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Ciência -> conjunto de metodologias sistemáticas usadas para entender cada vez mais o
mundo físico
Objetivos:
Monte(2008) reconhece 4 objetivos gerias da Ciência Forense:
1. Investigar tecnicamente e comprovar cientificamente a existência de um facto em
particular
2. Determinar os fenómenos ocorridos e reconstruir a mecânica do ato, identificando os
objetos e instrumentos de execução, bem como as manobras de execução do ato.
3. Detetar evidências, coordenar técnicas e sistemas para a identificação da vítima e dos
presumíveis autores
4. Detetar e identificar evidências para comprovar o grau de participação dos envolvidos
no delito, tanto vítimas como suspeitos.
Princípios Básicos
”Não há unidade na Ciência Forense” (GAUDETTE, 2000).
Esta é uma visão ampla, os próprios cientistas forenses veem esta ciência meramente como uma
aplicação de conhecimentos generalizados de outras ciências, ignorando qualquer principio ou
teoria a ela subjacente,
Premissas:
• Cada crime ocorre em diferentes circunstâncias e são afetadas por uma
enormidade de variáveis não replicáveis
• Acresce o facto da ciência forense usar amostras muito limitadas, tanto em
quantidade como em qualidade e com uma história desconhecida ou mesmo
irreconhecível
• Adicionalmente, os processos legais impõem constrangimentos e
características únicas à ciência forense, portanto a ciência forense necessita de
“descrever” os seus próprios princípios
Algumas definições:
• Villanueva Cañadas (1996): “Criminalística é a ciência que estuda os indícios deixados
no local do delito, graças aos quais se pode estabelecer, nos casos mais favoráveis, a
identidade do criminoso e as circunstâncias que concorreram para o referido delito”.
• Segundo Pinheiro (2008): “O interesse médico-legal da criminalística reside no facto de
se procurar vestígios anatómicos, biológicos ou humorais que permitam estabelecer a
identidade do autor do crime.
Segundo Espíndula(2006):
• Vestígio é todo objeto ou material bruto detetado e/ou recolhido no local do crime para
análise posterior
• Evidência é o vestígio depois de feitas as análises, onde se constata técnica e
cientificamente a sua relação com o crime
• Indício é uma expressão, utilizada no meio jurídico, que significa cada uma das
informações (periciais ou não) relacionadas com o crime
• O Decreto-Lei n.º48/20071 do Código de Processo Penal, que define objeto da prova
como: “todos os factos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência do
crime, a punibilidade ou não punibilidade do arguido e a determinação da pena ou da
medida de segurança aplicáveis. Se tiver lugar pedido civil, constituem igualmente
objeto da prova os factos relevantes para a determinação da responsabilidade civil.”
Organização em Portugal
Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses
Estrutura
• Sede- Coimbra
• Delegações- Porto, Coimbra, Lisboa
• Gabinetes médico-legais
Aplicações:
• Apoiar a definição da política nacional na área da Medicina Legal (ML) e de
outras Ciência Forenses (CF)
• Assegurar a prestação de serviços periciais médico-legais e forenses,
cooperando com os tribunais e demais entidades que intervêm na administração
da justiça
• Desenvolver atividades de investigação e divulgação científicas, de formação e
de ensino no âmbito da ML e de outras CF
• Assegurar o funcionamento da base de dados de perfis de DNA
Áreas:
• Dependendo do tipo decasos e das características do meio em que são cometidos, a
equipa de investigadores na varia, sendo constituída por especialistas nas diversas
áreas
Antropologia Forense
• Aplicação de Antropologia e da Osteologia em situações em que o corpo já está
bastante decomposto
• Os antropologistas forenses ajudam na identificação de cadáveres que se encontrem ou
decompostos, ou mutilados, ou queimados ou sejam impossíveis de reconhecer por
diversas outras razões podendo desvendar a idade, a sua altura, sexo, tempo decorrido
desde a morte, doenças e lesões traumáticas para determinar a causa da morte do
individuo quer seja suicídio ou homicídio.
Entomologia Forenses
• Estudo de insectos, aracnídeos, crustáceos e muitos outros tipos de animais com
propósitos forenses
• Permite descobrir a data e local da morte ao serem analisados os animais encontrados na
vítima bem como os ovos que podem ter depositado nesta
• Como certos insectos são específicos a uma determinada estação do ano ou clima será
uma prova bastante conclusiva em tribunal em relação à data e local da morte bem
como para desmentir diversos falsos álibis
Odontologia Forense
• Análise e avaliação de provas com carácter dentário.
