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UNIVERSIDADE

JEAN PIAGET DE CABO VERDE

MERCADOS FINANCEIROS

Mercado da dívida e taxas de juros

Universidade Jean Piaget de Cabo Verde


2021-2022

Docente: Prof. Doutor José Carlos Teixeira

Praia, 21 de novembro de 2021 1


2. Mercado da dívida e taxas de juros

2
Mercado da dívida

Mercado de títulos de dívida − mercado representativo de dívidas. Abrange


todos os activos financeiros em que predominam direitos com natureza de direitos
de dívida: obrigações públicas e privadas (obrigações corporativas). Normalmente é
um mercado cujos produtos os rendimentos esperados são de rendas fixas.

Produtos de renda fixa: quando se conhece previamente a forma do rendimento


que será conferida ao título. Nesse caso, o rendimento pode ser pós ou prefixado,
como ocorre, por exemplo, com o certificado de depósito bancário. (ex. Geralmente
as obrigações e outros títulos com taxas previamente fixadas).

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Mercado da dívida

Obrigação
 Certificado de dívida através do qual o emitente se compromete a pagar um
montante especificado ao detentor desse mesmo título, acrescido de um
determinado montante de juros, durante um período de tempo pré-determinado.

 Bilhete do Tesouro
 Título de dívida pública cabo-verdiana de curto prazo, isto é, cuja maturidade seja
inferior a um ano. Os títulos do tesouro são emitidos pelos prazos de 91, 182 e
364 dias.

Obrigação de Tesouro
 Título de dívida pública cabo-verdiana de longo prazo, isto é, cuja maturidade seja
superior a cinco ano. Geralmente são emitidos para 5, 10 ou 15 anos.

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Mercado da dívida

Renda Fixa: Risco, rating e perfil do investidor

O investimento em activos está submetido a 3 riscos:


a) Risco de crédito (consiste na possibilidade de não recuperar o capital
investido, de não obter a renda esperada). Se o emissor não for muito credivel
pode suceder que o detentor dos títulos não obtenha os rendimento no
momento da cobrança. Quanto maior é o risco de crédito, mais altos serão os
juros dos títulos que a formam.
b) Volatilidade (variação do preço dos títulos no mercado secundário, quanto
mais volátil é um activo, mais rápido e com maior intensidade oscila o seu preço
no mercado. Os títulos de renda fixa têm uma volatilidade reduzida e as acções o
contrário.
c) Risco de tipo de câmbio (se produz quando um investidor coloca o seu
dinheiro em títulos emitidos em outras divisas, e ao desfazer o investimento a
moeda se aprecia (ganha) ou deprecia (perde).

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Valor atual e valor futuro

 Valor actual (“PresentValue” = PV) vsValor Futuro (VF)


Valor temporal do dinheiro
1000 escudos hoje diferente de 1000 escudos daqui a um ano
Dinheiro rende juros
e preferimos consumir hoje

 Valor Futuro (VF)


Empréstimo 1000 escudos hoje (PV = 1000)
Taxa de juro anual = 10% (i = 10%)
VF = ?

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Valor atual e valor futuro

Cálculo do VF de ECV 1000 a 10% ao ano

Anos no futuro Cálculos VF


1 1000*(1+0,1) 1.100,0
2 1100*(1+0,1)=1000*(1+0,1)^2 1.210,0
3 1000*(1+0,1)^3 1.331,0
4 1000*(1+0,1)^4 1.464,1
5 1000*(1+0,1)^5 1.610,5
10 1000*(1+0,1)^10 2.593,7

1000 escudos hoje <=> 1000*(1+i)n amanhã

VF = PV*(1+i)n

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Valor atual e valor futuro

Quanto vale actualmente/hoje um pagamento de 250 escudos que nos


irá ser feito daqui a 2 anos e em que a taxa de juro anual é de 15%?
VF = 250
i = 15%
n=2
PV = ?

