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A Deus, por habitar em nosso coração e por nos guiar na luta pelo
dever, sempre trilhando o caminho do bem, do bom e do belo.
Aos meus familiares, por terem se sobrecarregado em seus afazeres
diários para que eu pudesse me dedicar a este trabalho.
Ao Coronel PM Adilson Antonio da Silva, pelos valiosos ensinamen-
tos ao longo da carreira e pelas recomendações e direcionamentos nesta
obra.
Aos oficiais e praças do Comando do Corpo de Bombeiros de São Pau-
lo, em especial do Departamento e Prevenção, por depositarem sua con-
fiança neste trabalho e por colaborarem para que ele fosse conduzido com
êxito.
Aos representantes dos Corpos de Bombeiros Militares de outros es-
tados, que dispuseram do seu valioso tempo para dar alguma contribui-
ção, reconhecendo, assim, a importância deste trabalho.
À superintendência e aos demais integrantes da ABNT/CB-24 – Co-
mitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio, pelo apoio incondicionado
na obtenção de informações com as partes interessadas no setor.
Aos representantes das associações de fornecedores, organismos de
certificação, laboratórios de ensaio e demais partes interessadas, que
contribuíram com valiosas informações e sugestões para a presente obra.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para o trabalho, esclare-
cendo que esta proposta inicial deverá ser avaliada por todos os interes-
sados e, com certeza, será melhorada com a contribuição de pessoas mais
esclarecidas e experientes.
“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” (Peter Drucker)
The present work has as main objective to propose a form of action of the
Military Fire Departments in the activity of certification of fire safety pro-
ducts. Fire safety is a duty of the State, right and responsibility of all, and
should be exercised by the Military Fire Departments. The quality of fire
safety in buildings and risk areas can only be guaranteed if it is observed
in all aspects, and a good technical regulation, good technical design,
adequate products, and installations are required. Based on a study on
the quality of sprinklers in Brazil, it was found that fire safety products
present serious non-compliance problems, resulting in a malfunction and
directly affecting consumer safety. The lack of regulation in the sector has
also affected competition in the market, and the Fire Department itself,
which has been hampered by its efforts in the area of prevention. The
National Institute of Metrology, Quality and Technology has not offered
programs of conformity assessment within the expectations of the sector
and, somehow, an alternative measure must be taken, so that the present
scenario of distrust is reversed in the future. In addition to the main pro-
posal, it was sought to bring to light the members of the fire brigades,
and the technical community that operates in the field of fire safety, the
entire national legal framework that regulates the activity of conformity
assessment, in order to level the Knowledge and resolve existing doubts,
providing the most accurate decision-making. In order to verify the com-
plexity of the problem and to mark future actions, an assessment was
made of the current scenario in Brazil, in relation to the main fire safety
products, to know about the existence of conformity assessment programs,
technical standards, associations of Suppliers, testing laboratories, and
conformity assessment bodies. Surveys with the State Fire Departments,
companies in the industry, and experts helped identify some alternative
paths that could be taken to implement regulation and improve the qua-
lity of fire safety products.
Autor
Agradecimentos
Resumo
Abstract
Lista de figuras
Lista de gráficos
Lista de quadros
Lista de abreviaturas e siglas
1 – Introdução
7 – Conclusão
Referências
29
30
2 – Segurança contra incêndio
31
Segundo Granito (1993, p. 2002), uma adequada proteção contra
incêndio é elemento essencial em qualquer coletividade, que deve sa-
ber planificar, planejar e avaliar possibilidades e riscos do ambiente
em que vive, bem como saber definir o tipo e o nível de serviço público
de bombeiros desejados.
De acordo com Malhotra (1982, p.15), para formular um conhecimen-
to razoável relativo à segurança contra incêndio e definir previamente
as exigências de proteção concretas, é necessário, primeiramente, ter
objetivos ou metas claras de proteção contra incêndio. Esses objetivos
ou metas fornecem as bases para o desenvolvimento global de proteção,
permitindo ao poder público chegar ao nível de controle justificado para
alcançar os objetivos estabelecidos, que são a proteção da vida e da pro-
priedade, sem esquecer as considerações econômicas.
Ainda para Malhotra (1982, p.16), os objetivos da proteção contra in-
cêndio são aqueles destinados à segurança das pessoas que se encontram
no interior da edificação no momento de um incêndio, à prevenção da
propagação do incêndio por toda a edificação e à proteção da propriedade
(conteúdo e estrutura da edificação).
32
Na interpretação do texto constitucional, Lazzarini (1999, p. 17-19)
diz que a noção de ordem pública é vaga e ampla, não se tratando apenas
da manutenção material da ordem na rua, mas compreendendo a saúde
pública, a segurança pública, a moralidade pública e a tranquilidade pú-
blica. A ordem pública propriamente dita é a ausência de desordem, de
atos de violência contra as pessoas e contra os bens do próprio Estado.
Dessa maneira, a CF atribui aos Corpos de Bombeiros Militares dos
estados a preservação da ordem pública, principalmente nos aspectos
relacionados à salubridade pública, compreendendo as ações preventivas
e repressivas de proteção à incolumidade das pessoas e do patrimônio,
a execução de atividades de defesa civil e as demais atribuições defini-
das em lei, o que remete à legislação infraconstitucional, tanto federal
quanto estadual, a tarefa de regular melhor as atividades dos Corpos de
Bombeiros Militares.
Cabe ao Estado a competência para delegar atribuições aos Corpos
de Bombeiros e regular a sua organização, desde que não conflite com as
normas gerais. Tal competência decorre do fato de que toda vez que a CF
faz referência à lei, sem especificar se é federal, estadual ou municipal,
cabe ao intérprete verificar, a partir da divisão de competências, a quem
incumbe essa competência legislativa.
Como não se encontra na CF nenhuma norma indicativa de que essa
competência seja da União ou do município, e dentro da concepção de
que as competências residuais pertencem aos estados, entende-se que a
estes cabe legislar sobre a matéria. Essa ideia é reforçada pelo fato de a
CF subordinar os Corpos de Bombeiros Militares aos governadores dos
estados e do Distrito Federal.
Beznos (1992, p. 25) confirma a competência dos Corpos de Bom-
beiros Militares para exigir medidas de polícia no que tange à pre-
venção de incêndios, porque as calamidades decorrentes de incêndio
vulneram a saúde pública e a tranquilidade pública, atentando contra
a própria ordem pública, seja quanto à incolumidade das pessoas, seja
quanto ao patrimônio delas.
A prevenção de incêndio está ligada ao Direito Urbanístico e, de acor-
do com o artigo 24, inciso I, da CF de 1988, compete à União, aos estados
e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre Direito Urbanís-
tico.
Lazzarini (1992, p. 193), em análise desse assunto, diz que o estado
pode legislar concorrentemente com a União a respeito do Direito Ur-
banístico, que é capítulo do Direito Administrativo, podendo, portanto,
legislar sobre prevenção de incêndios, ficando com o município a compe-
33
tência de suplementar essa legislação, sempre atendendo ao fim social da
propriedade.
Gasparini (1992, p. 41) também diz que a entidade federativa com-
petente para legislar é competente para fiscalizar a sua execução e para
exercer o Poder de Polícia respectivo. Ao estado cabe legislar sobre todas
as matérias remanescentes, ou que não foram atribuídas à União ou ao
município, por força do que estabelece o artigo 25, § 1º, da CF.
As atribuições dos Corpos de Bombeiros também encontram guarida
nas constituições estaduais, que muitas vezes remetem a uma lei com-
plementar ou ordinária, a exemplo do artigo 23 da Constituição do Esta-
do de São Paulo, que contempla o seguinte:
Fonte: o autor.
35
3 – Metrologia, normalização e qualidade industrial
36
Sobre o assunto, João Alziro Herz da Jornada, ex-presidente do IN-
METRO, que prefaciou o livro Movimento da Qualidade no Brasil, acres-
centa que a qualidade tem estreita relação com a avaliação da conformi-
dade:
Fonte: o autor.
39
d) órgão oficial de credenciamento de Organismos de Certificação de
Sistemas de Gestão. (BRASIL, 1999)
40
Lei e pelos atos normativos expedidos pelo Conmetro e pelo Inmetro,
inclusive regulamentos técnicos e administrativos. (BRASIL, 1999)
41
O reconhecimento é um instrumento facilitador nas transações co-
merciais entre os países e, como gera confiança, o Brasil é membro tam-
bém de diversos outros fóruns internacionais, com os quais mantém acor-
dos de reconhecimento dos programas de avaliação da conformidade.
Além do IAF, o INMETRO é signatário de diversas outras associações:
43
é fator de proteção do consumidor e contribui para minimizar impactos
ambientais na produção, com processos sustentáveis de utilização e des-
carte de produtos.
São vários, portanto, os aspectos que tornam justificável a adoção de
um programa de avaliação da conformidade, dentre eles:
45
Figura 3 – Classificação da avaliação quanto ao agente
econômico
Fonte: o autor
3.2.1 Certificação
46
Modelo de Certificação 1a – Avaliação única. Nesse modelo, uma ou
mais amostras do produto são submetidas a atividades de avaliação da
conformidade, que podem consistir em ensaio, inspeção, avaliação de
projeto, avaliação de serviços ou processos, etc. Esse modelo não con-
templa a etapa de manutenção. A avaliação da conformidade do objeto
é efetuada uma única vez, e os itens subsequentes de produção não são
cobertos pelo Certificado de Conformidade emitido.
Modelo de Certificação 1b – Ensaio de lote. Esse modelo envolve
a certificação de um lote de produtos. O número de unidades a serem
ensaiadas pode ser uma parcela do lote, coletada de forma aleatória, ou,
até mesmo, o número total de unidades do lote (ensaio 100%). O Certifi-
cado de Conformidade é restrito ao lote certificado.
Modelo de Certificação 2 – Avaliação inicial que consiste em en-
saios feitos em amostras retiradas no fabricante, seguida de avaliação
de manutenção periódica por meio de coleta de amostra do produto no
mercado. As Avaliações de Manutenção têm por objetivo verificar se os
itens produzidos após a atestação da conformidade inicial (emissão do
Certificado de Conformidade) permanecem conformes.
Modelo de Certificação 3 – Avaliação inicial que consiste em ensaios
em amostras retiradas no fabricante, seguida de avaliação de manuten-
ção periódica por meio de coleta de amostra do produto na fábrica. As
Avaliações de Manutenção têm por objetivo verificar se os itens produ-
zidos após a atestação da conformidade inicial (emissão do Certificado
da Conformidade) permanecem conformes. A manutenção pode incluir
a avaliação periódica do processo produtivo (fonte: adaptada da ISO/
IEC 17067/2013).
Modelo de Certificação 4 – Avaliação inicial que consiste em ensaios
em amostras retiradas no fabricante seguida de avaliação de manuten-
ção periódica por meio de coleta de amostras do produto na fábrica e no
comércio, combinada ou alternadamente, para realização das ativida-
des de avaliação da conformidade. As Avaliações de Manutenção têm
por objetivo verificar se os itens produzidos após a atestação da confor-
midade inicial (emissão do Certificado da Conformidade) permanecem
conformes. A manutenção pode incluir a avaliação periódica do processo
produtivo (fonte: adaptada da ISO/IEC 17067/2013).
Modelo de Certificação 5 – Avaliação inicial que consiste em ensaios
em amostras retiradas no fabricante, incluindo auditoria do Sistema de
Gestão da Qualidade, seguida de avaliação de manutenção periódica
por meio de coleta de amostra do produto na fábrica e/ou no comércio,
para realização das atividades de avaliação da conformidade. As Ava-
liações de Manutenção têm por objetivo verificar se os itens produzi-
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dos após a atestação da conformidade inicial (emissão do Certificado)
permanecem conformes. A manutenção inclui a avaliação periódica do
processo produtivo, ou a auditoria do SGQ, ou ambos (fonte: adaptada
da ISO/IEC 17067/2013).
