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Joni P. F. Pereira
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Incoterms na compra e venda internacional de mercadorias
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1. Introdução
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2. Antecedentes Históricos
Não se pode conhecer o presente sem que se conheça o passado. Assim sendo, para
falarmos dos incoterms, é necessário fazermos referência aos seus antecedentes históricos
e aí vamos constatar, que desde há quase um século apercebeu-se que o facto de o
comércio internacional envolver pessoas físicas e/ou morais situadas/sediadas em
diferentes países, bem como mercadorias na mesma situação, gerou: dificuldades na
comunicação entre as partes, atribuição de significados distintos aos termos do comércio
de região à região, gerando falta de uniformização na interpretação dos referidos termos,
inúmeros litígios com resoluções dispendiosas para as partes envolvidas no contrato.
Tendo em conta o facto de que o mercado e os comerciantes não são estáticos, houve a
necessidade de se fazer a adaptação dos termos publicados em 1936 à dinâmica do tráfico
comercial, assim, foram sofrendo inúmeras atualizações, modificações e substituições
tendo sofrido a primeira atualização em 1957 e posteriormente em 1967, 19763, 1980,
19904, 2000 e 2010, sendo que nesta ultima reduziu-se o número de regras de 13 para 11,
tendo entrado em vigor no ano de 2011. Cumpre referir que apesar de parecer que a regra
para as revisões seja de um intervalo de dez em dez anos, é uma mera coincidência que
as três últimas assim tenham sido.5 Conforme já referimos, as revisões têm como critério
a dinâmica do comércio ou seja sempre que haja uma alteração substancial nas práticas
1
Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação de Contratos Comerciais
Internacionais, 2017. 11p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa. Faculdade de Direito)
2
Com determinação das obrigações das partes envolvidas no contrato de compra e venda internacional,
fixando-se a repartição das obrigações nos primeiros seis termos, ordenados pela frequência de utilização
(Aureliano, Nuno, apud 2 Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação
de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 11p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa.
Faculdade de Direito).
3
Passou a dedicar um termo do comércio para tansacções comerciais que envolviam o transporte aéreo de
mercadorias, designado FOB aeroport, Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e
Interpretação de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 12p (Tese de Mestrado. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Direito).
4
Versión com 13 términos, Rodriguez Calderón, Cristian L, INCOTERMS2010. Disponível em: http:
//www.prompex.gob.pe/Miercoles/Portal/MME/descargar.aspx?archivo=745FEC42-92E-4370-90AC-
E96E1B51A55D.PDF.
5
This, however, is a false impression. It is merely a coincidence that the last three revisions are separated
by 10-year periods. Indeed, the main purpose of the Incoterms rules is to reflect international commercial
practice. Needless to say, comercial practice does not change at a set interval(ICC. Guide to Incoterms
2010, 8p )
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do comércio, justifica-se. Assim sendo o nosso estudo será baseado na última
actualização.
3. Noção de Incoterms
O conceito de Incoterms varia em função do autor todavia todos partem de pressupostos
como: Comercio, internacionalidade, autonomia, contrato e uniformização. Ademais,
passaremos a apresentar o conceito de Incoterms na perspectiva de alguns autores:
A CCI no seu guia dos Incoterms de 2010 estabelece que “ a palavra Incoterms é uma
abreviação da palavra Internacional comercial terms, e o Incoterm escolhido é uma
regra do contrato de venda6…”
Para Lima Pinheiro 9“Os Incoterms são termos normalizados que designam cláusulas
da venda à distância de mercadorias (i.e., da venda que implica um transporte da
mercadoria) e que são acompanhados de regras uniformes de interpretação e integração.
Por exemplo, free on board e cost, insurance and freight. Estes termos normalizados são
frequentemente substituídos pelas respectivas, siglas (nos exemplos dados, FOB e CIF)
”.
4. Âmbito de aplicação
Nesta parte do nosso trabalho pretendemos perceber e definir o campo de incidência dos
Incoterms (saber em que tipo de contratos aparecem e dentro dos tipos aplicáveis sobre
que matérias estes terão incidência).
