Você está na página 1de 9

Matemática Financeira

21159  ano lectivo 2019-2020


21 de janeiro de 2020

Af3  proposta de resolução


explicativa (versão 1)
1. Um empréstimo obrigacionista foi emitido nas seguintes condições:
ˆ Número de obrigações emitidas: 200 000;
ˆ valor nominal: 10 e;
ˆ prémio de reembolso: 0,50 e, incluído no valor da prestação;
ˆ taxa de cupão: 9% ao ano;
ˆ amortização: 4 quotas anuais constantes de capital.

a) Elabore o quadro de amortização do empréstimo, incluindo as co-


lunas relativas a: Tempo, Número de obrigações vivas, Valor nomi-
nal das obrigações vivas, Juro, Número de obrigações a amortizar,
Amortização, Prestação, Número de obrigações mortas.
b) Determine a vida mínima, a vida máxima e a vida média das
obrigações.
c) Elabore o quadro de amortização do empréstimo para o caso de,
em alternativa, a amortização ser efectuada ao par. Inclua as colu-
nas relativas a: Tempo, Número de obrigações vivas, Valor nomi-
nal das obrigações vivas, Juro, Número de obrigações a amortizar,
Amortização, Prestação, Número de obrigações mortas.
Resolução:
a) O número de obrigações emitidas é N = 200 000 e o seu valor
nominal é V = 10 e, pelo que o montante global do empréstimo é
C = N × V = 200000 × 10 = 2 000 000 e. Estes valores são os dois
n

primeiros da linha 1 do quadro de amortização.


0 n

O número de períodos é n = 4 e, como a amortização é anual, temos


i = 9%.

1
Como a amortização é feita através de quotas constantes de capital,
calculamos m, o número constante de obrigações a amortizar em cada
ano, pelo quociente m = N/n = 200000/4 = 50 000 obrigações. Este é
o valor que preenche toda a coluna do N de obrigações a amortizar.
o

A coluna do N de obrigações mortas corresponde ao acumular das


o

obrigações a amortizar em cada período e terá, para o tempo k, o valor


km.
Subtraindo sucessivamente o valor m = 50 000, completamos a coluna
do N de obrigações vivas e, multiplicando por 10 e, obtemos os
o

valores da coluna seguinte, V das obrigações vivas.


n

O juro periódico é calculado com base no valor nominal das obrigações


vivas. Logo, em cada linha o valor de J é obtido multiplicando o valor
da coluna V das obrigações vivas pela taxa i = 9%.
k
n

Neste caso de quotas constantes de capital, a amortização vai ser tam-


bém constante, M. Como há um prémio de reembolso que é incluído
no valor da prestação, a amortização será calculada pelo valor de re-
embolso das obrigações, isto é, pela soma do seu valor nominal e do
prémio de reembolso:
M = m Vr = m (Vn + 0, 5) = 50000 × (10 + 0, 5) = 525 000 e.

Por m, em cada linha a prestação é dada pela soma do juro e da


amortização, C = J + M.
k k

Portanto, o quadro de amortização é


No Vn obr. Juro No Amortiz. Prest. No
Tem obrig. vivas (J k ) obrig. (M) (Ck ) obrig.
po vivas (euros) (euros) amort. (euros) (euros) mortas
1 200 000 2 000 000 180 000 50 000 525 000 705 000 50 000
2 150 000 1 500 000 135 000 50 000 525 000 660 000 100 000
3 100 000 1 000 000 90 000 50 000 525 000 615 000 150 000
4 50 000 500 000 45 000 50 000 525 000 570 000 200 000

2
b) A vida mínima corresponde ao período que vai da emissão até ao
primeiro reembolso, o que, neste caso, é um ano. A vida máxima é o
espaço de tempo entre a emissão e o último reembolso, isto é, n = 4
anos. A vida média das obrigações é dada pela média:
n
1 X
Vmedia = k mk .
N k=1

Como neste exemplo m k =m para todos os tempos k, a expressão ca:


n 4
1 X 1 X
Vmedia = km = k × 50000
N k=1 200000 k=1

⇔ Vmedia =
1 × 50000 + 2 × 50000 + 3 × 50000 + 4 × 50000
200000
= 2, 5 anos.
c) Os dados desta alínea coincidem com os da alínea a) exceptuando o
prémio de reembolso, que neste caso não existe. Portanto os cálculos
são coincidentes com os da alínea a), isto é, as colunas do quadro de
amortização são iguais, excepto no que toca à amortização e à presta-
ção.
A amortização é dada pela fórmula
M = m Vn = 50000 × 10 = 500 000 e,

e a prestação é dada pela soma do juro e da amortização, C k .


