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Natureza da Perícia
PERICIA EM LOCAL INCÊNDIO (EDIFICAÇÃO)
Perito Criminal
Mestre Artífice de Crimes Patrimoniais
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO
(Caso no10005/2018)
CASO No 10005/2018
01 - PREÂMBULO
02 - HISTÓRICO
(Caso no10005/2018)
04 - DO LOCAL
FOTO 01 FOTO 02
5.2 - O pavimento superior continha uma residência, que não se apresentava com
isolamentos, e se encontrava em pleno funcionamento abrigando seus moradores e
sem anormalidades, visto que não sofreu danos provenientes dos fatos geradores
da pericia solicitada (ver fotos nos 01 e 02).
06 - EXAMES PERICIAIS
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6.1 - O Local
6.2 - O imóvel
6.2.1 - Área frontal com avanço sobre a calçada e exibindo uma grade metálica
entintada na cor cinza, confeccionada com varões disponibilizados verticalmente,
contendo 02 (dois) portões, que não apresentavam sinais de arrombamento, onde
01 (um) portão metálico menor, localizado na região esquerda da edificação, dava
acesso à escadaria para o andar superior e 01 (um) portão maior, localizado na
região mediana, dava acesso a 01 (uma) porta metálica tipo esteira e
sequencialmente ao interior do estabelecimento comercial (ver fotos n os 01, 02 e 03).
(Caso no10005/2018)
6.2.2 - Andar térreo contendo um ponto comercial denominado mercadinho D.C.M.,
cujo piso era revestido por cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado que continha
abaixo dele um forro de PVC de cor branca (ver fotos n os 01, 02, 03, 04, 05 e 06),
paredes laterais sem janelas, presença de cobogós situados na parte mais alta da
parede na região posterior do estabelecimento, com formato em “L”, os quais
permitiam uma leve ventilação e circulação do ar.
FOTO 04 - Visão lateral direita do pavimento inferior para adentrar no mercadinho.
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6.2.3 - Área Comercial cuja disponibilização dos setores pode ser visualizada no
croqui em anexos (ver fotos nos 02, 03, 04, 05, 06 e 07), exibindo: 01 (um) caixa
eletrônico em cada lateral da edificação, localizado nas regiões da calçada, entre o
portão corrediço frontal e a porta esteira; prateleiras devidamente alinhadas
formando 02 (dois) corredores longitudinais; mercadorias arrumadas nas prateleiras;
carrinhos de supermercado nos corredores; setor de hortifrutigranjeiros com
prateleiras contendo mercadorias; setor de frios contendo geladeiras expositoras
que se encontravam sem mercadorias.
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6.2.4 - Pavimento superior contendo uma residência, com piso revestido por
cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado, com área apresentando
sequencialmente: 01 (uma) varanda; 01 (uma) sala com escada de acesso ao andar
térreo no lado esquerdo da edificação; 03 (três) quartos a direita da edificação,
sendo 01 (um) com suíte; 01 (um) sanitário, 01 (uma) cozinha ampla; 01 (uma) área
de serviços com lavanderia; 01 (um) pequeno depósito de mercadorias.
6.3 - Os vestígios
6.3.1 - Forro de PVC de cor branca, que cobria por baixo a laje do estabelecimento,
e se encontrava deformado com parte dependurada repousando sobre as
mercadorias e prateleiras, características típicas de que o forro foi exposto a
elevadas temperaturas (ver fotos nos 04, 05, 06, 07 e 11), cuja região da exposição à
chama se encontra demarcada no croqui ilustrativo enfatizando que as demais
regiões do entorno demarcado foram submetidas ao calor proveniente da ação
indireta das chamas (ver fotos nos 04, 05, 06 e 07).
FOTO 08 - Cabos elétricos e Expositor Refrigerado “F1”
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6.3.3 - Encanação de esgoto que passava acima cabos das instalações elétricas,
se apresentando seccionada e preservada, com parte parcialmente carbonizada,
deformada e dependurada nos cabos (ver fotos n os 08 e 09).
