Você está na página 1de 22

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ


SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Laudo Técnico
Bloco Multiuso 04 Pavimentos
Unidade III - Marabá
UNIFESSPA

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 1 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1.1. A Edificação, neste Laudo, denominada – Bloco de 04 Pavimentos, com


frequência demanda manutenção no sistema de piso do tipo cerâmico. Tal fato motivou
ação administrativa no intuito de apurar as possíveis causas ante a inviabilização de
uso acadêmico em vários ambientes da Construção. Além disso, os sons, digo, estalos
decorrentes da patologia têm provocado alvoroços e especulações entre os usuários
a respeito das condições de segurança estrutura. Outro episódio, conforme relatado
no Ofício 2360/2020, ordem 01 do processo interno 23479.015554/2020-42 desta
Instituição; assevera que a Edificação já foi de teste de carga, uma vez que se
detectou, no período de construção, problemas estruturais.
1.2. Esta peça consubstancia o propósito de apresentar, considerando as
limitações instrumentais, o esclarecimento dos mecanismos anômalos de
características endógenas, exógenas e funcionais a partir de uma avaliação visual da
estrutura. Uma vez que, é recorrente comparar a estrutura os sistemas de uma
Edificação ao corpo humano, logo a possíveis causas são diagnosticadas a partir dos
sintomatologia do paciente, no caso, a Edificação ora referida.
1.3. Outrossim, é indispensável conceituar este documento mediante alicerces de
autoridade. A princípio a NBR 13752/96 expedida pela ABNT – Associação Brasileira
de Norma Técnicas – define Laudo como uma peça na qual o perito, profissional
habilitado, relata o que observou e dá as suas conclusões ou avalia. Nesta mesma
senda, o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia de Engenharia (IBAPE/SP) por
meio de sua Norma básica (IBAPE/SP-2015) precisa que “Laudo é um documento
técnico elaborado por profissional habilitado no qual são relatadas constatações,
análises e conclusões de perícias, exames, vistorias e avaliações.”. Portanto, em
suma, o resultado neste escrito é produto das averiguações e ponderações dos
profissionais envolvidos, sopesando as limitações de recursos e expertises.

2. ATO ADMINITRATIVO
2.1. Em fevereiro do ano corrente (2021) foi emitida a Portaria sob nº 0002/2021
estabelecendo a Comissão técnica especial constituída pelos seguintes Servidores:
• Alexsander de Oliveira Zen - Engenheiro Civil;
• Benilcia Gomes de Abreu - Engenheira Civil;

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 2 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

• Douglas Martins Sousa - Engenheiro Civil.


2.2. Observando a redação: “Criar comissão técnica especial para avaliação da
estrutura do Bloco Multiuso de 4 pavimentos da Cidade Universitária”.

3. DO OBJETIVO
3.1. O propósito deste Laudo colima atender a solicitação arraigada a Portaria nº
0002/2021, ordem 04 do processo.

4. DO OBJETO
4.1. O Referido imóvel é um prédio de Sala de Aulas, localizado no Campus III da
Cidade Universitária pertencente a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
(figura1). O imóvel tem 4 pavimentos, tendo em média 480 m² por pavimento e área
construída total de 1919 m².
Coordenadas: E = 718.972,98 N = 9.406.572,96

Figura 1: Foto aérea com localização do prédio.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 3 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

5. DA METODOLOGIA
5.1. Uma vez que o prédio está em uso desde o ano de 2018, solicitou-se a Divisão
de Manutenção desta IFES que fizesse a abertura pontual do forro PVC em alguns
trechos de viga previamente indicados pelos membros da comissão técnica. Após a
abertura do forro, fez-se uma inspeção visual em todos os trechos de vigas
descobertos, além de outros procedimentos indicados como necessários e viáveis pela
comissão técnica.
5.2. A avaliação se embasou nas normas técnicas nacionais, mormente na ABNT
NBR 13752:1996 (Norma Brasileira para Perícias de Engenharia na Construção Civil)
da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
5.3. Materiais e equipamentos utilizados: Câmera fotográfica digital, trena,
prancheta, esclerômetro digital, marreta, ponteiro, canetas e formulários para
anotações.
5.4. Os procedimentos inicias de execução do trabalho consistiram em:
5.4.1. Coletar dados para a caracterização da local avaliação do local;
5.4.2. Descrever das características do imóvel analisado, com respectivo levantamento
fotográfico;
5.4.3. Verificar da homogeneização do material (concreto armado) em alguns elementos
estruturais;
5.4.4. Evidenciar as patologias existentes por imagem;
5.4.5. Avaliar por amostragem a deformação em alguns elementos estruturais.
5.5. A área escolhida para avaliação se deu com critérios técnicos, escolhendo as
vigas nas quais haviam maiores carregamentos, e também analisando as situações
onde ocorreu o maior destacamento de piso cerâmico. Deste modo, a comissão
escolheu a viga V14 (destacada pelo retângulo amarelo) no 2° e 3° pavimento para
ser analisada.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 4 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 2: Viga V14 no 2° e 3° pavimento onde ocorreram os testes de esclerometria.

