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UNIVERSIDADE JEAN PIAGET DE ANGOLA

(Criada pelo Decreto n. 44-A/01 de 6 de Julho de 2001)


FACULDADE DE CIÊNCIA E TECNOLOGIAS

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

RELATÓRIO DE INSPEÇÃO, DIAGNÓSTICO E REFORÇOS ESTRUTURAL.

INSPECÇÃO DE UM ESTABELECIMENTO DE ENSINO


«LICEU Nº 160, 4 DE FEVEREIRO-LUENA MOXICO»

Mestrando: Ernesto Chinhama Camboi


Nº. 7

Professor: José Paulo Kai, PhD

Luanda, Outubro de 2022


SUMÁRIO EXECUTIVO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1
1.1. Objectivo geral ............................................................................ 1
1.2. Objectivos específicos................................................................. 1
1.3. Metodologia e diagnóstico utilizada ............................................ 2
2. LOCALIZAÇÃO DO LICEU Nº 160 DO BAIRRO 4 DE FEVEREIRO ... 2
2.1. DESCRIÇÃO GERAL DO LICEU EM ANÁLISE .............................. 4
2.2. LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE ANOMALIAS /
PATOLOGIAS ............................................................................. 5
2.2.1. Identificação das Anomalias ............................................... 5

2.2.2. Cobertura, Paramentos Exteriores, Interiores ................... 6


2.2.3. Vãos ................................................................................... 8
3. ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS EXISTENTES ....... 8
3.1. Ensaios Destrutivos ............................................................ 8
3.2. Extração de Testemunhos .................................................. 8
3.3. Ensaios Medida da Profundidade de Carbonatação ........... 11
4. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ........................................................... 12
4.1. Pacômetro .......................................................................... 12
4.2. Esclerômetro.......................................................................
5. PROPOSTA DE REPARAÇÃO/REFORÇO .......................................... 14
5.1. Técnicas de Recuperação ou Soluções.............................. 14
5.2. Argamassa Armada e Reboco Armado .............................. 15
5.3. Substituição de Elementos Degradados e Fechamento de
Juntas ................................................................................ 16
5.4. Protensão ou atirantamento ............................................... 16
5.5. Adição de elementos em aço (vigas ou colunas) ............... 17

CONCLUSÕES .......................................................................................... 18

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 20

Anexos
1. INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos, os técnicos de engenharia e de arquitetura têm vindo a


adquirir um vasto conjunto de ferramentas e de diretrizes capazes de fornecer
apoio muito relevante à deteção de anomalias e das suas respetivas
consequências (Appleton, 2002). De facto, nas últimas décadas a área da
patologia da construção tem-se afirmado com alguma relevância no sector da
construção, sendo objeto de um grande desenvolvimento, no que se refere à
realização dos inúmeros estudos e investigações relacionadas com o tema
(Lima, 2009 citando Henriques, 2006).

Na realidade, tem-se assistido à degradação do Liceu nº 160 do Bairro 4 de


fevereiro localizada na província do Moxico e ao envelhecimento precoce dos
seus elementos constituintes. A incoerência dos projetos e de controlo em obra,
a velocidade exigida ao processo de construção, a aplicação de técnicas
construtivas inovadoras e de materiais de fraca qualidade, assim como a
utilização da sistemática de mão-de-obra não qualificada, têm vindo a reduzir a
qualidade e eficiência das construções contemporâneas.

Visto que o modo como se procede à reabilitação, na generalidade das


construções, é um factor chave na sustentabilidade das mesmas, torna-se
imprescindível a correta interpretação de anomalias, alicerçada por meios de
diagnóstico objetivos e adequados. Durante a Inspenção e o diagnóstico
realizado no Liceu nº 160 se levanta o seguinte problema: A necessidade de
conhecer as patologias presentes na instituição.

1.1. Objectivo geral

O objetivo geral deste trabalho é apresentar uma proposta de metodologia de


inspeção do Liceu nº 160 localizada no bairro 4 de Fevereiro na província do
Moxico.

1.2. Objectivos específicos


 Identificar potenciais problemas;
 Monitorizar para evitar eventuais danos;
 Identificar zonas com necessidade de manutenção preventiva;
 Avaliar o desempenho dos elementos e da construção.

