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Patologia dos

Revestimentos Cerâmicos

Patologia dos revestimentos


28/09/2016 cerâmicos 1
Introdução

Esta exposição tem por objetivo apresentar as


patologias mais freqüentes e significativas
encontradas em pisos e paredes, internos e externos,
revestidos com cerâmicas.
As patologias foram classificadas quanto aos tipos
de defeitos, formas de manifestação, causas, formas
de evitar seu aparecimento e procedimentos para a
sua recuperação.

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Requisitos funcionais
 Desempenho térmico (principalmente isolação);
 Desempenho acústico (principalmente isolação);

 Estanqueidade à água;

 Controle da passagem de ar;

 Proteção e resistência contra o fogo;

 Desempenho estrutural (estabilidade, resistência mecânica e adequada

deformabilidade);
 Controle de iluminação (natural e artificial) e de raios visuais (privacidade);

 Durabilidade;

 Custos iniciais e de manutenção adequados;

 Padrões estéticos (conforto visual);

 Facilidade de limpeza e higienização.

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Causas possíveis
 Seleção equivocada de produtos para ambientes mais
agressivos que sua característica de uso;
 Técnica inadequada de assentamento por ausência de juntas
de expansão ou deformação devido à má impermeabilização;
 Desconhecimentos das tensões provenientes de movimentos da
base;
 Defeito do próprio produto em qualidade e geometria.

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Revestimento cerâmico

Disposição em profundidade:

1. Substrato em concreto ou alvenaria,


2. Argamassa de regularização,
3. Argamassa de assentamento e
4. Peça cerâmica e rejuntamento

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Escolha do produto

 Local do assentamento: piso ou parede


 Ambiente: externo ou interno
 Área: seca ou úmida
 Condições especiais: piscina, sauna, fachada
 Condições de uso: residencial, comercial, fábrica, área
social, área íntima, tráfego
 Condições climáticas: calor ou frio

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Principais deteriorações

 Descolamento de placas cerâmicas


 Eflorescências
 Sinais de riscos e desgastes
 Fratura, lascamento e esfarelamento

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Descolamento de placas cerâmicas

1. Formas de manifestação: descolamento da base


sobre a qual foi assentada, muitas vezes
apresentando o tardoz limpo, o que aponta para
uma deterioração lenta e gradual;
2. Causas: desenvolvimento de tensões maiores que a
resistência de aderência, que podem ter resultado
de movimentos diferenciais ou de acomodação da
edificação

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Movimentos diferenciais - Retração por secagem

 Função da composição da argamassa e do concreto,


da proporção cimento:agregados, do fator A/C
(água:cimento), da velocidade de evaporação do
excesso d água.
 Surge no 1º ano após o assentamento.
 Aderência é função da espessura da argamassa,
quanto mais fina, mais rápido solta.
 Placas espessas resistem melhor e encunham mais
fácil no assentamento/rejuntamento.

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Movimentos diferenciais – variações térmicas

As diversas camadas (substrato, regularização, colante


e cerâmica) têm coeficientes de dilatação diferentes e
sofrem tensões de escorregamento umas em relação
às outras.

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Movimentos diferenciais – expansão do
revestimento cerâmico

 Por absorção e perda de água motivadas por variação


de umidade, por lavagens e por chuvas.
 As expansões podem atingir a 0,5 %.
 As cerâmicas vítreas com baixa porosidade são as
mais indicadas.

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Absorção de água – NBR 13.818
 Grupo Absorção de água (%) Tipo
BIa a < 0,5 Porcelanato
BIb 0,5 < a < 3,0 Grês
BIIa 3,0 < a < 6,0 Semigrês
BIIb 6,0 < a < 10,0 Semiporoso
BIII 10,0 < a Poroso e Azulejo

B significa que o produto é prensado

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Descolamento de placas cerâmicas
3. Prevenção
i. Selecionar sempre as cerâmicas mais antigas,
melhor vitrificadas e com menor absorção de água;
ii. Projetar juntas para evitar ruptura da aderência;
iii. As juntas absorvem parte das deformações dos
revestimentos cerâmicos, permitem que as
diferenças dimensionais entre as placas sejam
compensadas e facilitam eventuais trocas de peças;

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Juntas
 Juntas de assentamento – espaço entre as placas;
 Juntas de movimentação – espaço entre as partes da
superfície para absorção dos movimentos e alívio das
tensões;
 Juntas de dessolidarização – espaço regular no
encontro entre revestimentos diferentes ou mudança
de direção do plano a ser revestido;
 Junta estrutural – espaço regular previsto para alívio
de tensões da estrutura do substrato.