6. DAS CONSTAÇÕES
6.1. SISTEMA DE PISO
6.1.1. Averiguou-se que a estratificação do sistema de piso interno consiste, em ordem
ascendente: base (laje) + camada única (regularização e contrapiso) + argamassa
colante + revestimento cerâmico.
6.1.2. Atendo-se a camada única (regularização + contrapiso) no exame foi realizada
uma pequena abertura na camada logo abaixo da peça cerâmica destacada, a
profundidade foi limitada ao encontro do agregado graúdo da camada de
cobrimento da laje. Nas duas sondagens efetuadas se notou a variação da
espessura entre 03 cm e 06 cm (figuras 3 a 6). Também foi percebido uma “talisca”,
metodologia executiva tradicional que se vale de pedaços de cerâmica espaçados
em nível para execução do contrapiso. Todavia é patente a irregularidade da
superfície; em muitos locais é visível desde as variações de relevo a sobressalto
das peças cerâmicas.
6.1.3. A patologia inerente ao desplacamento e “estufamento” das placas cerâmicas do
piso foi apurada em todos os pavimentos. Nesta ocasião computou-se 223 m² de
pisos com avarias, contabilizando as placas ora removidas e as que apresentam
som “cavo” indicativo de vazio, oriundo da anomalia entre placa, argamassa e/ou
contrapiso. A área avariada representa, percentualmente, 16 % da área útil da
edificação. Torna-se pertinente rememorar que no ano passado (2020), quando
End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 5 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

inicialmente ocorrera o infortúnio, praticamente a mesma cifra (16%) de área de


piso foi comprometida pela patologia; destaca-se que em alguns espaços foi
recorrente. De maneira que fica patente que a intervenção apenas de
reassentamento de peças cerâmica, de similares características produtivas e igual
metodologia, não eliminaram e/ou mitigaram os fatores que propiciam reincidência
da anomalia.
6.1.4. A preponderância do problema se encontra na interface placa cerâmica/argamassa
colante (figuras 7 a 10). Outro ponto de atenção foi a inexistência de juntas de
dessolidarização e movimentação. A NBR 13753 1996, recomenda que em áreas
internas com área igual ou maior que 32m², ou sempre que umas das dimensões
do revestimento for maior que 8m e no perímetro da área revestida e no encontro
com colunas, vigas, saliências ou com outros tipos de revestimento, devem ser
executadas juntas de movimentação. Nas juntas de assentamento foi apurado
uma variação da espessura do rejunte de 3 mm a 5 mm (figuras 11 a 14). No intuito
de descobrir as características técnicas da peça cerâmica, verificou suas
dimensões e marca; informações reveladas no tardoz do produto. Numa consulta
em ambiente virtual da fabricante, obteve-se as seguintes característica:
dimensões 50 cm x 50 cm, espessura de 07 mm, grupo de absorção - Bllb (6-10%),
expansão por umidade (EPU)<0,6 mm/m e PEI 05, este que está relacionado a
resistência a abrasão da superfície (esmalte).
6.1.5. A juntas de dilatação estão preenchidas com revestimento cerâmico no primeiro e
2 Pavimentos. No Pavimento Térreo está sem tratamento (figuras 17 e 18). Sendo
que as juntas devem ser preenchidas com material flexível, como os selantes.

Figura 3: Verificação da espessura do contrapiso do 1 Figura 4: Contrapiso de 3 cm no 1 Pavimento.


Pavimento.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 6 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 5: Contrapiso de 6 cm no 1 Pavimento. Figura 6: Contrapiso de 3 cm no 1 Pavimento.

