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Matemática Financeira | 21159

e-fólio global | Proposta de resolução

1. Foi efectuado um depósito de 100 000 euros que gerou, passados 27


meses, o juro líquido de 7 871,76 euros. A taxa de juro começou por ser
de 5 % (anual efectiva bruta, capitalizações trimestrais, juros sujeitos a
IRS à taxa liberatória de 25 %, tributação efectuada período a período),
taxa que se manteve durante um período de tempo. Depois foi alte-
rada para 1,5 % (semestral nominal líquida composta mensalmente) e
manteve-se assim até ao final do depósito.

a) Calcule as taxas mensais efectivas líquidas para cada um dos pe-


ríodos.
Resolução: Para o primeiro período: a taxa trimestral bruta é

itrim bruta = (1+ianual bruta )3/12 −1 = (1, 05)1/4 −1 ≈ 0, 012272234.

A taxa trimestral líquida é

itrim liq = itrim bruta (1−timposto ) ≈ 0, 012272234(1−0, 25) ≈ 0, 009204175815.

A taxa mensal efetiva líquida é

imensal liq = (1+itrim liq )1/3 −1 ≈ (1, 009204175815)1/3 −1 ≈ 0, 00305869345.

Para o segunda período: a taxa mensal efetiva líquida é

imensal = isemestral /6 = 0, 015/6 = 0, 0025.

b) Quantos meses decorreram entre o início do depósito e a alteração


da taxa de juro? (Caso não tenha calculado a alínea a), considere
que os valores aí obtidos sejam 0,4% e 0,3%.)
Resolução: O capital acumulado ao fim dos n meses do primeiro
período é Cn = 100000(1+0, 00305869345)n , e, ao fim de 27 meses

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é C27 = 100000+7871, 76 = 107871, 76. Portanto, como o segundo
período tem 27 − n meses, temos

C27 = Cn (1 + 0, 0025)27−n
107871, 76 = 100000(1, 00305869345)n (1, 0025)27−n
107871, 76 1, 00305869345n
= n
1, 002527
100000 1, 0025
1, 0787176
≈ 1, 0005573n
1, 069740147
ln 1, 008392181
n ≈
ln 1, 0005573
0, 008357162484
n ≈
0, 000557144766
n ≈ 15 meses

2. Uma empresa tem de pagar hoje uma dívida ou substituí-la pelo paga-
mento de 11 prestações anuais de 10 000 euros cada, com início de
hoje a um ano. Sabendo que a taxa de juro anual efectiva é de 4% nos
quatro primeiros anos, de 6% nos quatro anos seguintes, e 5% nos três
anos finais, qual é o valor da dívida a pagar hoje?
Resolução: Consideramos três rendas e calculamos a soma dos três
valores actuais. Para a primeira renda (duração de 4 anos, postecipada,
1−(1+0,04)−4
imediata) temos o valor actual de R(0) = 10000 0,04
≈ 36298, 95
EUR.
Ao fim de 4 anos inicia a segunda renda. Quando inicia a segunda renda
(duração de 4 anos, postecipada, imediata), temos

1 − (1 + 0, 06)−4
R(0) = 10000 ≈ 34651, 05613 EUR,
0, 06
o que actualizado para hoje dá 34651, 05613(1 + 0, 04)−4 ≈ 29619, 87
EUR.
Ao fim de 8 anos inicia a terceira renda. Quando inicia a terceira renda
(duração de 3 anos, postecipada, imediata), temos

1 − (1 + 0, 05)−3
R(0) = 10000 ≈ 27232, 48029 EUR,
0, 05
o que actualizado para hoje dá

27232, 48029 · 1, 06−4 · 1, 04−4 ≈ 21570, 67507 · 1, 04−4 ≈ 18438, 70 EUR.

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Logo, a dívida hoje é de 36298, 95 + 29619, 87 + 18438, 70 = 84357, 52
EUR.

3. Um crédito à habitação foi contraído nas seguintes condições:

• prazo: 30 anos;
• montante: 200 000 euros;
• reembolso: através de prestações mensais constantes e posteci-
padas;
• taxa de juro (anual efetiva composta mensalmente): 5%.

(Os cálculos neste exercício são muito sensíveis a erros de arredon-


damento. Aceitamos as seguintes tolerâncias: a,b) ±0, 1 EUR, c) ±10
EUR, d) ±1 EUR.)

a) Calcule o valor de cada prestação mensal.


Resolução:
A taxa mensal é imensal = (1 + ianual )1/12 − 1 ≈ 0, 004074124.
O pagamento de prestações constantes corresponde ao sistema
francês. O número de prestações mensais é n = 360. Temos

1 − (1 + i)−n
C0 = C̄
i
1 − 1, 004074124−360
⇔ 200000 ≈ C̄
0, 004074124
200000 · 0, 004074124
⇔ C̄ ≈
0, 768622569
814, 8248
⇔ C̄ ≈ ≈ 1060, 11 EUR
0, 768622569

b) Desdobre a ultima prestação em amortização de capital e juro.


