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Universidade Federal do Amazonas

Juros Compostos

Professora: Mariana Sarmanho de Oliveira Lima

1
O regime de juros compostos considera que os juros
formados em cada período são acrescidos ao capital
formando o montante (capital mais juros) do
período.
Este montante, por sua vez, passará a render juros
no período seguinte formando um novo montante
(constituído do capital inicial, dos juros acumulados
e
dos juros sobre os juros formados em períodos
ante-
riores), e assim por diante.

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Juros Compostos

Este processo de formação dos juros é


diferente dos juros simples, onde unicamente o
capital rende juros, não ocorrendo
remuneração sobre os juros formados em
períodos anteriores.

3
Fórmulas de juros compostos

No regime de juros compostos, os juros são capitalizados,


produzindo juros sobre juros periodicamente.
Admita uma aplicação de R$ 1.000,00 a taxa composta de 10% ao
mês. Identificando-se por PV o valor presente (capital) e FV o valor
futuro (montante), têm-se os seguintes resultados ao final de cada
período:
● Final do 1º. mês: o capital de R$ 1.000,00 produz juros de R$
100,00 (10% x R$ 1.000,00) e um montante de R$ 1.100,00 (R$
1.000,00 + R$ 100,00), ou seja:
Como no 1º. Período, o
FV = 1.000 x (1+0,10) = R$ 1.100,00 montante formado em
Juros simples é igual ao
montante formado em
Juros compostos, imagine a
fórmula VF = VP (1+i x n).
Observação: Como n=1 no 1º. Período,
PV = VP e FV = VF então VF = VP (1+i).

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Fórmulas de juros compostos
● Final do 2º. mês: o montante do mês anterior (R$ 1.100,00) é o
capital deste 2º. mês, servindo de base para o cálculo dos juros
deste período. Assim:
O Montante do 1º. mês (M1) é o Capital do 2º. mês (C2), portanto M1=C2

FV = 1.000,00 x (1+0,10) x (1+0,10)


FV = 1.000,00 x (1+0,10)2 = R$ 1.210,00

O montante do 2º. Mês pode ser assim decomposto:


R$ 1.000,00 capital aplicado
R$ 100,00 juros referentes ao 1º. mês (10% x R$ 1.000,00)
R$ 100,00 juros referentes ao 2º. mês (10% x R$ 1.000,00)
R$ 10,00 juros sobre os juros produzidos no 1º. mês (10% x R$
100,00)

● Final do 3º. mês: dando seqüência ao raciocínio de juros


compostos: O Montante do 2º. mês (M2) é o Capital do 3º.mês (C3), portanto M2=C3

FV = 1.000,00 x (1+0,10) x (1+0,10)x(1+0,10)


5
FV = 1.000,00 x (1+0,10)3 = R$ 1.331,00
Fórmulas de juros compostos
● Final do enésimo mês: aplicando-se a evolução dos juros
compostos exposta para cada um dos meses, o montante (valor
futuro) acumulado ao final do período atinge:

FV = 1.000,00 x (1+0,10) x (1+0,10) x (1+0,10) ... (1+0,10)


FV = 1.000,00 x (1+0,10)n

Generalizando-se:

FV = PV (1+i)n e PV = FV
(1+i)n

onde (1+i)n é o fator de capitalização (ou valor futuro), - FCC(i,n) a


juros compostos, e 1/(1+i)n o fator de atualização (ou de valor
presente) – FAC (i,n) a juros compostos.

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Fórmulas de juros compostos
A movimentação de um capital ao longo de uma escala de tempo
em juros compostos se processa mediante a aplicação destes
fatores, conforme pode ser visualizado na ilustração:
FV = PV x FCC (i,n)

PV FV

n (escala de tempo)

