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Dois ativos

de renda fixa
para você
comprar agora
com R$ 1 mil

Guilherme
Cadonhotto
Quando eu era jovem (mais jovem), não costumava
dar muito trabalho para os meus pais. Mas, frequen-
temente, eu me achava mais independente do que
com certeza eu era.

Provavelmente, todos passamos por essa fase.

Aprenderia a cozinhar, trabalhar, arrumaria a casa, la-


varia a louça e a roupa, e ainda por cima aprenderia a
fazer um excelente brigadeirão, doce o qual não vivo
sem, feito com maestria pela senhora Helena, minha
mãe.

A verdade é que, provavelmente, quanto mais acredi-


tamos não precisar de algo, é quando realmente mais
precisamos.

Quer um exemplo? Então vamos lá.

Na adolescência mesmo. É a fase em que você mais


acredita ser independente e se aborrece com seus
pais, porém, coincidentemente (ou não), é nela que
você mais precisa da orientação deles.

Se não fosse assim, faríamos tudo o que nos desse na

02.
telha – e, provavelmente, hoje você sabe que o resul-
tado não seria dos melhores.

Hoje em dia, mais experiente e olhando para trás, sei


o quanto eles foram e ainda são necessários em mi-
nha vida. Até mesmo pessoas da terceira idade sa-
bem a falta que um conselho paternal nos faz.

Outro exemplo é o acompanhamento de um psicólogo.

Quando uma pessoa é confrontada por familiares ou


conhecidos, que dizem a ela que deveria se consultar
com um, pois se encontra em um estado de nervos
à flor da pele, provavelmente mais veemente vai ser
sua negação. Já passei por isso, então sei bem como é.

Enxergo esse mesmo, digamos, “fenômeno” no mun-


do dos investimentos.

Hoje é comum ouvir que a renda fixa morreu e que


não precisamos mais dela. Alguns se referem a ela
assim como nos referíamos a nossos pais quando
adolescentes.

03.
Alguns investidores (e isso pode até já ter acontecido
com você) já devem ter sido ridicularizados em uma
roda de amigos por ainda investir em renda fixa. Afi-
nal, os grandes investidores estão cheios de títulos
do Tesouro IPCA+, Tesouro Prefixado, ações e fundos
imobiliários. Mas a verdade – da qual pouquíssimos
se deram conta – é que talvez este seja o momento
em que mais precisamos da renda fixa – pelo menos,
de determinados títulos dela.

E eu vim aqui falar com você justamente para te mos-


trar qual é a minha visão sobre esse assunto e te di-
zer que, sim, você ainda precisa da renda fixa.

04.
Apresentação
Antes que você comece a se perguntar (se já não o
fez) “Quem é esse cara?”, “De onde veio?”, “Como
conseguiu meu e-mail?”, eu vou me apresentar.

Sou o Guilherme Cadonhotto, especialista em renda


fixa da Spiti. Sou técnico em Administração de Em-
presas e tenho formação superior em Economia, par-
te no Brasil e parte em Portugal. Ah, eu adoro um café!

05.
Você já conhece
a Spiti, né?
Se não conhece, tudo bem. Vou te explicar. Se já co-
nhece, não se preocupe. São apenas algumas pala-
vrinhas que vou usar para apresentá-la logo abaixo.

No segundo semestre de 2019, a Luciana Seabra


(CEO da Spiti) assinou um memorando de entendi-
mento com o Guilherme Benchimol (meu xará e CEO
da XP Inc.) para criar uma empresa cujo objetivo é
fazer recomendações de investimentos com alto po-
tencial de acertos para você, na sua língua, seja você
quem for.

Assim nasceu a Spiti, cujo nome, em grego, significa


casa – falamos de dinheiro de forma simples e dire-
ta, sem frescura nem rodeios e, principalmente, sem
exageros.

Desde o início, a Luciana fez um acordo claro com o


Guilherme: nós teríamos independência total para

06.
continuar recomendando apenas os produtos em que
acreditamos, não importa de que gestora ou corretora.

Ele aceitou! Afinal, faz todo o sentido, para comple-


mentar a gama de serviços oferecidos pela XP Inc.,
uma casa de análise independente que ajude as pes-
soas a investirem melhor para transformar suas vi-
das.


Você agora passa
a ser um dos sortudos
que têm acesso a esse
conteúdo, independente
e cheio de propósito.

