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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO DISTRITO FEDERAL

DIRETORIA DE SERVIÇOS TÉCNICOS


CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE INCÊNDIO
CURSO DE PERÍCIA DE INCÊNDIO

CAP. QOBM/ Comb. JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

O LAUDO PERICIAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO


DISTRITO FEDERAL E A LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS DAS
SEGURADORAS DE INCÊNDIO

BRASÍLIA
2008
CAP. QOBM/ Comb. JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

O LAUDO PERICIAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO


DISTRITO FEDERAL E A LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS DAS
SEGURADORAS DE INCÊNDIO

Monografia apresentada ao Centro de


Investigação e Prevenção de Incêndio, como
requisito para conclusão do Curso de Perícia
de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal.

ORIENTADOR: CAP. QOBM/ Comb. ALEXANDRE PINHO DE ANDRADE

BRASÍLIA
2008
CAP. QOBM/ Comb. JECTAN VITAL DE OLIVEIRA

O LAUDO PERICIAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO


DISTRITO FEDERAL E A LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS DAS
SEGURADORAS DE INCÊNDIO

Monografia apresentada ao Centro de


Investigação e Prevenção de Incêndio, como
requisito para conclusão do Curso de Perícia
de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar do
Distrito Federal.

Aprovado em: ____/ ____/ ______.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________
Gilberto Lopes da Silva – TC QOBM/Comb.
Membro

__________________________________________________
Luiz Tadeu Vilela Blumm - TC QOBM/Comb.
Membro

__________________________________________________
Edgard Sales Filho - TC QOBM/Comb.
Membro
À minha amada noiva Elisabeth, pela
compreensão e carinho transmitidos
durante todos os momentos de
dificuldade.
AGRADECIMENTOS

Ao Senhor Tenente-Coronel QOBM/ Comb. William Lopes Rodrigues, Chefe

de Gabinete do CBMCE, pela amizade e apoio durante todo o percurso do curso de

perícia.

Ao Senhor Capitão QOBM/ Comb. Alexandre Pinho de Andrade, orientador e

amigo pelo tempo dispensado à orientação e apoio deste trabalho monográfico.

Aos amigos, civis e oficiais-alunos, do Curso de Perícia de Incêndio 2008, pela

companhia diária e atuante contribuição de conhecimentos.

Por fim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram na elaboração e

conclusão deste trabalho.


“O dever de um perito é dizer a verdade;
no entanto para isso é necessário:
primeiro saber encontrá-la e, depois
querer dizê-la. O primeiro é um problema
científico, o segundo é um problema
moral.”

Nerio Rojas
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Percentual da amostra em relação a população ................................ 44


GRÁFICO 2 - Ano de formação do curso de perícia ................................................. 45
GRÁFICO 3 - Amostra dos laudos periciais .............................................................. 45
GRÁFICO 4 - Importância dada à valoração dos prejuízos ...................................... 46
GRÁFICO 5 - Existência de um método padronizado de valoração ......................... 47
GRÁFICO 6 - Margem de erro da valoração de prejuízos ........................................ 48
GRÁFICO 7 - Necessidade de método padronizado ................................................ 49
GRÁFICO 8 - Possibilidade de discordância entre peritos........................................ 49
GRÁFICO 9 - Uso do laudo Segurado x Seguradora................................................ 50
GRÁFICO 10 - Uso do laudo por seguradora ........................................................... 51
GRÁFICO 11 - Uso do laudo por segurado............................................................... 51
GRÁFICO 12 - Utilização judicial do laudo................................................................ 52
GRÁFICO 13 - Número de edificações seguradas ................................................... 54
GRÁFICO 14 - Percentual de ausência de valor....................................................... 54
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Distribuição do investimento estrangeiro............................................... 23

TABELA 2 - Perícias do ano de 2007 segundo bens sinistrados .............................. 34


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABC Associação Brasiliense de Peritos em Criminalística


CBMCE Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
CBMDF Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal
CIPI Centro de Investigação e Prevenção de Incêndio
Comb. Combatente
CPC Código de Processo Civil
CPI Curso de Perícia de Incêndio
DF Distrito Federal
FENACOR Federação Nacional dos Corretores de Seguro
FENASEG Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado e de
Capitalização
FUNENSEG Fundação Escola Nacional de Seguros
IRB Instituto de Resseguros do Brasil
MEC Ministério da Educação
PCDF Polícia Civil do Distrito Federal
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
RESUMO

OLIVEIRA, Jectan Vital de. O laudo pericial do Corpo de Bombeiros

Militar do Distrito Federal e a liquidação de sinistros das seguradoras de

incêndio. Brasília, 2008, 84p. Monografia (Curso de Perícia de Incêndio) – Diretoria

de Ensino e Instrução, Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal.

A perícia de incêndio do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal tem o

objetivo de retroalimentar o sistema de engenharia de segurança contra incêndio e

pânico através das análises realizadas na elaboração de seus laudos. Podendo

ainda auxiliar o poder judiciário quando solicitado.

A valoração dos prejuízos causados pelo incêndio é um dos fatores

considerados nos laudos periciais do Centro de Investigação e Perícia de Incêndio

(CIPI). Sendo esta informação fundamental para a liquidação de sinistros de bens

segurados.

A presente pesquisa busca esclarecer os métodos utilizados pelos

peritos do CIPI para chegar aos danos causados pelo incêndio e sua possível

contestação por segurados e seguradoras.

Palavras- chave: .Perícia de incêndio, Laudo pericial, Valoração de prejuízos,

Regulação de sinistros, Liquidação de sinistros, Seguro incêndio, Seguradora,

Segurado.
ABSTRACT

OLIVEIRA, Vital Jectan of. The decision of expertise of the Military

Fire brigade of Federal district and the clearance sale of casualties of the fire

insurance companies. Brasília, 2008, 84p. Monograph (Expertise of Fire Course) -

Management of Teaching and Instruction, Military Fire brigade of Federal District.

The expertise of fire of the Fire brigade of Federal district has objective

of informing the system of engineering of safety against fire and panic through the

analyses accomplished in the elaboration of their decisions. Still being able to

auxiliary the judiciary power when requested.

the value of the damages caused by the fire is one of the factors

considered in the decisions of the experts of the Center of Investigation and

Expertise of Fire (CIEF). being this fundamental information for the clearance sale of

casualties of held goods.

To present he/she researches search to explain the methods used by

the expert of CIEF to arrive to the damages caused by the fire and his/her possible

reply by having held and insurance companies.

Keywords:. Fire expertise, Decision of experts, Value of damages, Regulation of

casualties, Clearance sale of casualties, Safe fire, Insurance company, Held.


SUMÁRIO

1 ESPECIFICAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................ 15


1.1 Introdução............................................................................................................ 15
1.2 Definição do problema......................................................................................... 15
1.3 Objetivos ............................................................................................................. 17
1.3.1 Objetivo geral ................................................................................................... 17
1.3.2. Objetivos específicos....................................................................................... 17
1.3.2.1 Objetivo específico 1 ..................................................................................... 17
1.3.2.2 Objetivo específico 2 ..................................................................................... 17
1.3.2.3 Objetivo específico 3 ..................................................................................... 17
1.4 Justificativa .......................................................................................................... 18
1.5 Definição de termos............................................................................................. 19

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 21


2.1 Preliminares ......................................................................................................... 21
2.2 O seguro ............................................................................................................. 22
2.2.1 A história do seguro no Brasil........................................................................... 22
2.2.2 O seguro incêndio ............................................................................................ 25
2.2.2.1 Definição de seguro incêndio ........................................................................ 27
2.2.3 O contrato de seguro ........................................................................................ 27
2.2.3.1 A regulação de sinistros de incêndio ............................................................. 28
2.3 A perícia de incêndio ........................................................................................... 31
2.3.1 Fundamentação legal ....................................................................................... 31
2.3.2 A perícia de incêndio no CBMDF ..................................................................... 32
2.3.3 A capacitação do perito .................................................................................... 33
2.3.4 Dos bens sinistrados no Distrito federal em 2007 ............................................ 34
2.4 O valor do prejuízo causado por incêndio ........................................................... 35
2.4.1 Os custos do incêndio ...................................................................................... 36
2.4.2 A avaliação dos custos em obras sinistradas................................................... 37
2.4.2.1 Danos causados ............................................................................................ 37
2.4.2.2 Orçamentação ............................................................................................... 37

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 39
3.1 Apresentação ...................................................................................................... 39
3.2 Universo ............................................................................................................. 39
3.3 Amostra ............................................................................................................. 40
3.4 Instrumentos de coleta de dados ........................................................................ 41
3.5 Procedimentos de análise ................................................................................... 41
3.6 Hipóteses............................................................................................................. 42
3.6.1 Hipótese 1 ........................................................................................................ 42
3.6.2 Hipótese 2 ........................................................................................................ 42
3.6.3 Hipótese 3 ........................................................................................................ 43
3.6.4 Hipótese 4 ........................................................................................................ 43

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 44
4.1 População e amostra........................................................................................... 44
4.2 Questionário ........................................................................................................ 46
4.3 Laudo pericial ...................................................................................................... 52
4.4 Entrevista ............................................................................................................. 55
5 DISCUSSÕES ........................................................................................................ 57
5.1 Apresentação ...................................................................................................... 57
5.2 Estudo dos objetivos .......................................................................................... 57
5.2.1 Objetivo específico 1 ....................................................................................... 57
5.2.2 Objetivo específico 2 ........................................................................................ 58
5.2.3 Objetivo específico 3 ........................................................................................ 60
5.3 Estudo das hipóteses ......................................................................................... 62
5.3.1 Hipótese 1 ....................................................................................................... 62
5.3.2 Hipótese 2 ........................................................................................................ 63
5.3.3 Hipótese 3 ........................................................................................................ 65
5.3.4 Hipótese 4 ........................................................................................................ 66

6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 68

7 RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 70
7.1 Critérios a serem observados na padronização do método ................................ 70

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72
APÊNDICES ............................................................................................................. 75
APÊNDICE A – Questionário para os peritos concorrentes à escala do CIPI .......... 76
APÊNDICE B – Entrevista para o comandante do CIPI ............................................ 80
ANEXOS ............................................................................................................. 82
ANEXO A Lista de seguradoras que solicitam o laudo do Corpo de Bombeiros
para regulação de sinistros .................................................................. 83
15

1. ESPECIFICAÇÃO DO ESTUDO

1.1 Introdução

O estudo refere-se à análise do laudo pericial do CIPI, com ênfase em

possível contestação da cláusula “VALOR ESTIMADO DOS PREJUÍZOS

CAUSADOS (R$)” por seguradoras e segurados.

Inicialmente foi apresentado um breve histórico das atividades de

perícia e formação realizadas pelo Centro de Investigação e Perícia de Incêndio

(CIPI). As empresas seguradoras e a contestação dos laudos periciais do centro.

Seguindo da definição do problema.

Posteriormente o objetivo geral e os objetivos específicos foram

descritos como forma de nortear o estudo.

