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10/05/2022
Número: 0601032-77.2020.6.13.0241
Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador: 241ª ZONA ELEITORAL DE SABARÁ MG
Última distribuição : 16/12/2020
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Abuso - De Poder Econômico, Abuso - De Poder Político/Autoridade
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ELEICAO 2020 RODOLFO TADEU DA SILVA PREFEITO ISABELLE MARIA GOMES FAGUNDES DE SA (ADVOGADO)
(AUTOR) ANA CAROLINA DINIZ DE MATOS (ADVOGADO)
RODOLFO TADEU DA SILVA (AUTOR)
WANDER JOSE GODDARD BORGES (INVESTIGADO) RODRIGO OLIVEIRA MATTAR NAVES (ADVOGADO)
VICTOR CARNEIRO FRANCO DE CARVALHO (ADVOGADO)
LEONARDO RIBEIRO CALDEIRA BRANT JUNIOR
(ADVOGADO)
ANDRE MARTINS SONEHARA (ADVOGADO)
HENRIQUE NAVES PEREIRA (ADVOGADO)
LUCAS AUGUSTO PEREIRA SILVA (INVESTIGADO) RODRIGO OLIVEIRA MATTAR NAVES (ADVOGADO)
VICTOR CARNEIRO FRANCO DE CARVALHO (ADVOGADO)
LEONARDO RIBEIRO CALDEIRA BRANT JUNIOR
(ADVOGADO)
ANDRE MARTINS SONEHARA (ADVOGADO)
HENRIQUE NAVES PEREIRA (ADVOGADO)
WILLIAM LUCIO GODDARD BORGES (INVESTIGADO) RODRIGO OLIVEIRA MATTAR NAVES (ADVOGADO)
VICTOR CARNEIRO FRANCO DE CARVALHO (ADVOGADO)
LEONARDO RIBEIRO CALDEIRA BRANT JUNIOR
(ADVOGADO)
ANDRE MARTINS SONEHARA (ADVOGADO)
HENRIQUE NAVES PEREIRA (ADVOGADO)
JOH FIDENCIO MIRANDA (INVESTIGADO) LEONARDO RIBEIRO CALDEIRA BRANT JUNIOR
(ADVOGADO)
RODRIGO OLIVEIRA MATTAR NAVES (ADVOGADO)
VICTOR CARNEIRO FRANCO DE CARVALHO (ADVOGADO)
ANDRE MARTINS SONEHARA (ADVOGADO)
HENRIQUE NAVES PEREIRA (ADVOGADO)
EVANEZIO FIDENCIO MIRANDA (INVESTIGADO) VICTOR CARNEIRO FRANCO DE CARVALHO (ADVOGADO)
RODRIGO OLIVEIRA MATTAR NAVES (ADVOGADO)
LEONARDO RIBEIRO CALDEIRA BRANT JUNIOR
(ADVOGADO)
ANDRE MARTINS SONEHARA (ADVOGADO)
HENRIQUE NAVES PEREIRA (ADVOGADO)
EVANILDA NOVAIS FERREIRA COSTA (INVESTIGADO) LUCIO DOMINGUES DE MEDEIROS (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS
(FISCAL DA LEI)
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Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10501 10/05/2022 16:31 Sentença Sentença
0648
JUSTIÇA ELEITORAL
241ª ZONA ELEITORAL DE SABARÁ MG
SENTENÇA
1 – Relatório
Vistos etc.
2 - Fundamentação
2.3. - Mérito
Trata-se de ação judicial de investigação eleitoral por abuso de poder político e econômico, em
que a parte autora, aduz, em síntese, que os investigaram incorreram em condutas que violaram o princípio da
isonomia no processo eleitoral do Município de Sabará no ano de 2020, caracterizando abuso de poder político
e econômico.
Ab initio, cumpre anotar que a Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) tem assento
constitucional e previsão legal no artigo 22 da LC 64/1990. A AIJE tem por finalidade a apuração de abuso de
poder político ou econômico, “cuja gravidade influa na normalidade e legitimidade do exercício do poder de
sufrágio popular, bem como a apuração de condutas em desacordo com as normas da Lei 9.504/97”.
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à
Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e
circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder
econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em
benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:
(…)
XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada a potencialidade de o fato alterar o
resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que o caracterizam.