07.
Quem paga
pelo nosso trabalho?
Quem paga pelo meu trabalho e do time da Spiti é
quem assina nossas publicações. Nunca recebemos
nada pelos produtos que recomendamos.

Você não pagou nada por este relatório. Estou te en-


viando-o para que conheça meu trabalho. Além disso,
você também não vai pagar nada pelas newsletters
que vai receber no seu e-mail a partir de hoje.

Depois de conhecer o meu trabalho e o dos outros


analistas da Spiti, você fica à vontade para decidir se
assina ou não nossa série de relatórios.

Como é trabalhar
com renda fixa?
Muitos de vocês acreditam que trabalhar com ren-
da fixa é tranquilo, não tem surpresas, e os ativos de
renda fixa, como o próprio nome diz, oscilam muito
pouco.

08.
Na verdade, não é bem assim. A renda fixa oscila,
sim. E muito. Em alguns casos, mais do que o Índice
Bovespa.

Exemplo rápido para você, incrédulo e desconfiado,


que só acredita vendo.

Na fatídica noite de 17 de maio de 2017, foram di-


vulgados os áudios das gravações de conversas com-
prometedoras do até então presidente Michel Temer
com Joesley Batista (JBS).

No dia seguinte, em 18 de maio, o Ibovespa, principal


índice de ações no Brasil, fechou o dia em queda de
8,80%. Imagina só perder 8,80% em um único dia.
Ruim, não?

Agora, o que deve ser novidade para muitos: no mes-


mo dia, um título público de RENDA FIXA perdeu mais
de 20%. Isso mesmo, em um ÚNICO DIA.

Isso quer dizer que, se você tivesse R$ 10 mil investi-


dos em renda fixa, de um dia para o outro, esse mon-
tante teria virado R$ 8 mil. Ou seja, você teria perdido
um iPhone (usado).

09.
Portanto, cuidado ao tirar conclusão precipitada so-
bre a segurança da renda fixa. Ela pode não ser tão
tranquila e simples quanto você imagina.

Além dos títulos públicos, a renda fixa também ofere-


ce diversas opções de investimento em crédito priva-
do, que são títulos emitidos por bancos e empresas,
e também em derivativos.

Trabalhei por anos com cada uma dessas modalida-


des e aprendi bastante coisa antes de estar aqui para
te falar do comportamento desses ativos e de qual é
o melhor momento para investir em cada um deles.

10.
Apesar disso,
você deveria dar mais
valor à renda fixa...

Algumas pessoas, ao conversar comigo, ficam bem


animadas ao saber que trabalho no mercado finan-
ceiro. Mas essa animação logo acaba quando fazem a
seguinte pergunta:

“Que legal. Então é você que compra e vende ações?”

“Mais ou menos. Eu faço isso, mas na parte de renda fixa.”

“Ah tá, legal!”, escuto em tom muito menos animado,


típico de criança quando ganha uma peça de roupa
no Natal.

Esse sentimento é despertado nas pessoas por elas


não conhecerem realmente o universo de renda fixa.

11.
Ele te oferece oportunidades de ganhos excepcio-
nais e com uma previsibilidade maior do que ações
ou fundos imobiliários. Você duvida? Vou te explicar
mais sobre isso à frente.

Uma grande diferença entre a renda fixa e a renda va-


riável (ações) é o fato de que a maior parte das oscila-
ções dos preços dos ativos de renda fixa são causados
por fatores macroeconômicos, como por exemplo a
atividade econômica, inflação, juros e esses mesmos
fatores também no cenário global.

Já na análise de ações, além de fazer esse levanta-


mento, que tem peso muito relevante em seus pre-
ços, você precisa estudar o setor em que cada negó-
cio atua, além de analisar também a própria empresa
inserida nele.

Você deve, então, pensar: “Ah, Guilherme, por isso a


Bolsa apresenta um retorno muito superior aos índi-
ces de renda fixa, né?”.

12.
Mas isso não é verdade...
Desde 2004, o índice IMA-B, que acompanha o ren-
dimento dos títulos do Tesouro IPCA+, acumula valo-
rização superior a 800%, enquanto o Ibovespa entre-
gou um resultado pouco acima de 400%, abaixo do
CDI no mesmo período.

