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FACULDADE DE ECONOMIA

RESPOSTAS DO EXAME DE CÁLCULO FINANCEIRO


Curso: Mestrado em Ciências Actuariais Data: 21.09.2018
Turma: Única Duração: 120 min

1. Responda as seguintes questões teóricas:

(a) (5 V) Defina Taxa Interna de retorno de um projecto e interprete o seu significado.


Resposta:
A taxa interna de retorno para um investimento que decorre de n perı́odos com
fluxo de caixa positivo dado por A0 , · · · , An , taxas de juros dadas por i e fluxos de
saı́das dados por B0 , · · · , Bn é a taxa que ao longo dos n perı́odos de investimento
permite que
Xn Xn
Ak (1 + i)−n = Bk (1 + i)−n .
k=0 k=0

A TIR pode ser escrita como


n
X
Ck (1 + i)−n , Ck = Ak − Bk ,
k=0

podendo por isso ser tida como a taxa de juros que permite que ao fim do perı́odo
de investimento o fluxo de caixa lı́quido seja nulo.
(b) (5 V) Defina custo de capital e interprete o significado da igualdade deste com a
TIR.
Resposta:
O custo de capital é uma taxa de juros que normalmente é prefixada e que determina
o valor actual do projecto (VAL). Quando o valor actual do projecto é positivo,
diremos que a taxa usada (custo de capital) faz com que o projecto seja reentável.
Se o VAL for negativo, diremos que considerando o custo de capital usado, o projecto
não é reentável. A TIR é uma taxa de juros que quando usada como custo de capital,
o VAL torna-se nulo. Assim, poderemos também interpretar a TIR como a taxa de
juro que faz com que o VAL seja nulo.
(c) (3 V) Defina Money Weighted Rate of Return.
Resposta:
É uma taxa que é utilizada para avaliar investimentos. Normalmente é de avaliação
anual e Determina o racio do valor de retorno do projecto ao longo de um dado ano
e o valor anual médio desse projecto.
(d) (7 V) Defina Time Weighted Rate of Return e diferencie de MWRR.
Resposta:
É uma taxa de juros que indica o rácio do retorno anual obtido com o esperado ou
com o retorno anual de outros projectos. A diferença entre ela e a MWRR é que ela
avalia o retorno anual em função do tempo, enquanto a TWRR avalia o retorno em
função do tempo do investimento.
2. (20 V) Ao completar 40 anos de idade, Albert fez um acordo com um banco nos termos
seguintes, colocou 100 contos remunerados à taxa de 5 % a.m capitalizável mensalmente,
sob a condição de que aquele capital e os juros se mantivessem no processo de capitalização
até o dia da sua morte, momento em que o valor resultante teria o destino que se segue:
Ser entregue aos dois netos em partes iguais, se estes já tivessem atingido 18 anos. Caso
contrário, continuar em capitalização, mas partilhado entre os dois netos de modo tal
que cada um viesse a receber a quantias equivalentes uma vez atingissem os 18
anos. Albert finou precisamente 5 meses após completar 41 anos de vida. Um dos netos
já tinha 20 anos de idade, tendo o outro apenas 17 anos exactos. Por situações de força
maior, o neto mais novo não levantou o seu dinheiro ao completar 18 anos tendo colocado
para capitalização em regime de juros puramente simples com taxa de juros de 25%a.a.
Nesse perı́odo utilizou os juros obtidos a cada mês, para compor um outro investimento.
Determine o valor entregue ao neto mais novo ao completar 19 anos.
Resposta:
Vamos começar por entender o seguinte:

• Há um investimento de 100 000 unidades monetárias (UM), com capitalização mensal
a taxa de juros de 5%;
• Passados 17 meses o valor do investimento é dado por 100 000(1+0.05)17 = 229 201.8 U M ;
• É este montante que deve ser partilhado de modo a garantir que quando cada um
dos netos completa 18 anos, receba quantias equivalentes;
• Para receber quantias equivalentes, é preciso que na hora de partilha, cada um tenha
o mesmo valor.