Modelo de Certificação 6 – Avaliação INICIAL que consiste em au-
ditoria do Sistema de Gestão da Qualidade ou inspeções, seguida de
manutenção periódica. Esse modelo é aplicável, principalmente, à certi-
ficação de serviços e processos. As Avaliações de Manutenção incluem a
auditoria periódica do SGQ e avaliação periódica do serviço ou processo
(INMETRO, 2015a, p. 22-23).
3.2.3 Inspeção
3.2.4 Ensaio
49
diferentes segmentos da sociedade interessados e contempla uma série
de questões de natureza estratégica, tática e operacional.
O PBAC apresenta as seguintes orientações estratégicas:
51
aprovado o Plano de Ação Quadrienal, é estabelecida uma Agenda Regu-
latória com horizonte de dois anos para execução.
Na execução do Plano de Ação Quadrienal, o INMETRO realiza a
análise de impacto regulatório ou as pesquisas pertinentes para os ob-
jetos constantes do Plano de Ação Quadrienal, com vistas a definir o de-
senvolvimento de regulamentações técnicas ou programas de avaliação
da conformidade da demanda validada e aprovada.
Durante a análise de impacto regulatório, é avaliado o histórico do
produto, os problemas ocorridos, o número de acidentes, as mortes e re-
clamações registradas, o nível de risco, a análise de normas e regulamen-
tos técnicos sobre o produto avaliado, o tipo de programa a ser adotado e
o custo, sendo emitida, ao final, uma conclusão dessa análise.
O grande desafio ao se criar um programa de avaliação da conformi-
dade é selecionar um conjunto mínimo de técnicas de gestão da qualida-
de que sejam suficientes para propiciar confiança na conformidade, com
o melhor custo-benefício para as partes interessadas.
Concluído o relatório da análise de impacto regulatório, ele é publi-
cado em portaria do INMETRO e também no Diário Oficial da União,
sendo submetido à consulta pública para a apresentação de sugestões e
críticas relativas ao texto proposto.
De acordo com o resultado do relatório, o INMETRO pode optar pela
não regulamentação, pela elaboração de um Regulamento Técnico da
Qualidade (RTQ) sem criar um programa de avaliação da conformidade,
ou pela implantação de um programa de avaliação da conformidade vo-
luntário ou compulsório.
Em geral, os programas serão compulsórios apenas quando o produto
oferecer um grau considerável de risco à saúde ou à segurança dos cida-
dãos, ou ainda ao meio ambiente.
Para realizar a avaliação da conformidade de determinado produto,
deve existir um regulamento técnico, uma norma técnica ou documen-
to similar (Instrução Técnica ou Portaria do Comandante do Corpo de
Bombeiros), que defina exatamente o que será avaliado em determinado
produto.
O Guia de Boas Práticas de Regulamentação do CONMETRO define
Regulamento Técnico e Norma como:
52
é obrigatório. Pode tratar parcial ou exclusivamente de terminologia,
símbolos e requisitos de embalagem, marcação ou rotulagem aplicáveis
a um produto, serviço, bens, pessoas, processo ou método de produção.
Norma é o documento estabelecido por consenso e emitido por um or-
ganismo reconhecido, que fornece, para uso comum e repetido, regras,
diretrizes ou características para produtos, serviços, bens, pessoas, pro-
cessos ou métodos de produção, cujo cumprimento não é obrigatório.
Pode também tratar de terminologia, símbolos, ou rotulagem aplicáveis
a um produto. (CONMETRO, 2014a, p. 5)
Artigo 3º […]
§1º Os Requisitos de Avaliação da Conformidade deverão definir os se-
guintes itens:
53
I – Objetivo (específico do programa de certificação);
II – Siglas (apenas as que não constarem neste documento);
III – Documentos de referência e complementares (apenas os que não
constarem neste documento);
IV – Definições (apenas as que não constarem neste documento); V –
Mecanismo de Avaliação da Conformidade;
VI – Etapas da Avaliação da Conformidade (que deverão conter, quando
aplicáveis, pelo menos, os seguintes itens, complementando o RGCP):
Definição do(s) Modelo(s) de Certificação utilizado(s); Avaliação Inicial;
– Solicitação de Certificação;
– Análise da Solicitação e Conformidade da Documentação;
– Auditoria Inicial do Sistema de Gestão da Qualidade e Avaliação
do Processo Produtivo (quando aplicável);
– Plano de Ensaios Iniciais (quando aplicável);
– Tratamento de não conformidades na etapa de Avaliação Inicial;
– Emissão do Certificado de Conformidade;
Avaliação de Manutenção do Sistema de Gestão da Qualidade e Avalia-
ção do Processo Produtivo (quando aplicável);
– Auditoria de Manutenção (quando aplicável);
– Plano de Ensaios de Manutenção (quando aplicável);
– Tratamento de não conformidades na etapa de Avaliação de Manu-
tenção;
– Confirmação da Manutenção;
– Avaliação de Recertificação (quando aplicável); Casos Especiais;
VII – Tratamento de Reclamações;
VIII – Atividades executadas por OCP acreditado por membro do MLA
do IAF; IX – Transferência da Certificação;
X – Encerramento da Certificação;
XI – Selo de Identificação da Conformidade;
XII – Autorização para Uso do Selo de Identificação da Conformidade;
XIII – Responsabilidades e Obrigações;
XIV – Acompanhamento no Mercado; XV – Penalidades; e
XVI – Denúncias. (INMETRO, 2015b)
55
produtos e serviços, laboratórios de ensaios acreditados e membros da
RBMLQ-I.
Seu foco é a identificação de não conformidades sistêmicas, de forma
a ensejar oportunidades de melhoria no programa de avaliação da con-
formidade do produto, serviço ou processo verificado.
A questão da manutenção da conformidade de produtos e seu acom-
panhamento nos postos de consumo é uma preocupação imperante em
vários países. Diversas nações têm sistemas robustos para a garantia da
confiabilidade dos produtos.
Nos programas compulsórios, o INMETRO lança mão do Registro de
Objetos, que é o ato pelo qual ele autoriza, condicionado à existência do
Atestado de Conformidade emitido por um OCP, a utilização do selo de
identificação da conformidade e a comercialização do objeto em território
nacional.
O Registro de Objetos proporciona à entidade regulamentadora maior
poder de ação e agilidade em caso de produtos que, por alguma ocorrência
adversa e mesmo ostentando o selo de identificação da conformidade, não
atendam aos requisitos normativos, bem como possam apresentar algum
risco ao cidadão.
Esse instrumento é particularmente necessário e funcional nos inú-
meros casos de produtos objetos de recall ao redor do mundo, uma vez
que, no atual cenário mundial, convive-se com produtos de diferentes
nacionalidades.
Com o acompanhamento no mercado, conclui-se a denominada “ca-
deia de acreditação e controle do Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade”, sinteticamente representada conforme o disposto na Fi-
gura 4.
56
Figura 4 – Cadeia de acreditação do SBAC
Fonte: o autor.
58
uma norma existente, deve limitar-se a definir os requisitos ligados às
questões de segurança, saúde e meio ambiente.
A existência de laboratórios de ensaios é essencial para o processo
de certificação de produtos, tanto no setor produtivo, para propiciar a
gestão pela qualidade, como nos setores independentes, para legitimar
eventuais ensaios realizados pelos fabricantes.
Os relatórios de ensaios emitidos pelos laboratórios constituem
o principal insumo para a atestação da conformidade, e, sempre que
possível, os laboratórios de ensaio independentes devem estar próximos
dos setores produtivos para diminuição dos custos.
A Resolução CONMETRO nº 05, de 18 de dezembro de 2007, instituiu
o Guia de Boas Práticas de Regulamentação (GBPR), elaborado pelo Co-
mitê Brasileiro de Regulamentação, um dos comitês técnicos do CONME-
TRO, para orientar a criação de regulamentos técnicos pelas autoridades
competentes.
O GBPR orienta, ainda, a elaboração de uma avaliação de impacto
como prática recomendada para avaliar-se o impacto da regulamentação
nas dimensões econômica, social e ambiental, com o objetivo de propor-
cionar à sociedade uma boa regulamentação (CONMETRO, 2014a, p.
11).
Nesse caso, espera-se que a autoridade competente possa confirmar
que analisou criticamente a avaliação do impacto da regulamentação e
se assegurou de que os impactos positivos decorrentes da implantação
da regulamentação superam os negativos, sejam econômicos, sejam
ambientais ou sociais.
É imperioso que se analise a regulamentação técnica criticamente, de
maneira a assegurar sua eficácia e alcance dos seus objetivos, para preve-
nir a ocorrência de distorções no mercado ou efeitos não pretendidos.
Para tanto, é conveniente que a autoridade regulamentadora procure
identificar claramente quem são as partes interessadas no escopo e pla-
neje o seu envolvimento, de maneira a assegurar a participação efetiva e
envidar todos os esforços para a elaboração de uma boa regulamentação
(CONMETRO, 2014a, p. 18).
A participação das partes interessadas em todo o processo de ela-
boração da regulamentação técnica é essencial e muito importante, ga-
rantindo maior apoio e eficácia na implantação do programa. O processo
participativo também é muito rico, em termos de aprendizado e difusão
de conhecimento sobre a atividade de avaliação da conformidade.
59
Para se chegar a um consenso, são essenciais, no estabelecimento de
programas de avaliação da conformidade, as participações de entidades
representativas dos setores produtivos, dos consumidores, do governo,
de autoridades regulamentadoras e do meio acadêmico.
Um dos principais desafios na criação de um programa de avaliação
da conformidade é chegar ao equilíbrio entre o custo para sua implanta-
ção e o benefício para a sociedade.
Deve-se selecionar um conjunto mínimo de técnicas de gestão da qua-
lidade, suficientes para propiciar confiança na conformidade, mas com
o melhor custo-benefício para as partes interessadas. Esse equilíbrio
constitui um requisito de sucesso para um programa de avaliação da
conformidade.
Segundo o INMETRO (2015a, p. 14), quanto maior for a frequência
de auditorias e de ensaios em amostras colhidas na expedição das fábri-
cas ou no mercado, maior será a confiança de que o produto avaliado está
em conformidade com a norma ou o regulamento técnico aplicável.
Entretanto, a aplicação dessas ferramentas tem um custo que onera-
rá o preço do produto final, que será repassado para o consumidor. Nes-
se aspecto, o ponto ótimo a ser alcançado é aquele que propicia melhor
custo-benefício, conforme o disposto na Figura 5.
Outro requisito essencial é que o programa de avaliação da confor-
midade seja devidamente sistematizado. As regras que definem exata-
mente o que deve ser avaliado e os requisitos específicos de avaliação
também devem ser estabelecidos com a participação das partes interes-
sadas, na medida em que legitimam a qualidade do programa e facilitam
a sua implantação.
60
Figura 5 – Custo-benefício da avaliação da conformidade
63
4 – Análise do cenário nacional quanto à avaliação
da conformidade dos produtos de segurança contra
incêndio
64
A segurança contra incêndio deve ser considerada em todas as fases
de uma edificação, passando pela concepção do anteprojeto, pelo proje-
to executivo, pela construção, pela utilização de produtos de qualidade,
pela instalação adequada e pela manutenção. Se a segurança contra in-
cêndio for desconsiderada em qualquer uma dessas etapas, a edificação
ficará suscetível a riscos de inconveniências funcionais, gastos excessi-
vos e níveis de segurança inadequados.
Grande parte dos problemas relacionados à segurança contra incên-
dio ocorre durante a fase de utilização da edificação e depende do perfil
do usuário que a habita; entretanto, a falha comumente é iniciada no
processo construtivo, devido ao não atendimento à legislação de seguran-
ça contra incêndio existente. (FIGURA 7)
Fonte: o autor.
67
contra incêndio no Brasil, sobretudo aqueles que mais sofrem com os
problemas relatados.
A fim de garantir que os componentes utilizados na instalação estão
em conformidade com as normas e regulamentações técnicas e que pre-
servam as condições adequadas de operação durante a fase de uso da
edificação, a única forma é submetê-los a ensaios laboratoriais.
Neste aspecto, como não é possível submeter a ensaio grandes quan-
tidades de produtos, oriundos de um número variado de edificações, a
solução alternativa seria um processo de certificação que fizesse a ava-
liação da conformidade dos produtos de forma amostral, sistemática e
rotineira, tanto no processo produtivo, quanto no comércio.
