias forenses (exames
informáticos). Os criminalistas têm como função obter o maior número de
informações que se pode obter dos indícios encontrados, cada caso é um caso
e os criminalistas devem adaptar técnicas padrão às diferentes situações.

Notícia do Crime
A palavra crime deriva do latim Crimen que significa ofensa, acusação.
Crime é um ato que é proibido por lei e que tem uma pena determinada caso
seja realizado. É uma ação praticada por uma pessoa que vai contra a lei e
contra o senso comum que recebe uma punição.
Crime é uma atitude, que pode ser cometida por uma pessoa ou por um grupo
de pessoas que viola a lei penal e tem consequências punitivas (aplicação de
uma pena).
O crime é caracterizado por uma atitude que causa um dano a um bem que é
protegido pela lei, como a vida e propriedade privada. O bem protegido pela lei
é chamado de bem jurídico.
A gestão do local do crime começa com a notícia do crime.
A notícia do crime é o conhecimento espontâneo ou provocado, por parte da
autoridade policial, de facto aparentemente criminoso. É com base nisto que se
dá início às investigações.
A notícia do crime pode ser classificada como:
 Cognição imediata ou espontânea;
 Cognição mediata ou provocada;
 Cognição forçada ou coercitiva.

A cognição imediata ou espontânea é quando o conhecimento do facto é feito


através de rondas policiais.

5
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

A cognição mediata ou provocada é quando a autoridade policial tem


conhecimento do facto por meio de expediente escrito.
A cognição forçada ou coercitiva ocorre quando a presença do preso a
autoridade policial.
Em Portugal, o Ministério Público, para poder desencadear um processo
criminal, necessita saber que foi praticado um crime. Pode saber disso pelos
seus próprios meios, mas também por intermédio dos órgãos de polícia
criminal ou mediante denúncia.
Depois do Ministério Publico ter conhecimento então do crime, é aberto um
inquérito. Na fase do inquérito a polícia, sob a orientação do Ministério Público,
vai procurar averiguar se o crime aconteceu ou não e recolher provas que
permitam identificar seu autor.
A polícia durante esta fase vai realizar diversas tarefas, entre elas ouvir a
vítima (no caso de homicídio não se poderá fazer esta tarefa, mas é realizada a
autópsia onde são analisadas as diversas partes do corpo para encontramos
as respostas que necessitamos), ouvir ainda o arguido e as testemunhas. Para
além disso irá ser realizado um exame ao local do crime, de modo a encontrar
e recolher vestígios que possam nos trazer respostas ao que se passou. Para
encontrarmos respostas podemos pedir colaboração a outros profissionais de
forma a descobrir o que realmente se passou, como um relatório do exame
médico-legal da vítima do crime, ou mesmo uma avaliação à personalidade do
arguido. Podemos ainda requisitar documentos e/ou relatórios que possam ser
importantes para a investigação, por exemplo lista de e-mails enviados e
recebidos pelo arguido, lista de chamadas telefónicas feitas e recebidas pelo
arguido, entre outros documentos.

Investigação Criminal
A investigação criminal é definida no plano normativo no artigo 1º da Lei de
Organização da Investigação Criminal (Lei 49/2008 de 27 de Agosto) como:
“Conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a
averiguar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua
responsabilidade, descobrir e recolher as provas, no âmbito do processo”. Ou
seja, é um processo que permite verificar se um crime aconteceu ou não, quem
e em que circunstâncias o cometeram, levar à responsabilização dos autores.
Esta ciência tem o objetivo de responder a diversas questões tais como: “
 O quê? O que aconteceu naquele local;
 Quem? Quem é a vítima e por sua vez quem é o autor;
 Onde? Onde ocorreu o crime;
 Quando? Quando ocorreu o crime/factos;
 Como? Como aconteceu o crime/factos;
 Porquê? O porquê do acontecimento do crime/factos.

6
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Quando estas questões conseguem ser respondidas, é sinal que a


investigação está concluída e encerrada, pois foram esclarecidos todos os
parâmetros necessários para resolvê-lo.
A investigação criminal é muito mais abrangente do que o conceito legal
devendo ser entendida como: “a pesquisa sistemática e sequente do respetivo
objeto, com recurso a meios técnicos e científicos”, segundo Ferreira Antunes
em 1985. A investigação criminal, do ponto de vista material incluiu
metodologias próprias do “tipo científico”.

Exame no local do crime


O exame ao local do crime trata-se de uma investigação forense e como tal
segundo o plano normativo, o artigo 1º da Lei de Organização da Investigação
criminal (Lei 49/2008 de 27 de Agosto) define a Investigação criminal como o
“conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, se destinam a
averiguar a existência de um crime, determinar os seus agentes e a sua
responsabilidade, descobrir e recolher as provas, no âmbito do processo”.
Tendo este conceito em mente poderemos agora abordar a cena de local de
crime bem como toda a investigação a ele adjacente.
Um local de crime pode ser um local aberto ou um local fechado, nos dois
casos o acesso tem de ser limitado apenas a pessoal necessário
(investigadores, peritos, médico-legal).
O local do crime entende-se pelo local onde ocorreu um crime, onde ocorreu
algo delituoso e que é necessária a proveniência da polícia.
A polícia de Proximidade ou local tem como tarefas principais:
 Salvaguarda da vida;
 Confirmada a morte, resistir à tentação de mexer;
 Afastar curiosos;
 Não permitir a aproximação de ninguém;
 Preservação do local;
 Registar quaisquer riscos de contaminação;
 Registar a identidade de pessoas;
 Registar os dados das viaturas suspeitas;
 Cordão de proteção de pessoas e do local;
 Atenção às intempéries;
 Lacrar auto circunstanciado.

