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Belo Horizonte
2013
Márcio Da Costa Cavachini
Belo Horizonte
2013
RESUMO
The Military Fire Department of Espírito Santo (CBMES) is responsible for the
coordination and execution of civil defense actions, prevention and fighting of fires
and explosions, search and rescue, and development of standards related to the
safety of people and their properties against fire and panic throughout the state. In
the metropolitan area of Grande Vitória (RMGV), these actions are performed by the
First Battalion of Firefighters, in three companies disposed in the region. The
reduction in response time with the use of motorcycles is part of the institution's
strategic planning, since the deficiency of roads, the increase in the number of
vehicles and the lack of urban mobility hamper the emergency displacements. The
aim of this study was to analyze the use of motorcycles in the emergency service of
the Military Fire Department of Espírito Santo in order to improve the displacement
time in the first response to accidents in the metropolitan area of Grande Vitória,
attended by the First Battalion of Firefighters. The proposed methods aimed to
identify how the use of motorcycle in reducing response time influence the survival of
victims and firefighting through information about how this service is conducted in
other Fire Departments in Federation. The work verified that currently the response
time performed by the CBMES in RMGV is not up to international standards, what
points to the motorcycle as a good option to reduce displacement time, considering
that it was identified a 60% reduction in travel time using motorcycle by fire
departments studied.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11
2 TEMPO RESPOSTA PARA ATENDIMENTO EMERGENCIAL ...................... 15
2.1 Atendimento Emergencial ..................................................................................... 15
2.1.1 O acionamento ............................................................................................... 16
2.1.2 O “a postos” da equipe ................................................................................... 17
2.1.3 O deslocamento .............................................................................................. 17
2.1.4 O atendimento no local ................................................................................... 18
2.1.5 A conclusão do atendimento ........................................................................... 19
2.2 Tempo Resposta .................................................................................................... 20
2.3 A Relação Entre o Tempo e a Necessidade de Resposta. ................................ 23
2.3.1 Sobrevida........................................................................................................ 23
2.3.2 Curva de incêndio ........................................................................................... 24
3 O TRÂNSITO NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO....................................... 28
3.1 O Trânsito do Brasil no Cenário Internacional .................................................... 28
3.2 Malha Rodoviária do Brasil ................................................................................... 29
3.2.2 Quantidade crescente de veículos no país ..................................................... 30
3.3 Velocidade Média dos Veículos nos Grandes Centros Urbanos do País. ....... 31
3.4 Situação do Trânsito no Espírito Santo ............................................................... 32
3.4.1 Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) ........................................... 33
3.4.2 Tipos de ocorrências que mais ocorrem ......................................................... 35
4 USO DA MOTOCICLETA: DIMINUIÇÃO DO TEMPO RESPOSTA ............... 37
4.1 A Motocicleta e a Sociedade ................................................................................ 37
4.2 Uso da Moto nos Órgãos de Serviço Emergencial ............................................ 43
4.2.1 Uso internacional ............................................................................................ 43
4.2.2 Uso no Brasil .................................................................................................. 44
4.3 Vantagens e Desvantagens do Uso da Motocicleta ........................................... 46
4.3.1 Vantagens ....................................................................................................... 46
4.3.2 Desvantagens ................................................................................................. 47
4.4 Atendimento Emergencial com Motocicleta ........................................................ 48
5 METODOLOGIA ............................................................................................. 49
5.1 Quanto à Pesquisa ................................................................................................ 49
5.2 Cálculo do Tempo de Deslocamento Realizado pelo 1º BBM do CBMES....... 50
5.3 Simulação da Redução do Tempo de Deslocamento com Uso da Motocicleta
no 1º BBM do CBMES........................................................................................... 51
5.4 Cálculo do Tempo Resposta do 3º BBM do CBMMG ........................................ 51
5.5 Do Questionário ..................................................................................................... 52
5.6 Delimitações ........................................................................................................... 54
6 RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................. 56
6.1 Análise das Respostas dos Questionários Enviados aos Corpos de Bombeiros
dos Estados de MG, SP, RJ e DF ......................................................................... 56
6.2 Moto Resgate no CBMMG .................................................................................... 64
6.3 O Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo ................................................ 66
6.3.1 Métodos utilizados para redução do tempo resposta ...................................... 70
6.3.2 Simulação na redução do tempo de deslocamento do 1º BBM do CBMES ... 70
7 CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES .............................................................. 72
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 74
APÊNDICE A .................................................................................................. 85
APÊNDICE B .................................................................................................. 87
11
1 INTRODUÇÃO
A necessidade de uma resposta rápida, eficaz e segura por parte dos serviços de
atendimento emergencial, vão ao encontro de necessidades prementes no
atendimento às situações de urgência e emergência (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2009).