Figura 7: Cerâmica estufada no Hall de entrada do 2 Figura 8: Cerâmica estufada no Hall de entrada do 2
Pavimento. Pavimento.

Figura 9: Revestimento cerâmico da Sala 1 do 1 Figura 10: Marca da argamassa de assentamento


Pavimento, com piso todo retirado. nas placas cerâmicas.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 7 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 11: Junta de assentamento do revestimento Figura 12: Junta de assentamento do revestimento
cerâmico do 1 Pavimento com 5 mm de cerâmico do 2 Pavimento com 4 mm de
espaçamento. espaçamento.

Figura 13: Junta de assentamento do revestimento Figura 14: Junta de assentamento do revestimento
cerâmico do 3 Pavimento com 3 mm de cerâmico do 3 Pavimento com 4 mm de
espaçamento. espaçamento.

Figura 15: Desnível abrupto. Figura 16: Irregularidade de nível entre as placas
cerâmicas.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 8 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 17: Junta de dilatação sem tratamento no Figura 18: Junta de dilatação do 3 Pavimento
Pavimento Térreo. preenchida com cerâmica. A mesma situação ocorre
no 2 Pavimento.

6.2. SISTEMA ESTRUTURAL


6.2.1. INSPEÇÃO VISUAL DAS VIGAS
Após a inspeção visual constatou-se que as vigas, por estarem acima do forro da
edificação, não foram revestidas, ou foram apenas chapiscadas, podendo verificar
visualmente melhor sua qualidade de concretagem. Não foram identificados elementos
patológicos como fissuras ou trincas que indicassem qualquer movimentação atípica
da estrutura de concreto armado, ou seja, aparentemente as vigas estão com boa
aparência e dentro dos parâmetros construtivos de projeto. Verificou-se também
pontualmente que as lajes foram executadas de maneira bi-direcionais conforme
projeto estrutural.
Porém, mesmo não havendo nenhum elemento patológico fissurante nas
vigas, é possível observar várias patologias oriundas do período de execução da obra,
como a presença de “bicheiras” nas vigas, as quais até hoje permanece com trechos
de ferragens expostas conforme é possível constatar nas figuras abaixo.

Figura 19: Bicheiras de concretagem no fundo da Figura 20: Bicheiras de concretagem no fundo da
viga. viga.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 9 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 21: aspecto geral das vigas encontradas “in loco”.

6.2.2. INSPEÇÃO DA DEFORMAÇÃO DAS VIGAS


Visando verificar quaisquer alterações significativas na geometria dos vigamentos,
executou-se um teste para verificar-se possíveis deformações no sentido do vigamento.
Porém, devido a impossibilidade de se tirar o forro e as paredes que cortam a extensão da
viga para utilizar-se do fundo da viga como referência, foi verificado através de uma gabarito
nivelado a altura entre o gabarito e o fundo da viga em vários pontos distados de 1,00m de
um para o outro, a fim de verificar-se se haviam deslocamentos significativos, principalmente
no meio do vão, uma vez que as vigas tem comprimento médio de 11,75m. O resultado
encontra-se na figura abaixo, e demonstra que não há deformações significativas na viga que
sugerem que a viga está com flechas ou deslocamentos excessivos, em sua maioria os
deslocamentos se devem a maneira como a viga foi executada e escorada.

Figura 22: Verificação da deformação nas vigas V14 do 2 e 3 Pavimento.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 10 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

OBS.: As deformações foram aferidas considerando como referencial uma base em nível sob
a face inferior da Viga carregada. Os pontos foram distanciados em 01 (um) metro e
mensurados com uma trena eletrônica.

6.2.3. INSPEÇÃO DA RESISTÊNCIA E HOMOGENEIDADE DAS VIGAS.


Também se executou ensaios de esclerometria nas vigas V14 do 2° e do 3° pavimento.
O ensaio de dureza superficial do concreto pelo esclerômetro de reflexão é prescrito no Brasil
pela ABNT NBR 7584:2012, e nos EUA pela ASTM C 805:2008.
A metodologia de uso consiste em um martelo controlado por uma mola que desliza
por um pistão. Para a avaliação da dureza superficial do concreto, o operador exerce um
esforço sobre o pistão contra uma estrutura, ele reage contra a força da mola até que quando
a mola completamente estendida ela é liberada automaticamente. O martelo choca o embolo
que atua contra a superfície do concreto e a massa controlada pela mola recua, deslizando
como um ponteiro de arraste ao longo de uma escada guia que é usada para indicar o valor
da reflexão do martelo (METHA; MONTEIRO, 2008).
Neste ensaio realizado, se utilizou um esclerômetro da marca SADT®, Modelo
Concrete Test Hammer HT-225D, conforme figura 23.

