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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

(DIREITOS PESSOAIS)

INTRODUÇÃO AO DIREITO
DAS OBRIGAÇÕES

3º Semestre – FARESI
Professora Larissa Rocha
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

1. Estrutura da relação jurídica obrigacional.

2. Elemento subjetivo: sujeitos da relação obrigacional.

3. Elemento objetivo: a prestação.


INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

ESTRUTURA DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL

Obrigações nada mais são do que normas reguladoras das relações


patrimoniais entre credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo),
sobre quem recai o comprometimento – de forma espontânea ou
coativa – por meio de determinação judicial de adimplir prestação de
DAR, FAZER E NÃO FAZER).
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SUJEITO ATIVO
CREDOR DEVEDO

SUJEITO PASSIVO
TEM O R
DIREITO DE SOBRE
EXIGIR A QUEM RECAI
PRESTAÇÃO O DEVER DE
CUMPRIMEN
TO
INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

A Relação Jurídica Obrigacional é composta, basicamente, por três


elementos fundamentais: CREDOR, DEVEDOR E PRESTAÇÃO e
que assim se configura:
CREDOR
(SUJEITO ATIVO)
ELEMENTO
SUBJETIVO/PESSOAL
DEVEDOR
(SUJEITO PASSIVO)
POSITIVA
RELAÇÃO
JURÍDICA (DAR E FAZER)
ELEMENTO
OBRIGACIONAL PRESTAÇÃO
OBJETIVO/MATERIAL
NEGATIVA
ELEMENTO (NÃO FAZER)
VÍNCULO
ESPIRITUAL/IMATERI
AL (ABSTRATO) JURÍDICO
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a) ELEMENTO SUBJETIVO/PESSOAL

Diz respeito aos sujeitos da relação jurídica: o sujeito ativo (credor) e


o sujeito passivo (devedor).
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Vale dizer que o sujeito pode ser pessoa física ou jurídica, e


que se admite em algumas situações um sujeito
determinável, ou seja, admitindo-se em algumas situações
um sujeito determinável (o sujeito que assume a obrigação
sem saber, de imediato, quem é o credor. Exemplos: Rifa e
Loteria);
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b) ELEMENTO OBJETIVO (MATERIAL)

Aqui falamos acerca do objeto da relação jurídica, também conhecido


como prestação. A prestação pode ser positiva (dar e fazer) ou
negativa (não fazer);
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c) ELEMENTO ESPIRITUAL (IMATERIAL/ABSTRATO)

Diz respeito ao vínculo jurídico constituído entre as partes, o qual


garante o fiel cumprimento da obrigação, seja espontaneamente ou
coercitivamente (execução forçada).
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MAS ATENÇÃO:

 Nas relações obrigacionais mais simplificadas, o devedor


se obriga a cumprir uma prestação patrimonial (crédito)
de dar, fazer ou não fazer (objeto da obrigação), em
benefício do credor;
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 Nas relações mais complexas, cada parte é,


simultaneamente, credora e devedora uma da outra.

Um exemplo está no contrato de compra e venda, em que o


vendedor é credor do preço e devedor da coisa e o
comprador é credor da coisa e devedor do preço!
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Nesse sentido, a possibilidade de existir o chamado


CONTRATO CONSIGO MESMO/AUTOCONTRATO não
adultera o conceito de bipolaridade das relações
obrigacionais, pois continuam a existir, ainda que por meio
de representação, dois sujeitos na estrutura da obrigação.
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MAS... O que é um
CONTRATO CONSIGO MESMO/AUTOCONTRATO?

é aquele em que se reúnem numa única pessoa as qualidades


de primeiro e segundos contratantes, isto é: como parte
contratante em si mesma e como representante com poderes
expressos pela parte contrária, para celebrar o acordo.
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Por fim, é importante termos em mente que o


estudo da análise dos elementos constitutivos
da obrigação não deve ser confundido com o
estudo de suas fontes!
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As Fontes do Direito Obrigacional se encontram


relacionados aos fatos jurídicos que irão dar
origem ao vínculo obrigacional, em
conformidade com as normas jurídicas, “ou
melhor, os fatos jurídicos que condicionam o
aparecimento das obrigações” [1].
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ELEMENTO SUBJETIVO: SUJEITOS DA RELAÇÃO