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1.3. Metodologia de diagnóstico utilizada

A Metodologia e diagnóstico utilizada neste trabalho é para o entendimento


completo dos fenómenos ocorridos e análisar as relações, causa-efeito, que
normalmente caracterizam um problema patológico, entender os “porquê” e os
“como” dos dados conhecidos por intermédio da observação, verificação;
descrição e caracterização da anomalia, como são classificadas.

A monitorização de eventuais danos, identificação da solução e controlo do


resultado; A observação foi tida em conta in-loco; c) A pesquisa de campo,
mostrou in loco a realidade dos factos; obtida através das fichas e fita métrica;
d) A entrevista, foi obtida através questões e informações dadas pelos actuais
utilizadores; e) O estudo de caso que levou-nos para o estudo desta pesquisa.

Etimologicamente, a palavra patologia tem origem em duas palavras gregas,


respetivamente, pathos (doença) e logos (ciência) (Ferreira, 2010 citando Calejo,
2001), encontrando se associada à ciência que compreende as anomalias e as
suas respetivas causas/origens que poderão surgir num edificado, após a sua
concretização.

Durante a execução de qualquer obra, ou durante a vida útil da mesma, é


frequente observarem-se fenómenos anómalos que podem condicionar o
desempenho estético ou funcional dos materiais constituintes (Garcia, 2006). Na
realidade, essas mesmas anomalias podem ter implicações na funcionalidade
do edifício ou na segurança estrutural (Ribeiro & Cóias, 2003).

2. LOCALIZAÇÃO DO LICEU Nº 160 DO BAIRRO 4 DE FEVEREIRO

O Liceu em caso, encontram-se situado no Bairro 4 de Fevereiro na Província


do Moxico, é Localizada a Leste da cidade do Luena. Na Figura 01 é possível
observar no mapa a localização referente.

2
Figura 01

Figura 02

3
2.1. DESCRIÇÃO GERAL DO LICEU EM ANÁLISE

Não havendo qualquer documentação sobre o projeto do Liceu, toda a


informação referente a este imóvel foi obtida através da visualização aquando
da sua inspeção. O Liceu é rés-do-chão que inclui dez salas de aulas, dois
laboratórios, uma secretaria, uma sala dos professores, uma sala de
coordenação três gabinetes para os directores, Director Geral, Subdirector
Administrativo, Subdirector Pedagógico, um Balneário para os Professores e um
Balneário para as Professoras e dois balneários para os estudantes. Em relação
à cobertura, este Liceu possui uma cobertura inclinada com chapa de três água.

Para ilustrar o que foi descrito anteriormente, foram desenhadas com o apoio do
software AutoCad as plantas da habitação com base na visualização no local
durante a inspeção, com o auxílio do registo fotográfico. Seguidamente,
apresentam-se as plantas do rés-do-chão, e a imagem da cobertura, (Figura 03
a 04).

Figura 03

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Figura 04

De salientar que:

 A referida planta (rés-do-chão, cobertura e corte) encontram-se sem uma


escala definida (nos desenhos com o apoio do software AutoCad, estão
executadas com escala).

2.2. LEVANTAMENTO E MAPEAMENTO DE ANOMALIAS /


PATOLOGIAS

A inspeção do Liceu em estudo foi feita com o objetivo de identificar e caraterizar


as anomalias/patologias analisadas no local, registando-as, de forma a termos a
informação clara e bem organizada. É de salientar que, a principal ferramenta
utilizada para a determinação do estado atual do Liceu, bem como a análise das
anomalias/patologias existentes nos elementos construtivos, foi a inspeção
visual e o registo fotográfico, uma vez que não se disponha de meios, tanto a
nível financeiro como equipamento específico para realizar ensaios estruturais,
por forma a verificar a capacidade resistente da estrutura e dos elementos que
a compõem e o estado de deterioração da mesma.

2.2.1. Identificação das Anomalias

Neste trabalho, procurou-se identificar e descrever as principais anomalias


observadas no Liceu em estudo, sistematizando-as por elementos construtivos,
designadamente coberturas, paramentos exteriores, paredes interiores, tetos e

5
vãos, procurando também tentar identificar as causas mais prováveis que
levaram ao seu aparecimento.

