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Laudo Pericial

Caso no Local de Registro da Ocorrência


10005/18 DEPATRI - Recife - PE

Data da Ocorrência Autoridade Requisitante


25/10/2018 Beleza em Pessoa

Natureza da Perícia
PERICIA EM LOCAL INCÊNDIO (EDIFICAÇÃO)

Perito Criminal
Mestre Artífice de Crimes Patrimoniais
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

PERICIA EM LOCAL DE INCÊNDIO


(GALPÃO)

CASO No 10005/2018

01 - PREÂMBULO

Aos 25/10/2018 a Bela. Beleza em Pessoa, delegada lotada na 4ª


Circunscrição Policial - Espinheiro - Recife – PE, remeteu oficio de no 310/2018–SA.,
ao Gestor do Instituto de Criminalística Professor Armando Samico, solicitando perícia
em local de incêndio conforme cópia em anexo.
O ofício com Sigepe no 8882525-7/2018 foi recebido e protocolado no ICPAS
em 25/10/2018, às 12h e 50min, tendo o Chefe da Unidade de Coordenação de
Plantão (UNICOPLAN) exarado despacho designativo de Perito Criminal no mesmo dia,
para efetuar tal solicitação.

02 - HISTÓRICO

No citado ofício que solicita “pericia em local de incêndio”, havia


descrições, informando que na madrugada de 25/10/2018 ocorreu o incêndio de um
ponto comercial denominado Mercadinho DCM Ltda. ME, sito na Rua General
Osório, no 3490, bairro da Guabiraba em Recife – PE, o qual carecia de
averiguações e esclarecimentos.
Na mesma data às 14horas e 30min, esse signatário, se deslocou junto
com a equipe ao citado endereço e local a ser examinado, lá chegando ás 15horas e
05min, onde após apresentações seguidas da identificação das pessoas presentes
no local: a Senhora Vivenda de Melo Sucedânea de R.G. n o 1.560.001 SDS/PE
emitida em 30/03/1998, e do Senhor Aguardando Boas Notícias de CPF n o
999.560.788-01, foi iniciado as 15horas e 30min os exames periciais com término às
18horas do mesmo dia.

03 - OBJETIVOS DOS EXAMES

Verificar se no local questionado há presença de vestígios de incêndio,


constatar os danos, identificar o que deu causa aos fatos e correlaciona-los aos
vestígios detectados, as informações obtidas.
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04 - DO LOCAL

Situava-se em uma área de grande adensamento populacional,


construída em uma região plana, com coordenadas geográficas 05º32’40’’N /
042º45’30’’W, cujo imóvel se encontrava ladeado, à esquerda, à direita, na região
posterior, e na região frontal por imóveis residenciais, bem como apresentava
frontalmente uma rua asfaltada denominada General Osório (ver fotos n os 01 e 02).

FOTO 01 FOTO 02

05 - ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL

O imóvel averiguado se apresentava com 02 (dois) pavimentos, e formato


em “L” na parte posterior, onde neles foi constatado que:

5.1 - O pavimento inferior continha um ponto comercial, que se encontrava com


funcionamento suspenso, exibindo nos ambientes examinados e com isolamento
parcial, presença de vestígios, alguns preservados e intactos e outros removidos ou
substituídos, caracterizando o local como violado, porém possibilitando os exames
necessários e suficientes para estudos dos fatos ocorridos (ver fotos n os 01 e 02).

5.2 - O pavimento superior continha uma residência, que não se apresentava com
isolamentos, e se encontrava em pleno funcionamento abrigando seus moradores e
sem anormalidades, visto que não sofreu danos provenientes dos fatos geradores
da pericia solicitada (ver fotos nos 01 e 02).

06 - EXAMES PERICIAIS

Na presença das pessoas identificadas foi realizada a pericia, que a


principio sequenciando as ações empregou-se exames sensoriais e físicos, com a
técnica de varredura nas observações seguida de registros fotográficos dos
principais pontos observados, onde se constatou que:

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6.1 - O Local

Situava-se em uma área residencial onde em suas proximidades não


havia hidrantes ou outros equipamentos necessários para ações emergenciais
próprios para debelar incêndio.

6.2 - O imóvel

Construído em alvenaria e se exibindo com paredes rebocadas e pintadas


internamente, a edificação continha dois pavimentos e apresentava:

6.2.1 - Área frontal com avanço sobre a calçada e exibindo uma grade metálica
entintada na cor cinza, confeccionada com varões disponibilizados verticalmente,
contendo 02 (dois) portões, que não apresentavam sinais de arrombamento, onde
01 (um) portão metálico menor, localizado na região esquerda da edificação, dava
acesso à escadaria para o andar superior e 01 (um) portão maior, localizado na
região mediana, dava acesso a 01 (uma) porta metálica tipo esteira e
sequencialmente ao interior do estabelecimento comercial (ver fotos n os 01, 02 e 03).

