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Prefácio

O presente artigo de investigação científica que nos é apresentado por Ciozandro


Panzo, Lizandro Coronho e Rafael Brás Ndumba, resulta de uma actividade
investigativo-científica que teve início nos primeiros anos de frequência
universitária e que agora começa a ser efectivada com a publicação de alguns
textos e artigos científicos que visam sobretudo tornar públicas determinadas
reflexões e pensamentos no âmbito jurídico e não só.

Joni P. F. Pereira

1
Incoterms na compra e venda internacional de mercadorias

Ciozandro Panzo, Lizandro Coronho, Rafael Brás Ndumba

Resumo: Os contratos internacionais, sempre foram imbuídos de grande complexidade


pelo facto de envolverem interesses distintos, as partes no contrato nunca querem a
mesma coisa, todavia para que exista um contrato é necessário a existência de pontos que
sejam comuns as partes, pontos de equilíbrio, harmonização, ou seja, só por meio da
realização da vontade de uma das partes consegue-se satisfazer a da outra parte.

O nosso estudo tem como enfoque a compra E VENDA INTERNACIONAL de


mercadorias e o processo posterior a negociação que a envolve, desde a retirada do
produto das instalações do vendedor até a chegada do produto as instalações do
comprador, sendo que Para que tal ocorra é necessário a prática de um conjunto de actos
acessórios.

Desde os anos de 1920 começaram a haver esforços no sentido de criarem-se regras


uniformes relativas a atribuição da obrigação da pratica dos actos acima referidos as
partes do contrato, assim sendo em 1936 foram publicados pela CCI os Incoterms e as
suas regras de interpretação, consubstanciando-se num grande avanço para arena
comercial internacional, tendo sofrido inúmeras actualizações em momentos posteriores.

No presente trabalho daremos um olhar a evolução dos Incoterms, abordaremos sobre o


seu âmbito de aplicação a compra e venda internacional, não sendo aplicável aos contratos
coligados ao contrato principal. Abordaremos sobre o seu momento de eficácia, natureza
jurídica, passando de seguida a uma sumaria descrição dos Incoterms, dando um olhar
para as vantagens que oferecem a cada uma das partes, sendo de realçar o poder de
negociação de cada um delas.

Sumário:1.Introdução.2. Antecedentes Históricos.3. Noção de Incoterms.4. Âmbito de


aplicação.5. Momento da Eficácia.6. Natureza Jurídica.7. Descrição dos Incoterms.7.1.
Terminologias.7.2. Incoterms usados para todas formas de transporte.7.3. Incoterms
usados apenas para o transporte marítimo e fluvial.9. Conclusão. Referências
bibliográficas

2
1. Introdução

Desde há muito o homem descobriu que para desenvolver e garantir continuidade da


espécie era necessário que se fizessem deslocações e estabelecesse relações com outros
povos, nessa busca de melhorias surgiam dificuldades na comunicação em função das
diferenças que caracterizam povos residentes em diferentes partes do globo.

Razão de estudo: A nível do comercio verifica-se o mesmo processo, o homem buscando


melhores oportunidades de negocio, melhores produtos, maior expansão dos seus
produtos, todavia foi deparando-se com vários dilemas ligados a leis e costumes
aplicáveis nas diferentes regiões, assim foi surgindo um grande esforço no sentido de
criar-se um sistema de comercio internacional composto por normas e costumes aceites
por todos os sujeitos do comercio internacional. Em consequência deste esforço foram
criadas organizações internacionais e organizações não-governamentais especializadas
visando dar respostas urgentes e técnicas as questões referidas, assim sendo foi-se criando
os sistemas internacional de normas que regem o comércio internacional: novas lex
mercatória, princípios gerais do direito, usos e costumes do comércio, convecções e
termos próprios do comércio internacional.