7
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Pressupõe na sua essência uma intervenção e uma reação por parte da


polícia, planeada e coordenada, isto assim que há a notícia do ocorrido até à
execução da perícia local.
Para o exame ao local do crime é necessário levar uma equipa que seja
previamente definida com competências e que seja adequada para as
circunstâncias que vão enfrentar no local do crime. Esta que engloba um grupo
de investigação criminal, um grupo de LPC que trate da parte de lofoscopia,
fotografia e recolha e tratamento de vestígios e um perito médico.
Quando se passa à realização da investigação no local do crime, a organização
e a coordenação do trabalho baseiam-se numa primeira avaliação ao cenário
que observam, sendo que essa observação inicial é feita antes do exame ao
local. Depois de realizada a observação começa o exame ao local do crime,
onde é necessário e importantíssimo manter a coordenação e organização
traçando regras de devem ser seguidas, como o que deve ser feito, quem está
autorizado a entrar no local, quem é responsável por quais tarefas e também
como as ações necessárias serão realizadas.
Para a avaliação do exame do local do crime, temos de ter 3 pontos
importantes em consideração. O primeiro ponto diz-nos que os vestígios devem
ser observados e recolhidos no exato local do crime, onde o crime ocorreu. Os
outros dois pontos são as evidências que concluímos através dos vestígios
recolhidos e os indícios que são as circunstâncias conhecidas e provadas que,
tendo relação com o facto, autorize, por desfecho, concluir-se a existência de
outra ou outras circunstâncias.
Ou seja, os vestígios encaminham e o indício aponta.
No local do crime existem tarefas que têm de ser realizadas de imediato quanto
ao local do crime, tais como:
 Cordão de segurança – sempre por excesso;
 Escolha e demarcação de um percurso de aproximação;
 Demarcar ponto de encontro que servirá para a apresentação dos
elementos da equipa, esclarecimentos ou pedidos de esclarecimento e
depósito do material logístico;
 Verificar se tudo foi implementado corretamente, caso isto não tenha
ocorrido tem de se corrigir para colmatar eventuais lacunas nas provas e
investigação;
 Equipar toda a equipa com equipamento de proteção;
 Todos os elementos da equipa devem ter a noção global do cenário
criminal.
 Uma prévia troca de impressões no seio da equipa sobre o assunto;
 Enquadramento fotográfico e videográfico de todo o espaço, no preciso
estado em que foi encontrado;
 Em função do cenário, proceder-se-á à enumeração e distribuição de
tarefas.

8
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

A entrada no local deve ser feita no ponto mais acessível e sempre pela
mesma trajetória, caso na cena do crime haja alguma vítima que necessite de
ajuda médica, deixamos os bombeiros atuarem, mas observamos todos os
seus movimentos e trajetos para que esses mesmos não atrapalhem a
investigação da cena de crime nem eventuais vestígios que possam ser
mudados de sítios ou danificados, ou seja, há sempre que ter atenção, há que
anotar e transmitir essa informação para que tenha menos interferência
possível com o local do crime.
Depois de deparados com todas as circunstâncias presentes temos de fazer de
imediato um cordão de segurança, um perímetro de segurança para impedir
que outras pessoas exteriores ao crime se aproximem do local de crime
durante a investigação. Há que marcar um ponto de encontro na área perto do
local do crime para colocar todos os materiais que são e que possam ser
necessários para a investigação do crime, tal como o depósito de material
logístico, esclarecimentos e apresentação dos elementos da equipa que se
encontra a fazer a investigação criminal e o exame no local do crime.
Os registos da inspeção são:
 Fotográficos;
 Videográficos (Croqui, escrita).

Os registos Fotográficos/Videográficos devem ter em conta:


 Enquadramento geral;
 Fixação do espaço em ângulos opostos à altura dos olhos;
 Planos intermédios param contextualizar;
 Planos de pormenor com pontos de referência;
 Fotos de pormenor dos vestígios, feitas perpendicularmente ao objeto,
com testemunho métrico e sinalização.

Os registos Videográficos para além de poderem vir a fortalecer a cadeia da


prova, revelam-se de enorme importância, particularmente, quando a
investigação se arrasta por algum tempo sem sucesso. Poder então visionar o
local e a vítima no preciso estado em que o criminoso os deixou, pode ser
determinante para ajudar a abrir novas linhas de investigação.
O registo Croqui é a representação gráfica da cena do crime, com definição
das distâncias a que se encontravam os vários elementos de interesse,
designadamente vítimas, armas e outros vestígios, com a vantagem
suplementar de poder proporcionar uma visão global do quadro. As técnicas
utilizadas são: Método da triangulação, métodos das coordenadas, método ou
esquema de Kenyers.
Cada crime e cada local são únicos e assim a planificação e a organização vão
exigir uma adaptação flexibilidade a cada caso que nos vai aparecendo. É

9
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

importante referir ainda que mesmo ao longo da perícia ao local podem


aparecer novos elementos que mudem os requisitos anteriores e o perito terá
de se adaptar à nova organização de trabalho.
É de realçar que todos os elementos da equipa devem estar devidamente
equipados e protegidos com equipamentos de proteção como: luvas,
máscaras, batas, proteção para sapatos e touca para o cabelo para não haver
contaminação.
No local do crime também existem tarefas que têm de ser realizadas de
imediato quanto às pessoas, tais como:
 Identificação de todas as pessoas que estiveram em contacto com a
cena do crime – contaminação;
 Identificação e seleção de todas as pessoas que possam fornecer
informação útil;
 Separação dos indivíduos a inquirir, a fim de evitar troca de informação;
 Escolha do espaço físico adequado à realização das entrevistas.