É evidente que a certificação não eliminará completamente os pro-
blemas de conformidade dos produtos, já que outras variáveis influem
nesse processo; no entanto, há estudos comprovando que a certificação
pode contribuir significativamente para a melhoria da confiabilidade dos
produtos.
Uma pesquisa interessante, realizada pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo (IPT) durante os anos de 2015 e 2016, colheu
diversas amostras de mangueiras de incêndio do tipo 2, submetendo-as
a ensaio de comportamento hidrostático, de acordo com a ABNT NBR
12779 – Mangueiras de incêndio – Inspeção, manutenção e cuidados.
Antes da apresentação do resultado, é importante esclarecer que a certi-
ficação para mangueiras de incêndio é voluntária pelo INMETRO.
O resultado da pesquisa foi apresentado por Antonio Fernando Ber-
to, responsável pelo laboratório de segurança ao fogo e a explosões do
IPT, em palestra ministrada no seminário que marcou o lançamento do
Programa de Certificação de Produtos de Segurança contra Incêndio da
UL do Brasil, no dia 15 de março de 2016, na cidade de São Paulo.
Na ocasião, demostrou-se que foram colhidas amostras de 28 edifi-
cações distintas; em 13 edificações (46%) as mangueiras falharam. Das
49 mangueiras submetidas a ensaios, sendo 27 não certificadas (55%) e
22 certificadas (45%), 17 mangueiras de incêndio falharam (14 não cer-
tificadas e 3 certificadas), ou seja, 52% das mangueiras não certificadas
e 14% das mangueiras certificadas, comprovando uma alta taxa de não
conformidades para produtos sem certificação (BERTO, 2016).
No mercado de extintores de incêndio novos, em que a certificação é
compulsória pelo INMETRO, também é possível encontrar produtos não
conformes, mostrando claramente que a certificação não é a única solu-
ção para o problema; no entanto, não há como negar que a porcentagem
de conformidades é muito maior em produtos certificados, se comparada
68
a outros mercados como o de iluminação de emergência e o de sinalização
de emergência, que não contam com programas de certificação, realidade
bem conhecida dos vistoriadores dos Corpos de Bombeiros Militares.
A ABSpk, criada em 2011, tem constantemente advertido sobre a
importância da certificação de chuveiros automáticos. Em palestra pro-
ferida no 2º Congresso Brasileiro de Sprinklers, que ocorreu nos dias 27
e 28 de outubro de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, o Coordenador do
Comitê Técnico da ABSpk, Felipe Melo, alertou que há milhões de bicos
instalados sem certificação no Brasil, colocando em risco as instalações e
os seus ocupantes (MELO, 2016).
Até 2007, as vendas de chuveiros automáticos no Brasil eram baixas,
provavelmente pelo desconhecimento quanto à aplicação da tecnologia e,
também, por não haver NBR de instalação atualizada. A partir de 2007,
as importações de chuveiros automáticos começaram a apresentar altas
taxas de crescimento até o ano de 2013. Foram evidenciadas quedas a
partir de 2014, que podem ser explicadas pela crise econômica que o Bra-
sil passa atualmente e pelo aumento da produção nacional. (GRÁFICO
1)
70
Gráfico 3 – Porcentagem de importação de bicos certificados
e não certificados
71
Gráfico 4 – Porcentagem de importação de bicos certificados e
não certificados
72
Figura 8 – Chuveiros automáticos que derretem com o fogo
73
O alerta da empresa SKOP foi comprovado por um estudo inédito
realizado pela ABSpk e pela National Fire Sprinkler Association (IFSA).
Foram retirados de duas edificações no estado de São Paulo, uma gara-
gem de um prédio comercial em Jundiaí e de um escritório em São Paulo
250 bicos upright e 96 bicos pendentes, todos recém-fabricados e sem
certificação, que foram substituídos por produtos certificados.
Os produtos extraídos foram embalados e enviados para testes nos
laboratórios da UL e da FM Approval (FM), nos Estados Unidos da Amé-
rica. Foram selecionados apenas nove itens da norma para avaliação, dos
cerca de 35 existentes, e os produtos passaram por minuciosa verificação
no que diz respeito a índice de tempo de resposta, controle da tempera-
tura, obstrução de bicos, vazão e distribuição.
Os resultados dos testes feitos com base nas normas UL 199: Stan-
dard for Automatic Sprinklers for Fire Protection Service e FM Approval
Standard 2000: Automatic Control Mode Sprinkler for Fire Protection,
que guardam correspondência com a Norma Brasileira, foram apresen-
tados por Nicholas Groos, representante da IFSA, no 2º Congresso Bra-
sileiro de Sprinklers, que ocorreu nos dias 27 e 28 de outubro de 2016, na
cidade do Rio de Janeiro.
O palestrante começou salientando a importância do sistema de chu-
veiros automáticos, esclarecendo, de acordo com os dados do IFSA, que
ele é responsável pela extinção ou pelo controle efetivo de 95% dos incên-
dios, reduz em até oito vezes os danos e, principalmente, reduz signifi-
cativamente o número de mortes, inclusive dos que se encontravam em
locais distantes do fogo. Complementa afirmando que os produtos sem
certificação, por não atenderem aos requisitos normativos, não apresen-
tam a mesma performance, fragilizando o sistema de proteção (GROSS,
2016).
Na amostra submetida a testes, todos os bicos utilizavam “O-Ring”,
material para vedação que não é permitido por norma há mais de 10
anos. “O-Rings” se degradam com o tempo, devido à corrosão e ao acú-
mulo de impurezas do ambiente. Quando eles se degradam, ficam pro-
pensos a vazamentos e, o que é pior, podem prender o obturador. Ao
“colar” o obturador à base do bico, somente um acréscimo de pressão
poderá desprendê-lo, sendo provável que ele nunca entre em operação.
(FIGURA 10)
74
Figura 10 – “O-Ring” encontrado nos chuveiros automáticos
submetidos a testes
75
Figura 11 – Lodgment (obstrução)
78
Outro teste realizado encontrou não conformidades na distribui-
ção da água. Nele um conjunto de recipientes é distribuído no piso
e os chuveiros automáticos acima são acionados. Após um tempo de
descarga de 10 minutos, os recipientes são mensurados para verificar
se houve distribuição uniforme e se o volume depositado está aceitá-
vel. Os chuveiros automáticos pendentes apresentaram volumetria
abaixo do recomendado por norma, o que pode prejudicar o controle
do incêndio (GROSS, 2016).
Foi realizado também um teste de fogo. Um bico acionado a 4,8 m
do piso deve controlar um incêndio provocado por um engradado de ma-
neira em chamas. Após 30 minutos de queima, o teste verifica quanto de
madeira foi consumido durante o período e quais foram as temperaturas
atingidas no ambiente. (FIGURA 15)
Segundo Gross (2016), os resultados comprovaram que os bicos sub-
metidos ao teste não conseguiram limitar a temperatura no teto abaixo
de 326 ºC, conforme exigido por norma.
79
Figura 15 – Teste de engradado de madeira
82
grande número de programas de certificação voluntários para diversos
produtos de segurança contra incêndio.
A Underwriters Laboratories (UL-USA) e a Factory Mutual Appro-
vals (FM Approvals), ambas dos Estados Unidos, podem ser considera-
dos grandes organismos de certificação estrangeiros, com séculos de ex-
periência na área de segurança contra incêndio.
A Conformidade Europeia (CE) é uma avaliação da conformidade
que utiliza, como regra, o mecanismo de declaração do fornecedor. Nes-
se caso, o próprio fabricante atesta que o produto atende aos requisitos
essenciais das legislações europeias pertinentes. Nos casos em que se
almeja a segurança do usuário, a CE também lança mão do mecanismo
da certificação, no qual a atestação da conformidade é realizada por or-
ganismo independente.
A marcação CE é uma medida importante que a União Europeia ado-
tou para estabelecer o mercado único e para promover o desenvolvimen-
to econômico nos Estados-membros.
Comparados aos nacionais, os programas de certificação de outros
países são muito mais caros, em razão do câmbio. Outro problema é que
esses organismos, algumas vezes, acabam não certificando produtos na-
cionais por não renunciarem à avaliação da conformidade utilizando nor-
mas técnicas e requisitos próprios.
É importante salientar que, embora haja poucos programas regula-
mentados pelo INMETRO, há OCP que são acreditados pelo INMETRO
para outros escopos, o que é perfeitamente possível dentro do Sistema de
Brasileiro de Avaliação da Conformidade.
A pesquisa para saber se há um OCP acreditado para determinado
escopo pode ser feita pela internet, na página do INMETRO. Como suges-
tão para refinar a consulta, pode-se selecionar como tipo “um organismo
de certificação de produtos”, com situação “ativa” no Brasil, sendo o esco-
po alguma palavra característica, como “incêndio”. (FIGURA 16)
83
Figura 16 – Página de consulta de organismos
acreditados pelo INMETRO
84
Essa lacuna dá azo à existência de diversos programas de qualifica-
ção levados a efeito por associações de fabricantes e importadores de pro-
dutos de segurança contra incêndio, a exemplo da Associação Brasilei-
ra das Indústrias de Equipamentos contra Incêndio e Cilindros de Alta
Pressão (ABIEX) e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas
para Drywall (Associação DRYWALL), que buscam, fora do SINMETRO,
regular o mercado e proporcionar mais qualidade aos produtos.
No entanto, esses programas de qualificação fora do SINMETRO,
sem a interferência de órgãos públicos na fiscalização, podem não ser
muito eficazes. Por essa razão, algumas associações, tais como a pró-
pria ABIEX, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
(ABINEE) e, mais recentemente, a ABSpK, já solicitaram formalmente
ao INMETRO o desenvolvimento de programas de certificação para pro-
dutos de seus interesses.
Todas as solicitações estão sendo processadas. Em consulta ao Plano
de Ação Quadrienal 2014-2017, aprovado pelo CONMETRO, verificou-se
as seguintes decisões do órgão para cumprimento no referido período:
85
e) efetuar a análise e a avaliação de impacto regulatório para acio-
nadores manuais de alarme contra incêndio, centrais de alarme,
detectores de fumaça, detectores de temperatura contra incên-
dio, sinalização de emergência e espuma de poliuretano autoex-
tinguível. Com exceção da espuma, os demais produtos já cons-
tavam no Plano de Ação Quadrienal 2012-2015 para estudos de
impacto e viabilidade.
f) aprovar o pedido para efetuar o EIV para chuveiros automáticos.
(CONMETRO, 2014b)
a) chuveiros automáticos;
b) acionadores manuais de alarme contra incêndio;
c) centrais de alarme;
d) detectores de fumaça;
e) detectores de temperatura contra incêndio;
f) sinalização de emergência; e
g) espuma de poliuretano autoextinguível. (INMETRO, 2016c)
86
Atualmente, nesse escopo, há uma proposta de Regulamentação Técnica
pelo INMETRO em consulta pública.
Embora concluídos, não foram disponibilizados, ainda, pelo INME-
TRO, os resultados finais dos estudos de impacto regulatório dos pro-
dutos de segurança contra incêndio listados na Agenda Regulatória
2015-2016, de sorte que não há uma definição ou priorização oficial para
implantação de novos programas de avaliação da conformidade nessa
área.
Para utilizar a estrutura do SINMETRO, além dos OCP, é muito
importante também que haja uma infraestrutura de laboratórios de
ensaio acreditados pelo INMETRO, no escopo específico do produto.
Uma excelente infraestrutura de laboratórios é aquela que possui vá-
rios laboratórios acreditados para possibilitar a concorrência e a agilida-
de do ensaio, se possível instalados próximo às regiões produtoras para
diminuir o custo, que sejam de terceira parte, ou seja, independentes
em relação ao fabricante ou importador e ao certificador, para garantir
a credibilidade.
Em funcionamento no território nacional, temos poucos laboratórios
acreditados pelo INMETRO, em escopos específicos de segurança contra
incêndio. O mais conhecido, que oferece o maior número de ensaio de
produtos, é o IPT, com mais de 100 anos de atuação.