Delimitação: Visto que no plano internacional há uma grande diversidade e flexibilidade


nas fontes, a nossa abordagem ira cingir-se nos trabalhos das organizações internacionais
e não governamentais levados a cabo nos períodos de 1920 à actualidade , limitando a
nossa abordagem ao estudo dos Incotermns® no âmbito do contrato de compra e venda
internacional , estabelecendo uma relação em algumas partes do nosso trabalho com a
convenção da ONU relativa a compra e venda internacional de mercadorias de 1980.
Objetivos gerais: Conhecer a origem e a função dos Incoterms

Objectivos específicos: perceber o conceito de Incoterms, saber determinar o seu âmbito


de aplicação, o momento em que passa a ter eficácia, saber identificar as siglas dos
Incoterms e as obrigações por elas geradas.

O nosso trabalho possui a seguinte estrutura: Introdução, desenvolvimento composto


por seis capítulos, conclusão.

3
2. Antecedentes Históricos
Não se pode conhecer o presente sem que se conheça o passado. Assim sendo, para
falarmos dos incoterms, é necessário fazermos referência aos seus antecedentes históricos
e aí vamos constatar, que desde há quase um século apercebeu-se que o facto de o
comércio internacional envolver pessoas físicas e/ou morais situadas/sediadas em
diferentes países, bem como mercadorias na mesma situação, gerou: dificuldades na
comunicação entre as partes, atribuição de significados distintos aos termos do comércio
de região à região, gerando falta de uniformização na interpretação dos referidos termos,
inúmeros litígios com resoluções dispendiosas para as partes envolvidas no contrato.

Em função de tais dificuldades, vários estudiosos e organizações não-governamentais


passaram a fazer esforços no sentido de se chegar à padronização dos termos comerciais.
Sendo de destacar a American Foreign Trade Definition1, o Congresso Constitutivo de
Paris da Camara do Comércio internacional doravante CCI de 1920 em que faz-se
menção à necessidade de elaboração de uma lista dos termos comerciais mais utilizados.
Ainda nos esforços da CCI, uma primeira tentativa foi no ano de 1923 e a segunda em
19282, a publicação dos seis primeiros termos, sendo que apenas em 1936 foram
publicadas as regras de interpretação dos termos do comércio internacional, tendo-se com
esta publicação, chegado à uniformização dos termos do comércio internacional.

Tendo em conta o facto de que o mercado e os comerciantes não são estáticos, houve a
necessidade de se fazer a adaptação dos termos publicados em 1936 à dinâmica do tráfico
comercial, assim, foram sofrendo inúmeras atualizações, modificações e substituições
tendo sofrido a primeira atualização em 1957 e posteriormente em 1967, 19763, 1980,
19904, 2000 e 2010, sendo que nesta ultima reduziu-se o número de regras de 13 para 11,
tendo entrado em vigor no ano de 2011. Cumpre referir que apesar de parecer que a regra
para as revisões seja de um intervalo de dez em dez anos, é uma mera coincidência que
as três últimas assim tenham sido.5 Conforme já referimos, as revisões têm como critério
a dinâmica do comércio ou seja sempre que haja uma alteração substancial nas práticas

1
Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação de Contratos Comerciais
Internacionais, 2017. 11p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa. Faculdade de Direito)
2
Com determinação das obrigações das partes envolvidas no contrato de compra e venda internacional,
fixando-se a repartição das obrigações nos primeiros seis termos, ordenados pela frequência de utilização
(Aureliano, Nuno, apud 2 Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação
de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 11p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa.
Faculdade de Direito).
3
Passou a dedicar um termo do comércio para tansacções comerciais que envolviam o transporte aéreo de
mercadorias, designado FOB aeroport, Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e
Interpretação de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 12p (Tese de Mestrado. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Direito).
4
Versión com 13 términos, Rodriguez Calderón, Cristian L, INCOTERMS2010. Disponível em: http:
//www.prompex.gob.pe/Miercoles/Portal/MME/descargar.aspx?archivo=745FEC42-92E-4370-90AC-
E96E1B51A55D.PDF.
5
This, however, is a false impression. It is merely a coincidence that the last three revisions are separated
by 10-year periods. Indeed, the main purpose of the Incoterms rules is to reflect international commercial
practice. Needless to say, comercial practice does not change at a set interval(ICC. Guide to Incoterms
2010, 8p )

4
do comércio, justifica-se. Assim sendo o nosso estudo será baseado na última
actualização.