PV FV

PV = FV x FAC (i,n)
Sabe-se que o valor monetário dos juros (J) é apurado pela
diferença entre o montante (FV) e o capital (PV), podendo-se obter o
seu resultado também pela seguinte expressão:
M = C +J J=M-C J = FV – PV
Como: FV = PV (1+i)n
Colocando-se PV em evidência: J = PV x [(1+i)n - 1]
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Exercícios
1. Se uma pessoa deseja obter R$ 27.500 dentro de um ano, quanto deverá
ela depositar hoje numa alternativa de poupança que rende 1,7% de juros
compostos ao mês?
FV = R$ 27.500,00
n = 1 ano (12 meses)
i = 1,7% a.m.
PV = ?
PV = FV = 27.500,00 = 27.500,00 = 27.500,00 = R$ 22.463,70
(1+i)n (1+0,017)12 (1,017)12 1,224197

De fato, uma aplicação de R$ 22.463,70 hoje, a 1,7% a.m. de juros


compostos, produz ao final de um ano o montante de R$ 27.500,00, ou seja:
FV = 22.463,70 x (1,017)12 = R$ 27.500,00
Considerando-se ainda a taxa composta de 1,7% a.m., pelo conceito de valor
presente (PV) é indiferente a essa pessoa receber R$ 22.463,70 (valor
presente) hoje ou esse valor capitalizado ao final de 12 meses.

8
Exercícios

2. Qual o valor de resgate de uma aplicação de R$ 12.000,00 em um título


pelo prazo de 8 meses à taxa de juros composta de 3,5% a.m.?
PV = R$ 12.000,00
n = 8 meses i =3,5% a.m. FV = ?
FV = PV (1+i)n FV = 12.000,00 x (1+0,035)8
FV = 12.000,00 x 1,316809 = R$ 15.801,71

3. Determinar a taxa mensal composta de juros de uma aplicação de R$


40.000,00 que produz um montante de R$ 43.894,63 ao final de um
quadrimestre.
PV = R$ 40.000,00 FV = R$ 43.894,63 n=4meses i=?
FV = PV (1+i)n FV/PV = (1+i)n 43.894,63/40.000,00 = (1+i)4
4 4
1,097366 = (1+i)4 √1,097366 = √(1+i)4 1 + i =1,0235 i = 0,0235 ou
2,35% a.m.

9
Exercícios
4. Determinar o juro pago de um empréstimo de R$ 88.000 pelo prazo de 5
meses à taxa composta de 4,5% ao mês.
J=? PV=R$ 88.000,00 n=5 meses i=4,5%a.m.
J = PV [(1+i)n - 1] = 88.000 [(1,045)5 - 1] = 88.000 (0,246182) =
R$ 21.664,02

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Exercícios propostos
1. Calcular o montante de uma aplicação financeira de R$ 80.000,00
admitindo-se os seguintes prazos e taxas:
a) i = 5,5% a.m.; n =2 anos
b) i = 9% ao bimestre; n = 1 ano e 8 meses
c) i = 12% a.a.; n = 108 meses

2. Determinar o juro de uma aplicação de R$ 100.000,00 nas seguintes


condições de taxa e prazo:
a) i = 1,5% a.m.; n=1 ano
b) i = 3,5% a.t.; n = 2 anos e meio
c) i = 5% a.s.; n = 3 anos

11
Exercícios propostos
1. Calcular o montante de uma aplicação financeira de R$ 80.000,00
admitindo-se os seguintes prazos e taxas:
a) i = 5,5% a.m. = 0,055 n =2 anos = 24 meses
VF = VP (1+i)n = 80.000 (1 + 0,055)24 = 289.167,19

b) i = 9% ao bimestre = 0,09 n = 1 ano e 8 meses = 20 meses = 10


bimestres
VF = VP (1+i)n = 80.000 (1 + 0,09)10 = 189.389,09

c) i = 12% a.a. = 0,12 n = 108 meses = 9 anos


VF = 80.000 ( 1 + 0,12)9 = 221.846,30

12
Exercícios propostos
2. Determinar o juro de uma aplicação de R$ 100.000,00 nas seguintes
condições de taxa e prazo:
a) i = 1,5% a.m. = 0,015 n=1 ano = 12 meses
M=C+J VF = VP + J J = VF – VP
Considerando VF = VP (1+i)n ,portanto J = VP (1+i)n–VP J=VP [(1+i)n – 1]
J=VP [(1+i)n – 1] = 100.000 [(1+0,015)12 - 1] = 19.561,82

b) i = 3,5% a.t. = 0,035 n = 2 anos e meio = 30 meses = 10 trimestres


J = VP [(1+i)n – 1] = 100.000 [(1+ 0,035)10 - 1] = 41.059,88

c) i = 5% a.s. = 0,05 n = 3 anos = 6 semestres


J = VP [(1+i)n – 1] = 100.000 [(1+ 0,05)6 - 1] = 34.009,56

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Extensões ao uso das fórmulas