E finalizando, a justificativa delineada e os termos utilizados.

1.2 Definição do Problema

Desde sua criação, o CIPI já formou mais de 500 peritos, bombeiros ou

não, nacionais e internacionais, através do Curso de Perícia de Incêndio – CPI

realizado desde 1973 até o ano presente. Sempre com intuito de melhor servir a

sociedade e atuar na investigação e prevenção de incêndios favorecendo a

retroalimentação do sistema de prevenção e segurança contra incêndio e pânico.

Atualmente, o CIPI continua formando peritos, atuando na elaboração

de laudos periciais que favorecem a elucidação de incêndios, o estudo e a pesquisa

na área de prevenção e segurança contra incêndio e pânico.


16

A existência de empresas seguradoras no ramo de seguro incêndio

sugere responsabilidade com os resultados dos laudos periciais do CIPI e maior

segurança nos dados fornecidos por parte dos peritos, pois esses laudos podem ser

utilizados como parte de processos judiciais por seguradoras ou segurados.

A liquidação do sinistro realizada pela empresa seguradora vislumbra o

pagamento de indenização de acordo com o prejuízo causado, sendo informação

relevante o valor estimado do prejuízo e a causa do incêndio.

Partindo-se deste pressuposto, verifica-se a necessidade de fornecer

dados precisos no tocante à causa e valor estimado do prejuízo do sinistro,

fortalecendo a credibilidade dos laudos periciais em possíveis contestações judiciais

ou administrativas e fornecer informação para retroalimentação do sistema de

segurança contra incêndio e pânico.

Cabe ressaltar que embora o laudo pericial do CIPI não tenha como

finalidade o levantamento de causas e prejuízos de incêndios para liquidação de

sinistros, sendo um documento público, pode ser utilizado para este fim. Havendo a

possibilidade de sua solicitação para melhor esclarecer causas judiciais.

Do exposto, surge o seguinte questionamento como problema de

pesquisa:

Que medidas podem ser implementadas para minimizar ou

eliminar a repercussão de questionamentos por segurados e seguradoras

diante da cláusula “VALORES ESTIMADOS DO PREJUÍZO (R$)” presente no

laudo pericial do CIPI?


17

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Analisar os métodos utilizados pelos peritos do CIPI para estimar o

valor dos prejuízos causados pelo incêndio em edificação no laudo periciais do

centro e sua relação com seguradoras e segurados na liquidação de sinistros.

1.3.2 Objetivos específicos

1.3.2.1 Objetivo específico 1

Avaliar os procedimentos adotados pelos peritos do CIPI para

determinar o valor estimado do prejuízo causado pelo sinistro de incêndio em

edificação.

1.3.2.2 Objetivo específico 2

Especificar o processo de regulação de sinistro adotado pelas

empresas seguradoras, com foco no ramo de incêndio.

1.3.2.4 Objetivo específico 3

Avaliar possível utilização judicial do laudo pericial do CIPI e a

contestação dos dados presentes na cláusula “VALORES ESTIMADOS DO

PREJUÍZO (R$)”.
18

1.4 Justificativa

A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05

de outubro de 1988, em seu artigo 144, § 5°, dispõe sobre a Segurança Pública e

incumbe aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições previstas em lei, a

execução de atividades de defesa civil.

O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) com intuito

de melhor exercer sua atividade de perícia e pesquisas técnico-científicas com

intuito de desenvolver o sistema de prevenção de segurança contra incêndio e

pânico, como preconiza a lei n° 8.255, de 20 de dezembro de 1991, implementou o

Centro de Investigação e Prevenção de Incêndios (CIPI), como responsável pelo

trabalho de perícia de incêndios e explosões e contribuindo para a retroalimentação

do sistema e apoio na instrução aos processos de crimes de incêndio.

No entanto, a possibilidade de dano causado pelo risco da atividade

diária de empresas ou pessoas, gerou um mercado oportuno preenchido pelas

empresas seguradoras, mais especificamente do ramo de seguro incêndio. O

contexto proporcionou interesse no valor dos prejuízos causados e nas causas dos

sinistros ocorridos, para a regulação e liquidação do sinistro.

A investigação de incêndio realizada pelo CBMDF tem como produto o

laudo pericial. Este contém a possível causa do incêndio e estima o valor dos

prejuízos causados na cláusula “VALORES ESTIMADOS DOS PREJUÍZOS (R$)”.

Sendo documento público, pode ser utilizado como apoio ao processo de regulação

e liquidação de sinistros, divergindo ou não dos laudos das seguradoras.


19

Portanto, é conveniente analisar os métodos utilizados pelos peritos de

incêndio do CIPI para estimar os valores dos sinistros, a utilização dos laudos do

CBMDF como apoio a processos e a possível contestação destes laudos por

empresa seguradoras e/ ou segurados.

O presente estudo visa constituir-se em potencial instrumento para

aprimoramento da metodologia para estimativa de prejuízos aplicada a investigação

de incêndios utilizada pelos peritos do CBMDF, contribuindo para a melhoria na

concepção dos laudos periciais do CIPI.

1.5 Definição de Termos1

Apólice – É o instrumento do contrato de seguro pelo qual o segurado repassa à

seguradora a responsabilidade sobre os riscos, estabelecidos na mesma, que

possam advir.

Dano – É todo prejuízo material ou pessoal sofrido por um Segurado, passível de

indenização, de acordo com as condições de cobertura de uma apólice de seguro.

Incêndio2 – Fogo que se propaga ou se desenvolve com intensidade causando

prejuízo (dano).

Liquidação do sinistro2 – É o processo para pagamento de indenizações ao

segurado, com base no Relatório de Regulação de Sinistros.

Perito – Aquele que é sabedor, ou especialista, em determinado assunto.

__________________

1. Disponível em: http://www.irb-brasilre.com.br/cgi/dicionario/vertb.cfm.


2. Conceito do autor.
20

Prêmio – é a importância paga pelo segurado, ou estipulante, à seguradora em troca

da transferência do risco a que ele está exposto.

Regulação de sinistro – É o exame, na ocorrência de um sinistro, das causas e

circunstâncias para caracterização do risco ocorrido e, em face dessas verificações,

se concluir sobre a sua cobertura, bem como se o segurado cumpriu todas as suas

obrigações legais e contratuais.

Resseguro – Operação pela qual o segurador, com o fito de diminuir sua

responsabilidade na aceitação de um risco considerado excessivo ou perigoso, cede

a outro segurador uma parte da responsabilidade e do prêmio recebido.

Risco – Termo que define o elemento fundamental do contrato que caracteriza cada

uma das carteiras ou ramos e modalidades de seguros e pode ser definido como

acontecimento possível, futuro e incerto, independente da vontade das partes

contratantes, de cuja ocorrência decorram prejuízos de natureza econômica.

Segurado – É a pessoa física ou jurídica que, tendo interesse segurável, contrata o

seguro, em seu benefício pessoal ou de terceiros.

Seguradora3 – É uma instituição que tem o objetivo de indenizar prejuízos

involuntários verificados no patrimônio de outrem, ou eventos aleatórios que não

trazem necessariamente prejuízos, mediante recebimento de prêmios.

Seguro Incêndio2 – Ramo do seguro destina a cobertura de danos causados por

incêndio.

__________________

3. AZEVEDO, Gustavo Henrique Wanderley. Seguros: matemática atuarial e financeira. São


Paulo: Saraiva, 2008.
21

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Preliminares

A revisão de literatura realizada trata de fazer uma abordagem histórica

do seguro incêndio, desde sua criação no mundo até sua realidade atual no Brasil.

Em seguida, será estabelecido um breve histórico do seguro incêndio,

e dos procedimentos adotados pelas seguradoras para regulação de sinistros.

Trata-se de uma definição histórica e dos principais procedimentos

realizados pelas seguradoras de incêndio para realizar a regulação e liquidação de

sinistros, sempre valorizando informações que possam ser relacionadas com o laudo

pericial do CIPI.

Continua-se com o histórico do CIPI e suas atividades, a

retroalimentação do sistema de segurança contra incêndio e pânico e a utilização do

laudo pericial como prova judicial.

Apresenta-se a fundamentação legal da perícia de incêndio, verificando

a possibilidade de utilização do laudo do CIPI em processos judiciais.

Por conseguinte, trata-se de fazer um estudo sobre a utilização de

laudos periciais do CIPI em processos judiciais e o possível questionamento dos

dados fornecidos pela cláusula “VALORES ESTIMADOS DOS PREJUÍZOS (R$)”.

Por último, trata-se de se fazer um estudo do processo de regulação de

sinistros feito pelas empresas seguradoras e a possível utilização do laudo pericial

do CIPI como auxílio à liquidação de sinistros, e possível peça de um processo


22

judicial. Sendo o foco principal deste trabalho a relação dos métodos utilizados pelos

peritos para determinar o valor do prejuízo causado pelo incêndio.

2.2 O Seguro

Seguro é o sistema pelo qual um risco é transferido por uma pessoa, uma
empresa ou organização para uma companhia de seguros, que reembolsa o
segurado por sinistros cobertos e provê a pulverização dos custos dos
sinistros entre todos os segurados. Riscos, Transferência e pulverização
são elementos vitais do seguro. (SMITH, 1999, p. 3)

Segundo Pinto (2006), desde as pegadas iniciais de sua marcha pela

terra, o homem sempre se mostrou preocupado com a própria segurança e com a

conservação de tudo que conseguiu conquistar, face às incertezas do futuro. Daí se

pode dizer que a história do seguro remonta aos primeiros passos da civilização.

Daquela época até agora, a travessia do seguro é um registro de testemunho

humano, com tendências modernizadoras do seu processo evolutivo.

2.2.1 A história do seguro no Brasil

O seguro, segundo a SUSEP (2005), alinhando-se entre as mais

antigas atividades econômicas regulamentadas no Brasil, teve início ainda no Século

XVI, com os jesuítas. Sua mais remota regulamentação data do Século XVIII,

quando foram promulgadas as "Regulações da Casa de Seguros de Lisboa", postas

em vigor por alvará de 11 de agosto de 1791, e mantidas até a proclamação da

independência em 1822.

A atividade de seguro no país começa a ser levada a sério com a vinda

da família real para o Brasil, em 1808. Como ressalta Azevedo (2008), somente a

partir daí tem-se uma preocupação maior com o desenvolvimento. A primeira

companhia seguradora foi a Boa-Fé, em 1808, seguida da Companhia de Seguros


23

Conceito Público na Bahia, e Identidade no Rio de Janeiro, ambas voltadas para o

comércio marítimo.

Em 1860, surgem as primeiras regulamentações relativas à

obrigatoriedade de apresentação de balanço e outros documentos, além da

exigência de autorização para funcionamento das seguradoras. Em 1901, é criada a

Superintendência Geral de Seguros, subordinada ao Ministério da Fazenda, com a

missão de estender a fiscalização a todas as seguradoras que operavam no País.