3. Noção de Incoterms
O conceito de Incoterms varia em função do autor todavia todos partem de pressupostos
como: Comercio, internacionalidade, autonomia, contrato e uniformização. Ademais,
passaremos a apresentar o conceito de Incoterms na perspectiva de alguns autores:

A CCI no seu guia dos Incoterms de 2010 estabelece que “ a palavra Incoterms é uma
abreviação da palavra Internacional comercial terms, e o Incoterm escolhido é uma
regra do contrato de venda6…”

Para Ana Carolina da Silva os Incoterms “consistem num conjunto de cláusulas


utilizadas em contratos de compra e venda de mercadorias, acompanhadas de regras
uniformes de interpretação e integração. Os Incoterms são principalmente adotados para
contratos internacionais, podendo, no entanto, ser utilizados em contratos internos7”.

Para Tiago Siegel os Incoterms “dizem respeito a regras internacionais, imparciais, de


caráter uniformizador, que constituem toda a base dos negócios internacionais e
objetivam promover sua harmonia”8

Para Lima Pinheiro 9“Os Incoterms são termos normalizados que designam cláusulas
da venda à distância de mercadorias (i.e., da venda que implica um transporte da
mercadoria) e que são acompanhados de regras uniformes de interpretação e integração.
Por exemplo, free on board e cost, insurance and freight. Estes termos normalizados são
frequentemente substituídos pelas respectivas, siglas (nos exemplos dados, FOB e CIF)
”.

4. Âmbito de aplicação
Nesta parte do nosso trabalho pretendemos perceber e definir o campo de incidência dos
Incoterms (saber em que tipo de contratos aparecem e dentro dos tipos aplicáveis sobre
que matérias estes terão incidência).

Os Incoterms foram criados visando dar resposta a questões relativas ao comércio


internacional, assim sendo este é o seu campo de maior atuação todavia como resulta do
Guia dos Incoterms de 2010 da CCI 10 nada obsta para que sejam aplicados a contratos
internos.

6
ICC. Guide to Incoterms 2010, 16p
7
Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação de Contratos Comerciais
Internacionais, 2017. 10p (Tese de Mestrado. Universidade de Lisboa. Faculdade de Direito)
8
Sigel,Tiago, CONTRATOS INTERNACIONAIS, 2012. 29p (Tese de Mestrado. UNIVERSIDADE
TUIUTI DO PARANÁ)
9
Pinheiro, Lima in Incoterms - Introdução e traços fundamentais
Disponível em http://www.oa.pt/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=31...
10
Although the Incoterms rules are primarily intended for international sales they

5
A nível dos contratos internacionais, os Incoterms aparecem no âmbito das clausulas
convencionais11, determinando a obrigação de realização de prestações acessórias
necessárias para o cumprimento das prestações principais do contrato12, implicando para
a parte obrigada a celebração de outros contratos (ex.: a celebração do contrato de
transporte) não submetidos as regras dos Incoterms, todavia coligados com o primeiro.

Nesta ordem, respondendo a segunda questão, as matérias sobre as quais os Incoterms


hão-de incidir são: Termos de entrega, licenciamento, modo e termos de transporte,
custos com o transporte, momento da transferência do risco, obrigação de tratar do
despacho aduaneiro. Os Incoterms não se aplicam aos contratos excluídos do âmbito da
convenção da ONU sobre a compra e venda internacional de mercadorias 13 ou seja, não
se aplicam a contratos de trabalho, prestação de serviços, não regulam a transferência de
propriedade, não criam efeitos legais por si.14

Uma questão que reveste grande relevância ainda nesta parte da nossa abordagem, é em
relação ao momento em que devem ser estabelecidos pelas partes, uma vez que os
Incoterms aparecem nos contratos como cláusulas negociais é aconselhável que as partes
o façam na fase da negociação do contrato e não sendo possível, poderão faze-lo antes do
embarque.