Deve ser acrescentado ao estudo de juros compostos que o valor presente


(capital) não se refere necessariamente a um valor expresso no momento
zero. Em verdade, o valor presente pode ser apurado em qualquer data focal
anterior à do valor futuro (montante).
Por exemplo, pode-se desejar calcular quanto será pago por um empréstimo
de R$ 20.000,00 vencível de hoje a 14 meses ao se antecipar por 5 meses a
data de seu pagamento. Sabe-se que o credor está disposto a atualizar a
dívida à taxa composta de 2,5% ao mês.
O problema envolve basicamente o cálculo do valor presente, ou seja, um
valor atualizado a uma data anterior à do montante (mês 9). Logo:
PV = 20.000,00 = 20.000,00 = R$ 17.677,10
(1+0,025)5 (1,025)5
Graficamente, tem-se a seguinte representação do problema:

PV = R$ 17.677,10 FV = R$ 20.000,00

0 9 14 meses
Antecipação
14
Exercício proposto
1. Uma pessoa irá necessitar de R$ 12.000,00 daqui a 7 meses.
Quanto deverá ela depositar hoje numa conta de poupança, para
resgatar o valor desejado no prazo, admitindo uma taxa de juros
de 3,5% ao mês?

15
Exercício proposto
1. Uma pessoa irá necessitar de R$ 12.000,00 daqui a 7 meses.
Quanto deverá ela depositar hoje numa conta de poupança, para
resgatar o valor desejado no prazo, admitindo uma taxa de juros
de 3,5% ao mês?

VP = VF / (1+i)n = 12.000/(1+0,035)7 = 9.431,89

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Extensões ao uso das fórmulas
É importante ressaltar que as expressões de cálculos de PV e FV permitem
capitalizações e atualizações envolvendo diversos valores e não somente um
único capital ou montante.
Por exemplo, admita um empréstimo que envolve os seguintes pagamentos:
R$ 15.000,00 de hoje a 2 meses; R$ 40.000,00 de hoje a 5 meses; R$
50.000,00 de hoje a 6 meses e R$ 70.000,00 de hoje a 8 meses.
O devedor deseja apurar o valor presente (na data zero) destes fluxos de
pagamento, pois está negociando com o banco a liquidação imediata de toda
a sua dívida. A taxa de juros considerada nesta antecipação é de 3% ao mês.
Representação gráfica da dívida:

PV 15.000 40.000 50.000 70.000

0 2 5 6 8
Utilizando-se a fórmula de valor presente:
PV = 15.000,00 + 40.000,00 + 50.000,00 + 70.000,00
(1,03)2 (1,03)5 (1,03)6 (1,03)8

PV = 14.138,94+34.504,35+41.874,21+55.258,65 = R$ 145.776,15 17
Fluxo de caixa da dívida

2 5 6 8 (meses)

15.000

40.000
50.000

VP=? 70.000

Considerando i=3% a.m., qual valor presente da dívida?


Utilizando-se a fórmula de valor presente:
PV = 15.000,00 + 40.000,00 + 50.000,00 + 70.000,00
(1,03)2 (1,03)5 (1,03)6 (1,03)8

PV = 14.138,94+34.504,35+41.874,21+55.258,65 = R$ 145.776,15

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Exercício proposto

1. Uma pessoa deve a um banco dois títulos com valores de resgate de R$


4.000,00 e R$ 9.000,00 vencíveis, respectivamente, em 5 e 7 meses.
Desejando antecipar a liquidação de toda a dívida para o momento atual
(data zero), pede-se determinar o valor a pagar considerando uma taxa
de juros de 1,9% ao mês.