(SUSEP, 2005)

Tabela 1 - Distribuição do investimento estrangeiro


(em % sobre o investimento total)
Setores 1860- 1902 1903- 13
Serviços básicos 59,0 61,7
Seguros 17,4 0,9
Bancos 7,8 9,7
Comércio 6,0 8,8
Indústria de transformação 4,0 7,2
Total parcial 94,2 88,3
Fonte: Ana Célia Castro (1979).
Grifo da autora

“O primeiro sindicato dos corretores de seguro e o primeiro sindicato

das seguradoras foram criados, respectivamente, em 1932 e em 1933, ambos no

Rio de Janeiro.” (AZEVEDO, 2008. p. 92)

Em 1939, é criado o Instituto de Resseguros de Brasil (IRB), com

política de proteção do mercado nacional frente às companhias estrangeiras e como

desafio operacional à regulação do resseguro e atividades de seguro em geral. E em

1951, é fundada a Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado e de

Capitalização, no Rio de Janeiro. (FENASEG, 2004)


24

O Instituto não poderia se organizar sem um laboratório. Sem a sua equipe


de estudos e pesquisas. Ele será um viveiro de técnicos que orientarão o
mercado de seguros do país, formando escola, criando uma consciência
nova, dando ao risco a segurança econômica e a segurança social que
deve ter. (MAGALHÃES, 1940)

O trecho do discurso do presidente do IRB na sua solenidade de

instalação, em junho de 1940, como destaca Alberti (2001), mostra a consciência do

instituto como órgão gestor da segurança econômica social do risco para a empresa

de seguros.

Esta mentalidade veio associada ao conhecimento e formação,

motivando a iniciativa de investimento em universidades e centros de formação. A

implementação da matemática atuarial e qualificação do setor contribuiu para o

desenvolvimento do mercado de seguros no país. (ALBERTI, 2001)

Em 1966, o governo instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados,

criando a SUSEP- Superintendência de Seguros Privados, órgão controlador e

fiscalizador da constituição e funcionamento das sociedades seguradoras e

entidades abertas de previdência privada. (SUSEP, 2005)

Em 1971, é criada a Fundação Escola Nacional de Seguros

(FUNENSEG), tornando-se o “braço acadêmico” do segurador, atuando na

disseminação do conhecimento, chegando a obter autorização do Ministério da

Educação - MEC, conferindo grau de bacharelado em administração na linha de

seguros e previdência privada. Em 1975, no Rio de Janeiro, é criada a Federação

Nacional dos Corretores de Seguros – FENACOR. (AZEVEDO, 2008)

Em 1985, segundo a SUSEP (2005), esta implanta o sistema de

audiência pública e aberta a todos os segmentos, para a formulação de medidas

gerais e tomada de decisões. Promove a desregulamentação gradual da atividade

seguradora, e dá autonomia à criação de produtos. Estimula a formação de


25

empresas regionais. Modifica os critérios e requisitos para aplicação de reservas

técnicas em ativos mobiliários. Acaba com a exigência de carta-patente para o

funcionamento das seguradoras. E promove a indexação dos contratos, que passam

a ser atualizados com base na correção monetária.

Quatro anos depois da Constituição Federal de 1988, em cerimônia de

posse de sua Presidência, a FENASEG dá publicidade a uma declaração de

princípios norteadores da atividade seguradora, a Carta de Brasília. Pouco depois,

em ação conjunta do IRB, SUSEP e Secretaria de Política Econômica, é lançado um

Plano Diretor do Sistema de Seguros, Capitalização e Previdência Complementar.

No ano de 1996, ocorre a liberação da entrada de empresas

estrangeiras no mercado nacional, e a quebra do monopólio ressegurador do IRB.

(SUSEP, 2005)

2.2.2 O seguro incêndio

Segundo Soares (1973), o seguro incêndio surgiu na Alemanha, em

1951, na cidade de Hamburgo, através de uma empresa que se denominou

“Contrato de Fogo”. Este contrato se integrou às firmas interessadas e apresentava

característica de uma pessoa jurídica atual, onde os associados se comprometiam

com parte de seu patrimônio. A experiência obteve êxito suficiente para em 1676

envolver mais 46 entidades menores, do mesmo ramo, e se denominar “Caixa de

Incêndios da cidade de Hamburgo”. Assim formando a primeira empresa de seguros

da Europa, que serviu de base para os sistemas das seguradoras de incêndio

modernas.
26

Ainda com base em Soares (1973), o seguro incêndio inglês,

inicialmente, ocorria através de contratação de seguradoras individuais (pessoas

físicas), após o incêndio catastrófico de 1666 houve a necessidade da criação de um

sistema de seguro propriamente dito, o “Fire Office”. logo em seguida fundou-se

também seu concorrente, o “Friendly Society”. O diferencial nas companhias de

seguro inglesas (Londres) é que, além da responsabilidade pela indenização, as

seguradoras eram responsáveis pela extinção de incêndio, sendo obrigadas a

manter os próprios Corpos de Bombeiros.

De acordo com Smith (1999), Benjamin Franklin manifestou interesse

em criar companhias voluntárias de combate a incêndio para proteger bens e vidas,

sendo um dos fundadores da primeira companhia de seguro incêndio na América

(“Novo Mundo”) a Philadélphia Contributrionship for the Insurance of Houses from

Loss by Fire, criada em 1752.

No Brasil o seguro incêndio surgiu por volta de 1850 com a

promulgação do Código Comercial Brasileiro. (SUSEP, 2005)

Inicialmente, a associação do seguro brasileiro ocorreu vinculado e

acompanhado ao Fire Offices’ Committee, órgão de origem inglesa. Teve início no

Rio de Janeiro, então Distrito Federal, evoluindo para o restante do país através do

Rio Grande do Sul e estados do Norte, em 1923.

“A maior companhia nacional de seguros de incêndio, em 1939, era a

Aliança da Bahia”. (ALBERTI, 2001)


27

2.2.2.1 Definição de seguro incêndio

Azevedo (2008) define seguro incêndio como seguro que cobre perdas

e danos materiais diretamente causados por incêndios, raio e explosões

ocasionadas por gases domésticos ou iluminantes e suas conseqüências, tais como:

desmoronamento, impossibilidade de remoção ou proteção de salvados, por motivo

de força maior, deterioração de bens guardados em ambientes refrigerados, bem

como despesas provenientes do combate ao fogo, salvamento e proteção dos bens

segurados e desentulho do local.

É o único tipo de seguro obrigatório para pessoas jurídicas. (Azevedo,

2008)

2.2.3 O contrato de seguro

Segundo Soares (1973), o contrato de seguro é aquele em que uma

das partes se obriga para com a outra, mediante pagamento antecipado de um

prêmio, a indenizá-la do prejuízo causado por um risco previsto em contrato. São

elementos do contrato de seguro:

• Seguradora: parte que se obriga a pagar a indenização, pessoa

jurídica legalmente autorizada a trabalhar no ramo de seguro;

• Segurado: Pessoa física ou jurídica que paga o prêmio à

seguradora como garantia de receber a indenização em caso de

sinistro resultante do risco previsto;

• Prêmio: Importância paga pelo segurado à seguradora, para

garantir o direito de receber a indenização;


28

• Risco: Evento futuro e incerto, potencialmente danoso ao

segurado;

• Indenização: Importância paga pela seguradora ao segurado

para compensar prejuízo causado pelo fato danoso ocorrido.

Oliveira (2002), ainda considera um sexto elemento no contrato de

seguro, a Apólice. Esta sendo definida por Azevedo (2008), como instrumento de

contrato pelo qual o segurado repassa à seguradora a responsabilidade pelos riscos

que possam advir, estabelecidos na própria apólice.

Segundo a SUSEP (2005), antes da apólice, o segurado formula uma

proposta à empresa seguradora com a intenção de cobertura dos riscos. A

seguradora analisa, e caso concorde, formaliza a apólice.

O contrato de seguro é um acordo celebrado entre partes, onde uma

tem obrigações financeiras para com a outra. Segurado e segurador devem guardar

a mais estrita boa fé e veracidade a respeito do objeto segurado e declarações a ele

concernentes. É conseqüência de riscos futuros. E por fim, é realizado através da

emissão de apólice.

Em suma, o contrato de seguro é consensual, aleatório, oneroso,

formal e bilateral. (CERNE, 1973)

2.2.3.1 A regulação de sinistros de incêndio

“Um regulador de sinistro é a pessoa diretamente responsável pela

investigação e liquidação de sinistros que podem estar cobertos pelo seguro.”

(SMITH, 1999)
29

Segundo Smith (1999), o passo inicial para pagamento da indenização

é a reclamação do sinistro coberto por parte do segurado. O segurado reclama à

seguradora através do aviso de sinistro e preenchimento de formulário próprio.

O regulador verifica a cobertura da apólice e, comprovada esta

hipótese, passa a colher fatos sobre o ocorrido. Neste momento, o sinistro é

analisado, buscando a comprovação do fato através de provas materiais e

testemunhos verbais. É determinada uma reserva de sinistro e a indenização é paga

ao segurado. (SMITH, 1999)

O seguro incêndio é vendido na forma de seguro compreensivo,

conjugado ou multirrisco, ou seja, pode cobrir riscos diversos como de bens, de

responsabilidades, de pessoas, entre outros. Sendo este envolvido pelos danos do

prédio, das máquinas e utensílios, bem como das mercadorias envolvidas.

(AZEVEDO, 2008)

Ainda segundo Azevedo (2008), é extremamente importante que o

segurado informe a importância segurada4, representada pela soma dos danos do

prédio e conteúdo, e esta seja igual ao valor em risco5 para evitar rateio6 em caso de

sinistro.

__________________

4. Importância segurada: cláusula que fixa os valores de responsabilidade da seguradora na


apólice.
5. Valor em risco: é o valor da obrigação do segurador.
6. Rateio: cláusula utilizada nos ramos que operam seguros proporcionais, estipulando que,
sempre que a importância segurada for menor do que o valor em risco, o segurado será
considerado segurador da diferença
Disponível em: http://www.irb-brasilre.com.br/cgi/dicionario/vertb.cfm.
30

A importância segurada servirá para determinar o limite máximo da

indenização e somente chegará a esta quantia em caso de perda total. Em caso de

perda parcial e se o dano do sinistro for superior à importância declarada, será

aplicada cláusula de rateio, ou seja, o segurado é responsável pela diferença não

mencionada e a indenização será calculada proporcionalmente ao valor declarado

pelo segurado. (cerne, 1973)

O Manual de Lucros Cessantes (1993) especifica que, além da

cobertura básica do seguro incêndio, a apólice pode conter coberturas adicionais em

que não cabe cláusula de rateio, tais como:

• Explosão de aparelhos;

• Explosão de aparelhos e substâncias;

• Terremoto;

• Queimadas em zonas rurais;

• Danos elétricos;

• Especial de aluguel;

• Desistência de sub-rogação de direitos;

• Entre outras previstas na apólice.