Figura 23: Esclerômetro Digital Utilizado.

Segundo CARINO (1994), o teste de esclerometria é o ensaio não destrutivo para


concreto mais amplamente utilizado, devido a características como a facilidade de manuseio
e o baixo custo de aquisição. Neste caso o ensaio de esclerometria pode fornecer uma boa
avaliação da uniformidade do concreto em uma estrutura, além de através de curvas de

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 11 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

correlação estimar a resistência média da superfície do concreto. Porém, cabe aqui


ressaltar que o ensaio de esclerometria não determina a resistência do concreto, mas
apenas fornece uma correlação entre uma curva de dados e a sua resistência correspondente,
não sendo aceito em substituição ao ensaio de resistência a compressão.
Há ainda de se considerar, os fatores que influenciam os resultados da esclerometria.
A literatura cita diversos fatores como carbonatação, rigidez do elemento, posicionamento do
aparelho, uniformidade da superfície do concreto, entre outros. Neste caso para este tipo de
ensaio procurou-se observar a melhor técnica para a realização do ensaio, porém não se fez
nenhum teste extra para garantir quais eram as condições da viga na realização do teste.
Posto isto, informamos que não foi realizado teste de carbonatação ou nenhum outro teste
além da limpeza da superfície e dos cuidados com o manuseamento do equipamento na hora
do teste.
Segundo Coutinho (1973), a carbonatação pode afetar o ensaio fornecendo índices
esclerométricos mais altos do que os valores reais, visto que, a carbonatação aumenta a
resistência do concreto. Este efeito é relevante para concreto com idade superior a alguns
meses. De acordo com a ABNT NBR 7584:2012 e ABNT NM 78:1996 concretos carbonatados
podem SUPERSTIMAR os índices esclerométricos em até 50% (cinquenta por cento) em
função da camada de carbonatação. Ou seja, não é possível afirmar com certeza que os
resultados apresentados a seguir são 100% confiáveis, uma vez que há outros fatores que
podem influenciar significativamente o resultado.
Para a realização dos ensaios, fez-se a limpeza e polimento das áreas e delimitação
dos pontos de impactos. Em cada ensaio foram efetuados 16 impactos, com as medições
realizadas com o aparelho na posição horizontal, conforme figuras 24 a 26.

Figura 24: Remoção do chapisco e limpeza da área de Figura 25: Marcação dos pontos de ensaio.
ensaio.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 12 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 26: Realização do ensaio.

Após a realização dos impactos, calculou-se a média aritmética e desprezou-se os


valores que divergirem em mais de 10 % do valor médio calculado e recalculou-se a nova
média. Segundo a NBR 7584 (2012), o índice esclerômetro final deve obtido com no mínimo
cinco valores individuais, desconsiderando-se a área de impacto casso isso não for obtido.
Como os ensaios atenderam a este critério, todos foram considerados como aceitos/valido.
Para correlacionar a dureza superficial do concreto com a resistência à compressão,
utilizou-se tabela de conversão fornecida pelo fabricante, conforme mostrado no (Anexo 1).
Após todas as considerações acima, apresento os resultados obtidos nos 3 pontos
que foram executados na viga V14 do 2° e do 3° pavimento, conforme figura a seguir.

Figura 27: Índice esclerometricos obtidos.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 13 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

7. DO LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Na inspeção das fachadas foram verificadas fissuras nas alvenarias, nos cantos das
janelas, a armadura da laje do Pavimento Térreo exposta. Na cobertura, foi identificado
acúmulo de água na laje técnica e corrosão do guarda-corpo do reservatório superior.

Figura 28: Fachada frontal. Figura 29: Fissuras na alvenaria.

Figura 30: Fissuras na alvenaria. Figura 31: Fissuras na alvenaria.

Figura 32: Fissuras na alvenaria. Figura 33: Fissuras na viga do pavimento cobertura.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 14 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 34: Fachada lateral Figura 35: Fissuras nos cantos das janelas.