Os laboratórios acreditados também podem ser pesquisados na pági-
na do INMETRO, seguindo a mesma sequência lógica para a consulta de
OCP. Na busca, é possível constatar essa grande deficiência laboratorial
na área de segurança contra incêndio.
De acordo com o Regulamento Geral de Certificação de Produtos,
a preferência sempre é a escolha de um laboratório de terceira parte
acreditado pelo INMETRO no escopo do ensaio. Porém, na ausência,
há regras claras e ordem de prioridades para escolha de outros tipos de
laboratórios (INMETRO, 2015b).
Pelo SINMETRO, é possível a escolha de laboratório não acreditado
pelo INMETRO, de laboratório acreditado para escopo diverso do preten-
dido, ou mesmo de laboratório de primeira parte (do fabricante). Nesse
caso, o órgão certificador deve acompanhar 100% dos testes efetuados.
A ausência de laboratórios acreditados pelo INMETRO no escopo não
é um impeditivo para o estabelecimento de um programa de certificação,
mas é um limitador na medida em que dificulta o acompanhamento no
mercado, já que os responsáveis pela fiscalização não terão como encami-
nhar amostras para os laboratórios acreditados.
87
É importante que o novo programa ofereça um prazo para que os
laboratórios interessados se acreditem no escopo; no entanto, decorrido
esse prazo, se o órgão regulador entender viável, a regra já permite sele-
cionar o próximo tipo de laboratório, na ordem de prioridades, para que
não se obstrua o programa de certificação.
Outra questão importante a ser abordada é a existência de normas
técnicas e regulamentos técnicos na área de segurança contra incêndio.
As Normas Brasileiras confeccionadas pela ABNT, em regime de consen-
so com as partes interessadas e oferecendo consulta pública à socieda-
de, não são de uso obrigatório. A obrigatoriedade de uma NBR decorre
do chamamento ou da referência em determinado regulamento técnico.
Este sim é obrigatório, sendo expedido pelos órgãos públicos reguladores.
Analisando as NBR relacionadas à área de segurança contra incên-
dio, verifica-se muito pouca produção normativa quando comparada a
outros países. Essa problemática decorre da juventude do Comitê Bra-
sileiro de Segurança contra Incêndio (ABNT/CB-24), criado em 1990, do
pouco investimento e do pouco interesse da sociedade no segmento. An-
tes do CB-24, a normalização da segurança contra incêndio era feita por
uma divisão do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-02).
A questão normativa agrava-se ainda mais quando se buscam nor-
mas de especificação ou de desempenho, necessárias para a certificação
de produtos. Atualmente, verifica-se que a maior parte das NBR são ela-
boradas com foco em dimensionamento, projeto e serviço de segurança
contra incêndio, que foram as primeiras a ser demandas pela sociedade.
Em relação aos regulamentos técnicos, o problema persiste, pois a
regulamentação pelo INMETRO é mínima, e a regulamentação pelos
Corpos de Bombeiros Militares tem foco em dimensionamento, projeto e
serviço, pouco demandando sobre avaliação da conformidade.
Por ser uma questão muito específica, muitas vezes alheia ao domí-
nio técnico de seus integrantes, os Corpos de Bombeiros Militares pouco
dispõem sobre a especificação e o desempenho dos produtos. Quando ne-
cessário, fazem isso referenciando as NBR existentes.
Na ausência de normas nacionais, os Corpos de Bombeiros Militares
costumam chamar as normas internacionais, principalmente as normas
ISO, ou normas reconhecidas internacionalmente, a exemplo das ame-
ricanas (NFPA) e europeias (DIN, EUROCODE). Essa prática é comum
para buscar referência em dimensionamento e projeto, mas, no caso de
especificação e desempenho de produtos, é pouco utilizada.
O problema é que, embora haja normas americanas e europeias para
quase todos os produtos de segurança contra incêndio, os produtos de
88
qualidade ou de alto desempenho, frequentemente utilizados em outros
países, são muito pouco comercializados no Brasil. Os motivos para que
isso ocorra normalmente são:
91
4.3 Papel dos Corpos de Bombeiros Militares frente às
recentes demandas para certificação dos produtos de
segurança contra incêndio
93
conformidade resume-se a laudos de laboratórios ou responsáveis técni-
cos.
Muitos Corpos de Bombeiros Militares têm práticas de cadastramen-
to de fornecedores e prestadores de serviços de segurança contra incên-
dio, inclusive alguns com exigência de Certificado da Conformidade, que
não é, propriamente, um programa de certificação, uma vez que não es-
tabelece os requisitos de norma específicos que devem ser observados, os
meios de fiscalização e as práticas de acompanhamento do mercado dos
produtos de segurança contra incêndio.
Sem a criação de regulamentação técnica pelos órgãos públicos com-
petentes e, também, sem que haja uma fiscalização efetiva e acompanha-
mento no mercado, esses dispositivos vagos de exigência de avaliação da
conformidade tornam-se inócuos, constituindo-se no que popularmente
se chama de “letra morta”.
Os Corpos de Bombeiros Militares, como órgãos legalmente respon-
sáveis pela regulação da segurança contra incêndio no território, devem
atuar, sempre que possível, em todas as vertentes do ciclo que interfere
na segurança contra incêndio de uma edificação.
A segurança contra incêndio é um dever do Estado, direito e res-
ponsabilidade de todos, e deve ser exercida pelos Corpos de Bombeiros
Militares. Exercer, nesse caso, nada mais é do que regular, que significa
implantar medidas com o propósito de disciplinar o comportamento dos
agentes intervenientes que estão abrangidos por essa autoridade.
A regulação é, portanto, uma intervenção do Estado no funcionamen-
to da sociedade ou da economia e se dá quando a ausência de intervenção
pode resultar em prejuízos ou danos, ou pode comprometer o alcance dos
objetivos pretendidos.
A regulação tem um objetivo definido, que é um problema a evitar ou
a corrigir. Para atingir o objetivo desejado, o Estado pode recorrer a uma
diversidade de ações, tais como convênios, parcerias, campanhas educa-
tivas e também aos conhecidos regulamentos técnicos.
Em termos de regulamentação, é necessário que os Corpos de Bom-
beiros contemplem, nos Decretos Estaduais e nas Instruções Técnicas,
entre outras medidas, a certificação de produtos e serviços de segurança
contra incêndio.
A previsão de avaliação da conformidade em decretos estaduais re-
veste-se de total legalidade, uma vez que tem base no Código de Defesa
do Consumidor, de maneira genérica, e visa atender aos objetivos dispos-
tos nos Códigos Estaduais de Proteção contra Incêndios.
94
Nos casos em que o INMETRO não regulamenta a avaliação da con-
formidade de determinado produto, não há óbice quanto à regulamenta-
ção pelos estados. A única orientação é que, em sendo editada uma regu-
lamentação superveniente pelo INMETRO, os estados devem se adequar
às regras editadas em âmbito nacional pelo órgão.
A falta de qualidade dos produtos compromete todas as partes envol-
vidas; sem contar a perda de vidas, que é imensurável. De nada adianta
criar-se um bom projeto de segurança contra incêndio, bem dimensio-
nado de acordo com as Instruções Técnicas e aprovado pelo Corpo de
Bombeiros, se os equipamentos instalados forem de qualidade duvidosa.
Os Corpos de Bombeiros devem almejar que o Auto de Vistoria não
seja simplesmente um requisito legal, que não reflete a segurança da
edificação. Os produtos instalados não podem estar funcionando ape-
nas durante a inspeção do Corpo de Bombeiros, com uma probabilidade
muito grande de não funcionar a médio e longo prazo, por sua real qua-
lidade não ter sido avaliada.
É evidente que a certificação não deve ser vista como uma solução
para todos os problemas e muito menos como um sinônimo de qualida-
de absoluta, mas é um grande passo para que os consumidores tenham
mais credibilidade no produto, dando-lhes maior confiança e segurança
na utilização.
A avaliação da conformidade pela certificação também é diferente da
avaliação por laudo de ensaio do produto. O laudo de ensaio é um ates-
tado de que uma determinada amostra, e somente esta, apresenta con-
formidade com determinada norma técnica. Os resultados de um laudo
de ensaio, portanto, não podem ser associados ou estendidos ao restante
de uma produção.
A certificação pode envolver a avaliação do sistema de gestão da qua-
lidade da empresa, do processo produtivo, do autocontrole, da coleta de
amostras e dos ensaios, garantindo, dentro de um grau de confiabilidade,
que os resultados obtidos nos ensaios podem ser estendidos para o res-
tante da produção.
Ocorre que a implantação da exigência de certificação não é tão sim-
ples para os Corpos de Bombeiros. Há dependência muito grande de ter-
ceiros, tais como INMETRO, organismos de avaliação da conformidade
acreditados, laboratórios competentes acreditados e associações de fa-
bricantes de equipamentos, que pode inviabilizar a rápida regulação do
mercado.
95
Apesar disso, os Corpos de Bombeiros Militares devem buscar sem-
pre a melhoria da segurança contra incêndio no Estado, com foco na so-
ciedade, de forma transparente e balizada por uma gestão interna eficaz;
porém, as exigências devem ser precisas quanto à sua aplicação e quanto
aos procedimentos adotados, para que o remédio ministrado não provo-
que efeitos colaterais indesejáveis.
96
5 – Pesquisas e entrevistas
98
Gráfico 5 – Resultado da Questão 1 dos bombeiros
Fonte: o autor.
99
Certificado de Conformidade por organismo acreditado pelo INMETRO,
motivo pelo qual o entendimento é que não há previsão legal para ava-
liação da conformidade dos produtos.
De qualquer forma, o autor deste trabalho entende que a simples
exigência de Certificado de Conformidade dos produtos, no ato de ca-
dastramento das empresas nos Corpos de Bombeiros, é um programa
de avaliação da conformidade deficitário, uma vez que não estabelece a
observação de requisitos específicos, os meios de fiscalização e as práti-
cas de acompanhamento do mercado dos produtos de segurança contra
incêndio.
Questão nº 2: “Caso não haja previsão legal no estado, o Corpo de
Bombeiros entende que deveria haver lei ou decreto estadual para exi-
gência de certificação de produtos de segurança contra incêndio?”
Neste quesito, 27% responderam “sim, a ser regulamentada pelo
Corpo de Bombeiros”, 27% responderam “sim, a ser regulamentada pelo
INMETRO” e 46% responderam “não, a previsão legal e a regulamenta-
ção devem ser federais”. (GRÁFICO 6)
Apenas 27% dos estados responderam que os Corpos de Bombeiros
devem assumir essa responsabilidade e regulamentar, de alguma forma,
a certificação de produtos de segurança contra incêndio, talvez por vis-
lumbrarem uma limitação no INMETRO ou a dificuldade de se chegar a
um consenso em nível federal em um espaço de tempo razoável.
Fonte: o autor.
100
O expressivo montante de 73% compreende que o Corpo de Bombei-
ros não deve interferir nesse tipo de regulamentação. Uma parte enten-
de que o problema é específico do INMETRO e outra parte entende que
a regulamentação até pode ser de órgão distinto; no entanto, deve ser de
ordem federal.
Nas justificativas, verificou-se uma compreensiva preocupação quan-
to aos recursos necessários à atividade de avaliação da conformidade,
tendo em vista que ela pode ser considerada secundária em relação à
atividade principal dos Corpos de Bombeiros, que compreende o atendi-
mento emergencial e a regularização das edificações. A atividade princi-
pal já consome quase a totalidade dos recursos disponíveis pelo Estado,
motivo pelo qual essa preocupação pode inibir a iniciativas dos Corpos de
Bombeiros na atividade de avaliação da conformidade.
Questão nº 3: “Caso haja previsão legal no estado, a exigência de
certificação de produtos não compulsória pelo INMETRO é feita de que
maneira?”
Nesta questão, ninguém respondeu que a exigência é “efetiva, para
diversos produtos, com forte regulamentação pelo Corpo de Bombeiros”,
20% responderam que é “moderada, para alguns produtos, com discre-
ta regulamentação pelo Corpo de Bombeiros” e 80% responderam que
é “incipiente, não havendo regulamentação pelo Corpo de Bombeiros”.
