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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ

UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
ENSINANDO E APRENDENDO

INSTALAÇÕES CONTRA INCÊNDIO DE EDIFÍCIOS ALTOS


EM FORTALEZA: ESTUDO DE CASO

JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

Fortaleza – CE
2009
1

JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

INSTALAÇÕES CONTRA INCÊNDIO DE EDIFÍCIOS ALTOS


EM FORTALEZA: ESTUDO DE CASO

Monografia apresentada para obtenção dos


créditos da disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso do Centro de Ciências Tecnológicas da
Universidade de Fortaleza, como parte das
exigências para graduação no curso de
Engenharia Civil.

Orientador: Henrique Vieira Costa Lima. D.Sc

Fortaleza – CE
2009
2

INSTALAÇÕES CONTRA INCÊNDIO DE EDIFÍCIOS ALTOS


EM FORTALEZA: ESTUDO DE CASO

JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

PARECER: ______________________________

Data: ___/___/_______

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________
Prof. Henrique Vieira Costa Lima, Eng. Civil, D. Sc.
(Orientador - UNIFOR)

___________________________________
Prof. Rogério Campos, Ph.D.
(Examinador – UNIFOR)

___________________________________
Eng. Wagner Alves Maia, Especialista.
(Examinador – CBMCE)
3

AGRADECIMENTOS

A minha amada noiva Elisabeth Maria de Sousa, pessoa que sem sua presença não
lograria êxito na conclusão do curso de Engenharia Civil.

Ao Major QOBM Wagner Alves Maia, pelo auxílio na realização deste trabalho.

Ao Prof. Henrique Vieira Costa Lima, pelo tempo dispensado à orientação desta
monografia.

Aos amigos do Curso de Engenharia Civil da UNIFOR, pela companhia diária e


contribuição de conhecimentos.

Por fim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração deste
trabalho.
4

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar a segurança contra incêndio e pânico de
edificações altas em Fortaleza. Diante disto, o trabalho define incêndio e os meios de
prevenção e combate, conceituando a prevenção de incêndio no Estado do Ceará. Realizou-se
pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo, sendo feito uma análise das
instalações de segurança de prédios acima de 55 metros. O Check-List utilizado na pesquisa
foi baseado no modelo desenvolvido pelo Engenheiro Paulo Palmiere Magri. Com os
resultados apresentados, verificou-se que as instalações de segurança contra incêndio e pânico
dos prédios altos em Fortaleza fornecem parcialmente segurança a seus moradores.

Palavras-chave: Incêndio. Meios de prevenção. Prédios altos. Prevenção.


5

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
1.1 Justificativa ....................................................................................................................... 12
1.2 Objetivo ............................................................................................................................. 12
1.3 Metodologia ....................................................................................................................... 12
1.4 Estrutura da monografia ................................................................................................. 13
2 O INCÊNDIO....................................................................................................................... 14
2.1 Definição ............................................................................................................................ 14
2.2 O Risco de incêndio .......................................................................................................... 16
2.3 As medidas de segurança contra incêndio e pânico ...................................................... 17
2.4 A prevenção de incêndio no Estado do Ceará................................................................ 23
2.5 Os grandes incêndios ........................................................................................................ 27
2.5.1 Nos Estados Unidos da América (EUA) .......................................................................... 27
2.5.2 No Brasil .......................................................................................................................... 28
3. O PROJETO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO .............................................. 31
3.1 Edificação alta ................................................................................................................... 32
3.2 Especificações técnicas do projeto................................................................................... 34
3.2.1 Classificação da edificação............................................................................................ 34
3.2.2 Sistemas adotados .......................................................................................................... 35
4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 49
4.1 Check-list ........................................................................................................................... 49
4.2 Universo ............................................................................................................................. 51
4.3 Amostra ............................................................................................................................. 51
4.4 Resultados ......................................................................................................................... 52
4.4.1 Formação dos analistas do CBMCE ............................................................................... 52
4.4.2 Quantitativo de vistorias e análise de projetos de 2004 a 2009 ..................................... 53
4.4.3 Inspeção predial das edificações ..................................................................................... 54
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Tetraedro do Fogo ................................................................................................. 15


Figura 2 – Sequencia de regularização da edificação ............................................................. 26
Figura 3 – Tipos de alturas ..................................................................................................... 33
Figura 4 – Altura e largura mínimas de acesso a edificação .................................................. 37
Figura 5 – Escada de emergência ........................................................................................... 38
Figura 6 – Bloco Autônomo para Iluminação de emergência ................................................ 39
Figura 7 – Alarme de acionamento manual ............................................................................ 40
Figura 8– Sinalização de equipamento ................................................................................... 41
Figura 9 – Sinalização de rotas de fuga .................................................................................. 41
Figura 10 – Extintor de incêndio ............................................................................................ 42
Figura 11 – Hidrante de incêndio ........................................................................................... 43
Figura 12 – Central de Gás (GLP).......................................................................................... 45
Figura 13 – Bico de chuveiros automático ............................................................................. 46
Figura 14 – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas ........................................ 48
Figura 15 – O Check - List ..................................................................................................... 50
7

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Percentual da amostra em relação à população ................................................... 51


Gráfico 2 – Projeto de incêndio .............................................................................................. 55
Gráfico 3 – Certificado de conformidade ............................................................................... 56
Gráfico 4 – Extintores de Incêndio ......................................................................................... 57
Gráfico 5 – Sistema de hidrantes ............................................................................................ 57
Gráfico 6 – Saída de emergência ............................................................................................ 58
Gráfico 7 – Iluminação de emergência ................................................................................... 59
Gráfico 8 – Sinalização de emergência .................................................................................. 60
Gráfico 9 – Chuveiros automáticos ........................................................................................ 61
Gráfico 10 – Sistema de proteção contra descargas atmosféricas .......................................... 61
8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação das edificações quanto à Altura....................................................... 34


Tabela 2 - Classificação da edificação quanto à ocupação ..................................................... 35
Tabela 3 - Classificação da edificação quanto à carga de incêndio ........................................ 35
Tabela 4 - Exigências para edificações com área superior a 750 m2 e/ou com mais de dois
pavimentos ............................................................................................................................... 36
Tabela 5 - Distribuição dos aparelhos extintores segundo risco, área e distância a ser
percorrida ................................................................................................................................. 42
Tabela 6 - Tipos de sistemas de proteção por hidrante .......................................................... 43
Tabela 7 - Volume mínimo da reserva técnica de incêndio ................................................... 44
Tabela 8 - Afastamentos dos recipientes estacionáriosem relação às projeções das edificações
................................................................................................................................................. 45
Tabela 9 - Unidade e capacidade extintora de pó B C, a ser instalado junto à central de GLP
................................................................................................................................................. 45
Tabela 10 - Condições mínimas de funcionamento dosistema de chuveiros automáticos ..... 47
Tabela 11 - Total de vistorias e análises realizadas pelo cbmce no período de 2004 a 2005 . 53
9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


CBMCE Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
CBMDF Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
CAT Coordenadoria de Atividades Técnicas
EUA Estados Unidos da América
NFPA National Fire Protection Association
NBR Norma Brasileira Regulamentadora
NR Norma Regulamentadora
NT Norma Técnica
QOBM Quadro de Oficiais Bombeiro Militar
10

1 INTRODUÇÃO

Segundo Brentano (2007), o Brasil vem passando por um processo de crescimento


industrial e urbano, elevando assim, o risco de incêndio pela existência de edificações mais
elevadas, maior concentração de pessoas, diferentes materiais de construção entre outras.

A cidade de Fortaleza, tendo hoje aproximadamente dois milhões e meio de


habitantes, com uma área de 313,8 Km², com um crescimento urbano acentuado e nos últimos
anos, confirmando a afirmativa de Brentano (2007), foi assolada por incêndios de pequenas e
médias proporções nos últimos anos. Em lojas de departamento, apartamentos, galpões, entre
outros.

Dentre as dificuldades encontradas pelo corpo de bombeiros para realizar o serviço de


extinção de incêndio estão os elementos construtivos e a altura da edificação, ou seja, quanto
mais a edificação apresentar obstáculos ao início e propagação de fogo, maior será a
facilidade das guarnições operacionais de realizar o seu trabalho, e de seus ocupantes terem
mais tempo para deixar o local de sinistro, em segurança.

O sistema de proteção contra incêndio e pânico de uma edificação é projetado para


auxiliar a prevenção e o combate a incêndios, bem como o escape do público. Brentano
(2007) divide o processo de elaboração do projeto de segurança contra incêndio em três
níveis: a proteção a vida humana, a proteção do patrimônio e a continuidade do processo
produtivo e o engenheiro civil o um dos responsáveis pela elaboração do projeto e execução
de segurança contra incêndio e pânico

Bayon (1978) afirma que em casos de sinistros, a comprovação de meios de proteção


inadequados gera responsabilidades civis e penais aos projetistas e executores.

Embora a área de segurança contra incêndios seja de tamanha importância, por


envolver vidas humanas, os empreendedores não oferecem a devida cautela no assunto, como
pode ser observado na afirmativa do Capitão QOBM Miranda, chefe da Seção de Análise do
Corpo de Bombeiros de São Paulo a revista Proteção:
11

Essa área, como todas que envolvem segurança de pessoas é importante, mas para o
empreendedor que não tem essa cultura ou não lhe dá a devida importância, acaba
por deixá-la em segundo plano. (MIRANDA, 2002, p. 62)

A afirmativa do Capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo é confirmada por


Pereira Júnior (2007), este afirma que a maioria das empresas brasileiras trabalha na
contratação de empresas seguradoras como meio de minimizar os efeitos do sinistro e não na
mitigação das causas, ou seja, investimento em prevenção.

Brentano (2007) destaca três partes envolvidas na segurança contra incêndios nas
edificações: projetista, proprietário e fiscalização. Afirmando que o desconhecimento do
projetista é fato e que o custo é colocado frente à segurança pelos proprietários, que muitas
vezes não aceitam bons projetos em virtude do valor de execução. O autor afirma ainda que
em alguns casos os analistas de projetos dos Corpos de Bombeiros estaduais não possuim
formação adequada para analisar projetos de engenharia.