FOTO 02 - Visão Frontal da Porta Esteira

FOTO 01 - Fachada frontal

FOTO 03 - Visão interna do Portão frontal


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6.2.2 - Andar térreo contendo um ponto comercial denominado mercadinho D.C.M.,
cujo piso era revestido por cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado que continha
abaixo dele um forro de PVC de cor branca (ver fotos n os 01, 02, 03, 04, 05 e 06),
paredes laterais sem janelas, presença de cobogós situados na parte mais alta da
parede na região posterior do estabelecimento, com formato em “L”, os quais
permitiam uma leve ventilação e circulação do ar.
FOTO 04 - Visão lateral direita do pavimento inferior para adentrar no mercadinho.

FOTO 05 - Visão do pavimento inferior, região frente ao setor de hortifrutigranjeiros.

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6.2.3 - Área Comercial cuja disponibilização dos setores pode ser visualizada no
croqui em anexos (ver fotos nos 02, 03, 04, 05, 06 e 07), exibindo: 01 (um) caixa
eletrônico em cada lateral da edificação, localizado nas regiões da calçada, entre o
portão corrediço frontal e a porta esteira; prateleiras devidamente alinhadas
formando 02 (dois) corredores longitudinais; mercadorias arrumadas nas prateleiras;
carrinhos de supermercado nos corredores; setor de hortifrutigranjeiros com
prateleiras contendo mercadorias; setor de frios contendo geladeiras expositoras
que se encontravam sem mercadorias.

FOTO 06 - Setor de hortifrutigranjeiros tendo a frente teto com fuligens carbonizadas

FOTO 07 - Setor de frios com geladeiras expositoras

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6.2.4 - Pavimento superior contendo uma residência, com piso revestido por
cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado, com área apresentando
sequencialmente: 01 (uma) varanda; 01 (uma) sala com escada de acesso ao andar
térreo no lado esquerdo da edificação; 03 (três) quartos a direita da edificação,
sendo 01 (um) com suíte; 01 (um) sanitário, 01 (uma) cozinha ampla; 01 (uma) área
de serviços com lavanderia; 01 (um) pequeno depósito de mercadorias.

6.3 - Os vestígios

Nos exames, foram detectados diversos vestígios que sequencialmente


se exibiam na área interna do recinto, onde alguns se apresentavam aparentemente
intactos e preservados e outros com características típicas de terem sido violados,
esses vestígios tratavam-se de:

6.3.1 - Forro de PVC de cor branca, que cobria por baixo a laje do estabelecimento,
e se encontrava deformado com parte dependurada repousando sobre as
mercadorias e prateleiras, características típicas de que o forro foi exposto a
elevadas temperaturas (ver fotos nos 04, 05, 06, 07 e 11), cuja região da exposição à
chama se encontra demarcada no croqui ilustrativo enfatizando que as demais
regiões do entorno demarcado foram submetidas ao calor proveniente da ação
indireta das chamas (ver fotos nos 04, 05, 06 e 07).
FOTO 08 - Cabos elétricos e Expositor Refrigerado “F1”

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6.3.2 - Cabos das instalações elétricas, completamente carbonizados e com


formato final preservado, acima e atrás do expositor refrigerado denominado “F1”,
alguns desses cabos se exibindo seccionados (ver fotos nos 06, 08 e 09).

6.3.3 - Encanação de esgoto que passava acima cabos das instalações elétricas,
se apresentando seccionada e preservada, com parte parcialmente carbonizada,
deformada e dependurada nos cabos (ver fotos n os 08 e 09).

6.3.4 - Expositor Refrigerado “F1” localizado abaixo dos cabos das instalações
elétricas, se apresentando parcialmente carbonizada e deformada na região superior
direita (ver croqui ilustrativo e foto no 08).

6.3.5 - Paredes e Teto da edificação que se apresentavam com fuligens


carbonizadas, preservadas, principalmente as localizadas na região acima e
próximas dos cabos (ver fotos nos 06, 07, 08 e 09).

FOTO 09 - Cabos elétricos carbonizados acima do Expositor Refrigerado “F1”

6.3.6 - Unidade evaporadora de um ar-condicionado splint instalado na parede


da região imediatamente acima do expositor refrigerado denominado “F2” (ver croqui
ilustrativo), que apresentava seu invólucro plástico deformado e contendo leve
camada de fuligens depositadas sobre ele, o qual não foi exposto à ação direta de
chamas, mas ao intenso calor gerado no ambiente durante o incêndio (ver foto n o
10).
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FOTO 10 - Aspecto da Unidade Evaporadora do ar-condicionado Split

6.3.7 - Expositor metálico de salgadinhos localizado nas proximidades da “coluna


1”, a frente do setor de hortifrutigranjeiros, que se encontrava com aspecto de ter
sido envolvido por chamas, tendo a baixo dele o piso com deposição de fuligens
carbonizadas (ver croqui ilustrativo e fotos nos 04, 11, 12, 15, 16 e 17).
FOTO 11 - Aspecto do expositor de salgadinhos