2.2.2. Cobertura, Paramentos Exteriores, Interiores

Como já referido, Liceu possui uma cobertura inclinada com chapa. O acesso à
cobertura inclinada do edifício foi facilitado pelo fato do Liceu utilizando uma
escada, tornando assim possível a inspeção. Através da inspeção foi possível
observar várias anomalias, que de seguida será descriminada, logo serão
detalhadas as anomalias em simultâneo com o registo fotográfico das mesmas.

Durante a inspeção foi possível visualizar que, para além de algumas chapas
estarem ferujadas, uma parte da cobertura já tinha ruído, permitindo a ocorrência
infiltrações, o que contribuiu para o aumento do estado de degradação no interior
da habitação. Como se pode verificar na Figura 05, a falta de manutenção ou
manutenção inadequada foi também uma das causas que contribuiu para o
aumento desse mesmo estado de degradação, uma vez que é percetível verificar
que, no caso das Chapas estarem ferujadas na cobertura.

Figura 05

Os paramentos exteriores, como o próprio nome indica, abrangem tudo o que


esteja localizado exteriormente. Ao longo da inspeção foram encontradas várias
anomalias, devido à inexistência de manutenção, como acumulação de
elementos (resíduos construtivos) e crescimento de vegetação parasitária.

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As paredes exteriores do Liceu encontram-se também num estado de
degradação, como se pode verificar na Figura 06 e Figura 07. Estas paredes
requerem uma atenção, uma vez que algumas delas fazem parte dos elementos
estruturais, e, em certas partes, o foro quase já desapareceu e, sendo essas
paredes pode provocar a diminuição da resistência das paredes.

Figura 07
Figura 06

Durante a inspeção ao interior da habitação, observou-se que a maioria das


anomalias que surgiram nas paredes interiores e tetos, devem-se ao estado de
degradação em que se encontra a cobertura. É suscetível observar manchas de
sujidade e destacamento da pintura nas paredes devido às infiltrações
provenientes da cobertura.

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2.2.3. Vãos

Tal como o resto da habitação, tanto no interior como no exterior, também os


vãos se encontram degradados. Nalgumas portas, o estado de degradação não
é ainda de grau muito elevado, sendo ainda possível a sua recuperação. No
entanto, deve ter-se em conta se compensa a sua recuperação em detrimento
da substituição por novos elementos.

3. ENSAIOS PARA AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS EXISTENTES

Neste capítulo são apresentados alguns dos principais ensaios destrutivos e não
destrutivos que são comumente aplicados em avaliação de estruturas existentes
de concreto armado, como uma forma de apoio pós-inspeções visuais, para
auxiliar no diagnóstico final da estrutura.

3.1. Ensaios Destrutivos


3.2. Extração de Carotes (Testemunhos)

O ensaio de extração de carotes (testemunhos) é o método destrutivo mais


utilizado em campo para determinar a resistência do concreto in situ, pois a
confiabilidade dos resultados obtidos é consideravelmente boa em comparação
a outras técnicas. Para a extração de carotes, é necessário que sejam evidentes
os objetivos da atividade, tanto para as escolhas dos locais, onde serão retirados
os carotes, quanto para o diagnóstico dos resultados. Tais objetivos podem ser
relevantes para a avaliação da resistência de uma determinada região crítica da
estrutura ou de uma parte suspeita de ter sido danificada, ou ainda estimar um
valor de resistência representativo de toda estrutura, sendo necessária, neste
caso, uma amostra aleatória que represente a estrutura como um todo
(CASTRO, 2009; FIORE; PORCO; GIUSEPPINA UVA, 2013).

No Brasil, esse ensaio é regulamentado pela NBR 7680 (2015) que estabelece
condições que devem ser seguidas, como processos de extração, preparação,
ensaio e análise de testemunhos de estruturas de concreto. Na parte 1 da norma
é explicado sobre as operações relativas à resistência à compressão. Ainda
segundo a NBR 7680 (2015), para realizar a extração de testemunhos, o
equipamento utilizado deve permitir amostras cilíndricas, homogêneas e

8
íntegras. Para se extrair os testemunhos, deve ser empregado um conjunto de
extratora provido de cálice e coroa diamantada ou outro material abrasivo sem
danificar significativamente a estrutura. A Figura 8 ilustra o equipamento utilizado
e a demonstração do seus componentes, e a Figura 9 mostra o uso do
equipamento. Outro ponto também citado na norma é que o equipamento deve
possibilitar a refrigeração por meio da água no local em que está sendo realizado
o corte e minimizar as vibrações, que precisam ser evitadas para se obter
paralelismo entre as geratrizes dos testemunhos extraídos e evitar ondulações
na superfície dos mesmos.