• Podem desvendar a idade das pessoas e a identidade da pessoa a que pertencem os
dentes
• Outro tipo de provas dentárias pode ser as marcas de mordeduras deixadas na vítima ou
no assassino ou num objeto deixado na cena do crime
• Essas 38 marcas são também frequentemente encontradas em crianças que tenham sedo
vítimas de abusos sexuais
Patologia Forense
• Confunde-se com a Tanatologia Forense
• Área da ciência forense mais preocupada em determinar a causa da morte de uma
vítima.
✓ O médico patologista, partindo do exame do local, da informação
acerca das circunstâncias da morte, e atendendo os dados do exame
necrópsico ou autopsia médico-legal à vitima, procura determinar:
➢ A identificação do cadáver
➢ O mecanismo da morte
➢ A causa da morte
➢ O diagnóstico diferencial médico-legal
Psicologia Forense
• Não tem grande importância na descoberta do assassino mas vai ser extremamente
importante para determinar o motivo por trás do comportamento de um criminoso e em
certos casos descobrir uma sequência nos seus atos.
• Será também extremamente importante em tribunal de forma a determinar a culpa ou
inocência de um suspeito sendo algumas vezes decisiva
• Muitos advogados de defesa tentam salvar os seus clientes alegando que estes possuem
problemas mentais ou que são insanos e é à psicologia que cabe o papel de verificar se
isso é verdade ou mentira.
Biologia Forense
• Realização de perícias e exames laboratoriais, de hematologia forense e dos demais
vestígios orgânicos, nomeadamente os exames de investigação biológica de filiação, de
criminalística biológica ou outros.
Toxicologia Forense
• Assegurar a relação de perícias e exames laboratoriais químicos e toxicológico,
associados a intoxicações acidentais, homicidas ou suicidas por tóxicos (medicamentos,
drogas, gases, etc)
Código do processo penal
Prova-definição e objetivo
Artigo 341º do código civil (CC):
“As provas têm por função a demonstração da realidade dos factos”
O termo prova tem diferentes sentidos, consoante a perspetiva que é utilizado como:
Fontes da prova:
• Representativa / histórica / imediatas – permitem ao juiz a perceção direta da
realidade.
• Indiciárias / crítica / mediatas – permitem a extração de ilações sobre a ocorrência do
facto a provar, apenas trazem ao julgador um indicio do facto
No Decreto-Lei n.º48/20071 do Código de Processo Penal, que define objeto da prova como:
“todos os factos juridicamente relevantes para a existência ou inexistência do crime, a
punibilidade ou não punibilidade do arguido e a determinação da pena ou da medida de
segurança aplicáveis. Se tiver lugar pedido civil, constituem igualmente objeto da prova os
factos relevantes para a determinação da responsabilidade civil.”
Prova:
• Demonstração inequívoca da realidade de um facto ou da existência de um ato
jurídico;
• Processo ou conjunto dos procedimentos que tem por fim tal demonstração
Objeto da Prova
Factos pertinentes, juridicamente relevantes, i.e.,
os factos a demonstrar
Todos os factos que alguns modos são importantes para decisão judicial devem ser provados
• Art. 124º, nº2, do CPP – “constituem igualmente objeto de prova os factos relevantes
para a determinação da responsabilidade civil.”
• A recolha da prova tem que ser delimitada pelas regras do material e processualmente
admissíveis → distinção das provas permitidas e das proibidas, atendendo-se no art.
126º, do CPP.
Para afastar a prova livre, basta a contraprova, i.e., a oposição de um meio de prova que
gere uma dúvida séria no espírito do julgador. (art. 346º, do CC)
“Quer dizer que são admissíveis não só os meios de prova tipificados na lei, mas igualmente
todos aqueles que não forem proibidos, mesmo que sejam atípicos.” (Artur Pereira, 2010)
• Cada uma das partes no processo pode sustentar a sua posição em condições tais que
a não coloquem em desvantagem em relação à parte adversa.
• A igualdade das armas significa a atribuição à acusação à defesa de paridade de
condições de forma a terem idênticas possibilidades de obter justiça.
• Cunha Rodrigues comenta que a “igualdade de armas significa a atribuição à acusação
e à defesa de meios jurídicos igualmente eficazes para tornar efetivos aqueles
direitos.”
• “Um total e absoluto direito ao silêncio” do arguido. → art.s 61º, nº 1, alínea c), 343º,
nº1 e 345º, nº 1, do CPP → sendo apenas obrigado a responder com verdade às
perguntas sobre a sua identidade e antecedentes criminais.
Inspeção judicial
• Perceção direta de factos pelo tribunal
• Art. 612 do CPC – o tribunal, sempre que julgue conveniente, pode, com ressalva da
intimidade da vida privada e familiar e da dignidade humana, inspecionar coisas ou
pessoas, a fim de se esclarecer sobre qualquer facto que interesse à decisão da causa.