FATOS 01 E 02
A parte autora alegou, inicialmente, que os investigados se utilizaram da Associação das Vilas
Reunidas, Núcleo Esportivo & Cultural ASCOMVILAS, entidade social subvencionada pelo Município, para
realização de propaganda eleitoral com pedido explícito de votos para a chapa eleitoral do atual prefeito, via
telemarketing. Aduziu também que houve aumento expressivo da verba destinada à associação no ano
eleitoral.
Aduziu, ainda, que os investigados se utilizaram das associações Ascomvilas e Alto do Mirante
e da máquina pública para entregar benesses a toda a população, com o fito de beneficiar a própria campanha
eleitoral, desequilibrando o pleito eleitoral.
Nos termos do art. 73 da Lei 9504/97, são proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as
seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes
à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,
ressalvada a realização de convenção partidária.
(...)
(…)
§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por
parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de
programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o
Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa
§ 11. Nos anos eleitorais, os programas sociais de que trata o § 10 não poderão ser executados por entidade
nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida.
FATO 3
Alega a parte autora, também, a ocorrência de cessão indevida de servidor eleitoral para
realização de campanha eleitoral em horário de expediente, conduta vedada pela legislação ordinária.
Após análises das provas, verifico que a parte autora comprovou, através das fotos
colacionadas, que Joh Soares e seu irmão Evanezio, ambos servidores públicos, distribuíram cestas básicas
durante o dia, em horário de expediente, inclusive com utilização de uniforme da prefeitura e na presença dos
então candidatos William Borges e Wander Borges, caracterizando utilização indevida de servidor público para
atos de campanha. Ressalto que os investigados não comprovaram que os referidos servidores públicos
estivessem licenciados no período em questão, nos termos do artigo 373, II, do CPC, aplicado
subsidiariamente.
FATOS 4 E 5
Por fim, a parte autora argumentou que os investigados se utilizaram da sede da Ascomvilas
para atos de campanha eleitoral e que o Município de Sabará, então sob a gestão dos investigados, antecipou
a data de entrega das cestas básicas aos servidores públicos com fito exclusivamente eleitoreiro e em evidente
abuso de poder político e econômico.
Com relação à suposta antecipação das cestas básicas entregues mensalmente aos servidores
públicos municipais, em que pese as alegações da parte autora, não há nos autos elementos probatórios firmes
acerca das referidas alegações Neste ponto, destaco o depoimento da testemunha Geraldo da Fonseca que,
ouvida em Juízo, afirmou que é servidor público e recebe as cestas básicas mensalmente. Afirmou que as
cestas normalmente são entregues entre os dias 10 e 12 de cada mês e que não houve quanlquer alteração no
mês das eleições.
Por seu turno, a testemunha Nilo Teotônio Soares, afirmou em Juízo que o programa de entrega
de cestas básicas ocorre desde o ano de 2005 aos funcionários cuja renda esteja de acordo com os critérios
estabelecidos. Esclareceu que as cestas básicas são entregues, em regra, nas segundas sextas-feiras de cada
mês, que o cronograma é estabelecido no início de cada ano e que não há variação de itens.
Quanto à Ascomvilas, sua utilização como instrumento de campanha eleitoral restou
devidamente comprovado pelos elementos já coligidos e exaustivamente analisados acima.
3 – Conclusão
Ante o exposto, com fundamento no artigo 22, inciso XIV, da Lei Complementar no 64, de 18 de
maio de 1990, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para CASSAR os registros e, por consequência, os
mandatos dos representados WANDER JOSÉ GODDARD BORGES, LUCAS AUGUSTO PEREIRA SILVA e
WILLIAM LÚCIO GODDARD BORGES e declarar a inelegibilidade dos mesmos para as eleições a se
realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes ao pleito de 2020. Declaro, ainda, a inelegibilidade de JOH
FIDÊNCIO MIRANDA, EVANEZIO FIDÊNCIO MIRANDA, EVANILDA NOVAIS FERREIRA COSTA para as
eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subsequentes ao pleito de 2020.
Remeta-se cópia de todo o procedimento ao Ministério Público com vista à apuração de
eventual improbidade administrativa e instauração de ação penal, se for o caso.