6.3.4 - Expositor Refrigerado “F1” localizado abaixo dos cabos das instalações
elétricas, se apresentando parcialmente carbonizada e deformada na região superior
direita (ver croqui ilustrativo e foto no 08).
(Caso no10005/2018)
FOTO 10 - Aspecto da Unidade Evaporadora do ar-condicionado Split
(Caso no10005/2018)
FOTOS 12, 13 e 14 - Aspecto do ventilador a frente do expositor de salgadinhos e
de sua base na “coluna1”
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FOTO 17 - Aspecto do raspador de coco e dos refrigeradores horizontais
6.3.11 - Caixa do disjuntor com região próxima à saída para conduítes se exibindo
com deposição de fuligens carbonizadas. Atentando para presença de um disjuntor
com aparência de ter sido colocado recentemente (ver fotos n os 18, 19, 20 e 21).
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FOTO 19 - Caixa tampada e com disjuntores tidos como sendo novos
6.4.1 - 01 (um) foco nos cabos das instalações elétricas, localizado acima e atrás
do Expositor Refrigerado “F1” (ver croqui ilustrativo e fotos dos n os 11 a 17);
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6.4.2 - 01 (um) foco no expositor de salgadinhos, onde se propagou chamas
intensas produzindo fumaças, fuligens e carbonização de materiais e objetos
próximos (ver croqui ilustrativo e fotos nos 06, 08 e 09).
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4.6 - Danos e custos
VALOR
EQUIPAMENTOS
(R$)
Fechadura do portão do item “4.6.1” 49,90
Portão metálico de alumínio com 02 (duas) seções do item “4.6.2” 999,90
Fechadura da Porta de Vidro temperado do item “4.6.4” 109,99
Aldrava da Porta de madeira do item “4.6.5” 11,99
Cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 29,90
TOTAL 1.201,68
4.6.2 - Dos equipamentos ditos como sendo subtraídos, e elencados nas notas
fiscais, com seus valores monetários e suas depreciações (10%aa):
5 - CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS
5.1 - Calor: Energia cinética total dos átomos e moléculas que compõem uma
substância. Energia térmica em trânsito motivada pela diferença de temperatura
entre dois corpos (T1 > T2), onde:
O calor é classificado em dois tipos:
5.1.1 - Calor sensível ocorre quando se fornece uma quantidade de calor (energia)
capaz apenas de gerar variação de temperatura em um corpo.
5.1.2 - Calor latente ocorre quando a quantidade de calor transmitida gera mudança
de estado físico.
(Caso no10005/2018)
5.1.4 - Convecção: Transferência de calor em um fluído que ocorre em virtude de um
deslocamento de massa do próprio fluido;
5.1.5 - Radiação: Transmissão de calor por meio de ondas eletromagnéticas.
5.4 - Incêndio denominação atribuída a uma ocorrência de fogo não controlado que
pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. Ele se propaga
de quatro formas, por:
5.4.1 - Irradiação, onde acontece transporte de energia de forma onidirecional
através do ar suportada por infravermelhos e ondas eletromagnéticas;
5.4.2 - Convecção, onde a energia é transportada pela movimentação do ar
aquecido pela combustão;
5.4.3 - Condução, onde a energia é transportada através de um corpo bom condutor
de calor;
5.4.4 - Projeção de partículas inflamadas que pode ocorrer na presença de
explosões e fagulhas transportadas pelo vento.
(Caso no10005/2018)
dimensional e estabilidade de aspecto ao calor, estabelecidas na NBR 14285-2:2014
e a norma NBR 5688 - Sistemas Prediais de Água Pluvial, Esgoto Sanitário e
Ventilação. É amplamente empregado na produção de fios e cabos elétricos,
eletrodutos, forros e revestimentos residenciais.
