Você está na página 1de 28

Laudo Pericial

Caso no Local de Registro da Ocorrência


10005/18 DEPATRI - Recife - PE

Data da Ocorrência Autoridade Requisitante


25/10/2018 Beleza em Pessoa

Natureza da Perícia
PERICIA EM LOCAL INCÊNDIO (EDIFICAÇÃO)

Perito Criminal
Mestre Artífice de Crimes Patrimoniais
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

PERICIA EM LOCAL DE INCÊNDIO


(EDIFICAÇÃO)

CASO No 10005/2018

01 - PREÂMBULO

Aos 25/10/2018 a Bela. Beleza em Pessoa, delegada lotada na 4ª


Circunscrição Policial - Espinheiro - Recife – PE, remeteu oficio de no 310/2018–SA.,
ao Gestor do Instituto de Criminalística Professor Armando Samico, solicitando perícia
em local de incêndio conforme cópia em anexo.
O ofício com Sigepe no 8882525-7/2018 foi recebido e protocolado no ICPAS
em 25/10/2018, às 12h e 50min, tendo o Chefe da Unidade de Coordenação de
Plantão (UNICOPLAN) exarou despacho designativo ao Perito Criminal Qualidade é
Padronizar Documentos para o atendimento.

02 - HISTÓRICO

No citado ofício que solicita “pericia em local de incêndio”, havia


descrições, informando que na madrugada de 25/10/2018 ocorreu o incêndio de um
ponto comercial denominado Mercadinho DCM Ltda. ME, sito na Rua General
Osório, no 3490, bairro da Guabiraba em Recife – PE, o qual carecia de
averiguações e esclarecimentos.
Na mesma data às 14horas e 30min, esse signatário, se deslocou junto
com a equipe ao citado endereço e local a ser examinado, lá chegando ás 15horas e
05min, onde após apresentações seguidas da identificação das pessoas presentes
no local: a Senhora Vivenda de Melo Sucedânea de R.G. n o 1.560.001 SDS/PE
emitida em 30/03/1998, e do Senhor Aguardando Boas Notícias de CPF n o
999.560.788-01, foi iniciado as 15horas e 30min os exames periciais com término às
18horas do mesmo dia.

03 - OBJETIVOS DOS EXAMES

Verificar se no local questionado há presença de vestígios de incêndio,


constatar os danos, identificar o que deu causa aos fatos e correlaciona-los aos
vestígios detectados, as informações obtidas.
1/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

04 - DO LOCAL

Situava-se em uma área de grande adensamento populacional,


construída em uma região plana, com coordenadas geográficas 05º32’40’’N /
042º45’30’’W, cujo imóvel se encontrava ladeado, à esquerda, à direita, na região
posterior, e na região frontal por imóveis residenciais, bem como apresentava
frontalmente uma rua asfaltada denominada General Osório (ver fotos n os 01 e 02).

FOTO 01 FOTO 02

05 - ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DO LOCAL

O imóvel averiguado se apresentava com 02 (dois) pavimentos, e formato


em “L” na parte posterior, onde neles foi constatado que:

5.1 - O pavimento inferior continha um ponto comercial, que se encontrava com


funcionamento suspenso, exibindo nos ambientes examinados e com isolamento
parcial, presença de vestígios, alguns preservados e intactos e outros removidos ou
substituídos, caracterizando o local como violado, porém possibilitando os exames
necessários e suficientes para estudos dos fatos ocorridos (ver fotos n os 01 e 02).

5.2 - O pavimento superior continha uma residência, que não se apresentava com
isolamentos, e se encontrava em pleno funcionamento abrigando seus moradores e
sem anormalidades, visto que não sofreu danos provenientes dos fatos geradores
da pericia solicitada (ver fotos nos 01 e 02).

06 - EXAMES PERICIAIS

Na presença das pessoas identificadas foi realizada a pericia, que a


principio sequenciando as ações empregou-se exames sensoriais e físicos, com a
técnica de varredura nas observações seguida de registros fotográficos dos
principais pontos observados, onde se constatou que:

2/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
6.1 - O Local

Situava-se em uma área residencial onde em suas proximidades não


havia hidrantes ou outros equipamentos necessários para ações emergenciais
próprios para debelar incêndio.

6.2 - O imóvel

Construído em alvenaria e se exibindo com paredes rebocadas e pintadas


internamente, a edificação continha dois pavimentos e apresentava:

6.2.1 - Área frontal com avanço sobre a calçada e exibindo uma grade metálica
entintada na cor cinza, confeccionada com varões disponibilizados verticalmente,
contendo 02 (dois) portões, que não apresentavam sinais de arrombamento, onde
01 (um) portão metálico menor, localizado na região esquerda da edificação, dava
acesso à escadaria para o andar superior e 01 (um) portão maior, localizado na
região mediana, dava acesso a 01 (uma) porta metálica tipo esteira e
sequencialmente ao interior do estabelecimento comercial (ver fotos n os 01, 02 e 03).