OBRIGACIONAL

No que compete aos sujeitos da Relação Jurídica Obrigacional, o


fator caracterizante da obrigação juridicamente exigível (que não é
fictícia) é o vínculo de natureza pessoal que surge entre um credor e
um devedor, firmando, principalmente, de uma manifestação de
vontade.
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Assim, são sujeitos da relação jurídica obrigacional:

• o devedor: que está adstrito a uma determinada prestação positiva


ou negativa que constitui o objeto da obrigação

• o credor: aquele que tem o direito de exigir uma ação ou omissão


imposta ao aludido devedor
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NÃO ESQUECER:

1. COMPETE AO CREDOR, A FACULDADE DE EXIGIR DO


DEVEDOR O ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO, ISTO É, A
SATISFAÇÃO DO CRÉDITO.
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NÃO ESQUECER:

2. SUJEITO E ATIVO E PASSIVO DEVEM SER DETERMINADOS


OU, AO MENOS, PASSÍVEL DE DETERMINAÇÃO.

A obrigação para se concretizar, necessita de um credor real, que irá


recebe e de devedor existente, que irá pagar.
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Em algumas situações, no entanto, sujeito ativo


ou passivo, podem não estar determinados no
instante em que se constitui a obrigação,
ocupando o status originário de sujeito
determinável...

Vejamos os exemplos:
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CREDOR DETERMINÁVEL:

“Pode ocorrer indeterminação do credor quando houver ofertas ao


público, ou a número mais ou menos amplo de pessoas, como é o da
promessa de recompensa (arts. 854 ss).

Nesse caso, o devedor é certo, mas o credor indeterminado no


nascimento da obrigação, embora obrigação exista desde logo.

Quem preencher os requisitos da promessa se intitulará, a


princípio, credor.”²
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DEVEDOR DETERMINÁVEL:

Situação mais rara, mas que também ocorre, em geral, de situação


decorrente do DIREITO REAL, a exemplo de um titular que
adquire apartamento hipotecado, respondendo com ele pela solução
da dívida

* embora não tenha sido o devedor originário, nem tenha contraído


a obrigação. O credor, nessa hipótese, poderá receber de quem quer
que assuma a titularidade da coisa gravada.
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Dos exemplos, concluímos que, embora seja


possível a indeterminação do credor ou do
devedor, no momento inicial, de constituição da
obrigação, essa indeterminação deve ser sanável
no instante de seu cumprimento, sob pena de
torna-se inválida ou inexistente.
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ATENÇÃO:

Quando as qualidades de credor e devedor se confundirem (a exceção


das obrigações consigo mesmo que funcionam por meio de
procuração outorgada por outra parte), dá-se a extinção da obrigação
por meio da CONSFUSÃO (art. 381 do CC/2002).:

“Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se


confundam as qualidades de credor e devedor”
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FIGURAS SECUNDÁRIAS

Não fazem parte da relação jurídica obrigacional, SENDO FIGURAS


SECUNDÁRIAS OU COADJUVANTES, ora agindo em nome de um
dos sujeitos (credor ou devedor), ora figurando como meros
transmissores da vontade destes.

São os REPRESENTANTES e os NÚNCIOS.


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REPRESENTANTES

Sejam legais (pais, tutores, curadores) ou voluntários (mandatários),


os representantes agem em nome e pelo interesse de um dos sujeitos
da relação obrigacional (credor ou devedor).

Manifestam, portanto, declaração de vontade por conta do


representado, vinculando-os, na forma da legislação em vigor;
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NÚNCIOS

Estes são meros transmissores da vontade de um declarante. Atuam


assim, como simples mensageiros da vontade de outrem, sem
interferirem efetivamente na relação jurídica.

* Direito de Família: “Casamento por Procuração”.


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ELEMENTO OBJETIVO: A PRESTAÇÃO

“A prestação consiste, em regra, numa atividade, ou numa ação do


devedor (entregar uma coisa, realizar uma obra, dar uma consulta,
patrocinar alguém numa causa, transportar alguns móveis, transmitir
um crédito, dar certos números de lições etc.). Mas também pode
consistir numa abstenção, permissão ou omissão”.
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NESSE CONTEXTO, CUMPRE ESTUDARMOS ACERCA DO


OBJETO IMEDIATO E DO OBJETO MEDIATO DA PRESTAÇÃO:
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OBJETO DIRETO OU IMEDIATO

O objeto imediato da obrigação (e, por consequência, do direito de


crédito) é a própria PRESTAÇÃO, isto é: a própria atividade positiva
(ação – obrigações e dar e fazer) ou negativa (omissão – obrigações de
não fazer, não entregar) do devedor, satisfativa do interesse do credor.
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OBJETO INDIRETO OU MEDIATO

É o bem material que se insere na prestação.

