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Matemática Financeira com Uso da HP12C e do MS-Excel

Prof. Rodrigo Bastos Monteiro

JUROS SIMPLES

DEFINIÇÃO

Juros simples representam o regime de capitalização no qual juros devidos e não pagos
não são capitalizados.

CONCEITO E UTILIZAÇÃO

Nesse regime de capitalização, os juros devidos e eventualmente não pagos, resultantes


da ação da taxa de juros em períodos anteriores, a despeito de permanecerem no saldo
devedor, não geram novos juros nos períodos subsequentes. Trata-se de um processo
de cálculo no qual os juros referentes a períodos anteriores ficam imunes à ação da
taxa de juros, como se estivessem dentro de uma redoma, na qual essa última não
consegue penetrar.
Face o exposto, a base de valor para a determinação dos juros, em qualquer instante da
operação, é o seu principal ou valor presente.
No Brasil, esse regime de capitalização é utilizado, em geral, nas operações de
empréstimo de curtíssimo prazo, até mesmo por um dia, denominadas no mercado, hot
money; na cobrança de cheques especiais; nos financiamentos indexados em moeda
estrangeira; e no desconto de títulos de curto prazo, tais como duplicatas e notas
promissórias. As três primeiras operações são apresentadas no capítulo referente às
aplicações no mercado financeiro. Já a operação de desconto de títulos, devido à sua
especificidade, será abordada em capítulo próprio.

EXPRESSÃO PARA CÁLCULO DOS JUROS A JUROS SIMPLES

Imagine um certo valor presente - PV sendo aplicado a uma taxa de juros i, sob o crivo
dos juros simples.
Na determinação dos juros referentes ao primeiro período da operação, teríamos a
aplicação da taxa de juros sobre o valor presente, o que seria descrito matematicamente
pela seguinte relação:
J1 = PV x i
Pensando nos juros que seriam calculados no segundo período, em função da orientação
dada pela definição desse regime de capitalização, mais uma vez a taxa de juros seria
aplicada sobre o valor presente da operação. Sendo assim, teríamos, para esses juros,
uma equação idêntica à expressa para os juros do primeiro período, como se segue:
J2 = PV x i

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Dessa forma, caso queiramos determinar os juros totais acumulados ao final de dois
períodos ( JTotais2 ), esses serão calculados através da soma dos juros do primeiro e do
segundo períodos. Sendo assim, chegaríamos à seguinte relação:
JTotais2 = J1 + J2 = PV x i + PV x i
 JTotais2 = PV x i x 2
Observemos, agora, os formatos das equações responsáveis pelo cômputo dos juros
totais, acumulados ao final de cada um dos dois primeiros períodos da operação:
JTotais1 = PV x i x 1
JTotais2 = PV x i x 2
Note que a única diferença entre elas é o último fator da equação. Para os juros totais
do primeiro período o mesmo assume o valor 1, e, para os juros totais ao final do
segundo período, passa a assumir o valor 2. Por uma lógica simples, podemos perceber
que esse último fator do cálculo dos juros totais está diretamente associado à variável n,
indicativa do número de períodos da operação.
Considerando a lei de recorrência pontuada no parágrafo anterior, podemos concluir
que a equação capaz de determinar os juros totais acumulados a qualquer período em
uma operação terá o seguinte formato:
J = PV x i x n
Exemplo: Qual será o juro proporcionado por um capital de $100.000,00, aplicado à
taxa de 3% ao mês, ao final de: a) um mês; b) dois meses
Dados: PV = $100.000,00 i = 3% a.m.
Solução:
a) n = 1  J = PV x i n = $100.000 x 0,03 x 1 = $3.000,0
b) n = 2  J = PV x i n = $100.000 x 0,03 x 2 = $6.000,0