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Eflorescências
1. Forma de manifestação
 São depósitos salinos esbranquiçados. Mais
frequente nas peças não vidradas de cor vermelha.
Aí, os sais são solúveis em soluções ácidas diluídas.
 Nas cerâmicas vidradas é acompanhada por líquido
viscoso nas bordas das placas ou nas falhas do
vidrado. Este líquido, ao secar, apresenta-se como
sal pouco pulverulento ou como substância
translúcida, rígida e quebradiça. Aqui, os sais não
são solúveis.
 Em geral, são observadas manchas de umidade.
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Eflorescências
 Resistências a manchas
Classe Resistência
3 removível com produto de limpeza forte
4 removível com produto de limpeza fraco
5 máxima facilidade de remoção de manchas

 Resistência a ataques químicos


É obrigatória a resistência a ataques químicos dos produtos
de limpeza domésticos

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Eflorescências
2. Causas
2.1. Revestimentos cerâmicos não vidrados
Ocorrem sais de metais alcalinos (Na, K), alcalino-terrosos
(Ca,Mg), solúveis em água e a umidade os dissolve. Na secagem
da superfície, a solução migra para a superfície e, por evaporação,
resulta um depósito salino.
O fenômeno se dá quando coexistem três características:
a. Existem sais solúveis na base ou no material cerâmico,
b. Umidade constante;
c. Pressão hidrostática que propicia a migração para a superfície

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Eflorescências

2. Causas
2.2. Revestimentos cerâmicos vidrados
O líquido exsudado é constituído por silicatos alcalinos, principal-
mente de Na e K e, em menores proporções de Ca e Mg.
Tais sais solúveis depositam-se no interior das microfissuras, não
permitindo a remoção por processos de limpeza usuais, às vezes
nem mesmo com soluções ácidas diluídas.

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Eflorescências
3. Prevenção
3.1. Não vidrados:
Não utilizar materiais com alto teor de sais solúveis. Utilizar
revestimentos mais bem queimados. Atenção aos compostos
com pirita (FeS), que calcinando gera anidrido sulfúrico!
Atenção aos gases da queima com SO2 que reagem com óxidos
da argila formando sulfatos de Na, K, Mg e Ca!
3.2. Vidrados:
Eliminar a água da base do assentamento! Secar bem a base,
aplicar brita para interromper a ascensão capilar. Caso o piso
seja abaixo da cota do lençol de água, é necessário
impermeabilizar.
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Sinais de riscos e desgastes
1. Forma de manifestação
Consiste no desgaste num período muito curto de meses.
Nos vidrados, nota-se uma remoção local do vidrado.
Os sinais podem ser devidos a:
1.1. Seleção inadequada do tipo de revestimento para o
ambiente;
1.2. Baixo desempenho da cerâmica, por resistência à abrasão
inferior ao necessário;
1.3. Serviços de manutenção e limpeza inadequados. A palha de
aço deve ser evitada bem como as pastas abrasivas.

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Sinais de riscos e desgastes

 2. Classes de resistência à abrasão

0 baixíssima
1 (PEI 1) baixa
2 (PEI 2) média
3 (PEI 3) média alta
4 (PEI 4) alta
5 (PEI 5) altíssima, s/ mancha depois da abrasão

Em ambientes de circulação intensa de pedestres: usar não vítrea

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Fratura, lascamento e esfarelamento
1. Forma de manifestação
 Fratura – Fissura que atravessa a peça cerâmica;
 Lascamento ou esfoliamento – Ocorre ao longo do bordo
 Esfarelamento – Mossa superficial ou atravessando.