Exames
• Art.s 171º, 172º e 173, do CPP – trata dos exames como meios de obtenção de prova
➢ Os exames como meios de obtenção de prova, implica que se observe,se
inspeccione ou se examine uma pessoa, uma coisa ou lugar. (ex: exames ao
local de um crime).
• Exame segundo o CPP:
➢ “O exame não se preenche apenas na utilização dos sentidos, sobretudo na
mera observação, permitindo já uma atividade de deteção e fixação dos
vestígios, da sua seleção e recolha fazendo uso de alguns conhecimentos
técnicos ou científicos.”
• Deve ser registado documentalmente, em auto escrito, após a inspeção, observação
ou exame, quaisquer vestígios que possam ter deixado o crime
Princípio de Locard:
• Base que liga a evidência física da/ ou à vítima, ao suspeito e à cena do crime,
naturalmente que qualquer pessoa que nela entre pode alterar ou mudar a cena que
qualquer vestígio existente ou aditar novos, num fenómeno de “ cross contaminion”
• A gestão inicial do crime pode implicar, se necessário, a proibição da entrada enquanto
o exame não terminar e a sua presença for indispensável
• Art. 172º, nº 3, do CPP – “Os exames susceptíveis de ofender o pudor das pessoas
devem respeitar a dignidade e, na medida do possível, o pudor de quem a eles se
submeter. Ao exame só assistem quem a ele proceder e a autoridade judiciária
competente, podendo o examinando fazer-se acompanhar de pessoa da sua
confiança, se não houver perigo na demora, e devendo ser informado de que possui
essa faculdade.”
• O tribunal pode proceder sempre que o entenda necessário à descoberta da verdade,
a exames e quaisquer outros atos de produção de prova. No art. 323º, alínea a), do
CPP encontramos– “Proceder a interrogatórios, inquirições, exames e quaisquer
outros atos de produção da prova, mesmo que com prejuízo da ordem legalmente
fixada para eles, sempre que o entender necessário à descoberta da verdade.”
• Nada impede a observação direta feita pelo tribunal, caso seja considerado relevante
ou imprescindível.
• No art. 354º, do CCP – no epígrafe exame ao local, prevê-se expressamente a
deslocação do tribunal desde que o exame no local se torne necessário à boa decisão
da causa e que seja essencial a prova de determinado facto.
• De acordo com o art. 412, nº3 al. c), do CPP – em caso de impugnação da decisão
proferida em matéria de facto por via do recurso, pode proceder-se à renovação da
prova a qual pode implicar a realização de exame.
• Os exames são apreciados se acordo com o art. 127º, do CPP – estão sujeitos à livre
apreciação do tribunal, pelo que qualquer relatório elaborado por especialista ou
perito, fora do âmbito das disposições referentes ao regime das perícias, não constitui
prova pericial.
Prova Pericial
• Perceção ou apreciação de factos por meio de peritos, quando sejam necessários
conhecimentos especiais que os julgadores não possuem, ou quando os factos
relativos a pessoas, não devem ser objetos de inspeção judicial
• Art. 151º, do CPP – “a prova pericial tem lugar quando a perceção ou a apreciação dos
factos exigiram especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos.
• Os peritos farão uma perceção ou apreciação técnica, em áreas onde são
especializados
• Os factos apurados através da prova pericial terão sempre de ser complementados por
outros elementos de prova
• O perito é auxiliar do juiz
• Art. 152º, nº1 do CPP – “A perícia é realizada em estabelecimento, laboratório ou
serviço oficial apropriado ou, quando tal não for possível ou conveniente, por perito
nomeado de entre pessoas constantes de listas de peritos existentes em cada
comarca, ou, na sua falta ou impossibilidade de resposta em tempo útil, por pessoa de
honorabilidade e de reconhecida competência na matéria em causa.
• A presença dos peritos pode ser ordenada oficiosamente pelo juiz ou requerida por
qualquer uma das partes, para que eles possam prestar os esclarecimentos verbais
que lhes foram solicitados
• 1ª e 2ª perícia: os resultados da 2ª perícia não têm qualquer prevalência com os da 1ª.
Apesar de se destinar a corrigir a eventual inexatidão dos resultados da 1ª, os
resultados das ambas perícias são valorados segundo a livre convicção do juiz à
semelhança de todas as provas produzidas em julgamento.
• Art. 154º, do CPP – “A perícia é ordenada, oficiosamente ou a requerimento, por
despacho da autoridade judiciária, contendo a indicação do objeto da perícia e os
quesitos a que os peritos devem responder, bem como a indicação da instituição,
laboratório ou o nome dos peritos que realizarão a perícia.”
• Art. 156º, nº 6, do CPP – “As perícias são realizadas por médico ou outra pessoa
legalmente autorizada e não podem criar perigo para a saúde do visado.”