6.3.8 - Carcaça do Ventilador repousando no piso a frente do Expositor de


salgadinhos, com estrutura metálica carbonizada e base de sustentação do
ventilador fixado na “coluna 1” acima do extintor de incêndio (ver fotos n os 11 a 14).
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FOTOS 12, 13 e 14 - Aspecto do ventilador a frente do expositor de salgadinhos e
de sua base na “coluna1”

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6.3.9 - Extintor e Rapador de coco fixados respectivamente um abaixo do outro na


“coluna 1”, que exibiam estruturas metálicas carbonizadas (ver croqui ilustrativo e
fotos nos 04, 15, 16 e 17).
FOTO 15 e 16 - Aspectos do extintor e do rapador de coco fixados na “coluna 1”

6.3.10 - 02 (dois) Refrigeradores horizontais denominados “F9” e “F10”


localizados próximos as laterais da “coluna 1”, onde o “F10” se apresentava no lado
esquerdo do expositor de salgadinhos, após a “coluna 1” e o “F9” em paralelo e
atrás do “F10” no lado oposto da “coluna 1” com prolongamento parcial por trás do
expositor de salgadinhos, ambos com aspecto de terem sido atingidos diretamente
pelas chamas (ver croqui ilustrativo e fotos n os 11, 12, 16 e 17).
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FOTO 17 - Aspecto do raspador de coco e dos refrigeradores horizontais

6.3.11 - Caixa do disjuntor com região próxima à saída para conduítes se exibindo
com deposição de fuligens carbonizadas. Atentando para presença de um disjuntor
com aparência de ter sido colocado recentemente (ver fotos n os 18, 19, 20 e 21).

FOTO 18 - Medidor de energia elétrica e Caixas com disjuntores.

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FOTO 19 - Caixa tampada e com disjuntores tidos como sendo novos

FOTO 20 - Disjuntores recebidos tidos como sendo os substituídos

FOTO 21 - Caixa sem tampa, com deposição de fuligens carbonizadas e disjuntor.

6.4 - Do Foco do fogo

Nos exames dos sítios visualizados, foram detectados 02 (dois) focos de


propagação das chamas, após exaustivas observações e analises dos vestígios
residuais, quer seja:

6.4.1 - 01 (um) foco nos cabos das instalações elétricas, localizado acima e atrás
do Expositor Refrigerado “F1” (ver croqui ilustrativo e fotos dos n os 11 a 17);

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6.4.2 - 01 (um) foco no expositor de salgadinhos, onde se propagou chamas
intensas produzindo fumaças, fuligens e carbonização de materiais e objetos
próximos (ver croqui ilustrativo e fotos nos 06, 08 e 09).

6.5 - Informações obtidas

No momento dos exames a proprietária do estabelecimento, senhora


Vivenda de Melo Sucedânea, relatou a este signatário, na presença dos demais
servidores constituintes da equipe de pericia, que:
Por volta das 0 hora do dia 20/07/2016, enquanto dormia em sua
residência (andar superior do imóvel) com seu esposo e filhos, percebeu estalos
vindos do andar térreo, levantando-se de imediato, notando nesse momento o piso
em temperatura anormalmente elevada e na sequência, ao descerem a escada, a
ocorrência do incêndio.
Objetivando acessar a área interna do estabelecimento, moradores da
região tentaram abrir uma passagem através da parede posterior do imóvel
utilizando ferramentas, sendo o procedimento interrompido no momento em que os
proprietários conseguiram obter êxito na abertura do portão e da porta de acesso ao
local fazendo uso das próprias chaves. Ver croqui ilustrativo.
Inicialmente, o combate ao incêndio foi realizado pelos proprietários e
populares e posteriormente pela equipe do corpo de Bombeiros, a qual compareceu
ao local por volta das 00h45min do mesmo dia.
Os 10 (dez) freezers do estabelecimento estavam ligados à rede elétrica e
em pleno funcionamento, antes da ocorrência do incêndio, e o ventilador de parede
e o motor elétrico utilizado para rapar cocos, localizados nas proximidades destes
freezers, estavam desconectados da tomada.
Nas instalações elétricas do estabelecimento havia um disjuntor para a
rede elétrica do setor anterior do estabelecimento e o outro para o setor posterior
(ver fotos nos 18, 19, 20 e 21). Acrescentou também que após o incêndio verificou-se
que nenhum destes havia disparado e que um dos freezers denominado “F3” no
croqui ilustrativo continuou em pleno funcionamento após a ocorrência do incêndio.
Posteriormente a extinção do incêndio, objetivando não perder a
mercadoria existente nos freezers, as instalações elétricas do estabelecimento foram
refeitas empregando fiação e disjuntor novos, para alimentar os 03 (três) freezers
denominados “F2”, “F3” e “F4” no croqui ilustrativo (ver fotos n os 18, 19, 20 e 21) que
não haviam sido danificados e novas lâmpadas para iluminar o ambiente.