2. Causas
 Fratura – Resistência insuficiente para ação localizada;
 Mossa - Resistência insuficiente para objetos pesados;
 Lascamento - Resistência insuficiente para pontiagudos.
 Umidade – Tensões entre a cerâmica e o vidrado;
 Assentamento incorreto.

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Fratura, lascamento e esfarelamento

3. Prevenção

 Substrato plano;
 Distribuição uniforme da cola e aditivos;
 Execução de juntas de movimentação e de
dessolidarização;
 Revestimentos sem expansão exagerada em contato
com a umidade.

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Normas Técnicas

 NBR 7175/03 - Cal hidratada para argamassas - Requisitos


 NBR 7200/98 – Exec de revest de paredes/tetos argam inorg – Procedim
 NBR 9817 – Execução de piso com revestimento cerâmico
 NBR 11801/92 - Argamassa de alta resistência mecânica para pisos
 NBR 12260/90 - Execução de piso com argam de alta resistência mecânica
 NBR 13281/05 – Argam p/ assent e revest. de paredes e tetos - Requisitos
 NBR 13749/96 – Revestim paredes/tetos de argam inorg – Especificação
 NBR 14081/98 – Argam colante industr para assent de pl de cerâm - Especif
 NBR 13753/96 – Revestim piso int ou ext com placas cerâm e com utiliz de
argam colante
 NBR 13754/96 – Revestim de paredes int com placas cerâm e com utiliz de
argam colante – Procedimento
 NBR 13755/96 – Revestim de paredes ext e fachadas com placas cerâm e
com utiliz de argam colante – Procedimento

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Termos Gerais
 BISCOITO: No revestimento esmaltado, é a face inferior, formada de argila
e outras matérias primas, na qual é aplicado o esmalte.
 ENGOBE: Uma cobertura argilosa com acabamento fosco. Pode ser
permeável ou impermeável, branca ou colorida. As placas cerâmicas
produzidas em fornos de rolos possuem uma aplicação de engobe, no lado
do tardoz, destinada a permitir a movimentação dentro do forno sem grudar
sobre os rolos.
 TARDOZ OU MURATURA: É o relevo no lado do avesso da peça, destinado a
melhorar a aderência. Pode ser constituído por saliências (caso normal para
pisos e paredes interiores) ou por reentrâncias com forma de rabo de
andorinha, específico para usos especiais, tais como fachadas.
 ESMALTADOS: São placas compostas pelo biscoito e em seguida
esmaltadas. São representadas pelo símbolo - GL (glazed).
 NÃO ESMALTADOS: São placas compostas apenas pelo biscoito, sem
aplicação da camada de esmalte. São representadas pelo símbolo - UGL
(unglazed).
 ESMALTE: É uma cobertura vitrificada, impermeável, aplicada sobre o corpo
ou biscoito das placas cerâmicas.
 EXTRUDADOS: É um processo de conformação de peças cerâmicas, ainda
no estado plástico, através de extrusão. Este processo é representado pela
letra A. Pode ser tipo ‘precisão’ e tipo ‘artesanal’.
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Termos em argamassas e rejuntes
 TEMPO EM ABERTO: é o intervalo entre a aplicação da
argamassa até a formação de uma pele que impede a
aderência. É o intervalo máximo de tempo, depois de
estendidos os cordões, em que as placas ainda podem ser
assentadas dentro da resistência de arrancamento estabelecida
em norma.
 TEMPO DE MATURAÇÃO: É o intervalo de tempo de descanso
da argamassa colante após sua mistura - entre 10 a 15 minutos
- e serve para que os aditivos possam iniciar sua reação. Após
este tempo, a argamassa deve ser rapidamente remisturada e
está pronta para o uso.
 VIDA NO BALDE: É o máximo intervalo de tempo no qual a
argamassa colante pode ser utilizada depois de misturada - em
geral cerca de 2 a 2,5 horas.

