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Laudo Pericial

Caso no Local de Registro da Ocorrência


10005/19 CIODS - Recife - PE

Data da Ocorrência Autoridade Requisitante


05/02/2019 Beleza em Pessoa

Natureza da Perícia
PERICIA EM LOCAL DE MORTE (PRECIPITAÇÃO)

Perito Criminal
Qualidade é Padronizar Estrutura
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2019)

PERICIA EM LOCAL DE MORTE


(PRECIPITAÇÃO)

CASO No 1080/2019

01 - PREÂMBULO

Aos 05/02/2019 às 2h30min o Centro Integrado de Operações de Defesa


Social-PE (CIODS), via telefone, solicitou ao Instituto de Criminalística Professor
Armando Samico, perícia em local de Morte denominando-o n o D610891. Ao tomar
ciência o Chefe do Plantão da Unidade de Coordenação de Plantão (UNICOPLAN)
exarou despacho designativo ao Perito Criminal Qualidade é Padronizar Documentos
para o atendimento.
Após retorno dos exames periciais o referido caso foi gerado e registrado
eletronicamente no Sistema Gerenciador de Laudos - GDL do Icpas às 6h50min e no SEI
com o no 8882525-7/2019, às 7 horas.

02 - HISTÓRICO

No chamamento do Plantão da Criminalística para “Pericia em local de


morte”, ocorrido na madrugada de 05/02/2019 foi informado que no Edifício
Professor Frade Figueira, localizado na Rua Mamanguape, 77, Boa Viagem, em
Recife – PE, área de responsabilidade da 7ª Circunscrição Policial, havia o corpo de
01 (uma) pessoa sem vida, o qual carecia de investigações periciais para
esclarecimentos do fato.
Na mesma data às 6h10min, esse signatário, se deslocou junto com a
equipe ao citado endereço e local a ser examinado, lá chegando ás 6h30min, onde
após apresentações seguidas da identificação das pessoas presentes no local: a
Senhora Meticulosa Descrição Organizada de R.G. n o 1.560.001 SDS/PE emitida em
30/03/1998, e o Senhor Manter Qualidade e Critérios de CPF n o 999.560.788-01, foi
iniciado às 6h50min os exames periciais com término às 9 horas do citado dia.

03 - OBJETIVOS DOS EXAMES

Verificar se no local indicado havia presença de 01 (um) corpo sem vida e


averiguar o que deu causa aos fatos observados, buscando identificar correlações
com os prováveis vestígios detectados, informações obtidas e as possíveis ações
que deram causa e culminaram nos fatos.
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04 - DO LOCAL

Situava-se em uma área de grande adensamento populacional,


construída em uma região plana, com coordenadas geográficas 05º32’40’’N /
042º45’30’’W, cujo imóvel se encontrava ladeado, à esquerda, à direita, na região
posterior, e na região frontal por imóveis residenciais, bem como apresentava
frontalmente uma rua asfaltada denominada Rua Mamanguape no bairro de Boa
Viagem, cidade de Recife em Pernambuco.

4.1 - Local imediato

Tratava-se da área interna do terreno onde se localiza o Edifício Professor


Frade Figueira, e externa do edifício, ou seja, na região correspondente ao corredor,
o qual se inicia no portão de entrada (guarita) da edificação, com prolongamento
para acesso as áreas de lazer (terraços) e ao interior do edifício. Este local continha
no lado direito um muro que separava o acesso de pedestres do acesso de veículos
para as garagens (ver fotos nos 01, 02, 03, 04, 05, 06 e 07).

4.2 - Local mediato

Tratava-se de 01 (um) apartamento localizado no 18 o (décimo oitavo)


andar, contendo 01 (uma) cozinha, 02 (dois) quartos, 01 (uma) dependência de
empregada, 01 (um) lavabo, 03 (três) banheiros com sanitários, sendo 01 (um)
localizado no quarto de casal (suíte), 01 (uma) área de lazer com brinquedos para
crianças, sequenciando e complementando a varanda de 01 (uma) sala, onde essa
varanda fechada continha janelas que integravam a fachada frontal do edifício (ver
fotos nos 01, 24 e 26).

05 - ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL

No local dos fatos foi averiguado que havia 02 (duas) áreas isoladas por
fitas de isolamento (ver fotos nos 04, 05, 06, 21 e 26), onde foi constatado que:

5.1 - Na região de repouso do cadáver (local imediato), apesar da colocação da


fita zebrada para limitar a aproximação de pessoas, o corpo se encontrava coberto
por 01 (um) lençol de cor branca, indicativo de que o local sofreu violação, bem
como também foi detectado presença de vestígios nas proximidades do corpo, sobre
o muro, suas regiões laterais, inclusive nos pisos dos corredores separados pelo
muro, com características de se encontrarem intactos e preservados (ver fotos n os
04, 05, 06 e 21).

5.2 - Na sala do apartamento 2001 (local mediato) havia uma fita zebrada isolando
o acesso à região das janelas da sala de estar com varanda. Esta residência se
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encontrava abrigando seus moradores e nela não foi detectado anormalidades, no
tocante a possíveis violações dos vestígios visualizados e/ou do local, tido como
sendo parte inicial do evento (ver foto no 26).

No local final dos fatos se faziam presentes 02 (dois) Policiais Militares do


19º BPM-PE, o Soldado Primordial Revisar Documento de matrícula 104.004-1 e o
Cabo Fundamental Teoria Experiência e Dialogo de matrícula 244.444-4.