4.5 - Levantamentos Papiloscópicos foram realizados empregando luz forense e


pós-químicos para revelação de impressões, onde com auxilio de lupas manuais
nesses minuciosos exames:

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4.6 - Danos e custos

Listados seguem abaixo os custos:

4.6.1 - Dos objetos e materiais examinados no imóvel em que foram detectadas


avarias com seu valor médio comercial:

VALOR
EQUIPAMENTOS
(R$)
Fechadura do portão do item “4.6.1” 49,90
Portão metálico de alumínio com 02 (duas) seções do item “4.6.2” 999,90
Fechadura da Porta de Vidro temperado do item “4.6.4” 109,99
Aldrava da Porta de madeira do item “4.6.5” 11,99
Cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 29,90
TOTAL 1.201,68

4.6.2 - Dos equipamentos ditos como sendo subtraídos, e elencados nas notas
fiscais, com seus valores monetários e suas depreciações (10%aa):

NOTA DATA VALORES (R$)


EQUIPAMENTOS (AQUISIÇÃO)
FISCAL NA NOTA ATUAL
Aparelho de DVD c/ Karaokê 001155 30/03/2017 125,99 107,09
Datashow 020152 25/02/2017 470,49 399,91
Televisão de LCD - 29 in 001168 30/03/2017 1.399,99 1.189,99
Ventilador - 40cm c/ coluna 000905 10/02/2017 189,99 161,49
TOTAL xxxxxxxxxx xxxxxxxxxx 2.186,46 1.859,38

5 - CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

5.1 - Calor: Energia cinética total dos átomos e moléculas que compõem uma
substância. Energia térmica em trânsito motivada pela diferença de temperatura
entre dois corpos (T1 > T2), onde:
O calor é classificado em dois tipos:
5.1.1 - Calor sensível ocorre quando se fornece uma quantidade de calor (energia)
capaz apenas de gerar variação de temperatura em um corpo.
5.1.2 - Calor latente ocorre quando a quantidade de calor transmitida gera mudança
de estado físico.

A Transmissão de calor pode ocorrer por:


5.1.3 - Condução: Quando o calor passa de molécula a molécula do material;
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5.1.4 - Convecção: Transferência de calor em um fluído que ocorre em virtude de um
deslocamento de massa do próprio fluido;
5.1.5 - Radiação: Transmissão de calor por meio de ondas eletromagnéticas.

5.2 - Curto-circuito: Fenômeno que ocorre em circuitos elétricos quando a


resistência elétrica dos mesmos é muito pequena e, por conta disso a corrente que o
percorre atinge níveis muito elevados de intensidade, provocando uma grande
liberação de energia e, consequentemente, o superaquecimento dos condutores.

5.3 - Flashover: transição de um incêndio progressivo para um incêndio


generalizado, ele depende de variáveis tais como a influência térmica da radiação e
a convecção, que são forças responsáveis por este processo. Além disso, as
condições de ventilação, a divisão física, o volume, a geometria do espaço
incendiado e a combinação dos gases quentes presentes são responsáveis por seu
surgimento.

5.3 - Fontes de calor: Todo elemento capaz de produzir aumento de temperatura


em outro corpo é uma fonte de calor. Exemplo: a chama de um fogão, lareira etc.

5.4 - Incêndio denominação atribuída a uma ocorrência de fogo não controlado que
pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. Ele se propaga
de quatro formas, por:
5.4.1 - Irradiação, onde acontece transporte de energia de forma onidirecional
através do ar suportada por infravermelhos e ondas eletromagnéticas;
5.4.2 - Convecção, onde a energia é transportada pela movimentação do ar
aquecido pela combustão;
5.4.3 - Condução, onde a energia é transportada através de um corpo bom condutor
de calor;
5.4.4 - Projeção de partículas inflamadas que pode ocorrer na presença de
explosões e fagulhas transportadas pelo vento.

5.5 - Temperatura é uma medida da energia cinética média das moléculas ou


átomos individuais. Na Física, está relacionada com a energia interna de um sistema
termodinâmico.

5.6 - Policloreto de vinila - PVC é um material termoplástico extremamente leve,


resistente ao ataque químico e bacteriológico, resistente à intempérie e corrosão,
com baixa inflamabilidade, auto extinção à chama, ou seja, possui baixa resistência ao
fogo, sendo deformável em temperaturas maiores de 50ºC que pode acarretar sua
contração, e evitar a propagação das chamas. É degradável quando exposto a
temperaturas maiores que 60ºC. Fatores esses importantes em caso de incêndio. Sua
produção industrial comumente observa as normas de determinação de estabilidade
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dimensional e estabilidade de aspecto ao calor, estabelecidas na NBR 14285-2:2014
e a norma NBR 5688 - Sistemas Prediais de Água Pluvial, Esgoto Sanitário e
Ventilação. É amplamente empregado na produção de fios e cabos elétricos,
eletrodutos, forros e revestimentos residenciais.