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Identificações nas embalagens
As placas cerâmicas devem conter as seguintes informações nas suas
embalagens:
 Marca do fabricante e o país de origem;
 Identificação de primeira qualidade;
 Grupo de classificação (Referência à norma NBR 13 818 e ISO 13006);
 Tamanho nominal (N); Dimensão de fabricação (W); Modular (M) ou não
modular; GL de esmaltado (glazed) ou UGL de não esmaltado (unglazed);
 Classe de abrasão para pavimentos esmaltados;
 Nome e código do produto;
 Referência de tonalidade do produto;
 Código de rastreamento do produto (ex: data, turno, lote de fabricação);
 Número de peças;
 Metros quadrados que cobrem;
 Especificação da largura da junta pelo fabricante.

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Termos Gerais
 PLACAS ou PEÇAS CERÂMICAS: São placas feitas de argila e outras
matérias primas inorgânicas geralmente utilizadas para revestir pisos
e paredes. São conformadas por extrusão (processo representado
pela letra A) ou por prensagem (processo representado pela letra B);
em seguida são secadas e queimadas à temperatura acima da
incandescência. São incombustíveis e não são afetadas pela luz.
Podem ser esmaltadas ou não esmaltadas, em correspondência aos
símbolos GL (glazed) ou UGL, (unglazed).
 POLIMENTO: É um acabamento mecânico aplicado sobre a superfície
de um revestimento não esmaltado, como última fase do processo de
fabricação. Resulta num brilho-espelho, não constituído por esmalte.
 PRENSADOS: É um processo de conformação de peças cerâmicas
através de prensagem a partir de uma mistura finamente moída. Este
processo é representado pela letra B.
 REVESTIMENTO CERÂMICO: Entende-se como revestimento
cerâmico, o conjunto formado por placas cerâmicas, argamassa de
assentamento e rejunte.
 SISTEMA REVESTIMENTO CERÂMICO: Constitui-se do conjunto
placa, argamassa colante e rejunte, somado a todas as camadas
anteriores, até a base Patologia dos revestimentos
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Termos dimensionais
 DIMENSÃO NOMINAL (N): É a dimensão utilizada para descrever o
formato do produto.
 CALIBRES: Os lados das placas cerâmicas são medidos e classificados
pelo fabricante em faixas de dimensão denominados calibres, como o
exemplo a seguir, de placas 200 x 200 mm : 197- 198 mm, 198-
199mm, 199- 200 mm.
 MÓDULO (M): É a dimensão de fabricação W, acrescida da largura da
junta (J).
 FORMATO: Descreve a dimensão nominal N (10X10, 20X20, 30x30
cm).
 ESPAÇADORES (saliências distanciadoras): São oito protuberâncias
localizadas ao longo das bordas das placas. Quando duas placas são
colocadas lado a lado, as saliências distanciadoras adjacentes
separam as placas por uma distância não menor do que a largura
especificada para a junta. As saliências distanciadoras são produzidas
com uma espessura menor que as placas, de modo que as juntas
possam ser preenchidas com rejunte, sem que as saliências
permaneçam expostas.
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Termos sobre a forma
 RETITUDE LATERAL: É a
flecha do lado, medida
no sentido do plano da
peça.

 ORTOGONALIDADE
(esquadro): É o desvio
dos ângulos com relação
ao ângulo reto, ou seja,
o esquadro da peça, sua
retangularidade.
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Termos sobre a forma
curvatura central: é a flecha
vertical no centro da peça,
referida percentualmente à
diagonal.

curvatura lateral: é a flecha


vertical no centro do lado,
referida percentualmente ao
lado.

empeno: é o desvio de um
vértice com relação ao plano
dos outros três. Pode ser
visualizado como o balanço
da peça sobre uma diagonal

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Declarações e identificações nos catálogos

Nos catálogos, folhetos técnicos e informativos das


placas cerâmicas devem constar informações sobre as
seguintes classes de qualidade ISO ou NBR:
 Grupo de classificação, conforme NBR 13 817;

 Classe de abrasão dos pisos - de 0 a 5;

 Classe de resistência química - A, B, C;

 Classe de resistência a manchas - de 0 a 5;

 Coeficiente de atrito dos pisos.