Com base nisso, teremos X como a quantia para o neto mais velho na hora da partilha
e Y a quantia para o neto mais novo na hora da partilha, por isso

X = Y,
X + Y = 229 201.8.

Dai que teremos X = Y = 114 600.9 U M. Como o neto mais novo não recebe o valor de
imediato, quando ele completa 18 anos recebe um valor

Z = Y (1 + i)12 = 205 806.8 U M.

O valor que vence quando o neto mais novo completa 18 anos não é retirado do sistema
bancário e é renegociado para um investimento com capitalização mensal a uma taxa de
juros j = 0.25
12
= 0.020833. Este valor submetido a um investimento com regime de juros
puramente simples, faz com que, ao completar 19 anos, o banco entregue ao neto mais
novo uma quantia

V = Z(1 + j) = 205 806.8 × (1 + j) = 210 094.4.

3. (20 V) Albert vai investir na construção de um hotel e não tem recursos para tal. Pediu
um empréstimo de 100 contos que deve salda-lo a zero 2 anos a contar do momento que
terminar a construção do hotel. Submete-se a um capital que vai custar lhe 6% ao ano e
deverá pagar esses custos desde o primeiro dia da dı́vida até ao fim desta. Consultou a
uma empresa de engenharia que prometeu construir-lhe o Hotel em 1 ano. Elabore uma
tabela que descreva a amortização do empréstimo. Na mesma tabela constitua um fundo
de depósitos em progressão aritmética que assegure que ao fim da vida do empréstimo
Albert tenha as condições de saldar a sua dı́vida, assumindo que utilize uma taxa de juros
de 5% ao ano e um incremento dos valores depositados em 1000 meticais ao ano.
Resposta:
Temos uma taxa de juros anual de 0.06, e os juros são pagos ao longo de todo o tempo de
vida do empréstimo. O juros serão iguais a 100 000 × 0.06 = 6 000 U M. Ha uma renda
em progressão aritmética que é constituida a taxa de juros de 0.05% para compor o fundo
de amortização de modo a que ao fim de 3 anos sejam constituidas as 100 000 U M para
amortização da dı́vida. O primeiro termo da progressão será dado por t e é dado por:

1 − (1.05)−3
   
1000 3 × 1000
100 000 = × t+ + 3 × 1000 − (1.05)3
0.05 0.05 0.05

de onde teremos
t = 30 753.37 U M.
Portanto no primeiro pagamento vai pagar se o valor de t e os juros. No segundo paga-
mento serão pagos t + 1000 = 31 753.37 U M e os juros. No terceiro pagamento serão
pagos 32 753.37 U M e os juros. Veja que os termos da renda serão capitalizadas ao
longo do tempo. Assim o fundo de amortização terá seguintes valores: 30 753.37 no
primeiro ano, 30 753.37(1.05) + 30 753.37 = 64 044.41 U M no segundo ano e analoga-
mente, será 100 000 U M no terceiro ano. As prestações para cada ano serão dadas por
30 753.37 + 6 000 = 36 753.37 U M no primeiro ano, 37 753.37 U M no segundo ano e
38 753.37 U M no terceiro ano.