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Valor atual e valor futuro

9
Valor atual e valor futuro

PV,VF e i
 Investimento actual de 1000 e recebimento ao fim de 5 anos de 1400.
Qual a taxa de juro?
PV = 1000
VF = 1400
n=5
i =?

10
Valor atual e valor futuro
Resolução do problema
anterior:
Investimento actual de 1000 e
recebimento ao fim de 5 anos de
1400. Qual a taxa de juro? VF 1400
PV =  1000 =
PV = 1000 (1 + i) n (1 + i) 5
VF = 1400  1000 * (1 + i) 5 = 1400
n=5 1400
 (1 + i) 5 =
i =? 1000
1/ 5
 1400 
 (1 + i) =  
 1000 
 i = 1,41 / 5 − 1
 i = 1.0696 - 1  i = 0.0696  i = 6.96%

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Exercícios
O Sr J tem um capital de 2.000.000$00 para investir num prazo máximo de 2 anos. Tem duas opções
interessantes de investimentos:

Opção A: Constituir hoje um depósito a prazo junto da banco BB a taxa de juro de 10% ao ano.
Opção B: Comprar acções da SCT, SA cotados junto da Bolsa de Valores de Cabo Verde a preço de
4.000$00 por acção.

Pergunta-se:
1. De que tipo de renda se trata em cada alternativa?
2. Efectue os cálculos:
a)Quanto é que o Sr J terá disponível daqui a 2 anos, sabendo que o capital investido foi de
2.000.000$00?
b)Quantas acções o Sr J pode aquirir?
c)Qual é a percentagem de acções do Sr J relativamente ao capital da SCT, SA, sabendo que a entidade
emitiu 10.000 acções.
d)Sabendo que os analistas preveem um rendimento de cada acção (dividendo) de 425$00 no primeiro
ano e 475$00 no segundo ano, indique qual das opções (A e B) é mais rentável no prazo de 2 anos.

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Tipos de instrumentos de crédito
Existem basicamente quatro tipos diferentes de instrumentos de crédito:

1. Empréstimo simples − Fornece ao mutuário um montante de fundos que deve


ser pago ao mutuante no momento da maturidade do empréstimo acrescido de um
valor adicional para os juros.
Exemplo: empréstimo de 10.000.000$ e pagar ao fim de 5 anos 15.000.000$ (pago
em único capital no final do vencimento)
C0 C0+J5
anos
0 1 2 3 4 5

2. Empréstimo com prestação fixa − Fornece ao mutuário um montante a


pagar ao mutuante em prestações fixas (amortização+juros) todos os períodos.
Exemplo: empréstimo de 10.000.000$ a 5 anos e pagamento de 3.000.000$ por ano
C1 C2 C3 C4
C0 C0+J1 C1+J2 C2+J3 C3+J4 C4+J5
anos
0 1 2 3 4 5
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Tipos de instrumentos de crédito
3. Obrigação de cupão − Paga ao proprietário da obrigação um juro fixo
(rendimento de cupão) todos os períodos até à maturidade e no final paga o
montante pré-definido (valor facial da obrigação). Caso particular:
Obrigação perpétua ⇒ sem reembolso do principal
Exemplo: compra de Obrigação do Tesouro pelo valor facial de 10.000$ com taxa de
cupão de 10% e maturidade de 5 anos
C0 J1 J2 J3 J4 C0+J5
anos
0 1 2 3 4 5

4. Obrigação de cupão zero − Obrigação que não vence rendimento de cupão e


é adquirida abaixo do valor facial (abaixo do par ou a desconto) recebendo o seu
proprietário apenas o valor facial na maturidade.
Exemplo: compra de 100 Obrigações do Tesouro com valor facial de 1000$ cada e
maturidade de 5 ano por 950$
C0*(1-desc) C0
anos
0 1 2 3 4 5
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Taxas de rendimento até a maturidade (yield to
maturity, ytm)
A taxa de rendimento até à maturidade (ytm) é a taxa de juro que iguala o
valor actualizado de todos os pagamentos recebidos de um título de dívida ao seu
valor actual.
1. Empréstimo simples
FP
ME =
(1 + i) n
ME = montante do empréstimo; FP = pagamento futuro fixo; i = taxa de
rendimento até à maturidade; n = nº de anos