FOTO 02 - Visão Frontal da Porta Esteira

FOTO 01 - Fachada frontal

FOTO 03 - Visão interna do Portão frontal


3/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
6.2.2 - Andar térreo contendo um ponto comercial denominado mercadinho D.C.M.,
cujo piso era revestido por cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado que continha
abaixo dele um forro de PVC de cor branca (ver fotos n os 01, 02, 03, 04, 05 e 06),
paredes laterais sem janelas, presença de cobogós situados na parte mais alta da
parede na região posterior do estabelecimento, com formato em “L”, os quais
permitiam uma leve ventilação e circulação do ar.
FOTO 04 - Visão lateral direita do pavimento inferior para adentrar no mercadinho.

FOTO 05 - Visão do pavimento inferior, região frente ao setor de hortifrutigranjeiros.

4/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
6.2.3 - Área Comercial cuja disponibilização dos setores pode ser visualizada no
croqui em anexos (ver fotos nos 02, 03, 04, 05, 06 e 07), exibindo: 01 (um) caixa
eletrônico em cada lateral da edificação, localizado nas regiões da calçada, entre o
portão corrediço frontal e a porta esteira; prateleiras devidamente alinhadas
formando 02 (dois) corredores longitudinais; mercadorias arrumadas nas prateleiras;
carrinhos de supermercado nos corredores; setor de hortifrutigranjeiros com
prateleiras contendo mercadorias; setor de frios contendo geladeiras expositoras
que se encontravam sem mercadorias.

FOTO 06 - Setor de hortifrutigranjeiros tendo a frente teto com fuligens carbonizadas

FOTO 07 - Setor de frios com geladeiras expositoras

5/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

6.2.4 - Pavimento superior contendo uma residência, com piso revestido por
cerâmica de cor clara, teto de laje rebocado, com área apresentando
sequencialmente: 01 (uma) varanda; 01 (uma) sala com escada de acesso ao andar
térreo no lado esquerdo da edificação; 03 (três) quartos a direita da edificação,
sendo 01 (um) com suíte; 01 (um) sanitário, 01 (uma) cozinha ampla; 01 (uma) área
de serviços com lavanderia; 01 (um) pequeno depósito de mercadorias.

6.3 - Os vestígios

Nos exames, foram detectados diversos vestígios que sequencialmente


se exibiam na área interna do recinto, onde alguns se apresentavam aparentemente
intactos e preservados e outros com características típicas de terem sido violados,
esses vestígios tratavam-se de:

6.3.1 - Forro de PVC de cor branca, que cobria por baixo a laje do estabelecimento,
e se encontrava deformado com parte dependurada repousando sobre as
mercadorias e prateleiras, características típicas de que o forro foi exposto a
elevadas temperaturas (ver fotos nos 04, 05, 06, 07 e 11), cuja região da exposição à
chama se encontra demarcada no croqui ilustrativo enfatizando que as demais
regiões do entorno demarcado foram submetidas ao calor proveniente da ação
indireta das chamas (ver fotos nos 04, 05, 06 e 07).
FOTO 08 - Cabos elétricos e Expositor Refrigerado “F1”

6/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

6.3.2 - Cabos das instalações elétricas, completamente carbonizados e com


formato final preservado, acima e atrás do expositor refrigerado denominado “F1”,
alguns desses cabos se exibindo seccionados (ver fotos nos 06, 08 e 09).

6.3.3 - Encanação de esgoto que passava acima cabos das instalações elétricas,
se apresentando seccionada e preservada, com parte parcialmente carbonizada,
deformada e dependurada nos cabos (ver fotos n os 08 e 09).

6.3.4 - Expositor Refrigerado “F1” localizado abaixo dos cabos das instalações
elétricas, se apresentando parcialmente carbonizada e deformada na região superior
direita (ver croqui ilustrativo e foto no 08).

6.3.5 - Paredes e Teto da edificação que se apresentavam com fuligens


carbonizadas, preservadas, principalmente as localizadas na região acima e
próximas dos cabos (ver fotos nos 06, 07, 08 e 09).

FOTO 09 - Cabos elétricos carbonizados acima do Expositor Refrigerado “F1”

6.3.6 - Unidade evaporadora de um ar-condicionado splint instalado na parede


da região imediatamente acima do expositor refrigerado denominado “F2” (ver croqui
ilustrativo), que apresentava seu invólucro plástico deformado e contendo leve
camada de fuligens depositadas sobre ele, o qual não foi exposto à ação direta de
chamas, mas ao intenso calor gerado no ambiente durante o incêndio (ver foto n o
10).
7/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
FOTO 10 - Aspecto da Unidade Evaporadora do ar-condicionado Split

6.3.7 - Expositor metálico de salgadinhos localizado nas proximidades da “coluna


1”, a frente do setor de hortifrutigranjeiros, que se encontrava com aspecto de ter
sido envolvido por chamas, tendo a baixo dele o piso com deposição de fuligens
carbonizadas (ver croqui ilustrativo e fotos nos 04, 11, 12, 15, 16 e 17).
FOTO 11 - Aspecto do expositor de salgadinhos

6.3.8 - Carcaça do Ventilador repousando no piso a frente do Expositor de


salgadinhos, com estrutura metálica carbonizada e base de sustentação do
ventilador fixado na “coluna 1” acima do extintor de incêndio (ver fotos n os 11 a 14).
8/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
FOTOS 12, 13 e 14 - Aspectos dos engradados plásticos e do ventilador a frente do
expositor de salgadinhos e de sua base na “coluna1”