Embora exista o contrato com suas devidas especificações, a

negociação entre as partes nem sempre é possível. Alguns sinistros de

responsabilidade civil somente são resolvidos em processo judicial.

“Prova material é qualquer coisa tangível que seja relevante na

determinação dos fatos relativos ao sinistro.” (SMITH, 1999)


31

Independente da vontade do segurado e/ou seguradora, devendo

obedecer à leis e normas, é preciso apurar a causa do sinistro, seu enquadramento

e valor. Neste último item normalmente há divergência, salvo casos de perda total.

(CERNE, 1973)

2.3 A perícia de incêndio

O perito não cria e não crê, isto é, insere em seu laudo os fatos e atos
estudados e examinados, não fundado em simples proposições ou
probabilidades, devendo apresentar suas conclusões com toda objetividade,
mantendo sempre isenção e imparcialidade. (ALONSO, 1975)

2.3.1 Fundamentação legal

Segundo Dorea (2005), o juiz formará sua convicção pela apreciação

da prova que julgar necessária. Embora não exista hierarquia entre as provas, a

perícia, segundo o autor, acaba sendo mais aproveitada que as demais.

A preferência pela prova pericial ocorre pelo fato desta estar

fundamentada em conhecimento científico. As outras espécies de provas podem ser

contaminadas por induções, má-fé, entre outros erros.

Dorea (2005) afirma ainda, que no cenário de incêndio o perito deve

observar, além das causas, a extensão de danos causados. Estes prejuízos podem

ser decorrentes de ação fraudulentas, sendo importante averiguar a extensão dos

mesmos. O autor reforça ainda que a fotografia é um instrumento muito útil para o

trabalho do perito, podendo melhor convence e esclarecer a cerca do ocorrido.

Segundo art. 173 do Código de Processo Penal, o perito deve verificar

além da causa e o lugar que começou o incêndio, o perigo gerado a vida ou


32

patrimônio alheio, a extensão do dano e seu valor e as demais circunstâncias para

elucidação do fato.

O art. 212 do Código Civil define que o fato jurídico pode ser provado

mediante várias formas e dentre elas por meio de perícia.

“A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação” (CPC,

1973)

2.3.2 A perícia de incêndio no CBMDF

Na Constituição Federal de 1988, art. 144, § 5°, é previsto que aos

Corpos de Bombeiros Militares, além das funções de defesa civil, atribuem-se

funções previstas em lei. O art. 2°, item III, dá Lei de Organização Básica do

CBMDF, dar competência ao Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para

realizar perícia de incêndio na sua área de atuação.

Baseado em Andrade (2007), a atividade de perícia de incêndio no

CBMDF iniciou com a realização do primeiro Curso de Perícia de Incêndio e

Explosão ministrado pela Divisão de Perícias do Instituto de Criminalística da Polícia

Civil do Distrito Federal – PCDF, sendo reconhecida como missão-fim da

Corporação através da Lei n° 6.022, de 03 de janeiro de 1974.

Em 20 de novembro de 1991, a Lei orgânica n° 8.255 especificou como

competência do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal a realização de

perícias de incêndio e pesquisas técnico-científicas, com o objetivo de obter

produtos e processos que permitissem o desenvolvimento do Sistema de Segurança

Contra Incêndio e Pânico. A estrutura do Centro de Investigação e Prevenção de

Incêndio – CIPI foi estabelecida no Decreto n° 26.363, de 11 de novembro de 2005.


33

De acordo com os fundamentos de metodologia da investigação de

incêndio, do Curso de Perícia de Incêndio da Diretoria de Ensino e Instrução (2008),

a investigação desempenhada pelo CIPI tem importante papel em fornecer subsídios

às empresas seguradoras no confronto do valor em risco com a importância

segurada, além de outros fatores de interesse na regulação e liquidação do sinistro.

O Suplemento ao BG. n° 026 do CBMDF, de 06 de fevereiro de 2002,

Instrução sobre a Organização e Funcionamento do Serviço de Perícia de Incêndio

do CBMDF, em seu art. 4° V, garante que a perícia realizada no Distrito Federal pelo

Corpo de Bombeiros tem o objetivo de auxiliar o poder judiciário quando solicitar

laudos periciais.

A missão do perito bombeiro consiste em realizar a investigação e análise


das causas, do desenvolvimento, suas conseqüências, dos danos dos
prejuízos, e de outros fatores e circunstâncias que interessam para elucidar
o sinistro; bem como realizar as perícias requeridas pelas autoridades
judiciais ou policiais competentes; elaborar e emitir laudos, relatórios e
pareceres técnicos; e ampliar e atualizar seus conhecimentos técnicos, por
meio de participação em atividades para este fim. (ANDRADE, 2007, p. 23)

2.3.3 A capacitação do perito

O Código de Processo Civil (1973), em seu art. 424, prevê que o perito

pode ser substituído por carência de conhecimento técnico científico. Devendo as

perícias judiciais serem realizadas por profissionais com conhecimento na sua área

de atuação, reforça Filker (2007).

De acordo com Suplemento ao BG. n° 026 do CBMDF, de 06 de

fevereiro de 2002, Instrução sobre a Organização e Funcionamento do Serviço de

Perícia de Incêndio do CBMDF, o serviço de perícia de incêndio deve ser realizado

por equipe composta por oficial possuidor do Curso de Perícia de Incêndio.


34

Segundo Espíndula (2007), ex-presidente da ABC, a formação técnico

profissional do perito á fator essencial para transmitir os conteúdos específicos das

metodologias próprias para a realização de atividades periciais.

Em artigo disponibilizado na internet, Celito Cordioli (2001), presidente

da ABC de 1999 a 2001, embora conteste a atividade pericial em situação de

incêndio realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar, aponta como fator determinante

para a realização da perícia o investimento em treinamento pessoal e recursos

laboratoriais para realização deste trabalho.

2.3.4 Dos bens sinistrados no Distrito Federal em 2007

Segundo o Boletim Relatório de Perícia – CIPI, 2007, em seu item bens

sinistrados, o Distrito Federal possui mais de setecentas mil edificações, em sua

maioria casas, unifamiliares, seguida de apartamentos. Mais abaixo ficam as demais

edificações comerciais, hospitalares, escolares, de concentração de público, mistas,

entre outras.

As casas são os bens que mais sofrem incêndios, sendo seguidas por

apartamentos.

Tabela 2 – Perícias do ano de 2007 segundo bens sinistrados

Fonte: Relatório de Perícia – CIPI (2007).


35

2.4 O valor do prejuízo causado por incêndio

“Existe uma diferença entre preço e valor, o primeiro é determinado

pelo vendedor sem nenhuma explicação ou julgamento. O segundo é fruto de

análise, estudo dividido em parte para se chegar ao montante.” (FILKER, 2007)

“Durante a análise dos possíveis danos causados pelo incêndio em

edificação, deve-se ter o cuidado de separar o que foi causado pelo sinistro e o que

já existia anteriormente.” (MARCELLI, 2007)

“Os incêndios são eventos que geram custos diretos e indiretos as


organizações, que muitas vezes não estão preparadas para absorver tais
impactos, comprometendo a sua sustentabilidade econômica, podendo
desencadear um processo de interrupção provisória ou definitiva quanto à
prestação dos seus serviços a sociedade.” (GILSON, 2007)

Segundo Gilson (2007), o incêndio é um evento negativo que

compromete a competitividade das empresas, causa prejuízos de diversas ordens:

produção e produtividade, impactos sócio-ambientais, danos à vida humana e à

sobrevivência do negócio. A maioria das empresas brasileiras trabalha na

contratação de empresas seguradoras como meio de minimizar os efeitos do sinistro

e não na mitigação das causas, ou seja, investimento em prevenção.

Ainda de acordo com Gilson (2007), os incêndios podem impor perdas

econômicas consideráveis às pequenas e grandes empresas no Brasil e no mundo,

chegando até a fechá-las.

Concordando com o acima disposto, segundo Meade (1991), um

percentual considerável de negócios de pequeno porte, mesmo segurados, podem

não retornar à ativa após a ocorrência de um incêndio. Através de paradas não

programadas funcionários de maior competência são alocados em outras empresas

e clientes são perdidos em virtude da ocorrência do incêndio e redução da

confiabilidade da empresa. O seguro não cobre tal custo.


36

2.4.1 Os custos do incêndio

Segundo Ramachandran (1998), os métodos para estimar as perdas

decorrentes de incêndios e explosões variam de país a país tendo em vista três

fatores:

• Os fatores humanos são distintos;

• As estruturas das edificações são distintas, incluindo o clima;

• A complexidade dos códigos de segurança são distintas.

Segundo Watts Jr. e Chapman (2002), os custos com a proteção contra

incêndios são divididos em duas categorias:

• Custos dos serviços de proteção públicos;

• Custos dos serviços de proteção privados.

2.4.2 A avaliação de custos em obras sinistradas

“As empresas seguradoras desempenham um papel incentivador para

o desenvolvimento de materiais e dispositivos de segurança contra incêndio, no

momento que são fundamentais para garantia de ressarcimento dos danos

causados por sinistros desta natureza. O risco de incêndio está presente em todas

as etapas da construção de uma edificação.” (MARCELLI, 2007)


37

2.4.2.1 Danos causados

Segundo Marcelli (2007), deve ser realizada uma análise inicial na

estrutura para verificar os danos vistos a olho nu, posteriormente observa-se quais

tipos de análises devem ser feitas para concluir com precisão quais danos foram

causados. Somente através destes procedimentos sistematizados, laboratoriais ou

não, realizados por profissional qualificado, chega-se ao prejuízo realmente causado

à estrutura e o método técnico mais adequado economicamente para restaurá-la.

Ainda segundo Marcelli (2007), estruturas metálicas sofrem mais com o

efeito do fogo que o concreto. Estas podem resistir ao incêndio e visualmente

estarem em boas condições, podem ter perdido suas características de flambagem,

deformação, redução de seção, entre outras.

2.4.2.2 Orçamentação

Deve ser feita uma avaliação criteriosa dos prejuízos e

comprometimentos da estrutura de forma que se estipulem os serviços realmente

necessários para retornar a edificação às condições anteriores ao sinistro,

principalmente em situações que exista seguro.

Para se fazer a avaliação, com certo grau de precisão, é preciso uma

verificação das condições da edificação antes e depois do sinistro. De maneira que

se observe claramente a extensão dos serviços a serem realizados e não se

expresse custos em desacordo com o necessário. (MARCELLI, 2007)


38

Ainda segundo Marcelli (2007), o orçamento de uma obra sinistrada,

além de normalmente ser impreciso e gerar despesas eventuais, envolve custos de

serviços diretos7 e indiretos8, distribuídos nas seguintes necessidades:

• Despesas com regularização da obra;

• Despesas com projetos;

• Despesas com instalação de canteiros de obra;

• Utilização de equipamentos especiais.