Não quero entrar na briga de renda fixa x renda va-


riável, até porque a Bolsa traz algumas oportunida-
des pontuais que entregam retornos exorbitantes,
que são dificilmente alcançados via ativos na renda
fixa – em derivativos, é outra história, mas isso é tema
para outro relatório.

Só quero te mostrar que a renda fixa pode ser muito


vantajosa também e, além disso, que os movimentos
seguem ciclos que acompanham, em grande parte, o
ritmo de nossa economia.

Antes de provar isso, eu preciso te dizer algo que você


pode já ter ouvido em outro lugar, mas é sempre bom
ouvir novamente: rentabilidade passada não é garan-
tia de rentabilidade futura.

13.
Portanto, você que comprou Tesouro IPCA+ 2035,
Tesouro Prefixado 2029 ou de qualquer outro ven-
cimento, acredite quando eu te digo: o retorno que
você observou nos últimos meses e anos não vai se
repetir daqui para a frente.

E digo mais: além deles, os títulos de crédito priva-


do que possuem caráter prefixado também tendem
a não apresentar o retorno observado no passado re-
cente, e, por esse motivo, no momento eu indico ati-
vos pós-fixados na renda fixa.

Antes de te explicar
o porquê desse
movimento...
Eu fiz uma curadoria na plataforma da XP, à procu-
ra dos melhores ativos para enfrentar esse período
desfavorável para a renda fixa, e encontrei dois ativos
superinteressantes. Vamos dar uma olhada neles?

14.
São ativos pós-fixados que vão te entregar um retor-
no maior do que a taxa do CDI ou de um Tesouro Selic
sem te expor aos riscos que enxergo hoje, ou seja,
eles apresentam uma boa relação entre risco e re-
torno, e o melhor: você consegue investir neles com
R$ 1 mil.

Dentre os ativos de crédito privado, dois me cha-


maram bastante atenção: a LCA do Banco ABC e a
LCA do Banco Original.

15.
Um porto seguro:
LCA Banco ABC
A Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) é um títu-
lo de renda fixa emitido por bancos que possui como
foco o financiamento das atividades do agronegócio.
Ela conta com a garantia do Fundo Garantidor de Cré-
ditos (FGC), ou seja, em caso de não pagamento da
dívida pelo banco, o órgão garante ao investidor o pa-
gamento dos recursos investidos naquele ativo. Além
disso, os recursos nela investidos não sofrem a inci-
dência do Imposto de Renda, ou seja, o rendimento
do papel vai todo para você, investidor ou investidora.

Agora, vamos falar mais do Banco ABC. Trata-se de


um banco de porte médio, que iniciou suas atividades
no ano de 1989, focado no segmento corporativo, raiz
que mantém até hoje, tendo sua carteira de crédito
corporativa correspondendo a 98% da carteira total.

16.
Apesar de mais concentrada na região Sudeste (50%
da carteira), o ABC tem operações em outras regiões,
inclusive no exterior – terceira maior carteira por re-
gião do banco.

Atualmente, a região Sudeste é a principal responsá-


vel pela retomada do crescimento do país, portanto,
essa concentração pode ser vista como uma vanta-
gem para o banco.

No gráfico abaixo, podemos ver uma variação da car-


teira de empréstimos corporativos do ABC acima do
mercado:

Fonte: Relatório de Resultado 3T19 do ABC

17.
O ABC tem uma nota de classificação de crédito muito
boa pelas agências especializadas de risco, ou seja, a
chance de não pagar suas dívidas é baixa. Além disso,
é importantíssimo olhar o Índice de Basileia (IB) dos
bancos cujos ativos pretendemos colocar na carteira.

O IB mostra basicamente qual é a relação entre os


créditos concedidos pelo banco e o patrimônio da
instituição financeira. Por exemplo, se um banco tem
o IB de 20%, significa que, a cada R$ 100 empresta-
dos por ele, há R$ 20 de patrimônio.

Esse índice é uma excelente maneira de você enxer-


gar se o banco está apto a enfrentar algum choque,
ou seja, se tem capital próprio suficiente para enca-
rar possíveis momentos desfavoráveis.

O Índice de Basileia do Banco ABC está em 17,40%,


ou seja, a cada R$ 100 que empresta, ele possui R$
17,40 de patrimônio. O mínimo requerido pelo Ban-
co Central, que o estipula visando manter a saúde do
Sistema Financeiro Nacional, é de 10,50%.