9/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

6.3.9 - Extintor e Rapador de coco fixados respectivamente um abaixo do outro na


“coluna 1”, que exibiam estruturas metálicas carbonizadas (ver croqui ilustrativo e
fotos nos 04, 15, 16 e 17).
FOTO 15 e 16 - Aspectos do extintor e do rapador de coco fixados na “coluna 1”

6.3.10 - 02 (dois) Freezers horizontais denominados “F9” e “F10” localizados


próximos as laterais da “coluna 1”, onde o “F10” se apresentava no lado esquerdo
do expositor de salgadinhos, após a “coluna 1” e o “F9” em paralelo e atrás do “F10”
no lado oposto da “coluna 1” com prolongamento parcial por trás do expositor de
salgadinhos, ambos com aspecto de terem sido atingidos diretamente pelas chamas
(ver croqui ilustrativo e fotos nos 11, 12, 16 e 17).
10/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
FOTO 17 - Aspecto do raspador de coco e dos freezers horizontais

6.3.11 - Caixa do disjuntor com região próxima à saída para conduítes se exibindo
com deposição de fuligens carbonizadas. Atentando para presença de um disjuntor
com aparência de ter sido colocado recentemente (ver fotos n os 18, 19, 20 e 21).

FOTO 18 - Medidor de energia elétrica e Caixas com disjuntores.

11/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
FOTO 19 - Caixa tampada e com disjuntores tidos como sendo novos

FOTO 20 - Disjuntores recebidos tidos como sendo os substituídos

FOTO 21 - Caixa sem tampa, com deposição de fuligens carbonizadas e disjuntor.

6.4 - Do Foco do fogo

Nos exames dos sítios visualizados, foram detectados 02 (dois) focos de


propagação das chamas, após exaustivas observações e analises dos vestígios
residuais, quer seja:

6.4.1 - 01 (um) foco nos cabos das instalações elétricas, localizado acima e atrás
do Expositor Refrigerado “F1” (ver croqui ilustrativo e fotos dos n os 11 a 17), com
suas características morfológicas retratadas no teto e parede lateral;
12/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
6.4.2 - 01 (um) foco no expositor de salgadinhos, onde se propagou chamas
intensas produzindo fumaças, fuligens e carbonização de materiais e objetos
próximos, além da zona de gases quentes retratadas no teto com suas
características morfológicas (ver croqui ilustrativo e fotos nos 06, 08 e 09).

6.5 - Informações obtidas

No momento dos exames a proprietária do estabelecimento, senhora


Vivenda de Melo Sucedânea, relatou a este signatário, na presença dos demais
servidores constituintes da equipe de pericia, que:
Por volta das 0 hora do dia 20/07/2016, enquanto dormia em sua
residência (andar superior do imóvel) com seu esposo e filhos, percebeu estalos
vindos do andar térreo, levantando-se de imediato, notando nesse momento o piso
em temperatura anormalmente elevada e na sequência, presença de fumaça saindo
na região posterior da edificação, e ao descerem a escada, a ocorrência do incêndio
no mercadinho.
Objetivando acessar a área interna do estabelecimento, moradores da
região tentaram abrir uma passagem através da parede posterior do imóvel
utilizando ferramentas, sendo o procedimento interrompido no momento em que os
proprietários conseguiram obter êxito na abertura do portão e da porta de acesso ao
local fazendo uso das próprias chaves (Ver croqui ilustrativo).
Inicialmente, o combate ao incêndio foi realizado pelos proprietários e
populares e posteriormente completado pela equipe do corpo de Bombeiros, a qual
compareceu ao local por volta das 00h45min do mesmo dia.
Os 07 (dez) Freezers (F4, F5, F6, F7, F8, F9 e F10) e 03 (três)
Expositores Refrigerados (F1, F2 e F3) do estabelecimento estavam ligados à rede
elétrica e em pleno funcionamento, antes da ocorrência do incêndio, e o ventilador
de parede e o motor elétrico utilizado para rapar cocos, localizados nas
proximidades destes freezers, estavam desconectados da tomada.
Nas instalações elétricas do estabelecimento havia um disjuntor para a
rede elétrica do setor anterior do estabelecimento e o outro para o setor posterior
(ver fotos nos 18, 19, 20 e 21) e que após o incêndio verificou-se que nenhum destes
disjuntores haviam disparados e que um dos Expositores Refrigerados denominado
“F3” no croqui ilustrativo continuou em pleno funcionamento após a ocorrência do
incêndio.
Posteriormente a extinção do incêndio, objetivando não perder a
mercadoria existente nos freezers, as instalações elétricas do estabelecimento foram
refeitas empregando fiação e disjuntores novos, para alimentar os 02 (dois)
Expositores Refrigerados e 01 (um) Freezer, respectivamente denominados “F2”,
“F3” e “F4” no croqui ilustrativo (ver fotos n os 18, 19, 20 e 21) que não haviam sido
danificados, além de novas lâmpadas para iluminar o ambiente.
13/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
6.6 - Danos e custos

Como resultantes do incêndio, estimativas dos danos materiais e seus


respectivos custos, foram divididos em dois subitens os quais se referem a valores
médios comerciais dos itens abaixo listados e pesquisados, para reparos ou
instalações:

6.6.1 - Componentes do acabamento da edificação, os quais se referem ao


embelezamento da estrutura interna, da encanação de esgoto e da instalação da
rede elétrica do pavimento inferior da edificação com custos da mão-de-obra:

VALOR (R$)
MATERIAIS PARA A EDIFICAÇÃO
Unitário TOTAL
Forro de PVC com acessórios completos p/ 128 m2 15,00 1.920,00
Instalações elétricas c/ 20 equipamentos em 128 m2 35,00 4.480,00
Tinta e materiais auxiliares para pintura 400,28 m2 20,00 8.005,60
Encanamento do esgoto (canos, joelhos, etc.) 20m 25,00 500,00
TOTAL xxxxxxx 14.905,60

6.6.2 - Equipamentos, objetos, e mercadorias perdidas com o incêndio,


observando os respectivos cálculos de depreciações (10%aa) nos valores dos
equipamentos, visando esclarecimento dos prejuízos e/ou recebimento de
indenização por perdas materiais de bens sem os custos da mão-de-obra:

MATERIAIS DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL

NOTA VALORES (R$)


MERCADORIAS FISCAL Unitários ATUAL
100 Salgadinhos Doritos Queijo 400g - Elma Chips 500451 1,19 119,00
250 Salgadinhos cheetos 140 g 500455 0,95 237,50
50 Salgadinhos Elma Chips-Ruffles 22 g 500457 1,00 50,00
30 Salgadinhos Original Ruffles 167g 500460 1,09 32,70
40 Biscoitos Cream Cracker Tradicional 400g Vitarella 004770 1,69 67,60
40 Biscoitos Cream Cracker Integral 420g Vitarella 004770 1,89 75,60
20 Biscoitos Cream Craker Crocks 400g Vitarella 004770 1,79 35,80
48 Latões de Cervejas Skol 473 ml 001168 2,98 143,04
90 Latinhas de Cervejas Skol 350 ml 001168 1,98 178,00
48 Latinhas de Pirassununga Cachaça 51 de 350 ml 004001 4,59 220,32
12 Refrigerantes Coca-Cola 2,0 L - PET 002220 4,89 58,68
48 Refrigerantes Kuat de 310 ml - lata 033004 1,89 90,72
24 Refrigerantes Sprit Limão de 350 ml - lata 033004 1,89 45,36
60 Refrigerantes Guaraná Frevo de 237 ml - PET 045001 0,89 53,04
36 Refrigerantes Sukita de 237 ml - PET 000905 0,89 32,04
TOTAL xxxxxxxx xxxxxxxxx 1.439,40
14/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

NOTA VALORES (R$)


OBJETOS
FISCAL Unitários ATUAL
1 Estante metálica p/ salgadinhos 021005 280,00 280,00
2 Engradados plásticos c/ bebidas 030002 50,00 100,00
TOTAL xxxxxxxxxx 2.186,46 1.859,38

NOTA DATA VALORES (R$)


EQUIPAMENTOS
FISCAL (AQUISIÇÃO) Unitários ATUAL
2 Extintores de incêndio CO2 6kg 001155 30/03/2017 574,00 574,00
2 Freezers horizontais Consul 534L 020333 10/03/2018 3.180,70 2.862,70
1 Raspador de coco elétrico BRL 020152 25/02/2017 470,49 376,39
1 Condicionador de ar Splint 22.000Btus 001168 30/03/2018 3.639,00 3.275,10
1 Ventilador de parede Steel 50cm 000905 10/02/2017 189,99 161,49
TOTAL xxxxxxx xxxxxxxxxx xxxxxxx 7.249,68
x

7 - CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

7.1 - Cabos Unipolares e Multipolares isolados em PVC (cobertura): São fios


confeccionados industrialmente com condutores de cobre eletrolítico recozido
flexível, que operam em uma tensão de serviço de 0,6/1 kV. Comumente são
utilizados em instalações internas de luz e força em prédios residenciais, comerciais
e industriais, etc. em circuitos de distribuição e/ou terminais, sendo Instalados em
condutos abertos e fechados, que suportam temperatura de serviço até 70º C .

7.2 - Calor: Energia cinética total dos átomos e moléculas que compõem uma
substância. Energia térmica em trânsito motivada pela diferença de temperatura
entre dois corpos (T1 > T2), onde o calor é classificado em dois tipos:
7.2.1 - Calor sensível ocorre quando se fornece uma quantidade de calor (energia)
capaz apenas de gerar variação de temperatura em um corpo.
7.2.2 - Calor latente ocorre quando a quantidade de calor transmitida gera mudança
de estado físico.

7.3 - Curto-circuito: Fenômeno que ocorre em circuitos elétricos quando a


resistência elétrica dos mesmos é muito pequena e, por conta disso a corrente que o
percorre atinge níveis muito elevados de intensidade, provocando uma grande
liberação de energia e, consequentemente, o superaquecimento dos condutores.

7.4 - Flashover: transição de um incêndio progressivo para um incêndio


generalizado, ele depende de variáveis tais como a influência térmica da radiação e
a convecção, que são forças responsáveis por este processo. Além disso, as

15/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
condições de ventilação, a divisão física, o volume, a geometria do espaço
incendiado e a combinação dos gases quentes presentes são responsáveis por seu
surgimento.

7.5 - Fontes de calor: Todo elemento capaz de produzir aumento de temperatura


em outro corpo é uma fonte de calor. Exemplo: a chama de um fogão, lareira etc.

