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PARECER TÉCNICO
SQNW 104, BLOCOS D e E
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Contrato 53/2020
1 INTRODUÇÃO
No escopo do contrato N. 53/2020, firmado pela EXAMINI com o condomínio SQNW 104,
Blocos D e E, Brasília – DF, consta no item 5 o serviço de elaboração de pareceres técnicos. Nesse
sentido, a presente peça tem por objetivo analisar a ocorrência de estalos nas esquadrias, o que se
faz tendo por baliza inicial as normas NBR 15575/2013, NBR 10152/2017 e NBR 16313/2014.
2 DOCUMENTAÇÃO ANALISADA
Questionando-se o condomínio acerca da existência de projetos técnicos de
engenharia/arquitetura, foram disponibilizados os projetos de arquitetura e de detalhamento de
esquadrias.
Além disso, foram consultadas normas técnicas, verificada bibliografia sobre o assunto e
analisado questionário online respondido por parte dos moradores.
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Orientação
NORTE
Orientação Orientação
OESTE LESTE
Orientação
SUL
Figura 3-1 – Localização do Ed. Jardins dos Ipês e indicação da orientação solar
Figura 3-2 – Fachada Principal – orientação LESTE (prancha 171-ARQ-PL-028-FAC-EMP-R04) – trecho sinalizado utiliza
sistema de fachada-cortina
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Figura 3-4 e 3-5 – Fachadas Laterais – esquerda e direita, orientações SUL e NORTE, respectivamente (prancha 171-ARQ-PL-
028-FAC-EMP-R04) – trecho sinalizado utiliza sistema de fachada-cortina
Figura 3-6 – Detalhe da esquadria (prancha 254-ESQ-EX-001-FCO-EMP-R01) – trecho sinalizado utiliza sistema de fachada-
cortina
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4 EXAME TÉCNICO
A estruturação lógica do Exame Técnico decorre de um aprimoramento sobre a rotina de
trabalho consagrada na literatura especializada (LICHTENSTEIN, 1986, p.4). Desse modo, vale
antecipar o escopo de cada uma das etapas subsequentes:
a) Em sede de anamnese, levantamento das informações pertinentes, tão bem como
obtenção da documentação de interesse, notadamente, eventual histórico das
intervenções, projetos e análise de questionário de entrevista com os moradores;
b) O exame técnico da sintomatologia da manifestação patológica, valendo-se
notadamente dos registros fornecidos pelo condomínio;
c) Um diagnóstico que comportará o levantamento das hipóteses possíveis no que tange
à explicação da causa, origem e mecanismo de atuação, com a condução fundamentada
para as hipóteses não descartadas.
d) Levando-se em conta os apontamentos das etapas anteriores e as particularidades da
manifestação patológica em tela, será traçado um prognóstico, descrevendo os cenários
mais prováveis em caso de inépcia na resolução do problema;
e) Finalmente, dentro do que a Engenharia Diagnóstica intitula terapia, será elaborado
um plano de ação a título de recomendação, trazendo orientações para o contratante
dentro do curto prazo;
f) Deste modo, ter-se-á um produto estruturado em cinco etapas: Anamnese,
Sintomatologia, Diagnóstico, Prognóstico e Terapia.
4.1 Anamnese
Do questionário respondido pelos moradores têm-se um resumo dos acontecimentos. Do
total demoradores, 42,35% (36 unidades) responderam o questionário, e destes, 38,88% (14
unidades) indicaram problemas nos apartamentos.
Dos apartamentos em que foram registrados estalos, apenas 3 formalizaram reclamação por
e-mail à construtora, todos na prumada com final 14.
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4). Criamos, com a autorização do projetista, novas juntas de dilatação nas colunas. No
projeto original essas juntas são colocadas a cada 2 andares, acrescentamos, assim, juntas no
andar da unidade de V. Sa., visando a absorver ainda mais as dilatações decorrentes de variações
térmicas e movimentação natural da estrutura da edificação.”.
Após as intervenções o morador do apartamento 514 voltou a registrar reclamações,
informando que “... apenas aquele estalo inicial, mais baixo, sumiu. Houve intervenção unicamente
na estrutura interna da pele de vidro referente à suíte master. A parte das esquadrias ao nível das
janelas, inclusive as janelas e folhas fixas que se apoiam sobre a alvenaria permaneceram
intocadas.”. E o morador ainda explica que a construtora “... não fez nenhuma intervenção na parte
do conjunto de esquadrias que fica visível de dentro do quarto (nem nas janelas nem nas folhas
fixas) ... aqui, no nível da janela, temos 4 folhas móveis e 3 fixas. Mas, como disse, não houve
intervenção em nenhuma delas.”.
4.2 Sintomatologia
As informações levantadas apontam para uma edificação ocupada há aproximadamente 2
anos, considerando-se a data de elaboração desse Parecer.
Dentre as informações mais esclarecedoras obtidas por meio do questionário respondido
pelos moradores, verificou-se que, a despeito de registros de estalos por toda edificação, há uma
concentração na extremidade nordeste das ocorrências mais contundentes.
Figura 4-1 – croqui esquemático com o resultado da análise das respostas dos moradores ao questionário – apartamentos em que
foram registrados estalos e a localização, em que ambientes foram ouvidos
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A figura 4-1 indica a numeração dos apartamentos nos quais foram observados estalos nas
esquadrias e a posição dos ambientes em que o incômodo foi registrado – fachada leste, sala, suíte
master e suíte 4, e fachada oeste, demais suítes e cozinha.