8 - DISCUSSÃO

Observando o comportamento da temperatura em um incêndio estrutural,


realizado pelo Grupo de Pesquisa na Área de Combate a Incêndio Urbano do
CBMDF (Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal), publicado
In bombeiro, calor, Combate a incêndios, tecnologia, prevenção de incêndios,
ciência do fogo, documentos, apostilas., flashhover, incêndio, máxima temperatura
de 01/06/2009, endereço eletrônico https://bombeirofreitas.wordpress.com/2009/06/01/analise-
da-temperatura-de-incendio-estruturais/. Obteve-se a tabela:

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O gráfico acima representa as temperaturas aferidas dentro de um
contêiner com simulação de um incêndio localizado no canto superior com material
combustível de madeiras (compensado), papelão e papel, onde foram afixados
quatro pontos de medição no centro do container com a seguinte variação de altura:
0,5; 1,0; 1,5 e 2,0m. A queima foi realizada no mês de março de 2009, com duração
de aproximadamente 49 minutos e 55 segundos. Possibilitando montar a tabela 01:
Tabela 01
Temperaturas Altura
Ambiente 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m
Mínima 22,00ºC 19,72 ºC 24,14 ºC 25.88 ºC 26,7 ºC
Máxima 29,40 ºC 284,29ºC 456,46ºC 666,54ºC 842,67ºC

Comparando-se o gráfico obtido com as temperaturas e o gráfico


idealizado do flashover podemos estabelecer a seguinte comparação:

É importante frisar que no gráfico teórico do flashover (primeiro gráfico), o


incêndio permanece até o final sem ser perturbado, o que não ocorre com o gráfico
das temperaturas (segundo gráfico), já que no decorrer da atividade ocorre sua
extinção através do combate com as mangueiras; assim, justifica-se a diferença
existente na parte final dos gráficos (declínio). Todavia, nota-se semelhança nas
curvas iniciais do gráfico; a fase de flashover – generalização do incêndio – é bem
nítida nos dois gráficos. O experimento realizado no contêiner é bem próximo a um
incêndio real.
Analisando os dados obtidos pode-se constatar que:
 O modelo teórico do flashover aproxima-se muito à realidade;
 A 2 metros de altura o local de um incêndio poderá alcançar valores da ordem de
900 °C;
 A 1,5 metros de altura o local de um incêndio pode alcançar valores da ordem de
700 °C;

OBS: - Experiências afirmam que o corpo humano suporta temperaturas de até 127
°C por 20 minutos.
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(Caso no10005/2018)
- A deflagração é uma combustão muito viva em que o processo da reação se dá
com grande velocidade, inferior a 340 m/s, mas produzindo calor e chama.

- Fumaça é a Mescla de gases, partículas sólidas e vapores d´água. A cor da


fumaça, isto é, a sua maior ou menor transparência pode servir de orientação prática
para a intensificação do material combustível que está sendo decomposto na
combustão.
# Fumaça Branca ou Cinza Clara Indica que é uma queima de combustível comum.
Ex: madeira, papel etc.
# Fumaça Preta ou Cinza Escura Originária de combustão incompleta, geralmente
de produtos derivados de petróleo, Ex: graxa, óleos, pneus, gasolina, plásticos etc.

Áreas submetidas a chamas diretas comumente acarretam carbonização


de materiais (processo químico de combustão incompleta de determinados sólidos
quando submetidos ao calor elevado) e ainda deformações de materiais facilmente
fundíveis, como resultante da queima.
Em face dos fatos visualizados no palco do evento e dos exames
realizados foram detectadas áreas submetidas à chama direta na região onde havia
os cabos das instalações elétricas, localizados acima e por detrás do expositor
refrigerado denominado “F1”, inclusive com seccionamento de cabos, e ainda do
expositor de salgadinhos, ambos apresentando vestígios de terem sido submetidos
à chama, caracterizados pela presença de fuligens nas suas proximidades,
comumente transportadas junto com a fumaça, e pela carbonização de materiais e
objetos próximos e de materiais carbonizados depositados abaixo dos pontos
citados (ver croqui ilustrativo e fotos nos 06, 08 e 09).

Cabos Unipolares e Multipolares isolados em PVC (cobertura) são


confeccionados industrialmente com condutores de cobre eletrolítico recozido
flexível, que operam em uma tensão de serviço de 0,6/1 kV. É utilizado em
instalações internas de luz e força em prédios residenciais, comerciais e industriais,
etc. em circuitos de distribuição e em circuitos terminais, sendo Instalados em
condutos abertos e fechados, que suportam temperatura de serviço até 70º C .

Conforme a norma NBR 5410/2004, todo circuito deve ser protegido por
dispositivos que interrompam a corrente neste circuito quando pelo menos um de seus
condutores for percorrido por uma corrente de curto-circuito. Portanto, para que a
interrupção da corrente de curto-circuito atue em um tempo suficientemente curto para
que os condutores não atinjam os valores de temperatura, conforme visto na tabela 02,
deve-se determinar a corrente de curto-circuito presumida no ponto onde a instalação da
proteção será instalada.