06 - EXAMES PERICIAIS

Na presença das pessoas identificadas foi realizada a pericia, que a


principio sequenciando as observações empregou-se exames sensoriais e físicos,
seguido de registros fotográficos dos principais pontos observados, mensurações de
distâncias, coletas, acondicionamentos e transporte dos vestígios, observando
recomendações, onde se constatou que:

6.1 - Do Local

Minuciosos exames do corpo de delito foram realizados nos locais onde


foram visualizados o cadáver e os prováveis vestígios interligados aos possíveis
fatos ocorridos:

6.1.1 - Local imediato

Neste local o citado cadáver, repousava transversalmente sobre o piso


plano confeccionado com pedras de cerâmica, e em suas proximidades havia
materiais biológicos, inclusive impregnados nas paredes e pisos, configurando-se
tratar-se de importantes vestígios dos fatos observados (ver fotos n os 04 a 09 e de 15
a 22).

6.1.2 - Local mediato

Nesse local, na varanda da sala, cuja fachada constituía-se de uma


sacada contendo uma mureta baixa complementada por uma moldura de estrutura
metálica com vidros planos incolores, que fechava essa fachada com janelas, a qual
integrava a área frontal do edifício, onde nela havia 01 (uma) janela, que se
encontrava aberta.
Antes da moldura com vidros havia uma rede tela de proteção denotando
sinais de ter sido seccionada por objeto cortante (ver fotos n os 23, 24, 25 e 26).
Abaixo da janela havia uma cadeira que se encontrava equilibrada
apenas sobre as 02 (duas) pernas posteriores, ou seja, inclinada para trás e com

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encosto escorado no vidro da fachada, tendo sobre ela 01 (uma) almofada de cor
alaranjada (ver fotos nos 23, 24, 25 e 26).
No piso da sala, embaixo da cadeira, havia 01 (uma) tesoura, no lado
esquerdo 01 (um) par de sandálias de borracha com correias da cor-de-rosa e bem
a frente da cadeira 01 (um) botão de roupa (ver fotos n os 23, 24, 25, 27 e 28).
Também havia: sobre uma escrivaninha de um dos quartos, tido como
sendo local de acomodação da vítima, presença de caixas de medicamentos abertas
e com blísters de medicamentos exibindo cápsulas violadas com ausência de seus
respectivos comprimidos e ainda 01 (um) copo de cerâmica contendo um liquido de
cor amarelada translúcida (ver foto no 39); sobre uma mesa na cozinha havia 01
(uma) embalagem plástica acondicionando materiais vegetais (ver foto n o 40).

Não foi constatado nesses locais e suas proximidades presença de


câmeras de segurança que pudessem ter registrado o momento dos fatos.

6.2 - O Cadáver

Encontrado coberto por um lençol branco, repousava no piso de acesso a


entrada do edifício, e localizava-se nas coordenadas geográficas 05º32’40’’N /
042º45’30’’W.

6.2.1 - Identificação

O cadáver pertencia a uma pessoa do sexo feminino, do tipo étnico


leucoderma, com comprimento de aproximadamente 1,70 m (um metro e setenta
centímetros), tendo cabelos lisótricos, compridos, de cor castanha clara e massa
corpórea com cerca de 90,0kg (noventa quilogramas).
Após sua filha, que se encontrava no local, disponibilizar documento
comprobatório a vítima foi identificada através da R.G. n o 505.999 SDS-PE, expedida
em 30/10/2005 como sendo ELENA GORDOM MASSA, nascida em 01/02/1989 (30
anos de idade), natural de Recife – PE, filha de Manter Qualidade e Critérios e de
Meticulosa Descrição Organizada (ver foto no 33 e 34).
Ao final dos minuciosos exames e colocação da pulseira com o Número
de Identificação de Cadáver (NIC) 047799 (ver fotos n os 10, 35 e 36), o corpo foi
recolhido e encaminhado ao IML-PE para os exames periciais Tanatoscópico.

6.2.2 - Vestes e acessórios

Na ocasião dos exames periciais a vítima, que se encontrava com os pés


descalços, trajava: 01 (um) vestido confeccionado em tecido amarelo, no modelo
tipo “A”, bem conservado, com abertura frontal vertical de fechamento por botões de
cor amarelada, o qual apresentava ausência do primeiro botão superior (ver fotos n os
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07, 08, 09 e 30), além das peças íntimas devidamente posicionadas, cobrindo a
região mamária (sutiã) e as regiões glútea e pubiana (calcinha).

6.2.3 - Posição

O corpo se encontrava posicionado em decúbito lateral esquerdo, tendo o


membro superior direito posicionado na direção da cabeça e com antebraço
flexionado e o membro superior esquerdo posicionado para baixo e flexionado para
a região posterior do corpo. O membro inferior direito se encontrava distendido e
apoiado sobre o membro inferior esquerdo o qual se exibia flexionado (ver fotos n os
07, 08 e 09).
Com relação ao piso o corpo se apresentava: com posicionamento
transversal ao corredor que dá acesso a entrada da edificação; tendo ao seu lado
esquerdo o portão da guarita do prédio, distando 3,5 m (três metros, cinquenta
centímetros); ao lado direito a porta de acesso ao edifício distando 4,22 m (quatro
metros, vinte e dois centímetros); aos pés um muro; na distância de 1,90 m (um
metro, noventa centímetros) da cabeça havia uma mureta baixa assemelhada a um
canteiro em alvenaria e cerâmica, e contendo plantas gramíneas. O corpo também
distava perpendicularmente a 5,38 m (cinco metros, trinta e oito centímetros) da
fachada do edifício (ver fotos nos 04, 05, 06, 07, 08, 09, 17 e 22).