7.6 - Incêndio denominação atribuída a uma ocorrência de fogo não controlado que
pode ser extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas. Ele se propaga
de quatro formas, por:
7.6.1 - Irradiação, onde acontece transporte de energia de forma unidirecional
através do ar suportada por infravermelhos e ondas eletromagnéticas, onde a
transmissão de calor ocorre por meio de ondas eletromagnéticas;
7.6.2 - Convecção, onde a energia é transportada pela movimentação do ar
aquecido pela combustão, e a transferência de calor em um fluído ocorre em virtude
de um deslocamento de massa do próprio fluido;
7.6.3 - Condução, onde a energia é transportada através de um corpo bom condutor
de calor, onde a transmissão do calor passa de molécula a molécula do material;
7.6.4 - Projeção de partículas inflamadas que pode ocorrer na presença de
explosões e fagulhas transportadas pelo vento.

7.7 - Temperatura é uma medida da energia cinética média das moléculas ou


átomos individuais. Na Física, está relacionada com a energia interna de um sistema
termodinâmico.

7.8 - Policloreto de vinila - PVC é um material termoplástico extremamente leve,


resistente ao ataque químico e bacteriológico, resistente à intempérie e corrosão,
com baixa inflamabilidade, auto extinção à chama, ou seja, possui baixa resistência ao
fogo, sendo deformável em temperaturas maiores de 50ºC que pode acarretar sua
contração, e evitar a propagação das chamas. É degradável quando exposto a
temperaturas maiores que 60ºC. Fatores esses importantes em caso de incêndio. Sua
produção industrial comumente observa as normas de determinação de estabilidade
dimensional e estabilidade de aspecto ao calor, estabelecidas na NBR 14285-2:2014
e a norma NBR 5688 - Sistemas Prediais de Água Pluvial, Esgoto Sanitário e
Ventilação. É amplamente empregado na produção de fios e cabos elétricos,
eletrodutos, forros e revestimentos residenciais.

8 - DISCUSSÃO

Observando o comportamento da temperatura em um incêndio estrutural,


realizado pelo Grupo de Pesquisa na Área de Combate a Incêndio Urbano do
16/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
CBMDF (Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal), publicado
In bombeiro, calor, Combate a incêndios, tecnologia, prevenção de incêndios,
ciência do fogo, documentos, apostilas., flashhover, incêndio, máxima temperatura
de 01/06/2009, endereço eletrônico https://bombeirofreitas.wordpress.com/2009/06/01/analise-
da-temperatura-de-incendio-estruturais/. Obteve-se a tabela:

O gráfico acima representa as temperaturas aferidas dentro de um


contêiner com simulação de um incêndio localizado no canto superior com material
combustível de madeiras (compensado), papelão e papel, onde foram afixados
quatro pontos de medição no centro do container com a seguinte variação de altura:
0,5; 1,0; 1,5 e 2,0m. A queima foi realizada no mês de março de 2009, com duração
de aproximadamente 49 minutos e 55 segundos. Possibilitando montar a tabela:

Temperaturas Altura
Ambiente 0,5m 1,0m 1,5m 2,0m
Mínima 22,00ºC 19,72 ºC 24,14 ºC 25.88 ºC 26,7 ºC
17/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
Máxima 29,40 ºC 284,29ºC 456,46ºC 666,54ºC 842,67ºC

Comparando-se o gráfico obtido com as temperaturas e o gráfico


idealizado do flashover podemos estabelecer a seguinte comparação:

É importante frisar que no gráfico teórico do flashover (primeiro gráfico), o


incêndio permanece até o final sem ser perturbado, o que não ocorre com o gráfico
das temperaturas (segundo gráfico), já que no decorrer da atividade ocorre sua
extinção através do combate com as mangueiras; assim, justifica-se a diferença
existente na parte final dos gráficos (declínio). Todavia, nota-se semelhança nas
curvas iniciais do gráfico; a fase de flashover – generalização do incêndio – é bem
nítida nos dois gráficos. O experimento realizado no contêiner é bem próximo a um
incêndio real.
Analisando os dados obtidos pode-se constatar que:
 O modelo teórico do flashover aproxima-se muito à realidade;
 A 2 metros de altura o local de um incêndio poderá alcançar valores da ordem de
900 °C;
 A 1,5 metros de altura o local de um incêndio pode alcançar valores da ordem de
700 °C;

OBS: - A deflagração é uma combustão muito viva em que o processo da reação se


dá com grande velocidade, inferior a 340 m/s, mas produzindo calor e chama.

Áreas submetidas a chamas diretas comumente acarretam carbonização


de materiais (processo químico de combustão incompleta de determinados sólidos
quando submetidos ao calor elevado) e ainda vaporização de voláteis e/ou
deformações de materiais facilmente fundíveis, como resultante da queima.
O estudo desses locais configurados pela presença de materiais
carbonizados e demais sinais característicos por onde o fogo passou, produzindo
fumaça, gases quentes e fuligens, são fundamentais para sua compreensão visto
que eles deixam no rastro a morfologia resultante sobre materiais e objetos
próximos. Tais vestígios, cujas particularidades observadas no local justifiquem as
relações de causa e efeito, contribuem significativamente para formação das

18/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
prováveis convicções de que a região sofreu um incêndio, tendo uma fonte de calor
nas imediações que pode ser de origem natural ou artificial.