6
ICC. Guide to Incoterms 2010, 16p
7
Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação de Contratos Comerciais
Internacionais, 2017. 10p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa. Faculdade de Direito)
8
Sigel,Tiago, CONTRATOS INTERNACIONAIS, 2012. 29p (Tese de Mestrado. UNIVERSIDADE
TUIUTI DO PARANÁ)
9
Pinheiro, Lima in Incoterms - Introdução e traços fundamentais
Disponível em http://www.oa.pt/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=31...
10
Although the Incoterms rules are primarily intended for international sales they
5
A nível dos contratos internacionais, os Incoterms aparecem no âmbito das clausulas
convencionais11, determinando a obrigação de realização de prestações acessórias
necessárias para o cumprimento das prestações principais do contrato12, implicando para
a parte obrigada a celebração de outros contratos (ex.: a celebração do contrato de
transporte) não submetidos as regras dos Incoterms, todavia coligados com o primeiro.
Uma questão que reveste grande relevância ainda nesta parte da nossa abordagem, é em
relação ao momento em que devem ser estabelecidos pelas partes, uma vez que os
Incoterms aparecem nos contratos como cláusulas negociais é aconselhável que as partes
o façam na fase da negociação do contrato e não sendo possível, poderão faze-lo antes do
embarque.
5. Momento da Eficácia
Para que os Incoterms tenham eficácia na relação estabelecida entre as partes, é necessário
termos em conta os seguintes aspectos:
can be applied to domestic contracts by reference. ICC. Guide to Incoterms 2010, 16p
11
aqui atendemos ao critério de classificação das clausulas internacionais apresentado por Tiago Sigel,
Idem
12
as obrigações principais do contrato são as constantes dos arts.30.° e 53.° da CONVENÇÃO DA ONU
SOBRE OS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS
13
Vide art.2.° e 3.° idem
14
You create legal effect by writing them into a contract and having them agreed upon, but they are not
regulatory. , Easton D. Michael, Incoterms® 2010 Buying with the International Commercial Terms .
Disponível em: www.starusatraining.com
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6. Natureza Jurídica
Tendo feito o enquadramento circunstancial, apresentado a noção dos Incoterms e o seu
campo de aplicação, é deveras essencial saber qual é o lugar dos Incoterms no mundo
jurídico, sendo esta uma questão bicuda, tem gerado grande controvérsia na doutrina,
importa darmos um olhar a algumas posições que têm sido adoptadas.
Ana Carolina da Silva apresenta uma crítica 18a posição do professor Menezes Cordeiro
, citamos “Com o devido respeito, não partilhamos desta última opinião, considerando
em primeiro lugar, o processo de integração dos termos nos contratos comerciais. As
partes contratantes são livres de escolher entre os diferentes Incoterms e de adaptar o seu
conteúdo conforme as suas necessidades, não existindo uma mera escolha entre a adesão
ou não de um contrato. Não obstante as regras dos Incoterms, estas podem ser sempre
alteradas pelas partes. Atende-se ainda para o facto de que os Incoterms não regulam o
contrato de modo geral, deixando de parte elementos como o preço”. A autora enquadra
os Incoterms nos usos comercias.
15
Vicente, Dário Moura , apud Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e
Interpretação de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 16p (Tese de Mestrado. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Direito
16
Pinheiro, Lima, apud , Ibidem
17
Cordeiro, Menezes, apud , Ibidem
18
idem
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aderentes19, todavia a nível dos contratos internacionais, percebe-se claramente a
plenitude da autonomia das partes no que concerne a adopção ou não dos Incoterms e ao
sentido a eles atribuído.
7.1. Terminologias
Delivery20- termo em inglês que vai determinar o local de entrega e o momento em que
transfere-se o risco, assim sendo sempre que nos Incoterms fizer-se recurso a este termo
terá este duplo sentido, sendo um termo de tamanha importância;
Packing21- termo relativo a obrigação de deixar o bem apenas pronto para o transporte;
DDP – Delivered Duty Paid-o vendedor assume todas responsabilidades até o bem ser
entregue no local estabelecido “ Delivery”;
19
Diz-se por conseguinte, contrato de adesão aquele em que um dos contraentes- o cliente, o consumidor-
como sucede, por exemplo, na generalidade dos contratos de seguro e de transporte por via aéreo, férreo
ou marítimo ou dos contratos bancários, não tendo a menor participação na preparação e redação das
respectivas cláusulas, se limita a aceitar o texto que o outro contraente oferece, em massa ao publico
interessado. Varela Antunes, Das Obrigações em geral ,vol I, 10ª ed, Almedina , 252, 253p
20
“WHEREthe RISK of loss or damage to the goods PASSES from SELLER to BUYER” , Easton D.