6.2.4 - Perinecroscopia

No local ao ser realizado a Perinecroscopia do corpo, empregando


exames sensoriais numa simples inspeção macroscópica, foi constatado que os
fenômenos cadavéricos ainda não se faziam presentes, porém havia lesões
contusas generalizadas ao longo de todo o corpo, calota craniana rompida, na
região frontal superior e dispersão de massa encefálica (ver fotos dos n os 07 a 14),
características típicas de que o corpo sofreu forte impactação em material sólido e
rígido.

6.2.5 - Necroscopia

Os exames necroscópicos descreveram como causa mortis: fraturas


ósseas múltiplas de membros inferiores, superiores, laterais e da calota craniana;
grande hemorragia interna; rotura das vísceras, sinais esses característicos de
morte por precipitação (ver Laudo Tanatoscópico Caso n o 1001/2019 anexo).

6.3 - Os vestígios

Nos exames, empregando a técnica de varredura, foram detectados


diversos vestígios nos rastros que sequencialmente iam da área externa do imóvel

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com prolongamento pelo interior de parte do recinto, e quando examinados se
apresentavam aparentemente intactos e preservados para as analises requeridas,
os quais seguem descritos:

6.3.1 - Na meia parede (muro) do andar térreo, construída em alvenaria e coberto


por cerâmicas de cor bege clara, com altura de 2,13 m (dois metros, treze
centímetros), separando o acesso à edificação do acesso ao estacionamento do
edifício, foi constatado que: ele iniciava perpendicular a fachada frontal do edifício, e
após um comprimento de 1,5 m (um metro, cinquenta centímetros) sua continuidade
defletia em um ângulo de 45º para a direita.
Sobre o muro foi detectado presença de impregnações de materiais, de
cores avermelhada e outros de cor clara, respectivamente assemelhada a sangue e
massa encefálica: rente à mureta da fachada do terraço superior do edifício, onde
essa mureta do 1o andar distava 1,5 m (um metro, cinquenta centímetros) da
fachada frontal do edifício; sobre a superfície plana superior desse muro com
continuidade pelas bordas planas laterais superiores, onde os materiais em maior
quantidade distavam a cerca de 2,0 m (dois metros) e a 4,0 m (quatro metros) da
mureta do 1o andar (ver fotos nos 04, 05, 06, 07, 15, 16 e 17).

6.3.2 - No Piso do lado esquerdo da meia parede (muro) do andar térreo, local do
acesso de pedestres à edificação do acesso ao estacionamento da edificação, foi
detectado presença de impregnações de materiais de cores avermelhada e
materiais de cor clara, de consistência sólida e outros flácidos, todos
disponibilizados próximos ao corpo da vítima, materiais esses assemelhados a
sangue e massa encefálica (ver fotos nos 04, 05, 06, 07, 08, 08, 10 e 17).

6.3.3 - No Piso do lado direito da meia parede (muro) do andar térreo, local do
acesso de acesso ao estacionamento da edificação, foi detectado em sua área
externa presença de impregnações de materiais, de cores avermelhada e outros de
cor clara, disponibilizados sobre a superfície plana superior e parcialmente com
continuidade pelas bordas planas laterais superiores, materiais esses assemelhados
a sangue, massa encefálica e parte da calota craniana (ver fotos dos n os 17 a 22).

6.3.4 - 01 (uma) cadeira canal estofada com estrutura de apoio metálica de alumínio
no formato tubular, coberta por tecido estampado de cor acinzentada, que se
encontrava levemente inclinada para trás, apoiada sobre as 02 (duas) pernas
posteriores e com o encosto se apoiando no vidro abaixo da janela (ver fotos dos n os
23 a 26).

6.3.5 - 01 (uma) Tesoura com cabos constituídos de material plástico, de cor preta e
laminas denominada de fios navalha, foi visualizada no lado esquerdo abaixo da
cadeira (ver fotos nos 23, 24, 25, 27 e 28). Sobre ela foram realizados Levantamentos
Papiloscópicos empregando luz forense e pós-químicos para revelação de
impressões, onde com auxilio de lupas manuais nesses minuciosos exames se
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detectou, impressões papilares e borrões, os quais foram coletados e encaminhados
a Divisão de Papiloscopia Forense.

6.3.6 - 01 (um) par de sandálias de borracha (calçado) numero 38, contendo


desenhos de retângulos coloridos e desenhos, correias da cor-de-rosa, ambas com
frente voltadas para a janela, e repousando sobre o piso localizado no lado esquerdo
da cadeira (ver fotos nos 23, 24, 25, 27 e 28).

6.3.7 - 01 (um) Botão de roupa, na cor amarela, contendo inclusive as linhas da


costura de cor amarelada usada para prendê-lo ao tecido da roupa. Esse botão foi
encontrado no piso da sala bem à frente e no lado esquerdo da cadeira, distando
1,30m (um metro, trinta centímetros) da mureta da fachada (ver fotos n os 28, 29 e
30). Nele foram realizados Levantamentos Papiloscópicos empregando luz forense e
pós-químicos para revelação de impressões, onde com auxilio de lupas manuais
nesses minuciosos exames se detectou, impressões papilares e borrões, os quais
foram coletados e encaminhados a Divisão de Papiloscopia Forense.

6.3.8 - 01 (uma) Rede de proteção vazada confeccionada com fios de constituição


plástica se fazia presente na varanda, antes da moldura com vidros planos, ou seja,
dentro do apartamento, inclusive impedindo a passagem pela janela de algo com
diâmetro maior de que 10,0 cm (dez centímetros), no entanto foi visualizado que
havia nos fios da tela um seccionamento produzido por um instrumento cortante, o
qual se prolongava próximo às bordas da janela, pela região inferior indo até a
região superior direita (ver fotos dos nos 23 a 26).