Resolução: J1 = iC0 ≈ 0, 004074124 · 200000 ≈ 814, 82 EUR.
Então, a amortização M1 = 1060, 11 − 814, 82 = 245, 29 EUR.
Portanto, a ultima amortação é

M360 = M1 · (1 + i)360−1 = 245, 29 · 1, 004074124359

≈ 245, 29 · 4, 304406026 ≈ 1055, 83 EUR.


Então o juro da ultima prestação é 1060, 11−1055, 83 = 4, 28 EUR.

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c) Calcule a totalidade dos juros pagos ao longo do prazo do emprés-
timo (admitindo que não ocorre qualquer alteração).
Resolução: A totlidade das prestações pagas, 360 · 1, 060, 11 =
381639, 60 EUR, corresponde à amortização do empréstimo e ao
pagamento de juros. Portanto, a totalidade dos juros pagos é
381639, 60 − 200000 = 181639, 60 EUR.
d) Calcule o capital em dívida imediatamente após o pagamento da
10ª prestação.
Resolução:
O capital em dívida depois de paga a 10ª a prestação é dado pela
1−(1+i)−m
expressão D10 = C̄ i
, com m = 360 − 10 = 350. Portanto,

1 − (1, 004074124)−350 0, 759021251


D10 = 1060, 11 ≈ 1060, 11
0, 004074124 0, 004074124
≈ 1060, 11 · 186, 3029332 ≈ 197501, 60 EUR.

4. Um empréstimo obrigacionista foi emitido nas seguintes condições:

• Número de obrigações emitidas: 800 000;


• valor nominal: 10 EUR;
• prémio de reembolso: 0,75 EUR, incluído no valor da prestação;
• taxa de cupão: 10% ao ano;
• amortização: 5 quotas anuais constantes de capital.

a) Elabore o quadro de amortização do empréstimo, incluindo as co-


lunas relativas a: Tempo, Número de obrigações vivas, Valor nomi-
nal das obrigações vivas, Juro, Número de obrigações a amortizar,
Amortização, Prestação, Número de obrigações mortas.
Resolução: O número de obrigações emitidas é N = 800000 e o
seu valor nominal é Vn = 10 EUR, pelo que o montante global do
empréstimo é C0 = N · Vn = 800000 · 10 = 8000000 EUR. Estes
valores são os dois primeiros da linha 1 do quadro de amortização.
O número constante de obrigações a amortizar em cada ano é
m̄ = N/n = 800000/5 = 160000 obrigações. Este é o valor que
preenche toda a coluna do Nº de obrigações a amortizar. A coluna
do Nº de obrigações mortas corresponde ao acumular das obriga-
ções a amortizar em cada período e terá, para o tempo k , o valor
k m̄.

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Subtraindo sucessivamente o valor m̄ = 160000, completamos a
coluna do Nº de obrigações vivas e, multiplicando por 10 EUR,
obtemos os valores da coluna seguinte, Vn das obrigações vivas.
O juro periódico é calculado com base no valor nominal das obriga-
ções vivas. Logo, em cada linha o valor de Jk é obtido multiplicando
o valor da coluna Vn das obrigações vivas pela taxa i = 10%.
Neste caso de quotas constantes de capital, a amortização vai ser
também constante, M̄ . Como há um prémio de reembolso que é
incluído no valor da prestação, a amortização será calculada pelo
valor de reembolso das obrigações, isto é, pela soma do seu valor
nominal e do prémio de reembolso:
M̄ = m̄Vr = m̄(Vn + 0, 75) = 160000 · (10 + 0, 75) = 1720000 EUR.
Por fimm, em cada linha a prestação é dada pela soma do juro e
da amortização, Ck = Jk + M̄ . Portanto, o quadro de amortização
é

Tem Nº obrig. Vn obrig. Juro Jk Nº obrig. Amortiz. M̄ Prest. Ck Nº obrig.


po vivas vivas (EUR) (EUR) amort. (EUR) (EUR) mortas
1 800000 8000000 800000 160000 1720000 2520000 160000
2 640000 6400000 640000 160000 1720000 2360000 320000
3 480000 4800000 480000 160000 1720000 2200000 480000
4 320000 3200000 320000 160000 1720000 2040000 640000
5 160000 1600000 160000 160000 1720000 1880000 800000

b) Determine a vida mínima, a vida máxima e a vida média das obri-


gações.
Resolução: A vida mínima corresponde ao período que vai da
emissão até ao primeiro reembolso, o que, neste caso, é um ano.
A vida máxima é o espaço de tempo entre a emissão e o último
reembolso, isto é, n = 5 anos. Como neste exemplo mk = m̄
para todos os tempos k , a vida média das obrigações é dada pela
expressão:
1
Vmedia = Σ5 k · 160000
800000 k=1
= (160000+320000+480000+640000+800000)/800000 = 3 anos.

FIM
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