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Matemática Financeira

21159  ano lectivo 2022-2023


fevereiro de 2023

exame época normal


soluções e indicações de resolução

1. A Marta pretende aplicar 10 000,00 e num depósito a prazo durante


21 meses e tem as seguintes alternativas em regime composto:
ˆ Banco A: capitalização trimestral de juros, à taxa anual nominal
de 8%,
ˆ Banco B: taxa efectiva semestral de 4%.

Calcule:
a) O valor acumulado que a Marta terá ao m de 21 meses em cada
alternativa, indicando qual é a alternativa mais vantajosa.
b) As taxas anuais efectivas em ambas as alternativas.

Resolução:
a) Banco A: A taxa trimestral nominal é: i = ianual
= =0,08

0, 02.
trimestral 4 4

Portanto, o capital acumulado ao m de 21 meses (correspondendo a 7


trimestres) é:
C7 = C0 (1 + 0, 02)7
= 10000(1, 02)7
≈ 11 486, 86e .
Banco B: O capital acumulado ao m de 21 meses (correspondendo a
21/6 = 7/2 semestres) é:
7
C7/2 = C0 (1 + 0, 04) 2
7
= 10000(1, 04) 2
≈ 11 471, 41e .
1
O Banco A é uma alternativa mais vantajosa.
b) Banco A: Calculamos i pela relação de equivalência 1+i =
(1 + 0, 02) . Daqui resulta
ef.anual ef.anual
4

i
ef.anual= (1, 02) − 1 ≈ 0, 082432 = 8,2432%.
4

Banco B: Calculamos i pela relação de equivalência 1 + i =


(1 + 0, 04) . Daqui resulta
ef.anual ef.anual
2

i
ef.anual= (1, 04) − 1 = 0, 0816 = 8,16%.
2

2
2. O João depositou o montante de 5000 e em regime de juro simples,
remunerado à taxa anual de 9%.
a) Usando a base de cálculo 30/360, calcule os dois valores seguintes:
o capital acumulado ao m de 231 dias, e o juro acumulado ao m
de 5 meses.
b) Determine o número de trimestres em que o João tem de deixar
o montante depositado, de forma a que ele produza 787,50 e de
juro.

Resolução:
a) Como a capitalização é anual, temos de calcular os intervalos tem-
porais em anos: 231 dias perfazem n = anos e, portanto, o capital
231

acumulado ao m desseintervalo de tempo é 360

= 5000∗1, 05775 = 5 288, 75 e.



231
C = C (1+ni) = 5000 1 + 0, 09 ∗
n 0 360

Como 5 meses são n = anos, então os juros produzidos ao m desse


5

intervalo de tempo são 12

C ni = 5000 ∗ 0, 09 ∗ = 187, 50 e.
0
5
12

b) n trimestres correspondem a 3n meses e, portanto, a = anos.


3n n

Os juros produzidos ao longo de n trimestres serão então 5000∗0, 09∗ .


12 4
n

Se igualarmos esta quantia a 787, 50 obtemos a equação


4

n
5000 ∗ 0, 09 ∗ 4
= 787, 50
4∗787,50
⇔ n = 5000∗0,09
⇔ n = 7 trimestres.

3
3. Um aparelho é comprado recorrendo a um crédito sujeito à taxa semes-
tral de 4,8% no regime de juro composto com capitalização semestral.
a) Determine o preço do aparelho sabendo que pode ser liquidado atra-
vés da entrega a pronto de 2000 e e do pagamento de 8 prestações
semestrais constantes, no montante de 2700,00 e cada uma, a ini-
ciar 1 ano após a compra.
b) Determine as entregas semestrais a efectuar caso, em alternativa, se
pretender liquidar a dívida através de 10 entregas semestrais cons-
tantes, ocorrendo a primeira no momento do contrato. Apresente
o resultado nal arredondado às unidades. (Caso não tenha cal-
culado a alínea a), considere que o valor aí obtido seja 20 000 e.)

Resolução:
a) O preço do equipamento é a soma do montante a pronto e de
1 − (1 + 0, 048)−8
R(0)dif =1 = (1 + 0, 048)−1 × 2700 × ≈ 16 786, 86 e,
0, 048
isto é, 2000 + 16 786, 86 = 18 786, 86 e.
b) A prestação semestral é dada pela solução da equação
18786, 86 = R̈(0)
−10
⇔ 18786, 86 = (1 + 0, 048) T 1−(1+0,048)
0,048
⇔ T = 18786,86
1,048
0,048
× 1−(1,048)−10

⇔ T ≈ 2 299 e.

4
4. A empresa Horizonte contraiu um empréstimo no montante de 250 000 e
pelo prazo de 8 anos, a ser reembolsado através do sistema de amorti-
zações constantes, em prestações trimestrais (postecipadas) de amorti-
zação mais juro.
a) Sabendo que a 5 trimestralidade é de 12 406,25 e, calcule a taxa
a

anual nominal aplicada ao empréstimo.


b) Imediatamente após o pagamento da 10 trimestralidade, o reem-
a

bolso seguiu o sistema de amortizações constantes trimestrais de


acordo com as seguintes transformações:
ˆ o prazo do empréstimo foi alargado em um ano;
ˆ a taxa de juro passou para 10,5% (anual efectiva);
ˆ os juros serão pagos de uma só vez no nal do novo prazo.
Calcule o novo valor da amortização trimestral e o valor dos juros
pagos no novo término do empréstimo.
Resolução:
a) O número de prestações trimestrais é de n = 8 × 4 = 32 e, estando
no sistema de amortizações constantes, temos M = = C0 250000
=
7812, 50 e.
n 32