Conforme a norma NBR 5410/2004, todo circuito deve ser protegido por
dispositivos que interrompam a corrente neste circuito quando pelo menos um de seus
condutores for percorrido por uma corrente de curto-circuito. Portanto, para que a
interrupção da corrente de curto-circuito atue em um tempo suficientemente curto para
que os condutores não atinjam os valores de temperatura descritos na “Tabela 02”,
deve-se determinar a corrente de curto-circuito presumida no ponto onde a instalação da
proteção será instalada.

Tabela 02 - Temperaturas características dos condutores

8.1 - Análise e interpretação dos vestígios

Após criteriosos exames dos vestígios observados, listo abaixo as


evidências fortemente correlacionadas ao fato, interpretando sua importância para a
sequência dos eventos exaustivamente estudados:

8.1.1 - Na área próxima e superior do Expositor Refrigerado “F1”, setor onde


havia os Cabos das instalações elétricas, localizados acima e por detrás do
expositor refrigerado denominado “F1”, foi observado que:

8.1.1 - Os cabos unipolares, em regiões com capeamento (cobertura) intactos


exibiam as grafias que especificavam seu diâmetro 6 mm, os quais se apresentavam
seccionados (ver fotos nos 06, 08 e 09), parcialmente carbonizados, e com ausência
de parte dos conduítes dos cabos na área do foco, exibindo, portanto, características
típicas de terem sido submetidas a temperatura elevada com produção de chamas,
cujo calor gerado acarretou na fusão do material.

8.1.2 - A encanação de esgoto por situar-se acima cabos das instalações elétricas
anteriormente citadas, apresentavam nessa região parte da tubulação deformada,
carbonizada e dependurada na haste de sustentação dos cabos (ver fotos n os 08 e
09), exibindo, portanto, características típicas de terem sido submetidas a

19/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
temperatura elevada com produção de chamas, cujo calor gerado acarretou na
fusão do material.

8.1.3 - Expositor Refrigerado “F1” localizado lateralmente e abaixo dos cabos das
instalações elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam com parte de sua
região direita superior parcialmente carbonizada, deformada, e contendo sobre ele
material carbonizado de constituição diferente do expositor, além de parte do forro
de PVC deformado, parcialmente carbonizado (ver croqui ilustrativo e foto n o 08) e
dependurado sobre ele nas regiões medianas e esquerda do expositor,
características típicas de que ele foi submetido a temperatura elevada e a chamas,
cujo calor gerado acarretou na fusão e carbonização parcial do material constituinte
do expositor.

8.1.4 - Paredes e Teto da edificação próximas e acima dos cabos das instalações
elétricas anteriormente citadas, que se apresentavam enegrecidos por fuligens
carbonizadas (ver fotos nos 06, 07, 08 e 09), características típicas de que eles foram
expostas a fumaça intensa contendo fuligens com temperatura elevada e a chamas.

8.1.2 - Na área do expositor metálico de salgadinhos setor próximo da “coluna 1”,


a frente do setor de hortifrutigranjeiros, foi observado que:

8.1.2.1 - O expositor metálico se encontrava com estrutura parcialmente


carbonizada, aspecto de ter sido envolvido por chamas, tendo a baixo dele o piso
com deposição de fuligens e materiais carbonizados e a sua frente o motor de um
ventilador carbonizado (ver croqui ilustrativo e fotos n os 04, 11, 12, 15, 16 e 17).

8.1.2.2 - A “coluna 1”, localizada no lado esquerdo do expositor contendo:

8.1.2.2.1 - 01 (um) rapador de cocos, de estrutura metálica, parcialmente


carbonizada, com parte de sua carcaça fundida e repousando no piso a frente da
coluna, bem como presença de um cabo condutor de energia com capeamento
fundido e respectivo conduíte carbonizados, o qual se encontrava pendurado e
passando pela região posterior do rapador (ver fotos nos 11 a 14, 15, 16 e 17);

8.1.2.2.3 - 01 (um) Extintor de incêndio fixado na coluna e acima do rapador de


coco, com entintamento e estrutura metálica parcialmente carbonizada;

8.1.2.2.4 - 01 (uma) Base de sustentação metálica de um ventilador fixado na


“coluna 1”, acima do extintor, parcialmente carbonizada (ver fotos n os 11 a 14).

8.1.2.3 - 02 (dois) Freezers horizontais denominados “F10” que se apresentava no


lado esquerdo da “coluna 1” e do expositor de salgadinhos, e “F9” no lado oposto da
“coluna 1” com prolongamento parcial por trás do expositor de salgadinhos, ambos
com pequena partes externa de sua estrutura carbonizada exibindo aspecto
20/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
característico de terem sido expostos a chamas com elevada temperatura (ver
croqui ilustrativo e fotos nos 11, 12, 16 e 17) e que tendo em vista sua finalidade de
uso (refrigerar), agiram como retardantes das chamas.
8.1.2.4 - Engradados plásticos de bebidas: localizados próximos no lado direito,
de cor vermelha, e atrás do expositor de salgadinhos, de cor amarela, materiais
plásticos esses que se exibiam parcialmente fundidos (ver croqui ilustrativo e fotos
nos 06, 08 e 09).