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Exercício proposto

1. Uma pessoa deve a um banco dois títulos com valores de resgate de R$


4.000,00 e R$ 9.000,00 vencíveis, respectivamente, em 5 e 7 meses.
Desejando antecipar a liquidação de toda a dívida para o momento atual
(data zero), pede-se determinar o valor a pagar considerando uma taxa
de juros de 1,9% ao mês.

5 7 (meses)

4.000

9.000
VP = 4.000/(1,019)5 + 9.000/ (1,019)7 = 3.640,74 + 7.889,02 = 11.529,76

20
Exercício proposto

2. Para uma taxa de juros de 7% ao mês, qual das duas alternativas de


pagamento apresenta menor custo para o devedor:
a) Pagamento integral de R$ 140.000,00 a vista (na data zero);
b) R$ 30.000,00 de entrada, R$ 40.000,00 em 60 dias e R$ 104.368,56 em
120 dias.
Exercício proposto

2. Para uma taxa de juros de 7% ao mês, qual das duas alternativas de


pagamento apresenta menor custo para o devedor:
a) Pagamento integral de R$ 140.000,00 a vista (na data zero);
b) R$ 30.000,00 de entrada, R$ 40.000,00 em 60 dias e R$ 104.368,56 em
120 dias.

i = 7% a.m. = 0,07
b)
a) 0 0 2 4 (meses)
VP a = 140.000

140.000 30.000
40.000
104.368,56
VPb = 30.000 + 40.000/(1,07)2 + 104.368,56/(1,07)4
= 30.000 + 34.937,55 + 79.622,27 = 144.559,82

Resposta: A alternativa A apresenta o menor custo


para o devedor.
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Taxas equivalentes

Ao se tratar de juros simples, foi comentado que a taxa equivalente é a


própria taxa proporcional da operação. Por exemplo, a taxa de 3% ao mês e
9% ao trimestre são ditas proporcionais, pois mantém a seguinte relação:
1 = 3
3 9

Prazos Taxas
São também equivalentes, pois promovem a igualdade dos montantes de um
mesmo capital ao final de certo período de tempo.
Por exemplo, em juros simples um capital de R$ 80.000,00 produz o mesmo
montante em qualquer data se capitalizado a 3% a.m. e 9% a.t.

FV (3% a.m.) = 80.000 (1+0,03x3)= R$ 87.200


n = 3 meses
FV (9% a.t.) = 80.000 (1+0,09x1) = R$ 87.200

n= 12 meses FV (3% a.m.) = 80.000 (1+0,03x12)= R$ 108.800


FV (9% a.t.) = 80.000 (1+0,09x4) = R$ 108.800
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Taxas equivalentes

O conceito enunciado de taxa equivalente permanece válido para o regime de


juros compostos diferenciando-se, no entanto, a fórmula de cálculo da taxa
de juros.

Exemplo:
A taxa equivalente composta mensal de 10,3826% ao semestre é de
1,66%, ou seja:

(1 + is)1 = (1 + im)6

im = (1+is)1/6 – 1 im=(1+0,103826)1/6 – 1 im=0,01659 = 1,66% a.m.


Assim, para um mesmo capital e prazo de aplicação, é indiferente
(equivalente) o rendimento de 1,66% ao mês ou 10,3826% ao semestre.
Ilustrativamente, um capital de R$ 100.000,00 aplicado por dois anos produz:
● Para im = 1,66% e n=24 meses: FV = 100.000 (1,0166)24 = R$ 148.457,63
● Para is=10,3826% e n=4semestres: FV = 100.000(1,103826)4 = R$
148.457,63
24
Taxas equivalentes
Outra ilustração visa facilitar o melhor entendimento do conceito e cálculo de
taxa equivalente de juros no regime exponencial.
Um certo banco divulga que a rentabilidade oferecida por uma aplicação
financeira é de 12% ao semestre (ou 2% ao mês). Desta maneira, uma
aplicação de R$ 10.000,00 produz, ao final de 6 meses, o montante de R$
11.200,00 (R$ 10.000,00x1,12). Efetivamente, os 12% constituem-se na
taxa de rentabilidade da operação para o período inteiro de um semestre, e,
em bases mensais, esse percentual deve ser expresso em termos de taxa
equivalente composta.
Os 12% de rendimentos do semestre determinam uma rentabilidade efetiva
mensal de 1,91%, e não de 2% conforme foi anunciado.