Relativamente às circunstâncias de morte é necessário fazer um diagnóstico


diferencial (suicídio, homicídio, acidente), para tal é preciso saber a hora a que
foi visto pela última vez, o estado de (des)arrumação, os objectos que se
encontram na periferia do cadáver, se existem notas ou bilhetes no local, os
vestígios biológicos, bem como a dispersão do mesmo e ter em conta o
historial clínico.
Os vestígios são a base dos indícios mas estes podem ser verdadeiros, nos
quais não existe modificações nem alterações do local. Vestígios
falsos/simulados nos quais há modificações e alterações ou sinais induzidos
intencionalmente no local do crime, com objetivo de levar falsas interpretações.
Podem ainda ser pseudo-vestígios que são modificações, alterações ou sinais
pré existentes local do crime ou nele involuntariamente introduzidos por
negligência ou má prática profissional.
Existem os vestígios visíveis (macroscópicos) como por exemplo objetos ou
mesmo a arma do crime e vestígios microscópicos apenas detectados com luz
forense ou ao microscópio.
São os vestígios que confirmam a existência de crime, que permitem a
reconstituição de factos e que permitem uma posterior identificação ou
associação de autores.

10
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Relativamente ao cadáver há vários aspectos a ter em conta, se o cadáver está


na mesma posição em que foi encontrado, se já existem livores cadavéricos, se
existe rigidez cadavérica, a temperatura do cadáver, se já existem sinais de
putrefacção e acima de tudo proteger zonas que potencialmente contenham
vestígios biológicos para posterior análise.

<3 Horas 3 – 8 Horas 8 – 36 Horas >36 Horas


Quente e flácido Quente e rígido Frio e rígido Frio e flácido
Tabela 1 Esquema de Knight

Ambiente aberto e ambiente fechado


É de realçar que o ambiente em que se encontra a cena de crime é muito
importante, pois, um crime que tenha ocorrido num ambiente aberto está muito
mais exposto que um crime tenha ocorrido num local fechado.
Quando um crime ocorre num ambiente fechado, não existe qualquer tipo de
ventilação, contrariamente com um crime que tenha ocorrido num local aberto,
onde está exposto a diversos fatores bióticos e abióticos.
A degradação do cadáver vai ser muito mais rápida se este se encontrar num
local aberto, pois como referido anteriormente, está exposto a diversos fatores,
bióticos e abióticos. Já num ambiente fechado, o cadáver vai ter um tempo de
degradação consideravelmente normal, o crime pode não ser logo conhecido
quando foi feito, pois está ‘’isolado’’ por estar num ambiente fechado. Num
ambiente fechado como não há qualquer tipo de ventilação, é normal que os
cheiros fiquem muito intensos.
Em qualquer destes espaços é necessário seguir o procedimento logo quando
se chega à cena do crime, que vou referir mais adiante.

Cadeia de custódia
A cadeia de custódia é um processo de documentar a história cronológica das
amostras biológicas, esse processo visa garantir o rastreamento dos vestígios
utilizadas em processos judiciais, registar quem teve acesso ou realizou
manuseio desses mesmos vestígios.
Para que a amostra biológica seja válida deve-se mete-la num contentor
adequado, fechado e selado, a manutenção deve ser feita num local seguro. O
contentor deve estar bem identificado com o nome da pessoa que a recolheu,
qual o seu conteúdo e a hora e local de recolha.

11
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Este processo permite identificar os suspeitos e ainda permite base para


depois se poder enunciar uma acusação. Este processo é inalterável num
julgamento judicial.
A cadeia de custódia tem o principal objetivo de não deixar qualquer sobra de
dúvidas, sobre a autenticidade da amostra biológica. Para além disso, ainda
tem o objetivo de assegurar a integridade das amostras, salvaguardar a
confidencialidade e ainda garantir a validade dos resultados em tribunal.
Devem detalhar ao máximo a sequência dos factos pelos quais passou a
amostra e permitir a identificação de todos que a manusearam, quanto tempo
durou cada manipulação e porque ocorreu, e como a amostra foi armazenada
ou dispensada.
Encontramos dois tipos de cadeia de custódia, a externa e a interna. A externa
compreende a documentação do local de colheita até à chegada ao laboratório
e garante a rastreabilidade do local de colheira e transporte até ao laboratório.
A interna refere à documentação que informa o manuseio desde a receção,
abertura, caracterização, análises, armazenamento e destruição da amostra.

Etapas da cadeia de custódia


A cadeia de custódia tem diversas etapas que devem ser seguidas com muito
rigor. Estas são: Recolhas de amostras, transporte ao laboratório, manipulação
no laboratório, a informação obtida e por último o arquivo das amostras.

 Recolha da amostra:

 Forma de custódia e controle;


 Embalagens de recolha e de transporte;
 Etiquetas e fitas de selamento das embalagens;
 Acondicionamento.

 Transporte ao laboratório:

 Firma de receção;
 Correio de segurança.