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Resistência à abrasão superficial (PEI)
 A resistência à abrasão é uma característica importante na
especificação de pisos cerâmicos. Alguns revestimentos cerâmicos
estão preparados para suportar o tráfego intenso de uma indústria,
por exemplo, sem sofrer danos; outros suportam apenas pequeno
fluxo, como em banheiros residenciais.
 Para diferenciar as placas cerâmicas esmaltadas, foi adotada a escala
PEI (Porcelain Enamel Institute) que varia de 0 a 5. Esta classificação
descreve a resistência ao desgaste superficial do esmalte da placa
cerâmica em decorrência do trânsito de pessoas e contato com
objetos. Juntamente com a absorção de água, as classes de
resistência à abrasão formam o conjunto das principais características
para pisos.
 A diferença fundamental entre esmaltados e não esmaltados é que a
placa cerâmica esmaltada possui duas camadas distintas, o biscoito e
o esmalte na superfície e estas apresentam características físicas e
químicas diferenciadas, enquanto os revestimentos não esmaltados
se constituem de um corpo único. As placas cerâmicas esmaltadas
são sempre ensaiadas por abrasão superficial (NBR 13818-D),
avaliando-se apenas a camada esmaltada.
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Resistência à abrasão superficial (PEI)
PEI Resistência à abrasão USO
Grupo 0 PEI-0 Baixíssima não para pisos

Grupo 1 Baixa ambientes onde se


PEI-1 caminha com pés
descalços ou chinelos
Grupo 2 Média ambientes residenciais
PEI-2 sem portas para
ambientes externos
Grupo 3 Média Alta ambientes residenciais
PEI-3 com portas para
ambientes externos
Grupo 4 Alta ambientes residenciais
PEI-4 com tráfego intenso
Grupo 5 Altíssima e sem ambientes comerciais,
PEI-5 encardido públicos e industriais
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com alto tráfego
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Resistência ao gretamento
A resistência ao gretamento é
característica exigida para todas as
placas cerâmicas e garantida para
produtos com certificação CCB/
Inmetro.
A gretagem apresenta-se através do
aparecimento de várias microfissuras
em forma de círculos irregulares ou
uma teia de aranha na superfície
esmaltada da peça. Essas fissuras
são semelhantes a um fio de cabelo
e acontecem apenas em placas
esmaltadas.
O gretamento ocorre principalmente em
decorrência da expansão por
umidade, que provoca o aumento do
corpo cerâmico e aparecimento de
tensões na camada de esmalte.
Como conseqüência, o esmalte fissura,
criando pequenas fendas, tão finas
como fio de cabelo (NBR 13818-F)
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Expansão por umidade
 A expansão por umidade ocorre com maior freqüência em lugares
com altos índices de umidade, como banheiros, piscinas, saunas;
significa o aumento nas dimensões da peça cerâmica em função da
absorção da umidade pelas partículas de argila - quando estas estão
mal moídas ou sinterizadas - (NBR 13818-J). A expansão por
umidade está diretamente relacionada ao processamento de
fabricação.
 É a característica tecnológica que melhor permite avaliar a qualidade
da massa cerâmica. Quando a queima é parcial, feita em temperatura
insuficiente, feita em tempo rápido demais ou a moagem é grosseira,
a reação cerâmica é incompleta e o produto apresenta expansão por
umidade que pode produzir gretagem ou estufamento. O limite