2. Empréstimo a taxa fixa


FP FP FP FP
ME = + + + ... +
1+ i (1 + i) 2 (1 + i) 3 (1 + i) n
ME = montante do empréstimo; FP = pagamento fixo anual; i = taxa de
rentabilidade até à maturidade; n = nº de anos até à maturidade
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Taxas de rendimento até a maturidade (yield to
maturity)
3. Obrigação de cupão

C C C C F
P= + + + ... + +
1+ i (1 + i) 2 (1 + i) 3 (1 + i) n (1 + i) n

P = preço da obrigação; F = valor facial da obrigação; C = pagamento anual do


cupão = taxa de cupão*F; i = taxa de rentabilidade até à maturidade; n = nº de anos
até à maturidade

P e i variam em sentido inverso


- Se a taxa de juro sobe, a cotação das obrigações desce
- Se a taxa de juro desce, a cotação das obrigações sobe

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Taxas de rendimento até a maturidade (yield to
maturity)
Caso particular da obrigação perpétua:
C
i=
P
P = preço da obrigação; C = rendimento anual; e i = taxa de rentabilidade até à
maturidade

4. Obrigação de cupão zero


F
P=
(1 + i) n

P = preço da obrigação; F = valor facial da obrigação; i = taxa de rentabilidade até à


maturidade; n = nº de anos até à maturidade
Para uma obrigação de cupão zero a um ano
F−P
i=
P
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Exercícios de aplicação

1. Suponha que pediu um empréstimo de 100.000 escudos e que o terá de liquidar


daqui a 2 anos pagando um valor de 121.000 escudos. Qual a taxa de rendimento até
à maturidade deste empréstimo? (Solução: i=10%)

2. Admita que pretende comprar uma habitação e que para tal necessita de contrair
um empréstimo de 10.000.000 escudos por um prazo de 20 anos, a uma taxa anual
de 7%. Qual o valor anual que terá de pagar? (FP=943.929)

3. Calcule o preço de uma obrigação de cupão à taxa de 10% com valor facial de
1000 escudos cada, oito anos de maturidade e à taxa de rentabilidade à maturidade
de 12.5%. (Solução: P=878)

4. Qual a taxa de rentabilidade até à maturidade de uma obrigação perpétua que tem
um preço de 2.000 escudos e paga um juro anual de 100 escudos. (i=5%)

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Outras medidas de taxa de juro

A taxa de rendimento até à maturidade é a mais usada mas também é a mais difícil de
calcular ⇒ uso de outras taxas de juro mais fáceis de calcular: taxa de rendimento
corrente e taxa de rendimento actualizada

 Taxa de rendimento corrente (CurrentYield)


Utilizada relativamente a obrigações

C
ic =
P
C = rendimento anual; P = preço da obrigação; ic = tx rendimento corrente Boa
aproximação da taxa de juro até à maturidade qd a maturidade é longa e o preço está
próximo do par; as suas alterações assinalam alterações na mesma direcção da taxa
até à maturidade

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Outras medidas de taxa de juro

 Taxa de rendimento actualizado (Yield on a discount basis ou


discount yield)


FP 360
i
a= x
P dias
até
maturidade

F = valor facial da obrigação; P = preço da obrigação; ia = taxa de rendimento


actualizado

Diferenças relativamente à taxa até à maturidade: anualização com base em 360 dias
e não 365 dias; calculada em relação ao valor facial e não ao preço de compra Duas
características: subestima a taxa de rendimento até à maturidade (qt > a maturidade
> a subestimação); as suas alterações assinalam alterações na mesma direcção da taxa
até à maturidade
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Distinção entre taxa de juro e taxa de retorno