__________________

7. Serviços diretos são todos aqueles necessários a completa execução de uma obra, cujo o custo
é base da formação do preço. (MARCELLI, 2007)
8. Serviços indiretos são todos os demais serviços e despesas, acrescidos do lucro do construtor.
(MARCELLI, 2007)
39

3 METODOLOGIA

3.1 Apresentação

Inicialmente foi feita uma pesquisa exploratória. Os trabalhos tiveram

seguimento com pesquisa bibliográfica e documental, sendo finalizados com

pesquisa qualitativa.

A pesquisa bibliográfica busca conhecimentos básicos de

procedimentos e fundamentos jurídicos da regulação de sinistro em empresas

seguradoras. Esta pesquisa também teve objetivo de verificar a fundamentação da

perícia no CBMDF através das normas e leis que atualmente evidenciam este

assunto, com direcionamento aos interesses do estudo.

Dando continuidade, fez-se uma pesquisa documental. Analisou-se

laudos elaborados pelos peritos do CIPI no ano de 2007, dando maior importância

ao preenchimento da cláusula “valor estimado dos prejuízos (R$)”.

Na pesquisa qualitativa será realizada entrevista com o comandante do

CIPI, bem como questionários aos peritos concorrentes à escala de serviço do CIPI,

sendo enfocada a visão do laudo pericial e procedimentos adotados pelos peritos,

sempre com foco em valores estimados dos prejuízos causados pelos sinistros.

3.2 Universo

Segundo Gil (1999), universo ou população é o conjunto definido de

elementos que possuem determinadas característica.


40

O universo da pesquisa exploratória, tanto bibliográfica quanto

documental, abrangeu os procedimentos das empresas seguradoras na regulação

de sinistros e a fundamentação legal da perícia de incêndio no CBMDF, bem como

os laudos periciais do CIPI, de incêndio em edificação, elaborados pelos peritos em

2007.

Já o universo considerado para a realização da pesquisa qualitativa foi

o comandante do CIPI e os 23 peritos concorrentes à escala de serviço do Centro de

Prevenção e Investigação de Incêndios em 2008.

3.3 Amostra

Segundo Gil (1999), a amostra é o “subconjunto do universo ou da

população por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características deste

universo ou população”.

Com base em Gil (2002), a amplitude da amostra com uma população

inferior a 1000 unidades, utilizando-se um coeficiente de confiança de 95,5% e uma

margem de erro variando de 5% é de 222.

As amostras adotadas neste trabalho atendem o recomendado por Gil

(2202) e são maiores que 22,2% da população estudada.

O presente trabalho limitou-se, para pesquisa bibliográfica, aos livros e

referências que especifiquem os procedimentos utilizados por empresas

seguradoras na regulação e liquidação de sinistros. Como norma e leis que servem

de apoio à atividade de perícia no Distrito Federal.

Em se tratando da pesquisa documental, foi realizada análise de 50

laudos periciais em edificações sinistradas do CIPI de 2007.


41

O questionário realizado para pesquisa qualitativa foi feito aos peritos

concorrentes à escala de serviço do CIPI em 2008, composta por uma amostra de

18 questionários respondidos.

3.4 Instrumentos de coleta de dados

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados junto ao universo da

pesquisa de qualitativa foram dos tipos entrevista e questionário.

Foi realizada entrevista com o Comandante do Centro de Investigação

e Prevenção de Incêndios.

O questionário foi elaborado com perguntas fechadas e abertas,

dando-se abertura para comentários pessoais. Sendo aplicado aos peritos

concorrentes à escala de serviço do CIPI no ano de 2008.

3.5 Procedimentos de análise

O questionário feito aos peritos e a entrevista realizada com o

comandante do CIPI, contendo perguntas abertas e objetivas, tiveram como

finalidades o apoio ao estudo das hipóteses levantadas.

As perguntas 1, 2 e 3 buscaram individualizar os métodos e grau de

importância dado pelo perito ao valor causado pelo sinistro, relacionados com o ano

de sua formação na área.

Foi também verificado pelo questionário, nas perguntas 4, 5 e 6, se os

peritos têm segurança na estimativa do valor do prejuízo causado pelo sinistro em

laudos periciais por eles realizados.


42

Na pergunta 7, buscou-se verificar como os peritos fariam para

determinar o valor causado por tipos específicos de sinistro e relacionar a

uniformização ou não de métodos.

Por último, através das perguntas 8, 9 e 10, os peritos especificaram o

interesse dos proprietários e seguradoras no prejuízo causado pelo sinistro e a

utilização judicial de laudos pelos quais foram responsáveis.

A entrevista teve direcionamento para a devida coleta de informações

de interesse do trabalho.

A análise dos dados quantitativos foi realizada com uso do programa

Microsoft Excel e levantamento percentual do valor obtido, as informações

qualitativas tiveram tratamento e devido direcionamento para chegar aos objetivos

do trabalho.

3.6 Hipóteses

3.6.1 Hipótese 1

A aproximação do CIPI com empresas seguradoras e a implementação

de métodos similares de estimativa de prejuízo;

3.6.2 Hipótese 2

A formulação de novos métodos de estimativa de prejuízos, com

procedimentos padronizados, que minimizem possíveis questionamentos judiciais;


43

3.6.3 Hipótese 3

A retirada da cláusula “VALOR ESTIMADO DO PREJUÍZO (R$)” do

laudo pericial do CIPI; e

3.6.4 Hipótese 4

A descrição na cláusula “VALOR ESTIMADO DO PREJUÍZO (R$)” do

laudo pericial do CIPI da seguinte especificação: Este item atende interesses do

Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e não poderá ser utilizada como referência

para liquidação de sinistro, questões judiciais e similares.


44

4 RESULTADOS

4.1 População e amostra

A população foi composta pelos 23 peritos concorrentes à escala de

serviço do CIPI em 2008. A amostra corresponde aos 18 peritos que responderam o

questionário, dentro dos parâmetros recomendado por Gil (2002).

O gráfico abaixo mostra que 72% dos questionários enviados foram

respondidos pelos peritos.

Série1; Não Resultado dos questionários enviados


respondido; 5;
22%

Respondido
Não respondido

Série1;
Respondido;
18; 78%

Gráfico 1 – Percentual da amostra em relação a população.


Fonte: O Autor (2008)

Questão n°1: Em que ano Vossa Senhoria realizou o Curso de Perícia

de Incêndio?

Outra avaliação foi feita tendo como base o ano de formação do curso

de perícia dos peritos estudados. Embora tenha ocorrido uma predominância de

peritos de 1998, os valores demonstraram que há uma diversidade entre os

bombeiros quanto ao ano de sua formação.


45

Foi possível analisar entre os resultados do questionário que as

respostas não tiveram nenhuma ligação com o ano do curso de formação do perito.

Ou seja, militares formados no mesmo ano divergiram em algumas respostas,

chegando a concordarem com respostas de peritos formados em curso diferente.

Gráfico 2 – Ano de formação do curso de perícia.


Fonte: O Autor (2008)

Os laudos periciais tiveram uma população de 112 laudos periciais de

sinistros ocorridos em edificações de acordo com o relatório emitido pelo CIPI

(2007), com uma amostra de 50 laudos periciais correspondendo a 31% da

população. Também obedecendo o estabelecido por Gil (2002).

Gráfico 3 – Amostra dos laudos periciais.


Fonte: O Autor (2008)
46

4.2 Questionário

A apresentação das questões contribuiu para o fechamento deste

trabalho informando a opinião dos peritos quanto à importância que os mesmos

oferecem ao valor dos prejuízos causados pelo incêndio, a existência ou não de um

método padronizado confrontando com a necessidade deste e a utilização judicial do

laudo pericial.

Questão n°2: Em uma escala de 1 a 5, que grau de importância Vossa

Senhoria atribui ao valor dos prejuízos causados pelo sinistro no laudo pericial?

Quanto à importância dada pelo perito à valoração dos prejuízos

causados foi verificada falta de uniformidade nas respostas, ou seja, não ocorreu

nenhum direcionamento para os dados. Isto indica que ainda não existe uma

doutrina que indique o grau de importância a ser dado à cláusula “VALOR

ESTIMADO DOS PREJUÍZOS (R$)” do laudo pericial.

Série1; MUITO
Importância da valoração
BAIXO; 2; 11%
-
Série1; MUITO
ALTO; 4; 22% MUITO BAIXO
Série1; BAIXO;
Série1; ALTO; 4; 22% BAIXO
3; 17% REGULAR
Série1;
ALTO
REGULAR; 5;
28% MUITO ALTO

Gráfico 4 – A importância dada à valoração dos prejuízos.


Fonte: O Autor (2008)

Questão n°3: Existe um método padronizado para valorar os prejuízos

causados por sinistro e preenchimento do laudo pericial?


47

Quanto à existência de um método padronizado para valoração de

prejuízos causados pelo incêndio, a resposta teve maior uniformidade e dirigiu-se

para a inexistência de padronização.

Apenas 01 (um) pesquisado, correspondente a 17% da amostra,

informou que existia um método padronizado. O restante, 17 (dezessete) respostas,

correspondente a 83% da amostra, informou que não existe ou não sabe da

existência de padronização na valoração de danos de incêndio.

Série1; SIM ; 1;
Existência
Série1; NÃO de método paronizado de valoração
5%
SABE; 3; 17%

SIM
NÃO
NÃO SABE

Série1; NÃO;
14; 78%
Gráfico 5 – Existência de um método padronizado de valoração.
Fonte: O Autor (2008)

Questão n°4: Caso a resposta acima seja afirmativa, seria possível

descrever o método?

Quanto à descrição do método, o perito que respondeu que existia uma

padronização salientou o método de depreciação de bens sem maiores detalhes. Os

demais peritos informaram que esta análise era prejudicada e pessoal.

Questão n°5: Em uma escala de 1 a 5, que valor Vossa Senhoria

atribui à possibilidade de erro na estimativa de prejuízos causados por sinistros no

preenchimento do laudo pericial?


48

Considerando a margem de erro da valoração dos prejuízos realizada

pelo perito, os valores variaram de regular a muito alto. Onde 61% dos peritos

consideram seu laudo com margem de erro regular para valoração, 28% alta,

chegando a ser considerada muito alta por 11% da amostra.

Vale ressaltar que nenhum perito considerou que sua estimativa de

valor do prejuízo tenha boa precisão, ou seja, margem de erro inferior à mediana.

Gráfico 6 – Margem de erro da valoração de prejuízos.


Fonte: O Autor (2008)

Questão n°6: Em Vossa opinião, há necessidade de um método

padronizado para estimar valores causados por um sinistro?

Diante da situação atual, 78% dos peritos estudados acreditam ser

necessário um método padronizado e 11% acha desnecessário, permanecendo este

mesmo percentual para os que não sabem se realmente é necessária a

padronização.
49

Série1; NÃO
Necessidade de método padronizado
SABE; 2; 11%
Série1; NÃO;
2; 11%

SIM
NÃO
NÃO SABE

Série1; SIM ;
14; 78%

Gráfico 7 – Necessidade de método padronizado.