Além do IB, é importante observar trimestralmente


qual é o percentual da carteira de crédito do banco

18.
que está inadimplente, ou seja, as operações com
atraso de mais de 90 dias.

Hoje, no ABC, esse saldo é de 1,2% da carteira to-


tal, ou seja, apenas 12 a cada 1.000 operações estão
com os pagamentos em atraso há mais de 90 dias,
um número realmente muito bom.

Esse número nos mostra que o banco foi criterioso


com a concessão de crédito no passado, ou seja, es-
colheu bem para quem concedeu crédito. Porém, de-
vemos olhar outro indicador que nos mostra a quali-
dade de sua carteira atual, visando identificar se esse
número de inadimplência tende a aumentar ou não, o
que pode prejudicar o resultado e a saúde do banco.

Vamos lá!

19.
Resolução nº 2.682 do
Banco Central do Brasil
A resolução nº 2.682 define que bancos e institui-
ções financeiras devem classificar suas operações de
crédito, ou seja, os seus devedores, de acordo com o
nível de risco.

Essa avaliação leva em conta algumas análises sobre


os devedores, tais como: situação financeira, grau de
endividamento, pontualidade nos pagamentos e di-
versos outros itens. As notas vão de AA a H (da me-
lhor, AA, à pior, H).

O Banco ABC concentra 96,40% da sua carteira de


crédito em operações de notas que estão classifica-
das entre AA e C, o que indica um bom patamar de
risco. Portanto, com uma carteira de crédito bem ava-
liada e a esperada recuperação no ambiente econô-
mico para os próximos anos, que deverá melhorar o
resultado das empresas brasileiras (clientes do ABC),
não vemos motivos para piora dos números de ina-
dimplência no horizonte para os próximos anos.

20.
Liquidez
Há outro índice muito importante a ser analisado na
hora de verificar a saúde financeira de um banco. Os
índices de liquidez medem a capacidade que o banco
tem em pagar suas dívidas.

O índice de liquidez corrente, que mede a relação


entre os recursos disponíveis e as dívidas (ambos le-
vando em conta o curto prazo), está acima de 1, o que
indica que o banco possui recursos suficientes para
arcar com suas obrigações.

ROAE
Por último, mas não menos importante, devemos
olhar o ROAE (em português, retorno sobre o patri-
mônio), que nos mostra qual é o lucro do banco sobre
o próprio patrimônio

Basicamente, esse indicador nos mostra quanto de


retorno dada empresa consegue gerar com o dinhei-
ro investido pelos sócios ou acionistas. Um ROAE de

21.
10% significa que a empresa conseguiu entregar um
retorno de R$ 10 a cada R$ 100 investidos pelos acio-
nistas.

O último ROAE apontado pelo ABC foi de 12,50%, re-


lativamente estável frente aos trimestres anteriores.

Com todos os indicadores em nível adequado, o Ban-


co ABC está aprovado em nossa análise de crédito.

Agora vamos falar um pouco mais sobre os ativos do


Banco ABC que estão disponíveis na plataforma da
XP, dado que você chegou a este relatório porque é
um cliente da corretora.

Dentre as LCAs do Banco ABC disponíveis na plata-


forma, indico as de prazo de seis meses. Apesar de
a remuneração ser abaixo do CDI, devemos lembrar
que esse título tem isenção do Imposto de Renda.
Sendo assim, o retorno de 93% do CDI é equivalente
a um CDB com retorno de 120% do CDI.

Agora vamos falar de um ativo que tem um pouco


mais de risco, mas, em compensação, vai te entregar
um retorno um pouco melhor.

22.
Um ativo um pouco
mais apimentado:
LCA Banco Original
Agora que você já conhece os principais indicadores
a se avaliar antes de comprar um ativo de uma insti-
tuição financeira, vamos falar um pouco sobre o Ban-
co Original.

Talvez você não saiba, mas o Original teve seu início


em 2008, e era chamado de Banco JBS, que era um
braço financeiro da companhia JBS, que atua na in-
dústria de alimentos e no processamento de carnes
(e que provavelmente já passou pela sua casa).

Até 2014, o Original atuava com foco na carteira agrí-


cola, que produz resultados muito bons até hoje, e no
setor corporativo. Apenas no ano de 2015, ele lançou

23.
sua nova identidade visual com foco em pessoas físi-
cas, o famoso varejo.