6.3.9 - 01 (uma) Janela, parte da fachada frontal da varanda do apartamento, se


encontrava aberta. Tal janela, denominada tipo maxiar, localizada a 1,0 m (um
metro) acima do piso, possuía dimensões de 1,18 m (um metro, dezoito centímetros)
e largura de 0,92 m (noventa e dois centímetros) de altura, bem como se encontrava
aberta no momento dos exames periciais (ver fotos dos n os 23 a 26), permitindo uma
abertura horizontal máxima de apenas 0,6 m (sessenta centímetros).
Na janela foram realizados Levantamentos Papiloscópicos empregando
luz forense e pós-químicos para revelação de impressões, onde com auxilio de lupas
manuais nesses minuciosos exames se detectou, impressões papilares e borrões,
os quais foram coletados e encaminhados a Divisão de Papiloscopia Forense.

6.3.10 - 01 (uma) caneca de cerâmica contendo um composto líquido de cor


amarelada, assemelhando-se a chá (ver foto no 39), o qual foi recolhido e
posteriormente encaminhado para pesquisa de praguicidas na Divisão de
Toxicologia Forense. Sobre a caneca foram realizados Levantamentos
Papiloscópicos empregando luz forense e pós-químicos para revelação de
impressões, onde com auxilio de lupas manuais nesses minuciosos exames se
detectou, impressões papilares e borrões, os quais foram coletados e encaminhados
a Divisão de Papiloscopia Forense.
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6.3.11 - 01 (uma) Embalagem plástica incolor rotulada de “Produtos da Roça


Camomila”, que acondicionava partes de vegetais (ver foto no 40), sobre a qual
foram realizados Levantamentos Papiloscópicos empregando luz forense e pós-
químicos para revelação de impressões, onde com auxilio de lupas manuais nesses
minuciosos exames se detectou, impressões papilares e borrões, os quais foram
coletados e encaminhados a Divisão de Papiloscopia Forense.
Estas partes de vegetais (produto natural) foram recolhidas e
posteriormente encaminhadas para pesquisas de medicamentos na Unidade de
Laboratório Criminalístico a fim de se confirmar ou pesquisar o tipo de vegetal
encontrado.

6.3.12 - 08 (oito) tipos de medicamentos: 01 (um) pote de Zepina; 01 (uma) caixa


de dicloridrato de pramipexol; 01 (uma) caixa de fumarato de quetiapina; 01 (uma)
caixa de valsartana + hidroclorotiazida + anlodipino; 01 (uma) caixa de addera D3;
01 (um) blister de Cloridrato Venlafaxina; 01 (um) blister de Clonazepan; 01 (um)
blister de Depakote (ver fotos dos nos 37 a 38).
Recolhidos esses produtos farmacêuticos foram encaminhados para
pesquisas de medicamentos na Unidade de Laboratório Criminalístico.

6.4 - Das amostras e materiais coletados para exames

Amostras e materiais que necessitavam de exames mais acurados foram


coletados e remetidos para setores específicos visando precisar pesquisas por
especialistas empregando técnicas e tecnologias recomendadas, bem como
possibilitar confiabilidade e credibilidade nos resultados analíticos. Separadamente
essas amostras e materiais foram enviados:

6.4.1 - A Divisão de Toxicologia Forense - Ditox do Instituto de Criminalística de


PE - Icpas, após registro na Unidade da Central de Custódia - Unicac como caso n o
599/2019, SEI no 3800002229000222201000, para pesquisas de praguicidas no chá
detectado, sendo ele coletado, acondicionado e transportado conforme
recomendações:

Lista dos vestígios para a Ditox


VESTÍGIOS IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO
Chá Da Caneca de cerâmica LP9120230680C

6.4.2 - A Unidade de Laboratórios da Criminalística – Unilab do Instituto de


Criminalística de PE – Icpas, após registro na Unidade da Central de Custódia -
Unicac como caso no 888/2019, SEI no 3800002229000222201999, para pesquisas
confirmativas dos respectivos princípios ativos dos medicamentos detectados,
sendo eles coletados, acondicionados e transportados conforme recomendações::
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Lista dos vestígios para a Unilab


VESTÍGIOS IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO
Produtos medicamentosos Embalagens LP9120230671C
Folhas Da folhas da embalagem LP9120230672C

6.4.3 - A Divisão de Papiloscopia Forense - Dipaf do Instituto de Criminalística de


PE, após registro na Unidade de Custódia como caso no 111/2019, SEI no
3800002229000222201933, a qual foi encaminhado as impressões papilares
detectadas, sendo elas coletadas, acondicionadas e transportadas conforme
recomendações:

Lista dos vestígios para a Papiloscopia Forense


VESTÍGIOS IDENTIFICAÇÃO CÓDIGO
Impressão Papilar Da tesoura LP9120230805B
Do botão do vestido LP9120230806B
Do vidro da janela LP9120230807B
Da embalagem de Camomila LP9120230808B
Da xícara de chá LP9120230809B