 Manipulação no laboratório:

 Áreas de acesso;

12
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

 Intercâmbio das amostras;


 Transferências de quantidades;
 Acesso às amostras;
 Armazenamento de casos positivos.

 Informação:

 Controle dos dados arquivados;


 Evidência do controle de qualidade;
 Validação da segurança das informações.

 Arquivos:

 Armazenamento com segurança;


 Possibilidade de consulta e revisão;
 Forma de apresentação para julgamento.

Os erros ocorrem mais facilmente durante a colheita, acondicionamento e


transporte das amostras que nas etapas sucessivas de processamento da
amostra.

Recolha de vestígios
A recolha dos vestígios é um aspeto fundamental numa investigação criminal,
mas antes de o realizarmos é bastante importante registarmos tudo o que
encontramos na cena de crime. Para fazermos esse registo utilizamos a
fotografia, o vídeo e os croquis do local do crime. Estes são muito importantes,
porque servem para termos sempre acesso à cena do crime, para caso de
querermos voltar a visionar a cena no exato estado em que a encontrámos.
É nesta etapa que todos os vestígios do crime têm de ser bem recolhidos e
transportados para que não possam futuramente com as análises induzir em
erro e deixar inconclusiva a investigação.

Tipos de vestígios
Os vestígios podem ser classificados como macroscópicos ou microscópicos.
Os macroscópicos são os objetos que são vistos a olho nu, como um cigarro,
por exemplo.
Os microscópicos são aqueles que só são detetados com luz forense, tal como
manchas de sangue que tenham sido limpas e que não se vê a olho nu.

13
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Mas para além deste aspeto importante dos vestígios também podemos
encontrar numa cena de crime 3 tipos de vestígios.

 Vestígios verdadeiros;
 Vestígios falsos ou simulados;
 Pseudo-vestígios.

Os vestígios verdadeiros dizem respeito aos que modificam e alteram o local e


com a observação de todos esses, conseguimos perceber o que possivelmente
aconteceu no local do crime. São aqueles que são produzidos diretamente
pelos autores do crime e ainda que sejam cometidos no momento da prática do
crime.
Os vestígios falsos ou simulados são aqueles que são modificados ou
alterados com o propósito de complicar e levar a falsas interpretações para o
investigador do crime. Geralmente é feito para induzir os investigadores em
erro para tentar encobrir os autores do crime e encobrir o que se passou no
local no ato do crime.
Os pseudo-vestígios, são aqueles que as modificações e as alterações
apresentadas foram causas involuntariamente, por negligência ou por mau
profissionalismo. Estes últimos vestígios podem provocar erros gravíssimos na
investigação do caso, levando também, a falsas interpretações.

Procedimentos de recolha
Os vestígios são o mais importante numa cena de crime para averiguar se
existiu mesmo um crime, permitindo a reconstituição da cena de crime,
reconstituição de factos, e a identificação dos suspeitos e permitindo assim
bases para formular uma acusação contra esses mesmos, permitindo que haja
punição do culpado.
Os procedimentos de recolha dos vestígios devem sempre ser os mais corretos
e que evitem a contaminação das amostras recolhidas, para tal deve seguir-se
sempre os protocolos dos procedimentos de recolha de vestígios, seguir a
informação dada e antes adquirida e os concelhos do comandante da equipa.
Primeiro de tudo, para começar a recolha dos vestígios é necessário levar o
equipamento devido para a equipa de investigação utilizar no local do crime,
para evitar a contaminação dos vestígios que são necessários para o
desenvolvimento da investigação. É necessário que antes da recolha haja a
sessão de registo fotográfico e videográfico para mais detalhes que possam
não ser observados no exato momento, e para ter o registo fotográfico e
videográfico da cena do crime.

14
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Todos os procedimentos devem ser seguidos desde a chegada ao local do


crime até que o local seja abandonado, em termos de procedimentos de
segurança.
Alguns cuidados especiais que é necessário ter em conta durante a
investigação são:

 Acesso à vítima pelo lado “mais limpo”, ou seja, com menos vestígios;
 Local de apoio logístico afastado do local;
 Manter sempre o mesmo caminho no local, para evitar dispersão dos
vestígios;
 Se a vítima estiver em estado cadáver, não tocar no corpo e isolar de
imediato;
 Não deslocar objetos ou vestígios, pois todos estes são importantes
para a investigação e resolução do caso;
 Em caso de interação com o local do crime, reportar a situação ao chefe
da equipa de investigação;
 Preservação de vestígios no local do crime seguindo os procedimentos
necessários.

Antes de chegarmos à vítima, ver se:


 As portas estão abertas ou fechadas, o estado da fechadura (em local
fechado);
 Janelas abertas, fechadas ou trancada e respetivo registo (em local
fechado);
 Registo se as luzes estavam ligadas ou desligadas, e quais (em local
fechado);
 Registo de cheiros como tabaco, pólvora, fumos, gás, perfume … (em
local aberto ou fechado).

Ao chegar à vítima devemos seguir os devidos procedimentos:


 Registo da localização e posição da vítima;
 Ter atenção à presença de fluidos, pegadas e evitar pisar as mesmas.