O Engenheiro José Carlos Tomina, do IPT-SP, enfoca a formação precária dos


engenheiros e arquitetos e reforça o comprometimento dos sistemas de segurança dos prédios
antigos:

[...] Portanto, as edificações que foram projetadas e construídas com base em


regulamentos mais antigos, não possuim nível adequado de segurança contra
incêndio. [...] Infelizmente não temos cursos de graduação que consiga preparar
adequadamente profissionais para atuar na área de segurança contra incêndios. [...]
(TOMINA, 2002, p. 10)

O interesse pelo assunto surgiu durante a experiência do autor durante 7 anos de


trabalho de fiscalização exercido no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
(CBMCE). Período que foi verificado situações comprometedoras em caso de sinistro em
edificações existentes e equívocos primários cometidos por engenheiros e arquitetos na
elaboração de projetos de segurança contra incêndio.

Diante do exposto nos parágrafos anteriores e da afirmativa de Brentano (2007) de que


há “uma verticalização exagerada” no país, com prédios acima de 30 pavimentos em alguns
casos. Bem como o limite máximo de 55 metros de altura da viatura mais alta do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Ceará. Levanta-se o seguinte problema como objeto de
12

estudo: O sistema de segurança contra incêndio e pânico dos edifícios altos em Fortaleza,
oferece segurança adequada para seus moradores?

1.1 Justificativa

Diante do exposto anteriormente é conveniente analisar as condições das


instalações de segurança de edifícios altos em Fortaleza, trazendo considerações relevantes
para a engenharia no intuito de minimizar o sinistro de incêndio.

O presente trabalho representa uma contribuição para o meio técnico - cientifico


na área de engenharia de segurança contra incêndio, pois apresenta informações sobre
instalações prediais que podem ser utilizadas como referência para obras futuras. O resultado
do trabalho poderá ser útil a escritórios de projeto e construtoras, que atuam na área de
segurança contra incêndio e pânico, assim como para órgãos públicos, subsidiando a atividade
de prevenção no Estado do Ceará.

1.2 Objetivo

Analisar as instalações de segurança contra incêndio e pânico de edificações altas,


do tipo residencial multifamiliar, com base no registro do Corpo de Bombeiros do Estado de
Ceará (2004-2009).

1.3 Metodologia

A presente pesquisa foi do tipo quantitativa e qualitativa, com a utilização de


elementos de estudo de caso.

A pesquisa foi realizada de seguinte forma:

• Revisão de Literatura
13

o Bibliográfica e documental: Foi feita uma pesquisa no intuito de


fornecer embasamento teórico para o estudo. Onde se apoiou em
autores renomados no campo da pesquisa e da atividade de
prevenção contra incêndio, tais como: Alexandre Itiu Seito, Rene
Bayon, Telmo Brentano, entre outros.

• Pesquisa de campo

o Levantamento do nível de formação dos analistas do Corpo de


Bombeiros;
o Levantamento do quantitativo de edifícios altos em Fortaleza, junto
ao CBMCE;
o Verificação dos sistemas de segurança contra incêndio e pânico das
edificações;
o Análise dos dados obtidos;
o Discussão dos resultados;
o Conclusões.

1.4 Estrutura da monografia

O trabalho está dividido em 5 (cinco) tópicos, no primeiro foi apresentada a


introdução, justificativa, objetivo e a metodologia.

No segundo foi contextualizado o incêndio, o risco de incêndio, a prevenção de


incêndios, meios de prevenção contra incêndio e pânico, bem como um relato de grandes
incêndios ocorridos no Brasil e no mundo.

No terceiro definiu-se o projeto de incêndio, edificações altas e as especificações


técnicas de projeto para o tipo de edificação estudado.

O quarto refere-se à análise e interpretação dos dados obtidos, tendo como


parâmetro o delineamento exposto no tópico anterior.

Finalmente, são apresentadas as conclusões do trabalho.


14

2 O INCÊNDIO

2.1 Definição

De acordo com a Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 13860 (1997) o


incêndio é o fogo fora do controle e Brentano (2005) afirma que para prevenir e combater
incêndios deve-se conhecer sua dinâmica e todos os seus aspectos: causas, formação e
consequências.

De acordo com Seito (2008), o incêndio não é medido pelo tamanho do fogo.

Como pode ser observado o incêndio é gerado através do fogo, fenômeno que
acompanha o homem e que antes de serem descobertas suas causas e formas de controle, já
trazia receio, o que comprova a afirmativa de Gomes (1998):

O fogo sempre se constituiu num elemento de grande significado para a criatura


humana. Todavia, antes de ter sido descoberto o modo de produzi-lo e de controlá-
lo, provocava verdadeiro terror no homem, algo supersticioso, pois seu surgimento
ocorria naturalmente, consequentemente da erupção de um vulcão, da faísca elétrica
caída sobre o mato seco ou, ainda, pela combustão espontânea na vegetação
submetida, fortemente, aos raios do sol. Por muitos séculos, o fogo foi considerado
uma manifestação sobrenatural cuja ocorrência era atribuída aos deuses. (GOMES,
1998, p.3):

Como pode ser visto fogo e incêndio são conceitos muito próximos, porém uma
pequena característica os distingue, o controle. Como é definido de forma clara e sucinta por
Brentano (2005).

Desta feita, caracterizando o processo de surgimento do fogo, ao mesmo tempo é


especificado o aparecimento do incêndio, pois este último é consequência da evolução
descontrolada do primeiro.

O fogo, em ouras palavras, é uma reação química, denominada combustão, que


ocorre com oxidação rápida do material combustível, sólido ou líquido, com o
oxigênio do ar, provocada por uma fonte de calor; que gera chamas emite calor,
além de emitir fumaça e outros resíduos. (BRENTANO, 2007, p. 89)

Ainda segundo Brentano (2007), o fogo possui 4 quatro elementos:


15

• Combustível: material susceptível a queima, pode ser sólido, líquido ou gasoso;


• Comburente: agente químico que ativa e conserva a combustão, normalmente o
oxigênio do ar;
• Calor: energia que dá início ao processo;
• Reação em cadeia: é processo químico contínuo da combustão.

Estes elementos são apresentados em forma de representação gráfica por Seito


(2008):
REAÇÃO EM
CADEIA

COMBUSTÍVEL

COMBURENTE

CALOR
Figura 1: Tetraedro do fogo.
Fonte: Seito (2008).

Segundo Brentano (2007), para se extinguir o incêndio deve-se eliminar um dos


quatro elementos do processo de combustão: calor, combustível, comburente ou reação em
cadeia. Agindo de acordo com os quatro métodos abaixo especificados:

• Abafamento: retira do comburente (oxigênio do ar);


• Resfriamento: absorve o calor do fogo;
• Retirada do material: elimina o material combustível ainda não queimado;
• Quebra da reação em cadeia: interrompe o processo químico da combustão.

A prevenção no Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará trabalha com


intuito de diminuir, ou mesmo eliminar, a ocorrência de incêndios, através de atividades
educativas, fiscalização e exigências de sistemas ou medidas de segurança. Em todos os casos
o foco está baseado no surgimento do fogo e seus métodos de extinção.
16

2.2 O Risco de incêndio

Etimologicamente, o termo risco é originado do italiano antigo resicare, que tem


por significado ousar (BERNSTEIN, 1997; AGUIAR, 2005, apud Rajão, 2005). Avaliando o
sentido desta palavra, Bernstein (1997, apud Rajão, 2005) concluiu que correr risco é uma
opção pessoal ou corporativa e não um destino transcendental estabelecido por Deus.

O estudo de riscos tem sido fundamental no controle de doenças naturais e


epidêmicas, no controle de poluição ambiental, na segurança contra incêndios, na prevenção
de acidentes ocupacionais na contaminação e adulteração de alimentos, no desenvolvimento
de armas militares, entre outras (DE CICCO & FANTAZZINI, 1994; ROQUE-SPECHT,
2002; WHO, 2005, apud Rajão, 2005).

Conforme Marcelli (2007), o risco de incêndio está presente em toda edificação


ou elemento construtivo desde seu início até a conclusão da obra, ficando como opção, apenas
reduzir ou não a probabilidade de sua ocorrência.

O risco de incêndio, relacionado às edificações, é a possibilidade ou probabilidade


de perigo que há em função do tipo de construção ou ramo de atividade, de uma determinada
edificação ser vítima de um incêndio e as consequências da ocorrência do fato.

Os incêndios normalmente são causados por comportamento de risco, isto é,


apanhado de atitudes realizadas pelo ser humano agindo com imprudência, imperícia ou
negligência. O desconhecimento dos riscos e o descaso na prevenção são as principais causas
do sinistro. (MELO, 1999)

Segundo Seito (2008), verifica-se que há uma assimilação de riscos acima do


aceitável em edificações, sendo necessária utilização de métodos de avaliação de desempenho
e análise de riscos de maneira que seja maximizado o resultado da Segurança Contra
Incêndio. A análise de risco de incêndio engloba:

• Modelagem matemática da possibilidade de ocorrência de incêndio;


• Análise de locais de riscos específicos;
• Cálculo de carga de incêndio;
17

• Cálculo de perdas:
o Humanas;
o Materiais;
o Operacionais;
o Etc.
• Probabilidade de o incêndio atingir escala urbana.

Dentro dos fatores levantados acima, Castro Neto (1994) relaciona ainda à
ocorrência de incêndio, o volume dos compartimentos, o risco de propagação e a resistência
dos elementos de construção ao fogo.