5. Momento da Eficácia
Para que os Incoterms tenham eficácia na relação estabelecida entre as partes, é necessário
termos em conta os seguintes aspectos:

a) É necessário que sejam referenciados no contrato


b) É necessário que se coloque toda a referencia do Incoterm , a que
versão as partes referem-se, colocar a marca registada ® e o Incoterm
por si ira determinar as obrigações das partes
c) Que o contrato seja validamente celebrado e que haja consenso entre
as partes

can be applied to domestic contracts by reference. ICC. Guide to Incoterms 2010, 16p
11
aqui atendemos ao critério de classificação das clausulas internacionais apresentado por Tiago Sigel,
Idem
12
as obrigações principais do contrato são as constantes dos arts.30.° e 53.° da CONVENÇÃO DA ONU
SOBRE OS CONTRATOS DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS
13
Vide art.2.° e 3.° idem
14
You create legal effect by writing them into a contract and having them agreed upon, but they are not
regulatory. , Easton D. Michael, Incoterms® 2010 Buying with the International Commercial Terms .
Disponível em: www.starusatraining.com

6
6. Natureza Jurídica
Tendo feito o enquadramento circunstancial, apresentado a noção dos Incoterms e o seu
campo de aplicação, é deveras essencial saber qual é o lugar dos Incoterms no mundo
jurídico, sendo esta uma questão bicuda, tem gerado grande controvérsia na doutrina,
importa darmos um olhar a algumas posições que têm sido adoptadas.

Professor Dário Moura Vicente “ integra os Incoterms na lex mercatória, recusando,


no entanto, a sua classificação enquanto costume por não serem conferidos de sentido de
obrigatoriedade geral”15.

Professor Lima Pinheiro “refere a necessidade de analisar individualmente cada um dos


termos comerciais normalizados, tendo em consideração o espaço geográfico concreto,
não considerando possível, contudo, identificar os Incoterms em geral como usos do
comércio internacional. Para esta qualificação o autor aponta para as principais regras de
interpretação e integração dos termos relacionados com a venda marítima de
mercadorias.”16.
Para o Professor Menezes Cordeiro “os Incoterms não possuem qualquer força
vinculativa como usos do comércio, mas somente enquanto disposições contratuais. O
autor reconduz os Incoterms à qualidade de Cláusulas Contratuais Gerais (de ora em
diante, CCG), por considerar que constituem um conjunto de cláusulas pré-elaboradas
rígidas que se destinam a contratantes indeterminados, sendo, por regra, inseridos noutras
CCG. Nesta senda, o contraente terá o encargo de explicar os Incoterms usados ou de
remeter o aderente para consulta junto da CCI...”17

Ana Carolina da Silva apresenta uma crítica 18a posição do professor Menezes Cordeiro
, citamos “Com o devido respeito, não partilhamos desta última opinião, considerando
em primeiro lugar, o processo de integração dos termos nos contratos comerciais. As
partes contratantes são livres de escolher entre os diferentes Incoterms e de adaptar o seu
conteúdo conforme as suas necessidades, não existindo uma mera escolha entre a adesão
ou não de um contrato. Não obstante as regras dos Incoterms, estas podem ser sempre
alteradas pelas partes. Atende-se ainda para o facto de que os Incoterms não regulam o
contrato de modo geral, deixando de parte elementos como o preço”. A autora enquadra
os Incoterms nos usos comercias.