6.5 - Informações obtidas

No momento dos exames dos fatos observados, na presença dos demais


servidores constituintes da equipe de pericia, foram anotados por este signatário,
relatos importantes de algumas pessoas presentes no evento:
Da Senhora Meticulosa Descrição Organizada, tida como proprietária do
apartamento de no 1801 do Edifício Professor Francisco Figueiredo a qual informou
que lá residiam ela, seu esposo, seus dois filhos e sua mãe, a vítima fatal, e que no
momento da ocorrência todos estavam em casa dormindo. Acrescentou também que
a vítima, que pesava cerca de 90,0 kg (noventa quilogramas), sofria de depressão
grave e de transtorno bipolar, fazendo uso de medicação específica para tais
doenças (ver cópia da receita em anexo), que a mesma já havia cortado, em outros
momentos, as telas de algumas das janelas do imóvel, as quais já haviam sido
reparadas, e que esta já havia tentado suicídio ingerindo substâncias tóxicas, que
ela fazia uso cotidiano e regular de medicamentos controlado e esporadicamente
uso de chá de camomila para se acalmar (ver fotos nos 37, 38, 39 e 40).
Do genro da vítima Senhor Qualificar Pericia é Padronizar Ações,
informou que por volta das 05h:25min, logo após acordar, ao se dirigir à sala do
apartamento, percebeu que a tela de proteção da janela frontal estava cortada. Após
verificar que a vítima não se encontrava em seu quarto, deslocou-se novamente
para a sala, constatando através da abertura na tela da referida janela, a existência
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de um corpo prostrado na área externa do prédio. Assegurou ainda que após tomar
ciência do fato, não foram realizadas modificações no cenário original do
apartamento e após acordar a esposa lhe pediu que ela não se aproximasse da
janela da sala.

O Senhor Paciência Persistência Qualifica, porteiro do citado edifício,


informou que às 05h:05min ouviu o som de um forte impacto próximo a guarita do
prédio, momento em que todos os moradores se encontravam dormindo, causando-
lhe um grande susto, que às 05h30min ele ligou para o telefone 190 para avisar do
fato ocorrido.

Segundo a família as sandálias encontradas próximas a cadeira, na sala


do apartamento, pertenciam à vítima.

7 – CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

7.1 - Camomila Planta herbácea e aromática, cujas folhas flores são popularmente
empregadas para obtenção de chá após sua colocação em água quente, não
fervente, para liberar seus óleos essenciais, que conforme literaturas possuem
qualidades calmantes, antioxidantes, anti-inflamatórias, com grandes benefícios
contra a ansiedade, inchaço, cólicas menstruais e ajuda na recuperação da pele,
tratamento de enjoos, má digestão, úlcera, outros problemas do estômago e da
hiperatividade.

7.2 - Corpo de Delito: É o “conjunto dos elementos materiais e sensíveis de fato


delituoso” (apud ESPINDULA, 2001, p. 28). “qualquer ente material relacionado a
um crime e no qual é possível efetuar um exame pericial” (MALLMITH, 2007).

7.3 - Precipitação: Denominação atribuída à queda de nível, ao lançamento ou


queda livre de um corpo no espaço, sujeito a ação da gravidade e do impulso. Nos
traumatismos por precipitação o solo funciona como instrumento traumatizante.

8 - DISCUSSÃO

Em face dos fatos visualizados no palco do evento e dos exames


realizados constatou-se que:

- Estimando a massa inicial do corpo em 90,0kg (noventa quilogramas), que se


precipitou do 18o andar, com altura estimada de 54,0 m (cinquenta e quatro metros)
se chocando no muro com 2,13 m (dois metros, treze centímetros) de altura e que a
janela se situava com 1,0 m de altura acima do piso, portanto distando a
aproximadamente 47,87 m (quarenta e sete metros, oitenta e sete centímetros) do
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local de impacto no muro. Sapiente de que a massa corpórea da vítima se amplia
diretamente em função da gravidade e da altura, e que o peso na terra é sempre
constante (Dado à aceleração constante) onde:

P = m x a (kg x m/s2)
P = 90 x 10 (kgm/s2)

Permite admitir que o corpo da jovem sofresse a primeira impactação com


força peso de aproximadamente 900 N (novecentos Newton), fato este constatado
pelas fraturas observadas.
Considerando que ocorre uma resistência da massa corpórea e que o
piso não se deforma com o impacto, e sim o corpo, bem como que o corpo tem
comprimento de 1,7 m (tamanho) e emprega-lo como o espaço de frenagem.
Obtemos que o impacto do corpo foi de aproximadamente.

Ec = m x h
Ec = 90,0 x 47,87 (kg x m)
Ec = 4308,3 kgm
Ec = 4308,3 / 1,7 (kgm / m)
Ec = 2534,29 kg O suficiente para matar alguém.

- Na vítima não foi identificado sinais de luta ou tentativa de defesa, de rolamento,


mas a presença de fraturas múltiplas, com ruptura e esfacelamento do crânio,
características essas confirmativas que o corpo caiu em queda livre.

- O corpo teve seu primeiro impacto não muito longe do perfil da construção, cerca
de 1,5 m (um metro e meio), devido a janela, que por permitir uma abertura
horizontal máxima de apenas 0,6 m (sessenta centímetros), impediu a projeção
desse corpo para frente e possibilitou apenas que o corpo, empregando o próprio
peso, descesse escorregando e atritando com as bordas da moldura da fachada
frontal.

As evidências e cálculos obtidos norteiam para uma precipitação


espontânea do corpo cujo impacto produziu uma morte violenta e imediata da vítima.

Apesar da equipe técnica de pericia ter encontrado 01 (um) lençol sobre o


corpo da vítima, indicativo de que alguém se aproximou do corpo da vítima e de
tomar conhecimento de que o genro da vítima acessou a janela do apartamento, por
onde percebeu o corpo da vítima prostrado no chão da edificação, ficou constatado
que essas ações não alteraram a posição inicial do corpo da vítima, dos objetos e
demais vestígios observados, necessários para se tornarem evidências e
possibilitarem o esclarecimento dos fatos ocorridos.