2.3 As medidas de segurança contra incêndio e pânico

Segurança é o que está livre de risco ou perigo. Risco é a probabilidade ou


possibilidade de acontecimento e perigo, estado que sugere cuidado e que pode produzir
danos. (MELO, 1999)

As instalações de combate a incêndio e sua manutenção são de fundamental


importância, chegando a certos tipos de edificações, a status de indispensável, de acordo com
o risco, área, ocupação e outros fatores considerados. (FALCÃO, 1995)

Em alguns casos, este item é empregado como diferencial da obra. Porém há de se


lembrar de que a segurança contra incêndio, antes de tudo, é obrigatória para qualquer
empreendimento. Conforme artigo 2° da Lei estadual N° 13556, de 29 de novembro de 2004,
in verbis:

Art.2º. A expedição de licenças para construção, funcionamento de quaisquer


estabelecimentos ou uso de construção, nova ou antiga, dependerão de prévia
expedição, pelo órgão próprio do Corpo de Bombeiros, de Certificado de
Conformidade do Sistema de Proteção contra Incêndio e Pânico. (Lei N° 13556,
2004, p. 1)

Ainda conforme a Lei estadual N° 13556, de 29 de novembro de 2004, as medidas


de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de risco do estado serão especificadas
através de normas técnicas estabelecidas pelo CBMCE, especificando-as como, in verbis:
18

Art.3º. São obrigatórias as medidas de segurança e proteção contra incêndio e pânico


nas edificações e áreas de risco do Estado.
§1º. Constituem medidas de segurança e proteção contra incêndio e pânico:
I - o acesso para viaturas da Corporação nas edificações e áreas de risco;
II - a separação entre edificações;
III - a segurança estrutural das edificações;
IV - a compartimentação horizontal;
V - o isolamento vertical;
VI - o controle de materiais de acabamento;
VII - as saídas de emergência;
VIII - a segurança em elevadores;
IX - o projeto de segurança e proteção contra incêndio e pânico;
X - o controle de fumaça;
XI - o gerenciamento de risco de incêndio;
XII - a brigada de incêndio;
XIII - a iluminação de emergência;
XIV - a detecção de incêndio;
XV - o alarme de incêndio;
XVI - a sinalização de emergência;
XVII - o sistema de hidrantes e mangotinhos;
XVIII - os extintores;
XIX - os chuveiros automáticos;
XX - o sistema fixo de resfriamento;
XXI - o sistema fixo de espuma;
XXII - o sistema fixo de gases;
XXIII - as instalações de gás liquefeito de petróleo e gás natural;
XXIV - o sistema de proteção contra descargas atmosféricas. (Lei N° 13556, 2004,
p. 2)

Os meios de proteção com incêndio e pânico, segundo Castro Neto (1994), podem
ser divididos em três fases:

• Prevenção: medidas antecipadas que devem impedir o início do incêndio. Deve


iniciar na confecção dos projetos e a escolha dos elementos constituintes da
edificação;
• Detecção: para o autor é a parte fundamental do sistema, auxiliando na
intervenção inicial e as lacunas que a prevenção deixar, possibilitando o escape
de forma ordenada e com menos pânico que em uma situação crítica;
• Intervenção: Ação direta ao incêndio e “impositiva” ação dos bombeiros.

Fitzgeralds (1997) recomenda que a proteção contra incêndios no projeto de


edificações seja organizada através de seis tipos de medidas:

• Evitar o início do fogo;


• Evitar o crescimento do fogo e sua propagação;
• Ter sistemas de detecção e alarme;
19

• Ter sistemas de combate a incêndios;


• Ter compartimentações para o confinamento do fogo;
• Ter rotas de saída para desocupação com segurança da edificação.

Brentano (2007) segue a linha utilizada nas literaturas dos Corpos de Bombeiros do Brasil,
dividindo os meios de proteção contra incêndios em duas classes:

• Meios de proteção passiva: têm como objetivo minimizar as possibilidades de


eclosão de um incêndio e reduzir a possibilidade de alastramento;

Conjunto de medidas incorporado ao sistema construtivo do edifício, sendo


funcional durante o uso normal da edificação e que reage passivamente ao
desenvolvimento do incêndio, não estabelecendo condições propícias ao seu
crescimento e propagação, garantindo a resistência ao fogo, facilitando a fuga dos
usuários e a aproximação e o ingresso no edifício para o desenvolvimento das ações
de combate. (NBR Nº 14.432, 2001, p. 3)

• Meios de proteção ativa: São medidas que têm finalidade de facilitar o combate
direto ao incêndio já iniciado e o controle até chagada do bombeiro local.

Tipo de proteção contra incêndio que é ativada manual ou automaticamente em


resposta aos estímulos provocados pelo fogo, composta basicamente das instalações
prediais de proteção contra incêndio. (NBR N° 14.432, 2001, p. 3)

“Proteção ativa responde aos estímulos provocados pelo fogo. Proteção passiva
atua independentemente da ocorrência de incêndio.” (CAMPOS, 2008)

São medidas de proteção passiva1:

• Acesso para viaturas: espaço destinado para as viaturas do CBMCE adentrarem


no entorno à edificação, à área de risco e à faixa de estacionamento;
• Separação entre edificações: distância segura entre cobertura e fachada de
edificações adjacentes, que se caracteriza pela distância medida horizontalmente
entre a cobertura de uma edificação e a fachada de outra;

1
Definições feitas com base na Norma Técnica 02/2008 do CBMCE – Terminologia e simbologia de segurança
contra incêndio e pânico.
20

• Segurança estrutural das edificações: controle de todo e qualquer elemento de


construção do qual dependa a resistência e a estabilidade total ou parcial da
edificação;
• Compartimentação: medida de proteção, constituída de elementos construtivos
resistentes ao fogo, separando ambientes, de tal modo que o incêndio fique
contido no local de origem e evite a sua propagação no mesmo pavimento ou
para pavimentos elevados;
• Isolamento: medidas de proteção passiva por meio de compartimentação (vedos
fixos resistentes ao fogo) ou afastamentos entre blocos destinados a evitar a
propagação do fogo, calor e gases;
• Controle de materiais de acabamento: Controle de produtos ou substâncias que,
não fazendo parte da estrutura principal, são agregados à mesma com fins de
conforto, estética ou segurança;
• Saídas de emergência: caminho contínuo, devidamente protegido e sinalizado,
proporcionado por portas, corredores, “halls”, passagens externas, balcões,
vestíbulos, escadas, rampas, conexões entre túneis paralelos ou outros
dispositivos de saída ou combinações desses, a ser percorrido pelo usuário em
caso de emergência, de qualquer ponto da edificação, recinto de evento ou túnel,
até atingir a via pública ou espaço aberto (área de refúgio) com garantia de
integridade física;
• Segurança em elevadores: controle de critérios a serem observados na instalação
de elevadores de segurança;
• Projeto de segurança contra incêndio e pânico: conjunto de peças gráficas e
escritas, necessárias à definição das características principais do sistema de
combate a incêndio, composto de plantas, seções, elevações, detalhes e
perspectivas isométricas e, inclusive das especificações de materiais e
equipamentos;
• Controle de fumaça: sistema projetado, que inclui todos os métodos isolados ou
combinados, para modificar o movimento da fumaça.
• Gerenciamento de risco de incêndio: todas as medidas administrativas e do dia a
dia, abrange desde a manutenção dos sistemas à administração das ações de
resposta;
21

• Brigada de incêndio: grupo organizado de pessoas, voluntárias ou não, treinadas


e capacitadas para atuar na prevenção, abandono da edificação, combate a um
princípio de incêndio e prestar os primeiros socorros, dentro de uma área
preestabelecida;
• Iluminação de emergência: Sistema que permite clarear áreas escuras de
passagens, horizontais e verticais, incluindo áreas de trabalho e áreas técnicas de
controle de restabelecimento de serviços essenciais e normais, na falta de
iluminação normal;
• Detecção de incêndio e alarme de incêndio: conjunto de dispositivos que visa a
identificar um princípio de incêndio, notificando sua ocorrência a uma central,
que repassará este aviso a uma equipe de intervenção, ou determinará o alarme
para a edificação, com o consequente abandono da área;
• Sinalização de emergência: conjunto de sinais visuais que indicam, de forma
rápida e eficaz, a existência, a localização e os procedimentos referentes a saídas
de emergência, equipamentos de segurança contra incêndios e riscos potenciais
de uma edificação ou áreas relacionadas a produtos perigosos;
• Instalações de gás liquefeito de petróleo e gás natural: sistema constituído de
tubulações, acessórios e equipamentos que conduzem e utilizam o GLP para
consumo, por meio da queima e/ou outro meio previsto e autorizado na
legislação competente;
• Sistema de proteção contra descargas atmosféricas: sistema destinado a dar
proteção às edificações contra descargas elétricas atmosféricas, através da
captação de raios e seu descarregamento para o solo através de cabos de baixa
resistência.

São medidas de proteção ativa:

• Sistema de hidrantes e mangotinhos; conjunto de dispositivos de combate a


incêndio composto por reserva de incêndio, bombas de incêndio (quando
necessário), rede de tubulação, hidrantes ou mangotinhos e outros acessórios
descritos em norma;
• Extintores: aparelho de acionamento manual, portátil ou sobre rodas, destinado a
combater princípios de incêndio;
22

• Chuveiros automáticos: conjunto integrado de tubulações, acessórios,


abastecimento de água, válvulas e dispositivos sensíveis à elevação de
temperatura, de forma a processar água sobre o foco de incêndio em uma
densidade adequada para extingui-lo ou controlá-lo em seu estágio inicial;
• Sistema fixo de resfriamento. dispositivos com suprimento de água
permanentemente conectados a uma tubulação que alimenta esguichos difusores
distribuídos de maneira a descarregar a água diretamente sobre o material que
queima. Podem ser de comando automático ou manual;
• Sistema fixo de espuma: sistema especial, ligado à fonte da solução produtora,
estando equipado com aspersores de neblina para descarga e distribuição na área
a ser protegida;
• Sistema fixo de gases: dispositivos com suprimento de gás permanentemente
conectado a uma tubulação que alimenta esguichos difusores distribuídos de
maneira a descarregar o gás carbônico diretamente sobre o material que queima.
Podem ser de comando automático ou manual.

Bayon (1978) estabelece um terceiro tipo de proteção contra incêndios, o uso da


seguradora, como meio de indenizar as vítimas, reconstruir o patrimônio e retornas a atividade
normal do estabelecimento. Esta é um a classificação que exige cautela, pois pode e deve ser
adicionada aos outros meios de proteção, mas nunca como substituta destes.