Concordamos com a crítica apresenta na medida em que as cláusulas contratuais gerais


constituem limite a liberdade de estipulação, tendo o seu campo de aplicação em situações
em que a possibilidade de negociação de cláusula por cláusula acabaria por afectar a
dinâmica da actividade exercida por uma das partes em função do elevado número de

15
Vicente, Dário Moura , apud Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e
Interpretação de Contratos Comerciais Internacionais, 2017. 16p (Tese de Mestrado. Universidade de
Lisboa. Faculdade de Direito
16
Pinheiro, Lima, apud , Ibidem
17
Cordeiro, Menezes, apud , Ibidem
18
idem

7
aderentes19, todavia a nível dos contratos internacionais, percebe-se claramente a
plenitude da autonomia das partes no que concerne a adopção ou não dos Incoterms e ao
sentido a eles atribuído.

7.1.Descrição dos Incoterms


Nesta parte do trabalho passaremos a descrever os onze Incoterms elaborados pela CCI e
os seus respetivos significados, olhando para as vantagens e desvantagens das partes
atendendo ao recurso de cada Incoterm em particular. Para o efeito seguiremos a
arrumação trazida por Michael D.Easton que corresponde a arrumação constante do Guia
da ICC relativo aos Incoterms de 2010 (para todo tipo de transporte e os exclusivos para
o transporte por mar ou rio)

7.1. Terminologias

Delivery20- termo em inglês que vai determinar o local de entrega e o momento em que
transfere-se o risco, assim sendo sempre que nos Incoterms fizer-se recurso a este termo
terá este duplo sentido, sendo um termo de tamanha importância;
Packing21- termo relativo a obrigação de deixar o bem apenas pronto para o transporte;

Pre-Carriege- termo relativo a obrigação de transportar o bem das instalações do


vendedor até ao porto de ponto de partida;

Main Carriage22- termo relativo a obrigação de retirar o bem do ponto de partida ao


ponto de destino (do país de partida ao país de destino)

On Carriage- termo relativo a obrigação de retirar o bem do ponto de chegada até ao


local de entrega (dentro do país de destino).

7.2. Incoterms usados para todas formas de transporte

DDP – Delivered Duty Paid-o vendedor assume todas responsabilidades até o bem ser
entregue no local estabelecido “ Delivery”;

19
Diz-se por conseguinte, contrato de adesão aquele em que um dos contraentes- o cliente, o consumidor-
como sucede, por exemplo, na generalidade dos contratos de seguro e de transporte por via aéreo, férreo
ou marítimo ou dos contratos bancários, não tendo a menor participação na preparação e redação das
respectivas cláusulas, se limita a aceitar o texto que o outro contraente oferece, em massa ao publico
interessado. Varela Antunes, Das Obrigações em geral ,vol I, 10ª ed, Almedina , 252, 253p
20
“WHEREthe RISK of loss or damage to the goods PASSES from SELLER to BUYER” , Easton D.
Michael, Op.cit., p9
21
Packingis defined to comply with the terms of the sales contract as “fit for transport”, but does
notinclude stowage within a container, , Easton D. Michael, Op.cit., p9
22
Main carriage is the transportation from the port of departure to the port of arrival , Easton D. Michael,
Op.cit., p9

8
Aconselha-se o comprador a não fazer recurso a este pois na maioria dos casos gera
atrasos na entrega (apenas soa bem no papel), quanto ao vendedor, aconselha-se a evitar
por ser muito dispendioso;

DAP –Delivered At Place- o comprador assume todas obrigações relativas ao despacho


alfandegário e o vendedor cuida de tudo o resto (Packing, pre-carriege, main carriege, on
carriege). Atribui maiores vantagens ao comprador todavia gera algumas desvantagens
como: aumento do preço devido ao custo dos outros serviços a cargo do vendedor, deixa
o comprador dependente do vendedor para assegurar o transporte em país estrangeiro. É
recomendável a compradores que não tenham uma infraestrutura forte (bom para
pequenas parcelas e transporte aéreo). Apesar de não definir o local de entrega e cabendo
a convenção das partes, aconselha-se o vendedor a estabelecer como local de entrega o
porto/ aeroporto em função de possíveis riscos que pode correr atendendo a situação dos
pais de destino;