(1 + is)1 = (1 + im)6
im = (1+is)1/6 – 1 = 0,01906 = 1,906% a.m. ≈ 1,91% a.m.
Ao se aplicar R$ 10.000 por 6 meses a uma taxa composta de 1,91% ao mês,
chega-se ao montante de R$ 11.200,00:
FV = 10.000,00 (1,0191)6 = R$ 11.200,00

25
Exemplos
1. Quais as taxas de juros compostos mensal e trimestral
equivalentes a 25% ao ano?

(1+ia)1 = (1+im)12 (1+ia)1 = (1+it)4


(1,25)1 = (1+im)12 (1,25) = (1+it)4
1,25 = (1+im)12 (1,25)1/4 = 1+it
1+im = 1,251/12 it = 0,05737
1+im=1,0188 it = 5,74% a.t.
im = 0,0188=1,88% a.m.

26
Exemplos
2. Explicar a melhor opção: aplicar um capital de R$ 60.000,00 à
taxa de juros compostos de 9,9% ao semestre ou à taxa de 20,78%
ao ano.
Para a identificação da melhor opção apura-se o montante para as
duas taxas e para um mesmo período. Por exemplo: n =1 ano
FV (9,9% a.s.) = 60.000,00 (1+0,099)2 = R$ 72.468,00
FV (20,78% a.a.) = 60.000,00 (1+0,2078)1 = R$ 72.468,00
Produzindo resultados iguais para um mesmo período, diz-se que as
taxas são equivalentes. É indiferente, para um mesmo prazo, e para
o regime de juros compostos aplicar a 9,9% a.s. ou a 20,78% a.a.

27
Taxa nominal e taxa efetiva

A taxa efetiva de juros é a taxa dos juros apurada durante todo


o prazo n, sendo formada exponencialmente por meio dos
períodos de capitalização. Ou seja, taxa efetiva é o processo de
formação dos juros pelo regime de juros compostos ao longo
dos períodos de capitalização.

Exemplo:
Uma taxa de 3,8% ao mês determina um montante efetivo de juros de
56,45% ao ano, ou seja:
(1+ia)1 = (1+im)12 (1+ia)1 = (1+0,038)12 ia = 0,5645 56,45% a.a.

Uma taxa de juros é nominal quando o prazo de capitalização


dos juros (ou seja, período de formação e incorporação dos
juros ao principal) não é o mesmo daquele definido para a taxa
de juros.

28
Taxa nominal e taxa efetiva

Exemplo:
Seja a taxa nominal de juros de 36% ao ano capitalizada
mensalmente. Os prazos não são coincidentes. O prazo de
capitalização é de um mês e o prazo a que se refere a taxa de juros
igual a um ano (12 meses).
Assim, 36% ao ano representa uma taxa nominal de juros,
expressa para um período inteiro, a qual deve ser atribuída ao
período de capitalização.
No exemplo, a taxa por período de capitalização é de 36%/12 = 3%
ao mês (taxa proporcional ou linear).

29
Taxa nominal e taxa efetiva

Ao se capitalizar esta taxa nominal, apura-se uma taxa efetiva de


juros superior àquela declarada para a operação. Baseando-se nos
dados do exemplo ilustrativo acima, tem-se:

● Taxa nominal da operação para o período = 36% ao ano


● Taxa proporcional simples (taxa definida para o período de
capitalização) = 3% ao mês
12
● Taxa efetiva de juros: if = 1+0,36/12 - 1 = 42,6% ao ano

Observe que a taxa nominal não revela a efetiva taxa de juros de


uma operação. Ao dizer que os juros anuais são de 36%, mas
capitalizados mensalmente, apura-se que a taxa de juros atinge
42,6% ao ano.