(GRÁFICO 7)
Conforme já relatado, a grande maioria dos Corpos de Bombeiros re-
conhece que não há exigência de avaliação da conformidade de produtos
de segurança contra incêndio nos estados. Quanto aos 20% que relata-
ram haver exigência moderada, vale lembrar que ela é feita unicamente
pela cobrança do Certificado de Conformidade, no processo de cadastro
das empresas, e não por meio de programas de certificação consistentes.
101
Gráfico 7 – Resultado da Questão 3 dos bombeiros
Fonte: o autor.
102
Gráfico 8 – Resultado da Questão 5 dos bombeiros
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
104
portante para regular o setor, sugerindo-se, inclusive, a expansão para
serviços; no entanto, o modo como deverá ser regulamentada foi muito
controverso.
Basicamente, os estados apresentaram a dicotomia já relatada na
questão nº 2 deste questionário, ou seja, alguns entendem que o Corpo
de Bombeiros deve assumir essa responsabilidade, outros entendem que
é uma responsabilidade exclusiva do INMETRO e do mercado e outros
que a regulamentação somente pode ser feita em nível federal, talvez
por meio da LIGABOM ou da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
105
latado pelos Corpos de Bombeiros dos estados e também pelo autor deste
trabalho, quando discorreu sobre este assunto em seções anteriores.
Fonte: o autor.
106
talvez pela percepção de que o INMETRO não vá atender aos anseios do
setor.
Fonte: o autor.
107
TRO” obteve o valor 47; “a existência de laboratórios técnicos em territó-
rio nacional” obteve o valor 46; “a existência de requisitos específicos de
avaliação para cada produto” obteve o valor 46; e “outros” obteve o valor
9. (GRÁFICO 12)
Fonte: o autor.
108
Gráfico 13 – Resultado da Questão 5 das partes interessadas
Fonte: o autor.
Fonte: o autor.
110
5.3 Resultado da pesquisa sobre a situação dos produtos
de segurança contra incêndio no brasil
111
A intenção de tabular as informações obtidas utilizando as nume-
rações visou escalonar a situação de cada produto por meio da soma de
cada um dos resultados. Dessa forma, o produto que obtivesse a menor
pontuação(06) estaria em melhor situação em termos de avaliação da
conformidade, e o produto que obtivesse a maior pontuação (13) estaria
em pior situação, na medida em que não apresenta nenhuma condição
precípua para a exigência da certificação.
Na realidade, os únicos que podem obter a pontuação mínima são os
produtos que já possuem certificação compulsória pelo INMETRO e, por
tal razão, estão plenamente regulamentados. Para os demais produtos,
quanto menor é a pontuação, em tese, melhores são as condições para a
exigência de certificação por parte do Corpo de Bombeiros.
O levantamento completo das informações, com as parciais de cada
uma das questões elaboradas, encontra-se disponível nos quadros do
Apêndice A. A seguir será apresentado apenas o resultado final da pes-
quisa, que pode ajudar na priorização da certificação dos produtos de
segurança contra incêndio. (QUADRO 2)
112
Quadro 2 – Resultado da situação dos produtos de segurança
contra incêndio
113
114
115
116
Fonte: o autor.
117
5.4.1 Entrevista com Vladson Athayde
1 Informação verbal obtida com Vladson Athayde, gerente comercial da UL-BR, em 13 de janeiro de
2016.
118
Esclarece que tem experiência com os setores da qualidade e da se-
gurança contra incêndio. Foi servidora do INMETRO por muitos anos
e também superintendente da ABNT/CB-24, quando de sua criação.
Atualmente, também é membro do Grupo de Fomento da Segurança
contra Incêndio (GSI), entidade sem fins lucrativos com sede na Univer-
sidade de São Paulo (USP), cujo objetivo é promover o desenvolvimento
e a divulgação da segurança contra incêndio no Brasil.
Glória entende que muitos produtos de segurança contra incêndio
no Brasil são de qualidade questionável, e o INMETRO tem grandes
dificuldades em ampliar a gama de programas de avaliação da confor-
midade compulsórios, em razão do alto custo e da falta de recursos para
acompanhamento no mercado. Por essa razão, avalia ser imprescindível
a intervenção do Corpo de Bombeiros para regular o setor.
Acredita que os Corpos de Bombeiros Militares podem e devem exi-
gir a certificação dos produtos de segurança contra incêndio no estado
de maneira planejada e gradual. A exemplo do INMETRO, sugere que
os programas sejam regulados por meio de Portaria do Comandante do
Corpo de Bombeiros, dando um prazo mínimo de um ano para a adequa-
ção do setor demandado e da infraestrutura necessária. Esclarece que o
tempo médio necessário para acreditação de organismos de certificação
no INMETRO é de aproximadamente seis meses. (Informação verbal)2
119
localizado em Rhode Island, Estados Unidos, onde realiza a maioria dos
ensaios de produtos previstos em norma.
A FM Approvals utiliza apenas normas próprias, as chamadas nor-
mas FM, certificando produtos e sistemas de proteção ativa e passiva,
em geral, e atuando como organismo de avaliação da conformidade.
Disse que na página da FM Approvals, na internet (www.fmappro-
vals.com), podem ser encontradas as normas FM Approvals disponíveis
para os diversos produtos e sistemas de segurança contra incêndio, bem
como os procedimentos para a obtenção da certificação FM Approved.
Marcelo Lima esclareceu que a política da FM Approvals atualmente
é de não instalar laboratórios de testes em outros países e também de
não certificar produtos com base em normas diversas das da FM Appro-
vals. Assim, um produto FM Approved tem exatamente a mesma avalia-
ção de conformidade em qualquer parte do mundo.
Disse ainda que, para atuar em outros países, trabalha em parceria
com organismos de avaliação da conformidade locais. Marcelo Lima sa-
lientou que foi feita no Brasil uma parceria com a ABNT Certificadora
para reconhecimento da certificação da FM Approvals.
Com essa parceria, a ABNT Certificadora avalia a certificação in-
ternacional concedida pela FM Approvals e verifica o atendimento aos
requisitos e procedimentos de certificação nacionais específicos para o
produto. Posteriormente, certifica o produto, atestando a competência do
organismo de avaliação da conformidade internacionalmente reconheci-
do.
Perguntada sua opinião sobre a exigência de certificação de produtos
de segurança contra incêndio, por meio de organismo acreditado pelo IN-
METRO, no âmbito estadual, respondeu que apoia o uso de produtos de
proteção contra incêndio ensaiados e certificados por organismos de ava-
liação da conformidade respeitáveis e baseados em normas publicadas.
Disse ser muito importante que produtos de proteção contra incêndio
sejam ensaiados por laboratórios acreditados e que o organismo certifi-
cador seja acreditado para certificação especificamente no escopo. Escla-
receu que é sempre mais seguro utilizar produtos certificados e que, no
Brasil, poucos são certificados, de modo que o Corpo de Bombeiros pode
desempenhar um papel vital na diferenciação de produtos aceitáveis ou
inaceitáveis.
Questionado sobre como deveria ser a atuação do Corpo de Bombeiros
para fins de exigência de certificação, considerando a grande diversidade
de produtos de segurança contra incêndio, disse que, para produtos que
já têm regulamentação local, o Copo de Bombeiros poderia exigir a certi-
120
ficação por meio de um organismo acreditado pelo INMETRO e, para os
produtos que não têm regulamentação local, o Corpo de Bombeiros po-
deria aceitar certificações de organismos de avaliação da conformidade
reconhecidos internacionalmente, até o momento em que o regulamento
ou requisito seja colocado em prática no país.
Nesse caso, o Corpo de Bombeiros poderia cadastrar organismos de
avaliação da conformidade reconhecidos internacionalmente, confiando
em listas de produtos por eles certificados. Os organismos de avaliação
da conformidade de produtos respeitáveis sempre mantêm uma lista pú-
blica dos produtos certificados (informação verbal).3
3 Informação verbal obtida com Marcelo Olivieri de Lima, Consultor de Códigos e Normas do Grupo FM
Global para a América Latina e Diretor do Instituto Sprinkler Brasil (ISB), em 19 de fevereiro de 2016.
121
O entrevistado esclarece que a ABNT recentemente celebrou convênio
com a FM Approvals, certificadora norte‑americana internacionalmente
conhecida, a fim de proporcionar o reconhecimento em território nacional
do processo de certificação realizado pelo referido organismo de avaliação
da conformidade.
Segundo Sergio Pacheco, esse convênio garante não só o intercâmbio
da ABNT Certificadora com um avançado centro de pesquisas como tam-
bém, principalmente, a possibilidade de extensão da certificação brasilei-
ra para produtos ainda não acreditados pelo INMETRO.
Dessa forma, o entrevistado esclarece que a ABNT Certificadora
pode trabalhar na área de segurança contra incêndio de duas formas:
4 Informação verbal obtida com Sergio Pacheco, Gerente de Certificação de Produtos da ABNT, em 29
de março de 2016.
123
incêndio, esguichos reguláveis, válvulas, conexões ranhuradas, conexões
especiais, chuveiros automáticos, bombas dos sistemas de hidrantes e de
chuveiros automáticos, ventiladores para sistemas de controle de fuma-
ça, materiais de proteção passiva de estruturas de aço, selos corta-fogo,
dampers corta-fogo, portas e vedadores corta-fogo.
Sua maior preocupação é evitar regulamentos técnicos distintos ver-
sando sobre o mesmo escopo. As normas técnicas devem ser atualizadas,
e os regulamentos técnicos devem basear-se, sempre que possível, nelas
(informação verbal).5
5 Informação verbal obtida com Antonio Fernando Berto, responsável pelo Laboratório do Fogo do IPT,
em 13 de maio de 2016.
124
Quanto à certificação dos produtos de segurança contra incêndio,
Negrisolo afirma ser favorável à exigência por parte do Corpo de Bom-
beiros, uma vez que, sem a interferência do órgão público responsável, o
mercado não se mobiliza e a situação atual não muda; portanto, a atua-
ção do Corpo de Bombeiros é peça fundamental nesse processo.
Em razão da mudança de comportamento das empresas, da socie-
dade e do alto custo para os envolvidos, ele sugere que a exigência seja
precedida de incentivos, como a prorrogação da validade da licença ou de
outra medida.
Embora acredite na certificação dos produtos como fator para a
melhoria da qualidade e da confiabilidade, Negrisolo entende que a
exigência deve ser gradativa e calcar-se em estudos, com comprovação
estatística das falhas dos produtos, a fim de lastrear a exigência.
Entende que os RAC devem ser muito bem definidos para evitar
reservas de mercado ou direcionamentos para produtos importados ou
excessivamente caros. Conclui dizendo que, pela sua experiência no mer-
cado, vê o setor de alarme e de detecção como muito crítico e um bom
começo para fins de estudos na área certificação (informação verbal).6
6 Informação verbal obtida com Walter Negrisolo, Coronel da Reserva do CBPMESP, ex-Comandante
do Corpo de Bombeiros da Capital e membro do GSI, em 8 de agosto de 2016.
125
tados pelo INMETRO e a norma de referência seja, preferencialmente,
a nacional.
Perguntado sobre como a ABNT/CB-24 irá lidar com o aumento sig-
nificativo da demanda por produção, ou revisão de normas de desempe-
nho, ou de métodos de ensaio, Tomina diz que buscará atender à deman-
da solicitada pelo Corpo de Bombeiros e pela sociedade.
Questionado sobre a possibilidade de adoção, para fins de avaliação
da conformidade, de norma de referência internacional até que seja ela-
borada ou revisada a NBR de interesse, Tomina diz ser possível a refe-
rida adoção, em caso de necessidade e urgência, até que a ABNT/CB-24
conclua seus trabalhos, sendo imprescindível a análise da situação de
cada produto no momento em que surgir a demanda.