Fonte: O Autor (2008)

Questão n°7: Existe a possibilidade dois ou mais peritos estimarem

valores diferentes para o mesmo local sinistrado?

Quase que a totalidade das respostas concordou que dois peritos da

instituição podem divergir de valores estipulados dos prejuízos causados em uma

mesma ocorrência. Apenas uma resposta divergiu desta consideração.

Gráfico 8 – Possibilidade de discordância entre peritos.


Fonte: O Autor (2008)
50

Questão n°8: Em uma escala de 1 a 5, se o proprietário de um bem

sinistrado observasse que o laudo pericial do CBMDF atribui um valor de prejuízo

maior do que o valor estimado pela seguradora, qual seria a possibilidade do

proprietário questionar o valor estabelecido pela seguradora, podendo até fazê-lo em

juízo?

Questão n°9: Em uma escala de 1 a 5, se a seguradora observasse

que o laudo pericial de um bem sinistrado, realizado pelo CBMDF, atribui um valor

de prejuízo menor do que o real, qual seria o grau de interesse da seguradora em

diminuir o valor estimado por seus técnicos?

Os resultados apresentaram divergência quanto à utilização ou não dos

laudos por segurados e seguradoras para benefício na liquidação de sinistros.

Porém as respostas mantiveram uma conformidade entre as respostas referentes a

segurados para com seguradoras.

A análise dos dados indica que, na opinião dos peritos do CIPI, com

margem alta ou muito alta de possibilidade, 44% das seguradoras e 50% dos

segurados utilizariam o laudo pericial do CBMDF em benefício próprio na regulação

de sinistro de incêndio.

Uso do laudo
Segurado x Seguradora

NÃO MUITO REGULA MUITO


BAIXO ALTO
OPINOU BAIXO R ALTO
Seguradora 2 1 0 7 2 6
Segurado 1 2 1 5 1 8

Gráfico 9 – Uso do laudo Segurado x Seguradora.


Fonte: O Autor (2008)
51

Ainda é fator preponderante verificar que dentro deste mesmo

contexto, apenas 17% e 6% de segurados e seguradoras, respectivamente,

utilizariam o laudo pericial do CIPI com margem baixa ou muito baixa no processo de

regulação de sinistros de incêndio.

Gráfico 10 – Uso do laudo por seguradora.


Fonte: O Autor (2008)

Série1; NÃO
Uso do laudo por segurado
OPINOU; 1; Série1; MUITO
5% BAIXO; 2; 11%
Série1; BAIXO;
Série1; MUITO NÃO OPINOU
1; 6%
ALTO; 8; 44% MUITO BAIXO
BAIXO
REGULAR
ALTO
MUITOSérie1;
ALTO
REGULAR; 5;
28%
Série1; ALTO;
1; 6%
Gráfico 11 – Uso do laudo por segurado.
Fonte: O Autor (2008)
52

Questão n°10: Já houve algum laudo pericial realizado por Vossa

Senhoria utilizado como peça de processo judicial?

Nesta última questão, 01 (um) perito não opinou quanto ao segurado e

02 (dois) não opinaram quanto à seguradora.

Finalizando, 67% dos peritos garantiram terem seus laudos utilizados

em processos judiciais. Do restante 17% não sabe, e 16% não teve nenhum laudo

utilizado judicialmente.

Série1; NÃO Utilização judicial do laudo


SABE; 3; 17%

SIM
Série1; NÃO;
NÃO
3; 16%
NÃO SABE
Série1; SIM ;
12; 67%

Gráfico 12 – Utilização judicial do laudo.


Fonte: O Autor (2008)

4.3 Laudo pericial

Os laudos periciais do CIPI, foram analisados nos aspectos de

interesse da pesquisa, tais como:

• Classificação da edificação;

• Área queimada;

• Tipo de material predominante;


53

• Tempo de existência;

• Fotografias;

• Existência de seguro;

• Valor estimado dos prejuízos causados (R$).

Quanto à classificação foi possível observar uma predominância de

casas, unifamiliares. Embora não seja obrigatória a contratação do seguro de

incêndio, como ocorre em edificações residenciais multifamiliares ou comerciais

(pessoas jurídicas), foi verificada a presença deste serviço em 01 (uma) residência

sinistrada no Lago Sul.

Os itens área da queima, tempo de existência e material predominante,

na opinião deste pesquisador, não tiveram uma relação constante com a valoração

dos prejuízos. Os dados tiveram variação divergente, ou seja, áreas iguais, com

mesmo tipo de material e valores diferentes.

As edificações sinistradas com material predominante alvenaria

destacaram-se diante das construídas com outros materiais.

No laudo não existe descrição de indícios ou método utilizado pelo

perito para chegar ao valor do prejuízo encontrado, bem como não há especificação

precisa do material queimado não causador do sinistro.

Quanto à existência de seguro, foi mostrado que 14% das edificações

estudadas possuíam seguro, 60% não possuíam e 26% não foi marcado ou

informado.
54

Série1; NÃO Série1; COM


N° de edificações seguradas
MARCADO; 4; SEGURO; 7;
Série1; NÃO 8% 14%
INFORMADO;
9; 18%
COM SEGURO
SEM SEGURO
NÃO INFORMADO
NÃO MARCADO

Série1; SEM
SEGURO; 30;
60%
Gráfico 13 – Número de edificações seguradas.
Fonte: O Autor (2008)

As fotografias presentes no laudo mostraram direcionamento para

elucidação da causa do sinistro e não para a dimensão dos prejuízos causados,

segundo visão deste pesquisador.

Analisando a cláusula que indica o valor dos prejuízos, verificou-se

intervalos muito grande de valores disponíveis. Deve ser considerado que intervalos

acima de R$ 150000,00 não são especificados no laudo.

Também foi verificado que dos laudos estudados, 6% não tiveram o

valor estimado do prejuízo preenchido, destes 2% possuíam seguro.

Gráfico 14 – Percentual de ausência de valor.


Fonte: O Autor (2008)
55

4.4 Entrevista

A entrevista foi realizada ao comandante do CIPI, TC QOBM/ Comb.

Edgar Sales Filho, no mês de maio de 2008, o qual se pronunciou como descrito a

seguir sobre as questões levantadas.

1. Qual a importância da estimativa de valor dos prejuízos causados

pelo sinistro para a corporação?

Este levantamento viabiliza o cálculo dos investimentos a serem

realizados pelo Governo e pela Corporação nos fatores que envolvem a atividade de

Bombeiro principalmente quanto a recursos materiais, humanos, estruturais,

econômicos, etc.. Permite ainda quantificar os valores investidos e a necessidade de

otimizar as práticas de prevenção e combate; treinamento e capacitação;

operacionalidade da tropa e dos equipamentos; entre outras utilidades.

2. Este item poderia ser retirado do laudo pericial do CIPI?

Os itens constantes no Laudo de Investigação de Incêndio foram

concebidos com base na necessidade da Corporação em estabelecer uma

retroalimentação do sistema de segurança contra incêndio e pânico que atenda e

acompanhe a política de desenvolvimento do CBMDF; no momento em que o

Comando da Corporação não julgar relevante, este ou quaisquer itens constantes do

Laudo poderão ser alterados ou retirados.

3. O que acha da possibilidade de implementar os métodos de cálculos

atuariais utilizados pelas seguradoras?

Não tenho opinião formada por não conhecer de forma aprofundada a

base do método de cálculos atuariais.


56

4. V.S.a acredita que o valor estimado presente no laudo do CIPI pode

ser questionado judicialmente por seguradoras e/ou proprietários?

Não só acredito como existem questionamentos variados sobre a

estimativa de prejuízo do perito constante no Laudo e de outros itens do Laudo; este

fato deve ser encarado com naturalidade e profissionalismo uma vez que a perícia

envolve interesses diversos; o importante é que o perito tenha ferramentas

confiáveis e que viabilize as suas assertivas. Traçando um paralelo, p. ex., um Juiz

de Direito, dentro das suas competências legais, e do que consta num processo

declara sua sentença, mas nem por isso ela se torna inquestionável ou absoluta.

5. Vossa Senhoria acha que a credibilidade do perito pode ser afetada

com a comprovação de que os valores estimados dos prejuízos causados, presentes

em algum laudo pericial do CIPI, divergem consideravelmente dos valores reais dos

danos?

A credibilidade do perito não será afetada em nenhum momento,

porque ele é investido dos atributos necessários para o exercício da função, ou seja:

a competência legal (prevista nos ordenamentos jurídicos), a capacitação

profissional (adquirida no curso de formação de instituição de reconhecida

competência), e a experiência profissional (desenvolvida ao longo da carreira de

bombeiro militar ou das outras corporações competentes).

Vale ressaltar que os valores estimados dos prejuízos causados devem

ser questionados por outro profissional com reconhecida competência, tal como a do

perito de incêndio; e nesse caso a divergência vem a contribuir com o

aprimoramento do Laudo de Incêndio.


57

5 DISCUSSÕES

5.1 Apresentação

Os resultados obtidos são correlacionados entre si com a pesquisa

bibliográfica, melhor esclarecendo os objetivos da pesquisa.

As informações verificadas na revisão da literatura são confrontadas

com os resultados das pesquisas bibliográfica, qualitativa e documental. Desta

forma, trazendo um argumento mais contundente para as análises da pesquisa.

As hipóteses são testadas de acordo com as análises feitas.

5.2 Estudo dos objetivos

5.2.1 Objetivo específico 1

Avaliar os procedimentos adotados pelos peritos do CIPI para

determinar o valor estimado do prejuízo causado pelo sinistro de incêndio em

edificação.

De acordo com os resultados da questão 2 apresentados do

questionário, pode ser verificado que os peritos do CIPI não oferecem o mesmo grau

de importância para o valor dos prejuízos causados. O que pode condicionar um

menor direcionamento para detalhes em torno deste fator no local sinistrado por

parte de alguns deles.

Observa-se ainda, que alguns peritos consideram pouco significante

(grau de importância muito baixo) o valor dos prejuízos causados no laudo pericial.
58

Já considerando o método utilizado e a margem de erro deste,

questões 2, 3 e 4, foi verificado que não há um método padronizado para estimar

valor para os danos do incêndio e todos os militares perguntados consideraram o

método utilizado com margem de erro entre regular e muito alta.

Apenas 01 perito afirmou existir um método, porém não descreveu o

mesmo. A padronização adequada deve ser de conhecimento comum, ficando

comprometida quando utilizada por um membro isolado do grupo.

Considerando os resultados das questões 6 e 7, foi percebida a

necessidade de padronização de procedimentos. Principalmente, para minimizar a

possibilidade de estimativas discrepantes de prejuízos por parte dos peritos do CIPI.

Com referência em Marcelli (2007), analisando os resultados do

questionário e o laudo pericial do CIPI, com ênfase à estimativa de prejuízos

causados pelo incêndio, foi concluído que não há um procedimento padrão entre os

peritos e os dados coletados não são relacionados de forma clara quanto à maneira

que o perito chegou ao valor dos danos, o que dificulta a reprodução futura dos

resultados para esclarecimentos judiciais e/ou processos de regulação de sinistros.