30
Exemplos
1. Um empréstimo no valor de R$ 11.000,00 é efetuado pelo prazo de um
ano à taxa nominal (linear) de juros de 32% ao ano, capitalizados
trimestralmente. Pede-se determinar o montante e o custo efetivo do
empréstimo.
VP = 11.000 n=1ano i=32% a.a. capitalizados trimestralmente
FV =? i=? custo efetivo
i = 32% a.a./4 = 8% a.t. capitalizados trimestralmente

(1+ia)1 = (1+it)4 FV = VP (1+ia)1


(1+ia)1 = (1,08)4 FV = 11.000 (1,360)1
ia = 0,36048
FV = 14.965,38
ia=36,04% a.a.

31
Exemplos
2. A caderneta de poupança paga juros anuais de 6% com
capitalização mensal à base de 0,5%. Calcular a
rentabilidade efetiva desta aplicação financeira.
i=6% a.a./12 =0,005 = 0,5% a.m.
(1+ia)1=(1+im)12
(1+ia)1 = (1,005)12
ia= 0,062 = 6,2% a.a. com capitalização anual

32
Exemplos
3. Sendo de 24% a.a. a taxa nominal de juros cobrada por
uma instituição, calcular o custo efetivo anual, admitindo
que o período de capitalização dos juros seja:
a) mensal;
b) trimestral;
c) semestral.
Resolução:
a) i=24%a.a. com capitalização mensal
i=24%a.a./12 = 2% a.m. com capitalização mensal
(1+ia)1=(1+im)12
(1+ia)1=(1+0,02)12
ia=0,2682 = 26,82% a.a.
33
Continuação
b) 24%a.a. com capitalização trimestral
it=24%a.a./4 =6% a.t.
(1+ia)1 = (1+it)4
(1+ia)1 = (1,06)4
ia= 0,2625
ia = 26,25% a.a. com capitalização anual
c) 24%a.a. com capitalização semestral
is= 24% a.a./2=12% a.s.
(1+ia)1=(1+is)2
(1+ia)1=(1,12)2
ia= 25,44% a.a. capitalização anual
34
Exercício proposto

1. Calcular a taxa efetiva anual às seguintes taxas:

a) 2,5% a.m.
b) 4% a.b.
c) 6% a.t.
d) 10% a.s.

35
Exercício proposto
1. Calcular a taxa efetiva anual às seguintes taxas:

a) 2,5% a.m.
(1+ ia)1 = (1+im)12
(1 + ia)1 = (1 + 0,025)12
ia = (1+0,025)12 -1 = 34,49% a.a. com capitalização anual

b) 4% a.b.
(1 + ia)1 = (1 + ib)6
ia =(1+0,04)6 – 1 = 26,53% a.a. com capitalização annual

c) 6% a.t.
(1+ia)1 = (1 + it)4
ia = (1+ 0,06)4 – 1 = 26,25% a.a. com capitalização annual

d) 10% a.s.
(1+ ia)1 = (1+is)2
ia = (1 + 0,1)2 – 1 = 21% a.a. com
capitalização anual
36
O Fracionamento do prazo e a equivalência financeira em
juros compostos

Muitos conceitos desenvolvidos para juros simples permanecem válidos


em juros compostos, alterando-se unicamente suas expressões de cálculo.
Por exemplo, apuração do valor presente e valor futuro. Outros
enunciados, no entanto, apesar de manterem a mesma linha de raciocínio,
assumem algumas propriedades diferenciadoras no regime composto,
necessitando de um tratamento específico. Assim, podem ser considerados
os aspectos referentes ao fracionamento dos prazos de juros e a
formulação da equivalência financeira.

Ao contrário do que ocorre em juros simples, o prazo de uma operação


pode ser fracionado (desmembrado) no regime de juros compostos sem que
isso leve a alterar os resultados de valor presente e valor futuro calculados.