= Jk + M
Assim, o novo quadro de amortização é
No Vn obr. Juro No Amortiz. Prest. No
Tem obrig. vivas (J k ) obrig. (M) (Ck ) obrig.
po vivas (euros) (euros) amort. (euros) (euros) mortas
1 200 000 2 000 000 180 000 50 000 500 000 680 000 50 000
2 150 000 1 500 000 135 000 50 000 500 000 635 000 100 000
3 100 000 1 000 000 90 000 50 000 500 000 590 000 150 000
4 50 000 500 000 45 000 50 000 500 000 545 000 200 000

3
2. Uma multinacional emitiu um empréstimo obrigacionista, titulado por
obrigações de valor nominal individual de 8 e. A multinacional pa-
gará cupões quadrimestrais, à taxa anual de 12%, e a amortização será
efetuada acima do par, através de quotas quadrimestrais de capital
constante, durante 16 meses, com prémio de reembolso no valor de
0,50 e por obrigação e no valor de 2.000 e por quadrimestre, pago
separadamente.
a) Determine, justicando:
i) o número de obrigações a amortizar em cada quadrimestre;
ii) o número total de obrigações emitidas;
iii) o valor da quota quadrimestral de capital a amortizar.
b) Elabore o quadro de amortização do empréstimo, contemplando
os 9 itens seguintes:
 Tempo  Amortização
 Número de obrigações vivas  Prestação
 Valor nominal das obriga-  Número de obrigações mor-
ções vivas tas
 Juros  Prémio do reembolso
 Número de obrigações a
amortizar

Resolução:
a) i) Como a amortização é feita através de quotas constantes de capital,
o número de obrigações a amortizar em cada período (quadrimestre)
é uma constante m. Sendo 0,50 e o prémio de reembolso de cada
obrigação, então o valor do prémio de reembolso em cada quadrimestre,
o montante de 2.000 e, é dado pelo produto 0, 50 × m, o que equivale
a m = 2000/0, 50 = 4 000 obrigações.
ii) A duração do empréstimo é 16 meses, o que corresponde a
16 (meses) / 4 (meses por quadrimestre) = 4 quadrimestres.
Portanto o número de períodos é n=4 e o número total de obrigações
é N = n × m = 4 × 4000 = 16 000 obrigações.

4
iii) Neste caso a amortização é realizada através de quotas constantes
de capital e, portanto, a amortização M é, em todos os períodos k,
igual a uma constante M. Como o prémio de reembolso não é incluído
k

no valor da prestação, a amortização será calculada com base no valor


nominal das obrigações, V = 8 e,
n

M = m Vn = 4000 × 8 = 32 000 e.

b) Com os valores obtidos em a) podemos preencher as seguintes colu-


nas do quadro de amortização:
ˆ N de obrigações vivas, começando na primeira linha com N =
o

16 000 obrigações e subtraindo m = 4 000 obrigações de linha


para linha.
ˆ V das obrigações vivas, multiplicando a coluna anterior pelo
valor nominal de cada obrigação, V = 8 e.
n
n

ˆ N de obrigações a amortizar, onde todas as entradas são


o

iguais a m = 4 000 obrigações.


ˆ Amortização, onde todas as entradas são iguais a M = 32 000 e.
ˆ N de obrigações mortas, começando na primeira linha com
o

m = 4 000 obrigações e somando, de linha para linha, esse mesmo


valor.
ˆ Prémio do reembolso, onde todas as entradas são iguais a
2 000 e.

Como o período é quadrimestral, a taxa dada é i = 12%, e um


ano tem 3 quadrimestres, temos i = 12%/3 = 4%. Nota:
anual

nos empréstimos obrigacionistas, a menos de informação em contrário,


quadrimestral

a taxa anual dada é nominal. Portanto obtemos taxas de juro para


outros períodos, que não o ano, através de uma proporção.
O juro J é obtido multiplicando o valor da coluna V das obrigações
vivas pela taxa i = 4%.
k n

Por m, em cada linha a prestação é dada pela soma do juro e da


amortização, C = J + M.
k k

5
Portanto, o quadro de amortização é
No Vn obr. Juro No Amortiz. Prest. No Prémio
Tem obrig. vivas (Jk ) obrig. (M ) (Ck ) obrig. reemb.
po vivas (euros) (euros) amort. (euros) (euros)
mortas (euros)
1 16 000 128 000 5 120 4 000 32 000 37 120 4 000 2 000
2 12 000 96 000 3 840 4 000 32 000 35 840 8 000 2 000
3 8 000 64 000 2 560 4 000 32 000 34 560 12 000 2 000
4 4 000 32 000 1 280 4 000 32 000 33 280 16 000 2 000