As motos são empregadas nas ocorrências onde o tempo não pode ser
desperdiçado, a vantagem está no rápido atendimento e pronta resposta à
1
Atendimento Pré-hospitalar (APH) é o atendimento prestado em situações de urgência e
emergência, em eventos ocorridos fora do hospital, nos primeiros minutos após o agravo à saúde
(CRM, 2003).
2
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ).
13
O presente trabalho traz uma oportunidade de inserir, aos serviços prestados pelo
Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo à sociedade capixaba, uma nova
modalidade, já exercida em outros Corpos de Bombeiros do Brasil, que por sua
natureza diminuirá o tempo resposta nas ocorrências de bombeiros.
Para compreensão do tema deste estudo, optou-se pela divisão em capítulos, a fim
de levar à interpretação do desenvolvimento. O segundo capítulo trata do
atendimento emergencial e sua relação com o tempo resposta realizado pelas
guarnições de bombeiros.
2.1.1 O acionamento
2.1.3 O deslocamento
O APH é o serviço realizado “[...] por profissional qualificado e habilitado que visa
acessar uma vítima que se encontre em condições de risco ou não, estabilizá-la e
transportá-la adequadamente, no menor tempo possível, ao hospital adequado”.
(SÃO PAULO, 2006a, p.5).
Por mais que haja uma equipe especifica para cada atividade exercida pelos Corpos
de Bombeiros, há uma grande relação entre elas. Os militares do salvamento
também realizam atividade de APH e de combate a incêndio, assim como os
militares do combate a incêndio realizam ações de salvamento e primeiros socorros.
3
Vide 2.1.1
20
“Uma frase muito conhecida no meio dos profissionais de segurança diz: “uma gota
de água apaga um palito de fósforo, um copo de água é necessário para apagar um
incêndio de um minuto, um balde após dois minutos e depois… ninguém sabe””
(VIEIRA, 2011. p.194).
O tempo resposta é uma importante variável que deve ser observada dentro de dois
conceitos muito utilizados no atendimento as vítimas: a “hora de ouro” e os “minutos
de platina”.
Para Silva (2010), o tempo decorrido para início do atendimento é uma das
principais características para sucesso do atendimento, vindo a influenciar
diretamente na sobrevida das vítimas.
O tempo mais importante é o tempo entre o início do agravo à saúde até o início do
atendimento do serviço de emergência a vítima. Este espaço de tempo define se a
assistência foi prestada em tempo suficiente (MIR, 2013).
Silva (2010) e Mir (2013) consideram o tempo-resposta como um dos pontos mais
importantes relacionados a um atendimento emergencial. Chegar à vítima com
conhecimentos e equipamentos para o atendimento, no menor tempo possível, será
o diferencial na sobrevida das vítimas.
“Chegar ao local é uma coisa, chegar à vítima é outra” (EID, 2013, p. 03).
Eid explora uma situação muitas vezes presenciada pelos bombeiros em seus
atendimentos, chegar à vítima é diferente de chegar ao local, deslocar-se a pé em
passagens estreitas carregando equipamento de APH, salvamento ou combate a
incêndio ocasionará o consumo de um tempo valioso no atendimento.
2.3.1 Sobrevida
4
Parada cardiorrespiratória – PCR.
24
De acordo com Costa e Silva (2008), para simplificar os estudos, a curva real é
substituída por uma curva padrão, a mais difundida é a da ISO-834, porém esta não
apresenta muitas informações sobre o incêndio.
A partir da curva de incêndio real, percebemos uma divisão em três partes distintas.
A primeira parte refere-se ao início do incêndio, a temperatura está baixa e há um
desenvolvimento lento, podendo levar de 5 a 20 minutos, dependendo de diversos
fatores, como a carga incêndio, compartimentação e ventilação. (SEITO et al., 2008).