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Tabela 02 - Temperaturas características dos condutores

8.1 - Análise e interpretação dos vestígios

Após criteriosos exames dos vestígios observados, listo abaixo as


evidências fortemente correlacionadas ao fato, interpretando sua importância para a
sequência dos eventos exaustivamente estudados:

8.1.1 - Na área próxima e superior do Expositor Refrigerado “F1”, setor onde


havia os Cabos das instalações elétricas, localizados acima e por detrás do
expositor refrigerado denominado “F1”, foi observado que:

8.1.1 - Os cabos unipolares, em regiões com capeamento (cobertura) intactos


exibiam as grafias que especificavam seu diâmetro 6 mm, os quais se apresentavam
seccionados (ver fotos nos 06, 08 e 09), parcialmente carbonizados, e com ausência
de parte dos conduítes dos cabos na área do foco, exibindo, portanto, características
típicas de terem sido submetidas a temperatura elevada com produção de chamas,
cujo calor gerado acarretou na fusão do material.

8.1.2 - A encanação de esgoto por situar-se acima cabos das instalações elétricas
anteriormente citadas, apresentavam nessa região parte da tubulação deformada,
carbonizada e dependurada na haste de sustentação dos cabos (ver fotos n os 08 e
09), exibindo, portanto, características típicas de terem sido submetidas a
temperatura elevada com produção de chamas, cujo calor gerado acarretou na
fusão do material.

8.1.3 - Expositor Refrigerado “F1” localizado lateralmente e abaixo dos cabos das
instalações elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam com parte de sua
região direita superior parcialmente carbonizada, deformada, e contendo sobre ele
material carbonizado de constituição diferente do expositor, além de parte do forro
de PVC deformado, parcialmente carbonizado (ver croqui ilustrativo e foto n o 08) e
dependurado sobre ele nas regiões medianas e esquerda do expositor,
características típicas de que ele foi submetido a temperatura elevada e a chamas,

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cujo calor gerado acarretou na fusão e carbonização parcial do material constituinte
do expositor.

8.1.4 - Paredes e Teto da edificação próximas e acima dos cabos das instalações
elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam enegrecidos por fuligens
carbonizadas (ver fotos nos 06, 07, 08 e 09), características típicas de que eles foram
expostas a fumaça intensa contendo fuligens com temperatura elevada e a chamas.

8.1.2 - Na área do expositor metálico de salgadinhos setor próximo da “coluna 1”,


a frente do setor de hortifrutigranjeiros, foi observado que:

8.1.2.1 - O expositor metálico se encontrava com estrutura parcialmente


carbonizada, aspecto de ter sido envolvido por chamas, tendo a baixo dele o piso
com deposição de fuligens e materiais carbonizados e a sua frente o motor de um
ventilador carbonizado (ver croqui ilustrativo e fotos n os 04, 11, 12, 15, 16 e 17).

8.1.2.2 - A “coluna 1”, localizada no lado esquerdo do expositor contendo:

8.1.2.2.1 - 01 (um) rapador de cocos, de estrutura metálica, parcialmente


carbonizada, com parte de sua carcaça fundida e repousando no piso a frente da
coluna, bem como presença de um cabo condutor de energia com capeamento
fundido e respectivo conduíte carbonizados, o qual se encontrava pendurado e
passando pela região posterior do rapador (ver fotos nos 11 a 14, 15, 16 e 17);

8.1.2.2.3 - 01 (um) Extintor de incêndio fixado na coluna e acima do rapador de


coco, com entintamento e estrutura metálica parcialmente carbonizada;

8.1.2.2.4 - 01 (uma) Base de sustentação metálica de um ventilador fixado na


“coluna 1”, acima do extintor, parcialmente carbonizada (ver fotos n os 11 a 14).

8.1.2.3 - 02 (dois) Refrigeradores horizontais denominados “F10” que se


apresentava no lado esquerdo da “coluna 1” e do expositor de salgadinhos, e “F9”
no lado oposto da “coluna 1” com prolongamento parcial por trás do expositor de
salgadinhos, ambos com pequena partes externa de sua estrutura carbonizada
aspecto característico de terem sido expostos a chamas com elevada temperatura
(ver croqui ilustrativo e fotos nos 11, 12, 16 e 17).

8.1.2.4 - Teto da edificação e laterais da “coluna 1” voltadas para o expositor


metálico e onde havia o extintor e os equipamentos elétricos (ventilador e rapador de
coco) anteriormente citados, se apresentando com superfícies enegrecidas por
fuligens e carbonizadas (ver fotos n os 06, 07, 08 e 09), características típicas de que
foram expostos a fumaça intensa contendo fuligens com temperatura elevada e a
chamas.

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FOTOS 22 e 23 - Aspectos das proximidades da “coluna 1” e dos cabos elétricos.