Ao contactar a vítima também temos de seguir alguns procedimentos, como:


 Não beber, fumar, comer ou utilizar a WC no local do crime;
 Retirar toda a gente exterior do local do crime;
 Estar só os elementos da investigação no local do crime;
 Utilizar o corredor de passagem;

15
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

 Se a vítima estiver em estado cadáver, não tocar no corpo e isolar de


imediato;
 Evitar o contacto direto com as amostras biológicas e vítima, usando
sempre luvas descartáveis;
 Se a vítima for vítima de arma de fogo devemos expor os orifícios e
roupa e verificar se o número de orifícios existentes no corpo coincide
com os orifícios presentes no tecido da roupa e a sua respectiva
localização anatómica;
 Análise a localização anatómica e quais os orifícios de entrada, saída e
tangenciais;
 Analisar se as características das perfurações e calcular a que distância
a vítima terá sido alvejada;
 Análise da presença ou ausência de marcas de defesa, principalmente
nas mãos e antebraços.
 Análises de elementos municiam retidos nas vestes do cadáver;
 Análise de sinais de arrastamento do cadáver.
 Evitar limpar as feridas superficiais ou as mãos que contém vestígios de
pólvora, tal como ADN;
 Não puncionar no dorso da mão (recorrer ao antebraço);
 A equipa médica no local deve descrever e registar as características de
ferimentos que a vítima apresenta;
 Analisar a existência de traumas e/ou abrasões;
 Livores- causa da morte, mudança de posição do cadáver.
 Registar se a vítima tem a arma na mão e se sim em que mão;
 Registar a presença ou ausência da arma de fogo no local do crime;
 Preservar as mãos da vítima com sacos de plástico;

Devemos ter especial atenção às mãos da vítima, pois este trabalho é sobre a
morte com arma de fogo, e as mãos são a extremidade mais exposta, que
podem conter: Sangue, pele, cabelos, e pólvora se se tratar de um suicídio,
sinais de luta. Portanto não se deve limpar as mãos da vítima, porque é muito
importante a análise e tratamento destas mesmas que contém imensos
vestígios que nem sempre conseguem ser vistas a olho nu, deve-se sempre
proteger as mãos da vítima.
Ou seja, os procedimentos de recolha de vestígios, basicamente são
necessários para localização, registo, preservação dos mesmos, recolha e
transporte destes que devem ser realizados por um perito específico de cada
tipo de vestígio, se possível.

16
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Contaminação
A contaminação é a principal ameaça para a integridade dos vestígios, pois
quando esta acontece não há volta a dar e toda a investigação é influenciada e
leva a más interpretações e assim poderá levar no caminho oposto à verdade e
o que aconteceu no crime.
A contaminação pode ocorrer durante a investigação, através da má recolha
das amostras, no seu mau acondicionamento e no transporte da mesma que
leva a sua análise em laboratório. Devem entrar no cenário de crime o menor
número de elementos possíveis, para não haver a contaminação no local do
crime.
Para obviar a possibilidade de corrupção do local, além das proteções que
devem munir os membros da equipa, nada deve ser deslocado ou tocado,
antes de examinado, registado e recolhido.
É no local do crime que devem começar as medidas contra a contaminação,
devendo prosseguir até que os elementos de prova dêem entrada no L.P.C. ou
no INML.
Se houver contaminação, a transferência pode implicar a destruição dos
vestígios e a credibilidade da diligência.
Como referido anteriormente, pode haver contaminação por todos aqueles que
estão a trabalhar para a investigação ou no caso da vítima se encontrar ainda
com vida, os socorristas podem deixar as suas marcas e aí contaminam os
vestígios, pois têm de dar prioridade ao salvamento da vítima.

Hábito externo e hábito interno ao cadáver


Depois de sinalizarmos os vestígios, e de fotografarmos todos os aspetos da
cena do crime, dirigimo-nos à vítima e fazemos o que é chamado de hábito
externo. Nesta observação, registamos os aspetos visíveis sem quase tocar na
vítima. Neste exame registamos o sexo da vítima, em que posição se encontra,
qual a sua localização, a idade que aparenta ter, se é possível observar alguns
ferimentos e qual a sua localização, se possível observar que tipo de ferimento,
ou seja, se foi realizado por uma arma ou faca. 
Depois de acabarmos o hábito externo, realiza-se o exame do hábito interno.
Neste exame o que se faz é colocar a vítima deitada, retirar as suas roupas e
observar livores, ferimentos escondidos, se existem sinais de resistência, entre
outros aspetos que podem ser importantes para a investigação e para se
perceber o que se passou.  

 
 

17
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial é feito em conjunto pelo perito, investigador e pelo
médico legista, uma vez que se trata de se aferir a causa da morte da vítima. O
diagnóstico diferencial, como o próprio nome indica consegue diferenciar vários
tipo de morte, neste caso específico se a morte violenta com arma de fogo foi
um homicídio ou um suicídio.
A posição da vítima, a roupa, as lesões, o número de vezes que a vítima foi
baleada (pela contagem do número de perfurações que a vítima apresenta), o
tipo de arma de fogo que foi utilizada (se for possível identificar pelas munições
que possam estar presentes no corpo da vítima, ou até mesmo munições
perdidas no local do crime). Todos estes indicadores são extremamente
importantes para o diagnóstico diferencial.