26
Segundo SEITO et al. (2008), o incêndio deve ser combatido em sua primeira fase,
ou seja, antes que ocorra o “flashover”, se isso ocorrer, a extinção do incêndio tem
grande probabilidade de sucesso.
Para que se tenha uma boa resposta ao combate a incêndio, a primeira equipe de
bombeiros deve chegar ao local do incêndio em cerca de 4 min, e ter uma plena
resposta com 8 minutos (NFPA 1710, 2010).
Após cerca de 10 min do início do incêndio, o fogo se alastra para outros cômodos
da edificação, a partir deste ponto o controle do incêndio é dificultado pelo aumento
de temperatura dos materiais em queima, depois de 16 minutos a porcentagem de
destruição da propriedade tende a 100% (NFPA 1710, op. cit.).
Nesta parte do trabalho será feita uma abordagem do trânsito, partindo de uma visão
do Brasil em relação ao mundo e chegando mais precisamente a região
metropolitana da Grande Vitória, sob o enfoque dos acidentes de trânsito.
Nos EUA foram registrados em 2008, 37.261 mil mortes no trânsito, de uma
população de aproximadamente 304 milhões, no mesmo ano na União Europeia,
foram registrados 38.876 mil mortes no trânsito de uma população de 498 milhões
de pessoas (CNM, 2009).
Segundo a CNM (2009), o Brasil apresentou em 2008, 57.116 mil mortes por
acidentes de trânsito de uma população de 189,6 milhões de pessoas.
Proporcionalmente o Brasil matou 2,5 vezes mais que os EUA e 3,7 vezes mais que
a União Europeia.
Os números revelam que o Brasil vive uma verdadeira epidemia de lesões e mortes
no trânsito (SUS, 2011). No cenário internacional, o Brasil detém o terceiro lugar no
ranking dos países onde mais morrem pessoas envolvidas em acidentes de trânsito,
perdendo apenas para a China e Índia, segundo a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) (GADAMER, 2002).
29
O fato da maior quantidade de cargas serem transportadas pelas rodovias faz com
que as estradas brasileiras, sejam elas de responsabilidade federal ou estadual, não
possuam boa qualidade para deslocamentos dos veículos, tendo em vista o
desgaste provocado pelo peso transportado, muitas vezes de maneira irregular.
De acordo com a 16ª pesquisa CNT de rodovias, 72,2 % das rodovias no Brasil,
estão classificadas entre péssimo a regular, quando avaliadas a partir da média das
características de pavimento, sinalização e geometria da via.
Segundo o DNIT (2013), somente nas rodovias federais sob a sua jurisdição, entre
os anos de 2007 a 2011, morreram cerca de 40 mil pessoas envolvidas em
acidentes de trânsito, desse total mais de seis mil foram envolvendo motocicletas.
30
Muitos são os elementos que contribuem para que o país apresente, a cada dia,
uma quantidade maior de veículos em sua frota. O fácil acesso ao financiamento
para aquisição de veículos e a falta de transporte coletivo de qualidade, são os
maiores responsáveis pela deterioração da mobilidade urbana, que são
demonstrados nos centros urbanos através da lentidão no trânsito (SILVEIRA, 2010).
5
Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito - RENAEST
31
3.3 Velocidade Média dos Veículos nos Grandes Centros Urbanos do País.
Muitos são os fatores causadores da baixa velocidade média nos grandes centros
urbanos do país, como os carros quebrados, obras nas vias, veículos pesados em
circulação, acidentes com fechamento de pistas e os horários de pico que estão se
dilatando e se encontrando no decorrer do dia. (RESENDE; SOUZA, 2009).
Em Belo Horizonte, o trânsito é muito intenso, mais de 2,6 mil ônibus e um total de
536 mil veículos cortam diariamente as ruas do centro, fazendo com que a
velocidade média do trânsito fique em torno de 16 km/h (AYER; PARREIRAS, 2013).
No Espírito Santo não foi diferente do que ocorreu em outros estados do Brasil.
Acompanhando a tendência nacional, a frota veicular teve um aumento significativo
de acordo com os relatórios anuais de estatísticas do DETRANES.