8.1 - Análise e interpretação dos vestígios


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Após criteriosos exames dos vestígios observados, listo abaixo as


evidências fortemente correlacionadas ao fato, interpretando sua importância para a
sequência dos eventos exaustivamente estudados:

8.1.1 - Dos materiais de cor avermelhada detectados: Na meia parede (muro) do


andar térreo, citado no subitem “6.3.1”; No Piso do lado esquerdo da meia parede
(muro) do andar térreo (local do acesso de pedestres), citado no subitem “6.3.2”; No
Piso do lado direito da meia parede (muro) do andar térreo (local do acesso de
acesso ao estacionamento da edificação), citado no subitem “6.3.2”; os quais
quando submetidos a exames Bioquímicos de identificação de sangue, usando o
teste da “Bioeasy” (Imunocromatografia) para sangue oculto, confirmaram tratar-se
de sangue de natureza humana.

8.1.2 - Nas caixas de medicamentos de uso controlado abertas e com ausência de


diversos comprimidos, alguns espalhados pelo ambiente do quarto, os quais
sugerem que seu usuário se encontrava agitado e desatencioso (ver fotos n os 37 e
38). Os produtos farmacêuticos industrializados encontrados foram recolhidos e
posteriormente encaminhados para pesquisas de medicamentos na Unidade de
Laboratório Criminalístico com resultados retratados no Laudo Complementar de
Laboratório - LCL Caso no 888/2019 (ver laudo em anexo), cujas análises revelaram
que os princípios ativos detectados correspondiam aos respectivos medicamentos
analisados.

8.1.3 - A particularidades obtidas da embalagem plástica incolor rotulada de


“Produtos da Roça Camomila”, encontrada na cozinha do apartamento, e que se
encontrava violada e acondicionando partes de vegetais (ver foto no 40), e de uma
caneca com líquido amarelado (ver foto no 39), encontrada no quarto do
apartamento, onde:

8.1.3.1 - As amostras das folhas coletadas e encaminhadas para exames revelaram


no Laudo Complementar de Laboratório - LCL Caso n o 888/2019 (ver laudo em
anexo), que elas exibiam características botânicas e princípios ativos assemelhados
aos do vegetal camomila;

8.1.3.2 - Amostras do líquido de cor amarelada, coletado e encaminhado para


exames revelaram no Laudo Toxicológico Caso no 599/2019 (ver laudo em anexo),
que ele continha princípios ativos que se assemelhavam aos de um chá de
camomila e nele não foi detectado a presença de substâncias praguicidas;

Tais evidências induzem a se admitir que a pessoa a qual fez uso do chá
não estava se sentindo saudável, mais com algum mal estar.

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8.1.3.3 - As impressões papilares detectadas na embalagem plástica e na caneca as
quais foram coletadas e encaminhadas a Divisão de Papiloscopia Forense gerando
o Laudo Papiloscópico caso no 111/2019 da (ver em anexo), cujos confrontos
revelaram tratar-se de impressões papilares pertencentes vítima estudada. Tais
resultados evidenciam que a própria vítima tenha manuseado a embalagem e a
caneca.

8.1.4 - O aspecto do ambiente onde a vítima realizou ações, que culminaram no seu
desprendimento pela janela, com: o perfeito alinhamento dos móveis e objetos; o
desalinho da cadeira abaixo da janela; a anormalidade quanto à continuidade normal
da rede tela de proteção e presença de objetos diferentes dos móveis comumente
disponibilizados em uma sala e/ou varanda de um imóvel, bem como a ausência de
vestígios de luta nesse local e suas proximidades (ver fotos n os 23, 24, 25, 26, 27 e
28);

8.1.5 - O posicionamento da cadeira encostada no vidro, abaixo da janela, a qual


denotava que ela teria sido utilizada pela vítima como ponto de apoio para facilitar a
transposição através de tal janela (ver fotos nos 23, 24 e 25);

8.1.6 - A presença de 01 (uma) tesoura localizada abaixo da cadeira, forte indicativo


de que ela pode ter sido empregada para cortar os fios da tela de proteção (ver fotos
nos 23, 24, 25, 27 e 28), onde nela foram detectados apenas pequenos borrões de
impressões papilares, os quais não servem para comparações. Tais borrões
provavelmente se devem ao fato de que à rugosidade da superfície do material
plástico, que comumente recobre os cabos (parte) da tesoura, dificultam a deposição
homogênea e regular das impressões papilares, bem como sua largura, quando se
apoia a extremidade dos dedos, e possibilita apenas a deposição de parte da
impressão digital.

8.1.7 - Os seccionamentos observados na Rede tela de Proteção, produzidos por


objeto cortante, de forma proposital, cujas extremidades seccionadas dos fios das
cordinhas constituintes da tela, apresentavam características de recenticidade e
aspectos compatíveis com as marcas produzidas por cortes experimentais
realizados com a tesoura encontrada no local (ver fotos n os 23, 24, 25 e 26);

8.1.8 - As particularidades observadas a partir da janela, ou seja:

8.1.8.1 - Presença de uma janela aberta em sua amplitude máxima permitida, a qual
se localizava na região de seccionamento da tela de proteção;

8.1.8.2 - A amplitude de 0,60 m (sessenta centímetros) dessa janela impossibilitaria


uma impulsão horizontal do corpo capaz de projetá-lo a uma distância maior em
relação à fachada da edificação (ver fotos nos 22, 23, 24, 25 e 26);

