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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
COORDENAÇÃO DE INFRAESTRUTURA E COMPRAS
GERÊNCIA DE INFRAESTRUTURA

PARECER TÉCNICO 002/2022


13 págs.

Edificação: PRÉDIO DO LABORATÓRIO DE BIODIVERSIDADE

Localização: Rua Charles Darwin - Cidade Universitária, Recife - PE, 50740-570

Responsável Técnico: Eng. Civil João André dos S. Neto

Eng. Civil João André dos S. Neto


Crea: 182071241-9

Recife, 08 de Setembro de 2022.


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO __________________________________________________________3
2. DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO ___________________________________________4
3. METODOLOGIA DE INSPEÇÃO __________________________________________5
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ___________________________________________6

5. CONCLUSÕES __________________________________________________________8

6. BIBLIOGRAFIA ________________________________________________________9

ANEXO FOTOGRÁFICO __________________________________________________10


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1. INTRODUÇÃO

1.1 Solicitante:
Direção do Centro de Biociências – UFPE

1.2 Objetivo:
O presente laudo pericial tem por objetivo relatar as manifestações patológicas e danos
observados durante a vistoria técnica realizada no dia 08/09/202, no edifício do Laboratório
de Biodiversidade, que está sob a responsabilidade da Direção do Centro de Biociências,
situado na Rua Charles Darwin - Cidade Universitária, Recife - PE, 50740-570. Para tanto,
será feita uma discussão a respeito das causas e origens dos problemas, através do
levantamento do histórico da obra, da análise visual das manifestações patológicas.

Podendo o presente laudo viabilizar um acordo ou instruir e ser apenso em petição inicial
judicial.

1.3 Princípios e Ressalvas:

O presente Laudo Pericial/Parecer Técnico obedeceu aos seguintes princípios e ressalvas:

a) Para o objeto em estudo foi empregado o método mais recomendado, com especial atenção
ao postulado pelo IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias, entidade reconhecida
pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;

b) O Perito signatário inspecionou pessoalmente o objeto e o laudo pericial foi elaborado pelo
próprio e ninguém, a não ser o mesmo, preparou as análises e as respectivas conclusões;

c) O laudo foi elaborado com estrita observância dos postulados constantes do Código de
Ética Profissional;

d) Os honorários profissionais do Perito signatário não estão, de qualquer forma,


subordinados às conclusões deste laudo pericial;

e) O Perito signatário não tem nenhuma inclinação pessoal em relação à matéria envolvida
neste laudo pericial no presente, nem contempla para o futuro, qualquer interesse no bem
objeto desta perícia.
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2. DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO

▪ Tipo: Edifício Especial – Universidade;

▪ Idade: 05 anos da conclusão da obra. (12 de Dezembro de 2017);

▪ Pavimentos: 2

▪ Estrutura de concreto armado

▪ fck = 30,0 MPa

▪ Cobrimento especificado em projeto = 3,0 cm

▪ Topografia: Plana

▪ Instalações e equipamentos: Sistema de Bombeamento hidráulico, Sistema de


abastecimento de gás para bancadas de experimentos com canaletas subterrâneas,
Plataforma elevatória para usuários com deficiência de locomoção e Sistemas de
refrigeração com Ar condicionados Splits.

2.1. Localização da edificação:

A edificação fica localizada na Rua Charles Darwin - Cidade Universitária, Recife - PE,
50740-570. A região do entorno da edificação também fará parte da análise devido aos
equipamentos da edificação.

Figura 1: Planta de situação do Lab. Biodiversidade.


Fonte: Google Maps.
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3. METODOLOGIA DE INSPEÇÃO

O presente Laudo Pericial foi elaborado com as conformidades vigentes, em especial a NBR-
13752 de DEZ/1996- Perícias de Engenharia na Construção Civil da ABNT Associação
Brasileira de Normas Técnicas, de acordo com a Lei Federal 5.194/66 e com as resoluções
nº 205/71 e nº 218/ 73 do CONFEA- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.

O primeiro passo para caracterizar as manifestações patológicas apresentadas nas vigas,


pilares e lajes, foi realizar uma análise visual, onde se buscou caracterizar e registrar todos os
sintomas visuais existentes, tais como, fissuras, trincas, desplacamentos no concreto,
eflorescências, infiltrações e manchas de corrosão.

Concomitante a esta etapa foi realizado o levantamento do histórico dos problemas, onde se
buscou algum indício das causas das manifestações patológicas apresentadas.