• Art. 156º, nº 7, do CPP – “Quando se tratar de análises de sangue ou de outras células
corporais, os exames efetuados e as amostras recolhidas só podem ser utilizados no
processo em curso ou em outro já instaurado, devendo ser destruídos, mediante
despacho do juiz, logo que não sejam necessários.“
• Art. 159.º, nº 1, do CPP – “As perícias médico-legais e forenses que se insiram nas
atribuições do Instituto Nacional de Medicina Legal são realizadas pelas delegações
deste e pelos gabinetes médico-legais.”
• Art. 159.º, nº 2, do CPP – “Excepcionalmente, perante manifesta impossibilidade dos
serviços, as perícias referidas no número anterior podem ser realizadas por entidades
terceiras, públicas ou privadas, contratadas ou indicadas para o efeito pelo Instituto.”
• “As perícias referidas nos artigos 152.º e 160.º podem ser realizadas por entidades
terceiras (..) desde que aquelas não tenham qualquer interesse na decisão a proferir
ou ligação com o assistente ou com o arguido”
Caso o julgador divirja do juízo pericial, deverá fundamentar esse afastamento, com recurso
a argumentos, da mesma forma científica
Prova por inspeção Prova pericial
• A inspeção judicial pode ocorrer no próprio local(in loco)
• As inspeções judiciais podem ser inspecionadas pessoas
• A inspeção judicial deverá ser preservada o sigilo profissional
• O tribunal pode fazer-se assistir por técnico, que agirá aqui como um perito auxiliar ou
assessor do tribunal, coadjuvando com a inspeção judicial
• A inspeção judicial deverá ser elaborado o componente auto
Príncipio de Locard
Tipos de vestígios
• Diretos: inclui observações em primeira mão, ex: testemunhas oculares ou
câmaras de vídeo do painel da policias
• Circunstanciais: pode ser usada para implicar um facto, mas não a prova
diretamente→ fornecer uma ligação entre uma cena de crime e um suspeito
Vestígios circunstanciais
• Não biológicos (físico)
• Biológicos → amostras com maior potencial probatório
Protocolo de investigação:
Medidas de prevenção:
• Correta limitação do local a examinar;
• Limitar o máximo o nº de pessoas;
• Proteger o local da ação da chuva, vento;
• Recolher imediato todos os vestígios que se encontrem em risco de se perder;
• Vestuário adequado.
O papel de um perito não termina quando ele conclui o seu relatório. Não termina nem
quando os resultados do laboratório são entregues ao investigadores do caso.
A função do advogado de defesa é atacar a evidência, o que às vezes significa atacar a pessoa
que a recolheu. A defesa tentará:
Cadeia de custódia
Monter, 2008. “Tendo sempre em conta a cadeia de custódia na prática forense fica garantido
que o indício encontrado na cena de crime é o mesmo que se apresenta como prova em
julgamento perante uma autoridade judicial.”
Vestígios Biológicos
• Frágeis
• Em estado precário
• Sujeito a contaminações e degradações
Sempre que é realizada a recolha de VB no local do crime deve, também, ser efetuada a
recolha de VB das vitimas, suspeitos, e indivíduos que frequentavam e onde os factos
ocorreram → A identificação individual é executada através de um processo comparativo
entre perfis de DNA.
Recolhas:
Óculos apropriados
Luz branca
para cada λ
Luz forense- luz branca +filtros com diferentes λ do espectro de luz utilizado
Ensaios preliminares
Substâncias com características similares aos vestígios
• Reage com o peróxido de hidrogénio,sendo catalisado pelo ferro III emitindo uma cor
azulada.
• Identificação de vestígios recentes e ao fim de várias décadas.
• Pouca luminosidade
A reação pode ser catalisada pela ação da lixivia, cobre, verniz, permanganato de potássio,
peroxidases → emitem luminescência menos intensa num menor período de tempo que o
sangue.
Sémen
Teste de phosphatesmo ou fosfatase ácida.
Cabelos /Pelos:
• Testes morfológicos: cor, medula, queratina, pelo caído ou arrancado
• Determinação da espécie animal
• História do uso de drogas e outras toxinas
• Análise de DNA nuclear das células da raiz e do DNA mitocondrial da haste, bem como
perícias toxicológicas
• Folha de papel, colando a zona central das hastes, com fita adesiva, para que as raízes
estejam protegidas e não entrem em contacto umas com as outras
• Colocados em diferentes envelopes de papel
Caspa
• Não é muito usual (bonés,casacos,camisolas,gorros, etc)
• Quando em quantidade razoável → obtenção de DNA
• Pesquisa:
o A olho nu, utilizando fonte de luz forense com uma forte luz branca
• Recolha:
o Efetuada por zonas, com uma lâmina de um bisturi e uma folha de papel, e
acondicionar num envelope
o Se o local do crime não permitir a recolha adequada( chuva, vento) deve ser
efetuada a sua recolha com uma zaragatoa de algodão ligeiramente
humedecida com água destilada
Fezes
• Não muito comum
• DNA mitocondrial. Se contiver sangue é possível a obtenção de DNA nuclear
• Pesquisa:
o Através do olfato e a olho nu. Se necessária a utilização de fonte de luz forense
com uma forte luz branca
• Recolha:
o Duras/secas – espátula descartável de plástico e acondicionadas em embalagens
de cartão e preservadas a RT.