EQUAÇÃO DE CÁLCULO DO VALOR FUTURO

Considerando que os cálculos financeiros básicos envolvem quatro variáveis – VP, VF, i
e n –, e observando que somente três variáveis foram contempladas nas práticas levadas
a efeito no presente capítulo, percebemos que o parâmetro VF não participou dos
desenvolvimentos quantitativos, até então, o que será procedido a partir de agora.
Para tanto, imagine que um cidadão realize uma aplicação única em um determinado
fundo de investimento, no valor de $50.000,00. Imagine, ainda, que após 24 meses da
aplicação, esse indivíduo se depare com um saldo de $59.800,00 relativo ao fundo em
questão. Considerando ter sido aquela a única aplicação realizada, ao longo dos 24
meses, poderia ele deduzir que o seu saldo final nada mais seria que a soma do valor
aplicado com os juros gerados pela operação? Resposta afirmativa!
Dado que só havia realizado um único aporte de capital, toda diferença constatada em
relação a esse valor aportado, em datas futuras, será atribuída aos juros gerados pela
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aplicação. Sendo assim, em cenários como esse, sempre valerá a seguinte relação
matemática:
FV = PV + J
Repare que para chegarmos a essa conclusão não foi preciso identificar o regime de
capitalização utilizado na formação dos juros considerados na equação anterior, o que
significa dizer que os mesmos podem ter sido gerados através das técnicas dos juros
simples, tanto quanto dos juros compostos. Por conseguinte, o formato manifestado pela
referida equação é genérico, ou seja, tem aplicação nos dois regimes de capitalização –
simples e compostos.
Porém, se na equação anterior substituirmos a variável juros (J) pela relação PV x i x n,
o que era uma relação genérica passará a ter o formato específico do regime dos juros
simples, assumindo o formato que se segue:
J
FV = PV + PV x i x n
 FV = PV x (1 + i x n)
A seguir você tem a representação gráfica da evolução do valor futuro de uma operação
realizada no regime de juros simples. Observe que a evolução dos montantes ocorre
segundo a equação de uma linha reta, sendo o coeficiente linear (intercepto) identificado
pelo PV, e o coeficiente angular (declividade), pelo juro constante ao período PV X i.

= juros em cada período

períodos

Evolução do Montante no Regime de Juros


Simples
Exemplo: Um investidor aplicou $20.000,00, à taxa de 4% ao mês, no regime de juros
simples. Calcule o montante no final do primeiro mês e do quinto mês.
Dados: PV = $20.000,00 i = 4% a.m.
Solução:
n = 1  FV1 = PV x (1 + i x n1) = $20.000 x (1 + 0,04 x 1) = $20.000 x 1,04
 FV1 = $20.800

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n = 5  FV5 = PV x (1 + i x n5) = $20.000 x (1 + 0,04 x 5) = $20.000 x 1,20
 FV5 = $24.000

EQUAÇÃO PARA O CÁLCULO DO VALOR PRESENTE

Considerando a equação de determinação do FV de uma operação a juros simples – FV


= PV x (1 + i x n) –, podemos pensar em tratá-la, ajustando seu formato, para que possa
determinar o valor presente de uma operação. Através dos procedimentos matemáticos
pertinentes, temos que:
𝐹𝑉
𝑃𝑉 =
(1 + 𝑖 × 𝑛)
Denominamos fator de descapitalização no regime de juros simples a expressão
1
(1 + 𝑖 × 𝑛)
Exemplo: Qual deve ser o capital de uma aplicação que resulte num montante de
$8.000,00 daqui a três meses, a uma taxa de juros simples de 2% ao mês?
Dados: FV = $8.000,00 i = 2% a.m. n = 3 meses
Solução:
𝐹𝑉 $8.000
𝑃𝑉 = = ∴ 𝑃𝑉 = $7.547,17
(1 + 𝑖 × 𝑛) (1 + 0,02 × 3)

EXPRESSÃO PARA CÁLCULO DO NÚMERO DE PERÍODOS

𝐹𝑉 𝐹𝑉
𝐹𝑉 = 𝑃𝑉 × (1 + 𝑖 × 𝑛) ∴ = (1 + 𝑖 × 𝑛) ∴ 𝑖 × 𝑛 = −1
𝑃𝑉 𝑃𝑉
𝐹𝑉
−1
∴ 𝑛 = 𝑃𝑉
𝑖
Exemplo: Por quantos períodos deve-se manter uma aplicação no valor de $1.363,40, à
taxa de 1,5% ao trimestre, para gerar um montante de $3.000,00?
Dados: PV = $1.363,40 FV = $3.000,00 i = 1,5% a.t
Solução:
𝐹𝑉 $3.000,00
−1 −1
𝑃𝑉 $1.363,40
𝑛= = ∴ 𝑛 = 80,03 𝑡𝑟𝑖𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒𝑠
𝑖 0,015

EXPRESSÃO PARA CÁLCULO DA TAXA DE JUROS

Da expressão de n obtemos diretamente:


𝐹𝑉 𝐹𝑉
𝐹𝑉 = 𝑃𝑉 × (1 + 𝑖 × 𝑛) ∴ = (1 + 𝑖 × 𝑛) ∴ 𝑖 × 𝑛 = −1
𝑃𝑉 𝑃𝑉
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𝐹𝑉
−1
∴ 𝑖 = 𝑃𝑉
𝑛
Exemplo: Qual é a taxa de juros que aplicada a um capital no valor de $1.800,00, gera
como montante o dobro desse capital no período de quatro semestres?
Dados: PV = $1.800,00 FV = 2 x $1.800,00 = $3.600,00 n = 4 semestres
Solução:
𝐹𝑉 $3.600,00
− 1 −1 (2 − 1) 1
$1.800,00
𝑖 = 𝑃𝑉 = = = ∴ 𝑖 = 25% 𝑎. 𝑠𝑒𝑚𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒
𝑛 4 4 4

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