Através da tabela podemos observar que a população quase não variou no período
analisado, a quantidade de veículos aumentou muito e o número de infrações
praticamente quadruplicou.
33
Ainda segundo Abe e Stlezer (2008, p.5), “Os eixos utilizados para deslocamentos
internos são os mesmo utilizados para acesso e o atravessamento da cidade, e se
constituem também nos corredores de atividades principais”.
Quatro anos depois, em 2009, havia cerca de 610 mil veículos na Região
Metropolitana da Grande Vitória, próximo da metade do número total de veículos do
estado, neste ano houve 6.909 vítimas do trânsito.
Os horários de trânsito mais lento na RMGV foram registrados das seis às nove da
manhã, de onze à uma hora da tarde e das cinco às sete da noite. Nos outros
horários o trânsito costuma fluir normalmente (TRIBUNA, 2013).
Nos anos de 2011 e 2012 a área de maior atendimento realizado pelo CBMES foi no
atendimento pré-hospitalar, representando no ano de 2011, 51,7% e no ano 2012,
52,6% do percentual de atendimentos realizados pela corporação (CIODES, 2012).
Desde a criação da roda pelos sumérios (por volta de 3000 AC.) surgiu uma nova
fase de desenvolvimento, que passando por carroças, carruagens, triciclos
motorizados e outras invenções resultariam nos veículos automotores. (ABRAM,
2013).
“As primeiras motocicletas foram construídas entre 1868 e 1869, utilizando grandes
e pesados motores a vapor. A motocicleta francesa Michaux-Perreaux, é o primeiro
registro de motocicleta” (FLASHBACKERS, 2009, p. 01).
38
Segundo Araújo (1981), apud Júnior (2007, p. 19): “[...] a novidade dos transportes
da época era o automóvel e a linha de produção em massa tornou o mesmo
acessível à população em geral, deixando, assim, as motocicletas em um segundo
plano de veículo alternativo [...]”.
39
O uso da motocicleta para fins militares foi registrado pouco antes da Primeira
Guerra Mundial, quando os exércitos já se preparavam para possíveis guerras. Na
Primeira Grande Guerra, foram utilizadas motos para diversos serviços. Só o
exercito alemão operava com 4.000 motos no início da Primeira Guerra Mundial.
(BASTOS, 2013).
No decorrer da Primeira Guerra Mundial, a motocicleta era vista pelo militares como
evolução e substituição aos cavalos, pois não necessitava de tantos cuidados. O
consumo reduzido de combustível, a linha de produção fácil e a utilização de
matérias primas comuns, tornaram o veículo diferenciado dos existentes e
apropriado em diversas situações (SILVEIRA, 2010).
A motocicleta FN M86 foi a primeira moto a ser utilizada por militares no Brasil. Em
1936, as motos foram utilizadas pela Força Especial de São Paulo, para reprimir
manifestações nas ruas, porém, tiveram vida curta, pois a polícia especial foi extinta
poucos anos depois. (MIOTTO, 2012).
Durante a Segunda Guerra Mundial, no dia “D”, foi utilizado o que havia de mais
moderno sobre motocicleta, as “minimotos”. Esses veículos apresentavam uma
avançada tecnologia, um motor pequeno, silencioso e com potência suficiente para
41
A empresa de motos, Honda Motor Company, iniciou seu império em 1948, após a
venda de bicicletas com motores, o que incentivou a produção de um motor próprio,
dando assim origem ao império Honda (PUPO, 2013).
O trânsito tem se tornado cada vez mais lento e a sociedade cada vez mais exigente
com prazos, por isso há uma tendência em buscar alternativas contra os atrasos
43
cotidianos, muitos veem a moto como uma alternativa para o trânsito cada vez mais
caótico (ZERBINI et al., 2009).
O uso da motocicleta pelos bombeiros nos Estado Unidos é mais restrito do que em
outros países. Devido às boas condições viárias, grande quantidade de postos de
bombeiros e adensamentos urbanos estudados, as motos são potentes e pesadas,
sendo destinadas a congestionamentos de rodovias e vias de grande largura.
(SILVEIRA, 2013).