DAT –Delivered At Terminal- o comprador tem a responsabilidade de tratar do despacho


alfandegário, transportar o bem do ponto de chegada até as suas instalações ( On carriege
), o vendedor mantem a responsabilidade relativa as questões anteriores ao transporte(
Pre carriege) e ao transporte do ponto de partida ao ponde de chegada ( Main carriege).
Aconselha-se ao comprador a fazer uso do DAP todavia o DAT seria mais favorável para
o vendedor;

CIP – Carriage and Insurance Paid To-- a entrega (Delivery) considera-se feita assim que
o vendedor leva o bem ao local convencionado (geralmente é o primeiro porto em que
faz-se o carregamento) mas o vendedor paga todo o transporte até ao referido local (Pre
Carriege), aqui determina-se que o seguro fica a cargo do Vendedor

CPT – Carriage Paid To- a entrega (Delivery) considera-se feita assim que o vendedor
leva o bem ao local convencionado (geralmente é o primeiro porto em que faz-se o
carregamento) mas o vendedor paga todo o transporte até ao referido local (Pre Carriege,
Main Carriage); Michael D.Easton 23afirma que estas regras são em termos gerais as mais
equilibradas na medida em que o Pre Carriage e o Main Carriage ficam a cargo do
vendedor e os custos de descarregamento e entrega final a cargo do comprador

FCA –Free Carrier- o comprador assume todos riscos desde o ponto de partida ao ponto
de chegada, cabendo o vendedor levar o bem até ao ponto acordado( Pre carriage). É
aconselhável a compradores fortes, com capacidade para assegurar o transporte e que
tenham produção acelerada, pode não ser recomendável com compradores pouco
sofisticados pelo facto do vendedor ficar limitado em relação a prestação de auxílio ao
comprador, podendo não ser viável;

23
These rules are generally the most balanced, though the pre-carriage and main carriage are still paid for
by the seller. The buyer has the responsibilities and costs of unloading and final delivery , Easton D.
Michael, Op.cit., p20

9
EXW – Ex Works- o vendedor deixa os bens disponíveis nas suas instalações, cabendo
ao comprador tudo o resto (pre carriage, main carriage, on carriage). Aconselha-se o
comprador a evitar, todavia é bom para o vendedor. ~

7.3.Incoterms usados apenas para o transporte marítimo e fluvial

FOB-Free On board- a entrega (Delivery) ocorre quando o bem é posto no navio de


partida (Pre carriage) passando o comprador a assumir todas as responsabilidades depois
da entrega;

FAS- Free Alongside- diferente da FOB a obrigação do vendedor é de colocar o bem


pronto para transporte ao lado do navio de partida;

CIF-Carriage, Insurance, and Freight, CFR-Cost and Freight- são termos equivalentes ao
CIP e ao CPT respectivamente, sendo que a única diferença pura é que nestes é apenas
possível fazer menção ao porto, não sendo possível estabelecer como local de entrega
as instalações do comprador como ocorre no CIP e no CPT- a entrega (Delivery) ocorre
assim que o vendedor leva a mercadoria ao local convencionado com a limitação quanto
ao local já referida

Tendo feito a apresentação dos Incoterms e do sentido a estes atribuído pela CCI, olhando
para as vantagens que confere a cada uma das partes atendendo a cada Incoterm em
particular, cumpre agora apresentarmos os quatro grupos em que os Incoterms estão
organizados, sendo que de modo a evitarmos repetições, faremos uma mera arrumação
sem voltar a mencionar as obrigações que deles decorrem ao detalhe.