O proveito financeiro que se pode obter de uma aplicação financeira não é dado pela
taxa de juro mas sim pela taxa de retorno.
C + Pt +1 − Pt C Pt +1 − Pt
R= = +
Pt Pt Pt

R = ic + g
com

C Pt +1 − Pt
ic = e g=
Pt Pt

R= taxa de retorno por deter obrigação entre t e t+1, ic = taxa de rendimento


corrente e g = ganho de capital.
Lembrem que C = rendimento anual do cupão = taxa de cupão*F

21
Distinção entre taxa de juro e taxa de
retorno
Relação entre taxa de retorno, taxa de juro e maturidade
Exemplo:
Considere três obrigações com taxa de cupão de 10%, valor facial de
1000 escudos,
compradas a par e com maturidades de 1, 2 e 5 anos. Admita que as taxas
de juro de todas estas obrigações subiram de 10% para 20%. Calcule a
taxa de retorno a um ano de cada uma destas obrigações.
n=1
Pt Pt+1

0 1

C Pt +1 − Pt 100 1000 − 1000


R= + = + = 10%
Pt Pt 1000 1000

22
Distinção entre taxa de juro e taxa de
retorno
n=2 Pt Pt+1
1100
Pt +1 = = 917 0 1 2
1 .2

C Pt +1 − Pt 100 917 − 1000


R= + = + = 1.7%
Pt Pt 1000 1000
n=5

Pt Pt+1
anos
0 1 2 3 4 5

100 100 100 1100


Pt +1 = + + + = 741
(1 + 0.2) 1
(1 + 0.2) 2
(1 + 0.2) 3
(1 + 0.2) 4

C Pt +1 − Pt 100 741 − 1000


R= + = + = −15.9%
Pt Pt 1000 1000
23
Medidas de taxa de juro

Conclusões:
A única obrigação cuja taxa de retorno iguala a taxa inicial de rendimento até à
maturidade é a que tem maturidade igual ao período de detenção
▪ Aumento de i ⇒ diminui o Preço das obrigações ⇒ perdas de capital quando o
período de maturidade > período de detenção
▪ Quanto maior o período de maturidade, menor a taxa de retorno que resulta de
um aumento de i
▪ Mesmo que a taxa de juro de cupão seja muito elevada, o seu retorno pode
tornar-se negativo em face de um aumento de i

24
Medidas de taxa de juro
Maturidade e volatilidade da taxa de retorno das obrigações: o risco da taxa de
juro.

▪ Quanto maior a maturidade de uma obrigação, maior a oscilação do seu preço


com variações da taxa de juro ⇒ maior a volatilidade da sua taxa de retorno

▪ Preços e taxas de retorno de obrigações de longo prazo mais voláteis do que as de


curto prazo

▪ Risco da taxa de juro <=> risco associado à variação da taxa de retorno de uma
obrigação que resulta de alterações da taxa de juro.Tem duas componentes:
1. Risco de preço ou risco de mercado: risco do preço de uma obrigação já
emitida flutuar com Δi.
2. Risco de reinvestimento: risco de os cash flows recebidos de um investimento
já realizado poderem ser reinvestidos a taxas de juro ≠ das praticadas com o
activo existente.
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Taxa de juro nominal vs taxa de juro real

Taxa de juro real ex post

ir = i − 
Taxa de juro real ex ante <=> Equação de Fisher

i r = i − e
Em que:
i = taxa de juro nominal; ir = taxa de juro real; π = taxa de
inflação; πe =expectativa da taxa de inflação

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Exercícios de aplicação

1. Suponha que, para financiar um investimento a realizar na sua empresa, precisa de


recorrer a um empréstimo de 10.000 escudos, a liquidar na íntegra ao fim de 4 anos,
e considera duas opções:
a) uma taxa de juro anual de 5% nos primeiros dois anos e 7% nos restantes dois
anos; (FP = 12 622.52)
b) uma taxa de juro anual de 6% durante os 4 anos. (FP = 12 624.77)
c) Qual das opções lhe seria mais vantajosa? Apresente cálculos elucidativos.