O Banco Original é controlado pela holding J&F, que


controla também a JBS, a maior processadora de
proteína animal do mundo e a segunda maior empre-
sa mundial de alimentos.

Ter um controlador forte e com bastante caixa deixa


o Original em vantagem: se houver necessidade de
aporte de recursos em uma eventual necessidade, é
ótimo ter alguém com capacidade para isso por trás.

As agências de risco não levam a questão dos contro-


ladores em conta na hora de dar uma nota de crédito
para o emissor. Mas eu não sou uma agência de risco,
então eu olho o que é importante para você como in-
vestidor final.

O Banco Original recebeu o grau de investimento de


duas das maiores agências de crédito do mundo.

Hoje a carteira de crédito direcionada a empresas re-


presenta 66% da carteira do banco (há dois anos era
de 80%). Os outros 34% são direcionados para a pes-

24.
soa física, mantendo crescimento constante trimes-
tre a trimestre, alinhado com a estratégia do banco.

O Índice de Basileia está em 13,72% — lembran-


do que o mínimo exigido pelo Banco Central é de
10,50%. O índice que indica inadimplência acima de
90 dias aponta para 1,31% da carteira.

Olhando para a qualidade da carteira hoje, 95% está


entre o risco AA e C, o que indica uma melhora signi-
ficativa frente ao ano anterior e um patamar de risco
sólido.

Apesar de pouco menos atrativos do que os do Banco


ABC, os indicadores estão em patamares saudáveis.
Ainda assim, é importante olhar o índice de liquidez,
que nos mostra a capacidade do banco em pagar suas
dívidas de curto prazo. Hoje esse indicador também
está acima de 1, o que indica relativa tranquilidade
com os compromissos de curto prazo.

Olhando de fora, pode parecer que o retorno do Ban-


co Original é o que mais preocupa. Isso porque a ins-
tituição vem apresentando resultados baixos nos úl-
timos semestres. Porém, não me preocupo com isso
agora, visto que, nos planos de negócio do próprio

25.
Original, o lucro só está previsto para o ano de 2021.
Até lá, há um longo caminho a percorrer em divulga-
ção e captação de novos clientes.

Sendo assim, o Banco Original também está aprova-


do em nossa avaliação de crédito.

Banco Original
e delação da JBS
Uma das dúvidas que surgem quando o assunto é o
Banco Original é o nível de relação entre o banco e
a empresa controladora. Joesley Batista, em 2017,
quando era presidente da JBS (controladora do Ban-
co Original), gravou conversas pouco republicanas
com o à época presidente Temer.

Nas gravações, a idoneidade de ambos os lados ficou


sob suspeita. O medo dos investidores era de que o

26.
escândalo respingasse no Original ou até mesmo que
a instituição estivesse de alguma maneira envolvida
em algum esquema de corrupção.

O fato jogou temor sobre a saúde financeira do banco


à época, e ele também teve suas operações inves-
tigadas. O Original contribuiu com as investigações
realizadas e demitiu seu presidente em exercício no
período das delações.

O ponto é que o pior momento para o banco advindo


das investigações e suspeitas de fraude e corrupção
parece ter passado, e o Original conseguiu atravessá-
-lo sem muitos impactos em suas atividades e saúde
financeira. Sendo assim, não espero que choques ne-
gativos decorrentes de outras investigações possam
causar impacto maior do que o das divulgações e in-
vestigações iniciais.

Dito isso, agora vamos falar um pouco mais sobre os


ativos do Banco Original que estão disponíveis na pla-
taforma da XP.

Dentre as LCAs do banco disponíveis, indico a de pra-


zo de um ano, que está sendo ofertada a uma taxa

27.
de 103% do CDI. Lembrando que, com a isenção do
Imposto de Renda, essa LCA equivale a um CDB com
rendimento de 128,75% do CDI.

Na plataforma da XP, você só conseguirá encontrar


opções de investimento para obter retorno seme-
lhante ao dessas LCAs em outros ativos, aumentan-
do bem o risco e o prazo em que seu dinheiro ficará
investido. No mínimo, ele teria que ficar aplicado até
2022, e o risco de crédito dos ativos seria mais alto,
ou seja, a chance de a instituição não te pagar na data
do vencimento seria maior do que se aplicado em pa-
péis do ABC ou do Original.