Michael, Op.cit., p9
21
Packingis defined to comply with the terms of the sales contract as “fit for transport”, but does
notinclude stowage within a container, , Easton D. Michael, Op.cit., p9
22
Main carriage is the transportation from the port of departure to the port of arrival , Easton D. Michael,
Op.cit., p9
8
Aconselha-se o comprador a não fazer recurso a este pois na maioria dos casos gera
atrasos na entrega (apenas soa bem no papel), quanto ao vendedor, aconselha-se a evitar
por ser muito dispendioso;
CIP – Carriage and Insurance Paid To-- a entrega (Delivery) considera-se feita assim que
o vendedor leva o bem ao local convencionado (geralmente é o primeiro porto em que
faz-se o carregamento) mas o vendedor paga todo o transporte até ao referido local (Pre
Carriege), aqui determina-se que o seguro fica a cargo do Vendedor
CPT – Carriage Paid To- a entrega (Delivery) considera-se feita assim que o vendedor
leva o bem ao local convencionado (geralmente é o primeiro porto em que faz-se o
carregamento) mas o vendedor paga todo o transporte até ao referido local (Pre Carriege,
Main Carriage); Michael D.Easton 23afirma que estas regras são em termos gerais as mais
equilibradas na medida em que o Pre Carriage e o Main Carriage ficam a cargo do
vendedor e os custos de descarregamento e entrega final a cargo do comprador
FCA –Free Carrier- o comprador assume todos riscos desde o ponto de partida ao ponto
de chegada, cabendo o vendedor levar o bem até ao ponto acordado( Pre carriage). É
aconselhável a compradores fortes, com capacidade para assegurar o transporte e que
tenham produção acelerada, pode não ser recomendável com compradores pouco
sofisticados pelo facto do vendedor ficar limitado em relação a prestação de auxílio ao
comprador, podendo não ser viável;
23
These rules are generally the most balanced, though the pre-carriage and main carriage are still paid for
by the seller. The buyer has the responsibilities and costs of unloading and final delivery , Easton D.
Michael, Op.cit., p20
9
EXW – Ex Works- o vendedor deixa os bens disponíveis nas suas instalações, cabendo
ao comprador tudo o resto (pre carriage, main carriage, on carriage). Aconselha-se o
comprador a evitar, todavia é bom para o vendedor. ~
CIF-Carriage, Insurance, and Freight, CFR-Cost and Freight- são termos equivalentes ao
CIP e ao CPT respectivamente, sendo que a única diferença pura é que nestes é apenas
possível fazer menção ao porto, não sendo possível estabelecer como local de entrega
as instalações do comprador como ocorre no CIP e no CPT- a entrega (Delivery) ocorre
assim que o vendedor leva a mercadoria ao local convencionado com a limitação quanto
ao local já referida
Tendo feito a apresentação dos Incoterms e do sentido a estes atribuído pela CCI, olhando
para as vantagens que confere a cada uma das partes atendendo a cada Incoterm em
particular, cumpre agora apresentarmos os quatro grupos em que os Incoterms estão
organizados, sendo que de modo a evitarmos repetições, faremos uma mera arrumação
sem voltar a mencionar as obrigações que deles decorrem ao detalhe.
10
7. Conclusão
Do estudo feito, retiramos as seguintes conclusões:
11
Agradecimentos
A academia tem um grande papel social, não só no campo da formação humana, como
campo de transmissão de conhecimentos, mas principalmente como centro de produção
de ciência.
12
Referências bibliográficas
Varela Antunes, Das Obrigações em geral, vol. I, 10ª ed, Almedina
Disponível em
http://www.oa.pt/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=31...
http://www.prompex.gob.pe/Miercoles/Portal/MME/descargar.aspx?archivo=7
45FEC42-92E-4370-90AC-E96E1B51A55D.PDF.
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