Segundo Pereira Júnior (2007), o incêndio é um evento negativo que compromete


a competitividade das empresas, causa prejuízos de diversas ordens: produção e
produtividade, impactos sócio-ambientais, danos à vida humana e à sobrevivência do negócio.

A maioria das empresas brasileiras trabalha na contratação de empresas


seguradoras como meio de minimizar os efeitos do sinistro e não na mitigação das causas, ou
seja, investimento em prevenção. Isso pode impor perdas econômicas consideráveis às
pequenas e grandes empresas no Brasil e no mundo, chegando até a fechá-las.

Os incêndios são eventos que geram custos diretos e indiretos as organizações, que
muitas vezes não estão preparadas para absorver tais impactos, comprometendo a
sua sustentabilidade econômica, podendo desencadear um processo de interrupção
provisória ou definitiva quanto à prestação dos seus serviços a sociedade.
(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p.1)
23

Concordando com o acima disposto, segundo Meade (1991), um percentual


considerável de negócios de pequeno porte, mesmo segurados, podem não retornar à ativa
após a ocorrência de um incêndio. Através de paradas não programadas funcionários de maior
competência são alocados em outras empresas e clientes são perdidos em virtude da
ocorrência do incêndio e redução da confiabilidade da empresa. O seguro não cobre tal custo.

Dando continuidade no capítulo seguinte será definido como é feito o trabalho de


prevenção e fiscalização na área de segurança contra incêndios no Estado do Ceará.

2.4 A prevenção de incêndio no Estado do Ceará

Para Gomes (1998), a prevenção contra incêndio é o único meio de garantia em


que um princípio de incêndio não fuja do controle, neutralizando seu desenvolvimento.

Souza (1996) esclarece os objetivos a serem atingidos pela prevenção através da


seguinte citação:

Os objetivos da prevenção contra incêndio são atendidos através do projeto,


instalação e manutenção devida das fontes de energia, do distanciamento adequado
entre o material combustível e a eventual fonte de ignição, da escolha do material
para acabamento da edificação (quanto a sua combustibilidade, velocidade de
propagação da chama, desenvolvimento de fumaça, etc.), do conhecimento dos
riscos que envolvem as atividades exercidas, da correta utilização dos equipamentos,
da compartimentação adequada dos riscos envolvidos, da proteção das aberturas
entre ambientes e entre pisos, etc.

Segundo Seito (2008), as perdas com incêndios nos países que adotam postura
severa na questão de prevenção têm diminuído significativamente. O autor reforça ainda que a
manutenção de coleta e análise de dados relativos a incêndios permite organizar programas de
prevenção a nível local e nacional.

No Ceará, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado é o organismo de segurança


pública, destinado à prestação de socorro, ao atendimento a chamados de emergência e à
execução de atividades de defesa civil, dentre estas a prevenção e combate a incêndios. Como
pode ser observado no art. 1° da lei Nº 13.438, de 07 de janeiro de 2004, que dispõe a missão
e competência do CBMCE:
24

Art.1º. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), órgão com


competência para atuar na defesa civil estadual e nas funções de proteção da
incolumidade e do socorro das pessoas em caso de infortúnio ou de calamidade;
exercer atividades de polícia administrativa para a prevenção e combate a incêndio,
bem como de controle de edificações e seus projetos, visando a observância de
requisitos técnicos contra incêndio e outros riscos; [...] ações educativas de
prevenção de incêndio, socorro de urgência, pânico coletivo e proteção ao meio
ambiente.(Lei N° 13438, 2004, p. 1)

Dentro do cenário de atuação do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará,


a atividade de prevenção é gerida pela lei N° 13.556, de 29 de dezembro de 2004, a qual
dispõe sobre a segurança contra incêndio e pânico e dá outras providências. Como pode ser
verificado em seu artigo 1°, in verbis:

Art.1º. Compete ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará – CBMCE, o


estudo, o planejamento e a fiscalização das exigências que disciplinam a segurança e
a proteção contra incêndios nas edificações e áreas de risco no âmbito do Estado do
Ceará, nos termos estabelecidos nesta Lei.
§1º. São objetivos desta Lei:
I – dispor sobre a proteção da vida dos ocupantes das edificações e áreas de risco,
em caso de incêndio e pânico;
II – dificultar a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente e ao
patrimônio;
III – proporcionar meios de controle e extinção do incêndio; e
IV – possibilitar condições de acesso para as viaturas e guarnições do Corpo de
Bombeiros. (Lei 13.556, 2004, p. 1)

Ainda com base na Lei estadual N° 13.556, de 29 de dezembro de 2004, em seu


artigo 2°, §1°, fica estabelecido que toda edificação, exceto as unifamiliares, estão sujeitas as
exigências estabelecidas nesta lei nas situações de construção ou reforma, mudança da
ocupação ou uso, ampliação da área construída, adequação das edificações e áreas de risco
com existência anterior à publicação desta Lei e vencimento da validade dos respectivos
Certificados de Vistoria.

Dentre os órgãos subordinados ao Comando Geral do CBMCE, aquele que é


responsável por estudar, planejar, coordenar, fiscalizar e controlar as atividades de prevenção
e segurança contra incêndio e pânico é a Coordenadoria de Atividades Técnicas (CAT). Como
pode ser visto no conteúdo disponibilizado no site oficial da corporação, baseado na lei
estadual Nº 13.438, de 07 de janeiro de 2004, in verbis:

A Coordenadoria de Atividades Técnicas é o Órgão de Execução Programática


responsável pelo controle da observância dos requisitos técnicos contra incêndios e
de projetos de edificações antes ou depois de sua liberação ao uso, competindo-lhe:
25

I - gerenciar o sistema de informações no que diz respeito à análise, cadastro e


controle de dados;
II - desenvolver pesquisa científica e avaliar o desempenho operacional da
Corporação;
III - analisar projetos de edificações, vistorias e pareceres técnicos;
IV - controlar, manter e manobrar hidrantes. (Lei N° 13.438, 2004, p.1)

O art. 4° item IV da lei Nº 13.438, de 07 de janeiro de 2004, Lei de organização


básica do CBMCE, define a Coordenadoria de Atividades Técnicas - CAT e os Grupamentos
de Bombeiros como Órgãos de Execução Programática. Estes têm suas atribuições
direcionadas pelo art. 16° da mesma lei, in verbis:

Art.16. Os Órgãos de Execução Programática são organizados de forma sistêmica e


tem a seu cargo a execução das atividades relativas a serviços técnicos,
planejamento operacional, atividades de defesa civil e operações de bombeirísticas
na região metropolitana e no interior. (Lei N° 13.438, 2004, p.4)

Desta feita, temos a Coordenadoria de Atividades Técnicas para execução da


prevenção de incêndios e os grupamentos de bombeiros para a execução das atividades de
prevenção de incêndios.

Assim, de acordo com o definido na Lei estadual N° 13.556, de 29 de dezembro


de 2004, que dispõe sobre a segurança contra incêndio no ceará, e o decreto estadual n°
28.085, de 10 de janeiro de 2006, o serviço de fiscalização de edificações desde o projeto até
o seu funcionamento, funciona de através das seguintes etapas:

• Elaboração do projeto arquitetônico da edificação segundo projeto urbanístico e


plano diretor da cidade.
• Elaboração do projeto de segurança contra incêndio e pânico – PSCIP da
edificação com base nas norma vigentes e no projeto arquitetônico aprovado pela
prefeitura;
• Entrada do PSCIP no Corpo de Bombeiros para análise, após aprovação do
mesmo é emitido o Certificado de Aprovação de Projeto e liberada a construção;
• Execução da obra de acordo com projeto;
• Solicitação de vistoria de habite-se, após vistoria feita e confirmação que a obra
foi executada de acordo ao existente no projeto aprovado é emitido o Certificado
de Conformidade, documento a ser apresentado para retirada do alvará de
funcionamento.
26

Figura 2: Sequencia de regularização da edificação


Fonte: Adequação de figura apresenta por CAMPOS (2008).

Além do definido acima, o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará deve exercer


atividade fiscalizadora conforme artigo 6° do decreto estadual N° 28.085, de 10 de janeiro de
2006:

Art.6º. A fiscalização da segurança contra incêndios será realizada por bombeiro


militar no exercício da função prevista em Lei, que receberá a nomenclatura de
“bombeiro militar fiscal”.
§1º Compete ao “Bombeiros Militar Fiscal” no exercício desta função, proceder a
interdição ou embargo, temporário ou definitivo, conforme o §3º do art.5º deste
Decreto, a entrega de notificações, realizar fiscalizações em toda estrutura física da
edificação tendo livre acesso aos pavimentos e áreas comuns, analisar os projetos
das edificações e/ou prevenção e combate a incêndio, plantas arquitetônicas, o
exame técnico das especificações aprovadas para a edificação fiscalizada, aparelhos
e equipamentos existentes, previstos e destinados a prevenção de incêndio e pânico,
autuação, observando o disposto no parágrafo seguinte.
§2º Constatada qualquer infração às disposições da Lei nº13.556 e deste Decreto e
demais normas legais e regulamentares relativas a segurança contra incêndio, o
bombeiro militar fiscal deverá lavrar o auto de infração de acordo com o disposto no
art.9º (da autuação) deste Decreto. ( DECRETO N° 28.085, 2006, p.2)

Mesmo com normas, critérios e procedimentos apresentados anteriormente, o


risco de incêndio é constante e a ocorrência deste presente no dia à dia. Assim deve ser
absorvido de sinistros de incêndio o aprendizado para aprimoramento e elaboração de normas
de prevenção e procedimentos de combate.
27

2.5 Os grandes incêndios2

Não obstante desta realidade poderíamos deixar de lembrar, que nas décadas de 70
e 80 do século passado, houve grandes sinistros no Brasil, como nos edifícios Andraus (31
andares 1972), Joelma (25 andares 1974), Conjunto Nacional (1978), Grande Avenida (19
andares 1981) e Torres da CESP (21 e 27 andares 1987), em São Paulo; nas Lojas Americanas
(1973) e Lojas Renner (1976), em Porto Alegre, RS; no edifício Andorinha (1986), no Rio de
Janeiro; no Edifício Visconde de Itaboraí, onde funcionavam o Banco do Brasil e a Cacex, e
no edifício do Ministério da Habitação e Bem Estar Social, ambos em 1988, em Brasília.
Esses acontecimentos marcaram um novo período com a preocupação com a segurança contra
incêndio nas edificações. Esses sinistros foram responsáveis pela morte de centenas de
pessoas, danos materiais incalculáveis, perdas de documentos importantes, e despertaram
ainda que tardiamente, uma preocupação, por parte dos governos federal, estadual e
municipal, conselhos de profissionais, entidades civis, corpos de bombeiros, etc., com a
segurança nas edificações de uma forma geral. (LIMA, 2006)

O prejuízo causado neste tipo de sinistro é dividido entre pessoas, materiais e de


ordem social (redução de postos de trabalho e subemprego temporário, etc.), este último
dificilmente detectado nas estatísticas. Vale ressaltar que através destes episódios, muitas
vezes trágicos, ocorre um alerta para a segurança contra incêndio e pânico.