8 - DISCUSSÃO
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(Caso no10005/2018)
O gráfico acima representa as temperaturas aferidas dentro de um
contêiner com simulação de um incêndio localizado no canto superior com material
combustível de madeiras (compensado), papelão e papel, onde foram afixados
quatro pontos de medição no centro do container com a seguinte variação de altura:
0,5; 1,0; 1,5 e 2,0m. A queima foi realizada no mês de março de 2009, com duração
de aproximadamente 49 minutos e 55 segundos. Possibilitando montar a tabela 01:
Tabela 01
Temperaturas Altura
Ambiente 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m
Mínima 22,00ºC 19,72 ºC 24,14 ºC 25.88 ºC 26,7 ºC
Máxima 29,40 ºC 284,29ºC 456,46ºC 666,54ºC 842,67ºC
OBS: - Experiências afirmam que o corpo humano suporta temperaturas de até 127
°C por 20 minutos.
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- A deflagração é uma combustão muito viva em que o processo da reação se dá
com grande velocidade, inferior a 340 m/s, mas produzindo calor e chama.
Conforme a norma NBR 5410/2004, todo circuito deve ser protegido por
dispositivos que interrompam a corrente neste circuito quando pelo menos um de seus
condutores for percorrido por uma corrente de curto-circuito. Portanto, para que a
interrupção da corrente de curto-circuito atue em um tempo suficientemente curto para
que os condutores não atinjam os valores de temperatura, conforme visto na tabela 02,
deve-se determinar a corrente de curto-circuito presumida no ponto onde a instalação da
proteção será instalada.
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Tabela 02 - Temperaturas características dos condutores
8.1.2 - A encanação de esgoto por situar-se acima cabos das instalações elétricas
anteriormente citadas, apresentavam nessa região parte da tubulação deformada,
carbonizada e dependurada na haste de sustentação dos cabos (ver fotos n os 08 e
09), exibindo, portanto, características típicas de terem sido submetidas a
temperatura elevada com produção de chamas, cujo calor gerado acarretou na
fusão do material.
8.1.3 - Expositor Refrigerado “F1” localizado lateralmente e abaixo dos cabos das
instalações elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam com parte de sua
região direita superior parcialmente carbonizada, deformada, e contendo sobre ele
material carbonizado de constituição diferente do expositor, além de parte do forro
de PVC deformado, parcialmente carbonizado (ver croqui ilustrativo e foto n o 08) e
dependurado sobre ele nas regiões medianas e esquerda do expositor,
características típicas de que ele foi submetido a temperatura elevada e a chamas,
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cujo calor gerado acarretou na fusão e carbonização parcial do material constituinte
do expositor.
8.1.4 - Paredes e Teto da edificação próximas e acima dos cabos das instalações
elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam enegrecidos por fuligens
carbonizadas (ver fotos nos 06, 07, 08 e 09), características típicas de que eles foram
expostas a fumaça intensa contendo fuligens com temperatura elevada e a chamas.
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Nessa caixa também havia 01 (um) disjuntor de cor esbranquiçado
conectado a fiações de cor branca, ambos com aparência de terem sido instalados
recentemente. Indicativo de que instalações elétricas foram substituídas (ver fotos
nos 18 e 21).
8.1.4 - Caixa de disjuntor fechada por tampa plástica incolor, que acondicionava
02 (dois) disjuntores, de cor preta, ambos devidamente conectados a cabos
condutores de eletricidade, todos tidos como sendo novos (ver fotos n os 18, 19 e 20),
onde um disjuntor exibia as grafias “UNIC C 60 A – PIAL Legland”, e o outro “086-3”.
Indicativo de que os disjuntores e as instalações elétricas foram substituídos.