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8.1.8.3 - Ao olhar para baixo da janela aberta, se via o cadáver da vítima prostrado
no piso (ver fotos nos 22, 23, 24, 25 e 26);

8.1.8.4 - A direção de projeção do corpo partindo da janela ao local do primeiro


impacto no piso (ver fotos nos 22, 23, 24, 25 e 26) coincidia com o da vítima;

8.1.8.5 - As presenças de impressões papilares da vítima no vidro e moldura da


janela corroboram com a hipótese de que a própria vítima tenha sido a pessoa que
empurrou a janela para abri-la com as mãos nuas (ver foto n o 31), onde a
confirmação dessas impressões se encontra descrita no Laudo Papiloscópico caso
no 111/2019 da Divisão de Papiloscopia Forense (ver em anexo);

8.1.9 - Do par de chinelos e seu posicionamento no piso, ao lado da cadeira


inclinada, denotando ter sido deixada para facilitar o pisar com apoio seguro (ver
fotos nos 23, 24, 25, 27 e 28);

8.1.10 - Do botão de roupa, localizado na sala bem a frente da cadeira, com aspecto
e cor assemelhado ao primeiro botão superior que faltava no vestido da vítima,
contendo inclusive as linhas de cor amarelada também assemelhadas as
observadas no vestido da vítima.
Sendo a linha o principal material comumente empregado na costura para
prender botão ao tecido. A forma de como se apresentava a linha, contornando as
perfurações na região central do botão, e o aspecto do rompimento da linha exibindo
características de ter sofrido uma forte tração, que acarretou sua perda de
resistência e consistência, distendendo-a e posteriormente desprendendo-a do
tecido, configura tratar-se de um forte indicativo de que o peso do corpo da vítima,
ao projetar-se pela janela, produziu um atrito da região superior do vestido contra a
moldura metálica, até topar o botão na borda da moldura, e devido a essa força o
botão foi arrancado bruscamente do vestido, seguido de sua projeção para o interior
da sala, com repouso bem a frente da cadeira (ver fotos n os 25, 28, 29 e 30);

8.1.11 - Da altura do local da impactação até o apartamento localizado no 18o andar,


o que justifica o estado final do cadáver após seu impacto no muro e piso da
edificação (ver fotos nos 01, 04, 05, 06, 07, 15, 16, 17 e 22);

8.1.12 - Da distância da impactação do corpo em relação ao edifício, reveladas pelas


marcas de impactação e projeção do corpo sobre o muro, seguido do ponto de
repouso do cadáver, distância essa comum em caso de precipitação de alturas
elevadas (ver fotos nos 04, 05, 06, 07, 15, 16, 17 e 22);

8.1.13 - De massa encefálica e sangue nas proximidades do corpo e regiões


circunvizinhas (ver fotos dos nos 04 a 22);

8.1.14 - Das lesões contusas generalizadas ao longo de todo o corpo; dentre alas:
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8.1.14.1 - A calota craniana rompida, na região frontal superior, com ausência de


partes dessa calota seguida de dispersão de massa encefálica (ver fotos dos n os 07
a 14);

8.1.14.2 - As fraturas observadas nos membros superiores e inferiores (ver fotos dos
nos 07 a 14);

8.1.14.3 - As marcas no corpo com características típicas de que ele sofreu forte
impactação em material sólido e rígido (ver fotos n os 04, 05, 06, 07, 15, 16, 17 e 22);

8.1.15 - Do resultado do laudo Tanatoscópico cujo resultado corrobora para lesões


resultantes de forte impactação em corpo sólido e rígido (ver laudo em anexos);

8.1.16 - Do depoimento da filha da vítima de que sua mãe: realizava tratamento


continuado de depressão grave e de transtorno bipolar com uso de medicamentos
controlados (ver cópia da receita em anexo); já havia tentado suicidar-se ingerindo
substâncias tóxicas; anteriormente já havia cortado as telas de proteção de janelas
ensaiando desejo de pular do edifício.

8.2 - Dinâmica do evento

Após observação dos vestígios encontrados nas cenas este signatário


consigna que as evidências direcionam para as ações sequenciais: possível
ingestão de chá e medicamentos; abertura da janela; seccionamento da tela na
região da janela; soltura da tesoura no piso da varanda abaixo da janela; abandono
das sandálias; colocação da cadeira próxima à janela; subida na cadeira para
diminuir altura da janela; passagem pela tela de proteção seccionada, projetando-se
pela abertura da janela; projeção do botão arrancado do vestido para o interior da
sala; precipitação do corpo; primeira impactação do corpo da vítima contra o muro
de separação da garagem do terraço do prédio; projeção do corpo da vítima sobre o
muro para a segunda impactação; terceira impactação e repouso do corpo no piso
do corredor de acesso ao edifício,
Observando que: a massa corpórea da vítima se amplia diretamente em
função da gravidade e da altura; a precipitação do 18 o andar distava a uma altura de
aproximadamente 47,87 m (quarenta e sete metros, oitenta e sete centímetros) do
local de impacto no muro; as fraturas observadas nos membros; houve dispersão de
grande quantidade de massa encefálica e partes da calota craniana da vítima ao
longo do muro, nas proximidades e parede frontal do prédio, espalhando-se por
regiões do terraço e da garagem. As evidências apontam que o corpo sofreu uma
forte impactação e denotam como se deu a dinâmica dos fatos ocorridos até a
chegada da equipe técnica para as pericias necessárias.