8.1.2.5 - Teto da edificação e laterais da “coluna 1” voltadas para o expositor


metálico e onde havia o extintor e os equipamentos elétricos (ventilador e rapador de
coco) anteriormente citados, se apresentando com superfícies enegrecidas por
fuligens e carbonizadas (ver fotos n os 06, 07, 08 e 09), características típicas de que
foram expostos a fumaça intensa contendo fuligens com temperatura elevada e a
chamas.

FOTOS 22 e 23 - Aspectos das proximidades da “coluna 1” e dos cabos elétricos.

21/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

8.1.3 - Caixa do disjuntor sem tampa exibindo internamente, na região superior


esquerda, deposição de fuligens e carbonização, na região de saída, dos conduítes
e cabos elétricos, seccionados antes do período dos exames, os quais se
prolongavam para o setor citado nos subitens “6.3.2”, “6.4.1” e “8.1”. Esses vestígios
denotam características típicas que o conduíte, por onde passava os cabos
seccionados e que foram submetidas a elevadas temperaturas, fundiu e se
carbonizou produzindo calor e chamas.
Nessa caixa também havia 01 (um) disjuntor de cor esbranquiçado
conectado a fiações de cor branca, ambos com aparência de terem sido instalados
recentemente. Indicativo de que instalações elétricas foram substituídas (ver fotos
nos 18 e 21).

8.1.4 - Caixa de disjuntor fechada por tampa plástica incolor, que acondicionava
02 (dois) disjuntores, de cor preta, ambos devidamente conectados a cabos
condutores de eletricidade, todos tidos como sendo novos (ver fotos n os 18, 19 e 20),
onde um disjuntor exibia as grafias “UNIC C 60 A – PIAL Legland”, e o outro “086-3”.
Indicativo de que os disjuntores e as instalações elétricas foram substituídos. A troca
dos disjuntores originais por outro configura violação da cena dos fatos, o que
inviabiliza uma retratação real da resultante final do incêndio, prejudicando
parcialmente as análises.
No período dos exames os proprietários do estabelecimento entregaram a
equipe pericial dois disjuntores, cada um com amperagem máxima de 25 A,
informando serem estes os disjuntores que estavam originalmente instalados na
rede elétrica do estabelecimento. Verificou-se que estes disjuntores se encaixavam
perfeitamente na caixa apontada pelos proprietários como sendo o local de sua
instalação, bem como havia deposição de fuligem e poeira nesses dispositivos,
compatíveis com as visualizadas no referido local de fixação (ver fotos n os 18 e 21).

8.1.5 - O medidor de energia elétrica, exibindo suas chaves sem aspecto de


anormalidades, no entanto ficou configurado que houve violação da cena dos fatos,
22/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
o que inviabiliza uma retratação real da resultante final do incêndio nas chaves,
prejudicando parcialmente as análises.

Em face dos fatos visualizados no palco do evento e dos exames


realizados foram detectadas 02 (duas) áreas submetidas à chama direta: sendo um
na região onde havia os cabos das instalações elétricas, localizados acima e por
detrás do expositor refrigerado denominado “F1”, inclusive com seccionamento de
cabos, e o outro onde havia o expositor de salgadinhos, ambos apresentando
vestígios de terem sido submetidos à chama intensa, caracterizados: pela presença
de fuligens nas suas proximidades, comumente transportadas junto com a fumaça,
pela carbonização de materiais e objetos próximos; pelos materiais carbonizados
depositados abaixo dos pontos citados, pelos materiais plásticos parcialmente
fundidos localizados próximos no lado direito e atrás do expositor de salgadinhos
(ver croqui ilustrativo e fotos nos 06, 08 e 09).

8.2 - Dinâmica do evento

Após observação dos vestígios encontrados nas cenas este signatário


consigna que as evidências direcionam para as ações sequenciais:
Surgimento de um curto-circuito nos cabos das instalações elétricas, os
quais ficavam fixados em um ponto próximos a laje, na região acima e atrás do
Expositor Refrigerado “F1”, local denominado foco inicial do fogo onde ocorreu a
eclosão, incubação, deflagração do fogo propagando-se pelo conduíte, etapa que
culminou na: fusão, seccionamento e carbonização da tubulação de esgoto; fusão e
secionamento dos cabos seguidos de sua queda sobre o forro, deformando-o.
A queda dos cabos seccionados com conduíte em chamas, após
deformar o forro possibilitou sua deposição em ignescência sobre: o expositor de
salgadinhos, materiais esses alimentícios que possivelmente se concentravam no
lado esquerdo do expositor e devido ao contato direto com chamas comburiram e
propagaram chamas intensas (foco secundário); o raspador de coco, o extintor e o
ventilador os quais também foram expostos às chamas e a corrente térmica
proveniente da queima dos materiais alimentícios. Sequencialmente os 02 (dois)
Freezers horizontais denominados “F9” e “F10”, localizados próximos as laterais da
“coluna 1”, também ficaram expostos às chamas e a corrente térmica proveniente
da queima dos materiais alimentícios.
A deformação e queda do forro de PVC, das regiões próximas denotam
que os fatos visualizados no forro ocorreram (em maior parte) devido ao calor
irradiado, os transportados pela fumaça (convecção) que transitou com elevada
temperatura, além dos propagados (em menor parte) pela superfície dos materiais
(condução) nas áreas circunvizinhas aos focos do fogo, principal e secundário,
geradores das chamas.
O curto-circuito do foco principal também propagou suas chamas pelo
conduíte findando na caixa de disjuntores aberta.

