Você está na página 1de 2

INSOLVÊNCIA E EXECUÇÃO CONTRA DEVEDOR INSOLVENTE

A execução coletiva, também conhecida como execução por quantia certa contra devedor
insolvente, regulamentada nos artigos 748 a 782 do Código de Processo Civil de 1973, é um
procedimento jurídico que se inicia com uma sentença declarando a insolvência do devedor.
Essa insolvência é caracterizada quando as dívidas ultrapassam o valor dos bens do devedor,
tornando impossível o pagamento integral das obrigações.

Nesse contexto, são convocados todos os credores para um julgamento coletivo, e os bens
penhoráveis do devedor são arrecadados e administrados judicialmente até que todo o
patrimônio seja liquidado e os credores, de maneira equitativa, recebam os pagamentos
através de um rateio.

Embora o Novo Código de Processo Civil não aborde detalhadamente essa execução
específica, as execuções em andamento devem ser reguladas pelos dispositivos do CPC de
1973 até que uma legislação específica seja estabelecida (NCPC, art. 1.052).

A execução coletiva, subordinada aos mesmos princípios das execuções individuais, difere-se
no aspecto da expropriação de bens: na execução singular, busca-se penhorar bens suficientes,
enquanto na execução concursal, ocorre a arrecadação geral dos bens. Enquanto na execução
singular a satisfação é individual, na execução concursal é feita de maneira equitativa entre
todos os credores.

Os pressupostos dessa execução estão ligados à existência de um patrimônio insuficiente para


quitar todas as dívidas, além da necessidade do título executivo e do inadimplemento do
devedor. A insolvência é decretada mediante sentença judicial, diferenciando-se da Lei de
Falências, que considera insolvência do comerciante pelo simples inadimplemento.
Adicionalmente, é requisito que o devedor seja civil, não comerciante ou empresário.

O processo de insolvência passa por fases distintas: a inicial, onde se declara o estado de
insolvência, e a segunda, que compreende a execução coletiva. A declaração de insolvência

I NSOLVÊNCIA E E XECUÇÃO C ONTRA D EVEDOR I NSOLVENTE


S ARA C OUTO A RAÚJO | D IREITO
pode ser requerida por credores quirografários, pelo próprio devedor ou pelo inventariante do
espólio do devedor.

O procedimento de insolvência pode ser requerido por um credor ou pelo devedor, sendo mais
voltado a uma questão de jurisdição voluntária do que uma ação propriamente dita. Essa
distinção traz implicações no sentido de que a sentença de insolvência pode ser anulada por
ação ordinária, sem a necessidade de ação rescisória.

Após a declaração da insolvência, os efeitos incluem o vencimento antecipado das dívidas, a


arrecadação dos bens do devedor, a execução coletiva e a perda da capacidade de administrar
seus bens por parte do devedor, embora não implique na perda da capacidade civil.

A fase seguinte envolve o concurso de credores, onde estes são convocados para habilitar seus
créditos, e após a classificação dos mesmos, ocorre a distribuição proporcional dos valores
disponíveis.

O processo pode ser extinto por sentença, mediante procedência dos embargos, pagamento
das dívidas ou satisfação pela expropriação dos bens. Também pode ser suspenso por acordo
entre devedor e credores, insuficiência de bens ou não localização dos mesmos.

É importante ressaltar que a reabertura do processo ocorre apenas para os credores habilitados
e não por terceiros, caso sejam encontrados novos bens do devedor.

Paracatu, 24 de outubro de 2023.

Sara Couto Araújo.

I NSOLVÊNCIA E E XECUÇÃO C ONTRA D EVEDOR I NSOLVENTE


S ARA C OUTO A RAÚJO | D IREITO

Você também pode gostar