5.2.2 Objetivo específico 2

Especificar o processo de regulação de sinistro adotado pelas

empresas seguradoras, com foco no ramo de incêndio.

As empresas seguradoras do ramo incêndio resguardam o segurado à

cobertura do risco relacionado de incêndio.


59

Desta forma, para o pagamento real da indenização há necessidade da

regulação do sinistro, ou seja, todo o processo no âmbito da empresa até a

liquidação do sinistro com a negativa ou pagamento da indenização.

Baseado em Smith (1999), pode-se chegar à seguinte seqüência de

etapas para regular e liquidar o sinistro:

1. Reclamação do sinistro coberto;

2. Aviso de sinistro;

3. Verificação da cobertura;

4. Análise do sinistro (testemunhos e provas materiais);

5. Levantamento do valor a ser pago;

6. Pagamento da indenização.

No processo de regulação do sinistro o regulador verifica o pagamento

do prêmio, a cobertura, importância declarada e a segurada com objetivo de

certificar se o segurado deve ou não receber a indenização. Caso conclua que este

deve recebê-la, será analisado qual valor a ser pago.

Todos os critérios a serem considerados na regulação devem estar na

apólice, sendo esta definida por Azevedo (2008) como instrumento de contrato pelo

qual o segurado repassa à seguradora a responsabilidade pelos riscos que possam

advir, estabelecidos na própria apólice.

Durante o processo, é fundamental o confronto entre a importância

declarada pelo segurado e o valor dos prejuízos realmente causados pelo incêndio

para verificar rateio ou não do valor do prejuízo. É neste momento que se apresenta

como peça dos autos o laudo pericial do CBMDF.


60

Como afirma Cerne (1973), independente da vontade das partes, é

preciso apurar causas do sinistro, seu enquadramento e valor.

Todas as empresas seguradoras pesquisadas solicitam laudo pericial

ou relatório do Corpo de Bombeiros da região para liquidar o sinistro.

Analisando as pesquisas de campo, sites e questões 8 e 9, foi

verificado que os laudos pericias têm boa possibilidade de serem utilizados no

processo de regulação de sinistros e confrontarem valores estipulados pelas

seguradoras ou segurados.

A contestação do valor presente no laudo do CIPI ou da seguradora,

por qualquer das partes, no processo de regulação e liquidação do sinistro, deve ser

resolvida no âmbito judicial.

Ainda baseado em Cerne (1973), salvo caso de perda total, existe

divergência de valores entre as partes.

Em suma, a regulação de sinistros analisa, com base na apólice, se a

indenização deve ser paga e qual o valor.

5.2.3 Objetivo específico 3

Avaliar possível utilização judicial do laudo pericial do CIPI e a

contestação dos dados presentes na cláusula “VALORES ESTIMADOS DO

PREJUÍZO (R$)”.

De acordo com a questão 10, foi verificado que somente 17% dos

peritos perguntados não tiveram nenhum de seus laudos utilizados pela justiça.
61

A descrição do processo de regulação de sinistros mostra que o laudo

do CIPI pode ser utilizado como meio de prova e fazer parte dos autos de possível

processo judicial.

“Prova material é qualquer coisa tangível que seja relevante na

determinação dos fatos relativos ao sinistro.” (SMITH, 1999)

O Código de Processo Civil afirma, em seu artigo 420, que a prova

pericial consiste de exame, vistoria e avaliação. O que leva à conclusão com base

na afirmativa de Alonso (1975), que o perito deve chegar às suas conclusões com

imparcialidade e através da análise dos fatos estudados e examinados.

O Suplemento ao BG. n° 026 do CBMDF, de 06 de fevereiro de 2002,

informa que a perícia no CBMDF tem objetivo de auxílio ao poder judiciário quando

solicitado.

O que implica na necessidade de se adotar parâmetros que melhor

atendam a este objetivo. Relacionando a este trabalho, deve-se estabelecer

melhoras nos procedimento de valoração de prejuízo.

A escolha da prova é de livre convicção do juiz, segundo Dorea (2005),

podendo solicitar o laudo pericial do CIPI, até mesmo em locais de crime.

Tendo em vista as alegações supracitadas, o laudo pericial do CIPI

pode e tem boa possibilidade de ser utilizado em processo de regulação de sinistros

onde ocorra contestação judicial por uma das partes.

Com base na resposta emitida pelo comandante do CIPI, quando

questionado sobre a contestação judicial do valor dos prejuízos presentes no laudo,

foi notado que é real a presença do laudo pericial do CIPI como auxílio judicial e,
62

como expressou com as próprias palavras, “é importante que o perito tenha

ferramentas confiáveis que afirmem suas assertivas.”

5.3 Estudo das hipóteses

5.3.1 Hipótese 1

A aproximação do CIPI com empresas seguradoras e a

implementação de métodos similares de estimativa de prejuízo.

Tendo como base o especificado no item 2.2.3.1, as empresas

seguradoras desempenham uma análise dos prejuízos causados pelo incêndio de

forma sistemática e ordenada.

Considerando a existência de instituições de ensino e órgãos públicos

reguladores do setor de seguro, como previsto no item 2.1.2, este pesquisador fica

direcionado a acreditar na existência de profissionais capacitados para a regulação e

liquidação de sinistros, com procedimentos precisos e devidamente orientados por

leis, normas e regulamentos nacionais. Como afirma Magalhães (1940), dirigindo-se

ao mercado de seguros na inauguração do IRB:

O Instituto não poderia se organizar sem um laboratório. Sem a sua equipe


de estudos e pesquisas. Ele será um viveiro de técnicos que orientarão o
mercado de seguros do país, formando escola, criando uma consciência
nova, dando ao risco a segurança econômica e a segurança social que
deve ter. (MAGALHÃES, 1940, grifo nosso)

Conclui-se, portanto, em uma análise inicial que a hipótese em questão

é favorável, pois as empresa seguradoras possuem profissionais capacitados para

valoração de sinistros, treinamento adequado e como discorrem Azevedo (2008) e


63

Cerne (1973), o valor é extremamente importante para a liquidação do sinistro. Logo,

a estimativa de prejuízo deve ser precisamente analisada durante o processo.

Porém, em confronto com o mencionado no parágrafo anterior, de

acordo com o especificado na revisão de literatura referente ao contrato de seguro,

temos que o valor da indenização deve estar em concordância com o prévio acordo

previsto na apólice. O seguro de incêndio cobre, além dos danos causados pelo

sinistro, despesas necessárias ao combate, salvamento e remoção de escombros.

As empresas seguradoras, de acordo com a apólice, reparam os danos

do incêndio e de riscos adicionais, de forma a deixar o local como estava antes do

sinistro. Marcelli (2007) afirma que para isto existem despesas de regularização,

projeto, obras e equipamentos especiais. O que indica não ser recomendada esta

hipótese, pois não é objetivo do interesse da Corporação levantar custos de

coberturas previstas nas apólices de seguro.

Reforçando a negativa, quando questionado sobre a estimativa do

valor dos prejuízos causados do laudo pericial, o comandante do CIPI esclareceu

que este item tem como finalidade fornecer informações ao Governo e ao CBMDF

quanto à política de investimentos e práticas de prevenção e treinamento. Não

sendo objetivo direto da instituição o direcionamento ao mercado segurador.

Desta forma a pesquisa sugere a rejeição desta hipótese.

5.3.2 Hipótese 2

A formulação de novo método de estimativa de prejuízo, com

procedimentos padronizados, que minimizem possíveis questionamentos

judiciais.
64

Tendo como base o objetivo da atividade investigativa do CBMDF de

auxiliar o poder judiciário, como já relatado na revisão de literatura, e o art. 424 do

CPC, o qual segundo Filker (2007), o perito pode ser substituído por carência de

conhecimento.

Fica verificada a necessidade de conhecimento científico do perito para

realizar suas análises e conclusões.

Reforçando o acima mencionado, temos as opiniões expressas por

Espíndula (2007) e Celito Cordioli (2001), no tocante à capacitação do perito, onde

ambos apontam o investimento na formação do perito como fator essencial para a

transmissão de metodologias próprias para a realização de perícias.

A análise dos resultados do questionário aplicado apontou a

inexistência de um método padronizado para estimativa de prejuízos causados pelo

incêndio e a necessidade de elaboração deste, expressada pelos peritos.

O resultado obtido no estudo do laudo pericial apontou carência de

informações pertinentes ao método utilizado para estimativa de prejuízos, o que

pode deixar lacunas ao auxílio judicial e/ou ao processo de liquidação de sinistros.

Conforme Marcelli (2007), os danos causados por incêndios em

estruturas envolvem muitos fatores. Alguns destes não são de interesse de estudo

para corporação.

A formulação de um método de estimativa de prejuízos causados pelo

sinistro favorece o direcionamento dos dados contidos no laudo e esclarece a

tomada de decisão da autoridade requisitante ou requerente no tocante a regulação

e liquidação de sinistros.
65

Remete-se, portanto, à aceitação da hipótese, reforçada pela afirmativa

do comandante do CIPI na entrevista. Indagado sobre o questionamento judicial do

laudo por seguradoras ou segurados, este afirma que o importante é que o perito

tenha ferramentas confiáveis para chegar aos resultados.

Desta forma a pesquisa sugere a aceitação desta hipótese.

5.3.3 Hipótese 3

A retirada da cláusula “VALOR ESTIMADO DO PREJUÍZO (R$)” do

laudo pericial do CIPI.

O desenvolvimento da segurança contra incêndio no CBMDF tem a

avaliação da estimativa dos valores causados pelo incêndio, como parâmetro para o

cálculo da viabilização de investimentos pelo governo e Corporação na atividade de

bombeiros. Permitindo também quantificar investimentos e verificar a necessidade

de aprimoramento na atividade de bombeiros, como declarou o comandante do CIPI

em entrevista realizada.

É insustentável admitir a retirada desta cláusula do laudo,

considerando a possibilidade e o objetivo da Corporação em auxiliar o poder

judiciário quando solicitado, como já mencionado anteriormente nesta pesquisa.

Reforçando o parágrafo anterior, com base em Cerne (1973), temos a

presente divergência entre as partes envolvidas em processos de regulação e

liquidação de sinistros, salvados os casos de perda total.

Considerando a liberdade da autoridade judicial em solicitar a prova

que julgar necessária, podendo esta ser o laudo pericial do CIPI, fato comprovado
66

pelo resultado do questionário, fica verificada a necessidade da estimativa de valor

dos prejuízos causados pelo sinistro no laudo.