Após a inspeção predial, dos resultados foram realizadas as suas análises e se chegou às
conclusões.

3.1 Fundamentação e definições:

A Patologia: é entendida com parte da Engenharia que estuda os sintomas e mecanismos, as


causas e origens dos defeitos e vícios construtivos.

As manifestações patológicas ou defeitos: podem também ser definidos como degradações


inesperadas no desempenho dos imóveis, provocando a diminuição da vida útil, a degradação
do imóvel e o desconforto aos moradores.

De acordo com a NBR 13752:96 – Perícias de Engenharia na Construção Civil, seguem


as definições de vício (item 3.75) e Defeito (item 3.28):

“Vício: Anomalias que afetam o desempenho de produtos ou serviços, ou os tornam


inadequados aos fins a que se destinam, causando transtornos ou prejuízos materiais ao
consumidor. Podem decorrer de falha de projeto ou de execução, ou ainda da informação
defeituosa sobre sua utilização ou manutenção”.

“Defeito: Anomalias que podem causar danos efetivos ou representar ameaça potencial de

afetar a saúde ou segurança do dono ou consumidor, decorrentes de falhas do projeto ou


execução de um produto ou serviço, ou ainda de informação incorreta ou inadequada de sua
utilização ou manutenção”.
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ANOMALIA: Irregularidade, anormalidade, exceção à regra.

Anomalia Endógena: Proveniente de vício de projeto, materiais e execução.

Anomalia Exógena: Decorrente de danos causados por terceiros.

Anomalia Natural: Oriunda de danos causados pela natureza.

Anomalia Funcional: Proveniente da degradação, associada ao uso.

A seguir, descreveremos de “per si” as principais manifestações patológicas observados na


Edificação dos Laboratórios de Biodiversidade, sendo anotadas as observações periciais
pertinentes e, tomadas fotografias do local.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Serão apresentados a seguir os resultados pertinentes à inspeção realizada.

4.1 Impedimentos:

Durante a vistoria realizada em 08/09/2022, ficou-se impedido de verificar a Coberta da


edificação, porque não se estava de posse da chave que daria acesso. Ainda assim, não foi um
fator impossibilitador para a realização da inspeção, tendo em vista, que foi possível constatar
as causas das manifestações patológicas mesmo sem esse acesso.

Até a presente data, a Direção do CB não obteve acesso aos projetos da edificação, bem como
não sabe da existência de um sistema de captação e drenagem na coberta nos referidos
projetos.

Não foi apresentado também o Manual de Manutenção e Uso da Edificação do proprietário.


Ficando a Direção do CB prejudicada da informação da existência de tal Manual.

Foram realizadas pela Sinfra UFPE outras inspeções, num passado recente, com o objetivo de
verificar a existência e a causa das manifestações patológicas que surgiram (vícios ocultos).
Porém, embora tenha sido solicitado aos responsáveis, não foram fornecidos tais pareceres.
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4.2 Histórico das patologias

Durante a inspeção, as seguintes observações foram realizadas:

▪ Existem 4 principais pilares (de canto) que apresentam fissuras longitudinais, transversais
e inclinadas à 45º, típicas de leve de corrosão de armadura e esforço cortante devido à
recalque diferencial do solo;

▪ Pavimento intertravado da calçada do imóvel está sofrendo ação da água devido à falta de
captação e drenagem de água da chuva da coberta da edificação;

▪ Com a água caindo constantemente há uma altura aproximadamente de 7m, o solo está
saturando e cedendo. Se fazendo necessária análise através de sondagem para acompanhar
a situação do recalque.

▪ Foi possível constatar que a água infiltrou nas canaletas das instalações de gás dos
laboratórios 01 e 02. Chegando à 15cm de altura.

▪ Ausência de pontos de desplacamentos e armaduras expostas, com isso não se fizeram


necessárias análises de cobrimento;

▪ Leve ocorrência de eflorescências na estrutura da edficicação, devido a lixiviação do


Ca(OH)2;

▪ Foi observado que as infiltrações não estão danificando a instalação elétrica da região;

▪ Verificou-se ausência de estanqueidade nas esquadrias do Auditório (Fachada Norte) e


região próximo à escada (Fachada Leste);
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5. CONCLUSÕES

De acordo com os dados obtidos após a inspeção, constatou-se a existência de vícios ocultos
originados por falhas de projeto ou falhas de execução, que possibilitaram tirar as seguintes
conclusões:

➢ Para o atual nível de deterioração dos pilares, lajes e vigas avaliadas, não existe a
necessidade de um escoramento imediato. Entretanto, caso não seja sanada a infiltração
existente na região e o cenário se agrave, haverá necessidade da sua utilização;

➢ O problema no solo está sendo causado e ampliado pela incidência de água da chuva que
escorre da coberta;

➢ Esquadrias do Auditório e da região da escada não tiveram desempenho satisfatório


quanto à estanqueidade.