O desenvolvimento de um incêndio, tal como ficou acima conceituado, compreende 05 (cinco) fases mais ou
menos nítidas e que podem ser observadas: ECLOSÃO; INCUBAÇÃO; DEFLAGRAÇÃO; PROPAGAÇÃO;
EXTINÇÃO. As duas primeiras fases, ou seja, ECLOSÃO e INCUBAÇÃO, constituem o início do incêndio,
compreendendo o estágio em que ele pode ser, ainda, debelado com relativa facilidade. As três fases seg
A partir deste foco de incêndio houve propagação de chamas por meio dos
cabos das instalações elétricas (cabos com capa isolante carbonizada), os quais
ficavam fixados em pontos próximos a laje. Em decorrência deste fato, parte desses
cabos cedeu, vindo a atingir o forro de PVC em diversos pontos do setor posterior do
imóvel e causando severos danos a este.
A fiação existente na região acima do expositor de salgadinhos localizado nas
proximidades da “coluna 1” cedeu em decorrência do incêndio, causando o
incineramento completo de todo material armazenado neste. Próximo ao referido
expositor de salgadinhos havia dois freezers (F9 e F10), que tiveram as faces
voltadas para este atingidas parcialmente pelas chamas. Ao analisar a região
danificada destes freezers, os quais se encontravam ligados a rede elétrica no
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momento do incêndio, constatou-se que apenas a região externa foi atingida pelas
chamas, não tendo, portanto, o incêndio origem em sua região interna. Ver croqui
ilustrativo e fotografias de nos 16 e 17.
Fixado ao pilar 01 havia um ventilador de parede e um extintor de incêndio e
nas proximidades um motor elétrico utilizado para rapar cocos, todos foram
severamente danificados pela ação direta das chamas. Com base na deposição de
fuligens e deformações das tomadas existentes no entorno, pode-se afirmar que tais
dispositivos não estavam ligados a rede elétrica no momento do incêndio. Ver croqui
ilustrativo e fotografias de nos 11 a 15.
O medidor de energia elétrica, chaves e disjuntores não foram atingidos pelas
chamas, no entanto, a substituição dos disjuntores originais por outro impossibilitou
a análise da configuração destes após a ocorrência do incêndio. Os proprietários
entregaram a equipe pericial dois disjuntores, cada um com amperagem máxima de
25 A, informando serem estes os disjuntores que estavam originalmente instalados
na rede elétrica do estabelecimento. Verificou-se que estes disjuntores encaixavam
perfeitamente na caixa apontada pelos proprietários como sendo o local de sua
instalação e havia coadunação na distribuição de fuligem e poeira nesses
dispositivos e no referido local de fixação. Ver fotografias de n os 18 a 21.
Não foi observada a existência de focos secundários de incêndio no imóvel
periciado, sendo, portanto, a hipótese mais provável para a causa do incêndio
sobrecarga de corrente elétrica nas instalações elétricas do setor posterior do
imóvel, a qual culminou na combustão de matérias na região imediatamente acima
do freezer 01 e a partir desse ponto propagando-se pelos cabos da rede elétrica.
Os danos causados pelo incêndio a estrutura física do andar térreo do imóvel
foi de amplitude parcial, não sendo comprometida a estrutura física do andar
superior ou de imóveis vizinhos.
9 - CONCLUSÃO
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Os conduítes das instalações elétricas averiguadas não obedeciam às normas de
confecção recomendadas pelo INMETRO, o que favoreceu a permanência e
propagação das chamas, para estante metálica com produtos alimentícios
industrializados, após o seccionamento dos cabos.
VALOR
EQUIPAMENTOS
(R$)
Fechadura do portão do item “4.6.1” 49,90
Portão metálico de alumínio com 02 (duas) seções do item “4.6.2” 999,90
Fechadura da Porta de Vidro temperado do item “4.6.4” 109,99
Porta cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 11,99
Cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 29,90
TOTAL 1.201,68
(Caso no10005/2018)
10.2 - Em caso positivo, pode-se afirmar qual o meio utilizado e o tempo em que se
deu o fato?
Resposta: sobre o meio utilizado ver itens “4 – Exames Periciais” e “6 – Conclusão”
neste laudo. Quanto ao tempo presumo que tenha ocorrido em um período inferior a
08 (oito) dias.
11 - ENCERRAMENTO
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Perito Criminal – Relator
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