2.5.1 Nos Estados Unidos da América (EUA)

A ocorrência de quatro grandes incêndios gerou um marco na cultura de


segurança americana, das 183 páginas do primeiro “handbook” da NFPA (National Fire
Protection Association) 37 foram dedicadas a chuveiros automáticos e 49 a suprimento de
água. Isto ocorreu também porque os organizadores do comitê eram oriundos de seguradoras
de incêndio.

Foi após esses incêndios, em especial o da Triangle Shirtwaist Company, que a


NFPA ampliou sua missão para proteção de vidas e não somente de propriedades.

2
Baseado em Seito (2008).
28

• Teatro Iroquois, em Chicago (30 de dezembro de 1903): 600 pessoas das 1600
existentes foram vitimadas;
• Casa de Ópera Rhoads (13 de janeiro de 1908): saídas fora do padrão e 170
pessoa morreram;
• Escola elementar Collinwood em Lake View (04 de março de 1908): maior
episódio de incêndio escolar nos EUA, 172 crianças faleceram;
• Triangle Shirttwaist Factory (25 de março de 1911): Incêndio em uma indústria
de vestuário, situada em prédio elevado, causou morte de 146 pessoas. A maioria
das vítimas eram jovens e mulheres com menos de 18 anos. Os bombeiros só
atingiram o topo da edificação após 50 minutos de chamas.

2.5.2 No Brasil

Antes dos grandes incêndios, anos 70, a segurança contra incêndios no país era
vista como algo relacionado somente aos corpos de bombeiros.

As medidas de segurança se limitavam a dimensionamento de escape, extintores,


hidrantes e sinalização desses equipamentos. Isto advindo de aprendizado internacional ou de
empresas seguradoras.

Sequencia de tragédias:

• Gran circo Norte-Americano em Niterói-RJ (13 de dezembro de 1961): maior


incêndio em perda de vidas no país, 250 mortos e 400 feridos. Um incêndio
iniciou no toldo de lona e em 3 minutos este caiu sob a platéia de 2500 pessoas.
O incêndio teve origem criminosa e a tragédia teve repercussão internacional,
com manifestações do papa e auxílio dos EUA, foram fornecidos 300 metros
quadrados de pele humana para tratamento de queimados;
• Indústria Volkswagen do Brasil em São Bernado do Campo -SP (18 de
dezembro de 1970): apenas uma vítima fatal, porém com perda total da
edificação;
• Edifício Andraus em São Paulo - SP (24 de fevereiro de 1972): primeiro grande
incêndio em edifício elevado do país, 31 andares, estrutura em concreto armado
29

e pele de vidro. Das 252 vítimas, 16 morreram. O local não possuía escada de
segurança e a presença de heliponto foi fundamental no socorro;
• Edifício Joelma (1° de fevereiro de 1974): Também construído em concreto
armado com fachada convencional (sem pele de vidro), 23 andares de
estacionamentos e escritórios. O edifico, assim como o Andraus, não possuía
escada de segurança e o sinistro provocou cenas fortes de pessoas se jogando das
janelas e caindo do telhado para livrarem-se das chamas. Muitas vítimas
pereceram nos telhados.

As modificações em virtude dos incêndios ocorridos:

• Simpósio de Segurança Contra Incêndios, realizado em 1974 pelo Clube de


Engenharia do Rio de Janeiro, observando três premissas: como evitar incêndios,
como combatê-los e como minimizar efeitos;
• Em 1974, é elabora a NB 208 – Saídas de emergência em edifícios altos;
• Em Brasília, ainda em 1974, a Comissão Especial de Poluição Ambiental,
promoveu o Simpósio de Segurança Contra Incêndios em Edificações Urbanas;
• O Instituto de Engenharia de São Paulo divulga o relatório dos incêndios e
afirma que oram seguidas todas as normas na execução do edifício. Confirmando
a necessidade de reformulação da legislação, em meados de 1974;
• Em 1975 o código de edificações de São Paulo inclui em seu texto normas
especiais de segurança a serem seguidas na construção de edifícios e é criado no
Rio de Janeiro o Código de Segurança Contra Incêndios, através de Decreto- Lei
estadual;
• Em 1978, foi elaborada a Norma regulamentadora 23 (NR 23) – Proteção Contra
Incêndios.

De acordo com o exposto acima, muitas atitudes somente foram tomadas depois
da ocorrência de tragédias. Este fato deixa claras a baixa cultura de segurança desenvolvida e
a dúvida de como ficará a segurança contra incêndios após um período longo sem sinistros.
30

É fato que as legislações estaduais estão evoluindo, porém como estas são
territoriais (setoriais) deixa uma lacuna quanto a que estado está no patamar mais elevado e
em que situação se encontra a legislação menos desenvolvida.

Como não é objetivo deste trabalho fazer comparativos de normas e legislação,


buscamos no capítulo posterior definir edificações altas e os critérios a serem adotados na
proteção de prédios elevados com base na legislação do Estado de Ceará.
31

3. O PROJETO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

A Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 13531 (ABNT, 1995) define a


elaboração do projeto de uma edificação como sendo a determinação e representação prévias
dos atributos funcionais, formais e técnicos de elementos de edificação a construir, pré
fabricar, a montar, a ampliar, a reduzir, a modificar ou a recuperar, abrangendo os ambientes
exteriores e interiores e os projetos de elementos de edificação e das instalações prediais, estas
contemplando as instalações de prevenção contra incêndio de acordo com item 2.2.a da NBR
supracitada.

A Norma Técnica 02 (NT 02/ CBMCE), Terminologia e Simbologia de Proteção


Contra Incêndio, trata o termo “projeto” de forma mais direta e específica:

Conjunto de peças gráficas e escritas, necessárias à definição das características do


sistema de combate a incêndio, composto de plantas, seções, elevações, detalhes e
perspectivas isométricas e, inclusive das especificações de materiais e equipamentos.
(NT 002/ CBMCE, 2007, p.15)

Segundo Brentano (2007), o cenário de segurança contra incêndio envolve de


forma direta 03 (três) profissionais ligados a elaboração e execução dos projetos de segurança,
relacionando características comprometedoras a estes, tais como:

• O proprietário (contratante): Normalmente apresenta desinteresse pela segurança


e induzem os projetistas a cumprirem minimamente as normas locais.

Os proprietários ou empreendedores, outras vezes não aceitam um bom projeto de


proteção contra o fogo, porque o custo da instalação poderá ser relativamente alto,
como sempre, a primeira providência é cortar os custos, e, ainda, jogando com o
imponderável de que o incêndio somente ocorre nas edificações dos outros.
(BRENTANO, 2007, p. 37)

• O projetista (contratado): Parte destes possui desconhecimento e desinteresse


pelo assunto, o mesmo, falta de consciência para com a importância da questão
de segurança contra incêndio. Sendo atribuído isto a indução a redução de custo,
muitas vezes imposta pelo proprietário e ao tempo disponível para o assunto na
grade curricular dos cursos de engenharia e arquitetura.
32

• O analista (fiscal) do Corpo de Bombeiros: Em alguns casos as corporações de


bombeiros não apresentam profissionais habilitados para exercer tal função,
normalmente formados por cursos resumidos realizados na própria instituição.
Esta prática dificulta a análise e impõe uma análise ao “pé da letra” não baseada
ao desempenho da edificação contra o fogo.

Desta forma, neste capítulo busca-se caracterizar o tipo de edificação estudada e


seu enquadramento legal, com base na legislação do Estado do Ceará. Definindo os
parâmetros de projeto para os sistemas adotados com intuito de fornecer embasamento para os
critérios de análise das edificações presentes no estudo de caso.

3.1 Edificação alta

A verticalização das edificações é uma tendência natural devido à falta de espaços


urbanos, como mostram as estatísticas, incêndios em edificações elevadas podem representar
grandes tragédias. (BRENTANO, 2007)

A legislação de segurança contra incêndio e pânico do Estado do Ceará, tem a


altura da edificação como fator considerável para definição dos sistemas a serem adotados no
projeto. A NT 002 (CBMCE, 2008) define três tipos de alturas:

• Altura descendente (ha): Medida em metros entre o ponto de saída da descarga,


sob a sob a projeção do paramento externo da parede da edificação, ao ponto
mais baixo do nível do piso do pavimento mais baixo da edificação (subsolo);
• Altura da edificação (hd): Medida em metros entre o ponto de saída da descarga,
sob a sob a projeção do paramento externo da parede da edificação, ao piso do
último pavimento habitável;
• Altura total da edificação: Medida em metros entre o ponto de saída da descarga,
sob a sob a projeção do paramento externo da parede da edificação, ao ponto
mais alto da edificação.
33

Figura 3: Tipos de alturas


Fonte: Brentano (2007).