o Húmidas/liquidas - espátula ou colher descartável de plástico e acondicionadas
em embalagens de vidro/plástico e preservadas no frio.
o Sempre que possível recolher as fezes juntamente com o material de suporte.
Ossos/Dentes
• Associados a crimes de extrema violência; Relacionados com: ocultação de cadáver,
desmembramento, cremação ou inumação
• Obtenção de DNA nuclear. Osso/dentes mais antigos → DNA mitocondrial
• Pesquisa:
o A olho nu, utilizando fonte de luz forense com uma forte luz branca. Quando
não visível a olho nu, utilização de filtro com λ :415, 450 e 530nm – amarelo.
• Recolha:
o Com a mão ou com pinças descartáveis e acondicionados em embalagens de
papel. Lâmina de bisturi e acondicionados numa caixa de Petri ou embalagem
de papel, quando reduzidas dimensões;
o Com pedaços de tecido orgânico, não seco → embalagens de plástico/vidro e
preservados no frio sem exposição à luz.
Saliva
• Não contém DNA → transporta células da mucosa bucal que contêm DNA
• Associada a comida, copos, envelopes, etc
• Pesquisa:
o o Difícil a olho nu. Fonte de luz forense com λ 365nm, 415nm e 450nm –
amarelo-esverdeado.
o Manchas grandes/razoáveis - Ensaio preliminar de reação de coloração.
• Recolha:
o Pontas de cigarro devem ser acondicionadas e preservadas individualmente
utilizando pinças descartáveis.
o Sempre que possível recolher a saliva juntamente com o material de suporte
→ Recorte da zona do material de suporte - Material de suporte absorvente.
• Zaragatoa de algodão:
o Ligeiramente humedecida com água destilada e de seguida uma zaragatoa de
algodão seca - Impossibilidade de efetuar o transporte, material de suporte
não absorvente.
o Marcas de mordedura – zaragatoa de maneira suave e de fora para o centro.
o Beijos/lambidelas – esfregando suavemente a zaragatoa de algodão.
o Estado liquido – zaragatoa de algodão para a recolha
• Vestígios de reduzidas dimensões – recolha efetuada com recurso a fibra de algodão
(→ placas de Petri), previamente tratada, sem previa utilização em ensaios
preliminares.
Formatos de respingos
Determinar a área de convergência ou a fonte de sangue:
Quanto maior a diferença entre a largura e o comprimento, mais agudo será o ângulo
de impacto
Respingos de sangue
• Respingo de baixa velocidade → gotas de sangue pingado
o Geralmente ocorre depois de a vítima receber um golpe e não na hora em que
ela é golpeada → respingo passivo.
o Poças de sangue à volta do corpo de uma vítima e de transferências (marcas
deixadas por armas ou manchas e rastros deixados devido ao movimento)
• Respingo de média velocidade
o Pode ser causado por um objeto sem ponta, como um bastão, ou pode ocorrer
quando a pessoa é espancada ou golpeada com faca → sangue projetado.
• Respingos de alta velocidade
o Geralmente são provocados por ferimentos de bala.
o Borrifo formado por gotas pequenas, com menos de 1 mm de diâmetro
Na maioria dos casos, o respingo na parte por onde sai o tiro é bem menor do que por onde a
bala entra.
Secreções nasais
• Fraca fonte de DNA
• Pesquisa:
o Lenços de assoar e tecidos
o Brilho prateado- a olha nu e com a utilização de uma fonte de luz forense com
forte luz branca
• Recolha:
o Se possível seco no material de suporte.
o Superfície absorvente – recortar a zona da superfície.
o Quando o material de suporte não for absorvente → zaragatoa ligeiramente
humedecida com água destilada; ou corte de algumas fibras do material de
suporte (bancos de viaturas, sofás, cortinados)
o Reduzidas dimensões – recolha com fibra de algodão previamente
humedecida em água destilada e sem ensaios preliminares.
o Estado liquido – zaragatoa de algodão para sua recolha
Tecidos orgânicos
• Crimes violentos e com a utilização de armas de fogo
• Fonte de DNA nuclear → partículas ou fragmentos de pele, gordura subcutânea,
tecidos moles, músculos, cérebro/massa encefálica, pedaços de órgãos, etc
• Pesquisa:
o A olho nu e com o auxílio de uma fonte de luz forense com uma forte luz
branca. Por vezes necessária utilização de lupa.