De acordo com o CBMDF (1999), a missão do perito bombeiro consiste em


realizar a investigação e análise das causas, do desenvolvimento, suas
conseqüências, dos danos dos prejuízos, e de outros fatores e
circunstâncias que interessam para elucidar o sinistro; bem como realizar
as perícias requeridas pelas autoridades judiciais ou policiais
competentes; elaborar e emitir laudos, relatórios e pareceres técnicos; e
ampliar e atualizar seus conhecimentos técnicos, por meio de participação
em atividades para este fim. (ANDRADE, 2007, p23, grifo nosso)

Conforme a revisão de literatura, o CBMDF tem como um de seus

objetivos, auxiliar o poder judiciário quando solicitado. E como afirma Andrade

(2007), sobre a missão do perito em analisar os danos dos prejuízos causados, esta

hipótese não é recomendada.

Desta forma a pesquisa sugere a rejeição desta hipótese.

5.3.4 Hipótese 4

A descrição na cláusula “VALOR ESTIMADO DO PREJUÍZO (R$)”

do laudo pericial do CIPI da seguinte especificação: Este item atende

interesses do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e não poderá ser

utilizada como referência para liquidação de sinistro, questões judiciais e

similares.

O laudo pericial é documento público e, como tal, está disponível a

utilização de cidadão que julgar necessário.

A especificação sugerida pela hipótese informa que a estimativa dos

prejuízos foi realizada baseada nos interesses da corporação e não seria

recomendada sua utilização em processos judiciais, regulação de sinistros, entre


67

outros. Porém, esta descrição não impede que o interessado utilize o laudo para

estes fins.

O Suplemento ao BG. n° 026 do CBMDF, , de 06 de fevereiro de 2002,

Instrução sobre a Organização e Funcionamento do Serviço de Perícia de Incêndio

do CBMDF, em seu art. 4° V, garante ainda que a perícia realizada no Distrito

Federal pelo Corpo de Bombeiros tem o objetivo de auxiliar o poder judiciário

quando solicitar laudos periciais.

Diante desta constatação, a especificação sugerida não comunga com

os interesses da corporação e, segundo entrevista ao comandante do CIPI, a análise

dos prejuízos causados por sinistros deve seguir parâmetros confiáveis para sua

estimativa.

Desta forma a pesquisa recomenda a rejeição desta hipótese.


68

6 CONCLUSÕES

A partir do estudo ora realizado e das discussões referentes à cláusula

“VALOR ESTIMADO DOS PREJUÍZOS (R$)” presente no laudo pericial do CIPI, se

apresenta o seguinte cenário:

• Os peritos concorrentes à escala de serviço do CIPI não

apresentam uma metodologia padronizada para valorar os

prejuízos causados pelo incêndio;

• É interesse do serviço de engenharia de segurança contra

Incêndio e pânico do CBMDF a estimativa de danos causados

por sinistros;

• O valor dos prejuízos causados por incêndio é relevante para o

processo de regulação e liquidação de sinistros, para segurados

e seguradoras do ramo de seguro incêndio;

• O valor dos prejuízos causados pelo sinistro de incêndio

estimado por empresas seguradoras, pode não estar totalmente

relacionado com o prejuízo considerado pelo perito do CIPI;

• O laudo pericial do CIPI pode ser utilizado como peça nos autos

de processos judiciais;

• O uso de uma metodologia sistemática, padronizada e clara, é

fundamental para a precisão na valoração de prejuízos

causados por incêndio e melhor direcionamento dos valores

para os objetivos da corporação.


69

Diante da presente análise conclui-se que é necessária para melhor

apresentar o “VALOR DOS PREJUÍZOS CAUSADOS (R$)” no laudo pericial do

CIPI, reduzindo os questionamentos, a implementação de um método

padronizado de valoração. Este deve ser de conhecimento público e com

referência nos interesses da corporação.


70

7 RECOMENDAÇÕES

A pesquisa sobre o questionamento do valor estimado dos prejuízos

causados por incêndios do laudo pericial do CIPI por seguradoras e segurados

revelou carência de um método padronizado de valoração.

A elaboração e implantação de um método novo e que atenda as

necessidades do CBMDF requerem amplo debate.

Oportunamente a estimativa de danos presente no laudo pericial do

CIPI deve ser revista, com base nos interesses da corporação, fomentando

observações diante dos seguintes públicos interessados:

• Serviço de engenharia e segurança contra incêndio do CBMDF;

• Segurados e seguradoras do ramo de incêndio;

• Poder judiciário.

7.1 Critérios a serem observados na padronização do método

Fica recomendado por esta pesquisa que o método padronizado de

estimativa de prejuízos deve ser repassado a todos os peritos do CIPI, transcrito no

laudo com clareza, e elaborado observando os seguintes critérios:

• Classificação da edificação (atividade e localização);

• Tempo de uso;

• Material de construção envolvido;

• Área sinistrada (dimensão e localização);


71

• Fotografias dos danos observados;

• Bens permanentes e de consumo danificados;

• Presença ou não de seguro;

• Análise da apólice de seguros;

• Levantamento de custos médios de regularização, projetos e

obras;

• Outros julgados necessários em momento oportuno.

A consideração dos critérios ora recomendados será realizada com

base nos interesses da corporação e intenção de atendimento aos interesses dos

públicos a que se destina o laudo. Tais parâmetros podem ser assimilados ou

descartados pelo método de estudo recomendado, baseado no direcionamento dos

resultados esperados.
72

REFERÊNCIAS

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______. Suplemento ao Boletim Geral n° 026, de 06 de fevereiro de 2002.


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incêndio no âmbito do CBMDF e dá outras providências. Boletim Geral n° 026,
Anexo A, Brasília, DF, de 06 de fevereiro de 2002.

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LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo : Atlas,
2001.

MAGALHÃES, Agamenon. Modelo de organização. Revista do IRB, 1940.

MARCELLI, Maurício. Sinistros na construção civil: causas e soluções para


danos e prejuízos em obra. São Paulo: PINI, 2007.

PEREIRA, Cléber Rogério. Manual para normalização de trabalhos acadêmicos.


1. Ed. Brasília: CBMDF, 2007.

PINTO, Mylene Regina Ferreira. Estratégia competitiva no mercado de seguros:


Estudo de caso na Cia Marítima Seguros S.A.. Florianópolis, 2006. 79p.
Monografia (Graduação em Ciências Econômicas), UFSC, 2006.

RAMACHANDRAN, G. The Economics of Fire Protection. London, 1998.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo:


Atlas, 1999.

SMITH, Barry D. et al. Como funciona o seguro. 1. ed. Rio de Janeiro: Funenseg,
1999.

SOARES, Antonio Carlos Otoni. Fundamento jurídico do contrato de seguro. São


Paulo: Ed. Manuais Técnicos de Seguro, 1975.

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http://www.susep.gov.br. Acesso em 30 mai. 2008.

WATTS, J. M. SFPE Handbook of Fire Protection Engineering, cap. 7. 2002.


75

APÊNDICES
76

APÊNCDICE A

Questionário para os peritos concorrentes à escala do CIPI


77

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO PARA OS PERITOS CONCORRENTES À ESCALA DO CIPI.

Senhor perito,

O presente questionário é peça fundamental para a realização da monografia

de conclusão do Curso de Perícia de Incêndio – CPI 2008. Tem como objetivo obter

informações sobre métodos utilizados para estimar o valor dos prejuízos causados

pelo sinistro.

Solicito vossa colaboração no intuito de responder tal questionário com

seriedade e comprometimento, pois a fidelidade dos resultados é fator

imprescindível para conclusão do trabalho.

Solicito vossa gentileza de retornar via email (jectan@ig.com.br) ou

entregar no CIPI aos cuidados deste Oficial.

Grato pela sua colaboração,

Jectan Vital de Oliveira –Cap. QOBM/Comb.

Matrícula n.º 125971-1-8 (CBMCE)

Oficial Aluno do CPI


78

As questões

1. Em que ano Vossa Senhoria realizou o Curso de Perícia de Incêndio?_______.

2. Em uma escala de 1 a 5, que grau de importância Vossa Senhoria atribui ao valor

dos prejuízos causados pelo sinistro no laudo pericial?

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

3. Existe um método padronizado para valorar os prejuízos causados por sinistro e

preenchimento do laudo pericial?

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

Não tem conhecimento

4. Caso a resposta acima seja afirmativa, seria possível descrever o método?

( ) Sim ( ) Não

Descrição do método

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________.

5. Em uma escala de 1 a 5, que valor Vossa Senhoria atribui à possibilidade de erro na

estimativa de prejuízos causados por sinistros no preenchimento do laudo pericial?

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

6. Em Vossa opinião, há necessidade de um método padronizado para estimar valores

causados por um sinistro?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar


79

7. Existe a possibilidade dois ou mais peritos estimarem valores diferentes para o

mesmo local sinistrado?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar

8. Em uma escala de 1 a 5, se o proprietário de um bem sinistrado observasse que o

laudo pericial do CBMDF atribui um valor de prejuízo maior do que o valor estimado

pela seguradora, qual seria a possibilidade do proprietário questionar o valor

estabelecido pela seguradora, podendo até fazê-lo em juízo?

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

9. Em uma escala de 1 a 5, se a seguradora observasse que o laudo pericial de um

bem sinistrado, realizado pelo CBMDF, atribui um valor de prejuízo menor do que o

real, qual seria o grau de interesse da seguradora em diminuir o valor estimado por

seus técnicos?

( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5

10. Já houve algum laudo pericial realizado por Vossa Senhoria utilizado como peça de

processo judicial?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe informar


80

APÊNCDICE B

Entrevista para o comandante do CIPI


81

APÊNDICE B

ENTREVISTA PARA O COMANDANTE DO CIPI

1. Qual importância da estimativa de valor dos prejuízos causados pelo sinistro para

a corporação?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Este item poderia ser retirado do laudo pericial do CIPI?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. O que acha da possibilidade de implementar os métodos de cálculos atuariais

utilizados pelas seguradoras?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4. V.S.a acredita que o valor estimado presente no laudo do CIPI pode ser

questionado judicialmente por seguradoras e/ ou proprietários?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5. Vossa Senhoria acha que a credibilidade do perito pode ser afetada com a

comprovação de que os valores estimados dos prejuízos causados, presentes

em algum laudo pericial do CIPI, divergem consideravelmente dos valores reais

dos danos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________
82

ANEXOS
83

ANEXO A

Lista de empresas seguradoras que solicitam o laudo do Corpo de

Bombeiros para regulação e liquidação de sinistros


84

ANEXO A

Lista de empresas seguradoras que solicitam o laudo do Corpo de Bombeiros para

regulação e liquidação de sinistros.

• SEGURADORA: Viva tranqüilo


Fonte: www.vivatranquilo.com.br/seguro

• SEGURADORA: Unibanco seguros


Fonte: www.unibancoaig.com.br

• SEGURADORA: Itaú seguros


Fonte: www.itauseguros.com.br/siteseg

• SEGURADORA: Sulamerica seguros


Fonte:
http://portal.sulamericaseguros.com.br/data/pages/FF8080811880059D0118800A120D1FEA.
htm

• SEGURADORA: Viva tranqüilo


Fonte: http://www.startseguros.com.br/nossos_produtos.html#residencia

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