Em São Paulo, o serviço de Moto Operacional Bombeiro (MOB) teve início em 1999,
como projeto piloto, vindo a ser implementado em 2000 devido ao sucesso nos
atendimentos às ocorrências de bombeiros. Atualmente todos os batalhões de
bombeiros da capital possuem grupamentos de motos, que atendem todos os tipos
de ocorrências (JUNIOR, 2007).
Além dos Corpos de Bombeiros, o SAMU também utiliza motos em seu atendimento
emergencial. O uso da moto foi iniciado em dezembro de 2008 (MS, 2013). A
utilização da motocicleta do SAMU (Motolância) é para atendimento rápido às
ocorrências clínicas e traumáticas (MINISTÉRO DA SAÚDE, 2009).
46
4.3.1 Vantagens
Desde a sua criação, a moto evoluiu muito e apresenta-se hoje em dia como uma
boa opção a quem deseja um veículo pequeno, econômico e ágil, capaz de superar
o trânsito e economizar o tempo. Muitos são os serviços e empresas que lançam
mão deste recurso para melhorar o atendimento à sociedade.
47
4.3.2 Desvantagens
O índice de acidentes com motos que geraram mortes tem crescido de forma
alarmante. Em nove anos o número de óbitos mais que triplicou na região sudeste,
gerando um crescimento de 214% (SUS, 2011).
De acordo com um estudo realizado pelo Insurance Institute for Highway Safety
(IIHS) pelo menos 37% dos acidentes fatais poderiam ter sido evitados se as
motocicletas possuíssem o sistema ABS e nos casos de acidentes sem morte,
seriam 23% menores (CESVI, 2013).
48
As motos são empregadas nas ocorrências onde o tempo não pode ser
desperdiçado, a vantagem está no rápido atendimento e pronta resposta à
sociedade nos horários onde os veículos maiores tem dificuldade no deslocamento.
(EMERGÊNCIA, 2012).
5 METODOLOGIA
Foi utilizada uma pesquisa aplicada com o objetivo de gerar conhecimento para
fornecer subsídios para a redução do tempo resposta, tema de interesse do CBMES.
Para pesquisa bibliográfica foi utilizada uma ampla consulta a artigos, documentos,
literaturas, jornais e revistas à disposição nos diversos servidores da internet. Os
documentos de língua estrangeira foram trabalhados a partir de sua tradução literal.
Como base lógica à investigação, foi utilizado o método dedutivo, ou seja, uma
construção lógica do conhecimento, no qual foram realizadas conclusões a partir de
uma sequência de informações anteriormente verificadas (SILVA, 2001).
Para Minas Gerais (2012), o tempo resposta é o tempo decorrido entre a solicitação
do serviço emergencial ao momento em que a viatura chega ao local da ocorrência.
52
Foi solicitado junto ao CINDS o tempo resposta realizado pela moto resgate no
primeiro semestre de 2013, porém informaram que o sistema não retorna a busca
com informações sobre a moto, nem faz o calculo do tempo resposta deste recurso.
5.5 Do Questionário
Quanto aos objetivos deste trabalho, foi realizada uma pesquisa exploratória,
através de um questionário aplicado aos comandantes dos grupamentos de motos
dos Corpos de Bombeiros Militares de SP, DF, RJ e MG.
O questionário foi realizado com uma distribuição em cinco grupos, onde são
abordadas informações sobre: a estrutura do serviço com moto, o atendimento
emergencial, tempo resposta, tipos de motos utilizadas e os riscos dessa atividade.
5.6 Delimitações
O 1º BBM abrange sete municípios dos oito que compõem a RMGV, com exceção
do município de Guarapari que é atendido pela 1ª Cia independente (ESPÍRITO
SANTO, 2005; ESPÍRITO SANTO, 2008).
A escolha dos Corpos de Bombeiros Militares dos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro, Distrito Federal e Minas Gerais, se deu pelo fato de já possuírem o
atendimento com motos implementado e continuado.
Não foi realizado neste estudo, uma pesquisa que avalia-se o investimento
financeiro realizado por cada corporação na implantação do serviço com motos,
tendo em vista que o objetivo deste trabalho é dar subsídio para implantação do
serviço com foco na redução do tempo resposta.