6
3. Uma empresa vai emitir um empréstimo obrigacionista nas seguintes
condições
ˆ Número de obrigações emitidas: 10 000;
ˆ valor nominal: 50 e;
ˆ amortização: nos próximos 4 anos por redução do valor nominal;
ˆ valor de emissão das obrigações: 49,60 e;
ˆ taxa de cupão: 10% ao ano.

a) Elabore o quadro de amortização do empréstimo, incluindo as


colunas relativas a: Tempo, Valor nominal das obrigações vivas,
Juro, Montante do valor nominal a amortizar, Prestação, Valor
nominal amortizado.
b) Sabendo que, aquando da emissão, a empresa emitente suportou
um custo de 3% do valor nominal do empréstimo, formalize a
expressão que lhe permitiria encontrar a taxa de custo efectiva
desta fonte de nanciamento.
c) Antes de proceder à emissão do empréstimo, a empresa concluiu
que o custo efectivo do crédito bancário de médio e longo prazo,
para o mesmo montante de nanciamento, era de 12% ao ano.
Decida qual das modalidades será mais vantajosa para a empresa.
Resolução:
a) O número de obrigações emitidas é N = 10 000 e o seu valor nominal é
Vn = 50 e , pelo que o montante global do empréstimo é C = N×V =
. Este valor é o primeiros da linha 1 do quadro
0 n
10000 × 50 = 500 000 e
de amortização.
O número de períodos é n = 4 e, como a amortização é anual, temos
i = 10%.
Como a amortização é feita por redução do valor nominal das obriga-
ções, calculamos a percentagem de redução em cada período: 100%/n =
100%/4 = 25%. Em termos de valor nominal, a redução por período
será então de 25% × 500000 = 125 000 euros.
Este valor corresponde a todas as entradas da coluna Montante do V
a amortizar e, subtraindo sucessivamente este valor em cada tempo,
n

preenchemos a coluna V das obrigações vivas. Multiplicando k por


este valor, onde k é o tempo, preenchemos ainda a última coluna.
n

7
O juro periódico é calculado com base no valor nominal das obrigações
vivas. Logo, em cada linha o valor de J é obtido multiplicando o valor
da coluna V das obrigações vivas pela taxa i = 10%.
k
n

Por m, em cada linha a prestação é dada pela soma do juro e do


montante do V a amortizar, C = J + 125000.
n k k

O quadro de amortização, em euros, é então:


Tem Vn obr. Juro Montante Prestação Valor nom.
po vivas (Jk ) Vn a amort. (C k ) amortizado
1 500 000 50 000 125 000 175 000 125 000
2 375 000 37 500 125 000 162 500 250 000
3 250 000 25 000 125 000 150 000 375 000
4 125 000 12 500 125 000 137 500 500 000
b) Neste exemplo o valor de emissão das obrigações é V = 48, 60 euros,
menor do que o seu valor nominal (emissão abaixo do par). Logo, o
e

nanciamento obtido pela empresa emitente é N×V = 10000×49, 60 =


496 000 e.
e

Quanto às despesas de emissão, temos D = 3% × C = 3% × 500000 =


15 000 euros. Por outro lado, os encargos a pagar em cada período são
0 0

nulos, D = 0 euros, para todo o k.


k

Portanto, a taxa de custo efectiva r deste empréstimo obrigacionista


poderia ser obtida a partir da expressão
n
X Ck + D k
NVe − D0 = k
k=1 (1 + r)

que neste caso é


4
X Ck
496000 − 15000 = k
k=1 (1 + r)

equivalente a
175 000 162 500 150 000 137 500
481 000 = + + + .
1+r (1 + r)2 (1 + r)3 (1 + r)4

8
c) A vantagem relativa das obrigações VRO é calculada pela fórmula
n
X Ck + D k
VRO = NVe − D0 − ,
k=1 (1 + g)
k

onde g é o custo efectivo da fonte de nanciamento alternativa.


Neste caso g = 12% e a expressão ca
4
Ck
VRO = 496000 − 15000 −
P
(1+0,12)k
k=1
175 000 162 500
= 481000 − 1,12
− (1,12)2
− 150
− 137000
500
(1,12)3
(1,12)4
≈ 481000 − 156250 − 129544, 0051 − 106767, 0372 − 87383, 73578
≈ 1 055, 23 euros
.
Como a vantagem relativa das obrigações é positiva, então é mais vanta-
joso recorrer ao empréstimo obrigacionista do que ao crédito bancário.

Você também pode gostar