5.1 Considerações finais

Após a análise de todos os resultados e conclusões, sugere-se que sejam tomadas as seguintes
medidas:

▪ Reparação da impermeabilização nas regiões de fissuras, para evitar futuras corrosões de


armaduras e carbonatações;

▪ Realização de sondagem do terreno para acompanhar situação do recalque diferencial;

▪ Instalação de um Sistema de drenagem e captação de água da chuva na coberta da


edificação, parando de escorrer água pelo beiral do telhado.

▪ Execução de manutenção nas esquadrias que apresentaram baixo desempenho de


estanqueidade.

▪ Elaboração de um Manual de Manutenção da edificação conforme orientações das normas


ABNT NBR 5674 e ABNT NBR 14037, para acompanhamento e tratamento do cenário
observado neste parecer técnico.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CASCUDO, O. O controle da corrosão de armaduras em concreto : inspeção e técnicas


eletroquímicas. São Paulo, Pini, 1997.

ANDRADE, C. Manual para Diagnóstico de Obras Deterioradas por Corrosão de


Armaduras; tradução e adaptação Antônio Carmona e Paulo Helene.—São Paulo : Pini,
1992.

CASCUDO, O.; REPETTE, W. L. A ação deletéria de cloretos em estruturas de concreto


armado de edifícios residenciais - um caso real. In: REUNIÃO ANUAL DO IBRACON,
37., Goiânia, 1995. Anais. São Paulo, Instituto Brasileiro do Concreto, 1995. B. 1, p. 219-31.

HELENE, P. R. L. Corrosão em armaduras para concreto armado. São Paulo, Pini/IPT,


1986. 47p.

HELENE, P. R. L. Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. 1.


Ed. São Paulo, Pini, 1988.

GENTIL, V. Corrosão. 2. Ed. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987.

SILVA, P. F. A. Durabilidade das estruturas de concreto aparente em atmosfera urbana.


São Paulo, Pini, 1995.

MEHTA, P. K. e MONTEIRO, P. J. M., Concreto, Propriedades e Materiais. São Paulo,


Pini, 1994.

LOPES, B. A. R. Sistemas de Manutenção Predial para Grandes Estoques de Edifícios:


Estudo para inclusão do componente ‘ Estrutura de Concreto’. Dissertação de Mestrado,
UnB, Brasília, 1998.

CLÍMACO, et al Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de


Concreto Armado. IBRACON, Goiânia, 1995.

Notas de aula da disciplina Patologia e Recuperação de Estruturas, Mestrado de


Estruturas e Construção Civil, UnB, 2001.
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ANEXO
FOTOGRÁFICO

Figura 2: Ação do recalque diferencial na casa de Figura 3: Calçada deteriorada devido recalque e
bomba. ação da chuva.

Figura 4: infiltração nas canaletas das Figura 5: infiltração nas canaletas das
instalações de gás dos laboratórios 01 e 02. instalações de gás dos laboratórios 01 e 02.
Chegando à 15cm de altura. Chegando à 15cm de altura.
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Figura 6: Pilar apresenta Fissuras inclinadas Figura 7: Pilar apresenta Fissuras inclinadas e
oriundas de recalque diferencial sofrido pela horizontais oriundas de recalque diferencial
estrutura. sofrido pela estrutura.

Figura 8: Fachadas afetadas pela ação da água da Figura 9: Ausência de sistema de captação e
chuva e recalque diferencial do solo. drenagem de água da chuva. O beiral está curto
fazendo com que a água despenque sobre a calçada
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Figura 10: Ocorrência de leves eflorescências no Figura 11: Manchas de infiltrações recentes na
beiral da laje da edificação. esquadria de alumínio da escada e no sistema de
vedação em alvenaria.

Figura 12: Manchas de infiltrações recentes no Figura 13: Manchas de infiltrações recentes
sistema de vedação próximo à escada. advindas da esquadria de alumínio do Auditório.

Figura 14: Manchas de infiltrações recentes Figura 15: Fissura entre parede e teto em
advindas da esquadria de alumínio do Auditório. consequência do recalque diferencial.
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