recomendado por norma é de 0,6 mm/m. (CCB, 1995).
 A expansão é, freqüentemente, a maior responsável pelo
descolamento das peças, agindo isoladamente ou em conjunto com
outros fatores, como a ausência de juntas de assentamento, por
exemplo. Contrariamente ao que normalmente se pensa, a expansão
por umidade e não a absorção de água, é a característica crítica em
termos de umidade.
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Resistência ao risco - Dureza Mohs
Significa o desgaste da peça cerâmica através do risco, com perda de brilho e de
beleza. A classificação que define resistência ao risco para vários tipos de produtos
adota a escala Mohs. Todos os pisos riscam, em proporções diferentes. Produtos
com aparência brilhosa tendem a riscar com maior facilidade, pois possuem
resistência ao risco mais baixa que produtos com acabamento rústico, que possuem
classe de resistência ao risco mais alta.
Assim, em áreas externas e entradas, os pisos rústicos são mais recomendados. Os
revestimentos lisos e brilhosos devem ser utilizados para áreas internas, quando a
sujeira do sapato já foi deixada para trás. Ao se especificar pisos brilhantes para
entradas, deve-se ter o cuidado de colocar faixas de capacho e/ou pisos rústicos, de
forma a reter a sujeira dos sapatos.
Em geral, a resistência ao risco em placas cerâmicas esmaltadas brilhantes é inferior a 4
(menos resistente) e, em produtos rústicos, superior a 7 (mais resistente).O
desgaste por risco e o desgaste por abrasão (relatado pelo PEI) são propriedades
distintas, no entanto constantemente confundidas. Pode haver desgaste por risco
sem haver desgaste por abrasão, mas o contrário não é possível. O desgaste por
abrasão ocorre após um determinado tempo de uso e é provocado pelo tráfego
constante e repetitivo, quando a camada superficial do esmalte é gradativamente
removida (podendo haver também a presença de risco), fazendo aflorar os
microporos internos da camada de esmalte, onde a sujeira penetra e se acumula,
encardindo o piso. No caso do risco, o processo é mais rápido, pois o esmalte é
removido - riscado - pela fricção de uma partícula, em geral de areia ou por outro
material de dureza superior ao piso, podendo ocorrer ainda na primeira semana de
uso.
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28/09/2016 cerâmicos 37
Resistência a manchas - classes de limpabilidade
 A classe de resistência a manchas indica a facilidade de limpeza das
placas cerâmicas. Quando a placa consegue ser limpa apenas com
uso de água, é considerada com grande facilidade de limpeza (classe
5); mas quando há impossibilidade de remoção de manchas, mesmo
com produtos de limpeza fortes, esta cerâmica é considerada classe
1. A classificação a seguir mostra as cinco classes de limpabilidade
(NBR 13818-G)
 Deve-se considerar a interrelação entre a classe de limpabilidade e o
coeficiente de atrito para algumas cerâmicas com superfícies rugosas
ou granilhadas. Nestas situações, quanto maior a resistência ao
escorregamento, mais difícil de limpar a placa. Quando as duas
características são requeridas para o mesmo uso, deve ser realizada
uma avaliação crítica para definir prioridades.
 Os revestimentos cerâmicos com superfície lisa não retêm poeira
nem resíduos; essas partículas não conseguem aderir na superfície
cerâmica. Neste caso, para a manutenção diária, é necessário apenas
limpar o revestimento com uma esponja úmida.