Figura 36: Destacamento do revestimento da laje. Figura 37: Laje de proteção com aço exposto.

Figura 38: fachada lateral. Figura 39: Fissuras na fachada.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 15 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Figura 40: Fachada posterior. Figura 41: Fissuras nos cantos das janelas.

Figura 42: Acúmulo de água na laje técnica da Figura 43: Corrosão no guarda-corpo do reservatório
cobertura. superior.

8. CONCLUSÃO
Após todo o exposto conclui-se que as patologias ocorridas no sistema de piso,
principalmente as patologias referentes as do destacamento do piso, possivelmente,
não tem nexo de causalidade com o sistema estrutural do prédio, embasando-se na
inspeção visual dos elementos de concreto armado que se teve acesso e na análise
de deformação e homogeneidade das vigas sobreditas. Não foi constatado nenhuma
evidência de movimentação em seus elementos estruturais, ou seja, nem vigas, nem
pilares ou lajes apresentaram evidências que estão causando o problema do
destacamento das cerâmicas do piso.
Em relação as vigas com falhas de concretagem (bicheiras, armaduras
expostas, etc), recomenda-se que seja realizado um tratamento que pode ser feito
com a utilização de argamassa tixotrópica (Grout) para a recomposição do cobrimento
da peça.
End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 16 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Nesta inspeção, também se identificaram tanto na fachada quanto


internamente ao prédio algumas patologias como infiltrações, algumas fissuras em
portas e janelas, corrosão em estruturas de guarda corpo, etc, todas elas precisam ser
reparadas para o bom funcionamento do prédio, mas nenhuma delas tem nexo com a
estrutura do prédio, pois são derivadas de outros motivos, e não colocam em risco a
segurança do mesmo.
Sobre o sistema de piso do prédio, conforme pontuado nas constatações deste
Laudo, “estufamento” e “desplacamento” possuem sua gênese associada a erros
executivos e a variações de tensões provocada pela deformação material/estrutural.
Neste caso ficou evidente, a princípio, que as tensões de cisalhamento ocorrida na
interface placa/argamassa colante foi a principal causa. Nos termos da norma
prescritiva NBR 13753 (1996), a qual discorre sobre os procedimentos executivos de
piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante,
observa a indispensabilidade de se executar juntas que promovam o alívio de tensões
inerentes a movimentação da base ou do revestimento.
Deste modo, após analisado todos os fatos já ocorridos e descritos acima
informamos que há duas possíveis soluções.
1. Para o piso que já está no prédio, será necessário que se façam juntas de
dilatações (dessolidarização) nas marcações de drywall (salas e corredores) e que
essas juntas de dilatações sejam preenchidas com um revestimento flexível de
modo a permitir que as cerâmicas trabalhem com menores chances de ocorrer
destacamentos, ou se caso ocorra, fique limitado apenas a uma sala e não ao
pavimento todo. Porém uma vez que não se conhece o nível de tensões existentes
no piso hoje, é possível que ainda haja destacamento das cerâmicas existentes
mesmo após a criação das juntas. Também seria necessário a adequação das
juntas de dilatações estruturais do prédio, de modo a remover o revestimento que
há nelas hoje e executa-la com o preenchimento adequado.
2. A segunda opção é um pouco mais cara e mais trabalhosa em relação a primeira,
porém, mostra-se mais efetiva contra futuros eventos desta natureza.
Considerando que o prédio em questão, trata-se de uma edificação que
basicamente acomoda salas de aula, todas as vezes que este tipo de evento
ocorrer, acarretará em sérios problemas logísticos do prédio, uma vez que o
destacamento em si, acaba assustando os usuários e o seu reparo envolve a
End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 17 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

quebra ou retirada das demais peças com problemas e a colagem de novas peças,
o que proporciona um enorme barulho nesta etapa de trabalho prejudicando assim
a acústica das demais salas de aula. Posto isto, a segunda solução proposta pela
comissão, seria a integral remoção do piso cerâmico existente e a colocação de
um porcelanato do tipo técnico, voltado para áreas de grande circulação, como
ambientes escolares, supermercados aeroportos e etc. Este tipo de porcelanato
tem melhores características de expansibilidade, durabilidade, absorção entre
outras qualidades do que os materiais cerâmicos, e que acabam por reduzem
drasticamente as chances que este tipo de incidente ocorrer novamente.
Cabe aqui frisar que o problema de destacamento das cerâmicas, não é
exclusivo deste prédio, e que pela situação analisada também irá ocorrer (em maior
ou menor proporção) em outros ambientes, como foi o caso que nos foi relatado do
prédio de laboratórios de Xinguara.