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9 – CONCLUSÃO

Em face dos exames realizados nos locais da edificação anteriormente


mencionada e diante dos fatos observados, relatados e exposto neste Laudo,
destacando as imagens presenciadas, os sinais, as marcas detectadas, quer seja:

9.2 - Dos vestígios observados nos locais com presença:

9.2.1 - Das lesões contusas generalizadas ao longo de todo o corpo;


9.2.2 - Da calota craniana rompida, na região frontal superior, com ausência de parte
da calota seguida de dispersão de massa encefálica;
9.2.3 - Das fraturas observadas nos membros superiores e inferiores;
9.2.4 - Da distância perpendicular de impacto do corpo no muro;
9.2.5 - Da estimativa da força de impactação do corpo no muro;
9.2.6 - Das marcas de impactação e projeção do corpo sobre o muro;
9.2.7 - Da distância do ponto de repouso do cadáver;
9.2.8 - Da massa encefálica e sangue nas proximidades do corpo e regiões
circunvizinhas;
9.2.9 - Da presença das marcas com características típicas de que o corpo sofreu
forte impactação em material sólido e rígido;
9.2.10 - Da altura do local da impactação até o apartamento localizado no 18 o andar;
9.2.11 - De caixas de medicamentos abertas com ausência de diversos
comprimidos, alguns espalhados pelo ambiente do quarto;
9.2.12 - Da presença de uma caneca contendo chá.
9.2.13 - De uma cadeira em desalinho encostada no vidro abaixo da janela, para ser
empregada como ponto de apoio para passar por essa janela;
9.2.14 - Da abertura horizontal máxima permitida pela janela;
9.2.15 - Do botão assemelhado ao que faltava no vestido, localizado na sala próximo
a cadeira, cuja linha encontrada no botão apresentava características de que
ele foi arrancado bruscamente do tecido que o continha;
9.2.16 - Do par de sandálias ao lado da cadeira inclinada e seu posicionamento no
piso;
9.2.17 - Da tesoura abaixo da cadeira.
9.2.18 - Do seccionamento de forma proposital da tela, produzida por objeto
cortante, na região da janela que se encontrava aberta;
9.2.19 - De impressões papilares da vítima: na embalagem com partes de vegetais,
na caneca com chá, na moldura, no vidro da janela;

9.3 - Do depoimento da filha da vítima de que ela:

9.3.1 - Realizava tratamento continuado de depressão grave e de transtorno bipolar


com uso de medicamentos controlados;
9.3.2 - Já havia tentado suicidar-se ingerindo drogas;

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9.3.3 - Ensaiou desejo de pular do edifício outras 02 (duas) vezes, configurado pelo
ato de ter cortado a tela de proteção da varanda.

9.4 - Dos resultados descritos nos: Laudo Tanatoscópico do IML; Laudo


Papiloscópico, Laudo Complementar de Laboratório - LCL da Unidade de
Laboratório Criminalístico; Laudo Toxicológico, cujos resultados corroboram com os
fatos observados.

Pela sequência das evidências encontradas, este signatário consigna que


o evento periciado norteia tratar-se de uma morte por precipitação com
características típicas de suicídio.

10 - ENCERRAMENTO

Diante do convencimento obtido pelas evidências dos fatos observados


este signatário, Qualidade é Padronizar Documentos, Perito Criminal deste Instituto,
redigi e digitei este Laudo de Perícia em Local de Morte (Precipitação) em 17
(dezessete) páginas no tamanho A4, a encimar o timbre do Estado de Pernambuco
e no rodapé o logotipo Institucional com o endereço local.
Seguem anexo 40 (quarenta) fotos ilustrativas e cópia digitalizada da
Receita de medicamentos controlados destinados a vítima.

Recife, aos quinze dias do mês fevereiro do ano dois mil e dezenove.

__________________________________
Qualidade é Padronizar Documentos
Perito Criminal – Relator

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12 - ANEXOS

Fotos nos 01, 02 e 03: Edifício Professor Frade Figueira.

Local examinado e posição do cadáver encontrado pela Equipe Técnica


Foto no 04 Foto no 05:

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Foto n 06 Foto n 07:

Fotos nos 08 e 09

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(Caso no10005/2019)

Lesões observadas na vítima, no local do evento.

Foto no 10 Foto no 11

Foto no 12 Foto no 13

Foto no 14

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(Caso no10005/2019)

Muro de separação dos acessos ao edifício, aos terraços e a garagem do prédio.


Fotos nos 15, 16 e 17

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(Caso no10005/2019)
Dispersão de massa encefálica e partes da calota craniana da vítima na garagem.
Fotos nos 18, 19 e 20

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Foto n 21

Posição da vítima no solo vista da janela aberta da varanda do Apto 1801


Foto no 22:

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Foto n 23 Aspecto da sala e varanda do Apto.

Fotos nos 24 e 25: Posição visualizada dos objetos, da janela e aspecto da tela

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(Caso no10005/2019)
Foto n 26: Tela seccionada Foto n 27: Tesoura e sandálias.

Foto no 28: local de repouso do Botão de roupa. Foto no 29: botão com linha

Foto no 30: Vestido da Vítima expondo ausência do primeiro botão superior

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Impressões Papilares Detectadas
Foto no 31: Na janela Foto no 32: Na caneca

Fotos nos 33 e 34: Registro Geral da vítima

Identificação do Cadáver
Foto no 35: No de Identificação (NIC) Foto no 36:
Pulseira de Identificação
(PIC)

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Materiais encontrados tidos como sendo da vítima:


Fotos nos 37 e 38: Medicações da vítima.

Foto no 39 Foto no 40

Chá no quarto da vítima Embalagem com vegetais na cozinha

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