O entrevistado concluiu dizendo que, recentemente, a pedido do Cor-
po de Bombeiros, a certificação de produtos de segurança contra incêndio
foi amplamente discutida no âmbito da ABNT/CB-24, com a participa-
ção de representantes de diversas associações de fabricantes e dos OCP,
sendo o resultado majoritariamente favorável à regulação do setor pelo
Corpo de Bombeiros, com vistas à exigência de certificação (informação
verbal).7
7 Informação verbal obtida com José Carlos Tomina, Superintendente da ABNT/CB-24 – Comitê Bra-
sileiro de Segurança contra Incêndio, em 16 de agosto de 2016.
126
f) Associação Brasileira de Sprinkler (ABSpK);
g) Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall
(Associação DRYWALL);
h) Instituto Sprinkler Brasil (ISB);
i) ABNT – Certificadora;
j) Factory Mutual Approvals (FM Approvals);
k) Underwriters Laboratories do Brasil (UL-BR);
l) Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT);
m) Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo
(CREA/SP);
n) Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Fede-
ral (CREA/DF); e
o) Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (SEESP).
127
O representante da ABINNE salientou que é sempre preferível a re-
gulamentação em âmbito nacional, se possível pelo INMETRO, e que
continuará as tratativas com o órgão para implementar os programas
de seu interesse. Disse também que os Corpos de Bombeiros deveriam
cobrar de forma mais contundente o INMETRO para que os programas
solicitados pela ABINEE sejam estabelecidos.
Prosseguiu dizendo que, na hipótese de recusa do INMETRO em
criar novos programas de avaliação da conformidade, o ideal é que os
Corpos de Bombeiros dos estados regulamentem a certificação dos pro-
dutos de segurança contra incêndio em âmbito nacional, a fim de evitar
discrepâncias entre os estados e a criação de barreiras técnicas internas.
Dessa forma, a atuação isolada do CBPMESP para implantação de pro-
gramas no setor deveria ser a última alternativa.
Embora concorde com a intervenção do CBPMESP, tendo em vista
as limitações para regulamentação em âmbito nacional, o representan-
te do IPT também mostrou grande preocupação relacionada à uniformi-
zação das exigências.
Como exemplo, citou a situação da regulamentação dos isolantes
acústicos e térmicos para uso na construção civil, atualmente em trâmite
no INMETRO. Desde 2001, como base legal, existe a Instrução Técnica
nº 10 do CBPMESP, que trata do controle de material de acabamento e
de revestimento; atualmente, ela está em trâmite uma Comissão dentro
do CB-24 para elaboração de uma norma técnica a respeito.
A preocupação é que haja, em breve, três dispositivos tratando de
forma diversa o mesmo escopo. Assim, o representante do IPT conclui
que, no caso de uma regulamentação do setor pelo CBPMESP, a unifor-
mização das exigências deve ser a principal preocupação do órgão.
O representante do ISB disse que o setor de chuveiros automáticos
carece muito de programas de avaliação da conformidade e que apoia o
CBPMESP na regulamentação de programas de certificação, mas sugere
que depois se busque a nacionalização das exigências por meio do LIGA-
BOM.
Levanta, ainda, uma preocupação no sentido de que regulamentar a
certificação não inviabilize a importação e o comércio de produtos espe-
cíficos, como chuveiros automáticos especiais, que não têm fabricação e
normas técnicas nacionais.
Os representantes da ABSpK e da ABICHAMA expuseram alguns
problemas existentes nos seus respectivos setores e disseram apoiar,
sem restrições, uma possível regulamentação do CBPMESP para
exigir a certificação de produtos de segurança contra incêndio, desde
128
que haja transparência e envolvimento das partes interessadas. O
representante da ABSpK disse que o setor de chuveiros automáticos já
está preparado para a exigência de certificação.
O representante da Associação DRYWALL disse que, embora esteja
mais ligado à área da construção civil do que ao setor de segurança con-
tra incêndio, apoia as iniciativas do CBPMESP para exigir a certificação
de produtos.
Esclarece que a associação já participa de uma iniciativa de qua-
lificação de produtos denominada Programa Setorial da Qualidade do
Drywall (PSQ-Drywall), subordinado ao Programa Brasileiro de Quali-
dade e Produtividade no Habitat (PBQP-H). O PBQP-H exige que todos
os materiais de construção sejam submetidos a ensaios de verificação de
conformidade em instituições independentes de terceira parte.
Segundo o representante da Associação DRYWALL, esse programa,
lançado pelo governo federal, representa hoje um dos principais sistemas
de qualificação de materiais e sistemas construtivos utilizados no país.
Esclarece que, mesmo com a exigência de certificação de produtos por
parte do CBPMESP, é importante a manutenção de programas de quali-
ficação pelas associações para contribuir com o devido acompanhamento
do mercado.
O representante da ABIEX disse ter larga experiência nas regula-
mentações de programas de avaliação da conformidade, tendo em vista
a participação ativa da associação no único produto de segurança contra
incêndio que tem certificação compulsória pelo INMETRO, o extintor de
incêndio.
Tendo em vista as limitações do INMETRO em ampliar os programas
no setor, disse que concorda com a exigência, por parte do CBPMESP, de
certificação de produtos de segurança contra incêndio, mas faz algumas
sugestões para melhor efetivar essa regulamentação.
Sua maior preocupação é que haja uniformidade de requisitos a se-
rem seguidos pelos Organismos de Avaliação da Conformidade, uma vez
que eles podem estar acreditados pelo INMETRO com procedimentos de
avaliação distintos, o que comprometeria a credibilidade do programa.
Disse que, nos casos de divergências entre os requisitos de diversos
OCP, deve-se buscar a uniformização por meio de RAC do INMETRO,
nem que seja com programas de avaliação da conformidade voluntários,
porque aí vincularia todos os organismos.
Esclareceu que a ABIEX também possui um Programa de Garan-
tia da Qualidade de extintores para o uso em edificações, denominado
129
Qualincêndio. O programa é conduzido por empresa independente e tem
como principal objetivo melhorar a qualidade do setor de extintores de
incêndio, na área de fabricação, visando garantir que os extintores novos
estejam em conformidade com os regulamentos do INMETRO e com as
normas técnicas da ABNT.
Salientou que, mesmo com um programa de certificação compulsório
pelo INMETRO, muitos são os problemas no setor de fabricação de ex-
tintores de incêndio, e o Programa Qualincêndio tem papel fundamental
no acompanhamento do mercado. Acrescentou que mais difícil do que
implementar um programa é mantê-lo com ações efetivas de acompa-
nhamento do mercado e de fiscalização.
Concluiu afirmando ser essencial que o Corpo de Bombeiros atue
em conjunto com as associações de fabricantes e que estas devem contar
com programas de qualificação setorial para ajudar no acompanhamen-
to do mercado; caso contrário, os programas estabelecidos poderão ser
muito deficientes e não ter credibilidade.
O representante do CREA disse ser importante a regulação do CBP-
MESP, não só para certificação de produtos, mas também para serviços
e outros setores que garantam a qualidade da segurança contra incêndio,
lembrando que deve ser cobrada do responsável técnico a devida anota-
ção de responsabilidade, na medida de sua atuação na regularização das
edificações.
O superintendente da ABNT/CB-24 disse que o tema é de extrema
importância para a segurança contra incêndio e que irá apoiar os Corpos
de Bombeiros nos programas de avaliação da conformidade. Encerrou o
encontro técnico dizendo que a ABNT/CB-24 fará o seu papel na produ-
ção de normas técnicas de especificação e de desempenho dos produtos de
segurança contra incêndio, sempre que necessário.
131
qualidade e a segurança das atividades espaciais no Brasil e o
desenvolvimento do setor espacial;
f) o setor de telecomunicações: a Agência Nacional de Telecomu-
nicações (ANATEL) implementou programa de certificação para
provedores de serviços de telecomunicações de interesse restrito
e/ou coletivo, para prestadores de serviços de radiodifusão, fabri-
cantes e fornecedores de produtos de comunicação;
g) o setor de alimentos e bebidas: a Secretaria de Defesa Agropecuá-
ria implementou programa para avaliar as atividades de defesa
sanitária animal e vegetal. O setor envolve produtos e derivados
de origem animal e de bebidas, vinagres, vinhos e derivados da
uva, bem como a produção, comercialização e a utilização de pro-
dutos veterinários e agrotóxicos;
h) o setor nuclear: a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
implementou programa, de acordo com critérios da Agência In-
ternacional de Energia Atômica, para regular o setor.
133
voluntário custeado pelas empresas do setor resgatou a confiança do con-
sumidor e regulou o mercado de PVC.
134
6 – Proposta de atuação dos Corpos de Bombeiros na
atividade de certificação de produtos de segurança
contra incêndio
135
6.1 Da criação de uma base legal e das premissas para
atuação
137
§ 1º – A exigência de certificação de produtos e serviços de segurança
contra incêndio ocorrerá de forma gradativa, de acordo com ato norma-
tivo a ser expedido pelo CBPMESP.
§ 2º – Poderão ser aceitos produtos e serviços certificados com base em
normas técnicas e organismos de avaliação da conformidade internacio-
nalmente reconhecidos. (CBPMESP, 2016a)
Até o momento, o novo decreto estadual ainda não foi publicado, mas
a proposta de texto oferece a possibilidade clara de atuação do Corpo
de Bombeiros na atividade de avaliação de conformidade, com algumas
regras basilares, sendo considerada uma boa sugestão de texto para in-
clusão no Código Nacional de Segurança contra Incêndio.
Na proposta do decreto, o “caput” do artigo 21 diz que o CBPMESP
poderá exigir a certificação, ou outro mecanismo de avaliação da confor-
midade, dos produtos e serviços voltados à segurança contra incêndio
das edificações, por meio de organismos de certificação acreditados pelo
INMETRO.
Há uma priorização do mecanismo de avaliação da conformidade a
ser adotado pelo Corpo de Bombeiros, qual seja, a certificação, assim
como há uma limitação também para produtos e serviços voltados à se-
gurança contra incêndio, não fazendo menção a processos e pessoas.
Depreende-se do texto normativo que a exigência de certificação, ou
de outro mecanismo de avaliação da conformidade, é uma “faculdade”
do Corpo de Bombeiros, cabendo a este decidir sobre a sua exigência ou
não para cada um dos produtos ou serviços relacionados à segurança
contra incêndio.
É importante ressaltar que a certificação não deve ser colocada no
texto como uma obrigatoriedade, já que esta deve ser fruto de um estudo
de impacto e muitos produtos não estão em condições ou dispensam a
necessidade de certificação, que é uma medida restritiva e onerosa para
o fabricante.
O artigo 21, no seu parágrafo 1º, complementa dispondo que a
exigência de certificação de produtos e serviços de segurança contra
incêndio ocorrerá de forma gradativa, de acordo com ato normativo a
ser expedido pelo CBPMESP. Assim sendo, o decreto traz orientação
expressa para que a avaliação da conformidade seja implantada de
forma gradativa para evitar impacto no mercado.
O texto reforça, ainda, a competência legal e o caráter discricioná-
rio atribuído ao Corpo de Bombeiros para regulamentação por meio de
ato próprio. Nessa questão, é importante lembrar que, por ser exigência
138
estadual, ela não deve se contrapor à regulamentação do INMETRO,
quando houver.
O artigo 21, no seu parágrafo 2º, diz ainda que poderão ser aceitos
produtos e serviços certificados com base em normas técnicas e orga-
nismos de avaliação da conformidade internacionalmente reconhecidos,
caso o estudo de impacto assim recomende.
Pelo texto, de acordo com a necessidade e a urgência do caso concreto,
o Corpo de Bombeiros deverá decidir sobre a implantação de programas
de avaliação da conformidade com admissibilidade ou não de normas
técnicas e organismos de avaliação da conformidade internacionalmente
reconhecidos.
O próprio texto orienta, como regra, a utilização de OCP acreditado
pelo INMETRO, por trazer maior segurança jurídica ao consumidor em
caso de falha do produto e demandas indenizatórias. Para o Instituto,
o OCP deve ter estabelecimento no Brasil a fim de que possa ser facil-
mente demandado.
No entender do autor, os organismos internacionalmente reconhe-
cidos devem buscar a sua acreditação no INMETRO, ou então buscar
alguma parceria com OCP já acreditado pelo Instituto. Se isso não for
possível, o Corpo de Bombeiros pode optar pela “não regulamentação do
setor” para evitar a exposição dos consumidores a condições jurídicas
desfavoráveis.