 Extração de carotes
(testemunhos).

Figura 08

 Identificação de diferentes composições


 Determinação da espessura de recobrimento

Figura 09

9
Segundo Silva Filho e Helene (2011), os diâmetros comumente utilizados para
extração são 100, 75 e 50 mm e, cada vez mais, a tendência é o uso de brocas
com diâmetros menores, a fim de reduzir o tamanho dos furos e,
consequentemente, os danos à estrutura.

Referente às estruturas existentes, os requisitos para a divisão da estrutura para


a retirada das amostras e a quantidade de testemunhos a serem retirados estão
descritos na norma. Em alguma situação que não seja possível obter o histórico
do controle tecnológico, a divisão da estrutura deve ser feita em função da
importância dos elementos estruturais que a compõem e da homogeneidade do
concreto, que pode ser avaliada com o uso de ensaios não destrutivos.

Para a realização da escolha onde devem ser retiradas as amostras dos


elementos selecionados, após a divisão da estrutura, os testemunhos têm que
ser extraídos a uma distância maior ou igual ao seu diâmetro com relação às
bordas do elemento estrutural ou juntas de concretagem. Quando selecionado o
local em que será retirado o testemunho, deve-se garantir que as armaduras não
sejam cortadas, para isso, pode ser utilizado um pacômetro. Se for necessária a
extração de mais de um testemunho no mesmo pilar, estes devem ser retirados
na mesma prumada, obedecendo à distância mínima entre furos. É
recomendada que a redução transversal de um pilar, em que tenha sido retirado
o testemunho, seja sempre menor que 10%. A segurança estrutural deve ser
monitorada em todas as etapas (antes, durante e após a extração) e, quando
necessário, com o uso de escoramentos (NBR 7680, 2015).

Na retirada da amostra de concreto, após a realização do corte no elemento, é


necessário exercer uma força na ortogonal ao eixo do testemunho, no topo,
fazendo com que se rompa na base e com cuidado para não romper as bordas.
Para a realização do ensaio de resistência, é preciso que as amostras estejam
íntegras, sem fissuras, segregação, ondulações e sem materiais estranhos
(exemplo: madeira), os testemunhos que possuem algum defeito são
descartados (NBR 7680, 2015).

As desvantagens do ensaio são sistemas de aquisição de dados


insuficientemente rápidos, vibrações no quadro de carga e frequência de
ressonância dos sensores. Esses problemas levam a perdas aparentes de

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energia e grande variação dos resultados entre os laboratórios. Esse também é
limitado devido a um fato chamado duplo golpe, causado pelo rebote do
impactador que pode ocorrer caso o corpo de prova não seja totalmente
quebrado pelo primeiro golpe do impactador.

3.3. Ensaios Medida da Profundidade de Carbonatação

O ensaio consiste em determinar a profundidade da camada carbonatada na


superfície do concreto endurecido por meio de um indicador. A solução de
fenolftaleína é adequada para determinar a profundidade de carbonatação, pois
o material torna o concreto não carbonatado vermelho, e permanece incolor no
concreto carbonatado (Figura 12). Em situações de estruturas existentes, o teste
é realizado in situ (RILEM, 1988).

Figura 10

Em estruturas existentes, a determinação da profundidade de carbonatação


pode ser realizada utilizando núcleos perfurados, retirados de estruturas
concluídas e posteriormente divididos. O diâmetro de tal núcleo perfurado deve
ser de pelo menos 50 mm.

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A determinação da profundidade de carbonatação em núcleos perfurados deve
ser realizada imediatamente após a perfuração. Se um armazenamento mais
longo for inevitável, por razões especiais, as amostras devem ser armazenadas
em recipientes livres de CO2, até que possam ser medidos.

A profundidade da carbonatação deve ser medida em superfícies divididas das


amostras em ângulos retos até a superfície de um membro estrutural. As
medições realizadas na superfície externa dos núcleos perfurados são menos
precisas.

4. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS


4.1. Pacômetro

O pacômetro é um equipamento que pode detectar armaduras e também o


cobrimento do concreto. Este aparelho realiza a leitura com base na interação
que acontece entre a armadura e o campo eletromagnético de baixa frequência,
criado pelo próprio equipamento. Desse modo, com os dados recolhidos de
intensidade e frequência, é estimado o diâmetro e o cobrimento da armadura
(ACI 228 2R, 2013; SANTOS, 2008).

Conforme explicado por Sahuinco (2011), após a calibração do pacômetro, o


ensaio é aplicado, percorrendo a sonda em pontos previamente marcados,
identificando por meio de sinais sonoros a existência de armadura nas
proximidades do ponto, obtendo, desse modo, a leitura do cobrimento da
armadura e espaçamento entre elas.

4.2. Esclerômetro

O engenheiro suíço Ernst Schmidt foi o primeiro a desenvolver a prática do uso


do esclerômetro (Figura 13), aparelho também conhecido como rebound trest
hammer, no fim dos anos de 1940. O funcionamento desse equipamento ocorre
quando pressionado contra uma superfície de concreto, o êmbolo retrai contra a
mola e esta é automaticamente liberada, quando totalmente tensionada,
ocasionando um impacto no concreto através do êmbolo. Após a aplicação do
esclerômetro, é possível ver no próprio aparelho o resultado do teste. O
equipamento é de fácil utilização e pode ser operado de forma horizontal ou
vertical (BUNGEY; MILLARD; GRANTHAM, 2006).

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Figura 11

De acordo com a NBR 7584 (2012), o ensaio permite, como um método não
destrutivo, medir a dureza superficial do concreto e fornecer dados para avaliar
a qualidade do concreto endurecido.

Ainda, na norma NBR 7584 (2012), é descrito como deve ser executado o
ensaio, inicialmente a superfície do concreto deve estar seca, limpa e plana,
outros tipos de superfícies devem ser evitados, pois não fornecem dados
homogêneos. Para realizar o ensaio, a área de aplicação deve ser preparada por
meio de um polimento energético ou disco de carborundum, por movimentos
circulares, e a poeira gerada deve ser removida a seco. A aplicação deve estar
afastada de regiões afetadas por segregação, exsudação, concentração
excessiva de armadura, juntas de concretagem, cantos, a restas etc. Os
impactos com o aparelho devem ser feitos dentro de uma área em 16 pontos.

Segundo Bungey, Millard e Grantham (2006), o ensaio do esclerômetro pode ser


influenciado por dois fatores:

1. Combinação de características: tipo de cimento, composição do cimento


e tipo do agregado graúdo;
2. Característica do elemento: Massa, compactação, tipo de superfície,
idade, taxa de endurecimento, cura, carbonatação superficial, umidade,
estado de estresse e temperatura.

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5. PROPOSTA DE REPARAÇÃO/REFORÇO
5.1. Técnicas de Recuperação ou Soluções

As estruturas em alvenaria podem sofrer intervenção de diversas formas


segundo o objetivo a que se pretende na estrutura:

 Proteção;
 Reparação;
 Restauração;
 Reforçada;
 Reformulação Estrutural;

Geralmente para a reabilitação das paredes afetadas por patologias, utiliza-se


uma ou várias etapas combinadas, desde a eliminação das anomalias,
substituição dos elementos e/ou materiais, ocultação das anomalias, proteção
contra agentes agressivos, eliminação das causas das anomalias, reforço das
características funcionais. A escolha da estratégia a ser utilizada vai variar em
função do tipo de patologia, da facilidade do diagnóstico e das condições
técnicas, econômicas e viáveis de tais procedimentos (ARAÚJO, 2010) (SILVA,
2002).

Após a análise dos mecanismos patológicos, identificando principalmente se o


motivo da falha tem relação com o comportamento estrutural, é possível verificar
a melhor solução, seja ela reforço ou reabilitação (SAMPAIO, 2010).