4. Um empresário querendo investir para a aquisição de equipamento, submete-se a uma


operação de leasing nas seguintes condições, valor do equipamento: M T 25 000; rendas
fixas anuais e antecipadas, taxa de juro de 15%, prazo de 4 anos e valor residual de 15%
pago no fim. Elabore o quadro de amortização deste contrato, considerando que no acto
da recepção do equipamento o empresário pagou á sociedade de leasing 15% do valor do
equipamento.
Resposta:
A dı́vida inicial é de 0.85 × 25 000 uma vez que 15% do valor emprestado é pago logo no
inı́cio. Por outro lado, há um valor também igual a 0.15 × 25 000 que é pago no fim dos
4 anos. Assim, o valor presente será dado por
1 − (1 + i)−4
0.85 × 25 000 = T (1 + i) + 0.15 × 25 000(1 + i)−4
i
Calculando em função de T teremos T = 5 819.2553.
• O valor inicial da dı́vida é igual a 21250 uma vez que logo no inı́cio há um pagamento
de 15% de 25 000 UM. Faz se uma amortização da dı́vida em T + 3750 e a prestação
é também igual a T + 3 750. Assim, o saldo da dı́vida após a primeira prestação é
igual a 15 430.7447 U M. Nesse ano não há juros a pagar.
• Os juros na segunda prestação são iguais a 2 314.6117 U M e são calculados com
base na taxa de juros de 15% sobre o valor da dı́vida depois de paga a primeira
prestação. A amortização será de 3 504.6436 U M tendo uma prestação constante e
igual a T. Dai um saldo devedor de 11 926.1011 U M.
• No Terceiro ano volta a pagar se uma prestação igual a T. Os juros são calculados
com base no saldo devedor do ano anterior e por isso são iguais a 0.15×11 926.1011 =
1 788.9151 U M, a amortização da dı́vida será igual a 4 030.34 U M e há um saldo
devedor de 7 895.7609 U M depois de paga a prestação.
• No quarto ano os juros são calculados com base no valor do saldo devedor anteriro.
Isto é, os juros seão iguais a 0.15 × 7 895.7609 = 1 184.3641 U M. A dı́vida é
amortizada em 4 634.8912 U M. Ficando se assim com uma dı́vida de 3 260.8697 U M.
Nesse mesmo A quando da recepção do equipamento constituem-se juros iguais a
489.1304 U M que são calculados apartir da dı́vida remancescente. Somando esse
valor ao valor da dı́vida i.e 3 260.8697 U M + 489.1304 U M = 3 750 U M que
corresponde ao valor pago no fim (no momento da recepção do equipamento).
5. Um tı́tulo com maturação daqui a n anos e cupões de 4% está a venda a 90 meticais.
Uma obrigação de tesouro com cupões de 6% está a ser negociada a mesma taxa de juros
e a ser vendida a 105 meticais. O valor nominal e o preço da devolução dos dois tı́tulos
é igual a 100. Determine o tempo de maturação dos dois tı́tulos.
Resposta:

Para resolver este exercı́cio devemos compor o seguinte sistema de equações


1 − (1 + j)−n
90 = 100(1 + j)−n + 0.04 × 100 ,
j
1 − (1 + j)−n
105 = 100(1 + j)−n + 0.07 × 100 .
j
Multiplicamos na primeira equação o 0.04 × 100 = 4 e fazemos o análogo na segunda
equação multiplicando 0.07 × 100 = 7 e teremos

1 − (1 + j)−n
90 = 100(1 + j)−n + 4 ,
j
(0.0.1)
1 − (1 + j)−n
105 = 100(1 + j)−n + 7 .
j
De seguida subtraindo a segunda equação da primeira teremos

1 − (1 + j)−n
15 = (7 − 4) , isto é: 5j = 1 − (1 + j)−n
j
que é o mesmo que dizer
(1 + j)−n = 1 − 5j. (0.0.2)
Usando a equação (0.0.2) em qualquer uma das equações do sistema dado em (0.0.1), isto
é, substituindo (1 + j)−n em qualquer uma das equações do sistema por 1 − 5j teremos
(por exemplo se usarmos a primeira equação):

1 − (1 − 5j)
90 = 100(1 − 5j) + 4
j
5j
90 = 100(1 − 5j) + 4
j
90 = 100(1 − 5j) + 20
70 = 100(1 − 5j)
0.7 − 1 = −5j
j = 0.06.
Com base no valor de j determinamos, por exemplo, apartir da equação (0.0.2) o valor
de n, i.e:
(1 + j)−n = 1 − 5j
(1 + 0.06)−n = 1 − 5 × 0.06
(1.06)−n = 1 − 5 × 0.06
(1.06)−n = 0.7
ln(1.06)−n = ln 0.7
−n ln(1.06) = ln 0.7
ln 0.7
−n =
ln(1.06)
n = 6.12117.
Se no lugar da equação (0.0.2) considerarmos por exemplo, qualquer outra equação, desde
que tenha as variáveis n e j, substituindo o j e resolvendo a equação em ordem a n
também determinamos a solução deste exercı́cio.

O Docente:
Prof. Doutor Betuel Canhanga
(Doutorado em Matemática Financeira)

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