Importante observar que como indicado nas figuras 3-2, 3-4 e 3-5, nesta área foi instalado o
sistema de fachada-cortina e essa orientação é uma das que mais sofrem com a radiação direta e as
altas temperaturas em Brasília (ARAÚJO NETO, 2018).
4.3 Diagnóstico
Dando continuidade ao Exame Técnico, há que se perscrutar as anomalias descritas no
subtópico precedente, buscando explicar causa, origem e mecanismo de formação de tais
problemas.
Cabe registrar que as normas consultadas não indicam critérios e níveis de desempenho
específicos para o caso em tela.
Estalos em esquadrias ocorrem por conta de variações dimensionais provocadas pela
contração e retração do material. Essa variação dimensional tem origem com as diferenças de
temperatura durante as horas do dia e/ou durante determinados períodos do ano e os efeitos podem
variar dependendo da amplitude da movimentação, como também da velocidade como esta ocorre
(THOMAZ, 2014).
A amplitude e a velocidade da movimentação são alteradas de acordo com a intensidade das
temperaturas e de suas mudanças bruscas, resultado da incidência de radiação solar, sujeita à
orientação (pontos cardeais e colaterais), e ao clima local.
Importante colocar que a percepção de efeitos relativos às questões de conforto acústico e
térmico, por exemplo, dependem de vários fatores pessoais, de forma que há subjetividade quando
é necessário classificar seus efeitos sob à ótica dos usuários.
Por outro lado, não se pode negligenciar a concentração de registros negativos em
determinado ponto da edificação, o que, de plano, aponta para um possível erro sistemático. Cabe
registrar que o maior número de problemas dessa natureza foi registrado na junta G (figura 4-1),
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especificamente nos apartamentos de final 14, única área que sofreu intervenção por parte da
construtora e para a qual foram formalizadas reclamações por email.
O fato é que tecnicamente verifica-se a possibilidade de um efeito negativo mais contundente
sobre as esquadrias localizadas na extremidade norte da edificação por conta de, pelo menos, duas
razões: Primeiramente, por conta da orientação solar que recebe radiação direta sem proteção (de
brises, por exemplo) em maior intensidade que da outra extremidade (sul). Em segundo lugar, tem-
se a escolha do sistema de fachada cortina, que em razão de sua extensão contínua, sinaliza os
efeitos da dilatação térmica de forma mais categórica do que as janelas intercaladas por trechos de
alvenaria.
Nesse sentido, há todo um conjunto de unidades privativas da mesma edificação que pode ser
utilizado como paradigma para fins de se sopesar se seria ou não razoável a situação verificada nos
apartamentos de final 14.
4.4 Prognóstico
O propósito deste subtópico é traçar cenários mais prováveis de evolução do quadro
diagnosticado para o caso de não intervenção.
De pronto, impede comentar sobre a perspectiva de possibilidade de surgimento de outras
manifestações patológicas, conforme coloca Thomaz (2014), visto que alguns materiais podem
sofrer fadiga pela ação de ciclos alternados por solicitações contínuas de tração e compressão.
E a despeito da afirmação da construtora, de que “... não há providências técnicas
adicionais a serem adotadas”, o fato de as intervenções terem acontecido em parte do sistema de
fachada-cortina, como informou o morador do apartamento 514, levanta a hipótese de que possa
ainda serem feitos ajustes e tentativas de correção do problema nos trechos ainda não retificados.
Ademais, acreditando na possibilidade do aparecimento de outras manifestações em
consequência do problema objeto desse parecer, cabe expor que o retardamento nas intervenções
corretivas tende a repercutir em um crescimento substancial do montante necessário para recuperar
a área em questão, o que se vislumbra por analogia a estudos técnicos consagrados (SITTER, 1984).
Ou seja, não fazer nada poderá acarretar correções cada vez mais onerosas por unidade de tempo.
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4.5 Terapia
A fim de eliminar as hipóteses quanto ao local de origem do problema, de forma a buscar
solução definitiva para o problema, sugere-se:
- Realizar a revisão nas ancoragens (estas fazem a fixação da esquadria de alumínio na
estrutura de concreto armado), onde esse serviço ainda não foi executado, com o objetivo
de aumentar a margem de movimentação da esquadria quando ocorrem as dilatações;
- Realizar medição sonora com empresa especializada para verificação do nível de pressão
sonora e da respectiva frequência para checar se a ocorrência do fenômeno é compatível com os
ambientes em que ocorrem, a exemplo das informações contidas nas figuras abaixo.
Figuras 4-2 e 4-3 – Níveis de pressão sonora e limiares auditivos. Fonte: Manual Proacústica de Acústica Básica
5 CONCLUSÃO
O laudo foi elaborado com a estrita observância dos postulados constantes dos Códigos de
Ética Profissional do CONFEA- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e das
Normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
O signatário assume responsabilidade sobre matéria de arquitetura, incluídas as implícitas
para o exercício de suas funções, precipuamente estabelecidas em lei, códigos ou regulamentos
próprios.
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Questões de conforto acústico são subjetivas, não obstante, as informações contidas nesse
parecer robustecem a hipótese da ocorrência de um problema pontual e anormal no sistema de
fachada-cortina na extremidade norte da edificação.
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6 REFERÊNCIAS
SITTER, W. R. Costs for service life optimization. The “Law of fives”. Durability of
concrete structures, Proceedings. Copenhagem: CEB-RILEM, 1984. p. 18-20.
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APÊNDICE
Resulta do Questionário
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