Para trincas, os tratamentos convencionais diferem com relação às trincas


“vivas” (em fase de desenvolvimento) e “mortas” (estabilizadas). Para trincas
vivas, comumente utilizam-se terapias com aplicação de materiais elásticos,
como poliuretanos, siliconados, polissulfetos e resinas acrílicas. Já para as
trincas mortas, convencionalmente utilizam-se tratamentos com massa de resina
epóxicas ou selantes rígidos. Para os dois casos, o modo de aplicação também
é diferente: enquanto que para trincas vivas é utilizado a injeção dos materiais,
para o segundo caso pode ser feita apenas uma colmatação – cobrimento
superficial (OLIVEIRA, 2001).

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5.2. Argamassa Armada e Reboco Armado

Para conter as trincas e fissuras oriundas de problemas estruturais, a alvenaria


estrutural pode ser reforçada utilizando a técnica de argamassas armadas, que
consiste na introdução de armaduras chumbadas com argamassa rica em
cimento e posicionadas perpendicularmente à fissura (OLIVEIRA, 2001).

Essa técnica é utilizada também para tratamento de estruturas de concreto,


apresentando características de melhoria na resistência e ductibilidade e
também a durabilidade das estruturas tratadas. Quando aplicada a técnica
corretamente, os painéis revestidos mostram um aumento na carga de ruptura,
até duas vezes maior.

A técnica geralmente consiste na aplicação do revestimento armado por toda a


superfície das paredes, não só recuperando a trinca, mas reforçando a alvenaria
como um todo. Assim, além do aumento das características já citadas, a técnica
pode ser utilizada em situações onde há necessidades estruturais especiais
como reservatórios, muros de arrimo, etc. (OLIVEIRA, 2001).

Para os casos de recuperação, inicialmente deve-se fazer o preenchimento das


fissuras com pasta de cimento, para que então a parede receba um revestimento
de argamassa reforçada com tela de aço disposto nas duas faces da parede. O
revestimento deve ter espessura pequena, mas deve apresentar o cobrimento
necessário para que não haja a deterioração da armadura (+/- 30 mm). A Figura
12 mostra a colocação de telas em paredes de alvenaria estrutural para testes.

Figura 12

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5.3. Substituição de Elementos Degradados e Fechamento de Juntas

Através da remoção parcial, a argamassa danificada deve ser substituída por


outra que apresenta características melhoradas, como uma de maior
durabilidade apresentando também, melhor desempenho quanto às
propriedades mecânicas. Essa ação é indicada em casos de fendilhamento,
esforço excessivo de compressão, recalques, ações térmicas, entre outros. Para
melhorar as características, pode-se incluir, junto à argamassa de assentamento
horizontal, armaduras de reforço (ROQUE, 2002 apud SAMPAIO, 2010, p. 32).

5.4. Protensão ou atirantamento

Para casos mais graves de problemas estruturais, como por exemplo o


aparecimento de fissuras causadas por recalques intensos de fundações, pode-
se recorrer à utilização de tirantes de aço na alvenaria. O método baseia na
utilização de tirantes que transmitem os respectivos esforços através de placas
de aço chumbadas em superfície regularizada com argamassa (OLIVEIRA,
2001).

Todo o tirante, nesse caso, deverá ser protegido com impermeabilizante: corpo,
extremidades e até mesmo placa e porcas de fixação. No momento em que se
for apertar as porcas, é recomendado que os tirantes estejam aquecidos, para
que quando resfriados produzam a contração e por consequência a compressão
da alvenaria (OLIVEIRA, 2001). A Figura 13 mostra a utilização de tirantes em
paredes de alvenaria estrutural fissuras.

Figura 13

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Já a protensão vertical consiste na inserção de barras de aço dentro dos furos
dos blocos estruturais ao longo da alvenaria ou nos locais convenientes,
grauteando apenas a base onde as barras foram posicionadas, fazendo a
protensão das barras na vertical e deixando a alvenaria livre para se deformar
(SAMPAIO, 2010).

5.5. Adição de elementos em aço (vigas ou colunas)

Quando é necessário aumentar a resistência de uma estrutura, pode-se fazer o


reforço da mesma por meio da utilização de elementos em aço. A forma de
utilização vai variar em função de que esforços se pretende conter na alvenaria.
Quando o objetivo é aumentar a resistência ao carregamento vertical, o aço pode
ser utilizado de três formas distintas:

 Reforço de colunas em alvenarias danificadas por meio do


encamisamento com perfis verticais em aço;
 Reforço por meio da inclusão de perfis em aço dentro da alvenaria (em
furos adequados) ou pela adição de colunas colocadas lateralmente a
alvenaria;
 Inclusão de pórticos ou de vigas em aço nos locais enfraquecidos pelas
aberturas. Já nos casos onde se pretende obter o aumento da resistência
à esforços laterais, pode-se utilizar elementos em aço na forma de
contraventamentos, ligando transversalmente paredes principais ou
fazendo o enrijecimento da parede (CAMPOS, 2006). Entre Outras
Soluções.