28.
Proteção do FGC
Muitas pessoas me questionam se, por contar com
a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos),
é necessário analisar a saúde financeira do emissor,
visto que, em caso de calote por parte da instituição
emissora, o FGC devolverá o dinheiro ao investidor.

Acontece que, a partir do momento em que Banco


Central faz a intervenção em uma instituição, os ati-
vos emitidos por ela param de ser corrigidos, e você
vai receber o volume financeiro de um dia anterior à
intervenção.

Isso pode demorar de dias até meses.

Sendo assim, é muito importante, sim, analisar a saú-


de financeira de todos os emissores de crédito, inclu-
sive das emissões que têm proteção do FGC.

29.
!
Atenção!

As recomendações que trago hoje não são destina-


das para o dinheiro da sua reserva de emergência.
Esta deve permanecer sempre em ativos com risco
baixo e liquidez alta, o que não é o caso desses ativos
que, apesar de seguros, só poderão ser resgatados
na data de vencimento.

Agora, para quem quiser entender por que não reco-


mendo ativos prefixados ou indexados ao IPCA nes-
te momento, aí vai uma explicação breve – se quiser
algo mais detalhado, você já sabe: é só se cadastrar
no site da Spiti.

30.
Não é o momento
do prefixado nem dos
indexados à inflação
Bom, antes de explicar o porquê não recomendo es-
ses ativos, você tem que ter um conceito simples em
mente: os títulos que contêm um caráter prefixado,
que é o caso dos títulos Tesouro IPCA+, Tesouro Pre-
fixado, assim como outras emissões de empresas e
bancos, são impactados pela oscilação da taxa do
ativo.

Ao entrar na plataforma de investimentos da XP ou


no portal do Tesouro Direto, você encontra uma co-
luna chamada Rentabilidade. Nela é possível checar
quanto aquele título vai te pagar ao ano.

31.
IPCA+

Prefixado

32.
O fato é que o preço desses ativos é uma função des-
sa taxa e do tempo. Quando a taxa sobe, o preço cai,
e vice-versa. E, conforme o tempo vai passando, seu
preço também vai subindo.

Dê uma olhada no gráfico abaixo. Ele deixa clara a re-


lação existente entre a taxa do ativo e seu preço:

Fonte: Anbima

33.
Com os títulos Tesouro IPCA+ funciona da mesma
maneira. Conforme as taxas sobem, o preço cai, e o
inverso também é verdadeiro.

Agora que você entendeu essa relação, vem a per-


gunta mais importante:

Como saber se essa taxa


vai cair ou subir?
Na verdade, a taxa desses títulos nos mostra qual é a
expectativa do mercado para as taxas de juros (Selic)
da data da compra até seu vencimento.

Te explicando de maneira simples: no momento em


que escrevo este relatório (em 27/1/2020), um títu-
lo prefixado 2025 está com uma taxa de negociação
de 6,19%. Isso significa que o mercado espera que a
taxa de juros de hoje até janeiro de 2025 seja de em
média 6,19% ao ano.

Como hoje a taxa Selic está em 4,50% ao ano, é de


se imaginar, portanto, que o mercado espera alta das

34.
taxas de juros em algum momento entre hoje e o ven-
cimento desse título.

O cuidado que você, investidor e investidora, deve


tomar é de não comprar esses ativos quando a alta
da taxa de juros esperada para os próximos anos for
muito baixa ou feita de maneira muito espaçada. As-
sim, quando efetivamente a taxa de juros começar su-
bir, provavelmente esses títulos vão perder dinheiro,
dado que a taxa dos ativos vai subir, causando uma
queda em seu preço – lembra?

Mas, Guilherme, como sei se é um


bom momento ou não para comprar
esses ativos prefixados ou indexados
ao IPCA?

Nesse caso, devemos verificar qual é a expectativa


para as taxas de juros daqui para a frente. Hoje ela
está baixa frente aos ciclos de altas de juros anterio-
res, o que desfavorece a compra desses ativos.

35.
Então, devemos olhar o comportamento da inflação
e tentar enxergar quais são os riscos que fazem com
que essa inflação suba, levando os juros a subir tam-
bém. Nesse ponto, tivemos os últimos anos com ati-
vidade muito fraca, o que se refletiu na inflação mui-
to baixa no período. Hoje, com a atividade voltando a
crescer, esse espaço para números de inflação muito
baixo está limitado.