A classificação quanto à altura é tratada de forma diferente por diversas


legislações brasileiras e interncionais.

A norma internacional NFPA 101 “Life Safety Code”, define o edifício alto como
aquele maior de 75 pés (aproximadamente 23 m), medidos do mais baixo nível de acesso para
o veículo do bombeiro ao piso do mais alto pavimento ocupado.

De acordo com Bayon (1978), os critérios adotados pela legislação espanhola


consideram edificações altas como sendo as que possuim de 28 a 50 metros do nível de acesso
da viatura de bombeiros ao nível do último pavimento, dependendo do tipo da edificação.
Para edificações residenciais este parâmetro fica estabelecido como 50 metros.

A norma nacional Norma Brasileira Regulamentadora - NBR 9077 (ABNT, 1993)


“Saídas de Emergência em Edifícios”, define tais edificações como sendo as que possuam
altura superior a 30 metros, medida da soleira da porta de entrada a soleira de entrada do piso
do último pavimento ou edificações dotadas de pavimentos recuados em relação aos
pavimentos inferiores, de tal forma que as escadas dos bombeiros não possam atingi-las; ou
situadas em locais onde é impossível o acesso de viaturas de bombeiros, desde que sua altura
seja superior a 12 metros. Segue esta mesma definição para NT 005 (CBMCE, 2008).
34

A Norma Técnica 001 (CBMCE, 2008) considera edificação alta como sendo
aquela que possui mais de 30 metros de altura, medido do nível da descarga ao piso do último
pavimento habitável.

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES QUANTO À ALTURA

TIPO DENOMINAÇÃO ALTURA

I EDIFICAÇÃO TÉRREA UM PAVIMENTO

II EDIFICAÇÃO DE BAIXA ALTURA H <=6,00 M

III EDIFICAÇÃO MEDIANAMENTE BAIXA 6,00 M < H <=12,00 M

IV EDIFICAÇÃO DE MÉDIA ALTURA 12,00 M < H <=24,00 M

V EDIFICAÇÃO MEDIANAMENTE ALTA 24,00 M < H <=30,00 M

VI EDIFICAÇÃO ALTA H >30,00 M

Fonte: Norma Técnica 001 / CBMCE.

Baseado nas definições acima se considera edificação alta como aquela que
ultrapassa o alcance dos maiores equipamentos existentes no Corpo de Bombeiros da
localidade. Portanto, para este estudo considera-se edificação alta toda aquela que possuir
mais que 55 metros do nível do logradouro ao piso do último pavimento habitável.

3.2 Especificações técnicas do projeto

Para definir os critérios de projetos, se faz necessário classificar a edificação de


acordo com a Norma Técnica 001 (CBMCE, 2008), a partir desta, especificar o
enquadramento dos sistemas a serem adotados na edificação em questão.

3.2.1 Classificação da edificação

Neste momento deve-se classificara edificação com base na NT 001 (CBMCE,


2008), segue abaixo sequencia cronológica:
35

1° QUANTO A OCUPAÇÃO
Grupo A
Ocupação/ uso: Residencial
Divisão: A – 2
Descrição: Habitação Multifamiliar

TABELA 2 - CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO À OCUPAÇÃO

GRUPO OCUPAÇÃO DIVISÃO DESCRIÇÃO EXEMPLO

A Residencial A-1 Habitação Edifícios de apartamento em geral e


Multifamiliar condomínios horizontais.

Fonte: Norma Técnica 001 / CBMCE.

2° QUANTO À ALTURA
Tipo 1
Denominação: Edificação alta
Altura: H > 30 metros (ver Tabela 1, pág. 2)

3° QUANTO À CARGA INCÊNDIO


Risco: Baixo

TABELA 3 - CLASSIFICAÇÃO DA EDIFICAÇÃO QUANTO À CARGA DE


INCÊNDIO

RISCO CARGA DE INÊNDIO (MJ/ m2)

BAIXO até 300

Fonte: Norma Técnica 001 / CBMCE.

3.2.2 Sistemas adotados

Considerando a classificação feita no item anterior e que o tipo de edificação


estudada possui área construída superior a 750m2.
36

A Norma Técnica 002 (CBMCE, 2008) define área construída como sendo o
somatório das áreas de todos os pavimentos de uma edificação, desprezando as áreas
descobertas.

Com base na classificação feita no item anterior e na Tabela 4 da NT 001


(CBMCE, 2008), ficam definidas as seguintes exigências para a edificação de estudo:

TABELA 4 – EXIGÊNCIAS PARA EDIFICAÇÕES COM ÁREA MAIOR QUE 750


M2 E/OU COM MAIS DE DOIS PAVIMENTOS

Fonte: Norma Técnica 001 / CBMCE.

• Acesso de viaturas
37

Este sistema é dimensionado de acordo com a Norma Técnica 010 (CBMCE,


2008) e fixa condições mínimas exigíveis para o acesso e estacionamento de viaturas do
CBMCE nas edificações e áreas de risco, visando a disciplinar o seu emprego operacional na
busca e salvamento de vítimas e no combate aos incêndios.

PRINCIPAIS PARÂMETROS

Altura mínima de 4,50m do portão de acesso e largura mínima de 4,00m, vias


internas de 6,00m.

Figura 4: Altura e largura mínimas de acesso a edificação


Fonte: Norma Técnica 010 (CBMCE, 2008).

• Saídas de emergência

A Norma Técnica 005 (CBMCE, 2008) estabelece os requisitos mínimos


necessários para o dimensionamento das saídas de emergência, para que sua população possa
abandoná-las, em caso de incêndio ou pânico, preservando sua integridade física, e permitir o
acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou retirada de pessoas.

Detalhes ou parâmetros não contemplados nesta norma devem ser dimensionados


em observância a NBR 9077 (ABNT, 1993).
38

Figura 5: Escada de emergência


Fonte: Campos (2006).

CLASSIFICAÇÃO
Quanto à ocupação: A-2
Quanto à altura: Edificação alta
Quanto às características construtivas: Y
Área do maior pavimento (pavimento): De pequeno pavimento (tipo N)

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Largura mínima da escada: 1,20m;
Corrimão em ambos os lados com 0,92m de altura;
Portas abrindo no sentido do fluxo;
Existência de anticâmara e portas corta fogo (PCF-60), escada protegida à prova de
fumaça (PF);
Piso antiderrapante.
Acesso livre, sem obstáculos internos (ex. lixeiras no seu interior);
Possuir sinalização de pavimento.

• Brigada de incêndio

Este parâmetro é indicado na legislação do estado como opcional para edificações


residenciais por portaria do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará.
39

• Iluminação de emergência

A Norma Técnica 009 (CBMCE, 2008) fixa as condições necessárias para o


projeto e instalação do sistema de iluminação de emergência em edificações e áreas de risco.

Detalhes ou parâmetros não contemplados nesta norma devem ser dimensionados


em observância a NBR 10898 (ABNT, 1999).

Figura 6: Bloco Autônomo para Iluminação de emergência


Fonte: Campos (2006).

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Altura máxima: 2,5 metros;
Tensão máxima: 30v;
Espaçamento máximo de 15 metros ponto a ponto.

• Alarme de incêndio

A Norma Técnica 012 (CBMCE, 2008) estabelece os requisitos mínimos


necessários para o dimensionamento dos sistemas de detecção e alarme de incêndio em
edificações e áreas de risco.

Detalhes ou parâmetros não contemplados nesta norma devem ser dimensionados


em observância a NBR 9441 (ABNT, 1998).
40

Figura 7: Alarme de acionamento manual


Fonte: KRB (2009)3.

PRINCIPAIS PARÂMETROS
A central deve estar em local de constante vigilância;
Distância máxima a ser percorrida até o alarme: 30 metros;
Acionadores manuais devem estar preferencialmente junto aos hidrantes.

De acordo com item 4.21 da NT 012, do CBMCE:

4.21 Edifícios residenciais acima de 23m deverão ter, no sistema de interfone,


dispositivo de alarme paralelo que emita som ao mesmo tempo para todos os
apartamentos, com sequencia de 10 segundos e no mínimo 1min de duração.
(CBMCE, 2008, p. 3)

• Sinalização de emergência

Não existe Norma Técnica específica para dimensionamento deste sistema, sendo
indicado os parâmetros da NBR 13434 (ABNT, 2004). Desta forma, somente são exigidos
placas indicativas de equipamento e, na central de gás, placas de advertência.

3
Disponível em: http://www.kbr.com.br/kbr-eletronica-produtos-alarme-de-incendio.html. Acesso em 02 de
dezembro de 2009.
41

Figura 8: Sinalização de equipamento


Fonte: NBR 13434 (ABNT, 2004)

Figura 9: Sinalização de rotas de fuga


Fonte: Campos (2006)

• Extintores

A Norma Técnica 004 (CBMCE, 2008) estabelece critérios para proteção contra
incêndio em edificações e áreas de risco por meio de aparelhos extintores de incêndio.
42

Figura 10: Extintor de incêndio


Fonte: Campos (2006)

PRINCIPAIS PARÂMETROS
No mínimo 02 extintores por pavimento;
Altura máxima de instalação: 1,60 metros;
Distanciamento de acordo com tabela 1 da NT 004 (CBMCE, 2008):

TABELA 5 - DISTRIBUIÇÃO DOS APARELHOS EXTINTORES SEGUNDO RISCO, ÁREA E


DISTÂNCIA A SER PERCORRIDA
RISCO ÁREA (m2) DISTÂNCIA (m)
BAIXO 500 20
MÉDIO 250 15
ALTO 150 10
Fonte: Norma Técnica 004 / CBMCE.

• Sistema de Hidrantes

A Norma Técnica 006 (CBMCE, 2008) fixa as condições necessárias exigíveis


para dimensionamento, instalação, manutenção, aceitação e manuseio, bem como as
características dos componentes do sistema de hidrantes para combate a incêndio.
43

Figura 11: Hidrante de incêndio


Fonte: Campos (2006)

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Distância máxima a ser percorrida até o hidrante: 30 metros;
Altura de instalação: entre 1,00 e 1,20 metros;
Hidrante de recalque próximo à entrada principal;
Tubulação de 2 ½” em ferro galvanizado na cor vermelha;
Pressão Sistema do tipo 1, de acordo com tabela 2 da NT 006 (CBMCE, 2008);

TABELA 6 - TIPOS DE SISTEMAS DE PROTEÇÃO POR HIDRANTE

Fonte: Norma Técnica 006 / CBMCE.