8.1.3 - Caixa do disjuntor sem tampa exibindo internamente, na região superior


esquerda, deposição de fuligens e carbonização, na região de saída, dos conduítes
e cabos elétricos, seccionados antes do período dos exames, os quais se
prolongavam para o setor citado nos subitens “6.3.2”, “6.4.1” e “8.1”. Esses vestígios
denotam características típicas que o conduíte, por onde passava os cabos
seccionados e que foram submetidas a elevadas temperaturas, fundiu e se
carbonizou produzindo calor e chamas.
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Nessa caixa também havia 01 (um) disjuntor de cor esbranquiçado
conectado a fiações de cor branca, ambos com aparência de terem sido instalados
recentemente. Indicativo de que instalações elétricas foram substituídas (ver fotos
nos 18 e 21).

8.1.4 - Caixa de disjuntor fechada por tampa plástica incolor, que acondicionava
02 (dois) disjuntores, de cor preta, ambos devidamente conectados a cabos
condutores de eletricidade, todos tidos como sendo novos (ver fotos n os 18, 19 e 20),
onde um disjuntor exibia as grafias “UNIC C 60 A – PIAL Legland”, e o outro “086-3”.
Indicativo de que os disjuntores e as instalações elétricas foram substituídos.

8.2 - Dinâmica do evento

Após observação dos vestígios encontrados nas cenas este signatário


consigna que as evidências direcionam para as ações sequenciais:
Surgimento de um curto-circuito nos cabos das instalações elétricas na
região acima e atrás do Expositor Refrigerado “F1”, local denominado foco inicial do
fogo onde ocorreu a eclosão, incubação, deflagração do fogo propagando-se pelo
conduíte, etapa que culminou na: fusão, seccionamento e carbonização da
tubulação de esgoto; fusão e secionamento dos cabos seguidos de sua queda sobre
o forro, deformando-o.
A queda dos cabos seccionados com conduíte em chamas, após
deformar o forro possibilitou sua deposição em ignescência sobre: o expositor de
salgadinhos, materiais esses alimentícios que ao comburirem propagaram chamas
intensas (foco secundário); sobre o raspador de coco, o extintor e o ventilador os
quais também foram expostos às chamas produzidas dos materiais alimentícios.

O desenvolvimento de um incêndio, tal como ficou acima conceituado, compreende 05 (cinco) fases mais ou
menos nítidas e que podem ser observadas: ECLOSÃO; INCUBAÇÃO; DEFLAGRAÇÃO; PROPAGAÇÃO;
EXTINÇÃO. As duas primeiras fases, ou seja, ECLOSÃO e INCUBAÇÃO, constituem o início do incêndio,
compreendendo o estágio em que ele pode ser, ainda, debelado com relativa facilidade. As três fases seg

A partir deste foco de incêndio houve propagação de chamas por meio dos
cabos das instalações elétricas (cabos com capa isolante carbonizada), os quais
ficavam fixados em pontos próximos a laje. Em decorrência deste fato, parte desses
cabos cedeu, vindo a atingir o forro de PVC em diversos pontos do setor posterior do
imóvel e causando severos danos a este.
A fiação existente na região acima do expositor de salgadinhos localizado nas
proximidades da “coluna 1” cedeu em decorrência do incêndio, causando o
incineramento completo de todo material armazenado neste. Próximo ao referido
expositor de salgadinhos havia dois freezers (F9 e F10), que tiveram as faces
voltadas para este atingidas parcialmente pelas chamas. Ao analisar a região
danificada destes freezers, os quais se encontravam ligados a rede elétrica no
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momento do incêndio, constatou-se que apenas a região externa foi atingida pelas
chamas, não tendo, portanto, o incêndio origem em sua região interna. Ver croqui
ilustrativo e fotografias de nos 16 e 17.
Fixado ao pilar 01 havia um ventilador de parede e um extintor de incêndio e
nas proximidades um motor elétrico utilizado para rapar cocos, todos foram
severamente danificados pela ação direta das chamas. Com base na deposição de
fuligens e deformações das tomadas existentes no entorno, pode-se afirmar que tais
dispositivos não estavam ligados a rede elétrica no momento do incêndio. Ver croqui
ilustrativo e fotografias de nos 11 a 15.
O medidor de energia elétrica, chaves e disjuntores não foram atingidos pelas
chamas, no entanto, a substituição dos disjuntores originais por outro impossibilitou
a análise da configuração destes após a ocorrência do incêndio. Os proprietários
entregaram a equipe pericial dois disjuntores, cada um com amperagem máxima de
25 A, informando serem estes os disjuntores que estavam originalmente instalados
na rede elétrica do estabelecimento. Verificou-se que estes disjuntores encaixavam
perfeitamente na caixa apontada pelos proprietários como sendo o local de sua
instalação e havia coadunação na distribuição de fuligem e poeira nesses
dispositivos e no referido local de fixação. Ver fotografias de n os 18 a 21.
Não foi observada a existência de focos secundários de incêndio no imóvel
periciado, sendo, portanto, a hipótese mais provável para a causa do incêndio
sobrecarga de corrente elétrica nas instalações elétricas do setor posterior do
imóvel, a qual culminou na combustão de matérias na região imediatamente acima
do freezer 01 e a partir desse ponto propagando-se pelos cabos da rede elétrica.
Os danos causados pelo incêndio a estrutura física do andar térreo do imóvel
foi de amplitude parcial, não sendo comprometida a estrutura física do andar
superior ou de imóveis vizinhos.