Caso tenham interesse, os estados poderão adaptar as regras ante-
riormente propostas neste estudo em seu arcabouço jurídico, de modo a
viabilizar a atuação na avaliação da conformidade dos produtos de segu-
rança contra incêndio, de acordo com o que está sendo apresentado no
presente trabalho.
Quanto à proposta do decreto do estado de São Paulo, é importante
esclarecer a forma de participação dos Corpos de Bombeiros no processo
de avaliação da conformidade. O entendimento é que o Corpo de Bombei-
ros do estado deve assumir o papel de regulador, e não de certificador ou
acreditador. Isso porque a proposta do decreto deixa bem clara a existên-
cia de três atores distintos no processo, quais sejam:
139
c) o INMETRO, que fará a acreditação dos organismos de certifica-
ção, dando-lhes reconhecimento internacional.
143
deve ser formalizado ao término do desenvolvimento da regulamentação
e antes da implantação efetiva do programa de avaliação da conformida-
de, no âmbito do Corpo de Bombeiros.
As atividades desenvolvidas antes da efetiva implantação do progra-
ma de avaliação da conformidade podem ser executadas sem a forma-
lização da parceria; no entanto, é necessário que haja efetivo apoio da
associação nos trabalhos e manifestado interesse em firmar-se a parceria
com o Corpo de Bombeiros.
Pode ser entendido como manifestação de interesse em firmar par-
ceria, um ofício da associação ao Comandante do Corpo de Bombeiros
que declare a intenção de participar efetivamente em todas as fases da
implantação do programa de avaliação da conformidade, em especial na
execução das atividades de acompanhamento no mercado para o produto
demandado.
O principal compromisso que a associação deve assumir é o acompa-
nhamento no mercado. Entre outras medidas, a associação deve providen-
ciar, por meio de empresa independente, a coleta de produtos no mercado
consumidor e encaminhá-los para análise em laboratórios acreditados pelo
INMETRO.
Para ser mais didático, as demais ações a serem desempenhadas pelo
Corpo de Bombeiros e pelas partes interessadas serão detalhadas à me-
dida que forem apresentadas as etapas a seguir, como propostas para a
implantação dos programas de avaliação da conformidade, que teve como
referência o Guia de Boas Práticas de Regulamentação do INMETRO.
144
associações representativas do setor, tais como associações de fa-
bricantes e similares, e dos comitês específicos da ABNT, todos
com interesse em sanar problemas específicos do setor.
145
de (EIV) específico para cada demanda, cujo detalhamento será exposto
a seguir.
146
g) consulta às partes interessadas (quais são as visões e percepções
do público e das partes interessadas sobre as opções propostas?);
e
h) impacto na competição (quais são os prováveis impactos na com-
petição de mercado?).
a) introdução;
b) análise do mercado e problemática do setor;
c) análise da competência do Corpo de Bombeiros;
d) análise da associação interessada na parceria;
e) análise da situação normativa;
f) análise da infraestrutura existente;
g) análise de riscos e de custos da regulamentação; e
h) relatório e conclusão.
147
como concorrência desleal e outros; e histórico de reclamações, denúncias
e dúvidas manifestadas no INMETRO e no Corpo de Bombeiros.
Na sequência, deve-se verificar se há correlação entre a proposta de
regulamentação apresentada e a solução dos problemas descritos. É ne-
cessário analisar se a proposta está apta a solucionar a problemática
ou se há fatores externos que comprometem a efetividade do programa,
sendo necessário adaptá-lo ou abandoná-lo.
Na análise da competência do Corpo de Bombeiros, deve-se verificar
se os produtos guardam estreita correlação com o setor de segurança
contra incêndio e se são utilizados, comumente, nos sistemas de proteção
das edificações e áreas de risco.
Deve-se avaliar, ainda, a situação do produto em relação à existência
de regulamentação federal. O Corpo de Bombeiros não pode contradizer
programas de avaliação da conformidade levados a efeito por órgãos fe-
derais, tais como INMETRO, ANATEL, ANVISA e outros.
Na análise da associação interessada em firmar parceria com o Corpo
de Bombeiros, deve-se buscar identificar: se é constituída formalmente;
se tem representatividade expressiva de fabricantes ou importadores;
quais são suas empresas associadas; grau de participação na ABNT; re-
lacionamento com o INMETRO outros programas ou demandas; se conta
com fontes de recursos materiais e humanos para utilização no progra-
ma de avaliação da conformidade; se segue programa de qualificação ou
se compromete a implementar um para acompanhamento no mercado;
se dispõe de canais de comunicação com os associados e com o mercado
consumidor para orientações diversas e educação pública; e se oferece
canal para denúncias.
A associação deve demonstrar disponibilidade e competência para
ajudar em todas as fases do programa de avaliação da conformidade e na
mobilização das demais partes interessadas. A falta de apoio da associa-
ção interessada na elaboração do próprio EIV pode ensejar a conclusão
pela não regulamentação da demanda, em razão de deficiência da asso-
ciação parceira.
Na análise da situação normativa, deve-se verificar: existência de le-
gislação aplicável ao produto; existência de regulamento técnico aplicá-
vel direta ou indiretamente ao produto; disponibilidade de norma técnica
internacional, regional ou nacional; e existência de acordos internacio-
nais, regionais ou bilaterais ligados ao setor.
Na análise da infraestrutura existente, deve-se avaliar, basicamen-
te, a situação dos organismos de avaliação da conformidade e dos la-
boratórios de ensaio. É necessário saber a quantidade de organismos
148
certificadores e laboratórios existentes no território nacional; se estão
acreditados pelo INMETRO ou qualificados para a atividade; sua disper-
são geográfica; e se há possibilidade de ampliação para se chegar a um
número ou uma distribuição desejável.
Na análise dos riscos e dos custos da regulamentação, sugere-se que
sejam utilizadas ferramentas e técnicas já conhecidas de análise dessa
natureza. Por vezes, não será possível expressar em termos monetários
os custos das ações, sendo conveniente relacioná-los com a sua eficácia
em relação à solução da problemática.
É importante reconhecer que qualquer método utilizado tem as suas
próprias limitações e não é inteiramente satisfatório. Da mesma manei-
ra, a disponibilidade de dados adequados para se efetuar uma análise é
uma dificuldade comum que precisa ser considerada e ultrapassada. De-
ve-se ter em mente que o objetivo primordial da análise de riscos e custos
é verificar o impacto positivo e negativo da regulamentação do Corpo de
Bombeiros. Os responsáveis pela análise devem tomar cuidado para não
superestimar involuntariamente os benefícios, muitas vezes por causa
de excessivo otimismo em se implementar medidas de qualidade. A aten-
ção deve ser focada na obtenção dos resultados efetivos da avaliação,
evitando que recursos analíticos escassos sejam desperdiçados com me-
todologias desnecessariamente complexas.
Por fim, todas as análises efetuadas devem ser resumidas de modo
a extrair as questões mais relevantes que vão orientar a conclusão dos
responsáveis pela elaboração do estudo.
Considerando as variáveis apresentadas, os responsáveis pela elabo-
ração do EIV devem concluir o relatório por uma das seguintes propos-
tas:
149
Como regra, os responsáveis pela elaboração do estudo devem garantir
a ampla consulta às partes interessadas, a fim de buscar os dados necessá-
rios para a avaliação do impacto e da viabilidade da regulamentação. Pro-
põe-se que, durante o estudo, seja feita pelo menos uma audiência pública
com todas as partes interessadas para a discussão do tema e comprovação
da transparência.
Entende-se que o EIV é uma ferramenta que pode contribuir de ma-
neira efetiva para a implantação de boa regulamentação, caso seja bem
conduzida e balizada pela transparência e participação da sociedade.
150
b) quando não houver programa voluntário pelo INMETRO, porém
existir um ou mais Procedimentos Específicos disponibilizados
pelos OCP, estes deverão ser adaptados, se necessário, para aten-
der à base normativa e ao RGCP-SCI; e
c) quando não houver programa voluntário com RAC elaborado pelo
INMETRO e também não houver programa voluntário com pro-
cedimento de avaliação disponível no mercado, o PAP deverá ser
desenvolvido pelos OCP interessados, atendendo à base normati-
va e ao RGCP-SCI.
151
meio de um RAC e/ou rejeitar o Certificado de Avaliação da Conformi-
dade do OCP que não adequou o seu procedimento, em uma eventual
implantação do programa.
A fase do desenvolvimento termina na adoção, na adaptação ou no
desenvolvimento de um PAP que atenda ao RGCP-SCI, tendo o Corpo
de Bombeiros se certificado de que foi dada a devida transparência às
partes interessadas.
a) adequação da infraestrutura;
152
b) adequação dos processos de fiscalização;
c) treinamento dos agentes de fiscalização;
d) adequação do mercado; e
e) divulgação e disseminação da regulamentação.
153
Dentro da parceria firmada, além da divulgação da regulamentação
internamente, a associação deve, também, de alguma forma, fazer che-
gar essa demanda às empresas não associadas e aos consumidores que
têm forte relação com o setor demandado.
A associação parceira pode ajudar muito na preparação das empre-
sas para o atendimento aos requisitos. São recomendáveis palestras, se-
minários ou cursos específicos para o perfeito entendimento dos procedi-
mentos específicos que serão exigidos.
Pouco antes do decurso do prazo, recomenda-se que seja atualizado o
EIV, a fim de verificar se a regulamentação necessita ser corrigida e se o
prazo para implantação precisa ser estendido.
Em suma, é imprescindível que o prazo para a implantação seja pla-
nejado adequadamente para que as condições necessárias estejam de fato
disponíveis, a fim de evitar ou mitigar impactos indesejáveis no setor.
Quando o programa estiver em vigor, o processo de certificação será
elaborado pelas OCP acreditadas pelo INMETRO. O órgão certificador
deve providenciar que o fabricante aplique a Marca da Conformidade ou
o Selo de Identificação da Conformidade em todos os produtos certifica-
dos com o objetivo de assinalar que o produto foi submetido ao processo
de avaliação da conformidade e atende aos requisitos contidos no PAP
e na base normativa.
Quando não regulamentado pelo INMETRO, a Marca ou Selo deve
identificar o OCP responsável pela certificação do produto. Se houver pro-
grama regulamentado pelo INMETRO, mesmo que voluntário, a identifi-
cação será controlada pelo referido órgão. É natural e até recomendável
que o INMETRO assuma, com o passar do tempo, a regulamentação dos
produtos de segurança contra incêndio, ainda que de forma voluntária.
154
Nesta relação, a fiscalização deve ser feita pelo Corpo de Bombeiros
por ocasião das vistorias de regularização das edificações e das vistorias
oriundas de denúncias diversas. Para o exercício dessa atividade, o órgão
público pode valer-se das sanções administrativas definidas em lei, que,
no caso do Corpo de Bombeiros, representam a advertência, a multa e a
cassação da licença da edificação, se houver.
O acompanhamento no mercado é a atividade mais dispendiosa e
trabalhosa do programa e, por essa razão, reputa-se imprescindível a
parceria com a associação de fabricantes ou similar. A associação inte-
ressada tem papel preponderante para manter a credibilidade do progra-
ma na medida em que irá viabilizar, no comércio, a coleta e os ensaios
dos produtos de segurança contra incêndio rotineiramente.
Para efetivar esse acompanhamento, recomenda-se que a associa-
ção contrate empresa independente para identificar cientificamente uma
amostragem; proceder à coleta dos produtos no mercado; e submeter os
produtos a ensaios em laboratórios acreditados pelo INMETRO.
O resultado obtido do acompanhamento no mercado pode ser traba-
lhado para propiciar tanto a prevenção a produtos não conformes quanto
a educação pública dos consumidores, proporcionando grande oportuni-
dade de avaliar a eficácia da implantação da regulamentação.
Além da fiscalização nas instalações e do ensaio dos produtos coleta-
dos no comércio, é muito importante que o acompanhamento no mercado
contemple outras práticas que podem ser implementadas pelo Corpo de
Bombeiros e pela associação, quais sejam:
155
tes são práticas que devem ser incentivadas nas comunidades técnicas
que buscam o aperfeiçoamento do setor.