• Recolha:
o Utilização de pinça ou espátula descartáveis, e acondicionamento num
recipiente de plástico/vidro esterilizado e preservados no frio.
o Quantidades ínfimas – utilização da lâmina de bisturi e uma caixa de Petri. O
o Tecidos orgânicos secos → embalagens de papel.
o Vestígios húmidos → recipiente de plástico/vidro esterilizado e preservados
no frio sem ação direta da luz.
Urina
• Associado a crimes de roubo, vandalismo,sequestro, etc.
• Não contém DNA → transporta células originarias da uretra.
• Identificador humano, utilizada para exames de natureza química e toxicológica.
• Pesquisa:
o o Olfato e olho nu. o Vestígio seco – fonte de luz forense com λ entre 365nm –
415nm ou 450nm. Luminescência amareloesverdeado.
o Ensaio preliminar de reação de coloração.
o Pequenas dimensões – referenciar a sua recolha e envio para análise sem
ensaio preliminar
• Recolha:
o Consoante o estado físico em que o vestígio se encontra e o material de
suporte.
o Sempre que possível o vestígio deve secar no material de suporte.
o Primeira zaragatoa de algodão ligeiramente humedecia em água e de seguida
uma zaragatoa de algodão seca.
o Superfície absorvente – recortar a zona da superfície.
o Vestígios em estado líquido – recolha com seringa ou pipeta descartáveis e
acondicionados num recipiente de plástico ou de vidro esterilizado e
conservados no frio. Sempre protegidos da humidade e da luz.
Vómito
• Associado a situações de envenenamento
• Perfil de DNA nuclear, mas também exames toxicológicos entre outros
• Recolha:
o Utilização de espátula, colher, pipeta ou seringa descartáveis, acondicionado
em recipiente de plástico/vidro esterilizado e preservado no frio se ação direta
da luz.
o Quando o suporte é transportável – transportado conjuntamente com o
referido vestígio
Vestígios de contacto / Transpiração da pele
• Não contém DNA → Células epiteliais de escamação da fricção/contacto, presentes no
suor.
• Muito vulnerável e eventuais contaminações.
• Vestígios: na roupa, calçado, luvas, chapéus, volante, manipulo das mudanças, etc.
Facas, arma de fogo, chave de fenda, etc. Na pele humana em casos de
estrangulamento.
• Pesquisa:
o Difícil de efetuar a olho nu. Fonte de luz forense com λ entre 365nm – 415nm
ou 450nm. Luminescência amarelo-esverdeado.
o Perfil de DNA a partir de impressões digitais. No caso de técnicas
lofoscópicas,todo o material deve ser novo
• Recolha:
o Peças de vestuário – recolhidas e acondicionadas em embalagens de papel e
transportadas de forma a não danificar o vestígio.
o Superfície absorvente – recortar a zona da superfície.
o Primeira zaragatoa de algodão ligeiramente humedecia em água e de seguida
uma zaragatoa de algodão seca
• Morte:
o Os fluidos frescos devem ser recolhidos com uma seringa ou pipeta e
transferidos para um tubo de ensaio, ou através de zaragatoas.
o Coágulos de sangue, acondicionadas em tubos de ensaio com a ajuda de uma
espátula.
o Objetos removíveis devem ser acondicionados na sua totalidade de forma
individual→ com manchas frescas - após secagem natural preservando a
integridade dos padrões de manchas durante o acondicionamento e o
transporte
Na vitima mortal
• Suspeitas de homicídio → manipular o mínimo possível durante o exame do corpo e
local.
• Colher os vestígios que possam ser destruídos durante o transporte do corpo.
• Mãos do cadáver protegidas com sacos de papel.
• Exame de hábito externo:
o Exame da roupa – acondicionadas em sacos de papel estéreis, um
para cada peça (completa), tendo o cuidado de assinalar a possível
localização do material biológico.
o Documentar o padrão das manchas e posteriormente transferir o VB,
por absorção, por zaragatoas, que devem ser secadas naturalmente.
1. Roupa
2. Faneras (unhas, pelos, cabelos)
3. Superfície corporal,
4. Cavidade oral
5. Região ano-genital
Se a roupa da vitima ainda for a mesma que usava durante a agressão sexual- despir-se em
cima de um papel de captação.
Obstáculos:
• A vítima não oferece resistência.
• Características anatómicas e fisiológicas que suportam certas práticas sexuais sem que
resultem lesões.
• O agressor não recorre a práticas fisicamente intrusivas e violentas.
• Evidências evitadas – uso de preservativo.