9 - CONCLUSÃO

Em face dos exames realizados e fatos observados no local da edificação


sinistrada, os quais foram relatados e discutido neste Laudo, cujas marcas
detectadas e destacadas, possibilitaram orientações para identificação das
evidências dos fatos ocorridos, este signatário admite que:
9.1 - O foco inicial das chamas principiou nos cabos das instalações elétricas acima
do Expositor Refrigerado “F1”, com propagação para o expositor de salgadinhos,
onde se propagou chamas intensas produzindo a carbonização de materiais e
objetos próximos a fumaça com as fuligens aquecidas que contribuíram para
deformação e desprendimento do forro.

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Os conduítes das instalações elétricas averiguadas não obedeciam às normas de
confecção recomendadas pelo INMETRO, o que favoreceu a permanência e
propagação das chamas, para estante metálica com produtos alimentícios
industrializados, após o seccionamento dos cabos.

Este signatário admite que houve:


- Um arrombamento no imóvel periciado seguido de algumas portas de salas
internas, com fechaduras, cujo inicio provavelmente se deu após alguém escalar a
meia parede (muro) frontal do imóvel, galgar ao pavimento superior da edificação,
forçar a coberta de telha metálica para cima e acessar ao interior da escola.
- Danos materiais com valores calculados sem os respectivos custos da mão-de-
obra para suas reposições:

Em alguns objetos e materiais examinados no imóvel em que foram


detectadas avarias cujas pesquisas revelaram valor médio comercial de:

VALOR
EQUIPAMENTOS
(R$)
Fechadura do portão do item “4.6.1” 49,90
Portão metálico de alumínio com 02 (duas) seções do item “4.6.2” 999,90
Fechadura da Porta de Vidro temperado do item “4.6.4” 109,99
Porta cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 11,99
Cadeado da Porta de madeira do item “4.6.5” 29,90
TOTAL 1.201,68

Perdas materiais devido a subtrações de bens, conforme depoimento da


secretária, cujos valores e suas depreciações (10%aa) encontram-se listados
abaixo:
NOTA DATA VALORES (R$)
EQUIPAMENTOS (AQUISIÇÃO)
FISCAL NA NOTA ATUAL
Aparelho de DVD c/ Karaokê 001155 30/03/2017 125,99 107,09
Datashow 020152 25/02/2017 470,49 399,91
Televisão de LCD - 29 in 001168 30/03/2017 1.399,99 1.189,99
Ventilador - 40cm c/ coluna 000905 10/02/2017 189,99 161,49
TOTAL xxxxxxxxxx xxxxxxxxxx 2.186,46 1.859,38

Perfazendo um valor total de R$ 3.061,06 (três mil sessenta e um reais,


seis centavos)

10 - RESPOSTAS AOS QUESITOS


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Aos quesitos formulados pelaautoridade o signatário responde:

10.1 - Existe algum tipo de arrombamento ou vestígio de arrombamento na


Edificação mencionada?
Resposta:Ver itens “4 – Exames Periciais”, “5 – Considerações Técnicas” e “6 –
Conclusão” neste laudo.

10.2 - Em caso positivo, pode-se afirmar qual o meio utilizado e o tempo em que se
deu o fato?
Resposta: sobre o meio utilizado ver itens “4 – Exames Periciais” e “6 – Conclusão”
neste laudo. Quanto ao tempo presumo que tenha ocorrido em um período inferior a
08 (oito) dias.

10.3 - Qual a avaliação pecuniária dos bens subtraídos, e ou danificados?


Resposta:Ver itens “4 – Exames Periciais” e “6 – Conclusão” neste laudo.

10.4 - Houve danos no imóvel em questão?.


Resposta:Ver itens “4 – Exames Periciais” e “6 – Conclusão” neste laudo.

10.5 - “Outros esclarecimentos que os Srs. Peritos julgarem necessários ao pleno


esclarecimento da Autoridade Policial, na verdade dos fatos?”
Resposta: Outros esclarecimentos encontram-se neste laudo.

11 - ENCERRAMENTO

Diante do convencimento obtido pelas evidências dos fatos observados


este signatário, Mestre Artífice de Crimes Patrimoniais, Perito Criminal deste
Instituto, redigi e digitei este Laudo de Perícia em Local (Arrombamento) em 15
(quinze) páginas no tamanho A4, a encimar o timbre do Estado de Pernambuco e no
rodapé o logotipo Institucional com o endereço local.
Recife, aos vinte dias do mês dezembro do ano dois mil e dezoito.

__________________________________
Mestre Artífice de Crimes Patrimoniais
Perito Criminal – Relator

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