Depois disso, temos que comparar como esses títu-


los se comportaram em momentos semelhantes de
nossa economia em anos passados e, assim, concluir
se faz sentido ou não aplicar em títulos de caráter
prefixado.

Historicamente, se você comprar ativos prefixados


ou indexados ao IPCA meses antes da alta de juros,
em 12 meses acumulados para a frente você vai ter
um retorno pior do que o CDI, taxa livre de risco.

36.
Conclusão
Apesar de ser importante olhar para os ciclos
anteriores, também é preciso pontuar as diferenças
que temos hoje em relação a anos anteriores, por
exemplo: um governo que leva a sério o ajuste das
finanças públicas e um Banco Central comprometido
em manter a inflação controlada, reformas importantes
aprovadas, Congresso com postura reformista e
agenda de privatizações sendo tocada em frente.

No dia 24 de janeiro, o Boletim Focus do BC começa


a projetar alta da taxa Selic entre o fim deste ano e o
início de 2021, ou seja, estima-se que estejamos há
mais ou menos 12 meses do início do ciclo de alta de
juros que, como já comentado, é um momento ruim
para comprar ativos prefixados.

37.
Alguns analistas defendem a alocação nesses ativos
por considerarem que o ciclo de alta de juros não
vai acontecer nos próximos 12 meses, e sim mais
adiante, enxergando assim espaço para mais ganhos.

Eu tenho uma opinião diferente. Mesmo que as


projeções de alta estejam equivocadas e as altas
venham a se concretizar apenas daqui a 18 meses, o
espaço para ganhos é muito limitado e, com os riscos
na mesa hoje, não enxergo a alocação nesses ativos
como uma boa opção.

Esse cenário apresenta a típica assimetria negativa:


pequeno espaço para ganhos adicionais e espaço
maior para perdas.

38.
Este relatório presente é uma pequena demonstração
do trabalho que fazemos na Spiti. Aqui você pode
encontrar muito conteúdo, não só de renda fixa, mas
também de renda variável, investimentos globais
e, claro, de fundos de investimento. E o melhor:
são recomendações, como já disse, feitas de forma
totalmente independente.

Por fim, lembre-se de que, apesar de este momento


não ser o mais favorável para os ativos de renda fixa
com rentabilidades excelentes, é importante que
você esteja com a gente para ficar sabendo antes
do momento ideal para aproveitar as melhores
oportunidades. Nós vamos te avisar de todas elas
com antecedência suficiente para você se posicionar.

Abraço,
Gui Cadonhotto

Guilherme Cadonhotto é especialista em renda fixa da Spiti, técnico em


Administração de Empresas e bacharel em Economia, com graduação luso-
brasileira. Atuou na mesa de operações como trader de renda fixa na SulAmérica
Investimentos e como analista de investimentos na asset da Porto Seguro. Tem
liberdade total para indicar qualquer produto, em qualquer plataforma, desde
que este represente a melhor opção para seus leitores. Acredita que simplicidade
e bom humor, sempre presentes em suas publicações e vídeos, são essenciais
para tornar a informação e a compreensão dos conteúdos de investimentos
mais acessíveis a todos. Analista responsável: Luciana Seabra.

39.
Este relatório de análise foi elaborado pela Spiti Análise Ltda. ("Spiti Análise" ou "Spiti") de acordo com todas as exigências
previstas na Instrução CVM nº 598, de 3 de maio de 2018, tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar
o investidor a tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de
compra e/ou venda de qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de
sua divulgação e foram obtidas de fontes públicas. A Spiti Análise não se responsabiliza por qualquer decisão tomada
pelos assinantes com base no presente relatório. O(s) signatário(s) deste relatório declara(m) que as recomendações
refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram produzidas de forma independente,
inclusive em relação à Spiti Análise e que estão sujeitas a modificações sem aviso prévio em decorrência de alterações
nas condições de mercado. O analista responsável pelo conteúdo deste relatório e pelo cumprimento da Instrução CVM
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material não sugere qualquer alteração de carteira, mas somente orientação sobre produtos adequados a determinado
perfil de investidor. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço ou valor pode
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