Suicídio
O suicídio é quando a pessoa tora a sua própria vida, por vezes pode ser por
impulso ou até por estar mentalmente instável, é sempre necessário saber a
história clinica da pessoa nomeadamente a história clínica na parte da
psiquiatria, saber se já houve tentativas de suicídio anteriores a esta e se sim
as datas e os métodos que esta usou para tentar. Saber se a vítima estava
sobre o efeito de algum tóxico que possa ter ingerido e ter levado a que
comete-se suicídio.
Quando se trata de um suicídio com arma de fogo, normalmente as zonas onde
a vítima se alvejou são zonas que a vítima pode alcançar. Com isto, as zonas
de eleição do disparo geralmente são num dos lados da cabeça entre o osso
temporal e parietal do crânio do lado em que a pessoa tenha mais destreza, ou
seja, se a pessoa for esquerdina irá ter mais destreza com a mão esquerda,
logo irá pegar a arma com essa mão e disparar no lado esquerdo da cabeça,
enquanto uma pessoa que seja destra acontece o contrário, como tem mais
destreza com a mão direita irá alvejar-se no lado direito do crânio, por pegar na
arma com a mão direita.
Se a vítima for destra e se tiver um orifício de entrada do disparo no lado
contrário da cabeça é suspeito, é possível, apesar de ser mais difícil, mas
também pode ser um homicídio disfarçado de suicídio.
É de notar que quando se trata de um suicídio, o disparo é realizado junto ao
corpo, a distância é um bom indicador para descobrir se se trata de um suicídio
ou um homicídio. Mas é de notar que pode também haver homicídios em que o
disparo tenha sido junto ao corpo da vítima.

18
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Para tal é necessário analisar as mãos da vítima, se houver vestígios de


pólvora na mão da vítima, então aí sim, podemos comprovar que o tiro tenha
sido dado por ela mesma e que assim se trata de um suicídio.
Em alguns casos de homicídio, também podemos encontrar cartas de
despedidas, ou ter acesso as chamadas e mensagens da vítima para outras
pessoas que de algum modo se despedem, indicando que provavelmente se
irá suicidar.

Homicídio
Um homicídio é um crime onde uma pessoa tira a vida a outra pessoa. Em
Portugal este crime é punido com uma pena de prisão entre 1 a 25 anos,
depende da gravidade e das intenções do culpado. O homicídio pode ter sido
por defesa ou macabro por vingança, daí variar entre 1 a 25 anos de prisão.
Em casos de homicídio por arma de fogo, geralmente, o local onde foram
alvejados não é acessível pela vítima e os disparos são dados a alguma
distância. Quanto maior o número de perfurações encontradas no corpo e às
vezes dispersos, revela que o culpado que cometeu o crime tinha algum tipo de
raiva e vontade de assassinar a vítima. Se se tratar de um homicídio por pura
defesa, existirão poucas perfurações no corpo da vítima.
Se o orifício de entrada for na parte de trás da cabeça, nas costas, são sítios
onde a vítima tem pouco alcance são bons indicadores de homicídio.
Se a vítima for destra e se tiver um orifício de entrada do disparo no lado
contrário da cabeça é suspeito, é possível, apesar de ser mais difícil, mas
também pode ser um homicídio disfarçado de suicídio.
Se houver marcas de arrastamento onde a vítima se encontra é um forte
indicador que é um homicídio.
É de notar que quando se trata de um homicídio, o disparo é realizado a
alguma distância. A distância é um bom indicador para descobrir se se trata de
um suicídio ou um homicídio. Mas é de notar que pode também haver
homicídios em que o disparo tenha sido junto ao corpo da vítima.
Para tal é necessário analisar as mãos da vítima, se houver não vestígios de
pólvora na mão da vítima, então aí , podemos comprovar que o tiro tenha sido
dado por outra pessoa e que assim se trata de um homicídio.
No código Penal português encontramos vários tipos de homicídios, em que
cada um tem as suas penas e o seu tratamento, como:
 Homicídio qualificado: É aquele que a morte foi mesmo com a intenção
de matar, por vingança, racismo ou mediante pagamento, se foi um caso
com uso de emboscada ou outro recurso que tenha impedido vítima de
se defender, entre outros aspetos que acabam por declarar o homicídio

19
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

como classificado. Este tipo de homicídio é o mais grave e por isso tem
uma pena de prisão que varia entre os 12 a 25 anos de cadeia.

 Homicídio privilegiado: Quando o crime é praticado sob o domínio de


uma compreensível emoção violenta, compaixão, desespero ou motivo
de relevante valor social ou moral, que diminuam sensivelmente a culpa
do homicida. Nestes casos o homicida é diagnosticado com alguma
perturbação que o tenha levado a que, naquele momento, tenha tido um
ato de desespero ou inconsciência que o levou a cometer o crime. O
crime é punido com pena de prisão entre 1 a 5 anos.

 Homicídio a pedido da vítima: É o crime em que o autor mata a outra


pessoa determinado por um pedido sério da vítima, instante e expresso
que a vítima lhe tenha feito. O crime é punido com pena de prisão até 3
anos.

 Homicídio por negligência: Ocorre quando alguém mata uma pessoa por
negligência, isto é, quando alguém cria, assume ou potencia um perigo
para a vida de outro por imprudência ou extrema imprevisão, ou ainda
por grave violação do dever de cuidado ou omissão das cautelas
necessárias. Este crime é punido com pena de prisão até 3 anos ou com
pena de multa.

 O infanticídio: É um homicídio onde a mãe mata o filho durante ou logo


após o parto, estando ainda psicologicamente instável, estando com o
que habitualmente designamos por depressão pós-parto. Este crime é
punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.

 O incitamento ou ajuda ao suicídio: É um crime onde alguém incentiva


outra pessoa a suicidar-se, ou ajuda-a para esse fim, onde inicialmente
a pessoa que se suicida não tinha essa intenção ou objetivo. Este é um
crime punido com pena de prisão até 3 anos, se o suicídio vier
efetivamente a ser tentado ou a consumar-se. Caso a pessoa incitada
ou a quem se presta ajuda for menor de 16 anos ou tiver, por qualquer
motivo, a sua capacidade de valoração ou de determinação
sensivelmente diminuída, o crime é punido com pena de prisão de 1 a 5
anos.