2. Assuma que a taxa de juro é de 3%, calcule o valor actual de uma obrigação a 5
anos, com taxa de juro de cupão de 5% e valor facial de 1.000 escudos. O que
aconteceria ao valor actual da obrigação, se a taxa de juro aumentasse para 4%?

27
Exercícios de aplicação

Resolução da questão 2.:


Valor actual da obrigação (P) com i = 3%

C C C C C F
P= + + + + +
1+ i (1 + i) 2 (1 + i) 3 (1 + i) 4 (1 + i) 5 (1 + i) 5

50 50 50 50 50 1000
P= + + + + + = 1091,6
1 + 0.03 (1 + 0.03) 2
(1 + 0.03) 3
(1 + 0.03) 4
(1 + 0.03) 5
(1 + 0.03) 5

i para i = 4% ⇒ diminui o valor actual da obrigação

50 50 50 50 50 1000
P= + + + + + = 1044.5
1 + 0.04 (1 + 0.04) 2 (1 + 0.04) 3 (1 + 0.04) 4 (1 + 0.04) 5 (1 + 0.04) 5

28
O comportamento das taxas de juro

Determinantes da procura de obrigações (BD):

1. Valor esperado do retorno (Re) - o seu retorno esperado e o retorno esperado de


outros activos alternativos.

2. Riqueza − inclui todos os recursos recebidos pelos indivíduos e todos os activos.

3. Risco − grau de incerteza associado ao valor esperado do retorno dos activos. Em


geral, indivíduos avessos ao risco (sistémico e não sistémico).

4. Liquidez − facilidade e rapidez com que um activo pode ser convertido em


moeda.

29
O comportamento das taxas de juro

Determinantes da oferta de obrigações (BS):


1. Preço − quanto maior o preço de venda das obrigações, menor a taxa de juro
implícita no empréstimo obrigacionista obtido ⇒ maior a quantidade oferecida de
obrigações (BS)
2. Rentabilidade esperada dos investimentos − quanto + elevadas forem as
expectativas de lucro associadas a novos projectos de I, > a vontade de os
implementar e > a necessidade de obter recursos para os financiar
Expansão económica ⇒ aumenta a oportunidades de investimentos
lucrativos ⇒ aumenta a BS
3. Inflação esperada − Para uma dada taxa de juro nominal, uma expectativa de
inflação + elevada ⇒ diminui taxa de juro real ⇒ diminui custo real do
endividamento ⇒ aumenta BS
4. Saldo orçamental − aumento do défice público ⇒ aumento de emissão de
obrigações públicas ⇒ aumenta BS

30
A estrutura temporal das taxas de juro

A estrutura temporal das taxas de juro


Três teorias procuraram explicar a estrutura temporal das taxas de juro: a teoria das
expectativas; a teoria da segmentação dos mercados e a teoria do prémio de liquidez.

1.Teoria das expectativas


Segundo esta teoria, obrigações com diferentes maturidades são substitutos
perfeitos, isto é, os investidores não discriminam obrigações com diferentes
maturidades ⇒ o retorno esperado de obrigações com diferentes maturidades deve
ser idêntico. A taxa de juro de uma obrigação de longo prazo deve ser igual à média
das taxas de juro de curto prazo (actual e esperadas no futuro) até à maturidade da
obrigação de longo prazo.