Trata-se, pois, de objeto material da obrigação em sentido estrito,


sobre o que reside o interesse do credor - próprio bem da vida posto
em circulação jurídica.
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Vale mencionar, ainda, que a prestação,


consoante veremos na próxima aula, para ser
validamente considerada objeto direto da
obrigação, deverá ser:

LÍCITA, POSSÍVEL E DETERMINADA (OU


DETERMINÁVEL).
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OBSERVAÇÕES FINAIS

CONTEÚDO

Não devemos confundir o objeto da obrigação com o seu conteúdo.


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Enquanto que o OBJETO DA OBRIGAÇÃO se move em torno da


atividade do próprio devedor (prestação de dar, fazer ou não fazer), o
CONTEÚDO DA OBRIGAÇÃO, diz respeito ao poder que é
conferido ao credor de exigir a prestação, bem como a necessidade de
adimpli-la.
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Assim, tendo em vista o Conteúdo, as obrigações podem ser:

a) de meio – em que o devedor obriga-se a utilizar todos os meios


disponíveis ao cumprimento da obrigação, sempre com diligência,
prudência e perícia, sem, contudo, assegurar um resultado específico.
Exemplo: cirurgia plástica reparadora;

b) de resultado – em que o o devedor assegura ao credor o


atingimento de um resultado específico e apenas se desonera da
obrigação se atingi-lo. Exemplo: cirurgia plástica estética.
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PATRIMONIALIDADE

Por via de regra, o direito obrigacional comporta a ideia de


patrimonialidade, uma vez que bens e direitos indisponíveis (honra,
imagem, segredo, vida privada, liberdade etc.), tendem a escapar do
campo natural de atuação normativa das obrigações.
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Contudo, existem prestações que fogem à denominação de


“economicamente mensurável”, mesmo que sejam a razão para a
existência da obrigação.

Como exemplo temos as obrigações omissivas, de não fazer, que


embora não marcadas pelo caráter patrimonial, não deixam de ter
um conteúdo econômico, para o caso do inadimplemento.
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ASSIM:

* em geral, as prestações devem ser patrimonialmente apreciáveis,


embora, em algumas situações, essa característica possa não existir.
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CURIOSIDADES...

*"Obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus


solvendae rei, secundum nostrae civitatis jura ", (leia-se: obligácio ést
iúris vínculum, cuó netchessitáte adstríngimur alicúius rêi solvende,
secúndum nóstre tchivitátis iúra.), literalmente: A obrigação é um
vínculo de direito pelo qual somos obrigados pela necessidade de
pagar alguma coisa, segundo a lei da nossa cidade é a clássica
definição de obrigação que vem das Institutas, obra do Direito Civil
romano, elaborada por Triboniano, Teófilo, Crátino (professores de
Direito, em Roma).
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Faz parte do Corpus Juris Civilis, destinado-se a ensinar o que


constava no Código e no Digesto (compilação de escritos, baseada na
doutrina. Também chamado de Pandectas) e baseiando-se em obra
produzida séculos atrás, as Institutas de Gaio (Século II a.c.). Por ser
obra destinada a estudantes de direito elaborada por professores, com
fins pedagógicos, as Institutas (ou Instituitiones) eram obra simples,
de linguagem clara e objetiva, o que facilitou muito a sua divulgação e
adoção.
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Foram a princípio adotadas nas universidades de Constantinopla,


Beirute, Cesaréia e Alexandria. Essa obra, surgida no mesmo ano do
Pandectas, em 533, d.C., apresenta as interpretações dos grandes
juristas romanos, principalmente Gaio - autor da obra que lhe serviu
de inspiração.
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Referências bibliográficas:

1. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro: Teoria das


obrigações: Contratuais e extracontratuais. 35ª ed. São Paulo,
Saraiva, 2019.

2. VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil-parte geral. 21ª ed. São


Paulo, Atlas, 2021.

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