9. ENCERRAMENTO
Encerra-se o presente laudo, constituído de 19 (cinco) laudas impressas no anverso,
devidamente assinado. Sendo composto de 02 (duas) laudas de anexo contendo o
resultado do ensaio de esclerometria e a tabela de conversão.

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 18 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

10. REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7584: Concreto endurecido
— Avaliação da dureza superficial pelo esclerômetro de reflexão — Método de ensaio. Rio
de Janeiro, 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13753: Revestimento de


piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante –
Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752: Perícias de


Engenharia na Construção Civil. Rio de Janeiro, 1996.

NORMA BÁSICA PARA PERÍCIAS DE ENGENHARIA DO IBAPE/SP- 2015.

MEHTA, P. K., MONTEIRO, P. J. M. Concreto. Microestrutura, Propriedades e Materiais.


3. ed. São Paulo: IBRACON, 2008.

COUTINHO, A. Sousa. Fabrico e Propriedades do Betão. Lisboa, LNC, v.1, 1973.

CARINO, N. J. Nondestructive testing of concrete: history and challenges. Proc. V.


Malhotra Symposium (ACI SP-144). Detroit, U.S.A., 1994. pp. 623-679

End. Avenida dos Ipês, Sn, Cidade Jardim, Nova Marabá, Marabá – PA - CEP 68507-590
Página 19 de 19
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

ANEXO 1
Resultados do ensaio de esclerometria

VIGA 14 -PAVIMENTO 02 VIGA 14 -PAVIMENTO 03


PONTO
P01 P02 P03 P01 P02 P03
1 41,9 42,8 39,9 39 36,9 36
2 41 41,2 39,9 37,2 35,7 36,9
3 37,8 40,7 40,8 37,4 32,8 32,1
4 36,7 41 41,2 34,4 35,4 33,9
5 28,6 47,6 39,3 30,9 36,7 34,6
6 40 40 39,4 34,7 35,4 33,4
7 40,5 42,5 39,4 34,4 32,3 36,4
8 33,7 39,8 35,1 36,4 32,6 37
9 37,3 41,3 36,8 41 33,2 36,3
10 40,9 39,5 40,4 38,5 34,5 37,8
11 42,2 39,4 40,2 40 36,3 35,1
12 38,4 40,5 36,7 39,1 32,6 39,3
13 37,6 41,2 35 27,8 32,6 39,3
14 41 43 36,7 40,1 37 38,8
15 34,6 42,8 39,6 25,6 36,2 36,6
16 34,8 40,5 37,1 31,8 34,8 34,9
MÉDIA 37,94 41,49 38,59 35,52 34,69 36,15
10% 41,73 45,64 42,45 39,07 38,16 39,77
-10% 34,14 37,34 34,73 31,97 31,22 32,54
MÉDIA
38,38 41,08 38,59 36,79 34,69 36,42
CORRIGIDA
MÉDIA CONVERTIDO
37,5 43,7 37,5 33,6 30 33,6
(MPa)
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA

Tabela de conversão do valor de força das zonas de teste

Obs.: Tabela de conversão fornecida pelo fabricante.


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO
FOLHA DE ASSINATURAS
E CONTRATOS

Emitido em 18/01/2022

LAUDO TÉCNICO Nº 5/2022 - SINFRA (11.78)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 18/01/2022 09:25 ) (Assinado digitalmente em 18/01/2022 09:24 )


DOUGLAS MARTINS SOUSA BENILCIA GOMES DE ABREU
ENGENHEIRO-AREA ENGENHEIRO-AREA
2361645 2361929

(Assinado digitalmente em 18/01/2022 09:45 )


ALEXSANDER DE OLIVEIRA ZEN
ENGENHEIRO-AREA
2994759

Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.unifesspa.edu.br/documentos/ informando seu


número: 5, ano: 2022, tipo: LAUDO TÉCNICO, data de emissão: 18/01/2022 e o código de verificação:
a29bb6abc1

Você também pode gostar