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Resistência a manchas - classes de limpabilidade

Classe Remoção da Mancha

5 máxima facilidade de remoção - com água quente

4 removível com produto de limpeza fraco - detergente


neutro
3 removível com produto de limpeza forte - saponáceo

2 removível com ácido clorídrico, hidróxido de potássio,


tricloroetileno
1 impossibilidade de remoção da mancha

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28/09/2016 cerâmicos 39
Resistência ao ataque químico
 A resistência ao ataque químico significa a capacidade da
superfície cerâmica em manter-se inalterada quando em
contato com determinadas substâncias e produtos (NBR 13818-
H). Os revestimentos estão sujeitos a vários tipos de ataques
químicos. Os mais comuns são os proporcionados por produtos
de uso doméstico comuns, por produtos de limpeza, ácidos e
álcalis. Em geral, os revestimentos cerâmicos apresentam uma
boa resistência ao ataque químico.
 Produtos não esmaltados, com baixa absorção de água,
comumente têm excelente resistência química.
 Existem três classes de resistência aos agentes químicos:

Classe A - Resistência química elevada;


Classe B - Resistência química média;
Classe C - Resistência química baixa.

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Resistência ao escorregamento - coeficiente de atrito
 A resistência ao escorregamento atesta a segurança do usuário ao caminhar
pela superfície, seja revestida ou não com placas cerâmicas, principalmente
na presença de água, óleo ou qualquer outra substância ou em superfícies
de aclive e declive. Dessa forma, não existem produtos antiderrapantes,
mas sim condições de menor ou maior resistência ao escorregamento.
 Muitos dos pisos cerâmicos, esmaltados ou não esmaltados, apresentam
rugosidades ou adição de cristais de óxido ou de areia abrasiva sobre sua
superfície, o que aumenta substancialmente sua resistência ao
escorregamento. O coeficiente de atrito dinâmico é considerado o parâmetro
para mensurar o índice de escorregamento; maior atrito => menor
escorregamento (NBR 13818-N).
 No entanto, quanto maior o coeficiente de atrito, mais áspera é a superfície
e maior é a dificuldade de limpabilidade. Assim, o índice 01 de coeficiente de
atrito seria ótimo se considerado isoladamente; mas, quando é necessário
unir resistência ao escorregamento com a facilidade de limpeza, o ideal é
ficar entre os limites de segurança apresentados na tabela a seguir.
 Os pisos cerâmicos com maior resistência ao escorregamento são
particularmente indicados para superfícies próximas a piscinas, rampas,
degraus, banheiros, locais laváveis constantemente e áreas externas, além
de ambientes públicos em geral e áreas industriais, ambientes hospitalares e
laboratórios.
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28/09/2016 cerâmicos 41
Resistência ao escorregamento - coeficiente de atrito

Valor Indicações

< 0,4 Satisfatório para instalações normais

0,4 a 0,7 Recomendado para uso onde se requer


resistência ao escorregamento

> 0,7 Recomendado para locais onde o risco de


escorregamento é muito intenso (áreas
externas em aclive ou declive).

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28/09/2016 cerâmicos 42
Outras características
 Permanência da cor - Enquanto outros materiais têm sua coloração alterada em
função da exposição à luz solar, os revestimentos cerâmicos permanecem
inalterados. a ação da luz, mesmo os raios ultravioletas, não provoca perda de cor
nem desbotamento da superfície cerâmica, mantendo estáveis suas cores. Trata-se
de uma característica importante para uso em pisos ou paredes que estejam
expostos às radiações solares diariamente.
 Resistência ao fogo - Comparado com outros materiais de construção, estudos
apontam os revestimentos como um dos mais resistentes (e seguros) quando
submetidos ao fogo. Os revestimentos cerâmicos são à prova de fogo em qualquer
temperatura. A cerâmica não queima nem propaga o fogo e sua superfície não exala
qualquer tipo de gás tóxico ou vapores durante a presença de chamas. Essa é uma
característica muito importante na hora de escolher qualquer material para um
edifício.
 Higiene - A superfície dos revestimentos cerâmicos não retém líquidos, não absorve
vapores, poeira, odores nem fumaça. São, portanto adequados a ambientes onde a
higiene é essencial.
 Condutividade elétrica - Materiais cerâmicos são isolantes elétricos, logo não
acumulam cargas eletrostáticas substanciais. Conseqüentemente, choques devido a
cargas eletrostáticas ocorrem raramente.
 Condutividade térmica - Os revestimentos cerâmicos têm um desprezível
coeficiente de condutividade térmica (0,5 a 0,9 kcal/m.h.ºC), sendo portanto um
excelente isolante térmico, se comparado com mármores, granitos e argamassas.

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Argamassas colantes para assentamento
 A introdução da argamassa colante ocorreu nos anos 60 em função da
necessidade de racionalizar o processo de assentamento dos revestimentos
cerâmicos. A crescente demanda dos revestimentos cerâmicos, executados
pelo processo convencional, não conseguia alcançar uma produtividade
satisfatória, mesmo com o treinamento adequado. Foi então necessário
encontrar um material capaz de ‘colar’ os revestimentos cerâmicos. Dessa
forma surgiram as argamassas colantes, hoje largamente utilizadas na
indústria do revestimento cerâmico.
 A primeira Norma Brasileira a falar sobre argamassa colante, citada como
‘adesivos à base de cimento’, foi a NBR 8214:1983 "Assentamento de
Azulejos - Procedimento". Esta norma apresenta o procedimento a ser
empregado no assentamento de azulejos com os adesivos à base de
cimento. A única exigência desta norma - para as argamassas adesivas - era
a resistência de aderência do revestimento que, aos 28 dias de idade,
deveria apresentar em pelo menos 4 de 6 determinações, uma resistência
de aderência igual ou superior a 0,3 MPa.
 No ano de 1996 foi constituído o comitê CB-18 (CE-18:406.04 - Comissão de
Estudo de Argamassa colante) da ABNT para iniciar os estudos sobre as
normas brasileiras de argamassas colantes. Publicadas em abril de 1998, as
normas atualmente em vigor para as argamassas colantes são as NBR
14081 a 14086.
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Classificação segundo seus componentes e aditivos