44

Reserva técnica de no mínimo 4,5m3, de acordo com tabela 3 NT 006 (CBMCE,


2008), mais 600 litros para cada hidrante instalado;

TABELA 7 - VOLUME MÍNIMO DA RESERVA TÉCNICA DE INCÊNDIO

Fonte: Norma Técnica 006 / CBMCE.

Existência de bombas de incêndio, com alimentação independente, para


compensar as perdas do sistema.

• Central de Gás

A Norma Técnica 007 (CBMCE, 2008) estabelece as condições necessárias para a


proteção contra incêndio nos locais de manipulação, armazenamento, comercialização,
utilização, central de GLP, instalação interna e sistema de abastecimento a granel de gás
liquefeito de petróleo (GLP).

Detalhes ou parâmetros não contemplados nesta norma devem ser dimensionados


em observância a NBR 13523 (ABNT, 1995).
45

Figura 12: Central de Gás (GLP)


Fonte: Campos (2006)

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Tubulação de cobre (Cu);
Deve ser instalada fora da projeção da edificação, obedecendo os afastamentos da
tabela 5 da NT 007 (CBMCE, 2008);

TABELA 8 - AFASTAMENTOS DOS RECIPIENTES ESTACIONÁRIOSEM RELAÇÃO ÀS


PROJEÇÕES DAS EDIFICAÇÕES

Fonte: Norma Técnica 007 / CBMCE.

Possuir extintores de incêndio conforme tabela 006 da NT 007 (CBMCE, 2008);

TABELA 9 - UNIDADE E CAPACIDADE EXTINTORA DE PÓ B C, ASER INSTALADO JUNTO À


CENTRAL DE GLP

Fonte: Norma Técnica 007 / CBMCE.


46

• Chuveiros automáticos

A Norma Técnica 015 (CBMCE, 2008) estabelece as condições a serem atendidas


pelas edificações e áreas de risco em que seja necessária a instalação do sistema de chuveiros
automáticos,

Detalhes ou parâmetros não contemplados nesta norma devem ser dimensionados


em observância a NBR 10897 (ABNT, 1990).

Figura 13: Bico de chuveiro automático


Fonte: RITSFIRE (2009)4

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Devem ser instalados em áreas comuns;
Tubulação de 2 ½” em ferro galvanizado na cor vermelha.

As condições de funcionamento devem observar os parâmetros da tabela 1 da NT


015 (CBMCE, 2008).

4
Disponível em: http://www.ritsfire.com.br/prod.htm. Acesso em 03 de dezembro de 2009.
47

TABELA 10 - CONDIÇÕES MÍNIMAS DE FUNCIONAMENTO DOSISTEMA DE CHUVEIROS


AUTOMÁTICOS

Fonte: Norma Técnica 007 / CBMCE.

• Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)

A Norma Técnica 001 (CBMCE, 2008) obriga todas as edificações com área
construída superior a 750m2 ou acima de 12 metros de altura a adotarem este sistema. O
dimensionamento deste sistema é feito em observância a NBR 5419 (ABNT, 2001).
48

Figura 14: Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas


Fonte: TERMOTÉCNICA (2009)5.

PRINCIPAIS PARÂMETROS
Possuir captação, descida e aterramento conforme norma e resistência inferior a 10 Ω.

5
Disponível em: www.tel.com.br. Acesso em 02 de dezembro de 2009.
49

4 ESTUDO DE CASO

Os trabalhos foram realizados através da utilização de Check-List para inspeção


predial em edificações com altura superior a 55 metros de altura existentes em Fortaleza
Ceará.

Inspeção predial é uma vistoria para indicação das condições técnicas de uma
edificação e determinação de medidas preventivas e corretivas necessárias para boa
conservação e manutenção do edifício. (LIVIO, 2002, apud Magri, 2003, p. 53)

Procurando absorver maior embasamento para pesquisa foram colhidas


informações referentes a formação dos analistas de projetos e ao quantidade de projetos de
segurança contra incêndio e pânico protocolados no Corpo de Bombeiros do Estado no
período de estudo, bem como ao quantitativo de vistorias solicitadas e o total de viaturas
disponível para o serviço.

4.1 Check-list

O Check-List utilizado na pesquisa foi baseado no elaborado no método utilizado


por Magri (2003), com título “Método de inspeção predial das condições de segurança contra
incêndio de edifícios residenciais”, sendo este direcionado para os critérios da Legislação de
Segurança Contra Incêndio do Estado do Ceará.

O Check-List proposto foi montado seguindo as prioridades das medidas ativas e


passivas inerentes à classificação pertinentes a edifícios residenciais, do Grupo A, a
que o Decreto Estadual n° 46.076/01 faz menção, “extintores de incêndio, hidrantes,
iluminação e sinalização de emergência, compartimentação, saídas de emergência e
finalmente um dos itens mais importantes, que são as brigadas de incêndio e seus
ensaios de abandono”. O Check-List proposto tem como objetivo servir de apoio ao
inspetor na feitura do laudo de inspeção predial de segurança contra incêndios.
(MAGRI, 2003, p. 58)

As características quanto a classificação da edificação, número de pavimentos,


endereço, população, nome do síndico, também não foram consideradas no Check-List, por
tratar-se do grupo de edificação já definido no capítulo 3 deste trabalho.
50

O Check-List utilizado no trabalho foi o seguinte:

ITEM INSPECIONADO SIM NÃO OBSERVAÇÃO


Projeto de Segurança Contra incêndio no
1
prédio
2 Certificado de Conformidade atualizado
2 Extintores
Ao menos 02 por pavimento
Manutenção conforme NBR 12962
Respeitam as classes de incêndio
3 Hidrantes
Condições gerais
Reserva de incêndio respeitada
Hidrante de recalque em bom estado
Bombas de incêndio funcionando
4 Saídas de emergência
Existência de corrimãos em ambos os lados
Acesso livre, sem obstáculos
Respeitada a unidade de passagem de 1,20m
Sinalização de pavimento
5 Iluminação de emergência
Presente nas caixas de escada
Rotas de fuga (15m ponto a ponto)
6 Alarme de incêndio
Respeitado a distância máxima de 30m
6 Brigada de incêndio
7 Acesso de viaturas (portão de entrada)
8 Sinalização de emergência
De equipamento
Indicando rotas de fugas
9 Central de Gás
Tubulação de cobre
Respeitado os afastamentos
10 Chuveiros automáticos
Sistema de proteção contra descargas
11
atmosféricas
Não – Não conforme as normas
Sim – Conforme as normas
N.O. – Não observado
Observações – Detalhes importantes a serem considerados

Figura 15: O Check - List


Fonte: Baseado em Magri (2003).
51

4.2 Universo

Segundo Gil (1999), universo ou população é o conjunto definido de elementos


que possuim determinadas características.

O levantamento do quantitativo de edificações com altura superior a 55 metros de


altura existentes em Fortaleza, entre os anos de 2004 e 2009, foi feito com base nos dados
presentes no sistema do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. Totalizando um
universo de 113 prédios, considerando que da relação apresentada foram desconsiderados os
edifícios não residenciais.

Já o universo considerado para a realização da pesquisa em torno da formação dos


analistas do Corpo de Bombeiros local, foi totalizado em 03 analistas lotados na
Coordenadoria de Atividades Técnicas - CAT.

4.3 Amostra

Segundo Gil (1999), a amostra é o “subconjunto do universo ou da população por


meio do qual se estabelecem ou se estimam as características deste universo ou população”.

Para aplicação do Check-List e obtenção da amostra foi realizada visita informal


as edificações e coleta de dados adquiridos junto ao Corpo de Bombeiros do Estado.

Gráfico 1 – Percentual da amostra em relação à população.


52

Um percentual de 10% (11) dos prédios visitados não autorizou entrada na


edificação para realização da pesquisa.

A amostra do levantamento da formação dos analistas do Corpo de Bombeiros


coincidiu com o universo.

4.4 Resultados

4.4.1 Formação dos analistas do CBMCE6

ANALISTA 1
Experiência na Análise de projetos: 2 anos
Experiência na vistoria de edificações: sem experiência direta
Formação militar na área:
Curso de Formação de Oficiais (CBMDF)
Formação acadêmica:
Aluno do Curso de Direito (Faculdade 7 de Setembro)
Licenciado em Física (PEFP-UECE)

ANALISTA 2
Experiência na Análise de projetos: 1 ano
Experiência na vistoria de edificações: mais de 5 anos
Formação militar na área:
Curso de Formação de Oficiais (CBMDF)
Curso de Vistorias Técnicas
Curso de Análise de Projetos de Incêndio

ANALISTA 3
Experiência na Análise de projetos: 6 meses
Experiência na vistoria de edificações: 6 meses
Formação militar na área:

6
Informação adquirida através de consulta informal aos profissionais.
53

Curso de Formação de Oficiais (CBMDF)


Curso de Vistorias Técnicas
Formação acadêmica:
Engenheiro Eletricista (UFC-CE)

Consulta feita aos analistas do Corpo de Bombeiros do Estado confirmou as


afirmativas de Brentano (2007) quanto à formação básica dos mesmos. Verificou-se que
100% destes não possuim formação acadêmica específica na área (engenheiro civil ou
arquiteto), sendo treinados por cursos internos para o serviço que exercem.

Este fato não garante a falta de conhecimento ou o comprometimento da análise


exercida, não foi objetivo do estudo avaliar este parâmetro.

4.4.2 Quantitativo de vistorias e análise de projetos de 2004 a 2009

Dados fornecidos pela Coordenadoria de Atividades Técnicas – CAT do CBMCE.