Grupo Incoterms Vendedor Comprador


E-Partida EXW Ficam a seu cargo Ficam a seu cargo o
apenas o Packing Pre Carriage, Main
Carriage, On
Carriage
F-Transporte FAC, FAS,FOB Ficam a seu cargo o Ficam a cargo do
principal não pago Packing e o Pre Main Carriage e do
(pelo exportador) Carriege On Carriage
C-Transporte CPT,CIP,CFR,CIF Ficam a seu cargo o Ficam a seu cargo
principal pago (pelo Packing, Pre os Custos
exportador) Carriage, Main aduaneiros e o On
Carriage Carriage
D-Chegada entrega DAT,DAP,DDP Ficam a seu cargo Ficam a seu cargo
em regra todo o as despesas
transporte, salvo alfandegarias e ao
em relação ao DAT tratar-se do DAT o
On Carriage

10
7. Conclusão
Do estudo feito, retiramos as seguintes conclusões:

A) Os Incoterms vieram facilitar a vida dos comerciantes e as dos juristas pois


acabam por fazer com que os contratos tenham uma estutura mais reduzida,
evitando-se repetições e fazendo um mero recurso a siglas,
B) Reduz o grau de discordância entre as partes, estabelecendo quais as
prestações acessórias de cada uma
C) Proporciona meios adequados para o cumprimento das obrigações principais
D) Não se aplicam aos contratos coligados ao contrato principal (compra e
venda de mercadorias)
E) Têm maior incidência nos contratos internacionais podendo ser aplicados a
contratos internos
F) Para que vinculem as partes é necessário que se faça recurso a autonomia,
não possuindo força vinculativa por si
G) Em certa medida dão margem de manobra as partes cabendo a cada uma
fazer o uso adequado da sua capacidade de negociação
H) Por fim conseguimos perceber que os instrumentos internacionais
harmonizam a vontade das partes, todavia não estão a favor das partes mas
sim a favor do comércio, razão pela qual as partes fazem recurso as mesmas.

11
Agradecimentos

A academia tem um grande papel social, não só no campo da formação humana, como
campo de transmissão de conhecimentos, mas principalmente como centro de produção
de ciência.

Neste sentido, é tarefa fundamental de todos os seus actores (professores, estudantes)


realizar esforços no sentido de tornar efectiva essa nobre missão. Assim, sendo,
agradecemos, em primeiro lugar, ao professor de Direito do Comércio Internacional, Dr.
Arnold Ferreira, pelos desafios que tem proposto à turma do 5º Ano de 2019, da
Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola, fomentando a investigação
científica. Em segundo lugar, cumpre-nos agradecer aos nossos colegas que fizeram as
apresentações anteriores Jenilza Pires e Jesualdo Muvuma, por terem servido de
incentivo em função do esforço e cuidado apresentado durante as suas exposições e aos
demais colegas como principais destinatários.

12
Referências bibliográficas
Varela Antunes, Das Obrigações em geral, vol. I, 10ª ed, Almedina

Ferreira Moço, Ana Carolina da Silva, Incoterms na Integração e Interpretação


de Contratos Comerciais Internacionais, Universidade de Lisboa. Faculdade de
Direito,2017

Sigel, Tiago, CONTRATOS INTERNACIONAIS, UNIVERSIDADE TUIUTI DO


PARANÁ, 2012

ICC. Guide to Incoterms 2010

Easton D. Michael, Incoterms® 2010 Buying with the International


Commercial Terms. Disponível em: www.starusatraining.com

Pinheiro, Lima in Incoterms - Introdução e traços fundamentais

Disponível em
http://www.oa.pt/Conteudos/Artigos/detalhe_artigo.aspx?idc=31...

Rodriguez Calderón, Cristian L, INCOTERMS2010. Disponível em:

http://www.prompex.gob.pe/Miercoles/Portal/MME/descargar.aspx?archivo=7
45FEC42-92E-4370-90AC-E96E1B51A55D.PDF.

Convenção da Onu sobre os contratos de compra e venda internacional de


mercadorias Uncitral-Viena-1980

13

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