20
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Morte com arma de fogo


A morte por arma de fogo pode ser por suicídio ou homicídio, como referi no
ponto anterior.
No local do crime é necessário ter vários aspetos em conta como vim a referir
em todos os pontos do relatório, mas mais em específico em relação às armas
é necessário ter em conta:
 Característica da arma: pistola, revólver, caçadeira, calibre da munição,
nº de canos, etc.
 Tipo de munição utilizada: quantos disparos e elementos municiais.
 Situação da arma: Legal, ilegal ou desconhecida.

Vou agora esclarecer cada um dos pontos em cima referidos.


 Característica da arma: pistola, revólver, caçadeira, calibre da munição,
nº de canos, etc.

Dentro das armas curtas temos as Pistolas e os revólveres, estas podem ser
classificadas como armas de mão ou secundárias.

 Revólver: É uma arma de fogo de repetição, de porte individual,


normalmente com um só cano. É uma arma curta e
semiautomática que possui um tambor rotativo com várias
câmaras ou culatras onde ficam as munições em que a sua
capacidade e calibre variam bastante, sendo que os revólveres
com tambor têm cerca de capacidade de 5 ou 6 munições de 38
mm (geralmente). Os revólveres só funcionam se o cão estiver
armado para trás e que o gatilho é premido. Sendo que as mais
atuais, nas produções modernas, não é necessário puxar o cão
manualmente, pois ao premir o gatilho o cão move-se
automaticamente para trás. Ao premir o gatilho do revólver não é
necessário muita força, aumentando a precisão de disparo. Os
revólver comum não podem utilizar silenciador, pois entre o
tambor e o cano existe uma brecha por onde parte dos gazes
escapam, produzindo barulho suficiente mesmo com o
silenciados instalado na extremidade do cano.

21
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Figura 2 – Imagem de um revólver.

 Pistola: A pistola é uma arma de curta distância com cano curto,


é uma arma curta (de pequenas dimensões) de boa
empunhadura e de rápido manuseio, feita originalmente para uso
pessoal. Todas elas possuem funcionamento semiautomático.
Quando o gatilho é premido, a munição que está na rampa de
alimentação é empurrada para a câmara, o percutor atinge o
fulminante e a bala é descarregada através do único cano. Após
o disparo, a munição seguinte é empurrada para a rampa de
alimentação pelo deslocamento de uma rampa secundária.
Geralmente as munições de uma pistola como a Browning têm 9
mm (9x19mm), e o seu carregador tem uma capacidade para 13
munições.

Figura 2- Pistola Browning Hi-Power, 9 mm, 1 kg

22
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

 Caçadeira: As caçadeiras são armas de um ou de dois canos, de


alma lisa, variando assim os calibres da arma, desde 12mm até
20mm. Apesar de serem armas vocacionadas para caça, podem
dispararam cartuchos de tipos diferentes carregados com
chumbo. Os cartuchos de chumbo ao serem disparados lançam
chumbos numa trajetória em forma de cone para atingir uma área
dispersa (razão pela qual são utilizadas na caça). São armas
para atirar a pouca distância, cerca de 40 metros. Caçadeiras
com canos serrados são de uso proibido em Portugal.

Figura 3- Diferentes tipos de caçadeiras

 Tipo de munição utilizada: quantos disparos e elementos municiais.


Existem vários tipos de revestimento para munições: Umas não têm qualquer
revestimento, outras com revestimento total e outras com revestimento parcial,
como apresenta a seguinte imagem:

Imagem 4 – Diferentes tipo de revestimentos em munições.

As munições sem qualquer revestimento, são usadas como munições de


revólver, principalmente nos calibres de uso permitido.

23
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

As munições que são completamente revestidas, facilitam a alimentação na


câmara e possuem mais velocidade. Evitam a acumulação de resíduos de
chumbo no raiamento. A munição é penetrante por excelência penetrando até
os coletes de proteção policial, é ideal contra alvos protegidos.
As munições com um revestimento parcial, são revestidas na parte em relação
à alimentação, velocidade e limpeza, conciliando penetração e expansão, tanto
na caça quanto na defesa.
Já em relação à ponta, também existem diferentes tipos de ponta como, pontas
macias (Soft Point) e pontas ocas (Hallow Point), como está representado na
seguinte imagem:

Imagem 5- Diferentes tipo de pontas em munições.

As munições de soft-point, agrupam os benefícios das munições revestidas


quanto à alimentação, velocidade e a limpeza, conciliando penetração e
expansão tanto na caça quanto na defesa.
As munições de Hollow-Point, agrupam os benefícios das munições revestidas
quanto à alimentação, velocidade e a limpeza. O orifício central aumenta a
perspectiva de expansão e a transferência de energia sobre tecido corporal.

A função de cada munição também varia, podem ser expansíveis, perfurantes


ou cartuchos e projéteis. Apresentadas na seguinte imagem:

Imagem 6- Tipos de munições com diferentes funções.