Não foi realizada uma comparação entre o efetivo total das corporações com o
efetivo empregado no serviço, pois o serviço emergencial com motos é encarado de
maneira diferente em cada Corpo de Bombeiro. No CBMERJ as motos atuam em
todos os tipos de ocorrências, enquanto que no CBMDF apenas no APH (MINAS
GERAIS, 2008; SPAGNOLO, 2011).
56
6 RESULTADOS OBTIDOS
6.1 Análise das Respostas dos Questionários Enviados aos Corpos de Bombeiros
dos Estados de MG, SP, RJ e DF
Através dos questionários foram elaborados quadros e tabelas que descrevem como
está sendo realizado o serviço, com a vantagem da redução do tempo de
deslocamento e a desvantagem dos acidentes.
Corpo de
Bombeiro
CBMMG CBMERJ CBPMESP CBMDF
Fato
Observado
Quantidade de
motos que
1
possuem no 30 40 22 30
atendimento
emergencial
Quantidade de
militares
2
destinados a 11 28 22 20
atividade com
moto
1
De acordo com o boletim logístico nº 04 de 2013.
2
Número de militares empenhados no dia 13 out. 2013 com base na carta de situação.
O serviço com motos é realizado por dois militares em cada posto de atuação, para
o 1º BBM do CBMES seria interessante que houvesse três duplas diárias de
militares para executarem o serviço com motos, uma em cada companhia, haja vista
que o CBMES não possui postos avançados.
Dos Corpos de Bombeiros estudados, o que apresentou serviço mais recente foi o
do CBMDF, seguido pelo CBMMG. O CBMERJ foi o que apresentou maior tempo de
funcionamento, iniciaram em 1997 com o APH e desde junho de 2013 iniciaram o
serviço de combate a incêndio. O CBPMESP iniciou no ano 2000 através de um
projeto piloto, onde foi verificada a eficiência do uso da moto.
58
Para a criação do serviço no CBMES, seria interessante se basear nos serviços com
motos prestados pelo CBMERJ e CBPMESP, haja vista que já serviram como
referência para criação deste serviço em outros Corpos de Bombeiros, além de
possuírem o serviço com maior tempo de funcionamento e continuidade.
Assim como foi feito pelo CBPMESP, é aconselhável para o CBMES a implantação
do serviço emergencial com motos através de um projeto piloto, que segundo
Demarco (1990), apud Montagner (2012, p.66): “é aquele em que você deixa de lado
o enorme livro de padrões e tenta algumas técnicas que não foram provadas ainda.
[...], você pode esperar um pouco de ineficiência no começo. [...]. Do outro da
balança está o aperfeiçoamento [...]”.
As motos são escaladas sempre ao dia havendo pequenas diferenças nos horários
de início e término. As escalas são de 12 horas de trabalho por 36h de descanso,
com exceção do CBMMG.
Entre 55 a
70%,
Redução no 60%* 62,5 % 60 %
tempo resposta dependendo
do trânsito.
* Redução do tempo resposta realizado nos anos 2009 e 2010 nas ocorrências de APH
(MANHÃES, 2011).
As viaturas com quatro rodas podem levar 2,5 vezes mais tempo para chegar ao
local da emergência. Pode-se observar que o tempo reposta é uma variável de difícil
aferição e os Corpos de Bombeiros não possuem este controle tão exato.
O CBMERJ além dos serviços de APH e combate a incêndio que são realizados com
Yamaha XT660, realizam o serviço de escolta, que é realizado com a Yamaha
Midnight 950cc. No curso de especialização em operações com motocicletas os
alunos realizam os treinamentos com a Honda Falcon 400cc.
Abaixo segue o quadro com os preços médios realizados no mercado de motos dos
modelos utilizados pelos Corpos de Bombeiros estudados.
Segundo Junior (2007) a XT 660 representa a melhor opção de moto para uso nas
atividades de bombeiros, porém por muitos anos a Nx400 foi utilizada atendendo as
exigências que o serviço necessitava. De fato a melhor moto para o serviço é a XT
660, mesmo sendo 50% mais onerosa para aquisição do que a NX400i.
A vantagem do uso de uma moto própria de combate a incêndio se faz pelo fato das
viaturas de combate a incêndio serem as que mais demoram a chegar ao local do
incidente.