31
A estrutura temporal das taxas de juro

1.Teoria das expectativas

Por exemplo, se a taxa de juro das obrigações a 1 ano actual é de 5% e se espera


que nos próximos 4 anos seja 6%, 7%, 8% e 9%, então a taxa de juro de
obrigação com maturidade de 2 anos deve ser:

A taxa de juro de uma obrigação com maturidade de 5 anos deve ser:

32
A estrutura temporal das taxas de juro
Genericamente:

Em que:
int = taxa de juro no período t para obrigações c/ maturidade de n períodos
it = taxa de juro actual para obrigações c/ maturidade de 1 período
iet+n = taxa de juro esperada no período t+n para obrigações c/ maturidade de 1 período
n = maturidade da obrigação

A teoria das expectativas explica porque é que a curva de rendimentos pode ter diferentes
inclinações:
- Quando se espera que as taxas de juro curto prazo ⇒ a taxa de juro de longo prazo – média
das taxas de juro actual e futuras de curto prazo – é superior à actual taxa de juro de curto
prazo ⇒ curva de rendimentos com inclinação positiva
- Quando se espera que as taxas de juro curto prazo se mantenham ⇒ a taxa de juro de longo
prazo é idêntica à actual taxa de juro de curto prazo ⇒ curva de rendimentos horizontal.
33
A estrutura temporal das taxas de juro
2.Teoria da segmentação dos mercados
De acordo com esta teoria, os títulos de dívida com diferentes maturidades não são
considerados substitutos. Argumenta que cada indivíduo ou instituição tem
preferência pela maturidade dos activos em que investe. Esta preferência varia de
investidor para investidor em função das circunstâncias do investimento de cada um.
Por exemplo, empresas seguradoras e fundos de pensões têm preferência por
maturidades longas enquanto que pessoas que pretendem deter activos financeiros
por um período curto de tempo preferem obrigações de curto prazo ⇒ activos com
diferentes maturidades transaccionados em mercados segmentados ⇒ taxa de juro
de obrigações de curto prazo não é influenciada pelo equilíbrio gerado no mercado
das obrigações de longo prazo.

Esta teoria permite explicar porque é que a curva de rendimento tende a ser
positivamente inclinada porque assume que os investidores têm > preferência por
investir em prazos curtos ⇒ > procura de obrigações de curto prazo ⇒ > P ⇒ <
taxa de juro de curto prazo do que de longo prazo (3). Não consegue explicar as
outras evidências empíricas.
34
A estrutura temporal das taxas de juro
3.Teoria do prémio de liquidez
Tendo como base a teoria das expectativas, introduz elementos da teoria da
segmentação dos mercados.Segundo esta teoria, as obrigações de diferentes
maturidades são substitutos imperfeitos.

A incerteza e a aversão ao risco fazem com que os investidores prefiram activos mais
líquidos (de curto prazo) a activos menos líquidos (de longo prazo) ⇒ Para que os
activos de maior maturidade sejam procurados terão de oferecer um maior
remuneração ⇒ taxa de juro majorada por um prémio de liquidez. Este prémio de
liquidez é tanto maior quanto maior a maturidade das obrigações.

lnt = prémio de liquidez para obrigações com n períodos de maturidade.


Mesmo que as expectativas sobre a evolução das taxas de juro de curto prazo fossem
para a sua manutenção ⇒ curva de rendimentos crescente 35
A estrutura temporal das taxas de juro

Segundo a teoria do prémio de liquidez a


curva de rendimentos só será
descendente se a diminuição esperada
das taxas de juro de curto prazo
ultrapassar o prémio de liquidez dos
activos de longo prazo. Permite explicar:

1. As taxas de juro de curto e longo prazo se movem conjuntamente, porque


admite substituibilidade entre activos
2. Quando as taxas de juro de curto prazo estão baixas ⇒ curva de rendimentos
crescente porque a expectativa é de que as taxas de curto prazo venham a subir no
futuro ⇒ taxas de longo prazo em vigor superiores às de curto prazo.
3. A curva de rendimentos tem usualmente declive positivo porque o prémio deliquidez
é crescente com a maturidade das obrigações. 36
A estrutura temporal das taxas de juro
Curvas de rendimentos

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