24
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

As munições expansíveis são muito mais leves que outras munições hollow-
points, são lançadas a grande velocidade e fragmentam-se completamente
quando atinge o alvo. As esferas de chumbo que estão dentro da munição,
continuam o seu trajeto, assim espalhando-se causando ferimentos graves.
Este projétil não transpassa o alvo nem ricocheteia.
As munições que são perfurantes possuem mais velocidade. Evitam a
acumulação de resíduos de chumbo no raiamento. A munição é penetrante por
excelência penetrando até os coletes de proteção policial, é ideal contra alvos
protegidos.
Os cartuchos de chumbo ao serem disparados lançam chumbos numa
trajetória em forma de cone para atingir uma área dispersa (razão pela qual são
utilizadas na caça).

 Situação da arma: Legal, ilegal ou desconhecida.


Quando encontrada a arma no local do crime, têm de se ter atenção, o local em
que ela foi encontrada, se foi na mão da vítima, perto da vítima, longe da
vítima, ou simplesmente não foi encontrada, tem de se tomar nota da
localização ou ausência da arma.
Se a arma estiver no local do crime, esta depois de ser recolhida e ser
analisada em laboratório, vai ser investigada através do seu número de série
para saber se a arma é legal, ilegal ou desconhecida através de registos da
posse ou não posse da mesma. Se conseguirmos saber de quem é a arma
através desses registos é muito mais fácil, se a arma não for registada, é
submetida a análises e tratamento de dados no âmbito da lofoscopia para
tentar recolher o máximo de vestígios, neste caso, impressões digitais para
tentar chegar ao dono da arma.
Caso a arma não estiver no local do crime, é utilizada um munição que esteja
no corpo da vítima, ou que esteja perdida no local do crime e através do tipo de
munição é possível saber de que arme é que foi disparada e através do
número de série da munição e através da recuperação do número de série é
capaz de saber a arma em concreto que a disparou e assim chegar ao registo
do dono da arma, caso esta seja registada.

25
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Conclusão
Na realização deste trabalho foquei-me numa cena de crime específica que foi
uma morte com arma de fogo. Neste trabalho fiz uma abordagem de todos os
aspetos que achei necessários, como: uma pequena introdução, explicar o
significado de ciência forense, criminalística, notícia do crime, investigação
criminal, exame no local do crime, cadeia de custódia, etapas da cadeia de
custódia, recolha de vestígios, tipo de vestígios, procedimentos de recolha,
contaminação, diagnóstico diferencial, suicídio, homicídio, morte com arma de
fogo, diferentes tipos de armas, munições e registo de armas.
Com a elaboração deste trabalho, posso concluir que numa investigação ao
local do crime não existe de todo passou mais ou menos importantes, porque
todos eles são muito importantes no decorrer da investigação.
Numa investigação no local do crime é necessário proceder consoante as
normas estipuladas de modo a que a cena do crime não sofra nenhum tipo de
contaminação. O local do crime tem de ser mantido tal e qual como foi
encontrado para uma melhor investigação.
Para salvaguardar toda a integridade de todas as provas recolhidas é
necessário cumprir com a cadeia de custódia, caso exista algum vestígio
perdido ou algum erro no vestígio, pode perder a credibilidade não podendo ser
assim usado como prova final em tribunal.
Quando se trata de um local de crime provocado por uma arma de fogo, tem de
se ter em conta a arma presente, o tipo de arma, o número de perfurações que
a vítima presenta, o local anatómico dos mesmos, a dispersão dos mesmos,
porque todos estes pormenores vão contribuir para o diagnóstico diferencial.
Num crime que haja morte com arma de fogo há aspetos que têm de ser
mesmo analisados, registados e preservados, como: numero de ferimentos e a
localização anatómica desses mesmo, orifícios de entrada, saída, tangenciais,
características dos disparos face à distância que foram feitos, lesões de
defesa, elementos municiais retirados nas vestes do cadáver, existência ou não
de outros ferimentos, sinais de arrastamento, a presença ou ausência da arma
no local do crime, a propriedade onde a vítima se encontra, a situação da arma
e características das mesmas, munições encontradas no cadáver ou munições
perdidas, marcas de embate, objetos no local do crime, sinais de violência,
história clinica, tentativas de suicídio anteriores, tóxicos que possam ter sido
usados, preservação da arma, elementos municiais, mãos da vítima e as
roupas da mesma.
Esta área da criminalista é algo que é muito interessante e que envolve uma
dinâmica muito grande tanto em termos de elementos de equipa como as
diversas áreas que abrange. É uma área em que temos de estar preparados
para tudo e sempre dispostos e prontos a trabalhar para que nenhum crime
passe em branco e se possa fazer justiça.

26
ERISA - Exame ao local do crime – Morte com arma de fogo

Neste trabalho consegui pelo menos aprender e aprofundar todo o processo de


investigação num crime, se o crime se trata de um homicídio ou de um suicídio.
Também aprendi que num local aberto há muitos fatores que se deve ter em
conta, como fatores bióticos e abióticos, que podem mais facilmente e
rapidamente afetar o estado de decomposição do cadáver e assim a
investigação não conseguir ser tão rigorosa.
Para concluir este trabalho, tenho a dizer que com estas pesquisas consegui
consolidar toda a matéria e todos os conhecimentos necessários para a
conclusão desta unidade curricular e que sem dúvida que tenho aprendido
todos os conceitos abordados pelo professor em aula.

Sitografia:
 https://dre.pt/web/guest/legislacao-
consolidada/-/lc/107981223/201708230200/73474029/diploma/indice, consultado a
30/06/2019.
 PowerPoints fornecidos pelo docente Carlos Anjos, consultados dia 30/06/2019.

27

Você também pode gostar