 Argamassas de base cimentícia, onde o ligante principal é o


cimento Portland, e que são denominadas como argamassas
colantes.

 Argamassas monocomponentes: uma mistura de cimento Portland,


areia e aditivos retentores de água. É uma argamassa para
assentamento de camada fina (5 mm), com ótima resistência à água
e ao impacto, é não-inflamável e não necessita pré-umedecer as
peças cerâmicas. Para a preparação, basta acrescentar água;

 Argamassas bicomponentes: uma mistura de cimento Portland, areia


e um aditivo especial - em geral, látex - comercializadas em duas
partes, sendo uma pulverulenta e outra na forma de dispersão
aquosa - o aditivo. Esta argamassa é menos rígida e com maior
capacidade de aderência que a argamassa de cimento. E mais
indicada para peças grandes e com baixa absorção de água;

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Classificação das argamassas colantes
 Argamassa colante é a mistura de aglomerante(s) hidráulico(s),
agregados minerais e aditivo(s). Tal mistura possibilita, quando preparada
em obra com adição exclusiva de água, a formação de uma massa viscosa,
plástica e aderente, para a utilização no assentamento de peças cerâmicas e
de pedras de revestimento.
 A argamassa colante deve ser flexível, devido à elasticidade e flexibilidade,
para corresponder às deformações originadas pelo movimento da estrutura.
 As argamassas colantes industrializadas recebem, de acordo com suas
propriedades, a seguinte designação normalizada, segundo a ABNT:
 a) AC I: argamassa colante industrializada com características de resistência
às solicitações mecânicas e termoigrométricas típicas de revestimentos
internos, com exceção daqueles aplicados em saunas, churrasqueiras e
outros revestimentos especiais.
 b) AC II: argamassa colante industrializada com características de
adesividade que permitem absorver os esforços existentes em revestimentos
de pisos e paredes externos sujeitos a ciclos de variação termoigrométrica e
à ação do vento.
 c) AC III: argamassa colante industrializada que apresenta aderência
superior em relação às argamassas do tipo AC I e AC II.
 d) Tipo E: argamassa colante industrializada dos tipos AC I, AC II e AC III,
com o tempo em aberto estendido.
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Classificação segundo seus componentes e aditivos
Adesivos de base não cimentícia: são materiais adesivos cujos ligantes
principais são as resinas sintéticas de alto desempenho. São também
compostos de resinas orgânicas e cargas minerais e denominados em
função do tipo de resina:
1. Pastas de resina constituídas basicamente de adesivos látex,
notadamente o PVA;
2. Resinas de reação, denominadas colas.
O adesivo epóxi é um exemplo dos adesivos de resina de reação e possuem
desempenho muito elevado em relação aos demais adesivos. Os materiais
de base epóxi ou resina furânica (sem cimento) freqüentemente apresentam
propriedades superiores aos materiais à base de cimento (resistência
química, perfeito assentamento). No entanto, são necessários técnicas e
materiais especiais para o assentamento e o custo, tanto do material como
da aplicação, é mais alto que o assentamento com materiais à base de
cimento. Após o preparo, a argamassa epóxi deve ser utilizada no prazo
máximo de 50 minutos.
 No Brasil, o tipo de argamassa mais difundido e utilizado é a argamassa de
base cimentícia monocomponente, com diferentes tipos de aditivos, que
necessita apenas a adição de água. As normas brasileiras para argamassa
de assentamento referem-se às argamassas colantes monocomponentes.

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Sessão encerrada
Obrigado a todos

Engº Marcelo Iliescu


iliescu@iliescu.com.br
www.iliescu.com.br

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