23/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

9 - CONCLUSÃO

Em face dos exames realizados e fatos observados no local da edificação


sinistrada, os quais foram relatados e discutido neste Laudo, cujas marcas
detectadas e destacadas, possibilitaram orientações para identificação das
evidências dos fatos ocorridos, este signatário admite que na edificação periciada
ocorreu um incêndio acidental, parcial, sem vítimas e sem danos a terceiros, onde:

9.1 - O foco inicial das chamas principiou em um curto-circuito nos cabos das
instalações elétricas acima do Expositor Refrigerado “F1”, com propagação para o
expositor de salgadinhos (foco secundário), local onde: se propagou chamas
intensas produzindo a carbonização, volatilização e deformação de materiais, de
objetos próximos; as chamas e a fumaça com gases aquecidos e fuligens
contribuíram significativamente para a elevação da temperatura propagadora do
incêndio, onde calor gerado sequencialmente influenciou na deformação e
desprendimento do forro.

9.2 - Os conduítes das instalações elétricas averiguadas não obedeciam às


normas de confecção recomendadas pelo INMETRO, o que favoreceu a
permanência e propagação das chamas, para a caixa de disjuntores aberta e para a
estante metálica com produtos alimentícios industrializados, após o seccionamento
dos cabos.

9.3 - O imóvel não se apresentava com danos estruturais, mas apenas danos
materiais causados pelo incêndio no andar térreo, não sendo comprometida a
estrutura física do andar superior ou de imóveis vizinhos. Os danos materiais são
referentes aos:

9.3.1 - Componentes complementares do embelezamento da estrutura interna, da


encanação de esgoto e da rede elétrica do pavimento inferior da edificação, cujos
valores médios comerciais pesquisados, visando suas aquisições para
reconstruções, seguem na tabela 03, com os respectivos custos da mão-de-obra;

9.3.2 - Aos objetos, equipamentos e mercadorias danificadas e/ou perdidas no


incêndio, cujos respectivos valores calculados, observando suas depreciações
(10%aa) para esclarecimento do prejuízo e/ou recebimento de indenização por
perdas materiais de bens, seguem na tabela 03, sem os respectivos custos da mão-
de-obra:
TABELA 03
CUSTO
ESTIMATIVA DOS DANOS MATERIAIS
(R$)
Componentes do acabamento e embelezamento da edificação 14.905,60
Objetos, 1.859,38
24/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
Equipamentos 14.905,40
Mercadorias 1.439,40
VALOR TOTAL DOS DANOS 25.454,06

10 - RESPOSTAS AOS QUESITOS

Aos quesitos formulados pelaautoridade o signatário responde:

7.1 - Houve um incêndio na Edificação mencionada?


Resposta: Sim, ver itens “6 - Exames Periciais”, “7 - Considerações Técnicas”, “8 -
Discussão” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.2 - Em caso positivo, pode-se afirmar se ele foi acidental, ou intencional, ou fruto
de negligência, imperícia ou imprudência?
Resposta: O incêndio periciado foi acidental. Ver itens “6 - Exames Periciais”, “7 -
Considerações Técnicas”, “8 - Discussão” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.3 - Qual a avaliação pecuniária dos bens danificados e perdidos?


Resposta: Ver itens “6 - Exames Periciais” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.4 - Houve danos no imóvel em questão?


Resposta: Sim, Ver itens “6 - Exames Periciais”, “7 - Considerações Técnicas”, “8 -
Discussão” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.5 - Houve danos a terceiros?


Resposta: Não, ver itens “6 - Exames Periciais” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.6 - Houve vítimas?


Resposta: Não, ver itens “6 - Exames Periciais” e “9 - Conclusão” neste laudo.

7.7 - O incêndio foi parcial ou total?


Resposta: O incêndio foi parcial, ver itens “6 - Exames Periciais” e “9 - Conclusão”
neste laudo.

7.8 - “Outros esclarecimentos que os Srs. Peritos julgarem necessários ao pleno


esclarecimento da Autoridade Policial, na verdade dos fatos?”
Resposta: Outros esclarecimentos encontram-se neste laudo.

11 - ENCERRAMENTO

Diante do convencimento obtido pelas evidências dos fatos observados


este signatário, Qualidade é Padronizar Documentos, Perito Criminal deste Instituto,
25/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)
redigi e digitei este Laudo de Perícia em Local de Incêndio (Edificação) em 25 (vinte
e cinco) páginas no tamanho A4, a encimar o timbre do Estado de Pernambuco e no
rodapé o logotipo Institucional com o endereço local.
Recife, aos quatorze dias do mês março do ano dois mil e dezenove.

__________________________________
Qualidade é Padronizar Documentos
Perito Criminal – Relator

ANEXOS

26/28
GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO
SECRETARIA DE DEFESA SOCIAL
GERÊNCIA GERAL DE POLÍCIA CIENTÍFICA
INSTITUTO DE CRIMINALÍSTICA PROFESSÔR ARMANDO SAMICO

(Caso no10005/2018)

27/28

Você também pode gostar