Efetivo:

N° de Analistas: 03
N° de Viaturas: 03 carros e 03 motos

TABELA 11 – TOTAL DE VISTORIAS E ANÁLISES REALIZADAS PELO CBMCE


NO PERÍODO DE 2004 A 2005.
ANO VISTORIA ANÁLISE
2004 1675 514
2005 1793 569
2006 2232 528
2007 2048 555
2008 2143 667
2009 2573 1283
Fonte: CBMCE (2009).

Considerando que o sistema do CBMCE não registra de forma direta as


reprovações, e retornos, de vistorias e análises, o valor apresentado é bem inferior ao
requisitado. Logo, o quantitativo de processos frente ao total de militares e viaturas
54

disponíveis indica um fator, no mínimo, preocupante para o Sistema de Segurança Contra


Incêndio do Estado.

Não foi objetivo deste estudo buscar causas diretas para a situação de segurança
dos prédios estudados. Apenas se limitando a analisar as condições das edificações, porém
este fator é representativo e merece consideração m um estudo do tipo.

4.4.3 Inspeção predial das edificações

Este item apresenta os resultados colhidos através das inspeções nas edificações
estudadas.

Os resultados foram obtidos através de visitas ou informação existentes no Corpo


de Bombeiros Militar do Estado do Ceará.

Considerou-se como “SIM” os sistemas em conformidade com as normas


estaduais e “NÃO” os em desacordo. As edificações não observadas “N.O.” são aquelas que
não autorizaram a entrada e não possuim registro de vistoria atual no Corpo de Bombeiros.

• Projeto de Incêndio

Foi verificado que 50% das edificações estudadas não possui o Projeto de
Segurança Contra Incêndio e Pânico arquivado no prédio. Fato que compromete uma vistoria
futura, ou mesmo, manutenção no sistema.
55

NÃO 51
SIM 40
N.O. 11
Gráfico 2 – Projeto de incêndio.

• Certificado de Conformidade7

Foi verificado que 62% das edificações estudadas não possui o Certificado de
Conformidade atualizado. Isto representa que há pouco interesse por parte dos
administradores em se manterem dentro das normas de segurança, a vistoria do Corpo de
Bombeiros limita-se a retirada do Habite-se da edificação ou em resposta a denúncia direta.

Durante a pesquisa foi observado que as edificações com Certificado de


Conformidade atualizado com mais de 02 anos de construídas passaram por algum processo
de fiscalização.

7
Documento emitido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) certificando que, durante
a vistoria, a edificação possua as condições de segurança contra incêndio, previstas pela legislação e constantes
no processo, estabelecendo um período de revalidação.
Fonte: Norma Técnica 002/CBMCE (2008).
56

NÃO 63
SIM 28
N.O. 11
Gráfico 3 – Certificado de conformidade.

• Extintores de incêndio

Foi verificado que 13% das edificações estudadas não possui os seus extintores de
incêndio em condições adequadas para uso. Sendo que 05 não atendem os critérios referentes
a quantidade, apresentando apenas 01 extintor por andar.

A maioria dos prédios verificados tem uma empresa responsável pela recarga e
manutenção, o que facilita a preservação deste dispositivo.
57

NÃO 15
SIM 87
N.O. 11
Gráfico 4 – Extintores de incêndio.

• Sistema de hidrantes

Foi verificado que 33% das edificações estudadas não possui o sistema de
hidrantes em condições adequadas para uso. A manutenção da bomba foi o fator que
apresentou maior percentual de problema, seguida da inoperância do hidrante de recalque.

NÃO 27
SIM 65
N.O. 11
Gráfico 5 – Sistema de hidrantes.

• Saída de Emergência
58

Foi verificado que 22% das edificações estudadas não possui as saídas de
emergência em condições adequadas para uso. Salienta-se que o maior problema encontrado
foi a obstrução das escadas com lixeiras, trancas, etc.

NÃO 25
SIM 77
N.O. 11
Gráfico 6 – Saída de emergência.

• Iluminação de Emergência

Foi verificado que 100% das edificações estudadas não possui o sistema de
iluminação de emergência em condições adequadas para uso. Este número se dar pelo fato do
sistema de iluminação dos prédios limitar-se as caixas escadas, não mantendo a rota de fuga
iluminada em todo o seu trajeto.

Até pouco tempo, o Corpo de Bombeiros do Estado não cobrava a distribuição


dos pontos de 15 em 15 metros, desta forma os projetistas minimizavam o sistema
dimensionando luminárias apenas nas caixas de escada.
59

NÃO 104
SIM 00
N.O. 11
Gráfico 7 – Iluminação de emergência.

• Sistema de Alarme de Incêndio

Considerando o dimensionamento adequado (distância máxima a percorrer de 30


metros), funcionamento dos alarmes e sua proximidade dos pontos de hidrante, o sistema não
apresentou problemas consideráveis.

• Brigada de Incêndio

Nenhuma das edificações estudadas possui brigada de incêndio formada e


cadastrada no Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará. Este sistema é optativo e não implica
na não conformidade da edificação.

• Sinalização de Emergência

No tocante a sinalização dos equipamentos de incêndio não foi verificado impacto


considerável nos resultados obtidos, porém nenhuma das edificações possui um sistema
completo de sinalização, orientando rota de fuga, indicando equipamentos e advertências.
60

Não existe uma padronização no tipo de sinalização adotada, o Corpo de


Bombeiros local não obriga um tipo específico de placa. Bem como não é obrigada a
sinalização de orientação.

NÃO 104
SIM 00
N.O. 11
Gráfico 8 – Sinalização de emergência.

• Central de Gás (GLP)

Não foi observado alterações consideráveis neste sistema. Aspectos quanto a


recarga de extintor e sinalização já foram considerados nos itens anteriores.

• Chuveiros automáticos

O percentual de sistemas em desacordo (28%) ocorreu principalmente pelo não


acionamento da bomba de incêndio. Outros parâmetros como falta de bicos, pintura,
apareceram em menor proporção.
61

NÃO 32
SIM 70
N.O. 11
Gráfico 9 – Chuveiros automáticos.

• Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA)

Neste sistema foi observado a existência de captação, descida e aterramento. A


não conformidade apresentada limitou-se a verificar avarias apresentadas pela falta de
manutenção que não obrigatoriamente comprometam a funcionalidade do sistema.

O teste de resistência necessita de aparelho específico e não foi objetivo do


estudo.

NÃO 17
SIM 85
N.O. 11
Gráfico 10 – Sistema de proteção contra descargas atmosférica.
62

Desta forma, baseado no apresentado acima e verificado em campo notou-se que os


sistemas dimensionados pelos projetistas limitam-se as exigências previstas em norma. Os
problemas observados indicam deficiência na manutenção ou dimensionamento e não
ausência do sistema avariado.

A não conformidade do sistema no estudo realizado representa que este não atende
fielmente ao previsto em norma ou que este apresenta problemas quanto a estado de
conservação. Porém não indica total ineficiência do dispositivo em questão.

Considerando o acima exposto verifica-se que ainda há uma cultura carente de


manutenção em Fortaleza e que se limita as normas, economizando recursos na prevenção de
incêndio.
63

5 CONCLUSÃO

O incêndio é consequência do fogo descontrolado, sendo uma constante no


cotidiano do cidadão cearense e sua ocorrência advém do descuido na prevenção.

O risco de incêndio é uma constante no dia a dia e a ocorrência deste tipo de


sinistro está relacionada elementos construtivos e ações de risco de seres humanos.

As medidas de segurança contra incêndio são divididas em proteção ativa e


proteção passiva, sistemas que agem diretamente no combate ao fogo e os que agem
indiretamente, respectivamente.

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará é o órgão local competente


para realizar as atividades de prevenção e combate a incêndios, tendo a Coordenadoria de
Atividades Técnicas – CAT como setor diretamente responsável direta pelo serviço.

O histórico dos grandes incêndios no Brasil e no mundo mostra que estes já


geraram prejuízos materiais e humanos para o cenário nacional e mundial, representando um
indicativo de que as normas de segurança contra incêndio evoluíram à medida que ocorreram
as grandes catástrofes, despertando a sociedade mundial para a importância da segurança
contra incêndios.

O projeto de segurança contra incêndio é peça inicial e fundamental para o bom


desempenho dos meios preventivos. Este envolve três profissionais o projetista, o proprietário
e o analista. Os resultados obtidos direcionaram a ideia que o projetista é induzido contratante
a economizar no dimensionamento dos sistemas. O último, responsável pela fiscalização, não
apresenta titulação específica à área, formação acadêmica, sendo treinado internamente a
instituição militar para exercer o serviço.

O quantitativo de vistorias e análises protocoladas no Corpo de Bombeiros Militar


do Estado do Ceará versus o potencial humano e material, sugere atenção para o setor e
implementação de recursos.
64

A verificação dos sistemas de segurança contra incêndio das edificações altas,


com altura superior a 55 metros, indicou como relevantes os seguintes resultados:

• Não há preocupação com vistorias periódica do Corpo de Bombeiros e


atualização de certificação por parte dos administradores de edificações
residenciais limita-se a retirada do Habite-se;
• O percentual de prédios em total consonância com a legislação é pequeno
perante o universo verificado, na sua maioria condiciona a edificações recentes
e que a vistoria de Habite-se ainda não venceu;
• O dimensionamento dos sistemas é condicionado a exigências do órgão de
fiscalização, não havendo interesse na otimização da prevenção de incêndios;
• A manutenção dos sistemas não é observada continuamente, os sistemas
tendem a serem avariados com o tempo;
• Os aparelhos extintores, centrais de gás e sistemas de proteção contra descargas
atmosféricas não oferecem preocupação relevante;

Diante do exposto verificou-se que o sistema de segurança contra incêndio e


pânico de edifícios altos em Fortaleza oferece parcialmente condições de segurança para os
moradores. Necessitando os projetistas despertarem para uma cultura prevencionista e um
maior empenho de administradores na manutenção. A intensificação da fiscalização pelo
órgão competente é fundamental para a integração dos envolvidos no cenário de prevenção de
incêndio apresentado.
65

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