• Evidência destruídas – lavagens, atos fisiológicos (comer, beber, defecar ou urinar).
• 1 ml de sangue.
• 10 g de músculo esquelético
• Ossos longos 10cm.
• 4 dentes – preferencialmente molares.
• 2 a 3 unhas inteiras com raiz.
Certas regiões no DNA que contêm pequenas sequências de nucleótidos repetidas diversas
vezes
• Kary Mullis (1985): Polymerase Chain Reaction (PCR) → capacidade de produzir milhões de
cópias de regiões específicas da molécula de DNA em poucas horas.
As variações no DNA são exibidas sob a forma de diferentes alelos ou diversas possibilidades
para um determinado locus:
Desvantagem:
o Técnica lenta que necessita de grandes quantidades de amostra para obter resultados
fiáveis.
Os mais utilizados em genética forense, sendo que desses, os mais utilizados são os
marcadores de tetranucleotídio
• O DNA satélite é usado na investigação de casos de interesse histórico, de história de
famílias, de origem e dispersão do homem, de localização de genes de susceptibilidade
para doenças, de monitorização de transplantes, bem como em perícias forenses,
designadamente em investigações de paternidade, criminalista biológica e
identificação humana.
Para o estudo de DNA degradado podem ser utilizados na prática forense, mini-STR (STR cujos
primers foram desenhados o mais próximo da região de repetição), com o objetivo de se
obterem produtos de amplificação (amplicon) mais pequenos.
De forma a facilitar a comunicação entre a comunidade Forense por todo o mundo existem
regras de Nomenclatura dos Marcadores Genéticos.
STR
Vantagem:
Desvantagem:
Os SNPs não mudam muito de uma geração para outra → fácil rastrear a sua evolução
em estudos populacionais.
SNP
Vantagem:
Desvantagem:
DNA autossómico
• Cada pessoa possui um perfil de DNA único (exceto gémeos idênticos).
• O DNA de cada pessoa é o mesmo em cada célula.
• O perfil de DNA de um indivíduo continua o mesmo toda a vida.
• A metade do DNA provém da mãe e outra metade do pai
Análises:
Cromossoma Y
O cromossoma Y, como todos os outros cromossomas, têm repetições em tandem curtas
(STRs) que podem ser usadas como marcadores.
No domínio forense é estudado por dois métodos básicos:
• Y-SNP: Poder de discriminação muito pequeno, já que o número de SNPs que podem ser
analisados é relativamente limitado. No entanto, é uma análise útil em estudos de evolução
das populações humanas → compartilhada na mesma linhagem e também por sua falta de
recombinação e baixa taxa de mutação. A análise permite relacionamentos de parentesco
mesmo com várias gerações de separação
Exemplos:
• Situações de estupro - onde pode haver uma pequena quantidade de DNA masculino
(sémen) na presença de excesso de DNA da vítima feminina.
• Casos de desaparecimento - uma vez que aumenta a obtenção das possíveis amostras
de referência.
• Casos de paternidade – fácil de determinar o relacionamento paterno-filial, uma vez
que os pais passam o cromossomo Y para seus filhos inalterados (excepto se uma
mutação ocasional ocorre espontaneamente na criança).
DNA mitocondrial
• As mitocôndrias contêm uma pequena quantidade de DNA próprio, chamado DNA
mitocondrial ou mtDNA.
• É uma molécula circular que medem cerca de 16.500 pares de bases.
• Cada célula possui um número alto, embora variável, de mitocôndrias.
• Todos os filhos e filhas herdaram (geralmente) o mtDNA da mãe.
• Uma região específica de mtDNA (D-loop) é uma região hipervariável (existem
diferentes polimorfismos) em indivíduos não relacionados. Esta região possui um alto
índice de mutação, permitindo a distinção entre indivíduos não relacionados
Exemplo:
• Possibilidade de analisar restos antigos e amostras sem células nucleadas, como
cabelo, osso, dentes.
• Também é útil em caso de desaparecimento e de crianças, uma vez que a relação de
parentesco com a linha materna pode ser confirmada.
MTDNA
Vantagem:
• Centenas de mitocôndrias por célula, de modo que com uma pequena quantidade de
amostra, amostras com células anucleadas ou amostras muito degradadas, podemos
obter uma porção de DNA para análise.
• Ser de apenas de herança materna, para que possa ser usado em casos de pessoas ou
crianças desaparecidas.
Desvantagem:
• Predador
• Vítima
• Testemunha
Elementos de prova:
SNPs do citocromo B
• Nakaki et al (2007):
o Minisequenciação de três posições do cit b (15028, 15271 e 15361), tem sido
bem sucedida.
o Não detetaram qualquer diferença nucleotidica dentro da mesma espécie
animal, o que assegura a reprodutibilidade dos resultados intra-espécies.
o Quantidades de DNA necessária: 0,01ng para humanos e 0,1ng para cães,
gatos.