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CONCLUSÕES

As construções em alvenaria estrutural, assim como em outras técnicas


construtivas, estão passíveis a sofrer, ao longo de sua vida útil, efeitos
indesejáveis de manifestações patológicas, interferindo na qualidade do produto,
seja apenas em questões estéticas, quanto funcionais e até mesmo estruturais,
tornando-as vulneráveis ao colapso.

A alvenaria estrutural é o resultado da combinação de diversos materiais que


possuem características diferentes. Apesar de desenvolver certas
características de seus componentes, a alvenaria estrutural deve ser
considerada em função da interação desses elementos e não um material
homogêneo, considerando inclusive o efeito da interação físico-químico desses
elementos.

Devido também a essas características, as fissuras assumem a principal forma


de patologia. A configuração que adquirem varia em relação ao local e ao tipo
de problema que ocasionou a patologia, podendo apresentar-se de forma
horizontal, vertical, diagonal ou ainda uma combinação dessas, com abertura
constante ou variável.

É fundamental para o correto reconhecimento das patologias, conhecer os


sintomas visíveis que as mesmas assumem. Só a partir de um diagnóstico
seguro é possível identificar os agentes patológicos responsáveis pelo
surgimento e assim, selecionar a intervenção mais adequada para determinada
situação.

Este trabalho teve por finalidade apresentar uma proposta de metodologia de


inspeção do Liceu nº 160 localizada no bairro 4 de Fevereiro na província do
Moxico e estudar o comportamento da alvenaria estrutural como resposta a
problemas comuns que atacam essa estrutura, identificando, por meio de
pesquisas bibliográficas, as manifestações patológicas que mais ocorrem. Como
objetivo principal, essas anomalias foram apresentadas junto com as principais
características e os agentes patológicos responsáveis pelo seu aparecimento.
Foram identificadas também as formas de tratamento usuais na recuperação e
reabilitação de alvenarias danificadas. Por fim em anexo, foi elaborado um

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quadro comparativo para a identificação dessas patologias, facilitando o
diagnóstico de diversas situações.

19
REFERÊNCIAS
Wikipédia, a enciclopédia livre (2020). Home Page [Internet]. Disponível em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Divisãoadministrativadobengo [22 de Outubro, 2022].
Material do Modulo de Inspeção, Diagnóstico e Reforço de Estruturas na 3ª
edição do Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Jean Piaget de Angola
do ano 2022/2023.
Construído - ANTAC, Porto Alegre, 31 Julho 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-
86212011000300002&script=sci_arttext.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7200:
Execução de revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas
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ASSUNÇÃO, José A. D. H. R. Patologia e Terapia dos Edifícios do Tribunal
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BAUER, Roberto J. F. Materiais de Construção. Taubaté - São Paulo: [s.n.].
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Grande do Sul. Porto Alegre, p. 73. Monografia de Conclusão de Curso. 2010.
KYLES, Shannon. A Sumary of Western Architecture. Ontario Architecture,
2002. Disponivel em: . Acesso em: 2012 junho 27.
MOHAMAD, Gihad; RIZZATTI, Eduardo; RAMOS, Humberto. Modo de ruptura,
deformabilidade e resistência de pequenas paredes estruturais. Associação
Nacional de Tecnologia do Ambiente.

20
ANEXO

Cronograma das actividades.

ACTIVIDADES Out-
Nº 22
25 26 27 28
01 Análise geral da estrutura X
02 Identificação das patologias existentes X X
03 Caracterização das patologias existentes X X X
04 Avalição das possíveis causas das X X X
patologias

QUADRO COMPARATIVO PARA A IDENTIFICAÇÃO DESSAS


PATOLOGIAS, FACILITANDO O DIAGNÓSTICO DE DIVERSAS SITUAÇÕES

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