Atualmente, o acompanhamento da comunicação escrita, falada e
televisiva tem papel fundamental para se entender os problemas nas
relações de consumo. O acompanhamento destes espaços e a análise de
coleções de fatos relatados sobre determinado produto podem também
ensejar oportunidades de aperfeiçoamentos nos regulamentos.
No acompanhamento de notícias, não podem ser esquecidos os sítios
da internet, incluindo os internacionais, que podem antecipar uma ten-
dência ou um problema que já ocorre em outros países.
Os OCP, responsáveis em primeira mão pela avaliação da confor-
midade dos produtos, não podem se furtar das atividades de acompa-
nhamento do mercado após a expedição do Atestado de Certificação. De
maneira proativa, os OCP devem implementar as práticas elencadas,
sobretudo a criação de canais de comunicação para denúncias e reclama-
ções. As informações obtidas devem balizar a atuação dos OCP no mer-
cado de forma a confirmar ou não o Atestado de Conformidade expedido.
De forma auxiliar, propõe-se que o Corpo de Bombeiros ou a associa-
ção parceira promova encontros técnicos periódicos entre as principais
partes envolvidas, a fim de identificar e discutir problemas recorrentes e
informações importantes para o monitoramento do mercado.
Qualquer que seja o meio, é essencial que o responsável por determi-
nada prática de acompanhamento no mercado disponibilize e divulgue
os seus resultados, de maneira abrangente, para todos os envolvidos ou
afetados pela regulamentação.
156
No acompanhamento do mercado, também se pode chegar à conclu-
são de que as ferramentas da qualidade estabelecidas no PAP, tais como
auditorias, ensaios de tipo, amostragem e sistema de gestão da qualida-
de do fornecedor são insuficientes ou deficientes.
Cabe ao órgão regulador, auxiliado pelas associações parceiras e pe-
los OCP, identificar as não conformidades, avaliar a sua origem e de-
finir as ações corretivas. Considerando as variáreis que podem ocorrer
no acompanhamento do mercado, entende-se que o Corpo de Bombeiros
pode concluir, entre outras possibilidades, por uma das seguintes ações:
157
Se a avaliação do acompanhamento no mercado concluir que há ne-
cessidade de limitar ou ampliar o escopo do programa ou redefinir suas
linhas gerais, sem que essa alteração seja comprometedora, pode-se op-
tar pela revisão da regulamentação técnica (Portaria), sem suspender-se
a operacionalidade do programa de avaliação da conformidade.
A regulamentação técnica também pode ser suspensa em razão de
sérias deficiências nos PAP, normalmente decorrentes de falhas nas nor-
mas técnicas de referência.
Outra decisão possível é desregular o setor. Umas das principais cau-
sas para isso seria a detecção de vício insanável no escopo do programa, a
exemplo de um produto que se tornou pouco utilizável ou deixou de existir
no mercado.
Outro motivo para desregular o setor seria quando os problemas, tais
como a concorrência desleal ou a segurança do usuário, que ensejaram
a criação do programa de avaliação da conformidade não existem mais.
Em tese, a meta de todo órgão regulador é que a regulamentação do
setor por determinado tempo provoque o ajuste necessário para que ele
subsista por seus próprios meios, sem que haja necessidade de inter-
venção do órgão público, de modo que este possa direcionar os recursos
disponíveis para outros setores demandados.
Para fins de transparência e definição das responsabilidades, antes
da tomada de qualquer decisão, propõe-se que seja revisado o EIV do
programa, a fim de que as informações e os dados disponíveis sejam de-
vidamente avaliados por todas as partes interessadas, sendo este um im-
portante instrumento para a formalização e para a motivação da decisão
a ser adotada.
158
7 – Conclusão
159
possibilidade de avaliação da conformidade dos produtos de segurança
contra incêndio com a exigência de certificação, incluindo esta previsão
em legislações e Decretos Estaduais.
Por lei, a certificação de produtos é regulada pelo INMETRO, órgão
público federal responsável pela normalização, metrologia e qualidade
industrial. Caso o órgão edite alguma regulamentação para um produ-
to, nenhum outro pode dispor em contrário. No entanto, se não houver
regulamentação pelo INMETRO, o órgão público responsável pelo setor
pode implementar medidas de avaliação da conformidade, o que inclui a
certificação.
Foi justamente este o ponto focal deste trabalho, que buscou propor
uma forma de atuação dos Corpos de Bombeiros Militares na atividade
de avaliação da conformidade dos produtos de segurança contra incên-
dio.
Preliminarmente, foi apresentado um estudo aprofundado sobre a
regulamentação do INMETRO e um panorama geral do Programa Bra-
sileiro de Avaliação da Conformidade, destacando seus objetivos e pro-
cedimentos para desenvolver programas de avaliação da conformidade
com melhor relação custo-benefício para os segmentos impactados, sele-
cionando o mecanismo de avaliação da conformidade em função do risco
associado ao produto.
No Brasil, o INMETRO é o único órgão reconhecido pelo IAF como
organismo de acreditação; portanto, os organismos de avaliação da con-
formidade, para ter reconhecimento nacional e internacional, devem ser
acreditados pelo INMETRO.
No âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, os
Organismos de Avaliação da Conformidade, instituições públicas ou pri-
vadas sem fins lucrativos, são os responsáveis por executar as atividades
de avaliação da conformidade, com base nos RAC elaborados para cada
produto, que definem exatamente “como” será a avaliação.
Para tanto, o INMETRO edita os chamados RGCP, que orientam a
elaboração dos RAC e têm como objetivo estabelecer os dispositivos co-
muns a todos os programas de avaliação da conformidade que adotem o
mesmo mecanismo de certificação.
A regulamentação do INMETRO traz os requisitos essenciais para
o desenvolvimento dos programas de avaliação da conformidade, inde-
pendentemente do responsável. São apresentados os fatores, a seguir,
considerados primordiais para o sucesso da exigência de certificação:
161
Tendo um Código Nacional de Segurança contra Incêndio, seria possí-
vel, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública, da LIGABOM,
ou de alguma outra estrutura específica a ser definida, a participação de
representantes dos Corpo de Bombeiros Militares, a fim de padronizar as
exigências em relação à certificação dos produtos de segurança contra in-
cêndio em âmbito nacional.
Caso essa condição ideal não prospere, entende-se que é possível tam-
bém a exigência da certificação dos produtos diretamente pelos estados,
até que seja possível e acordada uma regulamentação uniforme em todo
o país. É evidente que essa possibilidade deve ser precedida de legislação
e regulamentação própria do ente federativo que assim o desejar.
Com base nos valiosos dados obtidos nas pesquisas, nas entrevistas
com os especialistas e no encontro técnico com diversas partes interes-
sadas do setor, foi realizada uma ampla reflexão sobre o papel legal do
Corpo de Bombeiros e, considerando suas limitações, buscou-se definir,
de maneira racional e objetiva, uma estratégia de atuação deste órgão na
atividade de avaliação da conformidade.
Com base em uma proposta de texto para o Decreto do Estado de São
Paulo, que poderia servir de base para a legislação de outros estados ou,
quem sabe, uma legislação federal, foi feita uma proposta de atuação dos
Corpos de Bombeiros Militares no que se refere à certificação dos produ-
tos de segurança contra incêndio.
Definiu-se que o Corpo de Bombeiros, na atividade de avaliação da
conformidade, deve representar o Estado, de maneira genérica, e o con-
sumidor, de maneira específica, sendo que a atividade de certificação
deve ser feita por um organismo independente acreditado pelo INME-
TRO, por ser este o acreditador oficial no Brasil, reconhecido internacio-
nalmente.
Quando não houver regulamentação pelo INMETRO, de acordo com
a base normativa, a decisão de regulamentar fica a cargo do Corpo de
Bombeiros e deve ser fruto de estudo específico para cada produto, deven-
do ser fomentada a normalização pela ABNT e priorizada a adoção das
NBR; no entanto, o Corpo de Bombeiros poderá, dependendo da situação
do produto no mercado, aceitar a utilização de norma técnica reconhecida
internacionalmente.
A fim de minimizar os impactos regulatórios e compor esforços com
as partes interessadas, propõe-se a implantação de uma estratégia que
envolverá medidas nas seguintes áreas:
165
dade tornam-se inócuos, constituindo-se no que popularmente se chama
de “letra morta”.
O Corpo de Bombeiros deve buscar sempre a melhoria da segurança
contra incêndio no Estado, com foco na sociedade, de forma transparente
e balizada por uma gestão interna eficaz. Porém, as exigências devem
ser precisas quanto à sua aplicação e quanto aos procedimentos a serem
adotados, para que o remédio ministrado não provoque efeitos colaterais
indesejáveis.
É evidente que a certificação não deve ser vista como uma solução
para todos os problemas e muito menos como um sinônimo de qualidade
ou de reconhecimento internacional, mas é um grande passo para que
o cidadão tenha plena confiança de que, ao adentrar em uma edificação
regularizada pelo Corpo de Bombeiros, estará em um local com alto grau
de segurança.
166
Referências
167
. Lei nº 5.966, de 11 de dezembro de 1973. Institui o Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, e dá outras providências. Diá-
rio Oficial da União, 1973. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
lei/1970 -1979/lei-5966-11-dezembro-1973-357346-norma-pl.html>. Acesso em: 11
mar. 2016.
168
em: <http://www.inmetro.gov.br/legislacao/resc/pdf/RESC000247.pdf>. Acesso
em: 12 fev. 2016.
169
LAZZARINI, Álvaro. O Corpo de Bombeiros Militar como Instrumento de Defesa da
Cidadania. A Força Policial, São Paulo, n. 24, 1999.
. Poder de Polícia e o Corpo de Bombeiros. In: Anais do III Seminário Na-
cional de Bombeiros realizado em Ribeirão Preto – SP. São Paulo: IMESP, 1992.
MALHOTRA, H. L. Fire safety gold for building. Inglaterra: Herts Building Re-
search Establishment, 1982.
170
Apêndice A – Proposta de levantamento do mercado
de produtos de segurança contra incêndio
171
172
173
174
175
Fonte: o autor.
176
Apêndice B – Proposta de requisitos gerais para
certificação de produtos de segurança contra
incêndio
1. Objetivo
2. Disposições preliminares
177
4. Modelo de certificação
178
6. Procedimentos para auditoria
179
Norma ISO 9001 ou
REQUISITOS DO SGQ
ABNT NBR ISO 9001
Controle de documentos 4.2.3
Controle de registros 4.2.4
Análise crítica pela direção 5.6.1/5.6.2/5.6.3
Competência, treinamento e conscientização 6.2.2
Infraestrutura 6.3
Planejamento da realização do produto 7.1
Comunicação com o cliente 7.2.3
Processo de aquisição 7.4.1
Verificação do produto adquirido 7.4.3
Controle de produção e prestação de serviço 7.5.1
Validação dos processos de produção e 7.5.2
prestação de serviço
Identificação e rastreabilidade 7.5.3
Propriedade do cliente 7.5.4
Preservação do produto 7.5.5
Controle de equipamento de monitoramento e 7.6
medição
Satisfação do cliente 8.2.1
Auditoria interna 8.2.2
Monitoramento e medição de processos 8.2.3
Monitoramento e medição de produto 8.2.4
Controle de produto não conforme 8.3
Análise de dados 8.4(b), (c), (d)
Ação corretiva 8.5.2
180
a) controle de recebimento do produto: o importador deve estabe-
lecer e implementar inspeção e verificação no recebimento dos
produtos adquiridos de seus fornecedores para assegurar que
atendem aos requisitos especificados;
7. Plano de ensaios
8. Plano de ensaios
9. Certificado de conformidade
181
10. Avaliação de manutenção
11. Recertificação
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a) os dados do fabricante ou importador;
b) as especificações do produto certificado e sua utilização;
c) a marca ou selo que irá identificar o produto;
d) o PAP utilizado para a certificação;
e) se o procedimento atende ao RGCP-SCI; e
f) a validade da Certificação de Conformidade.
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