37
O Fracionamento do prazo e a equivalência financeira em
juros compostos
Exemplo
Calcular o montante de R$ 30.000,00 aplicado a 14% ao ano (taxa efetiva),
pelo prazo de um ano, tendo os seguintes períodos de capitalização:
n = 12 meses: FV = 30.000,00 (1,14) = R$ 34.200,00
n = 6 meses: FV = 30.000,00 x (1,14)1/2 x (1,14)1/2 = R$ 34.200,00
n = 4 meses: FV = 30.000,00 x (1,14)1/3 x (1,14)1/3 x (1,14)1/3 = R$ 34.200,00
e assim por diante.
Para cada período de capitalização pode-se também utilizar a respectiva taxa
equivalente composta, ao invés de se trabalhar com expoentes fracionários,
isto é:
● n=12 meses i = 14% a.a.
FV = 30.000,00 x (1,14) = R$ 34.200,00
● n=6 meses (1+ia)1 = (1+is)2 (1,14)1=(1+is)2 (1,14)1/2 = (1+is)
1,06771 = 1+is is = 0,0677 6,77% a.s.
FV = 30.000,00 x (1,0677)2 = R$ 34.200,00
38
● n=4 meses
(1+ia)1 = (1+iq)3 (1,14)1=(1+iq)3 (1,14)1/3 = (1+iq) iq=0,04464
iq = 4,46% a.q.
FV = 30.000,00 x (1,0446)3 = R$ 34.200,00

Sabe-se que a equivalência financeira se verifica quando dois ou mais capitais


produzem o mesmo resultado se expressos em certa data comum de
comparação a uma mesma taxa de juros.

Em juros compostos, ao contrário do verificado no regime


linear, a equivalência de capitais pode ser definida para
qualquer data focal. A capacidade de desmembramento do
prazo descrita acima determina que a equivalência
independe da data de comparação escolhida.

39
Exercício sobre equivalência financeira
Admita que A deve a B os seguintes pagamentos:
• R$ 50.000,00 de hoje a 4 meses.
• R$ 80.000 de hoje a 8 meses.

Suponha que A esteja avaliando um novo esquema de pagamento, em


substituição ao original. A proposta de A é a de pagar R$ 10.000,00 hoje, R$
30.000,00 de hoje a 6 meses, e o restante ao final do ano.

Sabe-se que B exige uma taxa de juros simples de 2,0% ao mês. Esta taxa é
a que consegue obter normalmente em suas aplicações de capital. Pede-se
apurar o saldo a ser pago.

4 8
= 0 6 12
10.000
50.000
30.000
80.000
X =?

Plano original de pagamento Proposta atual de pagamento

Para serem equivalentes, os pagamentos devem produzir os mesmos


resultados, a uma determinada taxa de juros, em qualquer data comum.
40
Exemplo
Admitindo o mesmo problema apresentado em juros simples. Sabendo-se que
a taxa de juros considerada é de 2% a.m.

80.000,00
50.000,00
Pagamento
original

0 4 6 8 12 meses
Proposta de
pagamento
10.000,00
30.000,00 X

A situação trata, em essência, da substituição de um conjunto de


compromissos financeiros por outro equivalente, devendo-se determinar o
valor do pagamento no mês 12. Este pagamento deve ser tal que o valor da
proposta expressa em certa data focal seja exatamente igual ao valor do
plano original expresso no mesmo momento.

41
Exemplo
Admitindo-se que a data de comparação escolhida seja o momento atual
(data zero), tem-se:
● DATA FOCAL = 0
50.000,00 + 80.000,00 = 10.000,00 + 30.000,00 + X
(1+0,02)4 (1+0,02)8 (1+0,02)6 (1+0,02)12

46.192,27 + 68.279,23 = 10.000,00 + 26.639,14 + X/1,2682


114.471,50 = 36.639,14 + 0,7885 X
0,7885 X = 77.832,36
X = R$ 98.710,25
Definindo-se no mês 12 outra data focal para o cálculo do pagamento:
● DATA FOCAL = 12
50.000,00 x (1+0,02)8 + 80.000 x (1+0,02)4 = 10.000,00 x (1+0,02)12 +
30.000,00 x (1+0,02)6 + X
145.177,54 = 46.467,29 + X Em juros compostos, a equivalência
financeira independe do momento
X = R$ 98.710,25 tomado como comparação.
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