O valor da 5 trimestralidade é de 12406, 25 = C = J +M , de onde re-


a

sulta que o juro pago na 5 trimestralidade é J = 12406, 25−7812, 50 =


5 5
a

4 593, 75 e.
5

Sendo J = [32 − (5 − 1)] M i = 218750i, obtemos i = 4593,75


=
0, 021 = 2, 1% que é a taxa trimestral aplicada. Portanto a taxa anual
5 218750

nominal será de 4 × 2, 1 = 8, 4%.


b) A taxa de juro trimestral é dada por i = (1+0, 105) −1 ≈ 0, 025275.
1
4

Após o pagamento da 10 trimestralidade, o capital em dívida é de


a

250000 − 10 × 7812, 50 = 171 875 e, e as trimestralidades restantes são


26, correspondendo às 22 em falta antes desta transformação mais as 4
do novo ano acrescentado ao prazo do empréstimo.
Logo temos a nova amortização trimestral constante de M = 171875

6610, 57692 e.
26

Tomando como data de referência o m do pagamento do empréstimo,


o montante em dívida tem o valor acumulado de
5
171875(1 + 0, 025275)26 ≈ 328898, 7886 e .
Este valor tem de coincidir com a soma do juro a pagar, J , mais o valor
pago durante as 26 prestações que, à data de referência, é dado pela
renda de acumulação:
6610, 57692 ≈ 238946, 6461 e.
(1+0,025275)26 −1

Portanto o juro pago no nal será J = 328898, 7886 − 238946, 6461 ≈


0,025275

89 952, 14 e.

6
5. Uma empresa vai emitir um empréstimo obrigacionista, sendo de 50 000
o número de obrigações e 10 e o valor nominal de cada obrigação. A
amortização será realizada nos próximos 4 anos por redução do valor
nominal. O valor de emissão das obrigações é de 9,70 e e a taxa de
cupão é de 8,5% ao ano.
a) Elabore o quadro de amortização do empréstimo, incluindo as colu-
nas relativas a: Tempo, Valor nominal das obrigações vivas, Juro,
Montante do valor nominal a amortizar, Prestação, Valor nominal
amortizado.
b) Formalize a expressão que lhe permitiria encontrar a taxa de custo
efectiva desta fonte de nanciamento, sabendo que, aquando da
emissão, a empresa emitente suportou um custo de 2,6% do valor
nominal do empréstimo.
c) Antes de proceder à emissão do empréstimo, a empresa concluiu que
o custo efectivo do crédito bancário de médio e longo prazo, para
o mesmo montante de nanciamento, era de 11% ao ano. Decida
qual das modalidades será mais vantajosa para a empresa.

Resolução:
a) O montante global do empréstimo é C = N × V = 50000 × 10 =
500 000 e. Este valor é o primeiros da linha 1 do quadro de amortiza-
0 n

ção. O número de períodos é n = 4 e i = 8, 5%.


A redução do valor nominal das obrigações, por período, será de =
500000

125 000 e. Este valor corresponde a todas as entradas da coluna Mon-


4

tante do V a amortizar e, subtraindo sucessivamente este valor em


cada tempo, preenchemos a coluna V das obrigações vivas. Mul-
n

tiplicando k por este valor, onde k é o tempo, preenchemos ainda a


n

última coluna.
O juro periódico é calculado com base no valor nominal das obrigações
vivas. Logo, em cada linha o valor de J é obtido multiplicando o valor
da coluna V das obrigações vivas pela taxa i = 8, 5%.
k
n

Por m, em cada linha a prestação é dada pela soma do juro e do


montante do V a amortizar, C = J + 125000.
n k k

7
O quadro de amortização, em euros, é então:
Tem Vn obr. Juro Montante Prestação Valor nom.
po vivas (Jk ) Vn a amort. (C k ) amortizado
1 500 000 42 500 125 000 167 500 125 000
2 375 000 31 875 125 000 156 875 250 000
3 250 000 21 250 125 000 146 250 375 000
4 125 000 10 626 125 000 135 625 500 000
b) Neste exemplo o valor de emissão das obrigações é V = 9, 70 euros
e, portanto, o nanciamento obtido pela empresa emitente é N × V =
e

50000 × 9, 70 = 485 000 e, sendo as despesas de emissão D = 0, 026 ×


e

C = 0, 026 × 500000 = 13 000 e.


0
0

Como os encargos a pagar em cada período são nulos, D = 0 euros,


para k entre 1 e 4, então a taxa de custo efectiva r deste empréstimo
k

obrigacionista poderia ser obtida a partir da expressão


4
X Ck
485000 − 13000 = k
k=1 (1 + r)

equivalente a
167500 156875 146250 135625
472000 = + 2
+ 3
+ .
1+r (1 + r) (1 + r) (1 + r)4

c) A vantagem relativa das obrigações é


n
X Ck + Dk
VRO = NVe − D0 − ,
k=1 (1 + g)
k

onde g = 11% é o custo efectivo da fonte de nanciamento alternativa.


Logo,
4
Ck
VRO = 485000 − 13000 −
P
(1+0,11)k
k=1
= 472000 − 167500
1,11
− 156875
(1,11)2
146250
135625
− (1,11)
− (1,11)
3 4

≈ 472000 − 150900, 9009 − 127323, 2692 − 106936, 7395 − 89340, 3884


≈ −2 501, 30 e.
Como a vantagem relativa das obrigações é negativa, então é mais van-
tajoso recorrer ao crédito bancário do que ao empréstimo obrigacio-
nista.
8

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