Citocromo oxidase I
• Muito útil em entomologia forense.
o Vantagens: facilidade de isolamento, elevado número de cópias existentes na
célula e a sua sequência se manterem conservadas.
o Desvantagem: incapacidade de, por vezes, ser viável a distinção de espécies
geneticamente próximas.
Outras regiões foram estudadas para a identificação de insetos: RAPDs; 28S do rRNA; A
subunidade 5 da NADH; a região ITS2 do rRNA, Etc.
Estudo do DNA em plantas
Botânica forense
→ classificação clássica das espécies, localização do crime ou a sua
origem geográfica, assim como a época do ano em que ocorreu:
Cannabis sativa:
• Pode permitir a ligação a um individuo com uma amostra, a plantadores, bem como
investigar redes de distribuição.
• Se a marijuana for propagada por replantação, em vez de sementeira, as plantas terão perfil
genético idêntico .
Estudo de :
✓ Microssatélites, SNPs.
✓ Técnicas de MLVA (Multi Locus VNTR Analysis)
• O facto de serem detetadas uma ou mais diferenças genéticas entre as amostras, pode
conduzir à dedução de que a amostra problema (arma) teve origem num laboratório.
• Alguns genes de bactérias (ex: Escherichia coli, Salmonella) possuem elevada taxa de
mutação, devido a mecanismos de reparação deficientes à presença de genes
mutantes, entre outros fatores.
• colheita/transporte/armazenamento/etiquetagem;
• extração;
• quantificação do DNA;
• amplificação dos fragmentos obtidos;
• interpretação dos resultados.
Colheita
• Zaragatoas – Técnica da dupla zaragatoa.
• Fita adesiva.
• Gaze.
Extração de DNA
• Romper as membranas celulares; Obter apenas a molécula de DNA
• Purificar o material genético;
Chelex
Vantagens:
Desvantagens:
Chelex:
• Simples e barato
Desvantagens:
Quantificação do DNA
PCR multiplex:
• Tem o mesmo princípio que a reação de PCR convencional.
• Amplificação simultânea de loci STR e deteção automática dos fragmentos de DNA.
Vantagens:
• Agentes químicos: grupo heme do sangue, sais biliares, polissacáridos das fezes, ácido
húmico do solo e a ureia da urina.
• Altas concentrações de iões como o cálcio e o magnésio podem também inibir a ação
da polimerase bem como o EDTA e o SDS.
• Tinta azul das calças.
Quando não é possível a eliminação dos inibidores da PCR adiciona-se BSA (Albumina de Soro
Bovino) que funciona como local de ligação dos inibidores, competindo com o DNA e
removendo ou reduzindo a concentração dos inibidores.
Mini-STR
• Ensaios miniplex
• Kit comercial mini STR
o Mentype® NonaplexQS (BioTypeAG) para análise de amostras LCN – 8 loci.
o AmpFℓSTR® MiniFiler™kit (AppliedBiosystems) – 9 loci.
DNA mitocondrial
Análise da sequência do mtDNA da região D-loop, quando:
SNP
Vantagens:
Desvantagens:
✓ Menor poder discriminatório
Análise
• Análise de fragmentos e de sequenciações em analisadores automáticos. ❑
• Eletroforese capilar com deteção automática por fluorescência
-Exemplos:
ABI 310 e ABI 3130 xl
Eletroforese capilar
Separar os componentes amplificados de modo a obter um resultado na forma de
eletroferograma
✓ As amostras,são injectadas pelo capilar
recorrendo à aplicação de voltagem. Essa
voltagem faz com que as moléculas negativas,
nomeadamente o DNA e o marcador interno,
migrem pelo capilar, do polo negativo
(cátodo) para o polo positivo (ânodo). As
moléculas de DNA migram consoante o seu
tamanho,sendo que as moléculas maiores
migram mais lentamente que as mais
pequenas. Ao atingirem a câmara de
passagem de laser, as moléculas marcadas
com fluorocromos, são excitadas por um laser
de argon a 488nm e emitem fluorescência. Essa fluorescência é então detetada por um
aparelho acoplado a uma câmara, sendo esta informação armazenada no software de
recolha na unidade RFU (Relative Fluorescence Units).
GeneMapper™ ID
Vantagens:
Problemas:
Picos stutter - picos com diferença numa unidade de repetição do alelo real. São
formados por deslizamento do primer durante o processo de extensão da cadeia
de DNA na PCR.
Adenilação incompleta - a Taq polimerase adiciona nucleótidos
(normalmente adeninas) à cadeia recentemente sintetizada.
Neste caso o alelo de interesse vai ser representado por dois picos
separados entre si por um par de bases.