As viaturas de combate a incêndio, via de regra, são caminhões que passaram por
adaptações para se tornarem um veiculo emergencial, e não dispõem de agilidade
por apresentarem peso e dimensões consideráveis para deslocamentos no trânsito
(SILVEIRA, 2010).
63
6
Destacamento Bombeiro Militar Motociclista
64
Motocicletas (CEOpeM), após esta data não houve nenhum registro de ocorrência
de acidentes, em consequência do continuado treinamento realizado.
No CBPMESP, foi realizada uma pesquisa com os 18 bombeiros que atuavam nos
grupos de motos na capital de São Paulo, foram registrados vinte e dois acidentes
entre os motociclistas, sendo que somente um teve afastamento superior a um mês.
O maior percentual de lesões registrado foi nos joelhos e mãos (JUNIOR, 2007).
O uso da motocicleta pelos Corpos de Bombeiro do país não foram nem estão sendo
muito bem aceita, em atributo a vulnerabilidade que apresenta aos riscos de
acidentes de trânsito (SILVEIRA, 2010).
Podemos observar que a quantidade de acidentes com motos são reduzidos, tendo
em vista se tratar de deslocamentos emergenciais, que são realizados com
celeridade, porém a gravidade dos acidentes nos atenta para o uso de EPI e do
constante treinamento do motociclista, pois praticamente todo acidente com moto
gera lesão.
Como a demanda pelo atendimento dos bombeiros na RMBH é muito alta, a moto
passou a realizar todos os tipos de atendimentos, sobrecarregando o sistema do
moto resgate nos três Batalhões.
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo foi criado através da Lei
nº 1316, de 30 de janeiro de 1921. Desde sua criação possuiu vários nomes, até que
em 1997, ano da separação com a Polícia Militar através da Emenda Constitucional
nº 12, adquiriu o nome de Corpo de Bombeiro Militar (CBMES, 2005).
O registro das ocorrências atendidas pelo CBMES é realizado pelo Centro Integrado
Operacional de Defesa Social (CIODES) que “[...] é um moderno sistema
informatizado que unificou os telefones emergenciais utilizados pelas Polícias Civil,
Militar e o Corpo de Bombeiros, passando a atender as chamadas de emergência
através de um único número -190” (ESPÍRITO SANTO, 2013b).
7
Vide item 5.3
69
O tempo médio de deslocamento realizado pelas viaturas ABSL 06, 07, 08 foi de
24min21s.
As formas são variadas para solução do problema de tempo resposta, pode ser
reduzido através da implantação de novas unidades, de meios mais eficazes de
tramitação de informações, para o acionamento das viaturas a partir da ligação ao
número 193 ou com a utilização de veículos que possam se deslocar em um menor
tempo, como o que já é feito em outros estados com uso da motocicleta.
8
Tempo calculado a partir da média de todos os registros selecionados para estudo.
70
9
As unidades nos municípios de Guaçuí, Anchieta e Cariacica estão em construção.
10
Vide 2.1.3
71
7 CONSIDERAÇÕES E SUGESTÕES
Sugere-se ainda que seja realizado um estudo que verifique em qual tipo de
ocorrência deve ser empenhada a motocicleta, de forma que seu uso seja efetivo na
redução de deslocamento.
74
REFERÊNCIAS
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http://www.ijsn.es.gov.br/Sitio/index.php?option=com_attachments&task=download&i
d=180>.Acesso em: 04 set. 2013.
GLOBO, G1. Velocidade Média de Veículos Cai nos Horários de Pico em 2012
em SP, 2013. Disponível em:< http://m.g1.globo.com/sao-
paulo/noticia/2013/08/velocidade-media-de-veiculos-cai-nos-horarios-de-pico-em-
2012-em-sp.html>. Acesso em 06 out. 2013.
79
MIR, L. Guerra Civil: Estado e Trauma. 1.ed. São Paulo: Geração editorial, 2004.
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NFPA 1710. National Fire Protection Association. Standard for the Organization
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APÊNDICE A
Questionário Enviado aos Corpos de Bombeiros dos Estados de SP, RJ, MG e DF.
APÊNDICE B
Entrevista Realizada com o Responsável pelo Grupo de Motos do 3ºBBM do
CBMMG.